Um dos discos que eu certamente levaria para a Ilha Deserta. Este CD da Erato, há anos fora do catálogo, é uma das melhores gravações de Rostropovich (1927-2007). Ele já tinha um longo histórico de colaborações com o maestro Seiji Ozawa e, aqui, eles decidiram interpretar dois concertos para violoncelo que foram dedicados ao russo. Na verdade, ambos os compositores contaram com sugestões de Rostrô durante o processo de composição. Foram obras-primas criadas quase a quatro mãos, entre amigos, por assim dizer. E que obras-primas! Você simplesmente não pode seguir vivendo sem conhecê-las. Não pode e não pode!
Serguei Prokofiev (1891-1953) e Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos para Violoncelo
Sergei Prokofiev (1891-1953) Sinfonia Concertante para Violoncelo e Orquestra, Op. 125
1. Andante
2. Allegro giusto
3. Andante con moto
Dmitri Shostakovich (1906-1975) Concerto Nº 1 para Violoncelo e Orquestra, Op. 107
4. Allegretto
5. Moderato
6. Cadenza
7. Allegro con moto
Mstislav Rostropovich, violoncelo
London Symphony Orchestra
Seiji Ozawa
Olha, você pode até não gostar de Grieg — não é o meu caso –, mas garanto que dificilmente encontrará interpretação melhor deste repertório do que esta, a cargo de Augustin Dumay e Maria João Pires. O tom delicado e colorido de Dumay é ideal para essas peças deliciosas. É curioso que as ousadias estruturais impediam que as Sonatas para Violino de Grieg fossem consideradas obras-primas. Por exemplo, como temas contrastantes saltavam de um para outro sem transição suave, alguns comentaristas ciosos das regras ficavam nervosos. Mas, gente, garanto-lhes que estas Sonatas estão entre os pratos mais saborosos da música romântica para violino.
Só não entendo porque o engenheiro de som insistiu tanto em gravar a respiração de Dumay!
Edvard Grieg (1843-1907): Violin Sonatas
Grieg: Sonata For Violin And Piano In F Major, Op.8 (1865)
1. Allegro con brio 9:33
2. Allegretto quasi Andantino – Più vivo – Tempo I 4:45
3. Allegro molto vivace 9:59
Grieg: Sonata For Violin And Piano In G Major, Op.13 (1867)
4. Lento doloroso – Poco allegro – Allegro vivace 9:46
5. Allegretto tranquillo 6:29
6. Allegro animato 5:33
Grieg: Sonata For Violin And Piano No.3 In C Minor, Op.45
7. Allegro molto ed appassionato 9:35
8. Allegretto espressivo alla Romanza 6:28
9. Allegro animato 7:55
John Dowland foi um compositor e alaudista inglês do período renascentista, contemporâneo de William Shakespeare. Dizem que morreu uma grave crise de diarreia, coitado. Os discos que trazem música de Dowland costumam ser incrivelmente monótonos. NÃO É O CASO DESTE. Na verdade, suas canções são bastante repetitivas para meu ouvido, porém aqui temos música instrumental. Ignoro de quem é o mérito: se do repertório escolhido, se da extraordinária Capella de ministrers, se da notável qualidade de som do CD, se da minha idade — o fato é que me apaixonei por este disco e, sem a menor dúvida, pespego-lhe o selo de
IM-PER-DÍ-VEL !!!
(Estranhamente, não o encontrei para venda na Amazon).
John Dowland (1563-1626): Lachrimæ, Or Seven Teares (1604)
01. Lachrimae Antiquae
02. The King of Denmark’s Galiard
03. Lachrimae Antiquae Novae
04. The Earle of Essex Galiard
05. Lachrimae Gementes
06. Sir John Souch his Galiard
07. Lachrimae Tristes
08. M. Henry Noel his Galiard
09. Lachrimae Coactae
10. M. Giles Hobies his Gailard
11. Lachrimae Amantis
12. M. Nichols Gryffith his Gailard
13. Lachrimae Verae
14. M. Thomas Collier his Galiard
15. Semper Dowland semper dolen
16. Captaine Digiorie Piper his Galiard
17. Sir Henry Umpton’s Funerall
18. M. Buctons Galiard
19. Mistresse Nichols Almand
20. M. John Langston’s Pavan
21. M. George Whitehead his Almand
Esse é um CDs mais incríveis que ouvi nos últimos tempos. Gavin Bryars o explica e depois dou meus palpites furados:
In 1971, when I lived in London, I was working with a friend, Alan Power, on a film about people living rough in the area around Elephant and Castle and Waterloo Station. In the course of being filmed, some people broke into drunken song – sometimes bits of opera, sometimes sentimental ballads – and one, who in fact did not drink, sang a religious song “Jesus’ Blood Never Failed Me Yet”. This was not ultimately used in the film and I was given all the unused sections of tape, including this one.
When I played it at home, I found that his singing was in tune with my piano, and I improvised a simple accompaniment. I noticed, too, that the first section of the song – 13 bars in length – formed an effective loop which repeated in a slightly unpredictable way. I took the tape loop to Leicester, where I was working in the Fine Art Department, and copied the loop onto a continuous reel of tape, thinking about perhaps adding an orchestrated accompaniment to this. The door of the recording room opened on to one of the large painting studios and I left the tape copying, with the door open, while I went to have a cup of coffee. When I came back I found the normally lively room unnaturally subdued. People were moving about much more slowly than usual and a few were sitting alone, quietly weeping.
I was puzzled until I realised that the tape was still playing and that they had been overcome by the old man’s singing. This convinced me of the emotional power of the music and of the possibilities offered by adding a simple, though gradually evolving, orchestral accompaniment that respected the tramp’s nobility and simple faith. Although he died before he could hear what I had done with his singing, the piece remains as an eloquent, but understated testimony to his spirit and optimism.
The piece was originally recorded on Brian Eno’s Obscure label in 1975 and a substantially revised and extended version for Point Records in 1993. The version which is played by my ensemble was specially created in 1993 to coincided with this last recording.
Como pode estar feliz um homem que nada tem, a não ser a roupa esfarrapada que veste, e uma garrafa de vinho na mão? O compositor britânico Gavin Bryars andava a gravar sons no centro de Londres, em 1971. Ás tantas deu de caras com um sem-abrigo a cantarolar uma quadra popular intitulada “Jesus Blood Never Failed Me”, Nunca me Faltou o Sangue de Cristo. Bryars voltou ao estúdio e quando pôs a gravação a tocar os colegas ficaram profundamente comovidos. Foi então que lhe ocorreu musicar a cantiga do feliz embriagado. No início soa a voz do homem isolada e trémola.
O quadro musical começa a compor-se com a envolvência dum quarteto de cordas.
O tema repete-se vezes sem conta, mas cada vez mais denso, até se escutar uma orquestra completa.
Gavin Bryars pensou, depois, num modo de explorar o tema por partes, criando nuances emocionais, por exemplo, fazendo sobressair as cordas graves da orquestra.
Mais adiante soa a voz do vagabundo rodeada só de sopros.
O ciclo repete-se até entrar o naipe de cordas completo com o chamado glockenspiel, uma espécie de xilofone.
Finalmente, para adensar a interpretação, Gavin Bryars contratou o vocalista Tom Waits, cuja voz se sobrepõe à do vagabundo, sublinhando o imaginário dramático da melodia, com a ajuda dum orgão.
A melodia original, ao fim de 1 hora e 14, vai-se desvanecendo, como se o homem ébrio, às tantas, se afastasse da cena.
Simples e comovente. Parece ter sido esse o intuito de Gavin Bryars ao reproduzir ciclicamente a cantiga dum ébrio. “Jesus Blood Never Failed Me” é a demonstração de que uma repetição não é necessariamente redundante. Porque o repisar duma ideia pode transformá-la. Ao ponto de lhe conferir uma nova carga emocional. Ao fim e ao cabo, a fórmula certa para gerar o máximo efeito com nuances mínimas.
Se o CD tem 75 minutos e o tema cantado pelo mendigo dura 20 segundos, ele é repetido 225 vezes… Porém, esse disco tem o curioso e notável poder de criar emoção através da acumulação. Ela vem em ondas e várias vezes tive alguma vontade de fazer despencar uma lágrima furtiva de meus olhos normalmente secos. A participação de Tom Waits não chega a ser o esperado, mas era absolutamente necessário um dueto com o mendigo.
Gavin Bryars – Jesus’ Blood Never Failed Me Yet (1993)
1. Tramp with Orchestra (string quartet) The Hampton String Quartet 27:09
2. Tramp with Orchestra (low strings) Orchestra 15:17
3. Tramp with Orchestra (no strings) Orchestra 4:48
4. Tramp with Orchestra (full strings) Orchestra 6:06
5. Tramp and Tom Waits with full Orchestra Tom Waits 19:39
6. Tom Waits with High Strings Tom Waits 1:48
Pois é. Esta gravação é de 1995 e o mesmo Truls Mørk a refez em 2014 com resultados ainda melhores, acompanhado do maestro Vasily Petrenko e a Filarmônica de Oslo. O registro que apresentamos neste post está longe de ser insatisfatório, apenas é inferior ao do link acima. Sobre a qualidade de ambos os concertos, vocês sabem — são obras primas. Shostakovich dedicou os dois concertos que escreveu para violoncelo ao seu ex-aluno do Conservatório de Moscou, o promissor Mstislav Rostropovich. Quando Shostakovich enviou a partitura do primeiro, dedicada ao amigo, este compareceu quatro dias depois na casa do compositor com a partitura decorada… Bem diferente foi o caso do segundo concerto, que foi composto praticamente a quatro mãos. Shostakovich escrevia uma parte, e ia testá-la na casa de Rostropovich; lá, mostrava-lhe as alternativas, os rascunhos ao violoncelista, que sugeria alterações e melhorias. Amizade.
Dmitri Shostakovich (1906-1975): Os Concertos para Violoncelo
Cello Concerto No. 1 Op. 107 In E Flat Major
1 I Allegretto 6:04
2 II Moderato 12:323
3 III Cadenza 6:47
4 IV Finale: Allegro Con Moto 4:47
Cello Concerto No. 2 Op. 126
5 I Largo 14:37
6 II Scherzo: Allegretto 4:21
7 III Finale (Allegretto) 16:46
Cello – Truls Mørk
Conductor – Mariss Jansons
Orchestra – The London Philharmonic
Um bom disco com a música composta por meus irmãos gravada pelo Leonhardt-Consort, isto é, por um dos grupos fundadores em tocar tudo com instrumentos originais, os que são chamamos modernamente de historicamente informados. O CD tem a criatividade e o ímpeto de C.P.E., o convencionalismo chato de J.C. e a estranheza das obras do provavelmente alcoolista W.F. Alguns dizem que W.F. Bach é o único dos filhos de J.S. a escrever trabalhos que se aproximam da densidade estrutural do pai. O que este CD mostra é que todos os três eram fortemente influenciados com o estilo mais simples e posterior do rococó / classicismo e que W.F. só se aproxima da densidade do pai em sonhos. Mas há que considerar que C.P.E. foi um tremendo compositor — incisivo e muito inspirado — e que Beethoven deve alguns centavos a ele.
Carl Philipp Emanuel Bach / Johann Christian Bach / Wilhelm Friedemann Bach: Concertos Duplos de filhos de Johann Sebastian Bach
Composed By – Carl Philipp Emanuel Bach
1 Allegro Di Molto 6:58
2 Larghetto 5:09
3 Presto 4:28
Sinfonia Concertante In F Major, T.VIII/6 Composed By – Johann Christian Bach
4 Allegro Moderato 7:33
5 Tempo Di Minuetto 3:17
Double Concerto In E Flat Major, F46 Composed By – Wilhelm Friedemann Bach
6 Un Poco Allegro 11:20
7 Cantabile 2:54
8 Vivace 7:35
Conductor – Gustav Leonhardt
Ensemble – Concentus Musicus Wien, Leonhardt-Consort
Violoncello – Nikolaus Harnoncourt
Assistir Gruppen, de Stockhausen, numa sala de concertos — ou na televisão, como no filme do Channel 4 da performance de 1996 da CBSO — sublinha a separação espacial dos três grupos orquestrais e seus três maestros. No disco, com o maravilhoso som da DG, é a interdependência desses corpos instrumentais o que fica mais aparente. O que ouvimos é menos uma questão de três camadas musicais distintas e superpostas como um discurso de três vias em torno de material compartilhado. É uma emocionante viagem de descobertas, durante a qual a separação conta menos do que o propósito comum de explorar as mesmas premissas essenciais sob diferentes ângulos. A maior virtude dessa performance é que ela consegue preservar a excitação de exploração que a música possui, ao lado de uma preocupação adequada com precisão e clareza. Gruppen não é um mero exercício técnico, é uma peça de exibição maravilhosa. São os metais, as madeiras e a percussão da Filarmônica de Berlim que têm a maior parte dos holofotes, sob a orientação e boa preparação de Abbado, Goldmann e Creed.
Este disco tem outro bom par de ases na manga, com as primeiras gravações de duas obras de György Kurtág. Ambas são muito diferentes. Grabstein für Stephan é como um eco fantasmagórico de uma marcha fúnebre de Mahler quase inaudível, com um par de explosões no centro para intensificar o desespero e o arrependimento.
Stele é mais monumental. Sua abertura beethoveniana tem uma grandeza e determinação que transcende a dor e reafirma valores humanos duradouros. Stele pode não ter um final feliz, mas sua força de caráter e poder de expressão permitem que ela funcione como uma celebração da humanidade, bem como uma profunda meditação sobre a mortalidade.
György Kurtág (1926): Grabstein für Stephan op.15c & Stele op.33 / Karlheinz Stockhausen (1928 – 2007): Gruppen für drei Orchester – Werk Nr.6
György Kurtág (1926 – )
Grabstein für Stephan op.15/c
1) Fassung für grosses Orchester und Solo-Gitarre [9:19]
Jurgen Ruck
Berliner Philharmoniker
Claudio Abbado
Karlheinz Stockhausen (1928 – 2007)
2) Gruppen für drei Orchester – Werk Nr.6 [22:34]
Berliner Philharmoniker
Friedrich Goldmann
Claudio Abbado
Marcus Creed
György Kurtág (1926 – ) Stele op.33
3) 1. Adagio [2:45]
4) 2. Lamentoso – disperato, con moto [4:07]
5) 3. Molto sostenuto [5:55]
Gente, são Cantatas para voz de baixo — a voz mais grave e escura, com mais peso, o final da linha soprano, mezzo-soprano, contralto, tenor, barítono e baixo, indo do mais agudo para o mais grave — não são canções “para baixo” em contraposição à Cantatas mais alegres, “para cima”. Tá bom?
Este CD apresenta três Cantatas J.S. Bach, interpretadas pelo baixo Peter Kooy e a Orchestre De La Chapelle Royale sob a direção de Philippe Herreweghe. A lindíssima Ich habe genug, BWV 82, é de 1727. Ich will den Kreutztab gerne tragen, BWV 56, de 1726. Elas estão entre as mais famosas Cantatas de Bach. A primeiro não tem coral final; ele é substituído por uma terceira ária. Nas árias, o contraponto melódico da voz grave sobre o baixo contínuo e o instrumento solo (oboé ou violino) é surpreendentemente belo e estão entre os melhores que Bach fez no gênero. A ornamentação é talvez mais bonita na 82 do que na 56. A Cantata 158 tem uma estrutura particular: Recitativo / ária com coral / Recitativo / coral. Este último não é outro senão o famoso “Christ lag in Todesbanden”.
Herreweghe nos dá uma versão extraordinária dessas três obras.
J. S. Bach (1685-1750): Cantatas para Baixo, BWV 82, 56, 158
Cantate BWV 56 “Ich Will Den Kreuzstab Gerne Tragen”
6 Aria “Ich Will Den Kreuzstab Gerne Tragen” 6:55
7 Recitativo “Mein Wandel Auf Der Welt” 1:52
8 Aria “Endlich, Endlich Wird Mein Joch” 6:44
9 Recitativo “Ich Stehe Fertig” 1:26
10 Choral “Komm, O Tod” 1:24
Cantate BWV 158 “Der Friede Sei Mit Dir”
11 Recitativo “Der Friede Sei Mit Dir” 1:43
12 Aria Con Corale “Welt, Ade” 6:51
13 Recitativo “Nun Herr” 1:25
14 Choral “Hier Ist Das Rechte Osterlamm” 1:19
Alto Vocals [Choir] – Betty Van Den Berghe, Martin Van Der Zeijst
Bass Vocals [Choir] – Frits Vanhulle, Renaud Machart, Stephan Maciejewski Bass Vocals [Soloist] – Peter Kooy*
Bassoon – Marc Minkowski
Cello – Ageet Zweistra, Harm Jan Schwitters*
Cello [Continuo] – Ageet Zweistra Choir, Orchestra – Chœur Et Orchestre De La Chapelle Royale* Conductor – Philippe Herreweghe
Double Bass, Double Bass [Continuo] – Jonathan Cable
Oboe – Ann Vanlancker, Marcel Ponseele, Taka Kitazato
Organ, Organ [Continuo], Organ [Orgue Positif Bernard Aubertin] – Jan Willem Jansen
Soprano Vocals [Choir] – Annelies Coene, Delphine Collot, Dominique Verkinderen
Tenor Vocals [Choir] – Joël Suhubiette, Raphaël Boulay
Viola – Benoît Weeger, Martha Moore (2)
Violin [1st] – Adrian Chamorro, Ghislaine Wauters, Monica Huggett, Paulien Kostense
Violin [2nd] – Frédéric Martin (2), Nicolette Moonen, Peter Van Boxelaere, Sophie Demoures
Violin [Soloist] – Monica Huggett
Philip Glass usa muito o saxofone em suas orquestras. Então, não chega a ser uma surpresa que ele tenha escrito obras solo e em grupo para o instrumento. Quem não gosta do som do sax? Qual a mulher que não se desmancha para um jazzman saxophone player? Bem, eu gostei moderadamente de duas obras deste disco — o Concerto e The Windcatcher –, mas francamente: o solo de sax de 13 Melodies for Saxophone só me deu saudades da música de John Surman. Neste CD, reaparece a indulgência de Glass consigo mesmo. Boa parte das composições parecem descuidadas, pouco trabalhadas, apressadas, etc.
Philip Glass (1937): Saxophone
Concerto For Saxophone (Quartet Version)
1 Movement I 6:22
2 Movement II 4:52
3 Movement III 8:23
4 Movement IV 3:51
The Windcatcher 18 Part 1 1:28
19 Part 2 4:48
20 Part 3 4:59
The Raschèr Saxophone Quartet* (tracks: 1 to 4):
Baritone Saxophone – Kenneth Coon (tracks: 1 to 4)
Soprano Saxophone – Carina Raschèr (tracks: 1 to 4)
Tenor Saxophone – Bruce Weinberger (tracks: 1 to 4)
The Philip Glass Ensemble Woodwinds* (tracks: 18 to 20)
Andrew Sterman (tracks: 18 to 20)
Jon Gibson (2) (tracks: 18 to 20)
Richard Peck (tracks: 18 to 20)
O norueguês de Oslo Ketil Bjørnstad é pianista, compositor e escritor. Teve formação inicial como pianista clássico, mas descobriu o jazz muito jovem. Como músico, tem gravado pela ECM. Também publicou cerca de 20 livros (na maioria romances) e coletâneas de poesias e ensaios. Tem colaborado com outros artistas da ECM, incluindo o violoncelista David Darling, o baterista Jon Christensen e o guitarrista Terje Rypdal. Nos últimos anos, Bjørnstad tem trabalhado com o violoncelista sueco Svante Henryson.
Hvalenes Sang foi escrito para o Vestfold International Festival em 2009. Na minha opinião, é música popular. Um pop bem feito. A única intromissão mais erudita é a de um coral. Até o violoncelo de Henryson é popular. Um CD curioso, que não chega a ser bom. Talvez as letras do também escritor Bjørnstad salvem o disco, mas eu não conheço norueguês… Afinal, o tema “baleias” é excelente.
Ketil Bjørnstad (1952): Hvalenes Sang — A Canção das Baleias (Oratório)
1 Hvalenes sang
2 Jeg vaknet her en dag
3 O ensomhet
4 Hymne
5 Mot hav
6 Soloppgang over havet
7 Koral
8 Var ikke Gud i meg
9 En nat i langst forsvundne tider
10 Bliv hos oss livets sol
11 Som bolgen loftes opp
12 Bonn
13 Hvor stille denne natt
14 Jeg vokste inn i alt
15 Hvalenes sang 2
16 Kveld
17 Jeg sprang pa isflak
Anneli Drecker – vocals
Bjorn Charles Dreyer – guitar
Bjorn Kjellemyr – bass
Rune Arnesen – drums
Svante Henryson – cello
Sjobodkoret directed by Olav Nass – choir
Um belo disco de um compositor quase desconhecido. John Ward foi importante em sua época. Compôs basicamente música para conjuntos de violinos e violas. Escrevendo quase quarenta anos depois de sua morte em 1676, Thomas Mace cita John Ward como “um desses diversos ingleses famosos” de “grande eminência e valor” que compuseram fantasias “como monumentos adequados a padrões para uma posteridade sóbria e sábia”. Segundo Mace, Ward seria digno de ser imitado… Mas não foi e sua bela música permaneceu fora do repertório por séculos. Mas vale a pena ouvir.
Nascido em Canterbury, John Ward era corista na Catedral de Canterbury. Ele parece ter ficado em Canterbury até pelo menos 1607 e depois foi para Londres, onde serviu Sir Henry Fanshawe (1569-1616) como músico.
O suíço Nicolas Masson aparece como líder de um quarteto que apresenta o pianista Colin Vallon — ele próprio líder de banda e artista que grava para a ECM –, o baixista Patrice Moret (membro dos grupos de Vallon) e o baterista Lionel Friedli. Masson compôs todas as nove faixas, mas torna-se óbvio desde a primeira faixa que ele não quer chamar atenção para si mesmo como solista. Seu mote é a interação com o grupo. As estrondosas notas baixas do piano, os címbalos sussurrantes e a linha de baixo contrapontística oferecem um exercício modal tipicamente oriental e um fluxo rítmico misterioso. A música de Masson é conscientemente lenta em seu desenvolvimento. Não há vôos desnecessários. É focada e democrática. Revela seus segredos lentamente, mas oferece ao ouvinte uma experiência fascinante de descobri-los e absorvê-los.
Nicolas Masson, Colin Vallon, Patrice Moret, Lionel Friedli: Travelers
1 Gagarine 3:06
2 Fuchsia 7:04
3 Almost Forty 7:27
4 The Deep 4:07
5 Travelers 3:43
6 Philae 7:20
7 Wood 5:31
8 Blurred 4:59
9 Jura 6:58
Tenor Saxophone, Soprano Saxophone, Clarinet – Nicolas Masson
Piano – Colin Vallon
Double Bass – Patrice Moret
Drums – Lionel Friedli
Um belo, belíssimo CD de Angela Hewitt. Um Bach diferente, uma seleção interessantíssima e rara de diferentes períodos da vida de Bach. Um luxo a interpretação do avulso Adagio BWV 968. Verdadeiramente arrepiante. A elegância e clareza de Hewitt me deixou novamente impressionado. É uma refinada pianista. A qualidade da gravação da Hyperion é a de sempre: impecável.
Bach: Fantasia and Fugue in A minor; Aria Variata; Sonata in D major; Suite in F minor
1. Fantasia & Fugue in a, BWV 904: Fantasia
2. Fantasia & Fugue in a, BWV 904: Fugue
14. Sonata in D, BWV 963: I.
15. Sonata in D, BWV 963: II.
16. Sonata in D, BWV 963: III. Fugue
17. Sonata in D, BWV 963: IV. Adagio
18. Sonata in D, BWV 963: V. Thema all’ imitatio Gallina Cuccu
19. Partie in A, BWV 832: I. Allemande
20. Partie in A, BWV 832: II. Air pour les trompettes
21. Partie in A, BWV 832: III. Sarabande
22. Partie in A, BWV 832: IV. Bourrée
23. Partie in A, BWV 832: V. Gigue
24. Suite in f, BWV 823: I. Prelude
25. Suite in f, BWV 823: II. Sarabande en Rondeau
26. Suite in f, BWV 823: III. Gigue
27. Adagio in G, BWV 968
28. Fugue in C, BWV 953
29. Jesu, meine Zuversicht, BWV 728
30. Wer nur den lieben Gott lässt walten, BWV 691
31. Fantasia & Fugue in a, BWV 944: Fantasia
32. Fantasia & Fugue in a, BWV 944: Fugue
Bela gravação ao vivo de mais uma ópera redescoberta de Lully. Trata-se de uma estreia mundial, produto da pesquisa musicológica de Christophe Rousset e equipe. Juntamente com um super-elenco e contando com performance realmente esplêndidas, Rousset chama-nos para a revelação de Bellérophon, ópera estreada em 31 de janeiro de 1679. É a história mítica de um herói destemido, cuja arrogância é punida pelos deuses. É claro que, como é uma história de guerra, Lully nos brinda com danças de todos os países e etnias que vão para a luta. É bem mais que uma curiosidade. Vale a pena. Para quem sentia falta e reclama da ausência do barroco francês…
Jean-Baptiste Lully (1632-1687): Bellérophon, tragédie lyrique de sur un livret de Thomas Corneille (1625-1709)
DISQUE 1
1 Ouverture – 00:02:18
2 Prologue : Petit prélude : Apollon ; Apollon et les Muses : Préparons nos concerts ! – 00:01:54
3 Prologue : Marche pour l’entrée de Bacchus et de Pan – 00:00:53
4 Prologue : Bacchus ; Pan : Du fameux bord de l’Inde – 00:01:18
5 Prologue : Chœur d’Apollon et des Muses : Chantons, chantons le plus grand des mortels ! – 00:02:36
6 Prologue : Chanson d’un berger (Menuet I) : Pourquoi n’avoir pas le cœur tendre ? – 00:01:12
7 Prologue : Entrée des Aegipans et des Ménades – 00:00:38
8 Prologue : Menuet pour les bergers – 00:00:20
9 Prologue : Bacchus et Pan : Tout est paisible sur la terre – 00:00:54
10 Prologue: Apollon : Quittez, quittez, de si vaines chansons ! – 00:00:48
11 Prologue : Chœur d’Apollon, des Muses, de Bacchus et de Pan : Pour ce grand roi, redoublons nos effo – 00:01:24
12 Prologue : Ouverture (reprise) – 00:02:13
13 Acte I, sc. 1 : Sténobée, Argie : Non, les soulèvements d’une ville rebelle – 00:05:47
14 Acte I, sc. 2 : Sténobée, Philonoë : Reine, vous savez qu’en ce jour – 00:03:26
15 Acte I, sc. 3 : Sténobée, Argie : Et je croyais qu’une ardeur – 00:02:33
16 Acte I, sc. 4 : Prélude ; Le Roi, Sténobée ; Bruit de trompettes ; Sténobée ; Marche des Amazones et – 00:03:45
17 Acte I, sc. 5 : Le Roi, Bellérophon : Venez, venez goûter les doux fruits de la gloire – 00:02:18
18 Acte I, sc. 5 : Chœur des Amazones et des Solymes : Quand un vainqueur est tout brillant de gloire – 00:01:44
19 Acte I, sc. 5 : Premier air – 00:01:17
20 Acte I, sc. 5 : Second air; Chœur des Amazones et Solymes : Faisons cesser nos alarmes – 00:02:50
21 Acte II, sc. 1 : Ritournelle ; Philonoë, deux Amazones : Amour mes vœux sont satisfaits – 00:04:21
22 Acte II, sc. 2 : Prélude ; Bellérophon, Philonoë : Princesse, tout conspire à couronner ma flamme – 00:04:39
23 Acte II, sc. 3 : Sténobée, Bellérophon : Ma présence ici te fait peine ? – 00:02:03
24 Acte II, sc. 4 : Sténobée, Argie : Tu me quittes, cruel, arrête ! – 00:01:47
25 Acte II, sc. 5 : Ritournelle ; Sténobée, Amisodar : Vous me jurez sans cesse une amour éternelle – 00:03:33
26 Acte II, sc. 6 : Amisodar : Que ce jardin se change en désert affreux – 00:01:56
27 Acte II, sc. 6 : Premier air – 00:01:05
28 Acte II, sc. 7 : Amisodar, Magiciens : Parle, nous voilà prêts, tout nous sera possible – 00:03:37
29 Acte II, sc. 7 : Second air – 00:00:38
30 Acte II, sc. 7 : Chœur des Magiciens, Amisodar : La terre nous ouvre – 00:02:01
DISQUE 2
1 Acte III, sc. 1 : Ritournelle – 00:00:49
2 Acte III, sc. 1 : Sténobée, Argie : Quel spectacle charmant pour mon cœur amoureux ! – 00:02:31
3 Acte III, sc. 2 : Prélude ; Le Roi, Sténobée : Que de malheurs accablent la Lycie ! – 00:01:38
4 Acte III, sc. 3 : Le Roi, Bellérophon : Vous venez consulter l’oracle d’Apollon ? – 00:01:43
5 Acte III, sc. 4 : Le Roi, Philonoë, Bellérophon : Seigneur, à votre voix je viens joindre la mienne – 00:01:48
6 Acte III, sc. 5 : La Marche du Sacrifice ; 1er Chœur de Peuple : Le malheur qui nous accable – 00:02:19
7 Acte III, sc. 5 : Le Sacrificateur ; 2ème Chœur de Peuple ; Le Sacrificateur ; Symphonie ; 3ème Chœu – 00:04:28
8 Acte III, sc. 5 : Ritournelle ; Le Sacrificateur : Tout m’apprend qu’Apollon dans mes vœux s’intéres – 00:00:38
9 Acte III, sc. 5 : 6ème Chœur de Peuple : Assez de pleurs – 00:04:00
10 Acte III, sc. 5 : Le Sacrificateur : Digne fils de Latone et du plus grand des dieux ! – 00:00:23
11 Acte III, sc. 5 : La Pythie : Gardez tous un silence extrême ! – 00:01:49
12 Acte III, sc. 5 : Apollon ; Le Roi – Symphonie : Que votre crainte cesse ! – 00:01:09
13 Acte III, sc. 6 : Ritournelle ; Bellérophon, Philonoë : Dans quel accablement cet oracle me laisse ! – 00:05:09
14 Acte III, sc. 6 : Entracte – 00:01:15
15 Acte IV, sc. 1 : Ritournelle : Amisodar : Quel spectacle charmant pour mon cœur amoureux ! – 00:01:27
16 Acte IV, sc. 2 : Argie, Amisodar : Il faut pour contenter la reine – 00:02:12
17 Acte IV, sc. 2 : Chœur – voix derrière le théâtre, Amisodar : Tout est perdu le monstre avance ! – 00:00:44
18 Acte IV, sc. 3 : Une Napée, une Dryade : Plaignons les maux qui désolent ces lieux ! – 00:03:20
19 Acte IV, sc. 4 : Dieux des bois, une Napée, une Dryade : Les forêts sont en feu, le ravage s’augment – 00:02:28
20 Acte IV, sc. 5 : Le Roi, Bellérophon : Ah, Prince ! Où vous emporte une ardeur trop guerrière ? – 00:02:50
21 Acte IV, sc. 6 : Bellérophon, seul : Heureuse mort, tu vas me secourir – 00:02:18
22 Acte IV, sc. 7 : Prélude – 00:00:29
23 Acte IV, sc. 7 : Pallas, Bellérophon : Espère en ta valeur, Bellérophon, espère ! – 00:00:56
24 Acte IV, sc. 7 : Chœur de Peuple : Quel horreur ! Quel affreux ravage ! – 00:01:55
25 Acte IV, sc. 7 : Entr’acte – 00:00:32
26 Acte V, sc. 1 : Prélude – 00:00:51
27 Acte V, sc. 1 : Le Roi : Préparez vos chants d’allégresse ! – 00:01:26
28 Acte V, sc. 1 : Chœur de Peuple : Viens, digne sang des dieux, jouir de ta victoire ! – 00:01:05
29 Acte V, sc. 1 : Le Roi, Philonoë : Et toi, ma fille, abandonne ton âme – 00:01:29
30 Acte V, sc. 1 : Chœur de Peuple : Ô jour pour la Lycie à jamais glorieuse – 00:01:18
31 Acte V, sc. 2 : Pallas, Le Roi, Bellérophon, Philonoë, Chœur de Peuple – 00:04:05
32 Acte V, sc. 3 : Symphonie – 00:00:52
33 Acte V, sc. 3 : Pallas : Connaissez le fils de Neptune ; Symphonie – 00:00:38
34 Acte V, sc. 3 : Bellérophon, Philonoë : Enfin je vous revois princesse incomparable ; Le Roi : Jouis – 00:01:45
35 Acte V, sc. 3 : Chœur de Peuple : Le plus grand des héros rend le calme à la terre – 00:01:19
36 Acte V, sc. 3 : Premier air – 00:00:42
37 Acte V, sc. 3 : Second air – Fanfare ; Chœur de Peuple : Les plaisirs nous préparent leurs charmes – 00:03:09
Céline Scheen, Ingrid Perruche, Jennifer Borghi, sopranos
Cyril Auvity, Evgueniy Alexiev, Jean Teitgen, Robert Getchell, ténors
Chœur de Chambre de Namur
Les Talens Lyriques
Christophe Rousset
Este é um belíssimo disco de vinil que foi digitalizado para nosso gáudio. Leclair foi um grande violinista e compositor, e suas obras não são divulgadas como deveriam. O cara é bom pacas. É considerado o fundador da escola de violino francesa. Leclair estudou dança e violino em Turim. Em 1716, casou com Marie-Rose Casthanie, uma dançarina, que morreu em 1728. Em 1730, Leclair casou pela segunda vez. Sua nova esposa era a gravadora Louise Roussel, que preparou a impressão de todas as suas obras a partir do Opus 2. Leclair foi esfaqueado em 1764. Apesar do homicídio permanecer um mistério, existe a possibilidade de que sua ex-mulher possa ter sido a instigadora… Imaginem só!
Jaap Schröder e sua turma dão um banho de virtuosismo e competência barrocas neste lindo trabalho jamais reeditado em CD.
Jean-Marie Leclair “l’aîné” (1697-1764)
Konzert fur Violin a-moll, op.X, n.6
I. Allegro ma poco
II. Andante, Aria grazioso
III. Allegro
Konzert fur Violin g-moll, op.VII, n.3
I. Allegro ma poco
II. Adagio
III. Allegro assai
Konzert fur Violin a-moll, op.VII, n.5
I. Vivace
II. Largo
III. Allegro assai
Jaap Schröder – Violine und Konzertmeister
Concerto Amsterdam
Mais um tremendo CD desta estranha fase em que ouço Chopin. Acho que meu pai adoraria ter ouvido mais nossa conterrânea Maria João. O segundo concerto para piano e orquestra de Chopin é igualmente bom e imenso, durando mais de 30 minutos. O disco traz esplêndido complemento: os 24 Prelúdios pelas compreensivas mãos desta notável pianista. Deve ser IM-PER-DÍ-VEL !!!
Concerto para piano e Orquestra no.2 em F menor, Op.21 e
24 Prelúdios, Op.28
Concerto para piano e Orquestra no.2 em F menor, Op.21
01. Maestoso [14:34]
02. Larghetto [9:11]
03. Allegro vivace [8:46]
Maria João Pires, piano
Royal Philharmonic Orchestra
André Previn, regente
24 Prelúdios, Op.28
04. 1. in C major [0:34]
05. 2. in A minor [2:32]
06. 3. in G major [1:01]
07. 4. in E minor [2:18]
08. 5. in D major [0:38]
09. 6. in B minor [2:04]
10. 7. in A major [0:50]
11. 8. in F sharp minor [1:55]
12. 9. in E major [1:18]
13. 10. in C sharp minor [0:40]
14. 11. in B major [0:49]
15. 12. in G sharp minor [1:14]
16. 13. in F sharp major [3:19]
17. 14. in E flat minor [0:26]
18. 15. in D flat major (“Raindrop”) [5:56]
19. 16. in B flat minor [1:13]
20. 17. in A flat major [3:20]
21. 18. in F minor [1:03]
22. 19. in E flat major [1:27]
23. 20. in C minor [1:59]
24. 21. in B flat major [1:58]
25. 22. in G minor [0:53]
26. 23. in F major [1:01]
27. 24. in D minor [2:40]
Tenho 60 anos, quase 61. Então, já ouvi várias dezenas de gravações do Concerto Imperador. Nunca gostei muito dele e até enchi o saco, entende? Mas então, chega esta gravação e lança uma bela luz de pureza sobre o tão conhecido concerto e o entusiasmo retorna. Parece que tudo o que a gente desejava a respeito dele foi cumprido. Já a Sonata Op. 111 permanece sob o domínio de Pollini e deverá ficar assim por anos ainda. O entendimento do italiano sobre a peça foi de tal magnitude que — penso –, quem grava depois, teria que partir do deus do piano, criando sua concepção a partir daquele ponto. Mas a tentativa de Freire foi boa.
Um CD que vale pela EXTRAORDINÁRIA gravação do Concerto Nº 5, Imperador.
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Concerto para Piano nº 5, Imperador, e Sonata Op. 111
Concerto para Piano nº 5, Imperador
1. Allegro
2. Adagio un poco mosso
3. Rondo (Allegro)
Sonata Op. 111
4. Maestoso – Allegro con brio ed appassionato
5. Arietta (Adagio molto semplice e cantabile)
Nelson Freire, piano
Gewandhausorchester
Riccardo Chailly
Não há pinturas retratando John Danyel. Ele foi um alaudista e compositor inglês. Nasceu em Wellow, Somerset. Um dia, em post semelhante a este, eu falava na habilidade dos ingleses para criarem canções com melodias simples e grudentas. Tal talento parece que só ganhou reconhecimento mundial na música popular da segunda metade do século XX. Mas sujeitos como este Danyel-sem-rosto já escreviam coisas legais e grudentas há 400 anos. As canções cantadas são entremeadas com peças para alaúde solo. Não chega a ser um grande CD da nossa querida Hyperion, mas é muito agradável.
John Danyel (1564-1626): Songs
1. Like As the Lute Delights
2. Time, Cruel Time
3. Pavan for lute in C major
4. What Delight Can They Enjoy
5. Mrs M E her funeral tears for the death of her husband: Part 1: Grief keep within
6. Mrs M E her funeral tears for the death of her husband: Part 2: Drop not, mine eyes
7. Mrs M E her funeral tears for the death of her husband: Part 3: Have all our passions?
8. Why Canst Thou Not?
9. Stay, Cruel, Stay!
10. Passymeasures Galliard, for 2 lutes
11. Coy Daphne Fled
12. Let Not Cloris Think
13. Eyes Look No More
14. Rosamund, for lute
15. Thou Pretty Bird How Do I See
16. A Fancy, for 2 lutes (incomplete)
17. Dost Thou Withdraw Thy Grace?
18. He Whose Desires
19. If I Could Shut the Gate
20. I die whenas I do no see her
21. Monsieur’s Almain
22. Can Doleful Notes?: Part 1: Can doleful notes?
23. Can Doleful Notes?: Part 2: No, let chromatic tunes
24. Can Doleful Notes?: Part 3: Uncertain turns of thought
25. Now the Earth, the Skies, the Air
26. Mistress Anne Grene Her Leaves Be Greene
Nigel Short (countertenor)
Libby Crabtree (soprano),
Charles Daniels (tenor)
Matthew Vine (tenor)
Adrian Peacock (baixo)
David Miller (lute)
Jacob Heringman (lute)
Mark Caudle (viol)
Talvez esta gravação fique um pouco abaixo daquela clássica de Simon Preston, com The English Concert regido por Trevor Pinnock para a Archiv, mas é um belo registro que não precisa se curvar diante do ícone. Egarr prova ser um excelente solista que dá à música toda a emoção que merece, sem sobrecarregá-la com um virtuosismos superficiais. Melhor ainda, ele entende o significado da música e da face majestática das obras, bem como de sua melancolia e jovialidade, presentes nas proporções corretas. A delicadeza do Concerto Nº 6 é inédita. Eu achei, pelo menos. A qualidade da gravação da HM é, como sempre, sensacional.
G. F. Handel (1685-1759): Organ Concertos Op. 4
Organ Concerto In G Minor Op. 4 No. 1
1 Larghetto, E Staccato 5:02
2 Allegro 5:01
3 Adagio 1:13
4 Andante 4:13
Organ Concerto In B-Flat Major Op. 4 No. 2
5 A Tempo Ordinario, E Staccato 0:50
6 Allegro 4:21
7 Adagio, E Staccato 0:38
8 Allegro, Ma Non Presto 3:29
Organ Concerto In G Minor Op. 4 No. 3
9 Adagio 3:24
10 Allegro 3:41
11 Adagio 0:56
12 Allegro 2:03
Organ Concerto In F Major Op. 4 No. 4
13 Allegro 3:57
14 Andante 4:17
15 Adagio 1:05
16 Allegro 5:04
Organ Concerto In F Major Op. 4 No. 5
17 Larghetto 1:51
18 Allegro 2:25
19 Alla Siciliana 1:28
20 Presto 2:30
Organ Concerto In B-Flat Major Op. 4 No. 6
21 Andante Allegro 6:17
22 Larghetto 4:05
23 Allegro Moderato 2:41
Organ – Richard Egarr
Bass – Tim Amherst*
Bassoon – Alexandre Salles
Cello – Catherine Jones, Imogen Seth Smith*
Lute, Guitar – William Carter
Oboe – Frank de Bruine, Lars Henriksson
Viola – Martin Kelly, Trevor Jones
Violin – Iwona Muszynska, Joanna Lawrence, Marianna Szücs, Pavlo Beznosiuk, Pierre Joubert, Rebecca Livermore, Rodolfo Richter, William Thorp
Academy Of Ancient Music
Passou-se algum tempo. Em 2015, a Orquestra Sinfônica de Boston, com seu grande regente titular Andris Nelsons, lançou a 10ª Sinfonia e, em 2016, vieram as Sinfonias 5, 8 e 9. Mas, céus, certamente valeu a espera esperar dois anos pela continuidade. E todos os registros foram feitos ao vivo, como deve ser.
Devido à relação difícil de Shostakovich com o regime de Stálin, a pretendida estréia da 4ª Sinfonia em 1936 foi cancelada, e o trabalho não recebeu sua primeira apresentação até vinte e cinco anos depois. É uma peça monumental e abrangente, usando uma enorme orquestra, e dizer que ela é extremamente exigente tecnicamente é um eufemismo. Trata-se de uma obra decididamente mahleriana. Shostakovich estudara Mahler por vários anos e aqui estão ecos monumentais destes estudos. Sim, monumentais. Uma orquestra imensa, uma música com grandes contrastes e um tratamento de câmara em muitos episódios: puro Mahler. O maior mérito desta sinfonia é seu poderoso primeiro movimento, que é transformação constante de dois temas principais em que o compositor austríaco é trazido para as marchas de outubro, porém, minha preferência vai para o também mahleriano scherzo central. Ali, Shostakovich realiza uma curiosa mistura entre o tema introdutório da quinta sinfonia de Beethoven e o desenvolve como se fosse a sinfonia “Ressurreição”, Nº 2, de Mahler. Uma alegria para quem gosta de apontar estes diálogos. O final é um “sanduíche”. O bizarro tema ritmado central é envolvido por dois scherzi algo agressivos e ainda por uma música de réquiem. As explicações são muitas e aqui o referencial político parece ser mesmo o mais correto para quem, como Shostakovich, considerava que a URSS viera das mortes da revolução de outubro e estava se dirigindo para as mortes da próxima guerra.
Escrita em 1957, a décima primeira sinfonia é chamada de O Ano de 1905 e é amplamente programática, retratando os eventos dos primórdios da Revolução Russa naquele ano. A abertura Adagio, intitulada The Palace Square, é um tema sombrio, e as cordas de Boston são novamente exemplares: há uma calma gelada em seu tom e, ainda assim, um brilho que de alguma forma oferece um sombrio conforto. É um som extraordinário que é o pano de fundo perfeito para as sinistras interjeições dos tímpanos e das fanfarras de trompete e trompa. Há explosões de metais e percussão no segundo movimento — os tiros nos operários –, uma bela canção de luto no terceiro — tema russo que foi depois retomado por Britten — e uma energia maníaca no quarto. É uma performance aterradora, cheia de força bruta e desespero, mas também grande ternura, particularmente no último movimento.
Esta série de Nelsons fica cada vez melhor. A execução destas sinfonias é notável e certamente se tornará referência. A próxima dupla será as Sinfonias Nº 6 e 7 — data de lançamento a ser anunciada. Mal posso esperar para ouvir!
Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonias Nº 4 e 11
Symphony No. 4 in C Minor, Op. 43
1. 1. Allegretto poco moderato 14:56
2. 2. Presto 11:47
3. 3. Moderato con moto 8:24
4. 4. Largo 6:52
5. 5. Allegro 22:25
Boston Symphony Orchestra
Andris Nelsons
Duração: 1:04:24
Symphony No. 11 in G Minor, Op. 103 “The Year 1905”
1. 1. The Palace Square (Adagio) 17:15
2. 2. The Ninth of January (Allegro – Adagio – Allegro – Adagio) 18:46
3. 3. Eternal Memory (Adagio) 12:28
4. 4. The Tocsin (Allegro non troppo) 14:10
Boston Symphony Orchestra
Andris Nelsons
Duração: 1:02:39
Posso irritar alguns de vocês? Pois é, eu nem gosto muito de Chopin. Mas meu pai — o real, não J. S. Bach — amava Chopin e sinto muita falta dele, de meu pai que faleceu em 1993. Então tento gostar, mas do que gosto mesmo é do fraseado e da elegância da genial pianista portuguesa Maria João Pires. Credo, ela toca muito e, mesmo que a música não me seduza, a arte de Maria João está toda lá, forte e sensível. Olha, gents, eu acho que este deve ser um CD IM-PER-DÍ-VEL para a maioria dos pequepianos. But not for me.
1. Piano Concerto No.1 in E minor, Op.11 – 1. Allegro maestoso 20:45
2. Piano Concerto No.1 in E minor, Op.11 – 2. Romance (Larghetto) 10:14
3. Piano Concerto No.1 in E minor, Op.11 – 3. Rondo (Vivace) 10:44
4. Fantasie in F minor, Op.49 14:45
5. Impromptu No.4 in C sharp minor, Op.66 “Fantaisie-Impromptu” 5:51
6. Berceuse in D flat, Op.57 5:44
Maria João Pires, piano
Chamber Orchestra of Europe
Emmanuel Krivine
Um excelente disco de trombeteadas e lirismo com o Padrão de Qualidade Biber. Trombeteadas porque há várias Sonatas e Balletti para trompetes e lirismo pelas Sonatas e Partitas para cordas. Hum… a faixa 27, aquela Harmonia artificiosa-ariosa! Imaginem entrar em algum lugar em 1696 e ouvir esse tipo de música pela primeira vez… Eu seria derrubado, aniquilado. A Harmonia artificiosa-ariosa é sua última coleção publicada de música instrumental. Contém sete partitas para dois instrumentos e baixo contínuo: cinco para dois violinos, um para duas violas d’amore e um para violino e viola. Mas o resto vale muito a pena, se vale!
Heinrich Ignaz Franz von Biber (1644-1704):Balletti & Sonatas for Trumpetes & String
1. Trumpet Duos (12), for 2 trumpets (Nos. 13-24 of Sonatae, tam Aris), C. 126-137: A Due No. 1
2. Balletti à 6, suite for 2 trumpets, violin, 2 violas & continuo in C major, C. 57: Sonata
3. Balletti à 6, suite for 2 trumpets, violin, 2 violas & continuo in C major, C. 57: Allamanda
4. Balletti à 6, suite for 2 trumpets, violin, 2 violas & continuo in C major, C. 57: Amener
5. Balletti à 6, suite for 2 trumpets, violin, 2 violas & continuo in C major, C. 57: Aria
6. Balletti à 6, suite for 2 trumpets, violin, 2 violas & continuo in C major, C. 57: Balletto
7. Balletti à 6, suite for 2 trumpets, violin, 2 violas & continuo in C major, C. 57: Trazza
8. Balletti à 6, suite for 2 trumpets, violin, 2 violas & continuo in C major, C. 57: Gavotte
9. Balletti à 6, suite for 2 trumpets, violin, 2 violas & continuo in C major, C. 57: Canario
10. Balletti à 6, suite for 2 trumpets, violin, 2 violas & continuo in C major, C. 57: Amoresca
11. Balletti à 6, suite for 2 trumpets, violin, 2 violas & continuo in C major, C. 57: Sarabanda
12. Balletti à 6, suite for 2 trumpets, violin, 2 violas & continuo in C major, C. 57: Gagliarde
13. Balletti à 6, suite for 2 trumpets, violin, 2 violas & continuo in C major, C. 57: Ciacona
14. Trumpet Duos (12), for 2 trumpets (Nos. 13-24 of Sonatae, tam Aris), C. 126-137: A Due No. 6
15. Pars IV of ‘Mensa Sonora’, suite for violins, 2 violas & continuo in B flat major, C. 72: Sonata
16. Pars IV of ‘Mensa Sonora’, suite for violins, 2 violas & continuo in B flat major, C. 72: Allemanda
17. Pars IV of ‘Mensa Sonora’, suite for violins, 2 violas & continuo in B flat major, C. 72: Courante
18. Pars IV of ‘Mensa Sonora’, suite for violins, 2 violas & continuo in B flat major, C. 72: Balletto
19. Pars IV of ‘Mensa Sonora’, suite for violins, 2 violas & continuo in B flat major, C. 72: Sarabanda
20. Pars IV of ‘Mensa Sonora’, suite for violins, 2 violas & continuo in B flat major, C. 72: Gigue
21. Pars IV of ‘Mensa Sonora’, suite for violins, 2 violas & continuo in B flat major, C. 72: Sonatina (Adagio)
22. Trumpet Duos (12), for 2 trumpets (Nos. 13-24 of Sonatae, tam Aris), C. 126-137: A Due No. 2
23. Partita, for 2 violins, viola da braccio & continuo No. 4 in E flat major (Harmonia Artificiosa-Ariosa No. 4), C. 65
24. Trumpet Duos (12), for 2 trumpets (Nos. 13-24 of Sonatae, tam Aris), C. 126-137: A Due No. 4
25. Sonata tam Aris à 5, for trumpet, violin, 2 violas & continuo No. 10 in G minor (Sonatae No. 10), C. 123
26. Trumpet Duos (12), for 2 trumpets (Nos. 13-24 of Sonatae, tam Aris), C. 126-137: A Due No. 10
27. Partita for 2 violins & basso continuo No. 6 in D major (Harmonia Artificiosa-Ariosa No. 6), C. 67
28. Trumpet Duos (12), for 2 trumpets (Nos. 13-24 of Sonatae, tam Aris), C. 126-137: A Due No. 3
29. Sonata tam Aris à 5, for 2 trumpets, 2 violins & continuo No. 7 in G major (Sonatae tam Aris No. 7), C. 120
30. Trumpet Duos (12), for 2 trumpets (Nos. 13-24 of Sonatae, tam Aris), C. 126-137: A Due No. 5
Porém, como estou com 100% de preguiça, vou copiar dois textos abaixo. O primeiro — metade em português, metade em inglês — fala com muita propriedade desta bela e famosa obra de Górecki, a Sinfonia Nº 3, que vendeu inacreditáveis 5 milhões de cópias desta gravação da Nonesuch que posto hoje. Depois a nota biográfica da Wiki a respeito do compositor.
—————————————
Quem imaginaria isso?
Um compositor polonês desconhecido, escrevendo música muito sombria, baseada em textos religiosos, em um estilo que não tem apelo instantâneo, mas exige a atenção do ouvinte por quase uma hora. É dificilmente um material capaz de bater de frente com Madonna ou Beyoncé, certo?
No entanto, a Sinfonia Nº 3 de Henryk Górecki (Symphony of Sorrowful Songs) bateu. Em 1993, uma gravação com Dawn Upshaw e a London Sinfonietta, regida por David Zinman, chegou ao topo dos CDs mais vendidos não apenas de eruditos, mas também de populares, e continua sendo o álbum mais vendido de todos os tempos de música de um compositor contemporâneo — vendeu 1 milhão de cópias, ganhou Discos de Ouro, essas coisas.
É difícil que qualquer CD clássico venda tão bem, mas para uma peça clássica contemporânea, cheia de profundidade e nada feliz, vender tanto assim é inédito.
O mais surpreso de todos, talvez, tenha sido o próprio Henryk Górecki, que nunca se propôs a escrever música popular. Ele fazia parte da escola radical de compositores que incluía Szymanowski e Serocki, que ficaram conhecidos como a escola polonesa, conhecida por seu estilo de composição usando massas sonoras altamente dissonantes. O grupo escreveu música que dispensava ritmo e melodia e focava apenas na cor do tom -– e quanto mais áspera e mais dissonante, melhor, arrisco dizer.
Górecki chegou tarde à composição, antes era um respeitado professor de música na universidade de Katowice. Ele estudou em Paris e foi influenciado por Webern, Stockhausen e especialmente Messiaen, cuja música não estava disponível na Polônia controlada da Guerra Fria.
A maior fonte de inspiração de Górecki, no entanto, sempre foi seu fervoroso catolicismo e seu respeito pela herança cultural polonesa, incluindo textos folclóricos e medievais. Para Górecki, a música deve sempre ter significado e mensagem.
Após o período de vanguarda dos anos 1960, Górecki se afastou da dissonância, foi da aspereza para a harmonia. Nos anos 1970, ele pegou carona no movimento minimalista no ocidente e fundiu tudo numa voz única.
A Sinfonia Nº 3, Symphony of Sorrowful Songs, é uma obra de uma hora de duração que exige nossa atenção. É composta de três movimentos, todos rotulados como Lentos. A música tem deliberadamente uma qualidade ritualística de oração, com a intensidade do canto gregoriano. Os três movimentos têm progressões harmônicas extremamente lentas.
Em 1992, quando a Nonesuch gravou a Sinfonia Nº 3, esta já tinha 15 anos de existência. E foi para o topo da venda de discos no Reino Unido. Em dois anos, a Nonesuch comemorava 700 000 cópias no mundo inteiro, e esse valor é pelo menos quatrocentas vezes mais a expectativa de vendas de uma sinfonia de um compositor relativamente desconhecido no séc XX.
Entretanto, o sucesso da gravação não despertou o interesse em outros trabalhos do compositor. Mas seus Quartetos de Cordas são extraordinários. A Nonesuch bem que tentou repetir o feito com outras composições de Górecki, mas o fenômeno não se repetiu.
Movement 1 – Lento sostenuto tranquillo ma cantabile – (sustained, tranquil, and song-like)
The first movement is a great, complex canon of deep sorrow. It starts almost inaudibly with the basses, then with utmost slowness, progressively rises through the strings until the entire orchestra is involved in its glory.
At its heart, as the strings suddenly fade, lies a 15th century Polish poem known as the Lamentation of the Holy Cross. The Mother of Christ begs her dying son to speak:
My son, chosen and loved,
Let your mother share your wounds
(Full text below)
At the end of this soprano respite, this brief ray of light, the huge string canon returns, more powerful than before. This time it retreats, and eventually fades into oblivion.
Movement 2 – Lento e largo – tranquillissimo
The second movement is based on a message found scrawled on a Gestapo prison cell wall in 1944 by an 18 year old girl Helena Wanda Blazusiakówna:
No, Mother, do not weep,
Most chaste Queen of Heaven
Help me always.
Hail Mary.
It is heralded by a radiant set of chords that has made the whole work famous, but then quickly darkens. Again, the theme is motherhood, but this time, the child calls out to the mother, both actual and spiritual.
Movement 3 – Lento cantabile semplice
The final movement is based on folksong, a mother searching for her son.
Where has he gone,
My dearest son?
Although certainly sorrowful, these diverse texts are linked by the theme of motherhood and motherly love. There is hope and joy, yearning and loss, tenderness and ultimately peace in this music.
To what can we attribute its huge popular success? Certainly it is beautiful music, and beauty is attractive. It is unique music, unlike anything else written recently. Dawn Upshaw’s singing is delicate and radiant. She soars over the orchestra with an other-worldly voice.
But there must be something more. Gorecki seems to have tapped in to a deep need of people in this most secular and uncertain times, a need for meaning, for spiritual comfort, for security. It is no surprise that other best-selling contemporary composers, such as Arvo Pärt and John Taverner share this theme for “holy minimalism”. and lets not forget the monks of the monastery of Santo Domingo de Silos whose original Chant recording has now sold over five million copies.
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A família de Górecki era modesta, e ambos os pais tinham amor à música. O seu pai Roman (1904-1991) era músico amador e a sua mãe Otylia (1909-1935) era pianista. Otylia morreu quando seu filho tinha apenas dois anos de idade, e os primeiros trabalhos de Górecki foram dedicados em memória de sua mãe. Henryk se interessou por música desde cedo, embora fora desanimado por seu pai e por sua madrasta até ao ponto em que não lhe era permitido tocar o velho piano de sua mãe. Entretanto, persistiu, e em 1943, permitiram que ele fizesse aulas de violino com Paweł Hajduga, um músico amador local e fabricante de instrumentos.
É a partir de 1951 que Górecki começa a compor as suas primeiras peças, maioritariamente canções e pequenas peças para piano, quando ingressa na sua primeira escola de música, em Rybnik. Pouco depois, estuda por si mesmo as regras do dodecafonismo e serialismo, e mais tarde evolui para o modernismo de Anton Webern, Iánnis Xenákis e Pierre Boulez. Conclui o curso de composição musical com Bolesław Szabelski em Katowice e, depois de uma pós-graduação em Paris, torna-se professor nessa mesma escola onde estudou.
Durante o seu estudo, Gúrecki apercebe-se da importância de trabalhar para desenvolver uma linguagem própria e as primeiras tentativas surgiram com os Quatro Prelúdios de 1955, evoluindo seriamente durante a década de 1960, considerada o seu período mais dissonante. Em 1969, Górecki parece ter atingido a sua maturidade com Old Polish Music¸ mas é na década de 1970 que atingirá o estilo que mais o caracterizará, com obras como Ad Matrem (1971), a sua Sinfonia n.º 3 (1976) e Beatus Vir (1979). Górecki preocupava-se em conseguir uma ligação perfeita entre o conteúdo espiritual e emocional do texto, frequentemente sagrado ou de origem tradicional com a sua música, e aí residiu o estrondoso sucesso destas composições.
Com a década de 1980, Górecki expande a sua gama de possibilidades e na música dele encontramos radicais contrastes no tempo, nas dinâmicas e na textura harmónica no que toca à oposição entre consonância e dissonância, ao mesmo tempo influenciado pelo folclore da Polónia. Tal expansão artística é visível na sua música de câmara, desde Lerchenmusik (1984) a Little Requiem for a Polka – Kleines Requiem fur eine Polka de 1993.
Ainda na década de oitenta, Górecki torna-se politicamente activo e são-lhe característicos actos em nome de uma causa que defende: depois de ter dedicado muita da sua música ao Papa João Paulo II, demite-se do seu cargo de professor da Escola Superior de Música de Katowice como acto de protesto ao governo por não ter permitido a visita do Papa na cidade; já o seu Miserere foi composto para comemorar a violência decretada contra a [União Comercial Auto-Governativa) Solidariedade.
As suas composições após os anos 1950 e 1960, foram caracterizadas pelo modernismo dissonante com inspiração em Karlheinz Stockhausen, Luigi Nono e seus contemporâneos, Krzysztof Penderecki e Kazimierz Serocki. A meio da década de 1970, Górecki mudou seu estilo em direção do “puro” som minimalista, que foi marcado pela sua Sinfonia n.º 3. Górecki tem progredido com diversos estilos distintos desde a reverência a Beatus Vir (1979), ao meditativo Miserere (1981) e ao espiritualismo de Good Night (1990).
Até 1992, Górecki foi conhecido somente por alguns conhecedores, primeiramente como um dos primeiros compositores responsáveis pelo renascimento da música da Polónia no pós-guerra. Naquele ano a etiqueta Elektra-Nonesuch liberou uma gravação de sua Sinfonia n.º 3, com 15 anos de existência. Esteve no topo da venda de discos no Reino Unido. Em dois anos a sinfonia No.3 tinha vendido mais de 700 000 cópias no mundo inteiro, e esse valor é pelo menos quatrocentas vezes mais a expectativa de vendas de uma sinfonia de um compositor relativamente desconhecido no séc XX. Entretanto o sucesso da gravação não despertou o interesse em outros trabalhos do compositor.
Górecki é casado com Jadwiga Rurańska e tem dois filhos – Anna, uma pianista, e Mikołaj, compositor.
Henryk Górecki (1933-2010): Symphony No. 3, Op. 36 (“Symphony of Sorrowful Songs”)
Movement 1 – Lento sostenuto tranquillo ma cantabile
Movement 2 – Lento e largo – tranquillissimo
Movement 3 – Lento cantabile semplice
Stravinsky criou uma frase muito famosa: “Vivaldi não escreveu 477 concertos, ele escreveu o mesmo concerto 477 vezes”. Mas é somente uma frase de efeito, não podemos concordar com o russo. A frase de Stravinsky é genial porque contém ofensa e explicação. Isso porque Vivaldi é inconfundível e original apesar de seus concertos terem sempre a mesma estrutura. Então, de um ponto de vista moderno, talvez seja razoável dizer que ele fez sempre o mesmo concerto de forma diferente. 477 vezes. Por exemplo, este discos é sensacional. L’Arte dell’Arco é um conjunto brilhante e seu diretor, Frederico Guglielmo, infunde vigor e amor por Vivaldi nesses concertos. Antonio Vivaldi, sendo um padre falsamente celibatário, tinha um grande amor pela jovem virtuosa Anna Maria, possivelmente sua melhor aluna. A música virtuosística que ele escreveu para ela está entre as melhores que ele produziu, e esta gravação apresenta esses concertos com toda a devoção e refinamento que eles merecem. Anna Maria e Chiara foram duas das melhores alunas de Antonio Vivaldi. Elas eram órfãs no Ospedale della Pietà em Veneza — um orfanato estabelecido pela rica classe dominante com o objetivo de criar garotas que seriam úteis à sociedade do ponto de vista prático ou artístico. Vivaldi atuou como diretor musical de 1703 a 1715 e novamente de 1723 a 1740. Mais aqui.
Antonio Vivaldi (1678-1741): Seis Concertos para Anna Maria
Antonio Vivaldi: Violin Concerto in B minor, RV 387
1 I. Allegro
2 II. Largo
3 III. Allegro
Antonio Vivaldi: Violin Concerto in A major, RV 343
4 I. Allegro
5 II. [Largo]
6 III. Allegro
Antonio Vivaldi: Violin Concerto in D major, RV 229
7 I. Allegro
8 II. Largo
9 III. Allegro
Antonio Vivaldi: Violin Concerto in A major, RV 349
10 I. Allegro – Adagio – [Allegro]
11 II. Largo
12 III. Allegro ma poco
Antonio Vivaldi: Violin Concerto in D minor, RV 248
13 I. Allegro
14 II. Largo – Presto – Adagio – [Presto] – Largo
15 III. Allegro ma non molto
Antonio Vivaldi: Violin Concerto in B flat major, RV 366, “Il Carbonelli”
16 I. Allegro
17 II. Adagio
18 III. Allegro
Um disco delicioso que foi indicado para o Grammy de 2006 de “Melhor Composição Contemporânea Clássica”. A música de Golijov é intelectualmente viva e extremamente acessível, é emocionalmente direta e calorosa. Cantora de extraordinária versatilidade, Dawn Upshaw dá à música de Golijov uma performance convincente, enquanto a mistura de instrumentos e a firmeza dos Cães Andaluzes são surpreendentes.
Osvaldo Golijov há muito tempo tem pontos de contato com a música de Berio. Golijov escreveu ciclo de canções, Ayre, para demonstrar o alcance vocal de Dawn Upshaw, assim como Berio fez com Cathy Berberian em seu Folk Songs. Golijov diz que “viu um arco-íris” quando percebeu pela primeira vez a gama de cores na voz de Upshaw. Ela diz: “Ayre me leva vocalmente a lugares onde eu nunca estive antes: em termos estéticos, o ciclo abriu novas portas”. Os solos de clarinete tingidos de klezmer foram inspirados por David Krakauer. Os textos de Golijov são em árabe, hebraico, sardo, espanhol e ladino (a língua perdida dos judeus espanhóis); as melodias são uma mistura de três culturas — cristã, islâmica e judaica — que coexistiram pacificamente na península ibérica.
As canções folclóricas de Luciano Berio para voz e sete instrumentos, compostas há 40 anos para sua esposa Cathy Berberian, abriram caminho para os compositores que queriam destruir a distinção entre música “popular” e “erudita”. Nem todas essas onze peças são canções folclóricas no sentido estrito da palavra: duas são do compositor norte-americano John Jacob Niles e duas são do próprio Berio. Mas as outros vêm da Armênia, França, Sicília e Sardenha, sendo uma delas uma MARAVILHOSA canção de amor do Azerbaijão gravada em um velho 78 rpm por um cantor com uma banda de Baku e transcrita de ouvido por Berio e Berberian. A pontuação de Berio evoca um mundo além da sala de concertos.
Para Osvaldo Golijov, a música de Luciano Berio ocupa um lugar especial: “Sempre me liguei a ele. Foi meu mestre”.
Osvaldo Golijov (1960 – ): Ayre
for Voice and Chamber Ensemble
1. Dawn, St. John’s Day
2. A Mother Roasted Her Child
3. Walls Are Encircling The Land
4. Moon
5. Nani
6. My Love
7. My Eyes Weep
8. Be A String, Water, To My Guitar
9. Untie Your Ribbons
10. O God, Where Shall I Find You?
11. Ariadna In Her Labyrinth
Luciano Berio (1925 – 2003): Folk Songs
for Mezzo Soprano, Flute, Clarinet, Viola, Cello, Harp and Percussion
12. Black Is The Color
13. I Wonder As I Wander
14. Loosin Yelav
15. Rossignolet Du Bois
16. A La Femminisca
17. La Donna Ideale
18. Ballo
19. Motettu De Tristura
20. Malurous Qu’o Uno Fenno
21. Lo Fiolaire
22. Azerbaijan Love Song
Artist : Dawn Upshaw & The Andalucian Dogs
Release date : 2006
Label : ECM Records