Otto Nicolai (1810-1849) – Johann Strauss (1804-1849) – Josef Strauss (1827-1870) – Johann Strauss Filho (1825-1899) – Concerto de Ano Novo em Viena – Carlos Kleiber (1992)

61-QS8JumFLORIGINALMENTE PUBLICADO EM 31/12/2015, LINK REVALIDADO EM 31/12/2019 COM OS MESMÍSSIMOS PLANOS DE FOLGA PARA O ANO VINDOURO

Já imagino a claque tomateira rugindo:

– Pô, Vassily: VALSAS DE STRAUSS?
– Daqui a pouco tu tá postando André Rieu!
– Tá achando que o PQP Bach é lugar pra pai de debutante achar valsinha de quinze anos?
– Que chavãozinho, hein, postar concertinho de ano novo no Ano Novo?
– Você já ouviu música de verdade, Sr. Vassily Genrikhovich???

Ao que replico:

– Mas peraí, gurizada: já viram QUEM ESTÁ REGENDO???

Respeito, senhores: trata-se de Carlos Kleiber, figura enigmática e polêmica, mas – e isso ninguém discute – um dos maiores regentes do século XX. Crescentemente avesso a apresentações e gravações (o que, pressupomos, é bastante inconveniente para um regente), já estava bastante afastado dos palcos quando retornou (porque ele já o tinha feito em 1989) à Grande Sala do Musikverein (Associação de Música) de Viena para conduzir a Filarmônica daquela cidade no tradicional Concerto de Ano Novo de 1992. O ensaio meticuloso e o tremendo comando de Carlos sobre a orquestra garantem que estas peças bastante batidas, mas muito atraentes, soem como se as ouvíssemos pela primeira vez na vida – uma das características do “Estilo Kleiber”.

Sobre o final do ano, sou realmente meio cabreiro acerca das grandes mudanças que todos esperam para os trezentos e sessenta e poucos próximos dias do calendário. Não deixo aqui meus votos, portanto, mas antecipo uma resolução (mais que isso: uma autoimposição!) de Ano Novo: terei que reduzir a frequência de minhas postagens e resenhá-las, se tanto, mais sucintamente. Não que não tenha apreciado demais a oportunidade de postar quase diariamente desde meu ingresso na ademais fabulosa equipe do PQP Bach e de interagir com os poucos de vocês que se dispuseram, além de acessar o que lhes disponibilizo, a deixar-me um “joinha”, um resmungo ou algum pedido. Se desfrutaram de meus esforços um naquinho que seja do que eu desfrutei ao empenhá-los, imagino então que se divertiram.

1992 NEW YEAR’S CONCERT of the 150th Jubilee Year of the WIENER PHILARMONIKER – CARLOS KLEIBER

Carl Otto Ehrenfried NICOLAI (1810-1849)
01 – Die Lustigen Weiber Von Windsor: Abertura

Johann STRAUSS II (1825-1899)
02 – Stadt und Land, Polka Mazur, Op. 322

Josef STRAUSS (1827-1870)
03 – Dorfschwalben aus Österreich, Valsa Op. 164

Johann STRAUSS II
04 – Vergnügungzug, Polca Rápida Op. 281
05 – Der Zigeunerbaron: Abertura
06 – Tausend und Eine Nacht, Valsa Op. 346
07 – Neue Pizzicato-Polka, Op. 449
08 – Persischer Marsch, Op. 289
09 – Tritsch-Tratsch-Polka, Op. 214

Josef STRAUSS
10 – Sphärenklänge, Valsa Op. 235

Johann STRAUSS II
11 – Unter Donner und Blitz, Polca Rápida Op. 324
12 – An der Schöner Blauen Donau, Valsa Op. 314

Johann Baptist STRAUSS (1804-1849)
13 – Radetzky-Marsch, Op. 228

Wiener Philarmoniker
Carlos Kleiber, regência

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thats_all_folks_wallpaperVassily Genrikhovich

Musica Antiqua Bohemica – Jan Křtitel Vaňhal (1739-1813): Sonatas para viola – Špelina – Hála

61gvLv85bLL._SS280Gostei dessa estratégia de postagens em série, pois ajuda este colecionador compulsivo a orientar-se em meio à sua Babilônia de gravações e deixa alguns de vocês (calculo que uns três ou quatro) na expectativa sobre o que mais virá.

Ao longo dessa semana, postaremos obras de compositores tchecos, alguns muito pouco conhecidos. Aliás, antes que perguntem: “tcheco” deriva de “Čech”, que quer dizer “boêmio” – o natural da Boêmia, uma das três regiões históricas que formam a atual República Tcheca, correspondendo aproximadamente às terras do antigo Reino da Boêmia que, desde sempre, foi centrado em Praga (as outras regiões são a Morávia, centrada em Brno, e a parte tcheca da Silésia, centrada em Ostrava).

Um dos incontáveis prazeres de se viver em Praga (o que fiz por sete meses, em tempos imemoriais) é desfrutar da grande música feita por excelentes músicos, e na maioria das vezes em joias arquitetônicas de extraordinária acústica. De quebra, ainda se encontram gravações baratíssimas (menos que um lanche lá naquele palácio da gordura trans e dos arcos dourados), em CD e vinil, do ótimo selo Supraphon, cujo catálogo parece um poço sem fundo donde não para de se encontrar coisa boa.

Uma das séries do Supraphon, “Musica Antiqua Bohemica” (da qual já postamos, na semana passada, a gravação com as sonatas para harpa solo de Krumpholz), aborda justamente tesouros pouco tocados, ou recém redescobertos, da música daquela região. É impressionante a quantidade de bons compositores cujas obras volumosas jazem nas bibliotecas da Boêmia. Os músicos daquela época não se enxergavam como gênios que compunham para eras vindouras, mas sim como artífices que trabalhavam para cumprirem seus deveres laborais. Dessa feita, eles compunham obras para alguma ocasião ou intérprete e, uma vez executadas, elas perdiam sua razão de ser e acabavam, muitas vezes vendidas pelo preço de papel velho, nalguma estante poenta.

Jan Křtitel Vaňhal, também conhecido como Johann Baptist Wanhal – a versão alemã, com menos diacríticos e muito mais amistosa de seu nome – já estreou no PQP numa postagem de nosso patrão. O que trago hoje para vocês é uma gotícula no verdadeiro manancial que é a sua obra: sonatas escritas para a viola com acompanhamento de cravo e piano. A essas cinco sonatas juntar-se-ão pelo menos outras oito, redescobertas e reconstruídas por uma querida violista e musicóloga de Brno que pretende fazer sua primeira gravação tocando-as ela mesma, com acompanhamento deste que vos fala.

Já pensaram? Uma estreia mundial, aqui neste eudaimônico blogue? Se o improvável encontro for gravado, e se talvez eu beber MUITO – quiçá uns Keep Coolers a mais no Ano Novo -, prometo postar a gravação aqui no PQP!

VAŇHAL – SONATAS FOR VIOLA AND HARPSICHORD (PIANO)

Jan Křtitel VAŇHAL (1739-1813)

Quatro Sonatas para viola e cravo, com baixo ad libitum, Op. 5

Sonata no. 4 em Dó maior
01 – Allegro moderato
02 – Adagio
03 – Finale con variazioni

Sonata no. 2 em Ré maior
04 – Allegretto moderato
05 – Arieta
06 – Finale. Andante

Sonata no. 3 em Fá maior
07 – Allegreto moderato
08 – Adagio
09 – Allegreto

Sonata no. 1 em Dó maior
10 – Allegro moderato
11 – Minuetto
12 – Rondo. Allegro.

Karel Špelina, viola
Josef Hála, cravo
Ladislav Pospíšil, violoncelo

Sonata em Mi bemol maior para viola e piano
13 – Allegro vivace
14 – Poco adagio
15 – Rondo. Allegretto.

Karel Špelina, viola
Josef Hála,
piano

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Vassily Genrikhovich

Agulhas em palheiros: a biblioteca do Clementinum de Praga (foto do autor)
Agulhas em palheiros: a biblioteca do Clementinum de Praga (foto do autor)

A Família das Cordas: Der Arpeggione – Gerhart Darmstadt #BTHVN250

CD esgotado!
CD esgotado!

Pensaram que tínhamos esgotado a família dos arcos? Nah: nós nos lembramos do esquecido arpeggione, que gozou de breve voga no começo do século XIX, quando um visionário fabricante de violões teve a ideia, que certamente considerou brilhante, de construir um violão que se tocava com um arco.

Sim, ideia medonha.

E não fosse um Schubert a lhe dedicar uma ótima sonata (que hoje faz parte do repertório de violistas e violoncelistas), hoje ninguém sequer se lembraria da criação de Herr Johann Georg Stauffer.

Taí o bicho.
Ei-la

 

Não pensem, entretanto, que esse ostracismo do arpeggione foi imerecido: o som do instrumento é acanhado, o que dificultava tanto seu uso em grandes salas de concerto quanto seus duos com outros instrumentos. Além disso, os trastos – exatamente iguais aos dos violões – e a pouca tensão nas cordas acarretavam problemas de articulação, que são notórios nas poucas gravações disponíveis no mercado, e mesmo nas mãos de especialistas. Um deles é Nicolas Deletaille, que já deu o ar de sua graça aqui a tocar a Sonata “Arpeggione” de Schubert com acompanhamento do incansável Paul Badura-Skoda e, depois de trocar seu arpeggione por um violoncelo, juntar-se a um quarteto de cordas no maravilhoso Quinteto D. 956 do mesmo compositor.

O outro é Gerhart Darmstadt, que estrela este álbum que, logicamente, serve a “Arpegionne” como prato principal, junto com um punhado de outras peças originais para o instrumento e de uma pitada de outras transcrições – algumas delas feitas por um certo Vincenz Schuster, que foi amigo de Schubert e carrega a distinção de ter sido o único, er, ARPEGGIONISTA profissional de toda a história do planeta. O acompanhamento – a cargo de um pianoforte de som bem menos robusto que um piano moderno e de uma guitarra romântica com cordas de tripa – tem o mérito de não sufocar o algo fanhoso protagonista.

DER ARPEGGIONE – GERHARDT DARMSTADT

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

01 – Sonatina (Adagio) em Dó menor, WoO 43a
02 – Árias Nacionais, Op. 107 – no. 7: Ária russa em Lá menor

Franz Peter SCHUBERT (1797-1828)

03 – Quatro Canções do “Wilhelm Meister” de J. W. von Goethe, D. 877 – no. 4: Lied der Mignon em Lá menor

Franz Peter SCHUBERT

Sonata para arpeggione e pianoforte em Lá menor, D. 821

04 – Allegro moderato
05 – Adagio
06 – Allegretto

Louis (Ludwig) SPOHR (1784-1859)
transcrição de Vincenz Schuster (1800-?) para arpeggione e guitarra

07 – Tempo di Polacca em Lá maior, da ópera “Faust”

Bernhard Heinrich ROMBERG (1767-1841)
transcrição de Vincenz Schuster (1800-?) para arpeggione e guitarra

08 – Adagio em Mi maior

Folclore UCRANIANO
transcrição de Vincenz Schuster (1800-?) para arpeggione e guitarra

09 – Schöne Minka – Moderato em Lá menor

Johann Friedrich Franz BURGMÜLLER (1806-1874)

10 – Noturno em Lá menor para arpeggione e guitarra

Gerhart Darmstadt, arpeggione
Egino Klepper, pianoforte
Björn Colell, guitarra romântica

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Se fosse para reviver o arpeggione com esse formato, ele seria um sucesso instantâneo - ainda mais com esse gorrinho
Se fosse para reviver o arpeggione com esse formato (e com esse gorrinho) ele seria um sucesso instantâneo.

Vassily Genrikhovich

A Quatro Mãos: Claude Debussy (1862-1918) – En Blanc et Noir – Katia e Marielle Labèque

MI0000987092Se falávamos ontem que nem sempre ser uma das maiores virtuoses vivas transforma alguém numa boa duetista, hoje constataremos que o bom duo multiplica seus fatores. As irmãs Labèque são excelentes pianistas, seu duo é dos melhores que existem, e elas acumulam álbuns impecáveis. Sinceramente, tenho ao ouvi-las a impressão de que uma só pianista está a tocar com vinte dedos. E, se tocar Debussy com dez dedos já é complicado, que se dirá então de fazê-lo vinte conjuntos de falanges? Este álbum, que inclui obras da juventude e do final de sua vida do pai de Chouchou, mostra a capacidade das Labèque de transpor os desafios timbrísticos e de articulação propostos por este compositor tão peculiar para o teclado. Uma de minhas peças favoritas em todo repertório para duo pianístico é justamente aquela que dá nome ao álbum, e os velhinhos saudosistas como eu reconhecerão o primeiro movimento de “En Blanc et Noir” como a vinheta de abertura do programa “Teclado”, que o pianista Gilberto Tinetti apresentava semanalmente na FM Cultura de São Paulo nos anos 90.

EN BLANC ET NOIR – THE DEBUSSY ALBUM
KATIA AND MARIELLE LABEQUE

Claude-Achille DEBUSSY (1862-1918)

En Blanc et Noir, para dois pianos
01 – Avec emportement
02 – Lent. Sombre
03 – Scherzando

Petite Suite, para piano a quatro mãos
04 – En bateau
05 – Cortège
06 – Menuet
07 – Ballet

Nocturnes para orquestra (versão para piano a quatro mãos)
08 – Nuages
09 – Fêtes

Épigraphes antiques, para piano a quatro mãos
10 – Pour invoquer Pan, dieu du vent d’été
11 – Pour un tombeau sans nome
12 – Pour que la nuit soit propice
13 – Pour la danseuse aux crotales
14 – Pour l’Égyptienne
15 – Pour rémercier la pluie au matin

16 – Lindaraja, para dois pianos

Katia e Marielle Labèque, pianos

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As irmãs Labèque: difícil saber onde termina uma e começa a outra
As irmãs Labèque: difícil saber onde termina uma e começa a outra

Vassily Genrikhovich

 

Bedřich Smetana (1824-1884) – Má Vlast (Minha Pátria) – Rafael Kubelík (1990)

Ma_Vlast_KubelikUm CD sensacional com o registro de um dos mais significativos concertos da longa história da veneranda Orquestra Filarmônica Tcheca, na abertura do Festival Primavera de Praga em 12 de maio de 1990.

Nele, o legendário maestro Rafael Kubelík (1914-1996), ex-diretor artístico da Filarmônica, idealizador do Festival e regente do concerto de abertura de sua primeira edição, em 1946, retornava a seu país e ao pódio da magnífica Sala Smetana da Casa Municipal de Praga após um exílio de 42 anos.

Kubelík, que conseguira manter a Filarmônica ativa mesmo durante a brutal ocupação nazista da Tchecoslováquia, deixou o país após o golpe comunista de 1948, jurando só voltar depois que o país fosse liberado da opressão (“tendo vivido sob uma forma de tirania bestial, o Nazismo, por uma questão de princípios não iria viver sob outra”). Desenvolveu uma brilhante carreira no Reino Unido, Estados Unidos (onde teve problemas na Sinfônica de Chicago por aceitar músicos negros) e, principalmente, na Alemanha, elevando a Orquestra Sinfônica da Rádio Bávara, sob sua batuta, à condição de um dos melhores conjuntos do mundo. Como o mais ilustre exilado tcheco de seu tempo, recebeu vários convites do governo comunista para retornar, ao que respondeu que só voltaria sob a condição de “liberdade de opinião, liberdade de criação, liberdade de expressão, e liberdade de movimento para qualquer tcheco e eslovaco decente, com ou sem talento” – o que, claro, só poderia acontecer depois do colapso do regime comunista da Tchecoslováquia, após a incruenta “Revolução de Veludo” liderada pelo escritor e dramaturgo Václav Havel em 1989.

“Esperei ansiosamente por este momento e sempre acreditei em que algum dia ele chegaria. Sou grato a Deus, à nossa nação inteira, aos amigos, e a todos vocês”, declarou Kubelík ao aterrissar em Praga e beijar o chão da pátria. Esta interpretação elétrica para o ciclo “Má Vlast” de Smetana – tradicional programa de abertura do Festival Primavera de Praga – só atesta sua excitação pela oportunidade longamente aguardada. Alguns leitores-ouvintes estranharão os andamentos escolhidos por Kubelík nesta sua quinta gravação da obra, em especial o do célebre “Vltava” (“O Moldava”), muito diferente do Allegro commodo non agitato prescrito pelo compositor. Entendo que, em lugar de considerar cada um dos poemas sinfônicos peças avulsas, como Smetana os concebeu, Kubelík preferiu abordá-los como movimentos de uma obra maior, enfatizando as citações dos Leitmotiven de cada um que vão ressurgindo nos demais e dando à obra uma coesão raramente vista em outras gravações. Especialmente tocante é a interpretação do solene hino hussita de “Tábor”, evocação da cidade-fortaleza fundada pelos seguidores do reformador Jan Hus e que, aqui, soa como o cerne emocional da obra.

SMETANA – MÁ VLAST – CZECH PHILARMONIC ORCHESTRA – RAFAEL KUBELÍK

Bedřich SMETANA (1824-1884)

Má vlast (“Minha Pátria”), Ciclo de Poemas Sinfônicos

01 – Vyšehrad
02 – Vltava
03 – Šárka
04 – Z českých luhů a hájů (“Das Florestas e Bosques da Boêmia”)
05 – Tábor
06 – Blaník

Česká filharmonie
Rafael Kubelík, regência
Gravado ao vivo na Sala Smetana da Casa Municipal de Praga (“Obecní dům”) na abertura do Festival Primavera de Praga (“Pražské jaro”) em 12 de maio de 1990

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Quem apreciou a gravação certamente gostará de assistir ao vídeo com a íntegra do concerto da Filarmônica Tcheca e do retorno de Kubelík do exílio. Notem a aclamação, durante a fanfarra de abertura (extraída da ópera “Libuše” de Smetana), que o presidente Vacláv Havel e sua esposa recebem ao ingressarem na tribuna de honra; o hino nacional tocado, que ainda é o tchecoslovaco – um híbrido do tcheco “Kde domov můj?” (“Onde está minha casa?”) e do eslovaco “Nad Tatrou sa blýska” (“Sobre os Tatras o clarão”), pois a dissolução pacífica da Tchecoslováquia só ocorreria dois anos depois; o comovente vigor com que Kubelík, então com 86 anos e já muito doente, conduz a Filarmônica Tcheca; e a maravilhosa arquitetura da Sala Smetana, uma das melhores casas de concerto do mundo, que fica dentro da não menos magnífica Casa Municipal de Praga, que é talvez o mais belo exemplo do estilo Art Nouveau e atração imperdível para todos que tiverem o privilégio de conhecer essa Rainha dos Superlativos que é a belíssima capital da Boêmia.

Vassily Genrikhovich

Jakub Jan Ryba (1765-1815) – Česká mše vánoční (Missa de Natal Tcheca)

Não me lembro da fonte, mas li certa vez que os tchecos são o povo que menos frequenta igrejas na Europa. De fato, quem explora as cidades e vilarejos na Boêmia e Morávia encontra normalmente nas igrejas mais turistas do que locais, mais flashes do que orações. Por isso, considero um fenômeno que esta pequena Missa, escrita para amadores e num estilo pastoral, seja tão popular naquelas terras, e de tal modo que mesmo tchecos seculares lotem as igrejas na véspera de Natal (conhecida por lá como “Štědrý den”, ou “Dia Generoso”, devido à fartura das mesas humanas, que se estende até as manjedouras dos animais) para escutar essa peça tão arraigada às suas tradições de final de ano.

O compositor Ryba (“peixe”, em tcheco), mestre de música em várias escolas e pequenas igrejas da Boêmia, teve uma vida muito triste, que acabou por tirar de si depois de, pela milionésima vez, ter sido exonerado de suas funções. Numa deprimente ironia, um dos poucos monumentos à sua memória fica justamente no bosque em que se matou – além, claro, desse delicado memorial musical que é sua Missa de Natal Tcheca. Ainda que publicada com o pomposo título Missa solemnis Festis Nativitatis D. J. Ch. accommodata in linguam bohemicam musikamque redacta – que redacta per Jac. Joa. Ryba, a Missa de Ryba encanta justamente por nada ter de solene e pomposo. Ela é, por isso mesmo, imensamente popular em seu país: nas ruas de Praga, perto do Natal, escutei muitas pessoas assobiando ou cantarolando o “Hej, mistře!” (“Ei, mestre!”) que abre a obra.

Apesar dos títulos latinos do movimentos, a Missa é toda cantada na língua tcheca, que a música consegue, num pequeno milagre, fazer soar menos árida que o habitual. O libreto, do próprio Ryba, transpõe os acontecimentos da Judeia para os pequenos vilarejos da Boêmia, ao estilo das encantadoras e rústicas gravuras que, ainda hoje, os artesãos vendem nos mercados de Natal em toda República Tcheca.

Este álbum encantador também inclui alguns hinos natalinos, também em tcheco, harmonizados para as mesmas forças vocais e instrumentais da Missa. Espero que seja do agrado dos leitores-ouvintes de todos os credos, observantes ou seculares, e que enriqueça o “Dia Generoso” daqueles que o celebram.

JAKUB JAN RYBA – ČESKÁ MŠE VÁNOČNÍ – KOLEDY

Jakub Šimon Jan RYBA (1765-1815)

Missa de Natal Tcheca
01 – Kyrie
02 – Gloria
03 – Graduale
04 – Credo
05 – Offertorium
06 – Sanctus
07 – Benedictus
08 – Agnus Dei
09 – Communio

Hinos natalinos

10 – Čas radosti, veselosti
11 – Veselme se všichni nyní
12 – Vánoční hospoda
13 – Byla cesta, byla ušlapaná
14 – Nastal nám den veselý
15 – Vánoční roztomilosti
16 – Vánoční magnét a střelec
17 – Maria hustým lesem šla
18 – Vánoční vinšovaná pošta

Zdena Koublová, soprano
Pavla Vykopalová, mezzo soprano
Tomáš Černý, tenor
Roman Janál, barítono

Coro Infantil Kühn
Coro de Câmara da Rádio de Praga
Virtuosi di Praga

Oldřich Vlček, regência

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A partir de 6:30, a mesma Missa Tcheca numa gravação feita na magnífica Catedral de São Vito, no Castelo de Praga.

Vassily Genrikhovich

O Mestre Esquecido, capítulo VII (Franck: Sonata – Szymanowski: Mythes – Wanda Wiłkomirska e Antonio Guedes Barbosa)

R-4147687-1356876153-5539.jpegPUBLICADO ORIGINALMENTE EM 6/11/2015

Um leitor-ouvinte apontou sons “alienígenas” na gravação que postei originalmente, frutos de meu semianalfabetismo em questões de mixagem. Com os devidos pedidos de desculpas pela bisonhice, e enquanto agradeço pela atenciosa notificação de minha patinada, convido as senhoras e senhores a baixarem a versão alien-free da ótima gravação de Wanda Wiłkomirska e de nosso “muso” Antonio.

Damos um tempo na interminável série sobre a Família das Cordas para atendermos ao coro uníssono de mimimis clamando por mais uma gravação com o Mestre Esquecido, nosso muso Antonio Guedes Barbosa.

Contentar gregos e troianos não é muito fácil, mas acho que esta gravação, estrelada por uma violinista, não deixará tão bicudos os amantes das cordas. Diferentemente do álbum anterior que postamos do duo, com miniaturas de Kreisler, neste aqui as obras têm partes bem mais importantes para o piano, ricos substratos para que nosso ídolo mostre seu brilho. A interpretação da Sonata de Franck é das melhores que conheço, e a tríade de peças de Szymanowski nos faz lamentar ainda mais que aquele maldito infarto do miocárdio tenha colhido o enorme talento de Barbosa antes que ele pudesse gravar outras coisas do polonês.

César-Auguste-Jean-Guillaume-Hubert FRANCK (1822-1890)

Sonata em Lá maior para violino e piano
01 – Allegretto ben moderato
02 – Allegro
03 – Recitativo – Fantasia (ben moderato)
04 – Allegretto poco mosso

Karol Maciej Korwin-SZYMANOWSKI (1882-1937)

Mythes, Três Poemas para violino e piano, Op. 30
05 – No. 1: La Fontaine d’Arethuse
06 – No. 2: Narcisse
07 – No. 3: Dryades et Pan

Wanda Wiłkomirska, violino
Antonio Guedes Barbosa, piano
a partir de um LP de 1973 da Connoisseur Society. Gravação relançada em 1987 em CD, mas que, como sói acontecer com a discografia do Mestre Esquecido, em nenhuma das formas chegou ao Brasil

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Como não teremos imagens de Barbosa suficientes para completar a série, rendemos homenagem à ótima Wiłkomirska, que hoje vive na Austrália e, aos 86 anos, é muito ativa como professora.
Como não teremos imagens de Barbosa suficientes para completar a série, rendemos homenagem à ótima Wiłkomirska (1929-2018), ativa até o final da vida como professora.

Vassily Genrikhovich [revalidado em 15/1/2021]

In memoriam Mariss Jansons (1943-2019) – Wolfgang Rihm (1952): Requiem-Strophen – Chor und Symphonieorchester des Bayerischer Rundfunks

Prestamos, antes tarde que ainda mais tarde, nossa homenagem ao magnífico Mariss Jansons, que deixou este vale de lágrimas no estrebucho do último novembro. Falo em lágrimas, e também de como Jansons, depois de longa enfermidade, deixou o mundo, antes mesmo de lembrar as duras circunstâncias em que veio a ele: na Letônia ocupada por Hitler, talvez o pior momento no século para se nascer letão e de ventre judeu, um pouco depois de sua mãe escapar do gueto de Riga e de sua liquidação. Cresceu sob a inspiração do pai regente, que sucumbiu a um infarto no palco, e de uma mãe cantora lírica, e seguiu sua formação no mesmo Conservatório de Leningrado em que depois lecionaria, no qual também estudaram Tchaikovsky e Shostakovich, que sempre estariam no cerne de seu repertório. O posto de assistente na Filarmônica local, liderada pelo legendário Mravinsky, trouxe-lhe notoriedade e convites, não sem várias pestanas queimadas por conta de seus opressores de Moscou, para trabalhar e estudar com Karajan e Swarowsky. Sob sua direção (1979-2000), a discreta Filarmônica de Oslo saltou para um patamar com que nunca sonhara entre as orquestras do mundo. Depois de mais de vinte anos a comandá-la, deixou-a para assumir a Sinfônica de Pittsburgh (1997-2004), não sem antes repetir a escrita do pai e infartar no palco, desgraça que só não foi completa porque foi prontamente atendido depois do colapso. Em seguida, encontraria os conjuntos mais importantes de sua formidável carreira: a Orquestra do Concertgebouw de Amsterdam (2004-2015) e, ainda mais notavelmente, a Sinfônica da Rádio Bávara, que conduziu até o final da vida, e com quem realizou a gravação ao vivo que ora compartilhamos.

O Réquiem de Wolfgang Rihm, composto em 2016 e cuja première nossos leitores-ouvintes apreciarão nas faixas a seguir, é, na tradição de “Um Réquiem Alemão” de Brahms, menos uma obra litúrgica do que uma reflexão sobre a vida e a morte, baseada em textos tão diversos quanto sonetos de Michelangelo, poemas de Rilke e salmos bíblicos, e concluída por “Strophen”, de Hans Sahl, donde seu epíteto. Constrito, ainda que com momentos de velada celebração, é uma composição que me deu, desde a primeira audição, a impressão de merecer manter-se no repertório. Jansons demonstra aqui sua fabulosa capacidade de compreender uma obra por inteiro – no caso, imensa, novíssima, inédita, sem qualquer tradição interpretativa em que se pudesse basear – e expressar em sua leitura um maravilhoso senso de continuidade e coerência. Rihm derramou-se em elogios, e nossos leitores-ouvintes, creio eu, hão de se lhe juntar ao coro.

Já com saudades do maiúsculo Maestro que, por todos os relatos, era um humilde servo da Música, tão exigente quanto gentil com seus colegas e generoso com seus muitos protegidos, e enquanto me desculpo pelo que talvez seja a indelicadeza de colocá-lo a reger seu próprio Réquiem, faço votos de que, lá nas Esferas, haja música tão extraordinária quanto a que nos deixou moldada pela batuta.

RIHM – REQUIEM-STROPHEN – MARISS JANSONS

Wolfgang RIHM (1952)
REQUIEM-STROPHEN, para solistas, coro e orquestra (ESTREIA MUNDIAL)

PARTE I

1 – I: Initial
2 – II
3 – III: Kyrie

PARTE II

4 – IV: Sonett I
5 – V.a: Psalm
6 – VI: Sonett II
7 – V.b: Psalm
8 – VII: Sonett III

PARTE III

9 – VIII
10 – IX: Lacrimosa I
11 – X: Sanctus
12 – XI

PARTE IV

13 – XII: Lacrimosa II
14 – XIII: Agnus Dei
15- XIV: Epilog (Strophen)

Mojca Erdmann e Anna Prohaska, sopranos
Hanno Müller-Brachmann, barítono
Coro e Orquestra Sinfônica da Rádio Bávara
Mariss Jansons, regente

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Se eu fosse chefe do estagiário do G1 e lesse o “Neujahrskonzert”/’New Year’s Concert” (Concerto de Ano Novo) de Viena transfigurado em “Concerto de Nova York”, propor-lhe ia a pena de demissão sumária, demolição da habitação, banho de penas após submersão em piche, defenestração sobre uma piscina de ariranhas e – talvez aqui um pouco de crueldade – André Rieu no repeat. Como, no entanto, sou um mero estagiário do PQP Bach, contento-me a ficar aqui, ruminando fel…

 

 

 

 

… esperando que todos os maestros que também se consideram músicos depositem suas batutas (e Gergiev, seu palito de dentes) na jugular do infeliz.

Vassily

Dmitri Shostakovich (1906-1975) – Prelúdios e Fugas para piano, Op. 87 (seleção) – Dmitri Shostakovich, piano

Dmitri Shostakovich (1906-1975) – Prelúdios e Fugas para piano, Op. 87 (seleção) – Dmitri Shostakovich, piano

Sim, prometi a saideira, e quem melhor para oferecê-la que o responsável por tudo o que lhes alcancei nos últimos dias – sim, ele mesmo, o próprio Dmitri Dmitrievich?

Shostakovich legou-nos versões próprias de quase metade de seu Op. 87, gravadas entre vários estúdios e radiodifusões, com qualidade entre sofrível e lamentável. Como já puderam ouvir em outros registros que compartilhamos aqui no PQP, Dmitri Dmitrievich era um pianista muito competente, inda que impaciente, e um prestidigitador propenso a esbarrar em várias notas indesejadas e, ainda assim (pois eu lhes falei que ele era impaciente), considerar o take feito e a gravação aprovada. Noutras palavras, sua preferência como intérprete era a mesma que tenho como ouvinte: a impressão do todo à precisão nota a nota.

Já os leitores-ouvintes que consideram as versões de Tatiana Nikolayeva definitivas e as mais próximas às intenções de Shostakovich – dada sua posição única como inspiradora da obra, sua consultora durante toda a composição, e sua intérprete na estreia, na primeira gravação e ao longo de toda sua carreira de recitalista – estes ficarão surpresos com as ideias que Dmitri tinha ao teclado para seu Op.87.

Dmitri Dmitrievich SHOSTAKOVICH (1906-1975)

VINTE E QUATRO PRELÚDIOS E FUGAS PARA PIANO, OP. 87 (seleção)

Dmitri Shostakovich, piano

01 – Prelúdio e Fuga no. 1 em Dó maior
02 – Prelúdio e Fuga no. 2 em Lá menor
03 – Prelúdio e Fuga no. 3 em Sol maior
04 – Prelúdio e Fuga no. 4 em Mi menor
05 – Prelúdio e Fuga no. 5 em Ré maior
06 – Prelúdio e Fuga no. 6 em Si menor
07 – Prelúdio e Fuga no. 7 em Lá maior
08 – Prelúdio e Fuga no. 8 em Fá sustenido menor
09 – Prelúdio e Fuga no. 12 em Sol sustenido menor
10 – Prelúdio e Fuga no. 13 em Fá sustenido maior
11 – Prelúdio e Fuga no. 14 em Mi bemol menor

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Vassily Genrikhovich

Сигарета/Cigarro № 9231574 de 14551211

Dmitri Shostakovich (1906-1975) – 24 Prelúdios e Fugas para piano, Op. 87 – Tatiana Nikolayeva (gravação de 1962)

Dmitri Shostakovich (1906-1975) – 24 Prelúdios e Fugas para piano, Op. 87 – Tatiana Nikolayeva (gravação de 1962)

Foi só desistir da busca de muitos anos para que, do nada, me caíssem na mão estes improváveis CDs russos com aquela que, até onde se sabe, foi a primeira versão integral jamais gravada do monumental Op. 87 de Shostakovich.

Quem a gravou, quem inspirou a obra e acompanhou sua gestação, visitando o compositor repetidamente em seu apartamento e singrando a espessa fumaça de cigarros a cada peça que completava, e quem teve a honra de estreá-la em Leningrado em 1952 foi a extraordinária Tatiana Nikolayeva, que vocês já conheceram em gravações outras da mesma obra, postadas aqui e ali, artista tão indissoluvelmente ligada ao Op.87 que veio mesmo a falecer em consequência de um acidente vascular encefálico sofrido durante a interpretação de um desses prelúdios – parece-me que o em Si bemol menor – num recital em San Francisco.

Esta gravação valiosa mostra uma Nikolayeva imprimindo andamentos mais rápidos às peças e, assim, concluindo o ciclo em meros dois discos. Ainda que prefira sua versão intermediária, gravada ainda na União Soviética em 1987, fico fascinado com a riqueza e frescor dessa interpretação, que certamente muito carrega das sugestões do compositor.

Lembram-se da lista, aquela? Pois ela agora está completa:

Konstantin Scherbakov
Vladimir Ashkenazy
Tatiana Nikolayeva, em três versões: a primeira (1962), a segunda (1987) e a derradeira (1990)
Keith Jarrett
Peter Donohoe
Alexander Melnikov
BÔNUS: DVD sobre Nikolayeva com uma integral do Op. 87 de Shosta

Se encerramos? Bem, apreciem mais este portento da Nikolayeva que amanhã teremos a saideira para vocês!

Dmitri Dmitrievich SHOSTAKOVICH (1906-1975)

VINTE E QUATRO PRELÚDIOS E FUGAS PARA PIANO, OP. 87

Tatiana Nikolayeva, piano

DISCO 1

01 – Prelúdio no. 1 em Dó maior
02 – Fuga no. 1 em Dó maior
03 – Prelúdio no. 2 em Lá menor
04 – Fuga no. 2 em Lá menor
05 – Prelúdio no. 3 em Sol maior
06 – Fuga no. 3 em Sol maior
07 – Prelúdio no. 4 em Mi menor
08 – Fuga no. 4 em Mi menor
09 – Prelúdio no. 5 em Ré maior
10 – Fuga no. 5 em Ré maior
11 – Prelúdio no. 6 em Si menor
12 – Fuga no. 6 em Si menor
13 – Prelúdio no. 7 em Lá maior
14 – Fuga no. 7 em Lá maior
15 – Prelúdio no. 8 em Fá sustenido menor
16 – Fuga no. 8 em Fá sustenido menor
17 – Prelúdio no. 9 em Mi maior
18 – Fuga no. 9 em Mi maior
19 – Prelúdio no. 10 em Dó sustenido menor
20 – Fuga no. 10 em Dó sustenido menor
21  – Prelúdio no. 11 em Si maior
22 – Fuga no. 11 em Si maior
23 – Prelúdio no. 12 em Sol sustenido menor
24 – Fuga no. 12 em Sol sustenido menor
25 – Prelúdio no. 13 em Fá sustenido maior
26 – Fuga no. 13 em Fá sustenido maior
27 – Prelúdio no. 14 em Mi bemol menor
28 – Fuga no. 14 em Mi bemol menor

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DISCO 2

01 – Prelúdio no. 15 em Ré bemol maior
02 – Fuga no. 15 em Ré bemol maior
03 – Prelúdio no. 16 em Si bemol menor
04 – Fuga no. 16 em Si bemol menor
05 – Prelúdio no. 17 em Lá bemol maior
06 – Fuga no. 17 em Lá bemol maior
07 – Prelúdio no. 18 em Fá menor
08 – Fuga no. 18 em Fá menor
09 – Prelúdio no. 19 em Mi bemol maior
10 – Fuga no. 19 em Mi bemol maior
11 – Prelúdio no. 20 em Dó menor
12 – Fuga no. 20 em Dó menor
13 – Prelúdio no. 21 em Si bemol maior
14 – Fuga no. 21 em Si bemol maior
15 – Prelúdio no. 22 em Sol menor
16 – Fuga no. 22 em Sol menor
17 – Prelúdio no. 23 em Fá maior
18 – Fuga no. 23 em Fá maior
19 – Prelúdio no. 24 em Ré menor
20 – Fuga no. 24 em Ré menor

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Vassily Genrikhovich

Dmitri Dmitrievich, esperando que Maxim Dmitrievich lhe traga logo o maço que mandou buscar na tabacaria.

 

 

 

 

Alles gute zum Geburtstag! – Beethoven, 249 anos: Omnibus – Leonard Bernstein on Beethoven #BTHVN250

Fazemos um tributo ao aniversário do genial filho de Bonn, do dono do apartamento mais caótico de Viena, criatura de vida atribulada (muito em função de seu temperamento irascível – e vice-versa) e, principalmente (e é por isso que lembramos dele), um criador meticuloso que empenhava enormes esforços na composição de suas obras, cuja evolução artística – dos Trios Op. 1 ao último Quarteto Op. 135 – é talvez a mais impressionante e bem documentada entre as dos grandes compositores.

O acervo PQPBachiano já inclui inúmeras gravações da obra do “espanhol louco” (como era chamado pelos colegas da orquestra de Bonn, por conta da morenice e do temperamento medonho – e na qual, como se a desgraça já não fosse bastante, era certamente alvo de piadas por tocar viola), então resolvi postar-lhes algo diferente: um dos programas da série “Omnibus”, criada e apresentada por Leonard Bernstein nos anos 50, em que o próprio aborda o processo de criação da Quinta Sinfonia, comparando a versão final com esboços dos cadernos de anotação do compositor e ilustrando, assim, o meticuloso cuidado de Beethoven para dar-nos a impressão, como Leonard Bernstein afirma com muita felicidade, de que cada próxima nota soa como se fosse a única nota possível.

O episódio está em inglês, mas vale a pena a visita, nem que seja para CHORAR DE DOR ao imaginar que, algum dia, a TV aberta foi capaz de veicular coisas desse gabarito – enquanto declaramos abertas as festividades do ducentésimo quinquagésimo aniversário de Ludovico, que culminarão dentro de exatamente uma circunvolução terrestre.

[caso necessário, ativem as legendas em inglês]

O episódio (somente no original em inglês) pode ser baixado aqui: DOWNLOAD HERE

 

Caso você tenha chegado agora de Marte e não tenha visto a homenagem que o Google fez ao aniversário de Beethoven, sugiro fortemente que o faça agora. Há, mesmo, a oportunidade de ajudar o desastrado Ludwig a reorganizar as partituras que ele vai esparramando, entre uma desgraça e outra, pelas ruas de Viena. E, se achar difícil reconstruir a "Pour Elise", agradeça aos céus por Beethoven não ter derrubado a "Grande Fuga" no chão.
Caso você tenha chegado agora de Marte e não tenha visto a homenagem que o Google fez ao aniversário de Beethoven, sugiro fortemente que o faça agora. Há, mesmo, a oportunidade de ajudar o desastrado Ludwig a reorganizar as partituras que ele vai esparramando, entre uma desgraça e outra, pelas ruas de Viena. E, se achar difícil reconstruir a “Pour Elise”, agradeça aos céus por Beethoven não ter derrubado a “Grande Fuga” no chão.

Vassily Genrikhovich

Dmitri Shostakovich (1906-1975) – 24 Prelúdios e Fugas para piano, Op. 87 – Tatiana Nikolayeva (gravação de 1990)

Dmitri Shostakovich (1906-1975) – 24 Prelúdios e Fugas para piano, Op. 87 – Tatiana Nikolayeva (gravação de 1990)

CoverSegue a recuperação das gravações desta obra-prima do século XX junto ao acervo PQP Bachiano. Para muitos, as interpretações de Tatiana Nikolayeva são as melhores que existem. Meu indeciso coração divide-se entre as dela e a de Keith Jarrett, que recuperarei nas próximas semanas. O que não se discute é que, na condição de inspiradora, consultora e intérprete da première, Nikolayeva foi a maior autoridade imaginável nessa obra monumental.

Estava pronto a restaurar os links da postagem original feita pelo PQP Bach ainda em 2009, quando percebi que esta gravação que ora lhes alcanço é diferente daquela disponibilizada por nosso patrão. Salvo melhor juízo, Nikolayeva fez três gravações completas do ciclo: uma nos anos 60, outra em 1987 (ambas pelo selo soviético Melodiya) e esta aqui, feita em Londres em 1990, lançada pela Hyperion. Considero a gravação de 1987 superior em vários aspectos, mas aprendi a gostar dos andamentos mais lentos e do tom mais reflexivo desta aqui, parte do testamento musical da grande pianista, falecida em 1993 por conta de um acidente vascular encefálico – iniciado, justamente, durante um recital do Op.87 de Shostakovich em San Francisco.

Mesmo que a gravação postada pelo PQP tenha sido provavelmente a de 1987 (que eu tinha, mas foi destruída por cães – vocês duvidam, mas é porque não conhecem meus cães!), eu recomendo fortemente a leitura da ótima postagem original,  com riquíssima descrição da obra, de sua gênese e de sua repercussão.

Nossa listinha de gravações a recuperar, agora, é a seguinte:

Konstantin Scherbakov

Vladimir Ashkenazy

Tatiana Nikolayeva, em três versões: a primeira (1961), a segunda (1987) e  a derradeira (1990)

Keith Jarrett

Peter Donohoe

Aleksander Melnikov

BÔNUS: DVD sobre Nikolayeva com uma integral do Op. 87 de Shosta

 

Dmitri Dmitrievich SHOSTAKOVICH (1906-1975)

VINTE E QUATRO PRELÚDIOS E FUGAS PARA PIANO, OP. 87

TATIANA NIKOLAYEVA, piano

DISCO 1

01 – Prelúdio no. 1 em Dó maior
02 – Fuga no. 1 em Dó maior
03 – Prelúdio no. 2 em Lá menor
04 – Fuga no. 2 em Lá menor
05 – Prelúdio no. 3 em Sol maior
06 – Fuga no. 3 em Sol maior
07 – Prelúdio no. 4 em Mi menor
08 – Fuga no. 4 em Mi menor
09 – Prelúdio no. 5 em Ré maior
10 – Fuga no. 5 em Ré maior
11 – Prelúdio no. 6 em Si menor
12 – Fuga no. 6 em Si menor
13 – Prelúdio no. 7 em Lá maior
14 – Fuga no. 7 em Lá maior
15 – Prelúdio no. 8 em Fá sustenido menor
16 – Fuga no. 8 em Fá sustenido menor
17 – Prelúdio no. 9 em Mi maior
18 – Fuga no. 9 em Mi maior
19 – Prelúdio no. 10 em Dó sustenido menor
20 – Fuga no. 10 em Dó sustenido menor

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DISCO 2

01 – Prelúdio no. 11 em Si maior
02 – Fuga no. 11 em Si maior
03 – Prelúdio no. 12 em Sol sustenido menor
04 – Fuga no. 12 em Sol sustenido menor
05 – Prelúdio no. 13 em Fá sustenido maior
06 – Fuga no. 13 em Fá sustenido maior
07 – Prelúdio no. 14 em Mi bemol menor
08 – Fuga no. 14 em Mi bemol menor
09 – Prelúdio no. 15 em Ré bemol maior
10 – Fuga no. 15 em Ré bemol maior
11 – Prelúdio no. 16 em Si bemol menor
12 – Fuga no. 16 em Si bemol menor
13 – Prelúdio no. 17 em Lá bemol maior
14 – Fuga no. 17 em Lá bemol maior

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DISCO 3

01 – Prelúdio no. 18 em Fá menor
02 – Fuga no. 18 em Fá menor
03 – Prelúdio no. 19 em Mi bemol maior
04 – Fuga no. 19 em Mi bemol maior
05 – Prelúdio no. 20 em Dó menor
06 – Fuga no. 20 em Dó menor
07 – Prelúdio no. 21 em Si bemol maior
08 – Fuga no. 21 em Si bemol maior
09 – Prelúdio no. 22 em Sol menor
10 – Fuga no. 22 em Sol menor
11 – Prelúdio no. 23 em Fá maior
12 – Fuga no. 23 em Fá maior
13 – Prelúdio no. 24 em Ré menor
14 – Fuga no. 24 em Ré menor

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Shostakovich e Nikolayeva: unha e carne na concepção de um monumento musical
Shostakovich (à esquerda) e Nikolayeva: unha e carne na concepção de um monumento musical

 

Vassily Genrikhovich

Johann Sebastian Bach – Suítes nos. 2 e 5 para violoncelo solo – Mstislav Rostropovich (1960)

Lembram quando postei a gravação tcheca das Suítes de Bach com Rostropovich e mencionei que a crítica execrou a versão que ele lançou pela EMI nos anos 90?

Pois é: no encarte da execrada gravação dos anos 90, o próprio mestre execrou sua tentativa anterior com essas venerandas Suítes, feita nos anos 50 – que é a que trago agora para vocês. Nela, Slava limitou-se às Suítes nos. 2 e 5, ambas em tom menor, que ficaram curiosas com o “som Rostropovich”, tão peculiar a quem sentou à mesa com Shostakovich e Prokofiev para burilar suas obras para violoncelo, era professor nos dois mais conceituados conservatórios da União Soviética e ainda tinha tempo para ser um livre-pensador e crítico aberto ao regime, preparando o terreno para seu banimento daquele país em 1974.

Acho que vocês odiarão esta gravação, em que as Suítes estão entremeadas por dois curtos excertos à guisa de bis (digno de nota é o regente da orquestra de cordas inominada que o acompanha na “Ária”, que foi pai de Gennadi Rozhdestvensky). Fiquem à vontade, mas nunca percam de vista que este disco é raro e, até onde me consta, esta é a única fonte em que está disponível na rede – e o bom leitor-ouvinte, mesmo que os deteste, entenderá que o privilégio de escutá-lo talvez valha engavetar os resmungos que tiver guardados.

Johann Sebastian BACH (1685-1750)

Suíte no.  2 para violoncelo solo, BWV 1008
01 – Prélude
02 – Allemande
03 – Courante
04 – Sarabande
05 – Menuet I-II
06 – Gigue

Da Suíte Orquestral no. 3 em Ré maior, BWV 1068:
07 – Ária (arranjo para violoncelo e orquestra)
Orquestra de cordas sob regência de Nikolai Anosov 

Suíte no. 5 para violoncelo solo, BWV 1011
08 – Prélude
09 – Allemande
10 – Courante
11 – Sarabande
12 – Gavotte I-II
13 – Gigue

Toccata, Adagio e Fuga em Dó maior para órgão, BWV 564
14 – Adagio (arranjo para violoncelo e piano)
Vladimir Yampolsky, piano

Mstistlav Rostropovich, violoncelo

Gravado em Paris, França, em 1956

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slava8Vassily Genrikhovich

Johann Sebastian Bach (1685-1750) – Suítes para violoncelo solo – Mstislav Rostropovich (1955)

SU4044_2_xlSim, Rostropovich foi um dos maiores violoncelistas do século. Sim, sua gravação das Suítes para violoncelo de Bach lançada pela EMI foi detestada pela crítica. Sim, o grande Slava foi sempre reticente – e admite isso com muita franqueza no encarte do álbum – quanto a gravar essas obras, por considerar que, muito além de questões técnicas, sua “infinita riqueza” e “transcendência espiritual” não estavam ao seu alcance para tentar uma sua versão definitiva. E, sim, no mesmo encarte Slava execra sua própria gravação anterior, considerando-a imatura e insensata.

Esta versão que aqui postamos não é nem aquela detestada pela crítica em 1995, nem a execrada pelo próprio Rostropovich, mas sim uma outra, feita ao vivo durante o Festival Primavera de Praga de 1955 e lançada pelo sempre surpreendente selo Supraphon. Sou um fã de Slava e, ao contrário da maioria de meus concidadãos planetários, aprecio suas gravações dessas Suítes que ele tanto amava, e que respeitava ao ponto do temor. Reconheço que o som vigoroso e ultraexpressivo de seu violoncelo (um dos poucos, aliás, que me é inconfundível) dá a essas gravações, talvez, o que numa licença poética chamo de “excesso de músculo” que, muitas vezes, não lhes é adequado. O que esta gravação em Praga tem, e que falta às demais, é a espontaneidade dos registros ao vivo, em contraste franco com a estudada,  constrita gravação de 1995 e a gravação feita na União Soviética pelo selo Melodiya (e que serão oportunamente postadas aqui no PQP Bach).

Esta longa série com as Suítes para violoncelo solo não tem, claro, a intenção de agradar a todos. Entre as noventa e seis gravações que delas tenho, em vários instrumentos, certamente não há só pontos altos. Ao final da epopeia, espero que os leitores-ouvintes tenham escolhido seu quinhão preferido e que,  no processo, saibam dar ao grande Rostropovich uma nova oportunidade de agradá-los.

Johann Sebastian BACH (1685-1750)

Seis Suítes para violoncelo solo, BWV 1007-1012

No. 1 em Sol maior, BWV 1007
01 – Prélude
02 – Allemande
03 – Courante
04 – Sarabande
05 – Menuet I & II
06 – Gigue

No. 2 em Ré menor, BWV 1008
07 – Prélude
08 – Allemande
09 – Courante
10 – Sarabande
11 – Menuet I & II
12 – Gigue

No. 3 em Dó maior, BWV 1009
13 – Prélude
14 – Allemande
15 – Courante
16 – Sarabande
17 – Bourrée I & II
18 – Gigue

No. 4 em Mi bemol maior, BWV 1010]
19 – Prélude
20 – Allemande
21 – Courante
22 – Sarabande
23 – Bourrée I & II
24 – Gigue

No. 5 em Dó menor, BWV 1011
25 – Prélude
26 – Allemande
27 – Courante
28 – Sarabande
29 – Gavotte I & II
30 – Gigue

No.6 em Ré maior, BWV 1012
31– Prélude
32 – Allemande
33 – Courante
34 – Sarabande
35 – Gavotte I & II
36 – Gigue

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Mstislav Rostropovich, violoncelo
Gravação ao vivo no Festival Primavera de Praga em 1955

Um grande momento: Rostropovich em 1989, tocando ante o Muro de Berlim em demolição. Como corajoso defensor da liberdade de expressão na União Soviética, que o levou a ser banido de lá nos anos 70, essa figura extraordinária não se furtou a correr com seu precioso violoncelo para Berlim tão logo lhe chegaram as boas novas e tocar entre os berlinenses em festa. E o programa, como não poderia deixar de ser, foi Bach.
Um grande momento: Rostropovich em 1989, tocando ante o colapsante Muro de Berlim. Como corajoso defensor da liberdade de expressão na União Soviética, o que o levou a ser banido de lá nos anos 70, essa figura extraordinária não se furtou a correr com seu precioso violoncelo para Berlim tão logo lhe chegaram as boas novas e tocar entre os berlinenses em festa. O programa, como não poderia deixar de ser, foi inteirinho de Bach.

Vassily Genrikhovich

Johann Sebastian Bach (1685-1750) – Suítes para violoncelo solo – Anner Bylsma (1979)

FrontBelíssima versão das Suítes para violoncelo de J. S. Bach, esta do holandês Anner Bylsma, lançada pelo saudoso selo Seon em 1979 –  uma das primeiras feitas com técnica e violoncelo barrocos. Serena e equilibrada, sem abusar de contrastes dinâmicos, realça uma das mais distintas qualidades do gênio de Bach: sua capacidade de insinuar, engenhosamente, harmonias e contraponto ao escrever para um instrumento essencialmente melódico como o violoncelo. O mestre holandês, recente falecido, que além de excelente instrumentista era uma tremenda figura humana, gravaria em 1992 uma outra versão pela Sony, que algum dia também surgirá por aqui.

J. S. BACH – DIE CELLOSUITEN – ANNER BYLSMA

Johann Sebastian BACH (1685-1750)

Seis suítes para violoncelo solo, BWV 1007-1012

Suíte no. 1 em Sol maior, BWV 1007

01 – Prélude
02 – Allemande
03 – Courante
04 – Sarabande
05 – Menuet I & II
06 – Gigue

Suíte no. 2 em Ré menor, BWV 1008

07 – Prélude
08 – Allemande
09 – Courante
10 – Sarabande
11 – Menuet I & II
12 – Gigue

Suíte no. 3 em Dó maior, BWV 1009

13 – Prélude
14 – Allemande
15 – Courante
16 – Sarabande
17 – Bourrée I & II
18 – Gigue

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Suíte no. 4 em Mi bemol maior, BWV 1010

01 – Prélude
02 – Allemande
03 – Courante
04 – Sarabande
05 – Bourrée I & II
06 – Gigue

Suíte no. 5 em Dó menor, BWV 1011

07 – Prélude
08 – Allemande
09 – Courante
10 – Sarabande
11 – Gavotte I & II
12 – Gigue

Suíte no. 6 em Ré maior, BWV 1012

13 – Prélude
14 – Allemande
15 – Courante
16 – Sarabande
17 – Gavotte I & II
18 – Gigue

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Anner Bylsma, violoncelo

Vassily Genrikhovich

Johann Sebastian Bach (1685-1750) – Suítes para Violoncelo Solo – Gaspar Cassadó

MI0000976023Aluno de Pau Casals, o também catalão Gaspar Cassadó i Moreu (1897-1966) era tido como o outro grande violoncelista da primeira metade do século XX (título que teria cabido, com sobras, ao maravilhoso Emanuel Feuermann, se não tivesse morrido tão jovem). De estilo sóbrio e som nobre e pouco opulento, não muito afeito a rubatos, Cassadó deixou-nos uma leitura clássica das Suítes para violoncelo de J. S. Bach que, talvez, soará opaca para aqueles que se acostumaram a violoncelos barrocos, cordas de tripa e liberdades agógicas. Ainda que Cassadó já tivesse seus sessenta anos ao entrar no estúdio e apesar da estranheza da escolha de tocar a quarta suíte um tom acima (que talvez algum violoncelista entre nossos leitores-ouvintes possa tentar explicar, quem sabe por ficar mais ressonante nas cordas soltas do violoncelo, normalmente afinado Dó-Sol-Ré-Lá),  acho que sua gravação tem, especialmente nas Suítes em tom menor, um toque melancólico muito atraente.

JOHANN SEBASTIAN BACH (1685-1750)

SEIS SUÍTES PARA VIOLONCELO SOLO, BWV 1007-1012

CD 01

SUÍTE NO. 1 EM SOL MAIOR, BWV 1007

01 – Prélude
02 – Allemande
03 – Courante
04 – Sarabande
05 – Menuet I & II
06 – Gigue

SUÍTE NO. 2 EM RÉ MENOR, BWV 1008

07 – Prélude
08 – Allemande
09 – Courante
10 – Sarabande
11 – Menuet I & II
12 – Gigue

SUÍTE NO. 3 EM DÓ MAIOR, BWV 1009

13 – Prélude
14 – Allemande
15 – Courante
16 – Sarabande
17 – Bourrée I & II
18 – Gigue

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CD 02

SUÍTE NO. 4 EM MI BEMOL MAIOR, BWV 1010 (transposta para Fá maior)

01 – Prélude
02 – Allemande
03 – Courante
04 – Sarabande
05 – Bourrée I & II
06 – Gigue

SUÍTE NO. 5 EM DÓ MENOR, BWV 1011

07 – Prélude
08 – Allemande
09 – Courante
10 – Sarabande
11 – Gavotte I & II
12 – Gigue

SUÍTE NO.6 EM RÉ MAIOR, BWV 1012

13 – Prélude
14 – Allemande
15 – Courante
16 – Sarabande
17 – Gavotte I & II
18 – Gigue

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Gaspar Cassadó, violoncelo

Três vezes Cassadó
Três vezes Cassadó

Vassily Genrikhovich

Johann Sebastian Bach (1685-1750) – Suítes para Violoncelo Solo – János Starker (1992)

61Viv3L09IL._SY355_O grande Slava Rostropovich, músico fenomenal e extraordinário ser humano, provavelmente me desculparia se eu lhe dissesse que o húngaro János Starker (1924-2013) foi, para mim, o maior violoncelista de seu tempo. Sua técnica assombrosa garantia interpretações enérgicas e impecáveis para um repertório imenso. Starker foi, afinal, o sujeito que tinha tenros quinze anos quando tocou a famigerada Sonata de Kodály para o compositor e ouviu dele que, se corrigisse alguns pequenos detalhes (de andamento – nada de mundanas dificuldades técnicas!), sua interpretação ser “a Bíblia”. A técnica, entretanto, era para Starker apenas um veículo para a expressividade, e não há disso prova mais cabal que as cinco versões que ele nos legou destas preciosas Suítes para violoncelo solo.

O que ora lhes apresento é a última dessas versões, registrada em 1992, mas lançada somente em 1997. Diferentemente das anteriores, nesta gravação Starker acata todas as repetições indicadas por Bach, e os andamentos são, em geral, mais lentos. Ainda que tenha, talvez, menos do que se convencionou chamar de “brilho”,  essa versão recheada de sabedoria, ponto culminante de quase oitenta anos de música, é uma de minhas gravações preferidas das Suítes, a impressão final de um mestre sobre as obras que tanto amava.

J. S. BACH – SUITES FOR SOLO CELLO – JÁNOS STARKER

Johann Sebastian BACH (1685-1750)

SEIS SUÍTES PARA VIOLONCELO SOLO

SUÍTE NO. 1 EM SOL MAIOR, BWV 1007

01 – Prélude
02 – Allemande
03 – Courante
04 – Sarabande
05 – Menuet I & II
06 – Gigue

SUÍTE NO. 3 EM DÓ MAIOR, BWV 1009

07 – Prélude
08 – Allemande
09 – Courante
10 – Sarabande
11 – Bourrée I & II
12 – Gigue

SUÍTE NO. 5 EM DÓ MENOR, BWV 1011

13 – Prélude
14 – Allemande
15 – Courante
16 – Sarabande
17 – Gavotte I & II
18  – Gigue

 

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CD 02

SUÍTE NO. 2 EM RÉ MENOR, BWV 1008

01 – Prélude
02 – Allemande
03 – Courrante
04 – Sarabande
05 – Menuet I & II
06 – Gigue

SUÍTE NO. 4 EM MI BEMOL MAIOR, BWV 1010

07 – Prélude
08 – Allemande
09 – Courante
10 – Sarabande
11 – Bourrée I & II
12 – Gigue

SUÍTE NO.6 EM RÉ MAIOR, BWV 1012

13 – Prélude
14 – Allemande
15 – Courante
16 – Sarabande
17 – Gavotte I & II
18 – Gigue

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János Starker, violoncelo

Não fosse a imperiosa necessidade de um arco, Starker tocaria essas suítes com uma mão nas costas.
Tocar como se nada houvesse de mais fácil: eis a Arte de János Starker (1924-2013)

Vassily Genrikhovich

Johann Sebastian Bach (1685-1750) – As Suítes para Violoncelo Solo – Paul Tortelier (1961)

51duo20ziDL._SY355_Publicada originalmente em novembro de 2015, reativada em dezembro de 2019, atualizada em maio de 2022

Rostropovich pode ter tido mais fama – merecidíssima, aliás, pela assombrosa técnica e enorme musicalidade, pela importância como pedagogo e pedra fundamental de toda uma escola violoncelística, e, como não se bastasse isso tudo, também pelo ser humano formidável que foi -, mas, se vocês fizessem uma enquete entre o panteão do violoncelo do século XX, provavelmente constatariam que o mais querido entre os violoncelistas era o parisiense Paul Tortelier (1914-1990).

Este “violoncelista dos violoncelistas” foi, como Rostropovich, um grande pedagogo e ativista político, além de ávido ciclista e muito bom flautista – em seus encontros com amigos, o violoncelo normalmente calava-se para a flauta falar. Ao contrário do hiperativo, calvo e bonachão Slava, Tortelier era um sujeito de calma proverbial, vasta cabeleira e muito poucas palavras. Rostropovich gargalhava ao contar como eram comparados a Quixote e Panza, e dedicou várias páginas de sua biografia a uma apologia do amigo. Numa delas, conta que ele costumava, ao tocar para amigos as Suítes de J. S. Bach, cantarolar sobre alguns movimentos vocalises improvisados, ao estilo do que Gounod fizera ao transformar um prelúdio do “Cravo bem Temperado” em sua famosa “Ave Maria”, e que sua voz, incrivelmente, impressionava mais do que seu instrumento.

Ainda que Slava muito lamentasse que seu colega não tivesse registrado para a posteridade seu talento como cellista-canoro, nós outros não podemos lamentar: mesmo com a boca fechada, Tortelier deixou-nos essa belíssima gravação das Suítes, repleta do timbre nobre e fraseado elegante que o fizeram tão admirado por seus pares. Ah, e aumentem o volume, porque a EMI resolveu deixar tudo bem baixinho, talvez para que escutemos o mestre no silêncio que merece.

Nota de Vassily em 2022: o texto acima refere-se à gravação de 1961, a primeira das duas que o mestre faria em estúdio. Quando o publicamos originalmente, em 2015, ele fazia parte duma série com todas as gravações que tenho das suítes, e eventualmente chegaria à segunda gravação, feita em 1982, que é muito superior e aclamada como uma das melhores jamais feitas dessas preciosas obras. Para que os leitores-ouvintes também possam conhecê-la e compará-la à irmã mais velha, resolvi também deixá-la disponível.

ooOoo

BACH – LES 6 SUITES POUR VIOLONCELLE – PAUL TORTELIER

Johann Sebastian BACH (1685-1750)

SEIS SUÍTES PARA VIOLONCELO SOLO, BWV 1007-1012

SUÍTE NO. 1 EM SOL MAIOR, BWV 1007

01 – Prélude
02 – Allemande
03 – Courante
04 – Sarabande
05 – Menuet I & II
06 – Gigue

SUÍTE NO. 2 EM RÉ MENOR, BWV 1008

07 – Prélude
08 – Allemande
09 – Courrante
10 – Sarabande
11 – Menuet I & II
12 – Gigue

SUÍTE NO. 3 EM DÓ MAIOR, BWV 1009

13 – Prélude
14 – Allemande
15 – Courante
16 – Sarabande
17 – Bourrée I & II
18 – Gigue

SUÍTE NO. 4 EM MI BEMOL MAIOR, BWV 1010

01 – Prélude
02 – Allemande
03 – Courante
04 – Sarabande
05 – Bourrée I & II
06 – Gigue

SUÍTE NO. 5 EM DÓ MENOR, BWV 1011

07 – Prélude
08 – Allemande
09 – Courante
10 – Sarabande
11 – Gavotte I & II
12 – Gigue

SUÍTE NO.6 EM RÉ MAIOR, BWV 1012

13 – Prélude
14 – Allemande
15 – Courante
16 – Sarabande
17 – Gavotte I & II
18 – Gigue

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE (gravação de 1961)
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(gravação de 1982)

Paul Tortelier, violoncelo

Paul Tortelier: um violoncelista dos violoncelistas (D. P.)

Vassily Genrikhovich

Johann Sebastian Bach (1685-1750) – Suítes para Violoncelo Solo – Casals

Johann Sebastian Bach (1685-1750) – Suítes para Violoncelo Solo – Casals

662603_1_fEstreei aqui no PQP Bach com um relato bastante palavroso do meu primeiro contato com estas obras que amei imediatamente – muito embora, como bem apontaram os leitores-ouvintes, a gravação que o acompanhou não fosse lá grande coisa.

Pretendo, aos poucos, redimir-me e postar por aqui todas as gravações que tenho dessas preciosas suítes. Sim: todas, todinhas, com todos os intérpretes e em todos os arranjos que colecionei ao longo dos anos – o que, na justa medida desse amor incomensurável, é um senhor montão de coisas.

Se hoje dispomos de uma carta tão variada de gravações, e se todo violoncelista que se preza inclui as Suítes de Bach em seu repertório, nós o devemos a um cidadão chamado Pau Carles Salvador Casals i Defilló, catalão de nascimento, que ficou conhecido mundo afora como Pablo Casals.

Casals teve uma longa (96 anos!) e prolífica vida. Depois de estudar piano, violino e flauta, seu primeiro contato com o que deveria ser um violoncelo foi ao assistir um músico itinerante tocando um cabo de vassoura com cordas (!!). Depois de muito insistir com o pai, este lhe construiu um instrumento que tinha uma cabaça como caixa de ressonância (!!!). Foi só aos onze anos que viu um violoncelo de verdade, adquiriu um instrumento de criança e começou a estudá-lo a sério.

Aos treze anos, num sebo próximo ao porto de Barcelona, fez a descoberta mais importante de sua vida: uma surrada partitura das Suítes para violoncelo de Johann Sebastian Bach, até então largamente esquecidas e, se tanto, relegadas a meras peças de estudo. Casals passou os treze anos seguintes a estudá-las meticulosamente antes de criar a coragem de tocá-las em público pela primeira vez. Contrariamente ao costume da época, que era o de incluir em recitais apenas movimentos isolados das obras instrumentais de Bach, Casals fez questão de executar as Suítes integralmente, com todas as repetições indicadas pelo compositor. Ciente de que uma execução inteiramente satisfatória de tais obras geniais escapava à capacidade humana, o grande músico catalão relutou em gravá-las, e só o fez, finalmente, em 1936, quando já tinha sessenta anos.

Além da exigente carreira de solista e pedagogo, Casals ainda teve tempo de ser um ativo camerista (especialmente com o Trio Thibaud-Cortot-Casals), um ardente republicano, ferrenho opositor à ditadura de Francisco Franco, e compositor do Hino das Nações Unidas (com letra – vejam só – de W. H. Auden).

Do exílio voluntário, que prometera encerrar somente após a destituição de Franco, organizou um festival anual de música na cidade catalã de Prades/Prada de Conflent, cujos proventos destinou a um hospital para refugiados catalães espanhóis do regime fascista de Franco [moltes gràcies, David!]. Morreu em 1973, dois anos antes de Franco, e foi sepultado em Porto Rico, terra natal de sua mãe, onde vivera seus últimos anos.

Durante sua vida, Casals foi incensado como um músico de estirpe incomparável, acima de qualquer crítica. De fato, parece difícil criticar um cidadão tão talentoso e engajado, de vida tão longa e rica. No entanto, caem de tacape em cima destas gravações, acusando-as de mal articuladas, apressadas e, mesmo, bizarras. Com os ouvidos repletos de versões modernas, ainda mais aquelas em violoncelo barroco que costumam ser as minhas preferidas, meu primeiro veredito também não foi muito favorável. Durante um bom tempo pensei que a gravação de Casals fosse respeitada tão só pela reverência que bem cabia ao grande homem, como nome fundamental não só do instrumento como também da história de performance dessas obras que são o pináculo de seu repertório.

Pretendia, pois, postar esta versão também por reverência, interesse histórico e, dado seu pioneirismo, por achá-la adequada à abertura desta série. Ao escutá-la novamente, enquanto preparo esta postagem, eu me surpreendi ao apreciá-la. Por mais que o som de Casals não seja opulento, e em que pese a tecnologia de quase oitenta anos atrás, achei que a “abordagem rapsódica” alegada pelos críticos carrega também, entre evidentes deslizes, os frutos de muita musicalidade.

Infelizmente, o som deste álbum da EMI não tem a qualidade daquele lançado pela Naxos anos depois e que ouvi na FM Cultura de Dogville (nos tempos, claro, em que a emissora se prestava a radiodifundir algo de Bach). Se algum dia eu conseguir o álbum da Naxos, substituirei os links.

JOHANN SEBASTIAN BACH (1685-1750)

SEIS SUÍTES PARA VIOLONCELO SOLO, BWV 1007-1012

CD 01

SUÍTE NO. 1 EM SOL MAIOR, BWV 1007

01 – Prélude
02 – Allemande
03 – Courante
04 – Sarabande
05 – Menuet I & II
06 – Gigue

SUÍTE NO. 2 EM RÉ MENOR, BWV 1008

07 – Prélude
08 – Allemande
09 – Courante
10 – Sarabande
11 – Menuet I & II
12 – Gigue

SUÍTE NO. 3 EM DÓ MAIOR, BWV 1009

13 – Prélude
14 – Allemande
15 – Courante
16 – Sarabande
17 – Bourrée I & II
18 – Gigue

 

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CD 02

SUÍTE NO. 4 EM MI BEMOL MAIOR, BWV 1010

01 – Prélude
02 – Allemande
03 – Courante
04 – Sarabande
05 – Bourrée I & II
06 – Gigue

SUÍTE NO. 5 EM DÓ MENOR, BWV 1011

07 – Prélude
08 – Allemande
09 – Courante
10 – Sarabande
11 – Gavotte I & II
12 – Gigue

SUÍTE NO.6 EM RÉ MAIOR, BWV 1012

13 – Prélude
14 – Allemande
15 – Courante
16 – Sarabande
17 – Gavotte I & II
18 – Gigue

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Pau CASALS, violoncelo
Gravado em 1936

Gràcies per tot!
Gràcies per tot!

Vassily Genrikhovich

A Quieta Arte das Tangentes – Keith Jarrett (1945) – Book of Ways (1987)

Book_of_WaysNossa série sobre clavicórdios traz o mago Keith Jarrett improvisando por um bom tempo num deles. Se houvesse uma delegacia especializada em maus tratos a instrumentos frágeis, talvez pudéssemos denunciar Jarrett – não pelo produto de sua improvisação, que é muito bom, mas pela pouca delicadeza com que, muitas vezes, percute as delicadas tangentes. Os leitores-ouvintes acostumados à sua magia pianística perceberão que boa parte do primeiro volume soa como uma “aclimatação” ao timbre e aos recursos peculiares ao clavicórdio – e que a coisa decola, mesmo, no segundo volume.

BOOK OF WAYS – KEITH JARRETT

DISCO 1

01 – No. 1
02 – No. 2
03 – No. 3
04 – No. 4
05 – No. 5
06 – No. 6
07 – No. 7
08 – No. 8
09 – No. 9
10 – No. 10

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DISCO 2

01 – No. 1
02 – No. 2
03 – No. 3
04 – No. 4
05 – No. 5
06 – No. 6
07 – No. 7
08 – No. 8
09 – No. 9

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Keith Jarrett, clavicórdio

Keith Jarrett num ano ignoto - s julgar pela "vibe",, tenho um *leve* palpite de que nos anos 70
Estilo: 10/10

Vassily Genrikhovich

[Revalidado por Vassily em homenagem aos 80 anos do MESTRE Keith]

A Quatro Mãos: Franz Schubert (1797-1828) – Grand Duo – Variações – Marchas Militares – Daniel Barenboim e Radu Lupu

MI0001003013Qualquer oportunidade de ouvir um pianista tão maravilhoso e pouco afeito a gravações quanto Radu Lupu é uma preciosidade que não se pode desperdiçar – ainda mais quando ele está, como aqui, a tocar Schubert, de quem é um dos maiores intérpretes. Acompanhado do incansável e multiúso [corrigido, Fábio!] Daniel Barenboim, Lupu brinda-nos com uma generosa porção da obra do vienense para duo pianístico. O filé, claro, é a Sonata em Dó maior, conhecida como “Grand Duo”, praticamente uma sinfonia para piano a quatro mãos.

Ainda que a combinação entre dois músicos de personalidades tão diferentes possa-nos fazer presumir o contrário, o duo Lupu-Barenboim dá muita liga, embora seja bem fácil, para quem conhece suas respectivas gravações, identificar a quem cabe cada uma das partes. O cantabile de Lupu e a limpidez de sua execução sempre o denunciam, enquanto o enérgico Barenboim – grande admirador de seu colega romeno – segue reverentemente o mestre.

Daniel Barenboim & Radu Lupu – SCHUBERT
Grand Duo – Variations D813 – Marches Militaires

Franz Peter SCHUBERT (1797-1828)

Três Marchas Militares para piano a quatro mãos, D. 733 (Op. 51)
01 – No. 1 em Ré maior: Allegro vivace
02 – No. 2 em Sol maior: Allegro molto moderato
03 – No. 3 em Mi bemol maior: Allegro moderato

Oito Variações em Lá bemol maior sobre um Tema Original, D. 813 (Op. 35)
04 – Allegretto

Sonata em Dó maior para piano a quatro mãos, D. 812 (Op. Post. 140), “Grand Duo”
05 – Allegro moderato
06 – Andante
07 – Scherzo: Allegro vivace
08 – Allegro vivace

Radu Lupu e Daniel Barenboim, piano

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"Pereira" e "Lobo"
Barenboim e Lupu, “Pereira” e “Lobo”

Vassily Genrikhovich

Richard Strauss (1864-1949) – Don Quixote – Till Eulenspiegel – Meneses – Karajan

Richard Strauss (1864-1949) – Don Quixote – Till Eulenspiegel – Meneses – Karajan

R-2064102-1261856655.jpegÉ bem sabido que Herr von Karajan não é unanimidade aqui na equipe do PQP. Ainda assim, acho suas gravações de Strauss soberbas, e esta sua terceira versão para o “Don Quixote’, meu poema sinfônico favorito do bávaro, é a melhor delas.

Nas gravações anteriores, com Rostropovich e Pierre Fournier, o caráter era mais concertístico, com ênfase no solista. Nesta, o recifense Antonio Meneses e os solistas Wolfram Christ e Leon Spierer incorporam-se mais à grande massa sonora da Filarmônica de Berlim (acrescida de uma máquina de vento!) com resultados melhores. O som suntuoso e megatrabalhado de Karajan, que muitas vezes falha miseravelmente, especialmente no repertório barroco e clássico, serve aqui muito bem a complicada partitura com que Strauss acompanha as desventuras do Cavalheiro da Triste Figura e seu escudeiro Sancho Panza, representados respectivamente pelo violoncelo e viola solistas.

Pablo Picasso, 1955
Pablo Picasso, 1955

A gravação de “As Alegres Travessuras de Till Eulenspiegel”, que fecha o CD, apesar de boa, pareceu-me redondinha demais. Faltou-lhe, acho, um pouquinho do delírio do Quixote.

Richard Georg STRAUSS (1864-1949)

01-12 – Don Quixote, Variações Fantásticas sobre um Tema de Caráter Cavaleiresco, Op. 35

01 – Introdução: Mäßiges Zeitmaß. Thema mäßig. “Don Quichotte verliert über der Lektüre der Ritterromane seinen Verstand und beschließt, selbst fahrender Ritter zu werden” (“Dom Quixote perde sua sanidade após ler romances sobre cavaleiros, e decide tornar-se um cavaleiro-errante”) – Tema: Mäßig. “Don Quichotte, der Ritter von der traurigen Gestalt” (“Dom Quixote, o Cavaleiro da Triste Figura”) – Maggiore: “Sancho Panza”
02 – Variation I: Gemächlich. “Abenteuer an den Windmühlen” (“Aventura nos Moinhos de Vento”)
03 – Variation II: Kriegerisch. “Der siegreiche Kampf gegen das Heer des großen Kaisers Alifanfaron” (“A Luta Vitoriosa contra o Exército do Grande Imperador Alifanfarrão”)
04 – Variation III: Mäßiges Zeitmaß. “Gespräch zwischen Ritter und Knappen” (“Diálogo entre Cavaleiro e Escudeiro”)
05 – Variation IV: Etwas breiter. “Unglückliches Abenteuer mit einer Prozession von Büßern” (“Aventura Infeliz com uma Procissão de Peregrinos”)
06 – Variation V: Sehr langsam. “Die Waffenwache” (“A Vigília do Cavaleiro”)
07 – Variation VI: Schnell. “Begegnung mit Dulzinea” (“Encontro com Dulcineia”)
08 – Variation VII: Ein wenig ruhiger als vorher. “Der Ritt durch die Luft” (“A Cavalgada pelo Ar”)
09 – Variation VIII: Gemächlich. “Die unglückliche Fahrt auf dem venezianischen Nachen” (“A Aventura Infeliz na Gôndola Veneziana”)
10 – Variation IX: Schnell und stürmisch. “Kampf gegen vermeintliche Zauberer” (“Batalha com os Magos”)
11 – Variation X: Viel breiter. “Zweikampf mit dem Ritter vom blanken Mond” (“Duelo contra o Cavaleiro da Lua Branca”)
12 – Finale: Sehr ruhig. “Wieder zur Besinnung gekommen” (“Voltando aos seus sentidos” – Morte de Dom Quixote)

Antonio Meneses, violoncelo
Wolfram Christ, viola
Leon Spierer, violino
Orquestra Filarmônica de Berlim
Herbert von Karajan, regência

13 – Till Eulenspiegels lustige Streiche (“As Alegres Travessuras de Till Eulenspiegel”), após uma velha lenda picaresca – em forma de rondó, Op. 28

Berliner Philharmoniker
Herbert von Karajan, regência

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Não é todo dia que se tem ajoelhado a seus pés o Generalmusikdirektor. Bravo, Antonio!

Vassily Genrikhovich

 

A Família das Cordas: Zoltán Kodály (1882-1967) – Sonata para violoncelo solo – Duo para violino e violoncelo – János Starker

61mGSh+SZ5L._SL1107_Se alguém aí achava que a série “A Família das Cordas” traria mais uma interpretação das Suítes de Bach no violoncelo, haha, se enganou. O que trazemos é a demoníaca, espumante, lúbrica Sonata para violoncelo solo de Zoltán Kodály, que carrega tanto a distinção de conseguir dizer algo num nicho em que as Suítes de Bach reinam supremas há séculos, quanto a de parecer esgotar todas as capacidades técnicas do instrumento, bem como o próprio instrumento, partindo-lhe as cordas e incendiando a crina dos arcos.

O intérprete aqui é o colosso János Starker (1924-2013), conterrâneo do compositor, e longamente associado a essa sonata. Ele gravou-a diversas vezes e tocou-a diante do próprio Kodály em várias ocasiões (a primeira com meros quinze anos – sim, eu lhes disse que o homem era um colosso). Na última, em 1967, Kodály disse a Starker que, se ele corrigisse detalhes agógicos no terceiro movimento, sua performance seria “Bíblica”. Starker o fez e, em 1970, realizou a gravação considerada definitiva da obra – precisamente esta que eu ora alcanço a vocês.

Completam o álbum um duo para violino e violoncelo, também da lavra de Kodály, e as variações do violoncelista Hans Bottermund sobre o tema do Capricho no. 24 de Paganini, que Starker fez questão de adaptar para seu gosto e virtuosismo, complicando-as ainda mais. Comparando-as com apocalíptica Sonata op. 8, elas parecem um couvert e o cafezinho.

STARKER PLAYS KODÁLY

Hans BOTTERMUND (1892-1949)
arranjo de János Starker (1924-2013)

01 – Variações sobre um tema de Paganini, para violoncelo solo

Zoltán KODÁLY (1882-1967)

Sonata para violoncelo solo, Op. 8

02 – Allegro maestoso ma appassionato
03 – Adagio con gran espressione
04 – Allegro molto vivace

János Starker, violoncelo

Zoltán KODÁLY

Duo para violino e violoncelo, Op. 7

05 – Allegro serioso, non troppo
06 – Adagio
07 – Maestoso e largamente, ma non troppo lento

Josef Gingold, violino
János Starker, violoncelo

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Finale da Sonata de Kodály
Finale da Sonata de Kodály

 

Vassily Genrikhovich

Ainda mais Cordas: o Chitarrone (Johann Sebastian Bach – Três Suítes para violoncelo solo tocadas no chitarrone – Juan Carlos Rivera)

61g4CAY4J2LMantendo firme nossa tradição de publicar a cada sexta-feira uma nova gravação das inestimáveis Suítes para violoncelo solo de Johann Sebastian Bach, e enquanto prometemos material para pelo menos mais oitenta sextas-feiras, trazemos ao PQP Bach um instrumento que, provavelmente, seja desconhecido para a maior parte de vocês: o chitarrone.

Ok, talvez seja desconhecido só pelo nome: o chitarrone é essencialmente o mesmo que uma tiorba/teorba. A principal diferença é que, assim como a tiorba é o alaúde baixo, o chitarrone é o baixo de uma guitarra italiana – aquela com a caixa de ressonância convexa, diferentemente da espanhola, que tem o fundo chato. Depois de um longo período como sinônimos (o frontispício de algumas obras indicava-as para “Chitarone, ò Tiorba che si dica”), com alguns estultos piorando ainda mais a confusão ao chamarem o chitarrone de “teorbo italiano”, o termo tiorba/teorba foi ganhando preferência e chitarrone/guitarrón/guitarrão acabou denominando instrumentos completamente diferentes.

O espanhol Juan Carlos Rivera toca o que, definitivamente, é um chitarrone, pois foi assim assinado por seu luthier, de timbre delicado como o do alaúde. Talvez lhe faltasse intensidade para uma suíte clamorosa como, por exemplo, a sexta em Ré maior, mas nestas três primeiras o resultado é muito bonito. Silenciem o recinto, ponham as crianças e o gato (a não ser que se aquietem!) para fora da sala, e caprichem no volume.

Johann Sebastian Bach – Suites BWV 1007, 1008, 1009 
Juan Carlos Rivera, Chitarrone

Johann Sebastian BACH (1685-1750)

Suíte no. 2 em Ré menor, BWV 1008

01 – Prélude
02 – Allemande
03 – Courante
04 – Sarabande
05 – Menuet I-II
06 – Gigue

Suíte no. 1 em Sol maior, BWV 1007

07 – Prélude
08 – Allemande
09 – Courante
10 – Sarabande
11 – Menuet I-II
12 – Gigue

Suíte no. 3 em Dó menor, BWV 1009

13 – Prélude
14 – Allemande
15 – Courante
16 – Sarabande
17 – Bourrée I-II
18 – Gigue

Juan Carlos Rivera, chitarrone

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Este no, ¡gracias!
Este no, ¡gracias!

 

Ainda mais Cordas: o Cimbalom (Johann Sebastian Bach (1685-1750) – Variações Goldberg em dulcimers – Szakály – Farkas)

151Achar um nome inambíguo em português para este instrumento é um pouquinho complicado. Seu nome húngaro (cimbalom) remete tanto ao italiano cembalo (“cravo”, coisa que ele não é) quanto ao grego “kymbalon” (“pratos” de percussão – não, tampouco). Há quem o chame de “cítara”, com a qual guarda semelhança superficial, mas esta se toca com plectros. Em inglês, ele é chamado de “Hungarian hammered dulcimer”, porque é um dulcimer (que, por sua vez, deriva do saltério através do santur persa) cujas cordas são percutidas com baquetas. Um cimbalom, pois, vem a ser um dulcimer de concerto, do tamanho de um piano pequeno, apoiado em quatro pés, com extensão maior e um pedal de abafamento. Independentemente do nome que lhe escolhamos, ele é essencial à música de várias regiões da Europa Central e fundamental à música folclórica húngara, de tal maneira que há uma cátedra de cimbalom na conceituada Academia de Música Ferenc Liszt em Budapest, onde se formaram e lecionam as duas musicistas que ouvirão nesta gravação.

Sim, o cabeludo sentado é Liszt
Sim, o cabeludo sentado é Liszt

Se tocar as Goldberg em qualquer instrumento é uma temeridade considerável, abrir mão do conforto das teclas e tocar esta obra-prima com baquetas parece-me insano. Claro que a gente não pode esperar um produto semelhante ao de uma gravação feita ao teclado, e que as variações mais rápidas escancaram as grandes dificuldades de articulação que o cimbalom traz ao executante. Ainda assim, nem que pelo inusitado, é um CD muito interessante.

Recomendo fortemente aos que forem a Budapest que garimpem o acervo da Hungaroton local, repleto de pérolas que, uma a uma, deixarei por aqui – e que esqueçam o sítio internacional, a não ser que dominem o diabólico magiar!

JOHANN SEBASTIAN BACH – GOLDBERG-VARIATIONEN ON TWO CIMBALOMS
ÁGNES SZÁKALY – RÓZSA FARKAS

Johann Sebastian BACH (1685-1750)

Ária com diversas Variações para cravo com dois manuais, BWV 988, “Variações Goldberg”

01 – Aria
02 – Variação no. 1 a 1 Clav.
03 – Variação no. 2 a 1 Clav.
04 – Variação no. 3 a 1 Clav. – Canone All’Unisuono
05 – Variação no. 4 a 1 Clav.
06 – Variação no. 5 a 1 ovvero 2 Clav.
07 – Variação no. 6 a 1 Clav. – Canone alla Seconda
08 – Variação no. 7 a 1 ovvero 2 Clav.
09 – Variação no. 8 a 2 Clav.
10 – Variação no. 9 a 1 Clav. – Canone alla Terza
11 – Variação no. 10 a 1 Clav. – Fughetta
12 – Variação no. 11 a 2 Clav.
13 – Variação no. 12 – Canone alla Quarta
14 – Variação no. 13 a 2 Clav.
15 – Variação no. 14 a 2 Clav.
16 – Variação no. 15 a 1 Clav. – Canone alla Quinta – Andante
17 – Variação no. 16 – Ouverture a 1 Clav.
18 – Variação no. 17 a 2 Clav.
19 – Variação no. 18 a 1 Clav. – Canone alla Sesta
20 – Variação no. 19 a 1 Clav.
21 – Variação no. 20 a 2 Clav.
22 – Variação no. 21 – Canone alla Settima
23 – Variação no. 22 a 1 Clav. – Alla Breve
24 – Variação no. 23 a 2 Clav.
25 – Variação no. 24 a 1 Clav. – Canone all’Ottava
26 – Variação no. 25 a 2 Clav.
27 – Variação no. 26 a 2 Clav.
28 – Variação no. 27 a  Clav. – Canone alla Nona
29 – Variação no. 28 a 2 Clav.
30 – Variação no. 29 a 1 ovvero 2 Clav.
31 – Variação no. 30 a 1 Clav. – Quodlibet
32 – Aria da capo

Ágnes Szákaly e Rózsa Farkas, cimbaloms

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Uma graciosa dulcimerista (ou cimbalomista) em ação
Uma graciosa dulcimerista (ou cimbalista) em ação

 

Vassily Genrikhovich