Op. 132

De uma forma ou outra, os elogios são quase diários. E a gente faz questão deles, sim. É nosso salário moral e, na semana passada, recebemos um elogio especial. Veio num e-mail com o título acima: “Op. 132”. Nem mais, nem menos. Era de um visitante de nosso blog cujo nome não vou revelar por ainda não ter pedido permissão a ele. Dirige-se aos que fazem o PQP Bach: eu, FDP Bach, Clara Schumann, Blue Dog, CDF Bach e Ciço Villa-Lobos. Mas ele toca numa coisa da qual faço absoluta questão e do qual sou o maior falsário: os textos que acompanham as postagens. Quando inventei o blog, quis que ele fosse uma coisa minimamente pedagógica. Pensava que as pessoas deveriam ao menos saber — se quisessem — onde inserir a obra postada na história da música, sua importância, etc. Não faço isso, prefiro a diversão de expressar meu prazer ou não na audição da obra. Sei lá. O que sei é meus textos são escritos em dez minutos e olhem lá. Daí, o fato de ter utilizado a palavra falsário. De qualquer maneira, gostaria de dividir esta mensagem com os ouvintes-leitores do blog, pedindo que vocês reduzam à razoabilidade o volume dos elogios às vezes exagerados do autor.

Caro PQP,

Estou saindo de casa agora para tomar meu vôo para Praga, mas antes decidi responder o seu email. Eu fiquei muito contente com a sua mensagem, eu te acho um cara fascinante e ultimamente tenho frequentado mais o PQP para ler as resenhas do que para baixar música. Isto sim é revigorante!

Ah, caro PQP, eu te agradeço por muita coisa! Talvez como criador do blog você diminua a importância que ele tem para seus leitores. Isso seria normal. Mas acredite no que eu e todos os outros te falamos! Não é pelos downloads, não mesmo!

Eu, como já te disse, estudo composição e regência. Pretendo, assim que me estabelecer no Velho Mundo, criar um website com algumas partituras e mp3 de músicas minhas e, se isso realmente sair do papel, eu gostaria muitíssimo que você pudesse ouvir algo. Ando um tanto sem motivação para mostrar minhas músicas por aí, o último concerto com obras minhas foi um fiasco por parte dos executantes nervosos e da platéia desinteressada… mas a vida continua. Acredito que por lá encontrarei instrumentistas mais interessados, pelo menos assim espero.

E muito obrigado também pela doce imagem da pequena garota dançando uma valsinha que sempre me aparece quando ouço o último movimento do Op.132 do grande Ludwig. Sempre penso nisso sorrindo muito.

Um grande abraço! Mantenha contato.
X.

PQP

6 comments / Add your comment below

  1. Caro PQP
    Eu salvo os comentários, e também as capas dos CDs, na mesma pasta que contém os arquivos musicais. São uma fonte de informação e, às vezes, de diversão também. Nossa gratidão a todos vocês, que tornam tudo isso possível.

  2. Interessante. Essa imagem da filhinha do PQP, entrando a dançar no ultimo movimento do op.132 tambem me vem à cabeça toda vez que escuto a música.

  3. Lais, fico feliz de saber que consegui repassar uma bonita imagem. Aconteceu.

    Agora, se disser que minha filha tem cachinhos loiros e que estes voavam… Conversei com ela ontem sobre isso — já tem 14 anos — e ela respondeu:

    — Ih, pai, faço tanta loucura. Tu acha que lembro disso?

  4. Engraçado que também sempre vejo essa mocinha…

    Parece que a peça faz mais sentido depois desse tipo de extroversão espontânea, coisa que vamos deixando pra trás, na infância, a cada etapa do processo de amadurecimento que se passa… Talvez para que sejamos maravilhados pela materialização, em filhos, sobrinhos, e até mesmo em catitos simplesmente passantes, de uma nostalgia inerente à comoção humana, e à produção artística com um todo – que, penso eu está sempre conectada a experiências (principalmente as aparentemente irrelevantes) de infância.

    Abraços!! E novamente obrigado pela imagem, inocentemente, grandiosamente, momento-síntese de algo conceitualmente titânico – que foge à compreensão do intelectual mais sabido, mas que é facilmente traduzido em expressão sentimental pura pelos seres mais ingênuos…!

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