Homenagem a Paulo Moura, sax (1933-2010): ConSertão, com Elomar (violão e voz), Moreira Lima (piano e cravo) e Heraldo do Monte (viola brasileira)

Nossa homenagem ao saudoso Ranulfus continuará, também, através da republicação de suas preciosas contribuições ao nosso blog – como esta, que veio à luz em 13/7/2010.

Nota: esta postagem, assim como todas as demais com obras de Heitor Villa-Lobos, não contém links para arquivos de áudio que envolvam o gênio brasileiro pelos motivos expostos AQUI

Embora pessoalmente eu prefira uma outra abordagem do sax (como vocês verão daqui a uns dias), nunca pude deixar de tirar o chapéu para o trabalho do Paulo Moura – que precisamente neste álbum mostra seu fôlego para se estender para além da música da noite urbana (faixas 8, 9, 11, 12), também pelo hierático neo-trovadorismo do arquiteto baiano re-sertanejado Elomar (faixas 1, 2, 3, 4, 13 – especialmente a 4).

Mas Paulo Moura faleceu ontem (12/07/2010) à noite, não é hora de falar.
Deixo vocês com a música.

ConSertão – um passeio musical pelo Brasil
Elomar (composições, violão, voz), Arthur Moreira Lima (piano, cravo),
Heraldo do Monte (viola brasileira, violão elétrico),
Paulo Moura (sax soprano, sopranino e alto)
Participações de Paulo Moura assinaladas com *
Gravadora Kuarup, 1982

01 Estrela maga dos ciganos / Noite de Santos Reis (Elomar)*
02 Na estrada das areias de ouro (Elomar)*
03 Campo branco (Elomar)*
04 Incelença pra terra que o sol matou (Elomar)*
05 Trabalhadores na destoca (Elomar)
06 Pau de arara (Luís Gonzaga)
07 Festa no sertão (Villa-Lobos)
08 Valsa da Dor (Villa-Lobos)*
09 Lenínia (Codó)*
10 Valsa de Esquina nº 12 (F. Mignone)
11 Espinha de bacalhau (Severino Araújo)*
12 Pedacinhos do céu (Waldir Azevedo)*
13 Corban (Elomar)*

. . . . . BAIXE AQUI – download here

Ranulfus

[reverentemente restaurado por Vassily em 27/2/2023]

8 comments / Add your comment below

  1. Opa, Marcelo! Você tem ESSA FANTASIA COM O PAULO MOURA??

    Por um lado eu acho bonito “ver o Brasil pelos olhos europeus” do Eugene Rousseau com Paul Kuentz, mas sempre me perguntei como ficaria essa peça lida por um brasileiro. E o Paulo Moura NÃO é qualquer brasileiro frente a uma peça do Villa-Lobos! Pode ir se preparando pra postar… hehehehe!!! 😀

  2. Hahahahahah… PERNAMBUCANO DETECTED é ótimo!! Mas… verdade que poucos sabem que o Elomar é baiano?? Pensei que era de conhecimento geral.

    Verdade que o pessoal costuma associar a palavra “baiano” exclusivamente àquele clima de Salvador e/ou Recôncavo. Mas o sertão da Bahia já parece mais afim ao sertão do restante do Nordeste que à sua própria capital.

    A propósito, tenho a impressão de que o Elomar nunca se vinculou à palavra “armorial” – mas não sei se algum outro trabalho brasileiro tem tanto a ver com o clima de A Pedra do Reino – não acham?

  3. E por falar em Elomar, cujos trabalhos baixei o que pude, gosto muito de duas canções de sua autoria, interpretados pela, também baiana, Diana Pequeno – Campo Branco e Cantiga de Amigo, aliás, o disco com essas canções é todo perfeito, com arranjos do Décio Marques e outros grandes nomes da música sertaneja nordestina. Os arranjos desse dito cd, “Eterno como areia”, beiram o medieval, com toques de flautas doces, trompas e etc. Esse cd também conta com a participação especial da Marlui Miranda, se não me engano, em duas faixas. Uma dessas faixas é Rio Largo de Profundis, uma canção portuguesa muito empolgante e ritmada de autoria de José Afonso.
    Ranulfus, sobre a Fantasia com o Paulo Moura, pensei que eu já tivesse postado. Vou dar conta disso!

  4. Nossa… Que alegria, em retornar ao melhor blog de música erudita desse país e ver que a equipe continua tão altruísta e esforçada quanto nunca, e que tristeza, ao ler, pela notícia do Ranulfus, que um cara com quem eu tive uma aula uma vez, faleceu.

    Paulo Moura foi uma figura. Ele foi natural da minha cidade, São José do Rio Preto, interior do estado de São Paulo, cidade distante a mais de 450Km da capital. Quando eu ainda era aluno do Projeto Guri, lá mesmo, os professores falaram que esse cara iria dar uma apresentação num sábado, e dar uma aula aberta para músicos no domingo.

    Depois de uma enérgica apresentação, com muitas escalas corridas numa velocidade de dar medo, lá fui eu naquela aula. Ele foi apresentado como uma celebridade, e começou a falar de frente a um auditório como se fosse uma palestra. Mas mal começou a falar, com uma boa dificuldade de discurso, não deu nem 5min e as palavras não vinham mais; ele queria falar alguma coisa, mas não sabia se expressar.

    Aí chegou uma hora que ele fez “nhé” pra todo mundo que estava ouvindo ele, tirou aquele clarinete transparente e começou a tocar. Depois de um tempo, com todo mundo olhando, ele parou, e deu uma bronca num conhecido dele em “por quê ele não tinha tirado o instrumento da capa e não tinha começado a tocar junto”. Aí todo mundo fez isso, e ele começou a passar umas células básicas pra cada músico, e mandava a pessoa ir improvisando em cima, só que todo mundo ao mesmo tempo. Sonoramente aquilo virou uma bagunça durou mais ou menos uma hora, mas foi muito engraçado XD …

    Bem, Ranulfus, muito obrigado por partilhar essa pérola com a gente. Vocês do PQP Bach continuam salvando a vida cultural de muita gente!

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