B. Strozzi, C. Monteverdi, G. Kapsberger, G. Carissimi, G. Caccini, S. d’India, L. Rossi – La bella più bella (Roberta Invernizzi, soprano / Craig Marchitelli, arquialaúde)

Aqui, temos Barbara Strozzi junto com um monte de homens do século XVII. No meio desses compositores italianos – e Kapsberger, austríaco que viveu a maior parte da vida na Itália – fica evidente que Strozzi ocupa, com Monteverdi e mais um ou dois, um lugar de destaque: não se trata, aqui, apenas de elogiar uma das raras mulheres que publicaram música naquele século, mas sobretudo de ouvir música que merece ser ouvida por suas qualidades intrínsecas.

E essas coleções de obras de autores diferentes permitem notar as diferenças: nas duas obras de Luigi Rossi, por exemplo, incluindo a “bela mais bela” que dá o nome ao álbum, temos música realmente bela, com virtuosismo vocal, mas a forma e a harmonia são bem quadradinhas, previsíveis como uma bela canção de rádio do século XX. Já nas duas obras de Barbara Strozzi, uma de tom trágico e outra de risos cômicos, há mais liberdade e menos previsibilidade. Embora não haja uma rígida separação de movimentos, Strozzi cria momentos diferentes ao longo da mesma obra, uma das características da cantata italiana, gênero do qual ela é uma das criadoras.

Temos, então, neste disco, três tipos de obras:

a) as puramente instrumentais, tocadas pelo arquialaúde ou pela teorba, instrumentos de cordas típicos da música barroca

b) as que poderíamos chamar de canções, com toda a ação em um movimento único e mais ou menos próximas da música popular;

c) as cantatas, que iniciavam um distanciamento ainda incipiente e não rígido em relação à música vocal popular.

É preciso lembrar certos detalhes do contexto histórico: por toda a Idade Média, música escrita, via de regra, era apenas a religiosa, enquanto todos os vários tipos de música popular eram de tradição apenas oral. Após a invenção europeia da imprensa, no século XVI e sobretudo no XVII começam a existir dois tipos de música impressa, sobretudo nas grandes cidades italianas (Veneza e Roma): a música instrumental, como a de Frescobaldi e Merulo, e a música vocal não religiosa, como as desses compositores aqui gravados. Também continuavam havendo cópias manuscritas, é claro, mas o fato de existirem cópias impressas dava uma respeitabilidade àquela música, fazendo com que gente, digamos, estudiosa e metódica começasse a levar aquilo a sério.

Filha adotiva de um rico poeta veneziano herdeiro de uma família de banqueiros (provavelmente filha natural, ou seja, sua mãe não era casada com seu pai, este a adotou), Barbara Strozzi teve o que poucas mulheres tiveram em sua época: apoio familiar e renda suficiente para se dedicar ao estudo da música. Impossibilitada de fazer música para a igreja ou óperas como as de Monteverdi, ela destacou-se na música de câmara de sua época, para uma ou duas cantoras acompanhada(s) por baixo contínuo.

La bella più bella – música vocal do barroco italiano

01 Strana armonia d’amore 2:44
Giulio Romano (fl. early 17th century)

02 Son ruinato, appassionato 3:45
Benedetto Ferrari (?1603/4 – 1681)

03 Toccata V [instr.] 2:14
Alessandro Piccinini (1566 – c. 1638)

04 Dolcissimo sospiro 2:44
Giulio Caccini (1551 – 1618)

05 Dalla porta d ’Oriente 1:56
Giulio Caccini

06 Torna, deh torna 4:32
Giulio Caccini

07 Ciaccona [instr.] 1:28
Giovanni Girolamo Kapsberger (c. 1580 – 1651)

Giacomo Carissimi

08 La bella più bella 2:49
Luigi Rossi (?1597/8 – 1653)

09 Piangete, aure, piangete 7:25
Giacomo Carissimi (1605 – 1674)

10 Toccata VI [instr.] 3:13
Giovanni Girolamo Kapsberger

11 A qual dardo 3:51
Luigi Rossi

12 Udite amanti, L’Eraclito amoroso 6:02
Barbara Strozzi (1619 – 1677)

13 Mi fa rider la speranza 4:08
Barbara Strozzi

14 Tasteggio soave [instr.] 4:17
Bellerofonte Castaldi (1580 – 1649)

15 Folle è ben che si crede 2:38
Tarquinio Merula (1594/5 – 1665)

16 Cruda Amarilli 2:31
Sigismondo d’India (c. 1582 – 1629)

17 Intenerite voi, lagrime mie 2:34
Sigismondo d’India

18 Aria di Sarabanda [instr.] 3:48
Alessandro Piccinini

19 Ninna nanna 5:09
Giovanni Girolamo Kapsberger

20 Ecco di dolci raggi il sol armato 2:17
Claudio Monteverdi (1567 – 1643)

Claudio Monteverdi

21 Eri già tutta mia 2:18
Claudio Monteverdi

22 Voglio di vita uscir 4:41
Claudio Monteverdi

Roberta Invernizzi, soprano / Craig Marchitelli, arquialaúde, teorba

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A encantadora Barbara Strozzi

 

Barbara Strozzi (1619-1677): Sacri Musicali Affetti (Maria-Cristina Kiehr, soprano)

Nascida em Veneza por volta de 1619, Barbara foi adotada por Giulio Strozzi (1583-1660), herdeiro de uma família de banqueiros, poeta e autor do libretto de óperas de Monteverdi e Cavalli (1602-1676). Aluna deste último, Barbara se destacou inicialmente como cantora em um círculo de nobres e comerciantes amantes das artes na Accademia degli Unisoni, fundada por seu pai adotivo.

Ao contrário da compositora alemã Hildegard von Bingen (1098-1179), monja que passou sua vida nos mosteiros beneditinos e foi canonizada, Barbara Strozzi parece nunca ter precisado recorrer à igreja em busca de proteção ou dinheiro, graças à fortuna e contatos do pai adotivo. Em meio a várias cantatas profanas, há entre suas obras publicadas o opus 5, de 1655, “Sacri Musicali Affetti”, com 14 obras para voz que eram acompanhadas por poucos instrumentos como órgão, cravo e viola da gamba.

A obra sacra de Barbara Strozzi foi publicada e vendida nas melhores lojas em sua época, mas, ao contrário da de Hildegard, tem sido solenemente ignorada pela igreja católica, e não por acaso. Há fontes que dizem que ela foi prostituta. Ou talvez tenham sido calúnias de contemporâneos com inveja de seu talento? O que sabemos de fato é que ela nunca se casou, mas sua vida amorosa foi movimentada, gerando quatro filhos. O que não nos autorizaria a dizer que Barbara não tinha convicções religiosas. Se essas obras sacras mostram alguma coisa é a riqueza da expressividade religiosa da compositora, vários afetos espirituais expressados em música para voz solo e poucos instrumentos, muito diferente da grandiloquente música sacra que, naquele mesmo século, estavam compondo na Basília de San Marco de Veneza compositores homens como G.Gabrieli e Monteverdi. Ou da música sacra com grande orquestra que o padre Vivaldi faria na virada para o século seguinte.

No quadro do pintor flamenco Rubens mais abaixo, que retrata a Descida da Cruz, ficam claros os dois papéis que a Igreja da Contra-Reforma esperava da mulher: ou a prostituta arrependida, ou a mater dolorosa: mãe, casta e virgem (ao mesmo tempo!) A maior parte das obras reunidas neste CD giram em torno da Maria mãe de Jesus. Uma outra Maria, a soprano Maria Cristina Kiehr, empresta sua belíssima voz para essa música de uma compositora que, como Chopin, preferia os formatos mais camerísticos e intimistas. Ou preferiam por ela? Enfim, dentro do que era possível no seu século, Barbara fez do limão limonada, com árias que não devem nada às dos mestres que compuseram para as grandes basílicas e catedrais.

Barbara Strozzi (1619-1677): Sacri Musicali Affetti e interlúdios instrumentais de Bernardo Gianoncelli (morto antes de 1650) e Tarquinio Merula (1595-1665)

1. B. Strozzi – Salve Regina 1
2. B. Strozzi – Salve Regina 2
3. B. Strozzi – Erat Petrus
4. B. Strozzi – Mater Anna 1
5. B. Strozzi – Mater Anna 2
6. B. Gianoncelli – Tastegiata 1
7. B. Strozzi – Nascente Maria 1
8. B. Strozzi – Nascente Maria 2
9. B. Gianoncelli – Tastegiata 2
10. B. Strozzi – Parasti cor meum
11. T. Merula – Sinfonia Secondo Tuono
12. B. Strozzi – Hodie oritur
13. T. Merula – Cappriccio cromatico
14. B. Strozzi – Salve sancta caro
15. T. Merula – Canzon
16. B. Strozzi – O Maria

Maria Cristina Kiehr, soprano

Concerto Soave: Christina Pluhar (arpa tripla, tiorba), Sylvie Moquet (viola da gamba, violoncino), Matthias Spaeter (arciliuto, chitarrone), Jean-Marc Aymes (organo, clavicembalo)
Gravado em 1995

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Descida da Cruz de Rubens (1577-1640), atualmente na igreja S.J.Batista em Arras, França

Michel Rossi sobre este quadro:
Maria Madalena com suntuosa cabeleira dourada. Maria, a “mater dolorosa”, fiel até o calvário, mais contida que Madalena. João, de vermelho, e José de Arimateia tentam, em vão, segurar o corpo que cai.
Ao pé da cruz, são as mulheres as primeiras a receber o corpo de Cristo.
Rubens faz nessa tela uma genial síntese da arte barroca, no espírito da Contra-Reforma católica: pedagógica, popular na sua capacidade de falar a homens e mulheres, de mobilizar os olhares e os corpos em torno de um mistério tornado próximo.

Pleyel

Barbara Strozzi (1619-1677): Diporti di Euterpe (Galli / Beier)

Barbara Strozzi (1619-1677): Diporti di Euterpe (Galli / Beier)

Um bom disco, sem muito entusiasmo. Já ouvi outros bem melhores com composições de Strozzi.

Barbara Strozzi ocupa uma posição importante na história da música europeia como uma das melhores compositoras do barroco italiano. Nasceu na Veneza de Claudio Monteverdi em 1619, seu pai natural foi provavelmente o artista e poeta Giulio Strozzi, sua mãe uma de suas servas. Os talentos musicais de Barbara foram desenvolvidos cedo; na adolescência, ela já era o centro das atenções, atuando no encontro semanal de artistas e literatos venezianos, a Accademia dei Unisoni, que se reunia no palácio de Strozzi. Ela publicou seu primeiro livro de canções em 1644, explicando que é “a primeira obra que eu, como mulher, ousadamente trago à luz do dia”. No prefácio, ela dá crédito a Francesco Cavalli, aluno e colaborador de Monteverdi, como seu professor. As obras gravadas aqui pela soprano Emanuella Galli e Galatea vêm de sua sétima publicação em 1659, intitulada Diporti di Euterpe, ou Os Prazeres de Euterpe. Nesta obra, Strozzi colabora com alguns dos mais importantes poetas do período para criar obras musicalmente ao menos do ponto de vista literário. 

Barbara Strozzi (1619-1677): Diporti di Euterpe (Galli / Beier)

1. Tradimento (Barbara Strozzi) (2:19)
2. Lagrime Mie (Barbara Strozzi) (9:47)
3. Cos non la Voglio (Barbara Strozzi) (3:52)
4. Appresso ai Molli Argenti (Barbara Strozzi) (11:33)
5. Sete pur Fastidioso (Barbara Strozzi) (3:21)
6. Fin Che tu Spiri (Barbara Strozzi) (9:43)
7. Non Occorre (Barbara Strozzi) (4:16)
8. A Pena il Sol (Barbara Strozzi) (4:55)
9. Pensaci Ben mio Core (Barbara Strozzi) (6:41)
10. Mi fa Rider (Barbara Strozzi) (3:29)
11. Sino alla Morte (Barbara Strozzi) (14:15)

Emanuela Galli, soprano
Ensemble Galilei
Paul Beier

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Babi Strozzi na sede veneziana do PQP Bach em 1639

PQP

de la Guerre / Strozzi / Bembo: La Vendetta (Invernizzi, Bizzarrie Armoniche)

de la Guerre / Strozzi / Bembo: La Vendetta (Invernizzi, Bizzarrie Armoniche)

Um disco apenas razoável, nada demais. Invernizzi é ótima, assim como a Bizzarrie Armoniche.

Élisabeth-Claude Jacquet de La Guerre (nascida Jacquet) nasceu em 17 de março de 1665, em uma família de músicos e mestres fabricantes de instrumentos na paróquia de Saint-Louis-en-l’Île, Paris. Ela veio de uma rica família de pedreiros, músicos, compositores e fabricantes de instrumentos. Seu avô, Jehan Jacquet, e seu pai, Claude Jacquet, eram fabricantes de cravos. Em vez de apenas ensinar seus filhos, Claude Jacquet ensinou seus filhos e filhas como sobreviver e prosperar no mundo. Essa educação, o apoio de seu pai e a rica história musical de sua família foram um importante trampolim para sua carreira musical. Ela recebeu sua educação musical inicial de seu pai. Aos cinco anos, Luís XIV notou quando ela se apresentou, evidentemente como uma criança prodígio, em seu palácio de Versalhes. Isso a levou a se tornar uma musicista na corte de Luís XIV, o Rei Sol. Ela escreveu a maioria de suas obras para o rei. Quando adolescente, ela foi aceita na corte francesa, onde sua educação foi supervisionada pela amante do rei, Françoise-Athénaïs, marquesa de Montespan. Ela ficou com a corte real até que se mudou para Versalhes. Em 1684 ela se casou com o organista Marin de La Guerre, filho do falecido organista da Sainte-Chapelle, Michel de La Guerre. Após o casamento, ela ensinou, compôs e deu concertos em casa e por toda a Paris, com grande aclamação.

Barbara Strozzi (Veneza, batizada em 6 de agosto de 1619 – Pádua, 11 de novembro de 1677) foi uma compositora e cantora barroca. Era provavelmente filha ilegítima do poeta e libretista veneziano Giulio Strozzi (1583–1652) e de sua serviçal, Isabella Garzoni, apelidada la Greghetta. Em 1628, Giulio, também ele, filho ilegítimo (depois legitimado) de Roberto Strozzi, refere-se a Barbara como sua figliuola elettiva, ao designá-la como herdeira em seu testamento. Sob a orientação de seu pai, Barbara estudou música com o cantor, organista e compositor Francesco Cavalli, parceiro próximo de Claudio Monteverdi, cuja morte o levou a assumir a liderança entre os compositores da ópera barroca veneziana. Com ele, Barbara também desenvolveu seus dotes de soprano. Aos 16 anos, ela cantava, acompanhando-se de um dos muitos instrumentos de que seu pai dispunha, nos concertos promovidos por Giulio, nas reuniões da Accademia degli Incogniti ou, a partir de 1637, da Accademia degli Unisoni, esta última fundada pelo próprio Giulio.

Antonia Padoani Bembo (c. 1640 – c. 1720) foi outra compositora e cantora italiana. Ela nasceu em Veneza , filha de Giacomo Padoani (1603-1666), um médico e Diana Paresco (1609-1676); ela se casou com o nobre veneziano Lorenzo Bembo (1637–1703) em 1659. Teve três filhos. Mudou-se para Paris antes de 1676, possivelmente para deixar um mau casamento. Lá ela cantou para Luís XIV. Louis concedeu-lhe pensão e moradia na Petite Union Chrétienne des Dames de Saint Chaumont, uma comunidade religiosa.

de la Guerre / Strozzi / Bembo: La Vendetta

E. Jacquet de la Guerre – Sonata I in re per violino e BC
Barbara Strozzi – Sul Rodano Severo
E.Jacquet de la Guerre – Preludio, dalla suite in la per clavicembalo
Antonia Bembo – Passan veloci l’hore
Antonia Bembo – Anima perfida
E.Jacquet de la Guerre – Sonata prima per due violini e violoncello obbligato
E.Jacquet de la Guerre – Sinfonia da ‘Samson’
Antonia Bembo – M’ingannasti in verità
Barbara Strozzi – La vendetta
Barbara Strozzi – Sino alla Morte
Barbara Strozzi – Costume de’ grandi

Roberta Invernizzi, soprano
Bizzarrie Armoniche
dir. Elena Russo

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Barbara Strozzi

PQP

Donne Barocche: Women Composers from the Baroque Period (Roberta Invernizzi, Bizzarrie Armoniche)

Donne Barocche: Women Composers from the Baroque Period (Roberta Invernizzi, Bizzarrie Armoniche)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Donne Barocche, ou Mulheres Barrocas, traz apenas compositoras do período barroco. O álbum, originalmente lançado pelo selo Opus 111 em 2001, foi merecidamente resgatado para reedição pela Naïve. O disco foi uma baita novidade, abriu novos caminhos quando apareceu pela primeira vez e a reedição é mais do que bem-vinda. Toda a música vem do último terço do século XVII e da primeira década do século XVIII. Os nomes da compositora e cantora Barbara Strozzi e da tecladista francesa Elisabeth Jacquet de la Guerre são bastante conhecidos pelos entusiastas da história da música feminina e estão começando a entrar no repertório de recitais, mas as outras quatro compositoras que estão aqui ainda são novidades, exceto para os estudiosos. A Sonata duodecima de Isabella Leonarda, uma freira de Novara, é uma corrida selvagem de cromatismo e ornamento com afinidades com o estilo fantástico alemão, o Lamento della Vergine, de Antonia Bembo, também membro de um comunidade religiosa feminina, é um bom exemplo do estilo piedoso dramático que foi um dos precursores do idioma das Cantatas de Bach. Tudo se beneficia pelo canto apaixonado da soprano Roberta Invernizzi e do acompanhamento animado da Bizzarrie Armoniche, uma ramificação do pioneiro grupo italiano Il Giardino Armonico. É um disco essencial para uma estante barroca, e um bom começo para se conhecer a música feita pelas mulheres do passado, tão reprimidas em seus talentos.

Donne Barocche: Women Composers from the Baroque Period (Roberta Invernizzi, Bizzarrie Armoniche)

Elizabeth-Claude Jacquet de la Guerre
Sonata for violin & continuo No. 2 in D major
01. I. Presto
02. II. Adagio
03. III. Presto
04. IV. Presto

Barbara Strozzi
05. Serenata “Hor che Appolo” from “Arie” op.8
06. Ariettas for solo voice, Op 6: Miei pensieri, Arietta for soprano and basso continuo

07. Elizabeth-Claude Jacquet de la Guerre
Suite in D minor (from Pièces de Clavecin, 1687): Prelude

08. Antonia Bembo – Lamento della Vergine, cantata for soprano & continuo (from Produzioni Armoniche MS Paris 1697-1701)

09. Elizabeth-Claude Jacquet de la Guerre – Suite in D minor (from Pièces de Clavecin, 1707): La Flamande E double, Allemande

10. Rosa Giacinta Badalla – Non plagente, for soprano & continuo (from Mottetti a voce sola, Venezia 1684)

Isabella Leonarda – Sonatas a 1-4 (12), Op 16: Sonata duodecima in D minor for violin solo & continuo
11. I. Adagio
12. II. Allegro a Presto
13. III. Vivace e Largo
14. IV. Aria Allegro
15. V. Veloce

16. Bianca Maria Meda – Cari Musici, motetto for soprano, 2 violins & continuo (Motteti a uno, due, tre, quattro voci, Bologna 1691)

Roberta Invernizzi, soprano
Bizzarrie Armoniche

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Jovem com Violino — Orazio Gentileschi (1612)

PQP

Barbara Strozzi (1619-1677): Cantatas e Árias

Barbara Strozzi (1619-1677): Cantatas e Árias

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Sem favores ao feminismo — como se precisasse… –, este é um lindo e raro disco de compositora barroca. Strozzi foi um enorme talento. O Ensemble Poïesis e a soprano Cristiana Presutti dão um chou. Mas vamos dar uma passada na biografia da compositora?

Barbara Strozzi foi uma compositora e cantora barroca. Era provavelmente filha ilegítima do poeta e libretista veneziano Giulio Strozzi e de sua serviçal, Isabella Garzoni, apelidada la Greghetta. Em 1628, Giulio, também ele filho ilegítimo de Roberto Strozzi, refere-se a Barbara como sua figliuola elettiva, ao designá-la como herdeira em seu testamento. Sob a orientação de seu pai, Barbara estudou música com o cantor, organista e compositor Francesco Cavalli, parceiro próximo de Claudio Monteverdi, cuja morte o levou a assumir a liderança entre os compositores da ópera barroca veneziana. Com ele, Barbara também desenvolveu seus dotes de soprano. Aos 16 anos, ela cantava, acompanhando-se de um dos muitos instrumentos de que seu pai dispunha, nos concertos promovidos por Giulio, nas reuniões da Accademia degli Incogniti e, a partir de 1637, da Accademia degli Unisoni, esta última fundada pelo próprio Giulio. Barbara Strozzi também foi uma compositora talentosa. Em artigo de 1997, publicado na Musical Quarterly, a musicóloga Beth L. Glixon, especialista em ópera veneziana do século XVII, refere-se a Barabara Strozzi como”o mais prolífico compositor — homem ou mulher — de música vocal secular publicada em Veneza, em meados do século XVII”. Em 1644, Strozzi publicou seu opus Nº 1, Il primo libro di madrigali, dedicado à grã-duquesa da Toscana, Vittoria Della Rovere. Esses madrigais tinham letras escritas por seu pai, Giulio Strozzi. As coletâneas publicadas após a morte de seu pai (1652), tiveram textos escritos por amigos do libretista ou por ela mesma. Quase todos os seus trabalhos foram seculares e escritos para sua própria voz (soprano lírico) e mostram o seu domínio de diferentes formas musicais — cantatas, ariettas e duetos. Barbara Strozzi nunca se casou mas teve quatro filhos. Os três últimos eram de Giovanni Paolo Vidman (ou Widmann), um amigo de Giulio Strozzi, que a ele dedicara o libretto de La finta pazza. Vidman era patrono de artistas, membro da Accademia degli Incogniti e, embora fosse casado com outra mulher (Camila Grotta), manteve com Barbara uma longa relação. Barbara Strozzi compôs 125 composições, organizadas em oito coletâneas que foram publicadas entre 1644 e 1664 e dedicadas a mecenas e protetores diversos.

Barbara Strozzi (1619-1677): Cantatas e Árias

1 Serenata con violini (Sinfonia) Op. 8
Composed By – Barbara Strozzi
1:48
2 “Lagrime mie” (Lamento) op. 7
Composed By – Barbara Strozzi
8:39
3 Sonata per due violini op. 22
Composed By – Biagio Marini
4:35
4 “Finche tu spiri” (Cantata) op. 7
Composed By – Barbara Strozzi
10:17
5 “Bel desio che mi tormenti” op. 6
Composed By – Barbara Strozzi
6:18
6 Sinfonia sesto tuono op. 22
Composed By – Biagio Marini
2:04
7 Il Lamento “Sul Rodano severo” op. 2
Composed By – Barbara Strozzi
12:19
8 Costume de grandi “Godere e lasciare” op. 2
Composed By – Barbara Strozzi
4:29
9 L’Eraclito Amoroso “Udite Udite amanti” op. 2
Composed By – Barbara Strozzi
6:32
10 “Mentita” (version instrumentale) op. 6
Composed By – Barbara Strozzi
4:19
11 “Apresso ai molli argenti” (Lamento) op. 7
Composed By – Barbara Strozzi
11:56

Cristiana Presutti (soprano)
Ensemble Poïesis

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A muito talentosa Barbara Strozzi

PQP

Barbara Strozzi (1619-1677): Safo Novella

Barbara Strozzi (1619-1677): Safo Novella

safo-novella-uma-poetica-do-abandono-nos-lamentos-de-barbara-strozzi-vene-64758_m1EX-CEP-CIO-NAL !!! (só para não dizer IM-PER-DÍ-VEL !!! ). Tanto as composições quanto a realização. [Pequena intervenção de Ranulfus na postagem de CVL]

Esta é uma postagem atípica de minha parte, posto que sou notoriamente voltado para o repertório nacional e contemporâneo, mas emblemática: é de um CD com sete cantatas da veneziana Barbara Strozzi anexo ao livro Safo Novella, de Silvana Scarinci. A musicóloga paranaense (acho que ela é paranaense) estudou academicamente a vida e o legado dessa que foi a mais significativa compositora mulher do barroco e responsável pelo surgimento da cantata: cantata entendida não na sua forma barroco-tardia – dividida em movimentos, escrita para coro e orquestra e ligada a temas sacros – e sim como uma ária operística solta, de duração às vezes não tão curta quanto as de óperas, e destinada à execução em salões (e não em teatros). Tais cantatas não estavam vinculadas às formas em voga na ópera ou mesmo a formas-canção e atendiam à contingência de sua criadora, que não podia circular pela sociedade sem importunações devido à sua condição de cortesã, sublimada através da expressão da poesia de Safo. Saiba mais sobre o livro e o CD aqui.

***

Barbara Strozzi (1619-1677): Safo Novella

1. Giusta negativa – 04:44
2. L’astratto – 10:01
3. Lagrime mie – 10:42
4. Amor dormiglione – 03:03
5. Appresso ai molli argenti – 14:01
6. Moralità amorosa – 04:51
7. Hor che Apollo – 14:30

Intérpretes

Marília Vargas (soprano),
Luis Otávio Santos e André Cavazotti (violinos barrocos),
Sérgio Álvares (viola da gamba) e
Silvana Scarinci (tiorba)

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LINK ALTERNATIVO

CVL (publicado originalmente em 28.01.2011 — link revalidado em 2016 por Ranulfus, com insistência de PQP em 8 de março de 2019).

PS.: Recomendo aos estudiosos de música barroca e também da problemática dos gêneros na música a aquisição do livro, que contém as partituras de todas as peças do disco.

Catálogo de Barbara Strozzi

Babi Strozzi em 1640

CVL / Ranulfus / PQP