.: interlúdio :. Larry Coryell with Paul Wertico & Marc Egan – Tricycles

FrontCerta vez tive a raríssima oportunidade de assistir a um show de Larry Coryell. Raríssima oportunidade pelo simples fato de ele ter ido tocar em Florianópolis, isso ainda no meio dos anos 90. Foi uma experiência única ter tido a oportunidade de ver ao vivo um de meus guitarristas de jazz favoritos. Desfilou um repertório eclético, indo do fusion ao clássico sem maiores preocupações ou dificuldades. Na época tocava direto em uma determinada rádio FM da cidade sua leitura para o “Bolero” de Ravel. E claro que alguém na platéia solicitou e ele, educadíssimo, acatou a sugestão, nos proporcionando a possibilidade de ouvir uma versão única em violão acústico, sem acompanhamento. E claro que a sua leitura naquele momento era totalmente diferente da versão da rádio, pois era tudo improviso. Foi aplaudido exaustivamente, e lembro de estar em uma das primeiras filas, e ver seu olhar fascinado e intrigado e muito satisfeito, como quem diz, de onde diabos esses caras me conhecem e sabem que gravei o “Bolero” ? Era acompanhado por um trio de jazz baiano, sim, sim, baiano, músicos altamente tarimbados e competentes, mas cientes de que estavam acompanhando uma lenda viva do jazz. Outro momento emocionante foi sua versão, também sem acompanhamento, do clássico “Round´ Midnight” de Thelonius Monk, em sua indefectível guitarra Ibanez semi-acústica.

Esse cd que ora vos trago é bem interessante e curioso pela formação. Paul Wertico e Marc Egan tocaram muito tempo com Pat Metheny, ou seja, são músicos muito experientes.  Ele desfile releituras de obras próprias, como “Dragon Gate” e “Space Revisited”, de sua época eletrificada, e novamente nos brinda com uma leitura absolutamente estonteante e surpreendente de “Round´Midnight”, desta vez contando com a cumplicidade de Egan e Wertico. Ah, e concluem o cd com Beatles. Versátil o rapaz, não acham?

Em outras palavras, um CD “IM-PER-DÍ-VEL !!!” para os fãs do guitarrista e da boa música. Papa finíssima, diria um amigo meu.

01 – Immer Geradeaus
02 – Dragon Gate
03 – Good Citizen Swallow
04 – Tricycles
05 – Stable Fantasy
06 – Spaces Revisited
07 – Round Midnight
08 – Three Way Split
09 – Well You Needn’t
10 – She’s Leaving Home


Larry Coryell – Guitar
Marc Egan – Bass
Paul Wertico – Drums

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Larry Coryell

 

 

Paul Hindemith (1895-1963): Quartetos de Cordas Nros 2 e 3

Paul Hindemith (1895-1963): Quartetos de Cordas Nros 2 e 3

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Na minha opinião, Paul Hindemith é uma espécie de rei de um gênero raro — o música de câmara moderna contrapontística. Guardadas as proporções, é um barroco no século XX. Adoro suas composições, cada vez mais gravadas e presentes no repertório da música erudita do hemisfério norte. Ele escreveu sete Quartetos de Cordas, os quais refletem a experiência e a segurança prática de um grande violinista e, mais tarde, violista. Coisa ainda mais rara, ele encarou a viola não como um castigo. O Quarteto No 2 foi escrito em 1918, enquanto ele era um soldado na ativa. Sim, participou da 1ª Guerra Mundial. É uma música dinâmica e enérgica, com uma engenhosa série de variações que parodiam os excessos românticos. Claro, tem um final virtuosístico. O Quarteto No 3 é de 1920 e foi muito bem sucedido quando de seu lançamento. É um exemplo emocionante da imaginação concisa de Hindemith. Este quarteto apaixonado, com seu riquíssimo material, é uma das suas obras-primas de sua música de câmara.

Paul Hindemith (1895-1963): Quartetos de Cordas Nros 2 e 3

String Quartet No. 2 in F Minor, Op. 10
1. I. Sehr lebhaft, straff im Rhythmus 00:06:15
2. II. Thema mit Variationen: Gemachlich 00:10:32
3. III. Finale: Sehr lebhaft 00:16:26

String Quartet No. 3 in C Major, Op. 16
4. I. Lebhaft und sehr energisch 00:10:28
5. II. Sehr langsam – Ausserst ruhige Viertel 00:13:09
6. III. Finale: Ausserst lebhaft 00:07:49

Amar Quartet

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Outra raridade: uma foto de Hindemith com cabelo, em 1923, aos 28 anos.
Outra raridade: uma foto de Hindemith com cabelo, em 1923, aos 28 anos.

PQP

Cesar Franck – Symphony in D, Symphonic Variations – Giulini, Paul Crossley, Wiener Philharmoniker

61PT6A3AV6LEssa belíssima sinfonia apareceu muito pouco aqui no PQPBach. Na verdade, nem lembro se já a postei, ou se algum outro colega o tenha feito. Estive ouvindo essa sinfonia nesta tarde chuvosa em uma gravação antiga de Pierre Monteux, realizada ainda nos anos 40, mas a qualidade da gravação era muito ruim, por isso então resolvi trazer outra leitura mais moderna, novamente com o italiano Carlo Maria Giulini regendo a Filarmônica de Viena.
Nesta obra Cesar Franck não nega sua influência wagneriana. A abertura da obra, um movimento lento belíssimo, poderia perfeitamente abrir alguma ópera de Wagner. Mas a obra logo adquire personalidade própria dando voz a Franck. Lindas passagens, românticas, densas, outras mais leves. E como não poderia deixar de ser, novamente Giulini deixa a sua marca, realizando umas das melhores gravações desta sinfonia nos últimos anos. Lembram dos Bruckner que eu trouxe há algum tempo atrás com esse mesmo maestro? Pois então, estas gravações foram realizadas neste mesmo período final da vida do maestro.
Paul Crossley fecha o cd com chave de ouro sentado ao piano, tocando as Variações Sinfônicas para Piano e Orquestra, sempre acompanhado por essa fenomenal orquestra dirigida por um dos grandes nomes da regência do século XX.

01. Symphony in D – I. Lento – Allegro non troppo
02. Symphony in D – II. Allegretto – attacca
03. Symphony in D – III. Allegro non troppo
04. Symphonic Variations

Paul Crossley – Piano
Wiener Philharmoniker
Carlo Maria Giulini – Conductor

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Zoltán Kodály (1882-1967): Quartets No 1 & 2 + Intermezzo & Gavotte

Zoltán Kodály (1882-1967): Quartets No 1 & 2 + Intermezzo & Gavotte

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este é um grande CD que cobre um repertório meio raro. Quando se fala em música húngara para quarteto de cordas, logo se pensa nos geniais quartetos de Bartók, mas há seu colega de trabalho e amigo Zoltán Kodály! E não pensem em Kodály como um ser humano muito menor do que Bartók. O talento de Kodály — grande na música — expandiu-se também para outras áreas: ele era etnomusicólogo, educador, pedagogo, linguista e filósofo. Sua música e estes quartetos merecem ser conhecidos por todo pequepiano culto. Há canções folclóricas, profundidade de sentimento, diversão, alegria, tristeza, festa e ironia. A interpretação do Dante é notável.

Zoltán Kodály (1882-1967): Quartets No 1 & 2 + Intermezzo & Gavotte

1. String Quartet No 1 Op 2 | Andante poco rubato Allegro [11’54]
2. String Quartet No 1 Op 2 | Lento assai, tranquillo [12’52]
3. String Quartet No 1 Op 2 | Presto [4’05]
4. String Quartet No 1 Op 2 | Allegro [12’27]

5. Intermezzo [5’10]

6. Gavotte [2’35]

7. String Quartet No 2 Op 10 | Allegro [6’00]
8. String Quartet No 2 Op 10 | Andante, quasi recit. [4’52]
9. String Quartet No 2 Op 10 | Allegro giocoso [6’39]

Dante Quartet

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Kodály em 1932
Kodály em 1932

PQP

José Siqueira (1907-85): ópera A Compadecida [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

SEN-SA-CIO-NAL !!! 

2015: 30 anos sem José Siqueira

Queridos ouvintes, quero muito e posso afirmar de boca cheia: que DELÍCIA de obra é essa!
Primeiro: para o bairrista aqui, é brasileiríssima: obra do paraibano Ariano Suassuna (1927-2014) musicada pelo também paraibano José Siqueira (1907-1985). Segundo: é obra leve, divertida, cômica. Ao ouvir, vocês verão que ao público é dada a liberdade de aplaudir no meio, de gargalhar nas falas mais engraçadas: ora, e não é para ser assim numa ópera cômica? Ou pelo menos não deveria ser assim, sem aqueles sorrisos fracos e amarelecidos por um humor contido e sem-graça? Então, aqui não é assim. A Compadecida é obra realmente descontraída e os diálogos inteligentes de João Grilo, Chicó, Padre João e outros bons personagens tão bem escritos por Suassuna ficam ótimos tematizados na música de Siqueira.

E se tem uma coisa que é extremamente agradável e apaixonante nas grandes peças de José Siqueira, é a sua versatilidade em misturar, como pouquíssimos, formas musicais diversas e conformar um todo coeso e coerente. N’A Compadecida, que segundo ele, não é uma ópera, mas uma comédia musicada, o compositor faz-se valer de personagens que apenas declamam o texto (o Palhaço e o cangaceiro Severino), outros que tem seus temas mais recitativos (caso do Padeiro, do Bispo e do Diabo) e outros que têm belas melodias (Jesus Cristo e Maria, a Compadecida). Ao ouvir, repare que José Siqueira teve o trabalho de fazer com que, quanto mais bom e justo o personagem, mais melodioso é seu tema.

O legal é que temos uma dissertação de mestrado, de 2013, de Luiz Kleber Lira de Queiroz (da UFPB) (aqui) que faz uma completa análise d’A Compadecida, com uma biografia de José Siqueira e ainda um catálogo atualizado de onde estão as partituras vocais dele (veja a tabela nas páginas 213 a 217).

Quanto mais eu leio e me intero da vida e da obra de José Siqueira, mais o admiro. Para além de seu papel importantíssimo de criar orquestras e associações de músicos, ele foi um grande divulgador da música de sua terra. Enquanto vemos trabalhos de maior vulto de Villa-Lobos dedicados à música indígena, Siqueira, não deixando de compor algumas peças com influência dos padrões nativos, dedicou-se primordialmente em duas linhas: a da música negra/escrava e a da música nordestina. Por isso fez obras como Candomblé (aqui) e Xangô (aqui) subirem ao palco, sem deixar por menos para o folclore de sua região natal, com obras como a Toada (aqui), a Suíte Sertaneja (aqui), as Festas Natalinas no Nordeste (aqui) e esta A Compadecida, imensa de tamanho, beleza e significados, com mais de três horas de música, que hoje vos apresentamos!

Consegui também encontrar o resumo da peça, para que vocês possam acompanhá-la quando a ouvirem (vai num arquivo formato doc junto com os áudios). Coloquei após cada descrição do ato, uma faixa de cada. Atentem-se que esta é uma gravação de 1961, ao vivo, da estreia da ópera e tem os inconvenientes de ser ao vivo, de ser antiga (captação ruim) e de ser possível ouvir o rapaz que faz o ponto (!!!) para os personagens… Mas ainda assim, a obra é fantástica e merece o download!

1º ato – Cena: Pátio de uma igreja de vila do interior.

Depois da saída do Palhaço, que anuncia o julgamento de “alguns canalhas, entre os quais um sacristão, um Padre, um sacristão e um Bispo para exercício da moralidade”, Chicó explica a João Grilo a situação, da Mulher do padeiro, que ameaça largar o marido, se o seu cachorro de estimação, que está doente, vier a morrer. O médico já foi chamado e não sabe o que o bicho tem. Agora só resta apelar para o Padre. O Padre se recusa a benzer o animal. Depois doa argumentos de João Grilo que relembra a bênção do motor novo do Major Antônio Morais, o que, certamente, causará briga entre o casal de padeiros e o vigário, caso os primeiros venham a saber desse pormenor, uma vez que “cachorro é muito melhor que motor”… O Padre se decide a benzer o bichinho. O Major entra em cena à procura, igualmente, do reverendo para abençoar… o filho que esta doente. João Grilo tece uma intriga entre o Padre e Antônio Morais dizendo a este que o vigário estava doido, com mania de benzer tudo, e que havia falado mal do Major e do reverendo, que Antônio Movais também tinha um cachorro doente para ser abençoado. Arma um quiproquó enorme, e Antônio Morais se retira prometendo se queixar ao Bispo. Depois da saída do Major, Grilo finge-se amigo do Padre e promete ir aos Angicos, fazenda de Antônio Morais, para resolver tudo.

A esta altura irrompem no pátio da igreja, o Padeiro sua Mulher, com o cachorro doente. O Padre se apavora, pois pensa que Antônio Morais também viera pedir para benzer o cachorro, o que, então, perfazia dois. Recusa-se. A esta altura das discussões, o cachorro da Mulher do Padeiro morre em cena, o que é descoberto pelo sacristão. A Mulher do Padeiro quer, então, já que o cachorro está morto, um enterro em latim. João Grilo, conhecendo a avareza do Padre e do Sacristão, inventa que o cachorro deixou em testamento, dez contos para o Padre e três para o Sacristão. Com tais argumentos, depois de diversas tentativas de resolver o problema agradando a ambas as partes, resolve o Sacristão, fazer ele mesmo, com o consentimento do Padre, o enterro do bicho em latim, no que a Mulher e o Padeiro concordaram. Realiza-se o enterro do cachorro Xaréu… em latim.

A discussão de João Grilo e o Padre sobre o testamento de Xeréu:

Entra em cena o Palhaço para contar o que está acontecendo na vila, enquanto Xaréu se enterra em latim. Antônio Morais foi se queixar ao Bispo. O Bispo, atendendo à queixa do dono de todas as minas da região, “homem poderoso, que enriqueceu fortemente o patrimônio que herdou, durante a guerra em que o comércio de minérios esteve no auge”, vai procurar o Padre João. Do encontro dos dois, Bispo e Padre, fica sabendo o último, que fora enredado numa confusão dos diabos pelo “amarelinho” João Grilo, que chegou a dizer no seu engano que a Mulher de Antônio Morais era um animal. João Grilo, sem se aperceber que seu enredo já havia sido descoberto, entra em cena contente. Ao deparar-se com o Padre João é por este advertido severamente do mal feito. João Grilo ameaça contar… e conta ao Bispo que um cachorro se enterrara em latim. O Bispo se revolta contra o Padre e ameaça suspendê-lo, bem como demitir o Sacristão, não sem antes prometer um bom castigo para João Grilo. O “amarelinho” tem então a feliz ideia de modificar ali, na hora, o testamento do cachorro. E a doação e pagamento que a dona fará pelo enterro em latim, na importância de 13 contos ficará assim distribuída: três para o Sacristão, quatro para a paróquia e seis para a diocese. O Bispo, simoníaco, hesita ante a possibilidade do ganho Inesperado. Resolve reunir-se secretamente com o Padre e o Frade que o acompanham. Entram na Igreja.
A esta altura, João Grilo explica a Chicó que retirara do cachorro morto a bexiga e manda que Chicó a encha de sangue e coloque no peito, por baixo da camisa. Depois conta-lhe que “vai entrar no testamento do cachorro”, pois como fraco da Mulher do Padeiro “é dinheiro e bicho”, ele arranjara para tomar o “lugar do Xeréu” um gato que “descome dinheiro”. Ante a incredulidade de Chicó, ele explica o processo, que, certamente, iludirá a futura dona do gato. O gato é trazido à cena, com a entrada da Mulher do Padeiro que vem, mesmo a contragosto, mas como pessoa honesta, pagar os funerais do cachorro em latim. A transação é feita, pela importância de quinhentos mil réis. Vai-se a Mulher satisfeita com a compra, pois segundo ela, o gatinho é lindo e vai tirar com o “novo filho” o prejuízo do gasto no enterro de Xeréu. Saem do Concílio o Bispo, o Padre, o Frade, o Sacristão. João Grilo efetua o pagamento a todos, conforme dissera, segundo “a vontade do morto”. Enquanto o dinheiro é contado e repartido, o Padeiro e a Mulher descobrem que o nato não descome dinheiro coisa nenhuma. “Descome o que todo gato descome”. Entra o Padeiro furioso. Atraca-se com Grilo. É contido pelo Padre, pelo Sacristão e pelo Bispo. Todos temem que o negócio seja desfeito. E, nesta altura, entra debaixo de tiros a Mulher do Padeiro, apavorada, para anunciar que Severino do Aracaju invadiu a cidade e vem se dirigindo para a igreja. Todos aguardam a chegada do famoso “Capitão”. Severino entra em cena. Toma de todos o dinheiro distribuído pelo Grilo, e, com exceção do Frade, mata um por um dos presentes. Chicó também consegue salvar-se, pois a abala “pegou de raspão”. O cabra de Severino executa a chacina. Ao chegar a vez de João morrer, ele pede a Severino para aceitar de presente “uma gaitinha que Padre Cícero tinha lhe dado antes de morrer” para ser entregue a Severino, que era seu afilhado. A gaita, segundo João, tinha o poder de devolver a vida a quem morresse de tiro ou tacada. Para provar a “verdade” João dá uma facada na barriga de Chicó, no local onde antes havia sido colocada a bexiga do cachorro cheia de sangue. Severino vê o sangue, Chicó finge-se de morto. O “Capitão” acredita, mas quer ver é o Grilo ressuscitar o homem. João toca na gaita. Chicó levanta-se fingindo ressuscitar e inventa a história de ter visto no céu Podre Cícero rodeado de anjinhos. Severino se entusiasma. Manda o cabra atirar, não sem antes ter tido o cuidado de tomar a gaita de João e dá-la ao cabra para ser tocada depois de sua morte. Resultado: o cabra mata Severino. Logo depois. João mata o cabra, que, mesmo agonizando, .atira em João Grilo quando vai caindo. Resta apenas Chicó, que encerra o segundo ato com a lamentação pela morte do amigo, “o Grilo mais inteligente do mundo”.

O Coro “Mulher Rendeira” que os cangaceiros cantam quando chegam à cidade. José Siqueira introduz música de domínio popular em sua obra:

3.° ato – O tribunal para Julgamento dos mortos (Lugar entre o Céu e o Inferno).

O palhaço explica à plateia todo o processo de julgamento, bem como o fato de irem ver dois demônios vestidos de vaqueiros, pois “isso decorre de uma crença comum no sertão do Nordeste”. Todos os mortos acordam e tomam conhecimento do seu estado de mortos. Com a chegada do demônio e do Encourado são todos ameaçados de serem levados diretamente para o interno. Mais uma vez João Grilo inteligentemente argumenta que ninguém pode ser condenado sem ser ouvido e apela para Nosso Senhor Jesus Cristo, no que é acompanhado por todos. Aparece então Jesus… negro. Isso causa um certo espanto em João Grilo. Jesus Cristo explica a João Grilo que veio assim de propósito porque sabia que ia despertar comentários. Ele, Jesus, nascera branco e quisera nascer judeu como poderia ter nascido preto… Inicia-se o Julgamento, mas a certa altura João percebe que só há um Juiz, mesmo infinitamente justo, e o promotor que no caso é o Encourado (o Diabo) e apela para a sua advogada, a mãe da misericórdia, que se compadece dos pecados dos homens. E a invoca com duas estrofes do cancioneiro do cancioneiro nordestino, criadas pelo cantador Canário Pardo. Nossa Senhora atende ao chamado de João Grilo e vem em seu socorro. A advogada, depois de todas as marchas e contra-marchas do julgamento, consegue mandar não para o inferno e sim para o purgatório o Bispo, o Padre, o Sacristão, o Padeiro e a Mulher. Severino e o Cabra são inocentados pelo próprio Coleta e vão para o céu sob a alegação de que o Diabo não entende nada dos planos de Deus. Severino e o Cangaceiro dele foram meros instrumentos de sua cólera. Enlouqueceram ambos depois que a polícia matou a família deles e não eram responsáveis pelos seus atos. E chegamos, finalmente, ao julgamento de João Grilo. Cristo quer manda-lo para o Purgatório. João pede a Nossa Senhora que advogue a sua causa de forma a não deixar que ele vá para o Purgatório. Maria acha uma solução: João voltará à Terra. Ele fica satisfeito porque “de cá para lá tomará cuidado para na hora de morrer não passar pelo Purgatório para não dar gosto ao Cão”. Mas esta solução só será aceita pelo Cristo se João fizer uma pergunta que Jesus não possa responder. Ardilosamente João Grilo pergunta a Jesus: “em que dia vai acontecer sua segunda ida ao mundo?” Jesus Cristo lhe responde que isso é um grande mistério, e não lhe poderá responder, pois João vai voltar, e o conhecimento dessas coisas faz parte da vida íntima do Pai Eterno. A brincadeira de Jesus com João Grilo antecede, imediatamente, o fim da representação musicada da COMPADECIDA, que termina com a descida de João Grilo à terra, com as despedidas de Jesus e Maria, e suas recomendações para ser bom e tomar cuidado com o resto de vida que ainda lhe foi concedida.

A Ave Maria, cantada quando os presentes invocam à Compadecida como advogada de defesa:

José Siqueira (fodão) regendo a Orquestra de Câmara do Brasil, uma das tantas orquestras que plantou por este país

O cara tem um cabedal enorme de música de ótima qualidade. Mereceria gozar de maior reconhecimento e estar no panteão, entre nossos melhores compositores, ao lado de Camargo Guarnieri, Radamés Gnattali, Francisco Mignone e Guerra-Peixe (Villa-Lobos acima, claro!).

Ah, é IM-PER-DÍ-VEL !!!

Uma joalheria inteira! Ouça!  Ouça! Ouça!

 

José Siqueira (1907-1985)
A Compadecida, comédia musical em 3 atos (1959)
baseada na obra “o Auto da Compadecida“, de Ariano Suassuna

01 – 1º ato – Introdução – Declamação do Palhaço
02 – 1º ato – João Grilo e Chicó vão falar com o padre
03 – 1º ato – Pedido ao padre para benzer o cachorro
04 – 1º ato – Saída da igreja – Diálogo de João Grilo e Chicó
05 – 1º ato – O padre está doido – Encontro com Antônio Morais
06 – 1º ato – O Padre enfurece o Major
07 – 1º ato – Padre, Benze ou não benze o cachorro
08 – 1º ato – Discussão do Padre com os Padeiros
09 – 1º ato – A morte do cachorro
10 – 1º ato – O testamento do bichinho
11 – 1º ato – E o cachorro é enterrado… em latim
12 – 1º ato – Marcha Fúnebre
13 – 2º ato – Prelúdio do ato
14 – 2º ato – Declamação do Palhaço e entrada do Bispo
15 – 2º ato – O bispo pede explicações ao padre
16 – 2º ato – O bispo entra no testamento do cachorro
17 – 2º ato – O gato que descome dinheiro
18 – 2º ato – Os clérigos referendam o testamento
19 – 2º ato – O padeiro descobre o golpe do gato
20 – 2º ato – O bando de Severino invade a vila
21 – 2º ato – Coro – Mulher Rendeira
22 – 2º ato – Dança – Pagode
23 – 2º ato – Execução dos Clérigos e dos Padeiros
24 – 2º ato – A gaita que ressuscita – Morte de Severino
25 – 2º ato – Morte de João Grilo
26 – 2º ato – Lamento de Chicó
27 – 3º ato – Introdução ao 3º ato – Declamação do Palhaço
28 – 3º ato – Julgamento – O diabo quer levar a todos
29 – 3º ato – Os mortos apelam a Jesus Cristo
30 – 3º ato – Coro – Aleluia
31 – 3º ato – Cristo surge… negro
32 – 3º ato – Acusação dos clérigos e dos padeiros
33 – 3º ato – A promotoria acusa os cangaceiros
34 – 3º ato – Acusação de João Grilo
35 – 3º ato – João Grilo solicita defesa
36 – 3º ato – Invocação a Nossa Senhora, poema de Canário Pardo
37 – 3º ato – Vinda da Compadecida
38 – 3º ato – Ave Maria
39 – 3º ato – Defesa dos clérigos e dos padeiros
40 – 3º ato – Defesa dos cangaceiros
41 – 3º ato – Sentença
42 – 3º ato – Defesa de João Grilo
43 – 3º ato – Sentença de João Grilo
44 – 3º ato – Final – Declamação do Palhaço
45 – Extra:   Ave Maria (sem fala de João Grilo)

PALHAÇO – Ivan Senna, ator
JOÃO GRILO – Assis Pacheco, tenor
CHICÓ – Edson Castilho, barítono
PADRE JOÃO – Alfredo Colózimo, tenor
ANTÔNIO MORAIS – Alfredo Mello, baixo
SACRISTÃO – Enzo Feldes, barítono
PADEIRO – Raul Gonçalves, tenor
MULHER DO PADEIRO – Aracy Bellas Campos, soprano
BISPO – Newton Paiva, baixo
FRADE – Alcebíades Pereira
SEVERINO DO ARACAJU – Mahely Vieira, ator
CANGACEIRO – João Carlos Dittert, baixo-barítono
DEMÔNIO – Alfredo Mello, baixo
O ENCOURADO (DIABO) – Carlos Walter
MANOEL (JESUS CRISTO) – Roberto Miranda, tenor
A COMPADECIDA (NOSSA SENHORA) – Lia Salgado, soprano

Orquestra, Coro  e Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro
José Siqueira, regente
Silva Ferreira, regisseur
Santiago Guerra, regente do coro
Denis Gray, coreografia
André Reverssé , cenografia
Theatro Municipal, Rio de Janeiro, 1961

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 192kbps  (275Mb)
MP3 320kbps  (448Mb)
FLAC  (912Mb)

Partituras e outros que tais? Clique aqui
Quer saber um pouco mais sobre José Siqueira? Veja este blog. Há ainda uma dissertação de mestrado sobre esta obra de hoje! Fala muito sobre a vida e a obra do compositor! Baixe!

Ouça! Deleite-se! … Mas, antes ou depois disso, deixe um comentário…

“Ôxe! Cabra bão esse  José Siqueira!”

Bisnaga

Joseph Haydn (1732-1809): Cassations Nº 9 e 20

Joseph Haydn (1732-1809): Cassations Nº 9 e 20

O blog holandês 33 toeren klassiek faz conversões de antigos LPs de vinil para mp3. A qualidade é sempre excelente não somente do ponto de vista técnico, é que as escolhas musicais são especiais. Elas nunca passam pelo óbvio, mas por cantinhos desconhecidos ou esquecidos do repertório e da história das gravações. É um tremendo, criterioso e qualitativo resgate histórico. Peguei de lá esta raríssima gravação do Collegium Aureum para a Harmonia Mundi em 1963.

Haydn HM 30 643 1

Cassation é um gênero ainda menor do que a Serenata ou o Divertimento. Trata-se de uma série de movimentos curtos e alegres para orquestra de câmara. Muita gente boa escreveu Cassassões lá pela metade do século XVIII. A música de Haydn serve bem ao gênero. Haydn era leve, ousado e feliz. Até suas Missas revelam uma relação secular com a divindade. O cara era feliz e não abria mão disso, ora. Ouçam o disco e comprovem: é música para abrir um bom dia.

Joseph Haydn (1732-1809): Cassations Nº 9 e 20

1 Cassatie in G (HV .II, 9, 1764) 15:26
allegro molto – menuet – adagio cantabile – menuet – finale: presto
2 Cassatie in F (HV II, 20, 1763)
allegro – menuet – adagio – menuet – finale: presto

Membros do Collegium Aureum
Direção de Franzjosef Maier
Harmonia Mundi HM 30 643
Gravado em junho de 1963
Tempo total: 33:08

Os caras em holandês:
Alfred Sous, hobo
Helmuth Hucke, hobo
Gerd Seifert, hoorn
Erich Penzel, hoorn
Ulrich Grehling, viool
Franz-Josef Maier, viool
Ulrich Koch, altviool
Günther Lemmen, altviool
Reinhold Johannes Buhl, cello
Johannes Koch, violone

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Haydn HM 30 643 2

PQP

Ludwig van Beethoven – Piano Concerto nº5, “Emperor”, Piano Sonata nº 18 in E Flat, op. 31-3

20 (1)Segundo o Dicionário Aurélio, entre outras tantas definições dadas para a palavra gênio, uma que se encaixa bem no que pretendo expor é “Altíssimo grau, ou o mais alto, de capacidade mental criadora, em qualquer sentido”, ou então “indivíduo de extraordinária potência intelectual”. Creio que ambas as definições  se encaixam perfeitamente à Arthur Rubinstein, um indívíduo que esteve sempre à frente de seu tempo, e que soube como poucos transmitir emoções indescritíveis quando sentava-se frente a um piano. Sempre digo que existem músicos e “músicos”. Dentro desta segunda categoria, incluo facilmente Rubinstein, Heifetz e Oistrakh, a minha trinca de ouro, meus instrumentistas favoritos, aqueles que estiveram à frente no seu tempo, e que continuam até hoje a influenciar dezenas de novos músicos.

Arthur Rubinstein viveu noventa e cinco anos, quase um século, e até o final da vida, manteve-se fiel ao seu instrumento, realizando recitais no mundo inteiro, mesmo depois de completar noventa anos de idade. Tinha uma memória incrível e uma postura clássica impecável quando estava sentado em frente ao seu companheiro fiel. Olhos fechados, concentração absoluta.

Esta gravação que ora vos trago foi realizada entre 1975 e 1976, quando já estava chegando nos noventa anos. Não é a minha gravação favorita do Concerto Imperador entre as diversas que ele realizou no correr de sua vida (conheço cinco), mas mesmo assim, podemos identificar aqui sua genialidade. Ele impera soberano. O então jovem Daniel Baremboim apenas faz a sua parte, sem intervir muito, conduzindo a Filarmônica de Londres com a devida cautela, digamos assim. É assim que devemos nos portar diante de alguém que está em um degrau acima, alguém que admiramos a vida inteira, e que de repente, nos dá a oportunidade de acompanhá-lo. Lembro-me de uma frase, retirada de uma carta de Isaac Newton que diz que ” If I have seen further it is by standing on the shoulders of Giants.”.  Em uma tradução livre, Se vi mais longe foi por estar de pé sobre ombros de gigantes”.

São estes os gigantes que nos guiam, que nos orientam, mesmo que seja “apenas” tocando piano.

1 Beethoven Piano Concerto No.5 in E-flat, Op.73 ‘Emperor’ – I. Allegro
2 Beethoven Piano Concerto No.5 in E-flat, Op.73 ‘Emperor’ – II. Adagio un poco
3 Beethoven Piano Concerto No.5 in E-flat, Op.73 ‘Emperor’ – III. Rondo. Allegro
4 Beethoven Piano Sonata No.18 in E-flat, Op.31, No.3 – I. Allegro
6 Beethoven Piano Sonata No.18 in E-flat, Op.31, No.3 – III. Menuetto. Moderato
7 Beethoven Piano Sonata No.18 in E-flat, Op.31, No.3 – IV. Presto con fuoco

Arthur Rubinstein – Piano
London Philharmonic Orchestra
Daniel Baremboim – Conductor

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Museu da Música do Vale do Paraíba: um sonho próximo da realidade

Notícia recém saída do forno!

Quando, em 12 de julho de 2014, Alexandre Marcos Lourenço Barbosa lançou a proposta de criação de um Museu da Música do Vale do Paraíba (MMVP), durante as discussões da sessão de encerramento do XXVIII Simpósio de História do Vale do Paraíba, promovido em Cunha pelo Instituto de Estudos Valeparaibanos (IEV), cujo tema era, justamente, “Música no Vale do Paraíba”, não imaginávamos que, cinco meses depois, já estaríamos discutindo um cronograma de trabalho para a elaboração do seu projeto de criação.

O fato é que a ideia nasceu justamente da necessidade de uma instituição que pudesse tratar, custodiar, conservar e viabilizar a pesquisa de arquivos e coleções musicais do Vale do Paraíba ou a ele relacionados, além de centralizar informações, bibliografia, catálogos e bancos de dados sobre acervos musicais de outras regiões brasileiras, porém relacionados à história e à prática musical do Vale do Paraíba, desde o século XVIII ao presente.

Participaram, no entanto, dessa proposta de criação do Museu da Música do Vale do Paraíba alguns outros fatos importantes ocorridos a partir desse ano de 2014, especialmente o reencontro, em Pindamonhangaba, do arquivo musical de João Antônio Romão (1878-1972), a criação do Laboratório de Conservação, Arquivologia e Edição Musical da UNESP (Labor Carmine) em 15 de dezembro de 2014, e a atuação do Núcleo de Musicologia Social do Instituto de Artes da UNESP (NOMOS) – responsável pela criação do Labor Carmine – no tratamento do arquivo musical da família Lorena, da cidade de Aparecida, constituído de obras de Raldolpho José Lorena (1843-1913), José Raldolpho Lorena (1876-1961), Maria Annunciação Lorena Barbosa (1907-1996) e outros.

O Labor Carmine, fundado no campus de São Paulo da UNESP, será instalado, estruturado e equipado durante todo o ano de 2015, mas os pesquisadores nele envolvidos já estão trabalhando no arquivo musical de João Antônio Romão, com a colaboração da família Romão em Pindamonhangaba,e no arquivo musical da família Lorena, em Aparecida. O objetivo do Labor Carmine é receber provisoriamente e tratar (em São Paulo ou em suas cidades de origem, dependendo de cada situação) arquivos e coleções musicais históricas (o que inclui sua higienização e desinfecção, organização, arranjo físico, acondicionamento, catalogação e digitalização) para devolve-los em segurança às suas instituições custodiadoras, ou mesmo para intermediar sua doação ou transferência para instituições do gênero, quando for o caso.

Por essa razão, o jornal O Lince e o Labor Carmine uniram-se, em fins de 2014, juntamente com outros colegas de Aparecida, para estudar as bases de criação do Museu da Música do Vale do Paraíba nesta mesma cidade, que já se encontra virtualmente em funcionamento, por meio do tratamento dos referidos arquivos musicais.

Há, no entanto, vários outros acervos musicais no Vale do Paraíba que necessitam o tratamento técnico e a custódia institucional para garantir sua preservação, acesso e divulgação, além de acervos musicais gerados nesta região, porém atualmente mantidos por colecionadores em outras cidades brasileiras ou talvez mesmo do exterior. Sabemos da existência de famílias que desejam transferir seus acervos histórico-musicais para instituições custodiadoras permanentes, e que poderão fazê-lo após a criação do MMVP, quando será possível receber e tratar todos esses acervos e mesmo reivindicar o retorno para o Vale do Paraíba dos acervos musicais aqui originados, porém transferidos para outras regiões.

A fundação do Museu da Música do Vale do Paraíba será proposta a uma instituição sólida e comprometida com a cultura paulista ainda neste ano, conjuntamente pelo jornal O Lince e pelo Labor Carmine da UNESP, que também solicitarão apoio do Museu da Música da Arquidiocese de Mariana (MG), que já realiza esse trabalho naquela região há mais de 40 anos, do Centro de Referência Musicológica “Prof. José Maria Neves” (CEREM), de São João del-Rei, que também possui ações e experiência com acervos histórico-musicais, e do Instituto de Estudos Valeparaibanos, importante referência cultural desta região, além de outras instituições, na forma de troca de conhecimentos e informações, para viabilizar sua instalação e o início de seu funcionamento técnico.

O objetivo do MMVP será a recepção, tratamento e custódia de acervos musicais, a manutenção de uma sala para sua consulta (inclusive por meios digitais), a manutenção de uma exposição permanente de fontes musicais (manuscritas, impressas e sonoras), fotografias, instrumentos e objetos, para a recepção de visitantes durante todo o ano, especialmente nas festas e datas comemorativas, além da produção de partituras e partes para o abastecimento das orquestras, coros e grupos musicais interessados no repertório histórico-musical de Aparecida, do Vale do Paraíba e do Estado de São Paulo, especialmente a música sacra.

O Lince e o Labor Carmine estão trabalhando a todo vapor para viabilizar a inauguração do Museu da Música do Vale do Paraíba durante o ano de 2017, ocasião em que a cidade e a Arquidiocese de Aparecida celebrarão os 300 anos do encontro, nas águas do rio Paraíba, em Guaratinguetá, da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, padroeira do Brasil. Esperamos, com essa iniciativa, contribuir para a preservação e difusão da memória musical do Vale do Paraíba, para a promoção de apresentações musicais com o repertório custodiado no MMVP (sempre que possível nas igrejas, teatros e auditórios de Aparecida e do Vale do Paraíba) e receber professores, músicos, musicólogos, historiadores, religiosos e muitos visitantes interessados em conhecer a riqueza das tradições musicais desta cidade e desta região. E, no que se refere especificamente à música católica – uma das sessões mais volumosas dos acervos musicais valeparaibanos – esperamos, também, “promover a música sacra, como serviço eminente que corresponde à índole de nossos povos”, tal como expresso no item 947 da “Mensagem aos povos da América Latina”, emitida pela Terceira Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, em Puebla de los Angeles (México, 27 de janeiro a 13 de fevereiro de 1979).

Então, de nossa parte, mãos à obra!

Paulo Castagna, Doutor em História Social pela USP e Professor do Instituto de Artes da UNESP-SP
http://paulocastagna.com/
[email protected]

Veja o original da publicação aqui.

Uma boa notícia!

Avicenna

Lorin Maazel Conducts Wagner – Lorin Maazel & Berliner Philharmoniker

45 (1)Sim, eu sei, faz tempo que Wagner não aparece por aqui. Não que a gente não goste dele aqui no PQPBach, mas dá tanto trabalho postar suas óperas que acabamos deixando para outras ocasiões. Já pensei em iniciar um ciclo Wagner, trazendo todas suas óperas, mas só de lembrar do trabalhão que vai dar, sinto um arrepio na espinha e acabo adiando o projeto.

Então para matar as saudades, resolvi trazer um delicioso cd com suas aberturas e prelúdios. O maestro escolhido foi Lorin Maazel, recentemente falecido, frente à Filarmônica de Berlim. Diversão garantida, não acham?

01. Wagner: Tannhauser – I. Overture
02. Wagner: Tannhauser – II. Bacchanale
03. Wagner: Die fliegende Hollander: Overture
04. Wagner: Lohengrin: Prelude to Act 1
05. Wagner: Gotterdammerung: Siegfried’s Funeral March
06. Wagner: Tristan und Isolde – I. Prelude
07. Wagner: Tristan und Isolde – II. Isolde´s Liebestod

Waltraud Meier – Mezzo Soprano
Berliner Philharmoniker
Lorin Maazel – Conductor

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Franz Liszt (1811-1886) / Felix Mendelssohn (1809-1847) / Johann Sebastian Bach (1685-1750): Organ Works

Franz Liszt (1811-1886) / Felix Mendelssohn (1809-1847) / Johann Sebastian Bach (1685-1750): Organ Works


Quando vi anunciado este CD, torci o nariz porque ele era dominado por Liszt, autor que não me agrada muito. Mas a gravadora Alpha raramente faz alguma sacanagem com o amante da música. Fui ouvir e a coisa é mesmo boa. Se as obras de Liszt que abrem e fecham o CD são poderosas, a beleza é deixada a cargo de quem entende disso: Mendelssohn e Bach. É indiscutível o bom gosto e a sensibilidade presentes no repertório escolhido pelo excelente organista Rechsteiner, assim como a luminosidade que Amandine Beyer extrai de seu violino. Grande disco!

Franz Liszt (1811-1886): Organ Works

1. Liszt: Präludium und Fuge über das Motiv B.A.C.H. (I), for organ, S. 260i (LW E3/1)
2. Mendelssohn: Paulus (Saint Paul), oratorio, Op. 36: Jerusalem, die du tötest den Propheten
3. Mendelssohn: Song Without Words for piano No. 7 in E flat major, Op. 30/1
4. Liszt: Variationen über das Motiv von Bach: Weinen, Klagen, for organ, S. 673 (LW E17)
5. Bach: St. Matthew Passion (Matthäuspassion), for soloists, double chorus & double orchestra, BWV 244 (BC D3b): Erbarme dich
6. Liszt: Fantasie & Fuge über den Choral ‘Ad nos, ad salutarem undam’, for organ, S. 259 (LW E1)

Yves Rechsteiner, órgão
Amandine Beyer, violino
Monique Simon, mezzo-soprano

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Que show, Rechsteiner!
Que show, Rechsteiner!

PQP

.: interlúdio :. Hiromi Uehara – Alive, The Stanley Clarke Trio – Jazz in the Garden – Clarke, Uehara, White

folderFiquei tão impressionado com os cds da Hiromi Uehara que foram postados por aqui recentemente que fui atrás de maiores informações sobre a mocinha, e claro, atrás de outros cds. E encontrei essas outras duas pérolas.  Achei outros, mas vamos ver como será a recepção dos senhores para estes dois, aí quem sabe, trago outros.
Graças ao seu talento, Hiromi Uehara consegue reunir os melhores músicos para tocarem em seus discos, e foi meio que “apadrinhada” por Chick Corea, com quem gravou um cd de duos. E aqui nestes dois cds que ora vos trago ela toca com outras lendas do jazz, como Stanley Clarke e Lenny White, sem esquecer, é claro, de Simon Phillips e de Anthony Jackson. E os dois cds tem a mesma formação de Piano Jazz Trio.

Alive – The Trio Project Featuring Anthony Jackson & Simon Phillips

01 – Alive
02 – Wanderer
03 – Dreamer
04 – Seeker
05 – Player
06 – Warrior
07 – Firefly
08 – Spirit
09 – Life Goes On

Hiromi Uehara – Piano
Anthony Jackson – Bass
Simon Phillips – Drums

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Jazz In The GardenJazz in the Garden – The Stanley Clarke Trio with Hiromi Uehara & Lenny White

01. Paradigm Shift (Election Day 2008)
02. Sakura Sakura
03. Sicilian Blue
04. Take The Coltrane
05. 3 Wrong Notes
06. Someday My Prince Will Come
07. Isotope
08. Bass Folk Song No 5 & 6
09. Global Tweak
10. Solar
11. Brain Training
12. Under The Bridge

Stanley Clarke – Bass
Hiromi Uehara – Piano
Lenny White – Drums

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

.:interlúdio:. Bill Bruford’s Earthworks – Footloose & Fancy Free

415MPTYT9VLPara os fãs do rock progressivo e principalmente do “Yes”, e que conhecem a carreira de Bill Bruford esse cd não chega a ser uma surpresa, ao contrário, só reforça a admiração por este fantástico baterista, que circula do rock progressivo para o jazz sem muito trabalho.
Já tenho esse cd duplo gravado ao vivo há alguns anos e não canso de ouvi-lo. É de um bom gosto indiscutível, com músicos de altíssimo nível, e Bruford sempre impecável no comando das baquetas.

Disc One

1. Footloose and Fancy Free
2. If Summer Had its Ghosts
3. A Part, and Yet Apart
4. Triplicity
5. Come to Dust
6. No Truce with the Furies
7. The Wooden Man Sings, and the Stone Woman Dances
Disc Two
1. Revel Without a Pause
2. Never the Same Way Once
3. Original Sin
4. Cloud Cuckoo Land
5. Dewey-Eyed, then Dancing
6. The Emperor’s New Clothes
7. Bridge of Inhibition

Patrick Clahar – Tenor and soprano saxophones
Steve Hamilton – Piano
Mark Hodgson – Bass
Bill Bruford – Drums

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Ivo Maček (1914-2002): Complete Piano Music / Sonata para Violino e Piano

Ivo Maček (1914-2002): Complete Piano Music / Sonata para Violino e Piano

Bom disco deste estreante em nosso blog. Pouco conhecido fora de sua nativa Croácia, Ivo Maček (1914-2002) ocupou um lugar importante na vida musical da ex-Iugoslávia como pianista e educador. Ele compôs um pequeno número de peças para piano, as quais podem ser ouvidas todas nesta gravação première mundial. O Intermezzo é muito poético, enquanto o Theme and Variations é inventivo de dar gosto. Merecem ser conhecidos. Sua Sonata, de 1985, é a mais elaborada e imponente de suas obras para piano solo, enquanto que a Sonata para violino e piano, de 1980, demonstra com charme a crescente sofisticação e equilíbrio de seu estilo tardio.

Piano Sonatina (Ivo Macek)
1 Piano Sonatina: I. Animato 05:09
2 Piano Sonatina: II. Amabile 03:40
3 Piano Sonatina: III. Vivo e giocoso 03:25

Theme and Variations
4 Theme and Variations 08:05

Improvisation
5 Improvisation 03:13

Intermezzo
6 Intermezzo 05:17

Prelude and Toccata
7 Prelude and Toccata: Prelude 02:04
8 Prelude and Toccata: Toccata 02:50

Piano Sonata
9 Piano Sonata: I. Maestoso ma con moto 06:25
10 Piano Sonata: II. Comodo: Allegro vivace 06:44

Goran Filipec, piano
Silvia Mazzon, violino

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Ivo
Ivo Maček: o PQP sempre aprensentando novos compositores, né?

PQP

Restaurado – Robert Schumann – The Four Symphonies – George Szell – The Cleveland Orchestra

51FQB9+aAfLA Coleção “Masterworks Heritage” do selo CBS é o equivalente à “Originals” da Deutsche Grammophon, ou seja, procura reunir as melhores gravações que o conceituado selo norte americano lançou até ser vendido para a japonesa Sony. Felizmente os japoneses preservaram estas gravações. Nas próximas postagens trarei alguns destes tesouros da indústria fonográfica.

E vou começar com um peso pesadíssimo, um arrasa quarteirão, um blockbuster, eu diria: as quatro sinfonias de Schumann nas competentíssimas mãos de George Szell, em seus gloriosos tempos frente à The Cleveland Orchestra. Com certeza uma das melhores gravações já realizadas destas sinfonias.

Divirtam-se pois isso aqui é papa finíssima, como diria um amigo meu.

CD 1

01. Symphony No. 1 – I. Andante un poco maestoso
02. II. Larghetto
03. III. Scherzo
04. IV. Allegro animato e grazioso
05. Symphony No. 2 – I. Sostenuto assai – Allegro ma non troppo
06. II. Scherzo
07. III. Adagio espressivo
08. IV. Allegro molto vivace

CD 2

01. Symphony No. 3 – I. Lebhaft
02. Symphony No. 3 – II. Scherzo – Sehr massig
03. Symphony No. 3 – III. Nicht schnell
04. Symphony No. 3 – IV. Feierlich
05. Symphony No. 3 – V. Lebhaft
06. Symphony No. 4 – I. Ziemlich langsam – Lebhaft
07. Symphony No. 4 – II. Romanze – Ziemlich langsam
08. Symphony No. 4 – III. Scherzo – Lebhaft
09. Symphony No. 4 – IV. Langsam – Lebhaft
10. ‘Manfred’ Overture

The Cleveland Orchestra
George Szell – Conductor

CD 1 BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
CD 2 BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

[restaurado por Vassily em 26/5/2020]

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Violin Concerto, Romances for Violin and Orchestra, Accardo, Giulini, La Scala Philharmonic Orchestra

CoverTalvez esta seja a versão mais longa que já ouvi deste concerto de Beethoven. Até conhecê-la, era a versão de Nigel Kennedy, gravada com Klaus Tenstedt a campeã. Mas independente de tempos escolhidos pelo maestro e pelo seu solista, o que temos aqui é uma possibilidade de leitura que a muita gente pode parecer estranho. 25 minutos para o primeiro movimento pode até parecer uma eternidade.

A leveza e a sofisticação da regência de Giulini, já no final de sua vida, é bom lembrar, mostra nuances e detalhes da orquestração que podem passar desapercebidas em outras gravações com o andamento mais rápido. É como se Giulini e a excelente Filarmônica do Teatro Scala aproveitassem para explorar cada nota em toda a sua extensão. E Salvatore Accardo, com sua maestria de sempre, mostra-se totalmente à vontade em tocar seu violino com essa concepção diferente. Deixa de lado a técnica apuradíssima que sabemos possuir para nos envolver totalmente, às vezes parecendo um tanto quanto displicente, como comentou um cliente da Amazon. Não há pressa nenhuma. Apenas se utilizou de um caminho mais longo para chegar ao destino. Curiosamente, quando vi os nomes envolvidos nesta gravação, pensei, puxa, o que todo esse bando de italianos vai fazer com o sacrossanto concerto de Beethoven? Deve ser incendiária. Mas depois de ouvir atentamente, pensei com meus botões novamente: O que Carlo Maria Giulini e Salvatore Accardo ainda precisam provar? Já cumpriram e muito bem o seu “dever” na terra. Vamos então dar-lhes a oportunidade de mostrar outras facetas da genialidade de Beethoven.

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Violin Concerto, Romances for Violin and Orchestra

1 Concerto for Violin and Orchestra in D major,Op.61, I. Allegro ma non troppo
2 Concerto for Violin and Orchestra in D major,Op.61, II. Larghetto
3 Concerto for Violin and Orchestra in D major,Op.61, III. Rondo.  Allegro
4 Romance for Violin and Orchestra No.1 in D major,Op.40
5 Romance for Violin and Orchestra No.2 in F major,Op.50

Salvatore Accardo – Violin
La Scala Philharmonic Orchestra
Carlo Maria Giulini – Conductor

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Astor Piazzolla (1921-1992): Tango Ballet, Concierto Del Angel, Tres Piezas Para Orquesta De Camara

51wf9EFWttLLINK REVALIDADO !!!

Hoje, no Sul21, saiu um longo artigo sobre Piazzolla. Acho que vale a pena. Está cheio de vídeos e informações legais.

~o~

Este disco certamente é um os melhores de Piazzolla que foram lançados após a morte do compositor. Desconhecia o Tango Ballet e fiquei efetivamente APAIXONADO pela música. Já o Concierto Del Angel e as Tres Piezas são mais conhecidas e tão grandes quanto. A alegre orquestra de Gidon Kremer rende DEMAIS, ABSURDAMENTE, no Concierto Del Angel. Dá para sentir o tesão dos músicos, felizes de tocar Piazzolla. Sobre a qualidade deles… É o que eu sempre digo, deve ser a água do Báltico. Como tem músico bom naquela parte do mundo! Esses aí são uns animais, vou lhes contar.

AB-SO-LU-TA-MEN-TE  IM-PER-DÍ-VEL !!!

Piazzolla: Tango Ballet, Concierto Del Angel, Tres Piezas Para Orquesta De Camara

1. Tango Ballet For Violin And String Orchestra: Titulos
2. Tango Ballet For Violin And String Orchestra: La Calle
3. Tango Ballet For Violin And String Orchestra: Encuentro-Olvido
4. Tango Ballet For Violin And String Orchestra: Cabaret
5. Tango Ballet For Violin And String Orchestra: Soledad
6. Tango Ballet For Violin And String Orchestra: La Calle

7. Concierto Del Angel For Violin, Bandoneon, Double Bass, Piano And String Orchestra: Introduccion Al Angel
8. Concierto Del Angel For Violin, Bandoneon, Double Bass, Piano And String Orchestra: Milonga Del Angel
9. Concierto Del Angel For Violin, Bandoneon, Double Bass, Piano And String Orchestra: La Muerte Del Angel
10. Concierto Del Angel For Violin, Bandoneon, Double Bass, Piano And String Orchestra: Resurreccion Del Angel

11. Tres Piezas Para Orquesta De Camara – For Piano And String Orchestra: Preludio: Lento
12. Tres Piezas Para Orquesta De Camara – For Piano And String Orchestra: Fuga: Allegro
13. Tres Piezas Para Orquesta De Camara – For Piano And String Orchestra: Divertimento: Allegro Molto

Astor Quartet
Kremerata Baltica
Gidon Kremer

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

 

PQP

Maura Moreira: O Canto da Terra – Ernani Braga (1888-1948), Luciano Gallet (1893-1931), Jayme Ovalle (1894-1955), Waldemar Henrique (1905-1995), João Baptista Siqueira (1906-1992) e Aloysio de Alencar Pinto (1912-2007) [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

MUITO BOM !!!

(postado originalmente em 6 de dezembro de 2012. Repostado agora com arquivo em FLAC)

A postagem de hoje atrasou, mas saiu. Vamos com mais um pouco de música erudita brasileira, brasileiríssima!

Aliás, você conhece ou, pelo menos, já ouviu falar de Maura Moreira? Ah, precisamos conhecê-la!

Maura foi (é) uma contralto brasileira excepcional de sólida carreira no exterior. Mineira de Belo Horizonte, começou seus estudos musicais no Conservatório Mineiro de Música. Após vencer um concurso de canto, deu prosseguimento aos estudos em Viena, onde teve aula com grandes nomes da música erudita. Estreou profissionalmente 1958, no teatro da cidade de Ulm, na Alemanha, interpretando Santuzza, na Cavalleria Rusticana de Pietro Mascagni. No ano seguinte fixou residência naquele país. Ao longo da carreira, acumulou outros papéis importantes, em óperas como Aida, Don Carlo e Madame Butterfly. Integrou, a partir de 1962, a tradicional Casa de Ópera de Colônia.

Por ser brasileira e negra, sempre se dedicou à música do Brasil e à música raiz e folclórica. Em meio Às suas gravações, sempre abriu um espaço para compositores como Villa-Lobos, Jayme Ovalle e Waldemar Henrique, para cantos de nossa terra…

Aqui ela se obrigou a levar sua técnica ao máximo: há uma variedade tão grande de ritmos, cadências, evoluções e síncopas da mesma maneira como grande é este país e diversificada a sua cultura. Há cantos indígenas amazônicos, pontos de orixás, cantos de trabalho, modinhas e canções de vários tipos, que fazem com que Maura Moreira mostre toda a sua versatilidade (e seu belo timbre) com O Canto da Terra. Coisa linda!

Em duas dimensões, no tempo e no espaço, este é um recital abrangente onde temos, pela voz privilegiada de Maura Moreira, um panorama do canto popular na terra brasileira. Popular em seu sentido mais fundamentado, porque profundamente ligado à terra e às suas tradições e acima dos modismos. São cantos de confluências raciais, de heranças espirituais que se somam, buscando pela complexidade da convivência evitar a perplexidade dos desencontros. (Zito Batista Filho, extraído do encarte)

Show de bola! Ouça! Ouça! Deleite-se!

Fonogramas espetaculosamente cedidos pelo paraense Raphael Soares! Inestimável!

Maura Moreira (1933-)
O Canto da Terra

Waldemar Henrique (Belém, PA, 1905-1995)
01. Lendas Amazônicas – Cobra grande
02. Lendas Amazônicas – Tamba-tajá
03. Lendas Amazônicas – Uirapuru
Aloysio de Alencar Pinto (Fortaleza, CE, 1912 – Rio de Janeiro, RJ, 2007) (arr.)
04. Cantos indígenas – Tagnani-tangrê (canto religioso dos índios Nhambiquaras)
05. Cantos indígenas – Canções dos índios botocudos: Céu grande, Macaco barbado na árvore, Minha mulher é boa de verdade
Jayme Ovalle (Belém, PA, 1894 – Rio de Janeiro, RJ, 1955) (arr.)
06. Três pontos de Santo – Chariô
07. Três pontos de Santo – Aruanda
08. Três pontos de Santo – Estrela do mar
Aloysio de Alencar Pinto (Fortaleza, CE, 1912 – Rio de Janeiro, RJ, 2007) (arr.)
09. Três cantos afro-brasileiros – O Fuli-lorerê ê (Canto de Oxalá)
10. Três cantos afro-brasileiros – Yemanjá (Toada à Mãe-d’Água)
11. Três cantos afro-brasileiros – Abá Iogum (Louvação a Ogum)
João Baptista Siqueira (Princesa, PB, 1906 – Rio de Janeiro, RJ, 1992) (arr.)
12. Se meus suspiros pudessem (Modinha do séc. XVIII)
13. Hei de amar-te até morrer (Melodia do séc. XX)
Ernani Costa Braga (Rio de Janeiro, RJ, 1888 – 1948) (arr.)
14. Casinha pequenina (Modinha do séc. XX)
Luciano Gallet (Rio de Janeiro, RJ, 1893 – 1931) (arr.)
15. Morena, morena (Modinha recolhida no Paraná)
Mário Raul de Morais Andrade (São Paulo, SP, 1893 – 1945) (letra)
16. Viola quebrada (Toada de caipira)
Aloysio de Alencar Pinto (Fortaleza, CE, 1912 – Rio de Janeiro, RJ, 2007) (arr.)
17. Sodade (Cantiga de roda de Minas Gerais)
Luciano Gallet (Rio de Janeiro, RJ, 1893 – 1931) (arr.)
18. Tayêras (Chula de mulatas do Norte)
Ubiratan (arr.)
19. Prenda minha (Folclore gaúcho)
Ernani Costa Braga (Rio de Janeiro, RJ, 1888 – 1948) (arr.)
20. Capim di pranta (Folclore gaúcho), (Canto de trabalho de negros escravos)

Maura Moreira, contralto
Sonia Maria Vieira, piano
Rio de Janeiro, 1979


BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3  (114Mb)
FLAC  (192Mb)

Partituras e outros que tais? Clique aqui

AH, E POR FAVOR… TEÇA ALGUM COMENTÁRIO. DEU UM TRABALHÃO…

Bisnaga

Arthur Moreira Lima interpreta Waldemar Henrique – Waldemar Henrique (1905-1995), Tynnôko Costa, Luiz Pardal e Sergei Firsanov (1982) [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

SHOW DE BOLA !

(postado originalmente em 22 de novembro de 2012)

Ah, que orgulho! Hoje o P.Q.P.Bach tem a honra de disponibilizar a vocês as interpretações do fodástico pianista conterrâneo Arthur Moreira Lima sobre as obras do grande compositor paraense Waldemar Henrique! Moreira Lima, assim como um grupo considerável de colegas seus brasileiros, figura no rol dos melhores pianistas do planeta.

O CD é bipartido: a primeira parte contém nove canções ao piano com Moreira Lima e solistas de alta categoria: Adriane Queiroz, Maria Monarcha, Augusto Ó de Almeida e José Maria Cardoso. A segunda parte nos traz três brilhantes fantasias sobre temas henriquianos compostas para piano e orquestra por autores que, para grande parte de nós, são desconhecidos: Luiz Pardal cria a Suíte Waldemar, o russo Sergei Firsanov elabora uma Rapsódia sobre a obra de Henrique e Tynnôko Costa reelabora a canção Tajá-Panema. Um começo mais intimista e um final monumental. Show!

Muito, muito bom! Ouça, ouça!

Arthur Moreira Lima interpreta Waldemar Henrique 
.

Waldemar Henrique (Belém, PA, 1905-1995)
01. Uirapuru
02. Tambatajá
03. Matintaperera
04. Abaluaiê
05. Foi o Boto, Sinhá
06. Boi-Bumbá
07. Minha Terra
08. Senhora Dona Sancha
09. Essa Nêga Fulô
Luiz Pereira de Moraes Filho (Luiz Pardal)
10. Suíte Valdemar, para piano e Orquestra, 1. Uirapuru
11. Suíte Valdemar, para piano e Orquestra, 3. Valsa
12. Suíte Valdemar, para piano e Orquestra, 3. Rolinha
Sergei Firsanov (Moscou, Rússia, 1982)
13. Rapsódia para Piano e Orquestra
Tynnôko Costa (Antonio Carlos Vieira Costa – Belém, PA, 19??)
14. Tajá-Panema, suíte para piano e orquestra

Arthur Moreira Lima, piano (faixas 1-14)
Adriane Queiroz, soprano (faixas 1, 2, 5 e 6)
Maria Monarcha, soprano (faixa 9)
Augusto Ó de Almeida, tenor (faixas 7 e 8)
José Maria Cardoso, baixo (faixas 3 e 4)
Orquestra Sinf do Theatro da Paz (faixas 10-14)
Barry Ford, regente (faixas 10-14)

Belém, Pará, 2005


BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3  (198Mb)
FLAC  (373Mb)

Partituras e outros que tais? Clique aqui

Bisnaga

W. A. Mozart (1756-1791): Réquiens, K. 626, em duas versões inteiramente diferentes

W. A. Mozart (1756-1791): Réquiens, K. 626, em duas versões inteiramente diferentes

Como diversão, aqui vão duas gravações do justamente célebre Réquiem de Mozart. O portento vem em duas versões totalmente diferentes: uma com instrumentos modernos, outra com instrumentos originais. Para meu gosto, apesar de respeitar o grande regente que foi Karl Böhm, a transparência e delicadeza torna a gravação de Koopman muito melhor do que o pesado registro lá dos anos 70. Acho que esta é uma batalha ganha pelos modernos admiradores das coisas antigas. Meu argumento é simples: admito que os contemporâneos possam dar sua interpretação contemporânea à música antiga, mas é forçoso admitir que o compositor escreveu as obras para os instrumentos de época, desconhecendo o que ocorreria no futuro. Se nossas salas de concertos já são museus sonoros, nada mais natural que os timbres originais sejam respeitados, penso.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Réquiem, K. 626 (2 versões)

01 – Requiem – Kyrie
02 – Dies Irae
03 – Tuba Mirum
04 – Rex Tremendae
05 – Recordare
06 – Confutatis
07 – Lacrimosa
08 – Domine Jesu
09 – Hostias
10 – Sanctus
11 – Benedictus
12 – Agnus Dei – Lux Aeterna

Wiener Staatsopernchor
Norbert Balatsch, dir.

Edith Mathis, soprano
Julia Hamari, contralto
Wieslaw Ochman, tenor
Hans Haselbock, órgão
Karl Ridderbusch, baixo

Wiener Philharmoniker
Karl Böhm, regente

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

01 – Requiem – Kyrie
02 – Dies Irae
03 – Tuba mirum
04 – Rex tremendae
05 – Recordare
06 – Confutatis
07 – Lacrimosa
08 – Domine Jesu
09 – Hostias
10 – Sanctus
11 – Benedictus
12 – Agnus Dei – Lux aeterna

Barbara Schlick, sopran
Carolyn Watkinson, alt
Christoph Prégardien, tenor
Harry van der Kamp, bass

Amsterdam Baroque Orchestra
Koor van de Nederlandse Bachvereniging
Ton Koopman

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

A dúvida: instrumentos originais -- utilizar ou não?
Os instrumentos originais custam caro, né, seu PQP?

PQP

Antonio Carlos Gomes (1836-1896), Giuseppe Verdi (1813-1901), Charles Gounod (1818-1893) e Giacomo Puccini (1858-1924) [Acervo PQPQBach] [link atualizado 2017]

ES-TU-PEN-DO !!!

(postado originalmente em 15 de novembro de 2012)

P.Q.P.Bach, SEIS anos, com Carlos Gomes na pauta. Acredito que vocês, nossos ilustríssimos usuários/ouvintes, apreciarão.

Já vos aviso que este CD é um de meus prediletos! Guardei-o para uma ocasião especial e, como posto às quintas e o aniversário do P.Q.P.Bach foi cair justo nesse dia da semana, ei-lo aqui.

Para começar, o que mais um violista (mesmo que frustrado, como eu), amante das cordas e das óperas, poderia achar de um CD de compositores operísticos que se arriscaram nas peças de câmara? É simplesmente maravilhoso!

E aqui temos os corajosos e belíssimos trabalhos para grupos de cordas compostos pelo nosso conterrâneo Carlos Gomes e contemporâneos seus: Verdi, Gounod e Puccini, que se aventuraram nessa área, com a qual não tinham muita experiência, e se saíram muito, mas muito bem.

O Quarteto em Mi Menor, de Verdi, é passional, romântico, como não poderia deixar de sê-lo vindo de um compositor italiano: uma joia. O Quarteto em Lá Menor, de Gounod é tenso, visceral, problemático: parece que ele quer resolver algo e não consegue, resultando em uma música instigante e que prende inevitavelmente nossa atenção e nosso interesse. Já a Crisantemi, de Puccini, é obra mais sencilha, melancólica e sofrida, há muito sentimento em suas notas bem escritas. Cativante.

O ponto alto, não querendo ser bairrista, mas inexoravelmente o sendo, é a Sonata em Ré, a conhecida Burrico de Pau, de Carlos Gomes (quem é da região de Campinas vira e mexe ouve seu primeiro movimento quando aparece a propaganda do “Concertos EPTV”: repare). Essa é uma obra de gênio, sinceramente: jovial, vibrante (e Carlos Gomes já estava doente) e, pelo que percebo, a de mais difícil execução de todo o álbum. Pizzicatos, estacatos, pulos da primeira para a quarta corda, percussão das costas dos arcos nas cordas… Muito difícil e, pra melhorar, muito bonita. O último movimento, que dá nome à sonata, foi composto quando Carlos Gomes viu a sobrinha brincando com um cavalinho de madeira. Ele estava em seu auge composístico, com as obras mais melódicas e mais refinadas de sua carreira.

Para melhorar ainda mais, esse conjunto de peças inspiradas é executado pelo Quarteto Bessler-Reis, nome por demais importante no cenário camerístico nacional. Os que possuem um ouvido mais apurado perceberão um errinho, uma pequena escorregadela aqui ou lá, mas não se poderá negar que a execução do Besser-Reis tem o que é mais essencial à música: paixão. A execução é vibrante, carregada: eles tocam com vontade, mesmo, não são meros executores; há muito sentimento e as músicas saem com as cores mais vivas que a paleta musical as poderia pintar.

Um baaaaita CD! Digno da comemoração dos SEIS anos de existência deste blog. Ouça, ouça! Faça seu dia, sua semana melhor!

Palhinha: o Quarteto Vox Brasiliensis (não achei vídeo com o Bessler-Reis) tocando o Burrico de Pau:

Quarteto Bessler-Reis
Carlos Gomes e seus Contemporâneos

Antonio Carlos Gomes (Campinas, SP, 1836 – Belém, PA, 1896)
01. Sonata em Ré “O Burrico de Pau”, I. Allegro animato
02. Sonata em Ré “O Burrico de Pau”, II. Allegro Scherzoso
03. Sonata em Ré “O Burrico de Pau”, III. Adagio lento e calmo
04. Sonata em Ré “O Burrico de Pau”, IV. (Vivace) O Burrico de Pau
Giuseppe Verdi (Roncole, Itália 1813 — Milão, Itália, 1901)
05. Quarteto em Mi menor, I. Allegro
06. Quarteto em Mi menor, II. Andantino
07. Quarteto em Mi menor, III. Prestissimo
08. Quarteto em Mi menor, IV. Scherzo-fuga (allegro assi; mosso)
Charles Gounod (Paris, França, 1818 – Saint-Cloud, França, 1893)
09. Quarteto nº3 em Lá menor, I. Allegro
10. Quarteto nº3 em Lá menor, II. Allegreto quasi moderato
11. Quarteto nº3 em Lá menor, III. Scherzo
12. Quarteto nº3 em Lá menor, IV. Final. Allegreto
Giacomo Puccini (Lucca, Itália, 1858 – Bruxelas, Bélgica, 1924)
13. Crisantemi

Quarteto Bessler-Reis
Rio de Janeiro, 1999


BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3  (238Mb)
FLAC  (421Mb)

Partituras e outros que tais? Clique aqui

…Mas comente… Não me responda apenas com o vazio do silêncio…

Bisnaga

Beethoven: Variações sobre um tema de Diabelli / Bach: Partita Nº 4

Beethoven: Variações sobre um tema de Diabelli / Bach: Partita Nº 4

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Duas obras-primas em mãos competentes. Não poderia dar errado e não deu mesmo. As luminosas 33 Variações sobre uma Valda de Diabelli, de Beethoven, e a Partita Nº 4, de Bach, recebem o banho de talento de um dos pianistas preferidos de meu irmão FDP Bach. Não há reparos a fazer, resta apenas deliciar-se ouvindo este filho de um croata e de uma californiana. Ele tem bom gosto, tanto que foi o terceiro marido de Martha Argerich. Espero que os pequepianos não imaginem o que ambos faziam com os dedos, mas informo que eles têm uma filha fotógrafa, Stéphanie.

Beethoven – 33 Variations in C on a Waltz by Anton Diabelli, op.120 (51min24)

01 Tema: Vivace  0.45
02 I AlIa marcia maestoso 1.24
03 II Poco allegro  0.40
04 III L’istesso tempo 1.19
05 IV Un poco più vivace 0.52
06 V Allegro vivace 0.53
07 VI Allegro ma non troppo e serioso 1.48
08 VII Un poco più allegro 1.02
09 VIII Poco vivace 1.34
10 IX Allegro pesante e risoluto 1.41
11 X Presto 0.36
12 XI Allegretto 1.03
13 XII Un poco più moto 0.52
14 XIII Vivace 0.58
15 XIV Grave e maestoso 4.13
16 XV Presto scherzando 0.31
17 XVI Allegro 0.57
18 XVII Allegro 1.03
19 XVIII Poco moderato 1.26
20 XIX Presto 0.50
21 XX Andante 2.18
22 XXI Allegro con brio – Meno allegro 1.03
23 XXII Allegro molto  0.38
24 XXIII Allegro assai 0.54
25 XXIV Fughetta: Andante 3.11
26 XXV Allegro 0.43
27 XXVI Piacevole 1.14
28 XXVII Vivace 0.56
29 XXVIII Allegro 0.52
30 XXIX Adagio ma non troppo 1.19
31 XXX Andante, sempre cantabile 1.59
32 XXXI Largo, molto espressivo  4.56
33 XXXII Fuga: Allegro  2.55
34 XXXIII Tempo di menuetto moderato 4.04

Bach Partita No. 4 in D Major BWV 828  (26min07)

35 I Ouverture 5.54
36 II Allemande 7.36
37 III Courante 2.24
38 IV Aria 1.32
39 V Sarabande 3.55
40 VI Menuet 1.27
41 VII Gigue 2.44

Total timing: 77min32

Stephen Kovacevich, piano

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Stephen Kovacevich: que belo registro de duas obras-primas!
Stephen Kovacevich: que belo registro de duas obras-primas!

PQP

Mozart Camargo Guarnieri (1907-1993) – Obra sacra integral [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

Lindo!!!

(Postado originalmente em 19 de abril de 2013, agora repostado com opção em formato FLAC)

Eu já estava com problemas internos por haver passado um tempo sem postar nada de música brasileira. Hoje sarei! E volto com um peso-pesado: Camargo Guarnieri. O cara é foda!

O tieteense Mozart Camargo Guarnieri tinha um pai fissurado em óperas: seus outros dois irmãos se chamavam Verdi e Rossini Camargo Guarnieri. Seu pai era barbeiro, mas ganhava a vida também como flautista, tocava em bailes e cinemas da pequena Tietê. Sua mãe era pianista. É de se esperar que, numa família como essas, as crianças saíssem inclinadas à música. E foi o que aconteceu: todos os filhos do casal tiveram iniciação musical com os pais desde muito pequenos. Talvez os pais de Mozart nunca imaginassem o quão longe o filho iria com a música, tornando-se um dos principais maestros e compositores do país.

Depois do primeiro e indiscutível lugar pertencente a Villa-Lobos no panteão dos compositores brasileiros do século XX , é bastante comum que coloquem Camargo Guarnieri logo ali do ladinho. O cara é muito bom e faz jus ao prenome de Mozart (ainda que não seja classicista). Suas obras, especialmente as sinfônicas e pianísticas, são de grande complexibilidade e denotam a mente brilhante do filho do barbeiro-flautista de Tietê.

Hoje postamos aqui a obra sacra integral de Camargo Guarnieri. Não é uma maravilha de CD, pois o coral tem alguns problemas (o timbre do conjunto não está muito bem limpo, há momentos em que se percebe as sopranos exagerando nos vibratos). No entanto, vale muito baixar o álbum, pois algumas peças são as únicas gravações que conheço: mal de música erudita brasileira: por ser pouco gravada, muitas vezes não temos muita opção.

Mais pra frente postaremos mais desse gênio que foi Camargo Guarnieri.

Apesar de qualquer senão, ouça, ouça! A obra de Guarnieri é belíssima! Deleite-se!

Mozart Camargo Guarnieri (1907-1993)
Obra Sacra Integral

01. Salmo 23 (O Senhor é meu pastor)
02. Ave Maria – 1980
03. Ave Maria – 1937
04. Em Memória de meu Pai – Versículo do livro de Hebreus 13:6
05. Louvação ao Senhor (Salmo 150)
Missa Dilígite, “Amai-vos uns aos outros”
06. I. Kirie
07. II. Gloria
08. III. Sanctus e Benedictus
09. IV. Agnus Dei
Canto de Amor aos meus irmãos do mundo
10. I. Lento
11. II. Contemplativo
12. III. Confiante

Coral Camargo Guarnieri
Orquestra organizada para esta gravação
Flávio Santos, regente
2004

 

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FLAC (223Mb) encartes a 5.0 Mpixel
MP3 (109Mb) encartes a 5.0 Mpixel

Partituras e outros que tais? Clique aqui

 

O grande Camargo Guarnieri.

Bisnaga

.: interlúdio :. Mariano Otero: Desarreglos

.: interlúdio :. Mariano Otero: Desarreglos

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Excelente disco do jovem baixista, compositor, arranjador e bandleader argentino Mariano Otero e seu noneto. Neste disco, presta homenagem a seu professor Walter Malosetti, com composições originais do aluno Otero e de seu professor. O resultado é brilhante, o noneto mostra-se talentosíssimo ao fazer coexistir o moderno e o tradicional. Normalmente, os tributos são lugares confortáveis o suficiente para não se dizer nada de novo. Abundam homenagens inúteis a todos. Mas um tributo pode ser também uma operação de releitura, de compromisso com o homenageado e, acima de tudo, uma forma de dar primeiro plano a algumas músicas raras. Um achado!

Mariano Otero: Desarreglos

1 El maestro 04:42
2 Ale Blues 06:24
3 Mini 07:52
4 Grama 05:27
5 Walter´s Rithm 05:22
6 Avellaneda 02:45
7 Madrid 04:41
8 Pappo´s blues 05:15
9 Espíritu 05:53
10 Blues for Pepi 05:25
11 Adiós Lala 05:58
12 Clifford 05:18

Músicos:
Mariano Otero Noneto:
Mariano Otero contrabajo
Juan Cruz De Urquiza trompeta, flugelhorn
Rodrigo Dominguez saxo tenor
Ramiro Flores saxos alto y tenor
Carlos Michelini saxos alto y tenor
Martín Pantyrer saxo barítono
Juan Canosa trombón
Francisco Lovuolo piano
Pepi Taveira batería

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Mariano Otero
Mariano Otero

PQP

Kaija Saariaho (1952): Six Japanese Gardens / Trois Rivières Delta

Kaija Saariaho (1952): Six Japanese Gardens / Trois Rivières Delta

saariahoFala Saariaho:

Seis Jardins Japoneses é uma coleção de impressões sobre os jardins que vi em Kyoto durante a minha estadia no Japão, no verão de 1993 e minhas reflexões sobre o ritmo naquela época.

Como o título indica, a peça é dividida em seis partes. Cada uma destas partes tem a aparência de um material específico rítmico, a partir da primeira parte simples, em que a instrumentação principal é introduzida, usando figuras polirrítmicos em ostinato ou complexas, com alternância de material rítmico e colorístico.

A seleção dos instrumentos tocados pelo percussionista é voluntariamente reduzido para dar espaço para a percepção das evoluções rítmicas. Além disso, as cores reduzidas são estendidas com a adição de uma parte eletrônica, em que ouvimos os sons da natureza, canto ritual, e instrumentos de percussão gravados no Colégio Kuntachi de Música. As seções já misturadas são acionados pelo percussionista durante a peça, a partir de um computador Macintosh.

Todo o trabalho para o processamento e mistura do material pré-gravado foi feito com um computador Macintosh no meu home studio. Algumas transformações são feitas com os filtros ressonantes no programa CANTO, e com o SVP Phaser Vocoder. Este trabalho foi feito com Jean-Baptiste Barrière. A mistura final foi feita com o programa Protools com o auxílio de Hanspeter Stubbe Teglbjaerg.

A peça é encomendada pela Academia Kunitachi de Música e dedicada a Shinti Ueno.

Kaija Saariaho (1952): Six Japanese Gardens / Trois Rivières Delta

Six Japanese Gardens (1993) 16m03s
1 Tenju-an Garden of Nanzen-ji Temple 3m12s
2 Kinkaku-ki (Golden Pavillon) 1m20s
3 Tenryu-ji (Dry Mountain Stream) 3m03s
4 Ryoan-ji (Sand Garden) 2m20s
5 Saiho-ji (Moss Garden) 2m48s
6 Daisen-in (Stone Bridges) 3m10s

7 Trois rivières Delta (1993) 14m14s
7 1 3m45s
8 2 6m36s
9 3 3m53s

Thierry Miroglio, percussion

Total duration: 30m17s

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Saariaho: belezas orientais
Saariaho: belezas orientais

PQP

J. S. Bach (1685-1750): Obras para Cravo-Alaúde, com Gergely Sárközy

J. S. Bach (1685-1750): Obras para Cravo-Alaúde, com Gergely Sárközy

Estas obras, que costumam ser interpretadas ao alaúde ou transcritas para o violão, aqui as ouvimos no curioso e quase esquecido instrumento Lautenclavicymbel, ou Lauteklavier, ou ainda Lute-Harpsichord: o Cravo-Alaúde. Para nós e nossos tempos um exótico instrumento, semelhante a uma grande tartaruga emborcada e dotada de teclado; as cordas de tripa e sonoridade de um alaúde com maior projeção sonora e timbre particular. Embora o mestre Johann Sebastian tivesse em seu círculo de amigos o grande alaudista e compositor Silvius Leopold Weiss e que tenha composto para o seu encantador instrumento, sabe-se também que Bach possuía um Cravo-Alaúde e por ele tinha particular apreço. Embora não tenhamos registros precisos sobre a destinação das suas peças hoje interpretadas ao alaúde, muito possivelmente algumas poderiam ter sido pensadas para aquele originalíssimo cordofone; o que a presente gravação só vem a reforçar, pelo caráter de algumas das obras, a exemplo da Suíte em Dó Menor BWV 997, cujo impetuoso Prelúdio e a extraordinária e rara Fuga Da Capo nos apontariam uma possível concepção para o teclado. Ressaltemos também a impressionante Sarabande desta Suíte, pois sua melodia é similar à do coral que conclui a Paixão Segundo São Mateus, só que uma terça menor abaixo.

Das poucas tentativas de se reconstruir e gravar num Alaúde-Cravo, um dos mais bem sucedidos resultados (para mim o melhor resultado) é o instrumento construído pelo musicista húngaro Gergely Sárközy, baseado em antigas cartas de lutenaria. Seu instrumento produz uma sonoridade bela, rica, encorpada e ao mesmo tempo suave. Quem for purista e tiver conhecido estas obras ao alaúde ou violão em interpretações ‘bem comportadas’, talvez venha a desdenhar, pois Sárközy interpreta com acentuada expressão e improvisa onde encontra espaço. Mas improvisa muito bem e logra convencer (o que nem todo intérprete de música barroca que improvisa consegue, soando às vezes engessado). Sárközy tem bom gosto e sua interpretação emociona. Pelo menos a mim vem emocionando há muito, que conheci a presente gravação do selo Hungaroton nos tempos do vinil (e sob estas pautas muitas garrafas passaram).

Preciso agora dizer que esta é a primeira postagem que faço no PQP Bach, um oasis de cultura e beleza nesses tempos do cólera. Fico enaltecido e grato pelo convite dos amigos integrantes dessa Távola Musical. Espero partilhar muito mais, retribuindo as felicidades que têm nos trazido com tanta generosidade e amor à música. Sendo assim uma primeira postagem, escolhi o nosso bom Pai João Sebastião para começar com sua bêncão.

Bach – Suites for Lute-Harpsichord – Gergely Sarkozy

1 Suite in E minor BWV 996 Praeludio. Passagio – Presto
2 Allemande
3 Courante
4 Sarabande
5 Bourree
6 Gigue

7 Choral Preludes from the Kirnberg Collection BWV 690 (b)
8 BWV 691
9 BWV 690

10 Suite in C minor BWV 997
11 Fuga
12 Sarabande
13 Gigue
14 Double

Gergely Sárközy, cravo-alaúde

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Gergely Sarkozy: um disco absolutamente matador
Gergely Sarkozy: um disco absolutamente matador

WELLBACH