NOVOS LINKS, HOSPEDADOS NO ONEDRIVE. E TAMBÉM PARA NOS LEMBRARMOS DO COLEGA AMIRATTORE, QUE PARTIU TÃO PRECOCEMENTE. LEMBRO COMO ELE ESTAVA NERVOSO ENQUANTO PREPARAVA O TEXTO.
Por um incrível capricho do destino, hoje comemoram-se os 136 anos da morte de Richard Wagner. Confesso que só fui me aperceber disso depois da postagem concluída e agendada.
Este projeto de postar as óperas wagnerianas do ciclo do ‘Anel dos Nibelungos’ está sendo feito a quatro mãos: eu, FDPBach, e Ammiratore, uma grata aquisição para o blog, um apaixonado por ópera e dono de um acervo considerável. E digo grata aquisição tanto no sentido de conhecimento e paixão pela música, quanto pela amizade que já desenvolvemos, mesmo estando a 800 quilômetros de distância um do outro e conversando apenas por email e Whattsapp.
Sempre temi postar Wagner, não apenas pela complexidade de botar no ar quatorze CDs, mas também pela paixão que o compositor suscita entre seus admiradores. Eu fazia parte de uma comunidade no antigo Orkut formada por estes wagnerianos. E os caras eram peso pesado, alguns inclusive já tinham ido a Bayreuth algumas vezes para assistir a apresentações destas óperas, e eram profundos conhecedores da obra. Devo muito a alguns destes participantes, aprendi muito com eles, infelizmente com o fim daquela rede social, perdi contato com eles.
A escolha da versão que Herbert von Karajan gravou entre 1967 e 1968 foi mais por uma questão de praticidade de minha parte, pois estes arquivos estavam mais facilmente ao alcance. Na verdade, desde o começo a opção foi por ele. Cogitamos George Solti e Karl Böhm, até mesmo uma ‘obscura’ versão do Giuseppe Sinopoli foi cogitada, gravada ao vivo em Bayreuth, mas no final das contas, o nome do velho Kaiser falou mais alto.
O texto de apresentação é do nosso especialista em Ópera, Ammiratore.
“Adoro Wagner, achei importante antes de comentar as obras da tetralogia citar algumas nuances para compreender a excelência do trabalho do compositor. Então vamos lá: “O Anel do Nibelungo”, drama musical que Richard Wagner (1813 – 1883) escreveu durante 26 anos (1848 a 1874), constitui um ciclo de quatro óperas épicas, com cerca de 15 horas de duração. A primeira apresentação de todo o ciclo aconteceu em Bayreuth em 13 de agosto de 1876. Das Rheingold já havia estreado em Munique em 1869, a contragosto do autor.
Wagner criou a história do anel ao fundir elementos de diversas histórias e mitos das mitologias germânica e escandinávia. Em 1851 Wagner escrevia aos amigos: “os meus estudos levaram-me através da Idade-Média até aos antigos Mitos Germânicos fundadores…Aí descobri o Homem Verdadeiro (der wahre Mensch)”. Os Eddas (nome dado a duas coletâneas distintas de textos do séc. XIII, encontradas na Islândia, e que permitiram iniciar o estudo e a compilação das histórias referentes aos deuses e heróis da mitologia nórdica e germânica) forneceram material para Das Rheingold, enquanto Die Walküre é amplamente baseada na Saga dos Volsungos (saga islandesa, escrita por volta de 1300, com base na tradição germânica, os eventos reais que inspiraram a narração fantasiosa da saga ocorreram na Europa Central nos séculos V e VI dC). Siegfried contém elementos dos Eddas, da Saga dos Volsungos e da Saga Thidreks (saga nórdica.) A ópera final, Götterdämmerung, é baseada no poema do século XII Nibelungenlied (poema épico escrito na Idade Média por volta de 1200, baseada em motivos heróicos germânicos pré-cristãos) que foi a inspiração original para o Anel. O ciclo é modelado assim como os dramas do teatro grego em que eram apresentadas três tragédias e uma peça satírica. A história do Anel propriamente dita começa com Die Walküre e termina com Götterdämmerung, de forma que Das Rheingold serve como um prólogo. Ao agregar tais fontes numa história concisa, Wagner também acrescentou diversos conceitos modernos. Um dos principais temas do ciclo é a luta do amor, associada à natureza, e liberdade, contra o poder, que está associada à civilização e à lei.
Para realizar a montagem desta saga épica, seria também necessário inovar, Wagner concebeu um arrojado projeto: a construção de um teatro dotado de características imprescindíveis para a apresentação das suas óperas; o teatro da ópera de Bayreuth, na Alemanha. Favoreceu as circunstâncias e os fatores que facultassem ao público uma completa submersão ao tema do espetáculo. Utilizou efeitos sonoros, escureceu a sala de espetáculo, tornou a orquestra invisível ao espectador e realinhou a plateia para que o espectador melhor se envolvesse na performance. Vale lembrar que até meados do séc. XIX, o comportamento do espectador durante um espetáculo de ópera era completamente distinto do dos dias de hoje: entrava-se e saía-se da sala arbitrariamente para comer, ler jornais ou revistas, conversar, jogar às cartas ou falar de política. Só as famosas árias cantadas por artistas de renome eram escutadas com atenção. Wagner pretendia que a arte passasse por um processo de reeducação do público através dos modelos da Grécia antiga. Isto não seria feito através de uma transposição da tragédia grega para o século XIX, mas sim, através de uma releitura do passado. Consciente desta realidade, inspirado na estrutura da tragédia grega e defendendo valores intrinsecamente românticos, o compositor propunha a junção entre diferentes formas ou linguagens artísticas, pretendendo produzir um espetáculo abrangente, pleno e absoluto. A ópera de Wagner requer uma atitude específica por parte do espectador que terá que mergulhar na obra para que a mágica se complete e tenha efeito. Foram transformações invulgares para a época. Atualmente, porém, são lugar comum nos espetáculos de ópera e de bailado contemporâneos, possibilitando uma unificação entre o público, a orquestra e a cena propriamente dita. O impacto das ideias de Wagner ainda pode ser sentido em muitas manifestações artísticas ao longo de todo o século XX (sobretudo no cinema com “leitmotiv” caracterizando personagens na telona).
Vamos tentar deixar a política e as tretas envolvidas de lado e focar na arte; na noite de 13 de agosto de 1876 inaugurava-se em Bayreuth, na Baviera, um teatro sem similar no mundo. Havia, além do imenso auditório, cercado de colunas em estilo grego, um extraordinário conjunto de recursos técnicos que permitiam encenações muito mais ricas e complexas. Para alicerçar a grandiosidade do Anel, Wagner empregou uma orquestra gigantesca. E porque pretendia obter certos efeitos especiais, abriu lugar, na orquestração, a instrumentos que ele próprio inventou: as tubas wagnerianas ou tubas de Bayreuth – como são hoje conhecidos esses produtos híbridos da trompa tradicional e do trombone. Wagner julgava seu timbre ideal para certos momentos bem específicos, como os temas principais do Walhalla e o tema dos Walsungos. Então ali, entre monarcas e demais convidados ilustres, Wilhelm Richard Wagner, realiza o velho sonho: finalmente,
seria levado à cena, por completo, o ciclo de quatro dramas musicais que formava a sua maior obra – O Anel do Nibelungo. A 17 de agosto, encerrava-se com êxito a primeira apresentação integral, sob a regência de Hans Richter; e o espetáculo iria repetir-se por mais duas vezes consecutivas. Diversas são as opiniões sobre a monumental tetralogia, a que gostei mais foi dada pelo compositor e viajante inveterado o francês Saint – Saens: “Mil críticos, escrevendo cada qual mil linhas, durante dez anos, danificaram esta obra tanto quanto a respiração de uma criança poria em risco a estabilidade das pirâmides do Egito”.
Resumo: O ouro do Reno (Das Rheingold)
Nas águas serenas do Reno, três moças nadam com movimentos ágeis. As ondinas, filhas do velho rio, parecem apenas divertir-se – seu canto alegre assim faz crer – mas ali estão com tarefa bem precisa: são as guardiãs do ouro oculto e protegido no fundo da corrente. Woglinde, Wellgunde e Flosshilde surpreendem-se com o aparecimento de Alberich, o anão que vive com seus iguais em Nibelheim, lugar de escuras cavernas. Chegam a assustar-se, ao se verem perseguidas pelo anão, cujos olhos as cobiçam e desejam. Mas a apreensão dos primeiros momentos logo acalma e passam a rir-se, entre acenos de estímulo e rápidas esquivas, enquanto Alherich vocifera por não realizar seus intentos. Exasperado, êle as maldiz, e as ondinas tornam a afastar-se por entre as rochas. E quando intensa, fulgurante luminosidade se insinua por entre as águas, fazendo o anão deter-se em tensa expectativa. Que significaria aquele clarão? Respondem-lhe as jovens que é o ouro do Reno a refulgir. “E para que serve esse ouro?” pergunta ainda Alberich. Fica sabendo, então, que o valioso metal é fonte de todo poder: será senhor do mundo quem com ele fundir um anel, adorno que imediatamente concentrará incomensurável força de sortilégio. Há um pormenor, porém: somente será capaz de moldar o anel aquele que renunciar ao amor. E isso tranquiliza as ondinas, que fazem a sedutora revelação sem recear pela segurança do tesouro. Afinal, parece-lhes evidente que Alberich não optaria jamais por aquela hipótese. Enganavam-se: ele, agora, deseja ardentemente o poder sem medida. E, com um grito, expressa a escolha inesperada – “Eu maldigo o amor!” -, enquanto se lança em direção ao ouro, do qual se apossa, para desaparecer em seguida nas profundezas que o levariam de volta a Nibelheim. Em vão as filhas do Reno clamam por socorro. Esvai-se a luz. Desce uma névoa cinzenta, que se transforma depois em nuvens sempre mais claras. Ao dissolver-se, permite ver uma região montanhosa. Ao fundo, domina majestosa construção, de contornos cintilantes, a cujos pés corre o Reno, num vale profundo. Há pouco despertados, Wotan, pai dos deuses, e sua mulher, Fricka, deusa da virtude e da fecundidade, extasiam-se com a visão da morada divina, levantada pelos gigantes Fasolt e Fafner. Dura pouco, no entanto, este despreocupado embevecimento. Fricka lembra a Wotan o preço que devem pagar aos construtores: a virgem Freia. Que farão os deuses quando,sem ela, que é a deusa do amor e da eterna juventude, começarem a envelhecer e se forem aproximando irremediavelmente da hora extrema? Wotan responde-lhe com palavras de otimismo: que não se aflija, pois, na verdade nunca pensou realmente em entregar Fréia e está certo de poder convencer os gigantes a aceitarem outra recompensa qualquer. Para tanto, conta sobretudo com a astuciosa inventividade de Loge, deus do fogo. Mas Fasolt e Fafner já cuidam de apossar-se da virgem. Perseguida por ambos, ela corre espavorida junto: de Wotan. Este tenta ganhar tempo,mas apenas enfurece os gigantes quando diz, a princípio, não se lembrar da promessa, argumentando depois que nela consentira apenas por brincadeira. Providencialmente, aparecem Donner, deus da tempestade e do trovão, e Froh, deus do sol, que arremetem contra os irados gigantes. É o próprio Wotan, todavia, quem se empenha em apartar os contendores, curvando-se, finalmente, à evidência de que, sendo também o deus dos tratados, não lhe resta alternativa senão cumprir o acordo. Eis então que chega o astuto Loge; mas sua presença, para desencanto de Wotan, em nada contribui para tirá-lo da difícil situação. Bem pelo contrário: o deus do fogo admite que os giganta realmente merecem Fréia, tão portentosa é a obra que concluíram. Procurou muito – diz – nada encontrou que, em substituição a virgem, pudesse servir de recompensa à altura do empreendimento. E, aparentando indiferença relata a Wotan o roubo do ouro pelo anão Alberich, agora dotado de infinitos poderes, já que deve ter moldado o anel mágico. Fasolt e Fafner mostram-se interessados, pedem detalhes, principalmente porque sempre temeram os homenzinhos de Nibelheim. Wotan, por sua vez ouve, imerso em sonhos de grandeza inspirados pela possibilidade de ficar de posse do anel fabuloso. Não concorda, por isso, quando os gigantes exigem que o anel lhes seja entregue, para desistirem de Fréia. Além do mais, como pode dispor de algo que não possui? Ante a relutância de Wotan, Fasolt agarra a virgem e declara-se disposto a aguardar somente até a noite por uma decisão. Wotan que escolha:
conseguir o anel e entregá-lo, ou perder para sempre a juventude. Os gigantes se afastam, arrastando Fréia. A medida que se distanciam, os deuses vão-se transfigurando, para ganharem aparencia de velhos cansados. Wotan não pode perder sequer outro minuto: descerá com Loge ao reino de Nibelheim.
Dono do ouro, Alberich é agora senhor de todos os anões que vivem em Nibelheim, servos que devem entregar-lhe os objetos preciosos que fabricam. Nas profundezas da Terra, o reino dos anões vive em terror, sob o jugo daquele que se apossou do ouro do Reno e moldou o anel mágico. É Mime, irmão de Alberich, quem retrata a Wotan e Loge a desdita de seu povo. E mais: usando um elmo (o Tarnhelm), que lhe ordenara fabricar com o mesmo ouro, Alberich ganhou ainda o poder de tornar-se invisível ou transformar-se no que bem entender, para mais facilmente exercer seu domínio. Nesse momento surge Alberich. Pergunta aos deuses o que fazem ali. Tem uma resposta que mexe com sua vaidade: diz Wotan que vieram apreciar de perto as maravilhas que, ouviram falar, vêm-se processando em Nibelheim sob seu comando. O anão desfia seguidas bravatas, escarnece mesmo da condição inferior dos interlocutores ante seus poderes. Loge prossegue no jogo: e como faz Alberich para se precaver contra possíveis tentativas de lhe tomarem o anel, quando está dormindo? O anão explica que, graças ao elmo, pode tornar-se invisível. Por isso, adormece tranquilo. Loge pede-lhe uma prova concreta dessa capacidade. Alberich o atende de imediato, transformando-se em dragão. E seria ele capaz de transmudar-se num ser de tamanho bem pequeno para, se fosse o caso, mais facilmente escapar numa emergência? Ainda uma vez Alberich se deixa ludibriar e comprova a versatilidade do poder mágico: em segundos, é apenas um sapo. Imediatamente, Wotan o prende sob o pé, enquanto Loge lhe arrebata o elmo. Voltando à sua forma natural, Alberich procura resistir, mas é amarrado e levado para a superfície. Ali, os deuses obrigam-no a entregar todo o tesouro, se quiser reaver a liberdade. Sem alternativa, Alberich lhes faz a vontade e, sob ameaças, abre mão também do anel, que Wotan coloca no próprio dedo. Lança, no entanto, tanto, feroz maldição:” Assim como o anel deu a mim poder ilimitado, do mesmo modo vitime pela sua magia aqueles que o possuírem!”
Chegam os gigantes, que renovam a oferta de acordo. Exigem, porém – é Fasolt quem fala -, tanto ouro quanto seja necessário para ocultar de suas vistas toda a formosura da virgem. Os deuses atendem, vendo-se por fim privados do próprio anel e até do elmo, apesar dos protestos de Wotan.
Os gigantes libertam Fréia, que, jubilosa, se reúne a seus pares, de novo jovens e imortais. Agora, porém, os dois discutem, Fafner querendo a parte maior do tesouro. Termina por matar Fasolt. Ouvem-se trovoadas ensurdecedoras, relâmpagos cortam o céu. Não demora a surgir esplêndido arco-íris, verdadeira ponte que se estende do altiplano, onde se encontram os deuses, ao rochedo, no qual se ergue o castelo deslumbrante. Guiados por Wotan, todos se dirigem para o Walhalla, magnífica morada.”
Após esta breve descrição da ópera, Ammiratore faz uma análise mais detalhadas dos solistas envolvidos:
Como poderíamos esperar, Karajan interpreta “ O ouro do Reno “ como música de um cosmos lírico, com uma clareza radiante, virtuosidade de som, contrastes altamente eficazes, beleza vocal e instrumental. O que se destaca especialmente é o cuidado que Karajan leva para ser sempre mais atencioso com seus cantores, e isso ele certamente é. Para assegurar a beleza vocal e instrumental da tetralogia é necessário invocar as forças dos deuses da música e Karajan as possui. Karajan sempre em sinergia com a Orquestra Filarmônica de Berlim e seu admirável elenco de cantores. Um ótimo exemplo da unidade orquestral está no início do Preludio, o som que Karajan tira dos contrabaixos é envolvente, imergimos imediatamente na atmosfera do drama musical. Os “efeitos” usados na gravação como o som dos martelos e dos gritos dos Nibelungos estão na medida certa, sem exageros. Fischer-Dieskau, um barítono leve é um Wotan que nos leva a sua origem divina, voz muito bonita e Karajan dá um tratamento em que podemos apreciar plenamente sua performance verdadeiramente distinta. Gerhard Stolze interpreta Loge e da um relato malicioso e astucioso do desprezo pelos outros deuses. Como Martin Cooper diz no livreto desta gravação, Loge é “o único ser claro e racional em todas as personagens do Anel, os outros são os escravos de suas paixões, suas ambições ou emoções”. Stolze usa uma extraordinária variedade de tom de um mero sussurro – às vezes quase inaudível – para a denúncia, e gerencia as frases líricas que lhe são dadas muito bem. Este é um desempenho virtuoso. Zoltan Kelemen é um Alberich que preenche os seus momentos de ódio e indignação muito bem. Erwin Wohlfahrt é um Mime bem cantado. O baixo enorme de Martti Talvela como Fasolt é vocalmente extraordinário e sua abordagem romântica sugere um jovem gigante romântico mais interessado em Freia do que no ouro. Karl Ridderbusch como Fafner, também uma bela voz, demosntra frieza convincente. Entre as cantoras Josephine Veasey se destaca como Fricka e dá outro excelente desempenho nesta gravação.
Em suma, esta série do Anel que postaremos com o Karajan e sua turma é soberbo, interpretação extraordinariamente fiel, nunca excêntrica, nunca intrusiva, lírica, sem nunca tornar-se frouxa ou lenta, dramática sem nunca ser arrogante, uma abordagem sutil, sem ser agressiva – elegante. Gravações esplêndidas.
Dietrich Fischer-Dieskau barítono – Wotan
Zoltán Kelemen baixo – Alberich
Josephine Veasey mezzo – Fricka
Gerhard Stolze tenor – Loge
Erwin Wohlfahrt tenor – Mime
Martti Talvela baixo – Fasolt
Karl Ridderbusch baixo – Fafner
Donald Grobe tenor Froh
Simone Mangelsdorff soprano – Freia
Helen Donath soprano – Woglinde
Edda Moser soprano – Wellgunde
Anna Reynolds mezzo – Flosshilde
Berlin Philharmonic Orchestra / Herbert von Karajan
CD 1
1 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A – Vorspiel
2 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Erste Szene – “Weia! Waga! Woge du Welle!”
3 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Erste Szene – “He he! Ihr Nicker!”
4 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Erste Szene – “Garstig glatter glitschriger Glimmer!”
5 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Erste Szene – “Lugt, Schwestern! Die Weckerin lacht in den Grund”
6 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Erste Szene – “Nur wer der Minne Macht entsagt”
7 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Erste Szene – “Der Welt Erbe gewänn’ ich zu eigen durch dich?”
8 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Erste Szene – “Haltet den Räuber!”
9 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – Einleitung
10 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – “Wotan! Gemahl! Erwache!”
11 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – “So schirme sie jetzt”
12 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – “Sanft schloss Schlaf dein Aug'”
13 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – “Was sagst du? Ha, sinnst du Verrat?”
14 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – “Du da, folge uns!”
15 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – “Endlich, Loge! Eiltest du so”
16 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – “Immer ist Undank Loges Lohn!”
17 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – “Ein Runenzauber zwingt das Gold zum Reif”
18 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – “Hör’, Wotan, der Harrenden Wort!”
19 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – “Schwester! Brüder! Rettet! Helft!”
20 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – “Wotan, Gemahl, unsel’ger Mann!”
21 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – Verwandlungsmusik
22 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Dritte Szene – “Hehe! hehe! hieher! hieher! Tückischer Zwerg!”
23 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Dritte Szene – “Nibelheim hier”
24 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Dritte Szene – “Nehmt euch in acht! Alberich naht!”
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Disc 2
1 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Dritte Szene – “Zittre und zage, gezähmtes Heer”
2 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Dritte Szene – “Die in linder Lüfte Wehn da oben ihr lebt”
3 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Dritte Szene – “Ohe! Ohe! Schreckliche Schlange”
4 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Dritte Szene – “Dort die Kröte! Greife sie rasch!”
5 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Da, Vetter, sitze du fest!”
6 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Wohlan, die Niblungen rief ich mir nah”
7 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Gezahlt hab’ ich, nun lasst mich ziehn”
8 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Ist er gelöst?”
9 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Lauschtest du seinem Liebesgruß?”
10 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Lieblichste Schwester, süsseste Lust!”
11 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Gepflanzt sind die Pfähle nach Pfandes Mass”
12 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Weiche, Wotan, weiche! Flieh des Ringes Fluch!”
13 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Soll ich sorgen und fürchten”
14 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Halt, du Gieriger! Gönne mir auch was!”
15 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Nun blinzle nach Freias Blick”
16 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “He da! He da! He do! Zu mir, du Gedüft!”
17 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Bruder, hieher! Weise der Brücke den Weg! … Zur Burg führt die Brücke”
18 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Abendlich strahlt der Sonne Auge”
19 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “So grüss’ ich die Burg”
20 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Rheingold! Rheingold!”
21 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A – Vorspiel
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Ammiratore e FDPBach