Igor Stravinsky (1882-1971) – Ballets, Stage Works and Orchestral Works (Ansermet) – 50 anos de Falecimento

Exatos dez anos depois, aqui estamos mais uma vez, homenageando os 50 anos do falecimento de Stravinsky após 88 anos passados entre São Petersburgo, Paris, Suíça, Califórnia e Nova York. Ernest Ansermet foi o maestro que estreou várias das obras contidas nestes 8 CDs. Ele conhecia de cabo a rabo os famosos balés Pássaro de Fogo, Petrushka e Sagração da Primavera. Chamo atenção também para duas outras obras menos conhecidas: as Sinfonias para instrumentos de sopro, no CD 6, composta em homenagem a Debussy poucos anos após sua morte, nas quais Stravinsky emula a leveza de seu ídolo francês. A obra foi estreada em Londres por uma orquestra pouco familiarizada com esse tipo de música, e foi um fracasso. Ansermet, pelo que diz o encarte desta caixa, foi o primeiro a regê-la com uma orquestra devidamente preparada.

A outra obra que me dá arrepios na gravação de Ansermet é o Canto do rouxinol, em que ouvimos uma espécie de disputa de canto entre um rouxinol verdadeiro e um rouxinol mecânico… A obra tem a beleza bucólica dos pássaros orquestrados por Beethoven (Sinfonia Pastoral), Mahler (Sinfonia nº 3), Villa-Lobos (Uirapuru) e Messiaen (Réveil des oiseaux) ao mesmo tempo em que o lado mecânico e industrial de obras vanguardistas de Arthur Honegger (Pacific 231), Shostakovich (Sinfonia nº2 e outros momentos de realismo proletário) e novamente Villa-Lobos (Trenzinho do Caipira), tudo isso na mesma obra em um diálogo que resume algumas das grandes questões de sua época: o orgânico versus o mecânico, o improviso instintivo versus a perfeição das máquinas, o tradicional versus o novo, o selvagem versus o civilizado, a curva versus o ângulo reto. São questões que dialogam com as vanguardas futuristas dos anos 1910 e 20 e são ainda questões da nossa época. (Pleyel, 2021)

Ainda em homenagem ao aniversário de 40 anos [6 de abril de 2011] do falecimento de Igor Stravinsky, quero compartilhar essa maravilhosa e imperdível coleção de 8 cds com a Orchestre de la Suisse Romande na regência do extraordinário Ernest Ansermet, e trazer-lhes ainda, um pequeno trecho da reportagem do New York Times do dia do falecimento do compositor.

Igor Stravinsky, the Composer, Dead at 88

By DONAL HENAHAN

Igor Stravinsky, the composer whose “Le Sacre du Printemps” exploded in the face of the music world in 1913 and blew it into the 20th century, died of heart failure yesterday.
The Russian-born musician, 88 years old, had been in frail health for years but had been released from Lenox Hill Hospital in good condition only a week before his death, which came at 5:20 A.M. in his newly purchased apartment at 920 Fifth Avenue.
Stravinsky’s power as a detonating force and his position as this century’s most significant composer were summed up by Pierre Boulez, who becomes musical director of the New York Philharmonic next season:
“The death of Stravinsky means the final disappearance of a musical generation which gave music its basic shock at the beginning of this century and which brought about the real departure from Romanticism.
“Something radically new, even foreign to Western tradition, had to be found for music to survive, and to enter our contemporary era. The glory of Stravinsky was to have belonged to this extremely gifted generation and to be one of the most creative of them all.”

Leia AQUI o texto na íntegra .

Tenha uma ótima audição!

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Stravinsky – Ballets, Stage Works and Orchestral Works

CD 1 – Download Here / Baixe Aqui – Mega ou Aqui – Mediafire
L’oiseau de feu – Pássaro de fogo
Le Chant du rossignol – O Canto do rouxinol

CD 2 – Download Here / Baixe Aqui – Mega ou Aqui – Mediafire
Petrushhka
Le Sacre du printemps – Sagração da primavera

CD 3 – Download Here / Baixe Aqui – Mega ou Aqui – Mediafire
Pulcinella (Marilyn Tyler, soprano / Carlo Franzini, tenor / Boris Carmeli, bass)
Apollon musagète – Apolo, líder das musas

CD 4 – Download Here / Baixe Aqui – Mega ou Aqui – Mediafire
Le baiser de la fée – O Beijo da fada
Renard – A Raposa (estória burlesca) (Gerald English, John Mitchinson, tenors / Peter Glossop, baritone / Joseph Rouleau, bass)

CD 5 – Download Here / Baixe Aqui – Mega ou Aqui – Mediafire
L’histoire du soldat (Suite) – A História do soldado (Suíte)
Pulcinella – Suite

CD 6 – Download Here / Baixe Aqui – Mega ou Aqui – Mediafire
Symphony in C – Sinfonia em Dó Maior
Symphony in Three Movements – Sinfonia em três movimentos
Symphonies of Winds – Sinfonias para instrumentos de sopro

CD 7 – Download Here / Baixe Aqui – Mega ou Aqui – Mediafire
Concerto for piano (Nikita Magaloff, piano)
Capriccio for piano (Nikita Magaloff, piano)
Suites 1-2 for Orchestra
4 Études for Orchestra
Scherzo à la russe

CD 8 – Download Here / Baixe Aqui – Mega ou Aqui – Mediafire
CD 08 – Download Here / Baixe Aqui
Symphony of Psalms (Choeur de jeunes de Lausanne and Choeur de Radio Lausanne)
Les Noces (Basia Retchitzka, soprano / Lucienne Devalier, contralto / Hugues Cuénod, tenor / Heinz Rehfuss, bass)
Mavra (Joan Carlyle, soprano / Helen Watts, contralto / Monica Sinclair, contralto / Kenneth Macdonald, tenor)

Booklet – Download Here / Baixe Aqui o encarte

Orchestre de la Suisse Romande, Ernest Ansermet

A capa dessa caixa de 8 CDs é um retrato de Igor Stravinsky por seu filho Théodore, que também fez os figurinos de uma montagem de Petrushka em 1944

Marcelo Stravinsky (2011), Pleyel (2021)

Béla Bartók (1881-1945): Violin Concertos, Nos. 1 & 2 / Viola Concerto (Ehnes / Noseda) #BRTK140

Béla Bartók (1881-1945): Violin Concertos, Nos. 1 & 2 / Viola Concerto (Ehnes / Noseda) #BRTK140


IM-PER-DÍ-VEL !!!

O Concerto para Viola e Orquestra não merece as piadas de violista que sempre apreciamos divulgar. (Aqui e aqui, por exemplo). A propósito, a última seria esta: “Você sabe qual é a diferença entre uma prostituta e um violista? É que ela conhece mais posições”.

Bem, o Concerto para Viola e Orquestra foi uma das últimas peças escritas por Béla Bartók. Ele começou a compor seu trabalho enquanto vivia em Saranac Lake, Nova Iorque, em julho de 1945. A peça foi encomendada por William Primrose, que sabia que Bartók poderia dar mais respeitabilidade ao instrumento. Ele disse que Bartók não deveria sentir-se tolhido pelas limitações técnicas aparentes do instrumento e de alguns de seus instrumentistas“. Sim, Primrose era um craque. Mas aqui a história fica triste: Bartók estava sofrendo os estágios terminais da leucemia que o matou e o Concerto foi finalizado — com raro brilho — por Tibor Serly em 1949. Há outra versão de Peter Bartók e Paul Neubauer.

Já os Concertos para Violino são fartamente divulgados e admirados. Principalmente o segundo, dedicado ao violinista virtuoso húngaro Zoltán Székely, que pediu a composição em 1936. Bartók compôs o concerto em uma difícil situação de vida, preocupado pela força crescente do fascismo. Ele tinha uma firme posição antifascista, e por isso tornou-se o alvo de vários ataques na Hungria pré-guerra, fato que o fez emigrar para os EUA. Entretanto, a composição está escrita com uma atmosfera particularmente otimista.

Em dois movimentos, o primeiro concerto foi escrito nos anos de 1907-08, mas só publicado em 1956, após a morte do compositor. Foi estreado em 1958, em Basileia, Suíça. É, de longe, a peça mais fraca deste maravilhoso CD.

Neste CD, James Ehnes faz o solo tanto do violino quanto da viola. Ele está excelente como sempre. Complicado comparar os violinistas atuais com Ehnes. A real concorrência — Kagan, Heifetz, Oistrakh — já não está entre nós. Talvez Mutter possa ficar ombro a ombro com ele, mas ele me parece um caso de competência, sensibilidade e amor ao instrumento extremos. Eu o vi no Wigmore Hall faz um ano e meu queixo ainda não caiu. E é uma figura simples e modesta, altamente culta. A modest virtuoso, como mancheteia a Gramophone.

Béla Bartók (1881-1945): Violin Concertos, Nos. 1 & 2 / Viola Concerto #BRTK140

1 Violin Concerto No. 1, BB 48a: I. Andante sostenuto 9:31
2 Violin Concerto No. 1, BB 48a: II. Allegro giocoso 11:22

3 Violin Concerto No. 2, BB 117: I. Allegro non troppo 15:15
4 Violin Concerto No. 2, BB 117: II. Andante tranquillo 9:47
5 Violin Concerto No. 2, BB 117: III. Allegro molto 11:07

6 Viola Concerto, BB 128 (completed by Tibor Serly, 1949): I. Moderato 12:20
7 Viola Concerto, BB 128 (completed by Tibor Serly, 1949): II. Adagio religioso 4:10
8 Viola Concerto, BB 128 (completed by Tibor Serly, 1949): III. Allegro vivace 4:10

James Ehnes, violino e viola
BBC Philharmonic
Gianandrea Noseda

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Béla Bartók sendo pai
Béla Bartók sendo pai

PQP

Claude Debussy (1862-1918): “Forgotten Songs” (Canções, Upshaw & Levine)

Claude Debussy (1862-1918): “Forgotten Songs” (Canções, Upshaw & Levine)

O impressionismo francês é um estilo de música e também de pintura. Claude Debussy é o principal compositor do estilo. Embora ele tenha sido inicialmente influenciado pela pesada música germânica de Wagner, a maior parte da música de Debussy é delicada e requer toques leves dos intérpretes. As canções do francês são elegantes e extremamente sensíveis aos textos, o que as torna adequadas aos requintados talentos de Dawn Upshaw. Cantora que trabalha para a música, uma personalidade rara entre cantores — pois é modesta e nada pretensiosa –, Upshaw é perfeita para essas canções discretas, que não nos prendem de imediato, mas que nos atraem pela delicadeza.

Claude Debussy (1862-1918): “Forgotten Songs” (Canções, Upshaw & Levine)

Vasnier Songbook
1 I. Pantomime [2:18]
2 II. Calmes Dans Le Demi-Jour (En Sourdine) [3:01]
3 III. Mandoline [1:31]
4 IV. Claire De Lune [2:52]
5 V. Fantoches [1:36]
6 VI. Coquetterie Posthume [3:31]
7 VII. Romance – Silence Ineffable [2:35]
8 VIII. Musique [1:53]
9 IX. Paysage Sentimental [3:03]
10 X. Romance – Voici Que Le Printemps [2:22]
11 XI. La Romance D’Ariel [4:25]
12 XII. Regret [2:38]

Forgotten Melodies
13 I. C’est L’extase Langoureuse [3:05]
14 II. Il Pleure Dans Mon Cœur [2:43]
15 III. L’Ombre Des Arbres [2:41]
16 IV. Chevaux De Bois [3:01]
17 V. Green (Aquarelle) [2:11]
18 VI. Spleen (Aquarelle) [2:38]

Five Poems Of Charles Baudelaire
19 I. Le Balcon [7:56]
20 II. Harmonie Du Soir [4:13]
21 III. Le Jet D’Eau [5:26]
22 IV. Recueillement [5:07]
23 V. La Mort Des Amants [3:10]

Dawn Upshaw, Soprano
James Levine, Piano

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Vocês pensavam que a Dawn ficaria jovem pela vida inteira, é?

PQP

Calimerio Soares (1944-2011): Toccata

Publicado originalmente em 25 de janeiro de 2011. Atualizado devido ao falecimento do compositor no último dia 22, por neoplasia gástrica, do qual fiquei sabendo ontem.

Ouvindo a peça de Jane O’Leary para viola d’amore e piano Por que a montanha canta, me lembrei da viola da gamba, que não deixou nenhum registro composicional no Brasil em épocas coloniais. Aí, escavucando no meu gaveteiro, achei esse CD com a Bachiana Mineira de Calimerio Soares, a única obra que possuo dentre as de compositores contemporâneos – foi até bom, que coloco tudo dele por aqui. Destaco também a peça-título, para quarteto de violões.

Detalhes do disco neste link.

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CVL

Mozart (1756-1791): Concertos para Piano Nos. 25 e 18 – Rudolf Firkušný – Southwest German RSO – Ernest Bour ֎

Mozart (1756-1791): Concertos para Piano Nos. 25 e 18 – Rudolf Firkušný – Southwest German RSO – Ernest Bour ֎

Mozart

Concertos para Piano Nos. 25 & 18

Rudolf Firkušný

Há um crítico de música que se encaminhou para esta carreira com um único propósito – mostrar falsa a afirmação feita com empáfia pelo arrogante professor de Apreciação Musical:

Mozart é perfeito!

‘I bristled and set out to prove the man wrong!’

Ele escreveu em um de seus artigos: ‘Uma profunda resistência a Mozart não aprecia um bom augúrio para alguém que pretendia iniciar uma carreira que tivesse qualquer coisa a ver com música clássica!’ Se fosse Shostakovich, Hindemith ou Schoenberg, talvez fosse ainda possível, mas Mozart, pensei…

Realmente, pode parecer um pouco chocante ouvir alguém com interesse em música dita clássica uma afirmação como – não suporto Mozart!

Mesmo tendo mais de …. anos, continuo a me espantar quando ouço alguém afirmar com ênfase, e em alguns casos, até disfarçado prazer, que ‘não suporta a música de tal ou tal compositor’. Espanta-me afirmações assim peremptórias – detesto Rachmaninov! Tal radicalidade me parece tão improvável quanto o reverso – Ora, todo o mundo adora Rachamaninov!

Certa vez, um colega da universidade levou-me a fita cassete com a Sinfonia do Novo Mundo, que eu gostava tanto, para devolvê-la no outro dia e dizer, com um muxoxo: É bonitinha, mas meio cansativa, com tantas repetições dos temas. Ela acabou ficando um pouco chatinha… Disse assim e deixou-me, com a fita na mão. Que amigo urso! A Sinfonia nunca mais me foi a mesma. Amigos, cuidado com a má palavra descuidadamente lançada…

Estou mencionando tudo isto por razão de ser o tema da postagem Concertos para Piano de Mozart. Para mim eles são, senão provas, pelo menos evidências da quase perfeição de Mozart. Quem me garante isso é alguém que tem até mais experiência do que eu, não é, Miles?

Não sei que pensava o tal professor daquele que depois se fez crítico, mas definitivamente há Mozart e há Mozart. Dia destes a tentativa de audição de algumas sinfonias juvenis do nosso herói redundou em completo fracasso. Não passei da primeira. E olha que eram regidas pelo recomendado Jeffrey Tate!

Assim, começo a perceber que quando imagino perfeição e Mozart, certamente há que se fazer opções. Cada um de nós deve ter seu repertório de perfeições mozartianas. Até o próprio James Oestreich reconhece certos lampejos, rasgos de perfeição: ‘Minha resistência ao compositor gradualmente se erodiu em face de descobertas como ‘Le Nozze di Figaro’, especialmente as arrepiantes harmonias do final do ato II, a Gran-Partita para sopros, especialmente o primeiro Adagio que é de outro mundo’… E ele segue enumerando mais algumas obras, incluindo o Concerto para Clarinete.

Ernest Bour

Ele volta a resmungar sobre certas outras coisas, mas acabei por considerar que o Andante do Concerto para Piano No. 18 facilmente estaria na minha lista das perfeições do Wolferl! Especialmente quando interpretado pelo pianista Rudolf Firkušný, acompanhado pela Orquestra da Radio Alemã, regida pelo Ernest Bour. Este disco é da mesma safra do que foi postado anteriormente aqui.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Concerto para Piano No. 25 em dó maior, K. 503

  1. Allegro maestoso
  2. Andante
  3. Allegretto

Concerto para Piano No. 18 em si bemol maior, K. 456

  1. Allegro vivace
  2. Andante
  3. Allegro vivace

Rudolf Firkušný, piano

Southwest German Radio Symphony Orchestra

Ernest Bour

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FLAC | 256 MB

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MP3 | 320 KBPS | 130 MB

Rudolf e o coqueiro de Piratininga…

Esta postagem só foi possível graças a colaboração de dois caros amigos parceiros aqui do blog… A eles, meu obrigado!

Aproveite!

René Denon

Não deixe de visitar:

Mozart (1756-1791): Concertos para Piano Nos. 9 e 24 & Quarteto com Piano K. 478 – Rudolf Firkušný ֎

 

J. S. Bach (1685-1750): Paixão segundo São Mateus – McCreesh ֍

J. S. Bach (1685-1750): Paixão segundo São Mateus – McCreesh ֍

Bach

Paixão Segundo São Mateus

Gabrieli Consort & Players

Paul McCreesh

 

A Dor dos Outros

Um dos muitos livros que não terminei de ler, mas que muito me impressionou e me fez pensar (afinal, para que servem os livros, se não para isso?) é ‘Sobre fotografia’ da inquieta e inteligentíssima Susan Sontag. Ela fala entre outras coisas da banalização da imagem da dor devido à superexposição: As fotos de Don McCullin dos biafrenses magérrimos no início da década de 1970 produziram menos impacto, para alguns, do que as fotos de Werner Bischof das vítimas indianas da fome no início da década de 1950, porque estas imagens tornaram-se banais, e as fotos das famílias tuaregues que morriam de fome na África subsaariana, publicadas em revistas de todo o mundo em 1973, devem ter parecido, a muitos, uma reprise insuportável de uma exibição de atrocidades já familiar.

O tema da insensibilização diante a superexposição dos horrores é muito próprio para o momento atual. Há um ano, horrorizei-me com as cenas de veículos militares levando caixões de vítimas do Covid em Bergamo. Mal sabia do que ainda estava por vir. Mais inquietante ainda: o que está ainda por vir? A insensibilidade diante da dor do outro é o tema que tenho considerado neste período que antecede a Sexta-Feira Santa e o Domingo de Páscoa. Como temos sido expostos ao crescente número de vítimas desta pandemia, resultado de tantos desencontros, desacertos e erros crassos, estamos sujeitos a este processo de insensibilização, que nos torna mais duros, menos simpáticos à dor do próximo. Preciso dizer também que este processo nos torna mais vulneráveis, menos cuidadosos?

Quanto mais será necessário para nos horrorizar? Enquanto escrevo o ‘número’ aproxima-se célere da barreira de 300 000. Possivelmente, esta barreira já foi pulverizada.

Foto do Portal de Notícias G1

Hoje vi a foto do corpo um homem velho, magérrimo, deitado no chão da enfermaria onde recebera a última tentativa de ajuda. Ao seu lado, sentada estava a enfermeira, vencida, cansada. A posição do homem lembra imagens de um crucificado. Impossível, mesmo com o risco de pecar, não relacionar as imagens. Vamos permitir que esta imagem passe, sem nos escandalizar? E o que faremos, como seremos daqui para frente?

O que nos pode dizer hoje, especialmente nestes dias conturbados, o sacrifício que é narrado e comentado nesta música tão perfeita? Confesso, aproximei-me com temeridade da audição desta obra. Tenho evitado estas obras mais sérias, mas a ocasião me obriga. Veja, pense, sinta… e ouça.

Matthias Grünewald

Escolhi uma gravação muito diferente, mesmo se considerarmos as gravações historicamente informadas, ela é diferente. Acho que o momento nos pede para sairmos de nossa ‘zona de conforto’. Neste sentido, McCreesh vai mexer com sua percepção da obra.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Paixão segundo São Mateus BWV 244

Gabrieli Consort & Players

Coro I:

Deborah York, soprano

Magdalena Kožená, mezzo-soprano

Mark Padmore, tenor

Peter Harvey, baixo

Coro II:

Julia Gooding, soprano

Susan Bickly, mezzo-soprano

James Gilchrist, tenor

Stephan Loges, baixo

Ulla Munch, soprano in ripieno

Paul McCreesh

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FLAC | 663 MB

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MP3 | 320 KBPS | 371 MB

Paul McCreesh

Aproveite, se puder…

Cuide-se!

René Denon

A Obra Completa de Bartók (1881-1945) – Miraculous Mandarin Suite, Piano Concerto no. 3 #BRTK140 + Stravinsky (1882-1971) – Firebird

Hoje, seguimos com as homenagens a Bartók e iniciamos uma série de postagens dedicadas a Igor Stravinsky, que morreu há 50 anos, em abril de 1971.

O russo Valery Gergiev foi maestro titular da Orquestra Sinfônica de Londres de 2007 a 2015. Eles gravaram, nesse período, todas as sinfonias de Mahler, de Prokofiev e de Scriabin. Tudo ao vivo. Além da ópera Barba-Azul, de Bartók. Stravinsky já faz parte do repertório de Gergiev há muito tempo, com a orquestra Mariinsky de São Petersburgo.

Nesta gravação ao vivo de 2015, muito bem captada, ouvimos um concerto inteiro da Orquestra Sinfônica de Londres, na turnê de despedida de Gergiev como maestro principal, antes de ele assumir a Filarmônica de Munique.

Na obra de abertura, a Suíte Mandarim Miraculoso, Sz. 73, a orquestra londrina mostra sua capacidade de criar as sonoridades mais diversas, da agitada e urbana introdução até as várias cenas noturnas de Bartók, um mestre em criar noturnos orquestrais com cordas graves misteriosas e sopros suaves. O ballet Mandarim Miraculoso (aqui reduzido pelo compositor a uma suíte, uma espécie de “melhores momentos”), tem como protagonista uma prostituta, apesar desse título que com certeza foi pensado para atenuar os escândalos (em 1947 por exemplo, Sartre estreava a peça de teatro La P… respectueuse, escrita assim porque a publicação da palavra p*** era proibida até 1962 na França). Normal, em uma obra desse tipo, que as cenas sejam quase todas noturnas.

O 3º Concerto para Piano de Bartók é o ponto mais fraco da noite. Há muitos momentos interessantes, mas no geral, o pianista Yefim Bronfman e os músicos londrinos não conseguem competir com gravações como a de Schiff/Fischer/Budapest Festival Orchestra. É uma obra de orquestração mais concisa com menos cordas, menos percussões, menos solos exuberantes de sopros, e que exige realmente uma grande sensibilidade dos músicos, apenas parcialmente atingida aqui.

No balé Pássaro de Fogo, de Stravinsky, voltamos às orquestrações exuberantes já desde o começo, com 8 contrabaixos, seguidos por 3 fagotes e dois contrafagotes, 3 harpas e por aí vai… Gergiev é um especialista nesse repertório e a qualidade dos músicos e da gravação completam o time vencedor. Um comentarista na Amazon descreve que, como a gravação foi realizada por uma estação de rádio, ele esperava qualidade de áudio não tão espetacular, mas se enganou, pois as dinâmicas captam bem desde os sons mais suaves aos mais barulhentos, e todos os instrumentos têm seus momentos para brilhar. Ele completa:

I was impressed with the recording quality, and it deserves to be in the well-engineered LSO series with no reservations. As for the Firebird, Gergiev doesn’t do anything radical: the tempi are fairly brisk compared to other favorite recordings, but not excessively so. What struck me every time through is how the work grabbed me: I wanted to hit the next track button to hear my favorite bits, but almost always got enthralled in the tension the LSO was building. The last few tracks are easily as good as any other recording of this work in my collection, and that covers over three dozen recordings. While there’s not the massive bass sound from the Telarc recording, for example, there’s no lack of bass here.

Para completar o concerto ao vivo, não podia faltar um bis, é claro. Gergiev traz mais um russo – na verdade ucraniano – com uma famosa melodia de Prokofiev.

CD1
Béla Bartók (1881–1945)
1-3. Suite from The Miraculous Mandarin, Op 19, Sz 73, BB 82 (1918–24)
4-6. Piano Concerto No 3 in E major, Sz 119, BB 127 (1945)

CD2
Igor Stravinsky (1882–1971)
1-9. The Firebird (complete ballet, 1910)
Sergei Prokofiev (1891–1953)
10. Suite No 2 from Romeo and Juliet, Op 64ter: “No 1: Montagues and Capulets” (1936)

London Symphony Orchestra
Valery Gergiev
Yefim Bronfman piano
Recorded live on 24 October 2015 at the New Jersey Performing Arts Center

DOWNLOAD HERE – BAIXE AQUI – FLAC

DOWNLOAD HERE – BAIXE AQUI – MP3 320 kbps

Quem desenhou esta ilustração presente em programas do Mandarim?

Pleyel