In memoriam Ammiratore (1970-2021) – Gabriel Fauré (1845-1924): Requiem

In memoriam Ammiratore (1970-2021) – Gabriel Fauré (1845-1924): Requiem

Hoje, quando lembramos que faz um ano que o Ammiratore nos deixou, vítima de uma Covid-19 que já era uma doença prevenível em nações não negacionistas e da necropolítica que matou outros 661.000 brasileiros, nada tenho de muito inteligente para lhes dizer, pois nada há que possa aplacar a tristeza e a revolta com a perda de nosso querido amigo e o morticínio promovido por tão dolosas negligências.

Por isso, hei de lhes oferecer música.

Pensei, primeiramente, em alcançar-lhes alguma gravação do portentoso Requiem de Giuseppe Verdi, até me dar conta de que suas tonitruâncias apocalípticas ornam melhor com meu ódio a todos perpetradores desse hediondo crime sanitário contra os brasileiros do que com a índole de nosso pacato Ammiratore. Ele amava Verdi, sim, e certamente haveria de nos proporcionar uma entusiasmada aula sobre o Requiem dentro de seu projeto de aqui publicar a obra completa do mestre de Roncole. Por isso mesmo – em respeito a nosso amigo, à sua devoção ao Progetto Verdi, e ao colega Alex DeLarge, que tanta dedicação enciclopédica tem empenhado em sua continuidade – resolvi deixar que o Requiem de Giuseppe aqui apareça no devido momento, provavelmente entre AidaOtello, dessa longa travessia.

Em lugar da tonitruância, oferecer-lhes-ei uma obra muito mais afeita à suavidade do homenageado: o Requiem que Gabriel Fauré escreveu entre 1887 e 1890 e revisou algumas vezes. Nessa obra-prima, a sequência Dies Irae, que costuma proporcionar aos compositores os melhores pretextos para derramar magma nos ouvintes, é substituída pela mui branda Pie Jesu, e o sublime In Paradisum que a encerra atesta quão bem-sucedido foi o compositor em suas intenções, aqui expressas em suas próprias palavras:


Tudo o que consegui acalentar por meio de ilusão religiosa coloquei no meu Réquiem, que, além disso, é dominado do começo ao fim pelo sentimento muito humano de fé no descanso eterno.”


E nada mais lhes contarei, além das saudades que tenho de meu amigo, e da vontade de que, em seu eterno descanso, haja muita música.


Gabriel Urbain FAURÉ (1845-1924)

Requiem em Ré menor, para solistas, coro e orquestra, Op. 48
Versão original, publicada em 1893

1 – Introït
2 – Kyrie
3 – Offertoire
4 – Sanctus
5 – Pie Jesu
6 – Agnus Dei
7 – Libera Me
8 – In Paradisum

9 – Cantique de Jean Racine, Op. 11

Sandrine Piau, soprano
Stéphane Degout, barítono
Maîtrise de Paris
Membros da Orchestre National de France
Luc Héry,
violino solo
Christophe Henry, órgão
Laurence Equilbey, regência

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A chegada do Ammiratore ao céu (adulteração de Vassily sobre original de Otto Böhler)

Vassily

Karlheinz Stockhausen (1928-2007) : Harlekin für Klarinette (Michele Marelli)

Karlheinz Stockhausen (1928-2007) : Harlekin für Klarinette (Michele Marelli)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um esplêndido disco! Harlekin (1975) é uma das mais apreciadas obras de Karlheinz Stockhausen pela originalidade de sua mise-en-scène e modo de composição: o clarinetista, de fato, toca, faz mímica e dança. Por isso, há bastante sons de marcenaria no CD, tanto do clarinete quanto dos passos de dança de Marelli. Uma maravilha de ouvir. O Arlequim de Stockhausen já não possui quase nada da commedia dell’arte: o personagem que vemos no palco não se expressa pela palavra, mas pela música e linguagem corporal. A pantomima, em sua totalidade, torna-se uma representação abstrata de sua vida. Stockhausen usa sua Formula. A Formula é uma coleção de notas, dinâmicas, ritmos e fraseados conectados por laços internos e equilibrados por cálculos matemáticos precisos. Entenderam? Pois é. A Formula de Harlekin consiste em 13 sons que evoluem e são modificados, no espaço de 43 minutos, através de nove seções. 

Michele Marelli (1978) é reconhecido internacionalmente como um dos melhores músicos contemporâneos de sua geração. Colaborou com Karlheinz Stockhausen por mais de 10 anos, dando estreias sob sua regência e gravando 2 CDs com o próprio compositor. Stockhausen foi colega de Pierre Boulez, Edgar Varése e Iannis Xenakis. Todos estudaram com o compositor e organista Olivier Messiaen. Críticos do seu trabalho apontam-no como “um dos grandes visionários do século XX no contexto da música pós-moderna”. É conhecido, entre outras coisas, por um trabalho durante a gênese da música eletroacústica e do indeterminismo musical. Músicos de jazz como Miles Davis, Cecil Taylor, Charles Mingus, Herbie Hancock, Yusef Lateef e Anthony Braxton citaram Stockhausen como influência, assim como artistas do rock como Frank Zappa.

AQUI, MAIS E MELHOR.

Karlheinz Stockhansen (1928-2007) : Harlekin ür Klarinette (Michele Marelli)

1. Der Traumbote [5:49]
2. Der spielerische Konstrukteur [6:41]
3. Der verlebte Lyriker [3:22]
4. Der pedantische Lehrer [7:42]
5. Der spitzbübische Joker [3:40]
6. Der leidenschaftliche Tänzer [3:22]
7. Dialog mit einem Fuss [2:10]
8. Harlekin’s Tanz [2:35]
9. Der exaltierte Kreiselgeist [7:24]

Michele Marelli, clarinetto e danza

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Stock feliz por reaparecer no PQP Bach.

PQP

Poulenc (1899-1963) – Música para Piano – Charles Owen ֎

Francis Poulenc

Música para Piano

Charles Owen, piano

 

im-PER-DÍ-VEL!!

Nestes dias de notícias tão alarmantes, de tantas preocupações, verdadeiras atribulações, encontrar uns pedacinhos de alegria ao se reunir com amigos, em receber notícias pessoais que podem ao mesmo tempo alarmar e alegrar, servem como um refrigério.

Nesta lista de coisas que têm me ajudado a sorrir estão a visita da neta, uma ou outra reunião com amigos e familiares e, é claro, a música.

Este disco poderia muito bem ter me escapado entre as muitas tentações que abarrotam minha pasta de música. O selo e o pianista são ingleses e a música, mais francesa impossível. Mas foi amor à primeira audição e quando isso acontece, a postagem acaba acontecendo.

Um disco inteiramente dedicado a peças de Francis Poulenc. E vejam que ele mesmo não as tinha em alta estima. No entanto, esta coleção de peças curtas revela aspectos típicos de sua música, como um que de nostalgia, bastante leveza e muita elegância. Para que essa magia possa ser totalmente revelada é preciso um intérprete sensível, além de competente. Veja que beleza são as Trois Novelettes, passando por diferentes tipos de humor. Outra preciosidade é a suíte Napoli, com uma barcarolle, um noturno e um capricho italiano. Segundo o próprio Charles Owen: “Uma das grandes alegrias ao tocar este repertório é a necessidade de recapturar a joie de vivre inerente nestas composições”.

Charles Owen owns a piano…

Em uma pequena entrevista na BBC Music Magazine, ele revelou algumas peças musicais de que gosta por razões especiais. A Sonata para Piano em lá menor, D 845, de Schubert, o Concerto para Violino de Elgar, o ciclo de Lieder Frauenliebe und -leben, de Schumann, além da ode pastoral L’Allegro, il Peseroso ed il Moderato, de Handel, finalizando com a ópera A Raposinha Esperta, de Janáček.

Estas escolhas se devem a momentos especiais em sua vida, como foi o caso da sonata de Schubert. Aos 13 anos, quando era aluno da Menuhin School, assistiu a um concerto da pianista Imogen Cooper que interpretou esta sonata, deixando-o muito impressionado. Posteriormente Charles tornou-se aluno de Imogen. Você pode já imaginar que a conexão com o Concerto de Elgar se deu através do violinista Yehudi Menuhin. Mas, chega de spoilers, vá em busca da entrevista para descobrir o resto. Além disso, não quero tomar mais de seu tempo, ande, vá logo em busca do download. Tenho certeza que, mesmo ao ouvir este disco uma só vez, vai lembra-se dele com um sorriso.

Francis Poulenc (1899 – 1963)

Les Soirées de Nazelles

  1. Preambule
  2. Cadence
  3. Variation 1: Le comble de la distinction
  4. Variation 2: Le coer sur la main
  5. Variation 3: La desinvoltue et la discretion
  6. Variation 4: La suite dans les idees
  7. Variation 5: Le charme enjoleur
  8. Variation 6: Le contentement de soi
  9. Variation 7: Le gout du malheur
  10. Variation 8: L’alerte vieillesse
  11. Cadence
  12. Finale

Napoli – suite for piano

  1. Barcarolle
  2. Nocturne
  3. Caprice Italien

Mélancolie

  1. Mélancolie

Novelettes

  1. Novelette No. 1 em dó maior: Modere sans lenteur
  2. Novelette No. 2 em si bemol menor: Tres rapide et rythme
  3. Novelette No. 3 em mi menor: Andantino tranquillo

Improvisations

  1. Improvisation No. 1 em si menor
  2. Improvisation No. 2 em lá bemol maior
  3. Improvisation No. 3 em si menor
  4. Improvisation No. 4 em lá bemol maior
  5. Improvisation No. 5 em lá menor
  6. Improvisation No. 6 em si bemol maior
  7. Improvisation No. 7 em dó maior
  8. Improvisation No. 8 em lá menor
  9. Improvisation No. 9 em ré maior
  10. Improvisation No. 10 em fá mior, “Eloge des gammes”
  11. Improvisation No. 11 em sol menor
  12. Improvisation No. 12 em mi bemol maior, “Hommage a Schubert”
  13. Improvisation No. 13 em lá menor
  14. Improvisation No. 14 em ré bemol maior
  15. Improvisation No. 15 em dó menor, “Hommage a Edith Piaf”

Charles Owen, piano

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FLAC | 269 MB

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MP3 | 320 KBPS | 187 MB

Charles Owen esperando o pessoal do PQP Bach para uma entrevista,certo de que terá a última palavra…

A magical album. Charles Owen empathises closely with Poulenc’s elusive idiom catching its delicacy and insouciance brilliantly. An album to cherish and one that will undoubtedly figure highly in my recital discs of 2005.  [MusicWeb International]

Owen’s playing is marvellously alive. Where there are nuances, he finds them; where Poulenc plays the vulgarian (oh so aristocratically!), there too Owen is on the mark. Add to that a lovely ear for balance and fingers that are more than capable of these twisting exercises, and you have enjoyment at a high level.   [Gramophone 2004]

Aproveite!

René Denon

Johannes Brahms (1833-1897): Os Concertos para Piano (Buchbinder / Harnoncourt)

Johannes Brahms (1833-1897): Os Concertos para Piano (Buchbinder / Harnoncourt)

Despojada da maioria dos gostos do final do século 19 e início do século 20, aqui temos uma interpretação clara, nítida e comovente. Sob Harnoncourt, a maravilhosa Royal Concertgebouw Orchestra soa sombria e tempestuosa com um toque da inclinação de menos vibrato aqui e ali. Rudolf Buchbinder e Nikolaus Harnoncourt essencialmente tentam fazer pelas duas obras-primas de Brahms o que Krystian Zimerman conseguiu com tanto sucesso com os dois concertos para piano de Chopin. Eles propõem performances livres de qualquer traço de convenção, nunca dando nada como certo, questionando as partituras e recolocando a música no contexto cultural e biográfico originais. E eles não fazem apenas ajustes: eles encontram respostas. Harnoncourt não muda nada no que Brahms escreveu. Ele apenas dá a cada detalhe, incluindo aqueles geralmente esquecidos, seu devido lugar na trajetória geral da performance. Como especialista em música do Período Clássico – suas sonatas Haydn completas para Teldec ainda estão entre as melhores já gravadas –, Buchbinder se encaixa bem nessa concepção, oferecendo uma execução ao mesmo tempo ousada, bem articulada e dramática, mas sensível ao som e ao equilíbrio. Os andamentos são cuidadosamente escolhidos – espaçosos e tensos nos movimentos externos e relativamente rápidos nos movimentos centrais, para evitar o sentimentalismo excessivo e o risco de tédio. Gostei.

Johannes Brahms (1833-1897): Os Concertos para Piano (Buchbinder / Harnoncourt)

Piano Concerto No.1 In D Minor, D-moll, Op.15
1-1 Maestoso 24:24
1-2 Adagio 13:05
1-3 Rondo: Allegro Non Troppo 12:14

Piano Concerto No.2 In B-Flat Major, B-dur, Op.83
2-1 Allegro Non Troppo 17:49
2-2 Allegro Appassionato 8:57
2-3 Andante 11:41
2-4 Allegretto Grazioso 8:26

Cello – Gregor Horsch (track: 2-3)
Conductor – Nikolaus Harnoncourt
Orchestra – Royal Concertgebouw Orchestra
Piano – Rudolf Buchbinder

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Buchbinder testando um dos pianos da PQPBach Organisationen Klaviertestraum

PQP

Konrad von Würzburg (c.1225-1287): Lieder (Andrea von Ramm)

Konrad von Würzburg (c.1225-1287):  Lieder (Andrea von Ramm)

Um bom disco de música antiga. Como diz o título, são canções de Konrad von Würzburg. Coisinha simples e bonitinha, ideal para dar uns pulinhos medievais pela sala. Konrad von Würzburg foi um poeta, músico e compositor poeta alemão que, durante o declínio da cavalaria medieval, procurou preservar os ideais da vida da corte. De origem humilde, serviu uma sucessão de patronos como poeta profissional e acabou por se estabelecer em Basileia. Suas obras vão de letras de amor e poemas didáticos curtos a épicos em grande escala. Porém, ele está no seu melhor em seus poemas narrativos mais curtos. A originalidade de Konrad é mais de forma do que de conteúdo. O caráter explicitamente didático de sua poesia lhe valeram a estima de seus contemporâneos. Um século depois, a nova geração de poetas-artesãos conhecidos como Meistersingers o nomeou como um dos “12 velhos mestres” da poesia medieval de quem eles se orgulhavam descender. Este disco, por sua vez, descende de um LP bem curtinho.

Konrad von Würzburg (c.1225-1287): Lieder (Andrea von Ramm)

1 Die meister habent wol gesungen (im ‘Langen Ton’) 2:05
2 Hofton 8:53
3 Nun ist niht mêre min dedinge (Kontrafaktur nach dem troubadour Peire Vidal) 3:28
4 Gevîolierte blüete kunst (Totenklage auf Konrad im ‘Zarten Ton’) 2:13
5 Aspis-Ton 4:50
6 Willekomen, sumerweter süeze! 3:32
7 Von allen Singern (in Marners ‘Langem Ton’) 4:30
8 Morgenwîse 6:10

Andrea von Ramm, vocals
Sterling Jones, fiddle, rebec, lyra, hurdy gurdy
Timothy C. Nelson, flute, tin whistle, hurdy gurdy
Christian Schmid-Cadalbert, narration

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Simone Martini (1312)

PQP

Padre Antonio Soler (1720-1783) – Sonatas, Fandango (Maggie Cole, fortepiano e cravo)

Assim como Domenico Scarlatti foi organista na Basílica de São Pedro do Vaticano quando jovem, o Padre Antonio Soler aproximou-se da corte espanhola quando, aos 23 anos e após já ser titular do órgão de igrejas menores, assume os cargos de organista e diretor de coro no grandioso Monasterio de El Escorial, construído no século 16 próximo a Madrid e que, além de Monastério, também era um Palácio Real e local de enterro dos reis da Espanha. Durante os últimos cinco anos de vida de Scarlatti, Soler foi seu aluno e também parece ter sido seu copista, pois ele escreve “e se se encontra nas Obras de Scarlatti tal sinal [duplo sustenido], não a tenham por escrita dele, mas minha.”

Ao mesmo tempo, Soler já começava a compor suas próprias sonatas para cravo, e a proximidade dos dois era tamanha que, em um manuscrito da época, intitulado “Sonatas del Sr. Dn. Domingo Escarlati y otras de frai Antonio Soler”, as sonatas dos dois se misturam ao longo de todo o documento. O nome “frai Antonio Soler” faz referência ao seu período como frade da ordem de São Jerônimo, mas durante a maior parte de sua vida ele foi citado como padre.

Além de sonatas, Soler compôs seis concertos para dois órgãos, além de mais de 300 obras vocais incluindo missas, hinos, motetos e também villancicos, que são obras profanas. E atualmente sua obra mais famosa é um dançante Fandango cheio de variações sobre um baixo constante, muito tocado nos recitais de gente como Scott Ross e Christian Zacharias. O Fandango tem tido sua autoria questionada, mas não deixa de ser uma grande obra espanhola do século 18, sendo ou não de Soler.

Soler é descrito como um homem culto, profundo conhecedor de Latim, de espírito sensível e profundamente religioso. Muito humilde, recusou-se a ser retratado para a galeria dos músicos ilustres da Espanha, postura que nos impediu de conhecer o seu rosto. Grande estudioso, ele publicou um tratado em 1762: Llave de la modulación, y antigüedades de la música. Ali, Soler busca conceituar a modulação que ele e seus contemporâneos faziam no cravo, pianoforte e órgão, normalmente de forma improvisada: “a Modulação, segundo sua definição geral, é a suavidade nos trânsitos de um tom a outro”. No prefácio, Don Joseph de Nebra, Organista e Vice-Maestro da Real Capela de Sua Majestade, afirma: “Confesso com ingenuidade que nunca pensei que pudessem dar regras fixas para Modulações tão sofisticadas: acreditava que eram produzidas pela prática, pelo bom gosto, pela fineza do ouvido …” E Don Antonio Ripa, outro grande organista da época, apresentou a obra de Soler com estas palavras que deixam claro que a função da obra era sobretudo como guia para o improviso, e que nem todos os improvisadores da Espanha eram tão bons como Soler, alguns até incomodavam os ouvidos:
“Julgo que esta Obra há de ser de muita utilidade, não só para Mestres de Capela e Organistas, a quem abre portas com várias regras e Modulações de bom gosto, para que à sua imitação suas produções musicais tenham novidade e boa harmonia, sem incorrer no defeito da aspereza e sem serem ingratas ao ouvido”.

Eu gosto de álbuns como este, em que Maggie Cole toca a música de Soler em dois instrumentos: um fortepiano e um cravo. Fica evidente que a música de Soler soa bem em ambos e que a busca por um instrumento mais correto que os outros às vezes é um preciosismo bobo, provavelmente impensável nos tempos de Soler, quando se tocava com o instrumento que estivesse disponível e afinado. Outra constatação: ao contrário do piano dos nossos dias, de som muito mais potente que o cravo, naquela época talvez os pianofortes fosse mais suaves e com um som menos encorpado do que seu parente mais velho. De fato, muitos cravos de meados do século 18 eram bem maiores do que aqueles do século anterior… Como resume o especialista em instrumentos antigos Michael Latcham, os novos cravos na corte espanhola tinham sessenta e uma notas, mais do que qualquer um dos cinco pianofortes que a rainha Maria Bárbara havia encomendado de Florença. O maior cravo, segundo Latcham, era transportado de palácio em palácio conforme a corte se mudava ao longo do ano. No outono a corte ficava no Escorial. Ali, Soler deve ter ouvido Maria Bárbara e Scarlatti tocarem neste instrumento.

Padre Antonio Soler (1720-1783) – Sonatas, Fandango
01. Sonata 72 in F minor
02. Sonata 41 in E flat Major
03. Sonata 18 in C minor
04. Sonata 19 in C minor
05. Sonata 87 in G minor
06. Sonata 78 in F sharp minor
07. Fandango
08. Sonata 84 in D Major
09. Sonata 86 in D Major
10. Sonata 85 in F sharp minor
11. Sonata 90 in F sharp Major
12. Sonata 88 in D flat Major

Maggie Cole, fortepiano  (1-6) and harpsichord (7-12)
Fortepiano: Derek Adlam 1987, after Anton Walter, Vienna circa 1795
Harpsichord: Robert Goble 1986, after AH Haas, Hamburg 1740
Recorded at Abbey Road Studio nº1, London November 1989

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Frade Dominicano (El Greco, 1605)

Pleyel