Excelente este registro realizado por dois pioneiros da interpretação de barrocos por instrumentos originais. O som delicado dos instrumentos é bastante amplificado por um engenheiro indignado e sem noção, que desejava ouvir tudo bem alto. Mas não é nada que seja suficiente para destruir a bela concepção destas obras pelos dois monstros Kuijken e Leonhardt. Destaco a Sonata BWV 1016 para que nossos leitores-ouvintes se apaixonem de vez por esta coleção de obras. Uma gravação legendária que vale a pena conhecer.
J. S. Bach (1685-1750): Sonatas Completas para Violino e Cravo
Sonata h-Moll BWV 1014
01. I. Adagio
02. II. Allegro
03. III. Andante
04. IV. Allegro
Sonata E-Dur BWV 1016
05. I. Adagio
06. II. Allegro
07. III. Adagio ma non tanto
08. IV. Allegro
Sonata G-Dur BWV 1019
09. I. Allegro
10. II. Largo
11. III. Allegro
12. IV. Adagio
13. V. Allegro
Sonata f-Moll BWV 1018
01. I. Largo
02. II. Allegro
03. III. Adagio
04. IV. Vivace
Sonata A-Dur BWV 1015
05. I. (Andante)
06. II. Allegro assai
07. III. Andante un poco
08. IV. Presto
Sonata c-Moll BWV 1017
09. I. Siciliano_ Largo
10. II. Allegro
11. III. Adagio 12.
IV. Allegro
Sigiswald Kuijken, violino
Gustav Leonhardt, cravo
Tenho imensa relação afetiva com esta sinfonia de Bruckner. Quando meus filhos eram pequenos, eles enlouqueciam com o Scherzo da mesma, pulando pela sala ao ritmo frenético de um dos temas. Este ano, vi Andris Nelsons reger esta obra em Londres. E ele, tão contido e competente, pulava naquele trecho como minhas crianças. A versão de Mravinsky e de sua extraordinária orquestra — atual Orquestra Filarmônica de São Petersburgo, sob a direção de Yuri Temirkanov — é muito boa, mas perde para Nelsons, que conhece muito mais música alemã do que o russo. Deixemos Mravinsky para os russos e eslavos em geral. Este Bruckner tem certo sabor de Tchaikovsky… Mas não pensem que é uma versão a ser descartada. É que Wand, Celibidache e outros fizeram melhor.
A gravação é gloriosa, isto é, ao vivo.
Anton Bruckner (1824-1896) – Sinfonia No. 9 em Ré menor
01. 1. Feierlich, misterioso
02. 2. Scherzo. Bewegt, lebhaft – Trio. Schnell
03. 3. Adagio – Langsam, feierlich
Claudio Giovanni Antonio Monteverdi (Cremona, 9 de maio de 1567 — Veneza, 29 de novembro de 1643) foi um compositor, maestro, cantor e gambista italiano. Desenvolveu sua carreira trabalhando como músico da corte do duque Vincenzo I Gonzaga em Mântua, e depois assumindo a direção musical da Basílica de São Marcos em Veneza, destacando-se como compositor de madrigais e óperas. Foi um dos responsáveis pela passagem da tradição polifônica do Renascimento — ver postagem anterior, de Palestrina — para um estilo mais livre, dramático e dissonante, baseado na monodia e nas convenções do baixo contínuo e da harmonia vertical, que se tornaram as características centrais da música dos períodos seguintes, o Maneirismo e o Barroco. Monteverdi é considerado o último grande madrigalista, certamente o maior compositor italiano de sua geração, um dos grandes operistas de todos os tempos e uma das personalidades mais influentes de toda a história da música do ocidente. Sua elevada estatura musical deriva de ter empregado recursos existentes com uma força e eficiência sem paralelos em sua geração, e integrado diferentes práticas e estilos em uma obra pessoal rica, variada e muito expressiva, que continua a ter um apelo direto para o mundo contemporâneo ainda que ele não seja exatamente um compositor popular nos dias de hoje.
Claudio Monteverdi (1567-1643): Madrigali Guerrieri Et Amorosi – Libro Ottavo
I. Altri Canti D’Amor (Canto Guerriero)
Sinfonia 0:30
Altri Canti D’Amor 4:42
Tu Cui Tessuta Han Die Cesare Alloro 2:18
Che Mentre Guerre Canta E Guerre Sona 1:51
II. Gira Il Nemico (Canto Guerriero)
Gira Il Nemico 1:08
Noi Lasciamo Accostar 0:32
Armi False Non Son 0:52
Vuol Degl’occhi 1:08
Non È Più Tempo 0:43
Cor Mio Non Val Fugir 1:41
III. Ballo: Volgendo Il Ciel Movete Al Mio Bel Suon (Canto Guerriero)
Introduzione Al Ballo: Volgendo Il Ciel 5:56
Ballo: Movete Al Mio Bel Suon 1:59
Ciaccona 1:45
Seconda Parte Del Ballo: Ei L’Armi Cinse E Su Destrier Alato 2:01
IV. Sinfonia A Cinque 2:54
V. Altri Canti Di Marte (Canto Amoroso)
Altri Canti Di Marte 4:02
Due Belli Occhi 4:11
VI. Lamento Della Ninfa (Canto Amoroso)
Non Havea Febo Ancora 1:46
Lamento Della Ninfa 4:21
Si Tra Sdegnosi Pianti 0:51
VII. Sinfonia A Sei (after Cantate Domino) 1:48
VIII. Hor Che’l Ciel E La Terra (Canto Guerriero)
Hor Che’l Ciel, E La Terra 4:39
Così Sol D’una Chiara Fonte Viva 4:23
Não houve compositor anterior a Bach tão prestigiado como Palestrina, nem outro cuja técnica de composição tivesse sido estruturada com maior minúcia. Palestrina foi denominado o “O Príncipe da Música”, e suas obras foram classificadas como a “perfeição absoluta” do estilo eclesiástico. Reconheceu-se que Palestrina captou, melhor que nenhum outro compositor, a essência do aspecto sóbrio e conservador da Contra-Reforma numa polifonia de extrema pureza, apartada de qualquer sugestão profana. O estilo de Palestrina pode-se verificar, com clareza nas suas Missas: a sua índole objetiva, friamente impessoal, resulta extremamente apropriada aos textos formais e rituais. Desde logo a base do seu estilo é o contraponto imitativo franco-flamengo; as partes vocais fluem num ritmo continuo, com um motivo melódico novo para cada frase do texto. Palestrina sempre foi plenamente consciente das suas capacidades, nunca foi forçado a aceitar encomendas desagradáveis para sobreviver. Pelo contrário, soube fazer-se recompensar generosamente por todos os seus protetores, de modo que o Vaticano se viu constrangido a aumentar continuamente o seu salário anual, para mantê-lo em Roma, por causa de tantas propostas que recebia. Foi um homem de fortes impulsos e surpreendentes escolhas, tais como um segundo casamento, celebrado após receber ordenações religiosas menores. Compositor prolífico, publicou muito em vida.
Giovanni Pierluigi da Palestrina (1525-1594) : Stabat Mater, Litaniae De Beata Virgine Maria, Veni Sponsa Christi (Antiphona, Mottetto E Missa), Magnificat
Antes de qualquer coisa: aquitemos uma gravação de inacreditável qualidade dos Brandenburgo. E aqui, a gravação que eu mais gosto. Aliás, amo também o registro constante no post que você está lendo.
Não há como contestar a notável qualificação técnica do Il Giardino Armonico, mas seus tempi mais rápidos que o habitual e a utilização um pouco arbitrária de dinâmicas (piano, forte, fortissimo, etc.) talvez assuste alguns ouvidos mais cheios de pudores. Não é meu caso. Gosto de surpresas e não tenho uma relação reverente com a música. Não posso ser reverente com algo que me é tão íntimo e me faz tão feliz. Posso admirar minha mulher, mas, digamos, deveria reverenciá-la? Ora, se a arte não puder ser lúdica e alegre, o que pode? É claro que não gostaria de ouvir o Réquiem Alemão em versão heavy metal, mas uma acelerada aqui, uma freada ali, mesmo brusca, qual é o problema? A música é uma coisa viva, não? O mundo não gira apenas pela sensibilidade e senso de estilo, mas também pelo inusitado. Afinal, são os pequenos e suaves abusos que nos fazem felizes…
É uma gravação rápida, às vezes furiosa, e eu duvido que você a rejeite por inteiro, mesmo que seja um futuro ou atual membro da TFP.
As leituras de Giovanni Antonini merecem ser respeitadas e seu Giardino nem se fala. O pessoal que bate papo amigavelmente na capa do CD toca demais. O andamento vivíssimo do terceiro concerto, o destaque dado ao trompete no segundo e às trompas no primeiro, o último movimento do quarto concerto e todo o sexto — com o ingresso de um alaúde no baixo contínuo, o que acentua o timbre grave de um concerto sabidamente sem violinos –, são realizações e serem consideradas..
A gravação do Giardino já foi taxada de sinful, de ser rock n´roll e outros absurdos. Por quê? Os modelos têm de ser fixos, a seriedade absoluta tem de ser nosso algoz até na música? Ora, vá, vá!
Os Seis Concertos de Brandemburgo de Johann Sebastian Bach
Disc: 1
1. Brandenburg Concertos: Concerto No. I In F Major: Allegro
2. Brandenburg Concertos: Concerto No. I In F Major: Adagio
3. Brandenburg Concertos: Concerto No. I In F Major: Allegro
4. Brandenburg Concertos: Concerto No. I In F Major: Menuetto
5. Brandenburg Concertos: Concerto No. II In F Major: Allegro
6. Brandenburg Concertos: Concerto No. II In F Major: Andante
7. Brandenburg Concertos: Concerto No. II In F Major: Allegro Assai
8. Brandenburg Concertos: Concerto No. III In G Major: Allegro
9. Brandenburg Concertos: Concerto No. III In G Major: Adagio
10. Brandenburg Concertos: Concerto No. III In G Major: Allegro
Disc: 2
1. Brandenburg Concertos: Concerto No. IV In G Major: Allegro
2. Brandenburg Concertos: Concerto No. IV In G Major: Adante
3. Brandenburg Concertos: Concerto No. IV In G Major: Presto
4. Brandenburg Concertos: Concerto No. V In D Major: Allegro
5. Brandenburg Concertos: Concerto No. V In D Major: Affettuoso
6. Brandenburg Concertos: Concerto No. V In D Major: Allegro
7. Brandenburg Concertos: Concerto No. VI In B Major: Allegro
8. Brandenburg Concertos: Concerto No. VI In B Major: Adagio ma non tanto
9. Brandenburg Concertos: Concerto No. VI In B Major: Allegro
Infelizmente, nesta velha gravação, ouvimos mais Bernstein do que Sibelius. Depois, na Europa, Lenny fez muito melhor. Eu amo Sibelius e Bernstein, mas aqui… Olha, melhor ouvir esta brilhante gravação da 2ª Sinfonia do finlandês.
Devido ao seu lugar na linha do tempo na história da música, Sibelius foi um compositor a repensar a Sinfonia, não como Mahler que a queria englobando todas as outras formas (o Concerto, o Oratório ou a Ópera), mas genuinamente como sinfonista, como aquele que quer combinar os sons, e precisa de um formato para isso. Esta Segunda de Sibelius é, na forma, aparentemente tradicional (4 movimentos), mas espelha-se na Quinta de Beethoven ao juntar os dois movimentos finais; fora isso, ele surpreende pelas combinações inusitadas de instrumentação, pela fragmentação da melodia, um pouco como Bruckner, mas ao contrário do colega austríaco, Sibelius não quer o acúmulo vertical de idéias para chegar ao céu: seu campo de trabalho é horizontal, plano, longas frases com suas repetições insistentes contrastando com mais longas ainda as frases ininterruptas, líricas e espaçosas. É como se suas partituras tivessem as dimensões da vastidão gelada de sua Finlândia.
Este ano Rossini não faz aniversário, porque o sortudo nasceu num dia 29 de fevereiro. Por isso, temos que contornar este pequeno ajuste do calendário Gregoriano, postando uma homenagem no dia seguinte ao dia que não houve (?). Ah, meu Santo Agostinho, que coisa louca é o Tempo!
Bem, mas este post é coisa fina: as Seis Sonatas para cordas de Rossini, escritas em sua juventude, e descobertas somente depois da 2a.Guerra, mostrando que o cara era realmente bom até na música de câmara. E mais incrível: há indícios de que elas foram escritas quando Rossini tinha 12 anos, segundo o autógrafo dos manuscritos. Mas há controvérsias, e elas podem ser datadas de quando ele tinha 14 e revisadas aos 17. De qualquer forma, é música muito boa, e o cara não era mais que um adolescente. Estas Sonatas também se destacam por conter partes significativas escritas para solo de Contrabaixo, e são referências no repertório dos contrabaixistas do mundo todo. Ao que consta, esta gravação de Marriner feita na década de 60, foi o primeiro sucesso de vendas da Academy of St.Martin-in-the-Fields, e o disco que consolidou os nomes do conjunto e de seu maestro mais famoso. Marriner, uma “máquina de gravação”, segundo Norman Lebrecht, também foi uma das personalidades que 2016 levou.
O disco duplo ainda inclui, nos tempos que faltam, um quarteto de Donizetti, arranjado para orquestra de cordas, um estudo de Cherubini para trompa e cordas e um concerto para oboe e cordas de Bellini. Vou te falar, eu achava que estes italianos da ópera eram todos uns chatos, mas estas peças mudaram minha impressão, são bem bacanas! O concerto de Bellini é quase uma ária de ópera, mas quem canta é o oboé. Mordi a língua e hoje acho eles menos chatos.
Boa audição!
CD1
Gioacchino Rossini (1792-1868)
String Sonata No.1 in G major
String Sonata No.2 in A minor
String Sonata No.3 in C major
String Sonata No.4 in B-flat major
CD2
String Sonata No.5 in E-flat major
String Sonata No.6 in D major
Gaetano Donizetti (1797-1848)
String Quartet in D (arr. for String Orchestra)
Luigi Cherubini (1760-1842)
Etude no.2 for French Horn & Strings
Vincenzo Bellini (1801-1835)
Concerto for Oboe & Strings in E-flat major
Academy of St.Martin-in-the-Fields
Sir Neville Marriner
compilação DECCA, 1991
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Arquivo FLAC (sem perda de qualidade), 548Mb
Thomas Søndergård (1969), ex-regente da Orquestra da Rádio Norueguesa, representa a chegada de uma nova era na Orquestra da BBC de Gales. Sua estupenda estreia por lá está repetida nesta gravação de estúdio. A coisa é espetacular mesmo. Não adianta. A questão da etnia é cada vez mais clara para mim. O dinamarquês dá de relho na maior parte da concorrência. Esqueçam as clássicas gravações antigas. Guardadas as honrosas exceções e aqueles clássicos que todos sabem como tocar, melhor ouvir russos por russos, escandinavos por escandinavos, brasileiros por brasileiros e estamos conversados. É uma questão de sotaque. Søndergård é convincente por conhecer o folclore e ter nascido ali do ladinho do tio Siba, entendem? Ele tem o SOTAQUE. Isso aqui é Sibelius, gritam meus ouvidos.
A música? Bem, estas sinfonias de Sibelius são esplêndidas. Tenho especial amor pela 7ª, mas a 2ª não lhe fica nada a dever. E o a perfeição desta orquestra… Nossa!
1 Symphony No. 2 in D Major, Op. 43: I. Allegretto 9:29
2 Symphony No. 2 in D Major, Op. 43: II. Tempo andante, ma rubato 13:51
3 Symphony No. 2 in D Major, Op. 43: III. Vivacissimo 5:54
4 Symphony No. 2 in D Major, Op. 43: IV. Finale. Allegro moderato 12:47
5 Symphony No. 7 in C Major, Op. 105 20:33
BBC National Orchestra of Wales
Thomas Søndergård, regente
É mais um disco de cantatas bastante conhecidas de Bach para soprano. Talvez a francesa Dessay seja dramática demais em alguns momentos — ela por vezes canta Bach com um acento tipicamente handeliano –, mas, no geral, sua interpretação é boa. O álbum é dedicado a Martin Luther King. A voz de Dessay brilha especialmente entre os trompetes da Cantata BWV 51, mas pesa demais em Ich habe genug, recuperando-se notavelmente logo depois na ária Schlummert ein, ihr matten Augen. Sem dúvida, trata-se de um CD desigual, mas que vale a pena conhecer.
Johann Sebastian Bach (1685-1750): Cantatas BWV 51, 82a e 199
Cantata “Jauchzet Gott In Allen Landen” BWV 51
1) I Aria: Jauchzet Gott In Allen Landen
2) II Recitativo: Wir Beten Zu Dem Tempel An
3) III Aria: Höchster, Mache Deine Güte
4) IV Chorale: Sei Lob Und Preis Mit Ehren – V Finale: Alleluja!
Cantata No. 82, ‘Ich Habe Genug’ BWV 82a
5) Aria: Ich Habe Genug
6) Recit: Ich Habe Genug
7) Aria: Schlummert Ein
8. Recit: Mein Gott! Wann Kommt Das Schöne Nun!
9) Aria: Ich Freue Mich Auf Meinen Tod
Cantata “Mein Herze Schwimmt Im Blut” BWV 199
10) I Recitativo: Mein Herze Schwimmt Im Blut
11) II Aria & Recitativo: Stumme Seufzer, Stille Klagen
12) III Recitativo: Doch Gott Muss Mir Genädig Sein
13) IV Aria: Tief Gebückt Und Voller Reue
14) V Recitativo: Auf Diese Schmerzensreu
15) VI Chorale: Ich, Dein Betrübtes Kind
16) VII Recitativo: Ich Lege Mich In Diese Wunden
17) VIII Aria: Wie Freudig Ist Mein Herz
Natalie Dessay, soprano
Le Concert d’Astrée
Emmanuelle Haïm
Para este Carnaval, nada mais apropriado que a música de Offenbach. Este CD é uma compilação de 2 gravações lançadas respectivamente em 1982 e 1983, a primeira de Neville Marriner com as aberturas das operetas mais famosas, e a outra de André Previn com o ballet sobre temas de Offenbach arranjado por Manoel Rosenthal, o Gaîté Parisienne. Sim, apesar da fama, é um pastiche.
Mas quem se importa? a música de Offenbach é boa o suficiente para servir à causa do ballet, e as aberturas são o que há de mais fino em música ligeira. Basta dizer que compositores severos como Debussy, Bizet, Mussorgsky e Rimsky-Korsakov eram seus admiradores. Até mesmo – pasmem – Nietzsche dedicou-lhe olhares simpáticos. Crítica e público são unânimes em afirmar a extrema competência de Offenbach em tratar melodias de uma forma leve, espontânea e carismática, e suas operetas influenciaram direta ou indiretamente, as maiores obras do gênero, de Nicolai a Johann Strauss II. O píncaro da música ligeira, que em alguns casos nem lhe cabe esta classificação: é música da mais alta competência.
Jacques Offenbach (1819-1880)
Overture Orphée aux enfers
Overture La belle Hélène
Overture La Périchole
Overture La vie parisienne
Philharmonia Orchestra
Sir Neville Marriner
Philips, 1982
Um excelente CD com a música de Giovanni Pierluigi da Palestrina, Orlando de Lassus e do, para mim desconhecido, Thomas Ashewell. Um nasceu próximo a Roma, outro na Bélgica e o terceiro na Inglaterra, mas como suas polifonias eram parecidas! São 14 extraordinários cantores sob o comando desta grande figura que é Paul van Nevel (fotos abaixo). O Huelgas Ensemble soa aqui aqui como raramente ouvi, um verdadeiro milagre, mas um milagre para ouvidos que podem deixar de lado a pressa e as alterações súbitas de ritmos. O lugar aqui é da mais pura — e bela — paz renascentista.
Paul van Nevel gosta de Palestrina, de charutos e da Stella.
Missas de Palestrina, Lassus, Ashewell: La Quinta Essentia
Missa Tous les regretz, for 6 voices, H. v/3
1 I. Kyrie 3:09
2 II. Gloria 4:37
3 III. Credo 7:26
4 IV. Sanctus 3:25
5 V. Agnus Dei 3:38
Missa Ave Maria, for vocal ensemble
6 I. Gloria 7:44
7 II. Credo 9:43
8 III. Sanctus 8:13
9 IV. Agnus Dei 8:05
Missa Ut re mi fa sol la, for 6 voices
10 I. Kyrie 3:47
11 II. Gloria 4:06
12 III. Sanctus 6:47
13 IV. Agnus Dei 6:30
A música delicada, contemplativa, poética e melodiosa do ucraniano Valentin Silvestrov recebe aqui tratamento luxuoso do próprio autor — que é pianista –, de Alexei Lubimov — que também é pianista, e muito melhor –, além da Orquestra de Câmara de Munique. Suas peças são Serenatas e Bagatelas de melodias nostálgicas, eruditas canções de ninar, mas tudo muito bem feito, nada new age, nada kitsch, não é música de elevador, nem besteira. Alguém disse que a música de Silvestrov é como um lago escuro. Há uma sensação de paralisação do tempo semelhante ao que acontece em alguns filmes de Tarkovski. Ficamos desorientados, achando que a música vai terminar, mas ela continua. É um grande e curioso compositor.
Bagatellen I – XIII / II (Var.) (34:29)
1 I 2:09
2 II 2:54
3 III 3:40
4 IV 2:32
5 V 2:03
6 VI 1:50
7 VII 2:05
8 VIII 1:50
9 IX 2:01
10 X 1:43
11 XI 2:17
12 XII 2:10
13 XIII 3:55
14 II (Var.) 3:02
15 Elegie 4:51
Stille Musik
16 I. Walzer Des Augenblicks 4:39
17 II. Abendserenade 3:12
18 III. Augenblick Der Serenade 2:17
Abschiedsserenade
19 I 2:06
20 II 2:51
21 Der Bote 9:12
Zwei Dialoge Mit Nachwort
22 I. Hochzeitswalzer 4:53
23 II. Postludium 3:14
24 III. Morgenserenade 2:39
Piano:
Alexei Lubimov (tracks: 21 to 24)
Valentin Silvestrov (tracks: 1 to 14)
Orquestra e regência:
Münchener Kammerorchester (tracks: 15 to 24)
Christoph Poppen
Da literatura francesa para piano solo da primeira metade do século XX, Kathryn Stott escolheu quatro “solitaires” — obras que, sob formas muito próprias, brilham muito, cada uma ocupando um lugar único na produção de cada compositor escolhido. O disco abre com o breve Prelúdio e fuga de Jehan Alain, composto em 1935. Alain, que morreu aos 29 anos durante a 2ª Guerra Mundial, é principalmente lembrado como um compositor de música de órgão e, de fato, preparou uma versão desta fuga para esse instrumento. Ele considerava o prelúdio demasiadamente pianístico e compôs um novo para a versão de órgão. Alain é acompanhado pela única sonata para piano de Henri Dutilleux, escrita para a esposa do compositor, Geneviève Joy, que também deu a primeira apresentação da obra em 1948. Nas próprias palavras de Dutilleux a música é “apresentada sobretudo como uma visão, um sonho. E, ao escutar, deve-se deixar levar sem constrangimento e sem se preocupar com análises”. Interessante forma de evitar a crítica… Composto em 1914-17, Le Tombeau de Couperin é a última obra de Maurice Ravel para piano solo — uma suite inspirada pelos grandes clavecinistas franceses do barroco. Os seis movimentos são homenagens dedicadas a amigos do compositor que morreram durante os anos iniciais da Primeira Guerra Mundial. Fechando o disco temos Le baiser de l’Enfant-Jésus do monumental afresco Vingt regards sur l’Enfant-Jésus (1944), de Olivier Messiaen. O próprio Messiaen descreveu esta obra como algo “que não visa nada além de ser tão suave quanto o coração do céu…”. Sei lá, entende? Kathryn Stott é uma incrível pianista e está perfeitamente à vontade neste repertório nada fácil e pouco explorado.
Alain / Dutilleux / Ravel / Messiaen: Solitaires – French works for solo piano
Jehan Alain
Prélude et fugue for piano, JA87A (1935) 4’21
01 Prélude (JA87) 3’10
02 Fugue (JA57A) 1’11
Henri Dutilleux
Piano Sonata (1946–48) 24’45
03 I. Allegro con moto 7’48
04 II. Lied. Assez lent 6’05
05 III. Choral et Variations (I–IV) 10’52
Maurice Ravel
Le tombeau de Couperin, suite for piano (1914–17) 24’43
06 I. Prélude. Vif 3’02
07 II. Fugue. Allegro moderato 3’33
08 III. Forlane. Allegretto 5’55
09 IV. Rigaudon. Assez vif 3’08
10 V. Menuet. Allegro moderato 4’51
11 VI. Toccata. Vif 4’14
Olivier Messiaen
from Vingt regards sur l’Enfant-Jésus (1944)
12 XV. Le baiser de l’Enfant-Jésus 13’28
As grandes estrelas deste CD são duas obras orquestrais de Grieg muito pouco executadas, a abertura In Autumn e sua única Sinfonia, em Dó menor.
A Sinfonia é um caso à parte, por ser obra de juventude de Grieg, e que ele particularmente detestava, ao ponto de escrever “nunca deve ser tocada”. Com efeito, a obra ficou esquecida por muito tempo, até que, depois de muitas negociações com a família, foi executada em 1981 (113 anos após ter sido escrita) por Karsten Andersen e a Bergen Symphony Orchestra, gravado posteriormente pela DECCA. Conseguimos entender porque ele reprovou a obra: é uma sinfonia que tem muito pouco da eloquencia melódica de Grieg, que encontramos nas obras mais maduras, notadamente em Peer Gynt, por exemplo. Como é uma sinfonia de juventude, é muito influenciada por outros compositores, como Dvorak ou Glazunov. Mas, de qualquer jeito, é uma obra tipicamente norueguesa, e tem, mesmo que a contragosto, um timbre grieguiano inconfundível. Talvez ele também tenha se decepcionado com ela pela falta do frescor que obras de juventude teriam, é uma obra séria e de pretensões densas. Mas é muito boa música! Ainda bem que se resolveu o impasse, e pena que Grieg nunca mais tenha pensado em verter pelos caminhos da Sinfonia. In Autumn é uma abertura, um pequeno poema sinfônico, mas muito contundente. Dramático até. Pensei em encontrar algo bucólico no estilo da inspiradíssima Última Primavera, ou ao estilo das peças Líricas. Ledo engano. Drama puro, até um pouco trágico. A primeira versão foi mostrada a Niels Gade, que disse: “Grieg, isso é lixo, vá pra casa e escreva algo melhor.” Precisa realmente ser muito amigo para dizer isso, e mais ainda para aceitar, voltar para casa e realmente escrever algo melhor. E esta segunda versão acabou sendo feita para dueto de piano, e posteriormente orquestrada, foi elogiada e passou no crivo de seu amigo.
E, por fim, o tal Concerto para Piano em lá menor. Deste não preciso dizer nada, já é uma peça por si só conhecidíssima e que tem um monte de versões aqui no PQP. Me limito a tecer dois comentários: 1) a japonesa Ogawa é uma grata surpresa no panteão canônico de intérpretes deste concerto, e 2) fiquei feliz que este não vem com o concerto de Schumann a tiracolo.
Boa audição!
Edvard Grieg (1843-1907)
In Autumn, Op. 11
Piano Concerto in A Minor, Op. 16
Symphony in C Minor, EG 119
Noriko Ogawa, piano
Bergen Philharmonic Orchestra
Ole Kristian Ruud
BIS, 2003
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Arquivo FLAC (sem perda de qualidade), 288Mb
Esta é uma tentativa de recriar uma época importante na história da música erudita, a do início da sinfonia clássica, entre os anos de 1745 a 1760. A música é do barroco tardio, mas quase já não é, se me entendem. Já estamos dando um passo para fora do estilo. Stamitz, um compositor checo, era um daqueles caras que escreveram quase cem sinfonias, a maioria delas no estilo atlético de Mannheim, onde serviu como concertino. Richter, austríaco, era um violinista, cantor, compositor, regente e teórico da música que também trabalhou em Mannheim mais ou menos na mesma época de Stamitz. Aí está a conexão entre ambos. A música vai agradar tanto os amantes do barroco como os ouvintes que desejam conhecer o início do desenvolvimento da sinfonia como forma de arte.
Johann Stamitz (1717-1757) / Franz Xaver Richter (1709-1789):
Early String Symphonies
1 Sinfonia a 4 in A Major: I. Allegro assai 4:35
2 Sinfonia a 4 in A Major: II. Andante 4:56
3 Sinfonia a 4 in A Major: III. Presto 2:25
4 Sinfonia a 4 in B-Flat Major: I. Spiritoso 3:48
5 Sinfonia a 4 in B-Flat Major: II. Andante 3:17
6 Sinfonia a 4 in B-Flat Major: III. Presto 3:38
7 Sinfonia a 4 in C Minor: I. Allegro ma poco 4:38
8 Sinfonia a 4 in C Minor: II. Tempo giusto 4:09
9 Sinfonia a 4 in C Minor: III. Allegro 2:05
10 Sinfonia a 4 in D Major: I. Presto 5:45
11 Sinfonia a 4 in D Major: II. Andante 7:05
12 Sinfonia a 4 in D Major: III. Presto 2:19
13 Symphony for Strings in D Major, Op. 11, No. 1: Andante non Adagio 5:44
The Chamber Orchestra of the New Dutch Academy
Simon Murphy
Logo após elogiadíssimos trabalhos com o trompetista Paolo Fresu (Chiaroscuro) e com os guitarristas Wolfgang Muthspiel e Slava Grigoryan (Travel Guide), Ralph Towner retorna a um trabalho solo com My Foolish Heart. O toque de Towner em seu violão de 12 cordas é imediatamente identificável e os trabalhos solo são uma parte importante da discografia deste multi-instrumentista que completa 77 anos no próximo dia 1º de março. My Foolish Heart segue a grande tradição de Diary, Solo Concert, Ana, Anthem e Time Line. O CD possui novas composições, todas muito boas — uma linda homenagem ao falecido Paul Bley (Blue As In Bley), bem como duas (Shard e Rewind) do Oregon, grupo do qual participa desde o Período Pré-Antigo. O único standard é My Foolish Heart, famosa na interpretação de Bill Evans. O 29º álbum de Towner para a ECM tem apenas 40 min, mas vale cada segundo.
Ralph Towner: My Foolish Heart
1 Pilgrim 4:31
2 I’ll Sing To You 4:32
3 Saunter 5:01
4 My Foolish Heart 3:51
5 Dolomiti Dance 4:24
6 Clarion Call 4:40
7 Two Poets 2:04
8 Shard 0:54
9 Ubi Sunt 1:20
10 Biding Time 1:29
11 Blue As In Bley 3:53
12 Rewind 3:43
Gustav Leonhardt foi um monstro, um gênio e o pequepiano ouvinte-leitor André X. nos enviou este CD duplo para polinizarmos sua arte. Não lembro de Arte da Fuga melhor do que esta. Também penso não existir melhor Prelúdio, Fuga e Allegro, do qual ouvi uma versão atropelada, dia desses em Porto Alegre. Ah, e o CD ainda traz o Concerto Italiano e a Abertura Francesa. Ou seja, só obras-primas, nada além de obras-primas de Bach. Aproveitem porque a qualidade deste trabalho não se encontra rotineiramente por aí.
Jordi Savall não é apenas uma sumidade artística, é um mago da música. Em suas mãos, os madrigais de Monteverdi deixam de ser peças de interesse histórico, passam a ser obras dignas de atenção para ouvintes de qualquer época.
Não sei como ele faz isso, mas é um trabalho já elogiado à exaustão, e sempre merecido.
Estes madrigais fazem parte do Livro Oitavo (ao todo são 9), datando de 1638, portanto já uma obra madura do compositor. O título completo seria “Madrigali guerrieri, et amorosi con alcuni opuscoli in genere rappresentativo, che saranno per brevi episodi fra i canti senza gesto.”
Nesta obra já existe o sentimento muito claro de que a polifonia renascentista começava a dar seus primeiros passos em direção a uma estilização de formas que será, em pouco tempo, chamado de Barroco. Para alguns, é o primeiro barroco, para outros, a última renascença. Coisa fina.
Boa audição!
Claudio Monteverdi (c1567-1643)
Madrigali Guerrieri et Amorosi
1. I. Others Sing Of Love: Sinf
2. I. Others Sing Of Love: Others Sing Of Love
3. I. Others Sing Of Love: You Received The Cesar’s
4. I. Others Sing Of Love: Accept This New And Fresh Work
5. II. Circling Around The Enemy Insidious Love: Circling Around The Enemy
6. II. Circling Around The Enemy Insidious Love: We Let Him Approach
7. II. Circling Around The Enemy Insidious Love: False Weapons They Are Not
8. II. Circling Around The Enemy Insidious Love: Search For The Eyes
9. II. Circling Around The Enemy Insidious Love: There Is No Time Left
10. II. Circling Around The Enemy Insidious Love: Oh My Heart, Running Is Useless
11. III. Dance: Turning Around The Sky-Move To My Melodious Sound: Opening Before The Dance…
12. III. Dance: Turning Around The Sky-Move To My Melodious Sound: Dance: Move To My Melodious Sound
13. III. Dance: Turning Around The Sky-Move To My Melodious Sound: Ciaccona
14. III. Dance: Turning Around The Sky-Move To My Melodious Sound: Second Part Of The Ballet…
15. IV. Five Part Sym
16. V. Others Sing Of Mars: Others Sing Of Mars
17. V. Others Sing Of Mars: Two Beautiful Eyes
18. VI. A Nymph’s Lament: Phoebus Had Not Yet
19. VI. A Nymph’s Lament: A Nymph’s Lament
20. VI. A Nymph’s Lament: So Among Disdainful Tears
21. VII. Six Part Sym
22. VIII. Now That The Sky: Now That The Sky And The Earth
23. VIII. Now That The Sky: Only From One Clear And Lively Spring
La Capella Reial de Catalunya
Jordi Savall
ASTRÉE 1995
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Belíssimo disco de gatinhos do maestro e pianista Barenboim. O tal “piano novo” foi uma encomenda do pianista feita sob medida a Chris Maene. Dizer que funciona direitinho é pouco. Recomendo a todos os pianistas, o Maene é bom mesmo… DB tomou inusitadas liberdades em suas Scarlatti, mas eu curti a K. 380 intimista inventada por ele. No resto, dá um banho de competência. Ele gravou 3 vezes o ciclo de Sonatas de Beethoven, então era justo que fizesse o mesmo com as 32 Variações. Estão maravilhosas. O Chopin está OK. O ponto alto do disco talvez seja a Marcha Solene de Wagner. A interpretação de Barenboim traz a quantidade certa de poesia e gravidade para esta música envolvente. Difícil de parar de ouvir. A complicadíssima Valsa de Mephisto, de Liszt, é tocada com perícia e sensibilidade que talvez nunca ouvidas. Recomendo não somente o Maene, tá?
On My New Piano, com Daniel Barenboim
1 Scarlatti: Sonata In C Major, Kk. 159 2:22
2 Scarlatti: Sonata In D Minor, Kk. 9 4:13
3 Scarlatti: Sonata In E Major, Kk. 380 6:39
4 Beethoven: 32 Piano Variations In C Minor On An Original Theme, WoO 80 12:37
5 Chopin: Ballade No. 1 In G Minor, Op. 23 9:58
6 Wagner: Solemn March To The Holy Grail From Parsifal, S. 450 7:50
7 Liszt: 10 Harmonies poétiques et religieuses, S. 173 – No. 7 Funérailles 12:24
8 Liszt: Mephisto Waltz No.1, S. 514 12:10
Esta foto nada tem a ver com o CD, mas vocês já viram tanto talento junto em uma foto? São Pollini, Barenboim e Claudio Abbado no La Scala. Bota logo num quadro, rapaz.
Um belo CD de música antiga da Harmonia Mundi. O Montpellier Codex (Montpellier, Bibliothèque Inter-Universitaire, Section Médecine, H196) é uma importante fonte da polifonia francesa do século XIII. O Codex contém 336 obras polifônicas provavelmente compostas entre os anos de 1250 e 1300, e compilado por volta do ano de 1300. Acredita-se que se originam de Paris. Foi descoberto pelo musicólogo Edmond de Coussemaker em 1852. Trata-se do maior e mais rico manuscrito de motetos medievais encontrado em todos os tempos. Ele esclarece que a polifonia da época era bem mais complexa do que se imaginava.
Love’s Illusion: Music from the Montpellier Codex 13th Century
1 Plus bele que flor – Quant revient – L’autrier joer – [Flos Filius] (Mo 21) 2:37
2 Puisque bele dame m’eime – [Flos Filius] (Mo 231) 2:02
3 Amours mi font souffrir – En mai – [Flos Filius] (Mo 111) 2:39
4 Ne sai, que je die – [Iohanne] (Mo 185) 1:23
5 Se je chante – Bien doi amer – [Et sperabit] (Mo 311) 2:06
6 Or ne sai je que devenir – Puisque d’amer – [Kyrieleyson] (Mo 267) 1:48
7 Hé Dieus, de si haut si bas – Maubatus – [Cumque] (Mo 92) 1:46
8 Celui en qui – La bele estoile – La bele, en qui – [Iohanne] (Mo 20) 2:53
9 Qui d’amours se plaint – [Lux magna] (Mo 215) 1:45
10 Amours, dont je sui – L’autrier, au douz mois – Chose Tassin (Mo 270) 2:21
11 Au cuer ai un mal – Ja ne m’em repentirai – Jolietement (Mo 260) 2:58
12 Quant voi la fleur – [Et tenuerunt] (Mo 241) 2:15
13 Quant se depart – Onques ne sai amer – [Docebit omnem] (Mo 131) 1:43
14 Joliement – Quant voi la florete – Je sui joliete – [Aptatur] (Mo 34) 3:04
15 Amor potest conqueri – Ad amorem sequitur (Mo 328) 1:23
16 Ce que je teing – Certes mout – Bone compaignie – [Manere] (Mo 33) 2:11
17 J’ai si bien mon cuer assiz – Aucun m’ont – [Angelus] (Mo 128) 2:15
18 Ne m’oubliez mie – [Domino] (Mo 236) 2:39
19 J’ai mis toute ma pensee – Je n’en puis – [Puerorum] (Mo 255) 2:23
20 Blanchete – Quant je pens – [Valare] (Mo 168) 2:32
21 Dame que je n’os noumer (Motet from the Montpellier Codex, 13th c.) 4:36
22 Li savours de mon desir – Li grant desir – Non veul mari (Mo 323) 2:08
23 Entre Copin – Je me cuidoie – Bele Ysabelos (Mo 256) 3:26
24 S’on me regard – Prennés i garde – Hé, mi enfant (Mo 325) 1:56
25 Quant yver la bise ameine – [In seculum] (Mo 223) 1:17
26 Ne m’a pas oublié – [In seculum] (Mo 207) 1:49
27 On doit fin[e] Amor – La biauté – [In seculum] (Mo 134) 1:28
28 Ja n’amerai autre que cele – [In seculum] (Mo 3) 1:09
29 Quant je parti de m’amie – [Tuo] (Mo 200) 1:20
Marsha Genensky
Ruth Cunningham
Susan Hellauer
Johanna Rose
Anonymous 4
“– Esta é uma sonata muito especial — disse meu professor, o Dr. Andrievsky, com uma expressão séria. Senti enorme tristeza em sua voz. Isto aconteceu quando eu comecei a estudar a Sonata Nº 1 de Prokofiev. Pensei ter entendido a Rússia sob Stálin após ler várias fontes escritas e filmes. Só que depois, toda vez que eu tinha aula, era esmagada pela grande tristeza do povo, que emanava da sonata. Cada canto da partitura revela sofrimento, gritos, desespero ou decepção. Prokofiev demorou 8 anos para finalizar a sonata, que expressa não apenas seus próprios sentimentos, mas também os dos que viveram nessa época. Já Cinderela e Romeu e Julieta transbordam de vivacidade e alegria de viver. Cada vez que os toco no poço da orquestra, meu coração dança aos sons elegantes e à expressão do amor. Estas obras de Prokofiev nunca deixam de tocar meu coração. Eu espero que você aprecie a versatilidade multifacetada de Prokofiev. Finalmente, gostaria de agradecer a todos aqueles que ajudaram a fazer essa gravação acontecer”. (Lisa Oshima)
Sergei Prokofiev (1891-1953): Sonata para Violino No.1 / 5 Melodias / Cinderela / Romeu e Julieta
01. Violin Sonata No. 1 in F Minor, Op. 80: I. Andante assai
02. Violin Sonata No. 1 in F Minor, Op. 80: II. Allegro brusco
03. Violin Sonata No. 1 in F Minor, Op. 80: III. Andante
04. Violin Sonata No. 1 in F Minor, Op. 80: IV. Allegrissimo
05. 5 Mélodies, Op. 35bis: No. 1. Andante
06. 5 Mélodies, Op. 35bis: No. 2. Lento ma non troppo
07. 5 Mélodies, Op. 35bis: No. 3. Animato, ma non allegro
08. 5 Mélodies, Op. 35bis: No. 4. Allegretto leggero e scherzando
09. 5 Mélodies, Op. 35bis: No. 5. Andante non troppo
15. Romeo and Juliet, Op. 64 (Arr. L. Baich & M. Fletzberger for Violin & Piano): Act I: Introduction
16. Romeo and Juliet, Op. 64 (Arr. L. Baich & M. Fletzberger for Violin & Piano): Act I: Juliet
17. Romeo and Juliet, Op. 64 (Arr. L. Baich & M. Fletzberger for Violin & Piano): Act I: Tanz der Ritter
18. Romeo and Juliet, Op. 64 (Arr. L. Baich & M. Fletzberger for Violin & Piano): Act I: Balkonszene
19. Romeo and Juliet, Op. 64 (Arr. L. Baich & M. Fletzberger for Violin & Piano): Act II: Tanz der Paare
20. Romeo and Juliet, Op. 64 (Arr. L. Baich & M. Fletzberger for Violin & Piano): Act I: Mercutio
21. Romeo and Juliet, Op. 64 (Arr. L. Baich & M. Fletzberger for Violin & Piano): Act I: Kampf and Tybalts Tod
Stefano Pando é um alaudista contemporâneo que faz música como se estivesse no século XVI. É uma postura curiosa. É como se um autor atual tentasse escrever um livro como o Quixote, sei lá. Quando jovem, não gostava nem do neoclássico de Stravinsky e de vários compositores de seu grupo — andavam de avião e escreviam Concerti Grossi — , mas hoje sou bem menos xiíta. O CD de Pando é agradável e bastante bom, levando em conta a Idade Média…
Wellington Mendes escreveu: Belíssimo, a liberdade do alaudista traz ótimas novidades a velhíssimas peças, afinal, não sabemos como tocavam os antigos e muito possivelmente também iam muito mais longe do podemos imaginar.
Stefano Pando: Peças para alaúde
1. Galliard Et Sauterelle 2:02
2. Robin 2:26
3. Pavane Dellestarpe 1:54
4. Stanes Morris Dance 1:29
5. Ricercar 12 1:56
6. The Wind That Shakes the Barley 0:56
7. A Toy 0:59
8. My Lady Carey’s Dompe 1:46
9. Mache Anglaise 1:19
10. Eislein Liebstes 0:43
11. The Earl of Crawford 1:02
12. Earl of Oxford’s March 1:01
13. Almande Nonnette 1:00
14. Robin Hood 1:48
15. Branle Des Chevaux 2:15
16. Ricercar 9 1:45
17. Pavane Au Revoir Ma Douce Flame 2:24
18. Galliard Au Retour 0:44
19. Jouissance Vous Donneray 1:16
20. Basse Dance Sur Jouissance 1:53
21. Pavane La Sombre 3:25
22. Paduana 1:22
23. Ricercar 3 1:04
24. Untitled Passamezzo Antico 1:18
25. The Scolding Woman 1:00
26. Tombeau 3:20
27. Ein Welscher Tanz Wascha Nesa 1:23
28. Jaymeray Mieu Dormir 0:58
29. Pass E Mezzo 3:32
30. Tourdion 1:31
Balakirev é outro compositor um pouco negligenciado, aparece em alguns programas, mas em geral não goza de muita notoriedade. Bem, compará-lo a Borodin, Korsakov e Mussorgsky não ajuda muito. Mas sua história e influência na música russa são inegáveis e das mais importantes, Ademais, era o único músico profissional do chamado “Grupo dos Cinco”, que incluia também César Cui (oportunamente postarei sobre ele). Balakirev foi um grande entusiasta do nacionalismo russo, apoiou, orientou e incentivou todos os seus colegas para aproximar a música folclórica e tradicional da Rússia dos padrões europeus. Muitas composições célebres de Tchaikovsky (a abertura Romeu e Julieta e a Sinfonia Manfredo, por exemplo), foram direta ou indiretamente influenciadas por suas ideias, incluindo sugestões de tonalidade, forma e orquestração.
Nada mais natural que se perguntar então: mas como é o tal do Balakirev como compositor? No fim das contas é para isso que estamos aqui. Bem, este post é uma das respostas. Suas sinfonias são suas obras mais conhecidas e revelam um compositor da mais alta competência, estética e formal. Falta-lhe, acredito, a inspiração da fluidez melódica que fizeram seus colegas mais famosos. Mas é música do mais alto nível. O disco ainda apresenta 3 poemas sinfônicos, Tamara, considerado sua melhor obra, Russia, e Abertura sobre 3 temas russos. Todas estas obras são exemplos práticos de suas ideias teóricas, unindo a música folclórica russa com formas da chamada música clássica européia. Especialmente estas obras nos revelam alguns temas que foram usados por Tchaikovsky e Stravinsky em outras composições, e que Balakirev denuncia. Você vai ouvindo e de repente fala: “Ei, mas isso é a 4a. sinfonia de Tchaikovsky!” Ou “pensei ter ouvido Petrouchka!”. Não, é música russa que ambos se apropriaram, como fizeram quase todos os nacionalistas, incluindo Villa-Lobos.
Boa audição!
P.S. Acho que este é o primeiro post sobre Balakirev, ele não estava na lista de categorias.
Mily Alexeyevich Balakirev (1837-1910)
CD1
Symphony no.1 in C major
Symphonic Poem “Russia”
CD2
Overture on Three Russian Themes
Symphonic Poem “Tamara”
Symphony no.2 in D minor
The Philharmonia
Yevgeny Svetlanov
Hyperion, 1992
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Arquivo FLAC (sem perda de qualidade), 443Mb
Será que eu definitivamente passei a amar apenas as interpretações originais? Pois ao ouvir a versão de Schiff para as mesmas Partitas de ontem, meu coração não bateu muito mais forte. Falta ritmo, pulso, ousadia e alegria. Martins e Schiff são enormes pianistas, mas não chegaram àquele nível que os fariam first choices. Dentre os pianistas, ainda fico com Tatiana Nikolayeva e Angela Hewitt. Melhor ainda é ouvir Trevor Pinnock ao cravo. A versão presente aqui no PQP Bach e da qual devemos fugir é a de Scott Ross, que é realmente péssima.
Johann Sebastian Bach (1685 – 1750) — As Seis Partitas para Cravo
Partita No.1 in B flat, BWV 825
1 1. Praeludium [2:04]
2 2. Allemande [2:56]
3 3. Corrente [2:53]
4 4. Sarabande [4:35]
5 5. Menuet I [1:20]
6 6. Menuet II [1:25]
7 7. Giga [2:14]
Neste início de 2017, tive o imenso privilégio de ver Martha Argerich tocar o 3º Concerto de Prokofiev com a Filarmônica de St. Petersburgo — ex Filarmônica de Leningrado — regida por Yuri Temirkanov, no Southbank Center, em Londres. Ainda não me recuperei, foi um dos maiores momentos de minha vida. Tentei inutilmente segurar as lágrimas quando o concerto iniciou e vi Martita ainda é uma tremenda pianista, talvez até melhor do que era quando jovem. Ver aquilo foi demais para um latino-americano sem muito dinheiro como eu. E olha, não é exagero. Este é um dos dez discos que eu levaria para a ilha deserta. Com Argerich e Abbado jovens, acompanhados de uma tremenda orquestra, os dois com o maior tesão — aliás, Argerich tinha, na época, fama de devoradora de homens –, tocando de uma forma estupidamente perfeita música de primeiríssima linha. É ouvir e se apaixonar na hora. Uma vez, quando falei com Martha numa imensa fila de autógrafos, ela disse que não costumava ouvir suas próprias gravações, mas abria exceções para duas e confirmou que esta era uma delas. A outra ela não disse qual era, ficou querendo que eu adivinhasse. Tentei algumas, errei, e ela disse que a revelação ficaria para o próximo encontro…
Prokofiev (1891-1953): Piano Concerto No. 3 /
Ravel (1875-1937): Piano Concerto in G & Gaspard de la Nuit
Konzert Für Klavier Und Orchester Nr. 3 C-dur Op. 26 Composed By – Serge Prokofiev*
(27:04)
1 1. Andante – Allegro 9:01
2 2. Thema. Andantino – Variation I. L’istesso Tempo – Var. II. Allegro – Var. III. Allegro Moderato – Var. IV. Andantino Meditativo – Var. V Allegro Giusto – Thema. L’istesso Tempo 9:03
3 3. Allegro Ma Non Troppo 9:00
Konzert Für Klavier Und Orchester G-Dur Composed By – Maurice Ravel
(21:05)
4 1. Allegramente 8:10
5 2. Adagio Assai 9:03
6 3. Presto 3:52
Gaspard de la Nuit Composed By – Maurice Ravel
(22:21)
7 1. Ondine. Lent 6:19
8 2. Le Gibet. Très Lent 6:41
9 3. Scarbo. Modéré 9:21
Martha Argerich
Berlin Philharmonic Orchestra
Claudio Abbado