Gubaidúlina: Chaconne / Denisov: Três Prelúdios / Silvestrov: Sonata nº 1 | Ustvolskaya: Sonata No. 6 / Pärt: Für Alina, Partita / Schnittke: Sonata nº 3 (Olga Andryushchenko, piano)

O dia internacional da mulher está chegando, então já começamos março com uma obra curta e grossa de Sofia Gubaidúlina (nasc. 1931), uma pedrada no bom sentido, que mostra por que ela é uma das compositoras/es mais fascinantes do fim do século XX e início do XXI, com originalidade associada a reinterpretações de tradições anteriores. Na sua Chacona para piano, composta quando ela tinha pouco mais de 30 anos, Gubaidulina já começa com acordes potentes à maneira dos melhores momentos do pianismo de Rachmaninoff. Mas é só no som exagerado que ela lembra Rach: os encadeamentos melódicos lembram um pouco Shostakovich lá pelo meio da Chacona, mas não o tempo todo. Enfim, uma obra de peso que mostra Gubaidulina pau a pau com os homens do disco, aliás melhor do que alguns deles.

O álbum, todo dedicado a nomes da antiga União Soviética, tem uma obra de outra mulher: Galina Ustvolskaya (1919-2006). Ainda não entendi bem qual é a de Ustvolskaya: tanto aqui como no seu concerto para piano na gravação de Alexei Lubimov, me senti como alguém que não entende a piada. E dos quatro compositores homens – Denisov, Schnittke, Pärt e Silvestrov – meu preferido é este último. Como já disse aqui, Silvestrov alcançou uma fama maior após os 80 anos de idade. Em 2017, quando o álbum foi gravado, ele ainda era pouco conhecido, ao menos em nossas terras tropicais.

A russa Olga Andryushchenko estudou no Conservatório de Moscou, em cuja grande sala, aliás, ela gravou este disco. Estudou com o já citado Lubimov, grande pianista que entende muito tanto dos instrumentos da época de Mozart quanto dos compositores contemporâneos do leste europeu, tendo estreado várias das obras dessa galera.

Sofia Gubaidulina:
1. Chaconne (1962)

Edison Denisov:
2-4. Three Preludes (1994)

Valentin Silvestrov:
5-6. Piano Sonata No. 1 (1972)
I. Moderato, con molta attenzione, II. Andantino

Galina Ustvolskaya:
7. Piano Sonata No. 6 (1947)

Arvo Pärt:
8 Für Alina (1976)
9-12. Piano Partita, Op. 2 (1958)
I. Toccatina, II. Fughetta, III. Larghetto, IV. Ostinato

Alfred Schnittke:
13-16. Piano Sonata No. 3 (1992)
I. Lento, II. Allegro, III. Lento, IV. Allegro

Olga Andryushchenko, piano
Recorded at the Grand Hall of the Moscow Conservatory in July, 2017

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Sofia Gubaidúlina (é assim a pronúncia russa do sobrenome)

Pleyel

Valentin Silvestrov (1937): Post Scriptum; Epitaph; Drama (J. Lin – p., C. Duffalo – vl., Y. Dharamraj – vc.) / Bagatelas; Diálogos; O Mensageiro (H. Grimaud, p.)

Valentin Silvestrov

O ucraniano Valentin Silvestrov compôs sonatas para piano (aqui) quando mais jovem. A partir mais ou menos de 1990, ele entrou em uma nova fase e escreveu mais de cem peças curtas para piano: entre bagatelas, valsas que não têm nada de dançante, postludiums, noturnos, intermezzos… São obras sérias. Reflexões carregadas. Miniaturas pianísticas, sim, mas não espere nada parecido com as leves bagatelas de Beethoven, as tranquilas canções sem palavras de Mendelssohn ou os risonhos tangos brasileiros de Nazareth.

E sejamos francos: a Deutsche Grammophon não teria lançado um disco inteiro dedicado ao piano de Silvestrov se não fosse a sangrenta guerra na Ucrânia, terra natal do compositor que, desde 2022, vive em Berlim. Eu preferiria viver em um mundo sem guerras. Eu preferiria viver em um mundo onde os esforços se concentrassem para acabar com as guerras ao invés das torcidas dignas de um Coliseu, com gente torcendo, sorridente, pelo time que bombardeia hospitais contra o time que derruba aviões civis.

Em todo caso, o mundo no qual vivemos é este: uma gravadora conservadora como a DG havia no máximo dado um espacinho para Silvestrov entrar comendo pelas beiradas em 2020, em um disco de Grimaud dedicado a Mozart. E antes, em 2018, Silvestrov aparecia com duas Bagatelas em um disco de gatinhos que também incluía uma valsa de Chopin, Gnossiennes de Satie e o Clair de lune de Debussy. Então, se para os executivos da DG, o velho Silvestrov é novidade da qual se pode extrair dinheiro, para Grimaud, Silvestrov é um interesse já há muitos anos. Confesso que agora vejo com mais simpatia a tal Helena que não é de Troia nem de novela da Globo. Achava ela, sei lá, uma dessas que tentam tocar mais rápido como em uma corrida de carros, mas realmente a Grimaud tem bastante originalidade ao escolher seu repertório, não está apenas aderindo a essa moda de tocar o compositor ucraniano. De fato, parece que as bagatelas neste álbum são as do disco de 2018, uma terceira entra aqui, parece inédita, não vi notas explicativas mas tudo bem, nos viramos sem elas. Lançado em 2022 – só em meio digital – a partir de material que a DG já tinha em seus arquivos, o disco de Grimaud tem menos de 32 minutos de música. Então, para não acharem que este blog está de pão-duragem, compartilho mais abaixo um disco mais antigo. E em 2023 Grimaud lançou mais um álbum pela DG, agora dedicado às canções de Silvestrov para piano e voz. Mas este álbum mais recente fica pra outro dia aqui no blog: para os curiosos, PQP já havia postado aqui uma gravação dessas canções pela gravadora ECM.


Hélène Grimaud plays Valentin Silvestrov (2022)

Bagatelles I-XIII
01. Bagatelle I
02. Bagatelle II
03. Bagatelle III

Two Dialogues with Postscript
04. I. Wedding Waltz
05. II. Postlude
06. III. Morning Serenade

07. The Messenger (For Piano Solo)

Hélène Grimaud – piano

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Como contraponto às curtas obras do período tardio de Silvestrov, o disco lançado em 2007 pela gravadora Koch com a primeira gravação de uma peça que já era muito elogiada pelos entendidos sobre a música de vanguarda do leste europeu: Drama (1971), para piano, violino e violoncelo. Como nas suas sonatas para piano da mesma década, também temos uma linguagem mais experimental. Demandando enorme virtuosismo dos músicos, Silvestrov investiu também em aspectos cênicos nessa obra: os músicos entravam e saíam do palco, algo do tipo, que evidentemente se perde na escuta do CD. A pianista usa técnicas expandidas ou estendidas, ou seja, ela encosta com as mãos nas cordas do piano e outras coisas do tipo, para além do uso das teclas. Como me falou uma vez o querido Ranulfus logo após assistirmos um recital com obras de H. Cowell para piano*, é impressionante o quanto essas sonoridades do piano expandido ainda chamam atenção por soarem inovadoras, embora as obras de Cowell datem dos anos 1920 e as de Silvestrov, dos anos 1970.

*Tratava-se da pianista Késia Decotê, utilizando o piano “bem fora da caixinha”

Como seu contemporâneo Schnittke, Silvestrov alternava nos anos 1970 entre radicalidade dissonante e momentos mais consonantes, além de citações e pastiche. Peter Quantrill escreveu mais um pouco sobre esta obra e vou pedir desculpas por não traduzir:

A Ukrainian, he is another eastern European Minimalist, though not especially ‘holy’; if he has gods, they are likely to be Webern and Mozart. The latter is remembered in the deep-frozen conventions of Post-Scriptum (composed in 1990), which here receives its second recording. […]

Silvestrov shares an elegiac tendency with his contemporaries Giya Kancheli and Arvo Pärt that can become maudlin. The ten-minute Epitaph for cello and piano is one of several works Silvestrov composed in memory of his wife Larissa, who died in 1999; perhaps there is a fresh desolation that scores over the more weightily pondered Requiem for Larissa, but I hazard that the phrases, at least as played by Yves Dharamraj, are too short-winded to carry lasting weight or impact.

Nevertheless, Silvestrov distinguishes himself with the sharpness of his ears and the freshness of his thinking. The loving adieus of his later music came about through an immersion in the Western avant garde, with Webern as the fountainhead, which unlike Pärt he has not so much disowned as refined. This makes the 45-minute, tripartite Drama for piano trio (1971) a vitally important work, all the more so in this its first recording. For all the prepared-piano sonorities, plucked glissandos and serial harmonies and procedures, the frequency and expressive richness of the gestures create a strong sense of continuity. Played with commendable dedication and a fine awareness of sense and poetry – as it is here – it compels attention.


Valentin Silvestrov – Drama

1-3. Post Scriptum, for violin and piano (1990)
I. Largo 8:45
II. Andantino 3:46
III. Allegro vivace, con moto 2:44

4. Epitaph, for cello and piano (1999)

5-7. Drama (1971)
I. Sonata for violin and piano 18:35
II. Sonata for cello and piano 15:35
III. Trio for violin, cello and piano 10:12

Piano – Jenny Lin
Violin – Cornelius Dufallo
Cello – Yves Dharamraj
World premiere recording. Recorded June 2007 at Avatar Studios, New York

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Pleyel

Valentin Silvestrov (1937): Três Sonatas para piano; Sonata para violoncelo e piano (Lubimov, Monighetti)

A música do compositor ucraniano Valentin Silvestrov — disse uma vez nosso chefe PQP Bach — é delicada mas nada fácil de ignorar. É um sussurro muito instigante e contemporâneo. As sonatas para piano de Silvestrov têm algo em comum com as de Scriabin, a semelhança talvez possa ser descrita como uma tendência dos dois compositores a saborear as dissonâncias, ou seja, abordá-las de forma, lenta, suave, cheia de segundas e terceiras intenções…

Alexei Lubimov (nasc. 1944) é um pianista e cravista russo. Seu interesse, nas décadas de 1960 e 70, por compositores contemporâneos ocidentais como Arnold Schoenberg e Karlheinz Stockhausen o levou a ser mal visto pelas autoridades soviéticas: talvez como estratégia para ficar menos visado, ele se dedicou então a estudar a sonoridade de instrumentos antigos. Pela gravadora Erato, Lubimov gravou uma inovadora integral de sonatas de Mozart em um fortepiano de época. Depois, ele gravaria pela Bis o concerto n. 11 de Mozart, para dois pianos, com Brautigam, também em instrumentos de época (neste caso, réplicas do original). Ele também apareceu aqui no blog com um belíssimo Chopin, rara incursão de Lubimov no repertório romântico. Mas ele não deixaria de se interessar por música contemporânea (por exemplo aqui: Ustvolskaya, Gubaidulina, Górecki e Pelécis). E de Silvestrov, além deste disco pela Erato, Lubimov também gravou pela ECM obras para piano solo e com orquestra.

Ivan Monighetti, também nascido na Rússia mas com família em parte ocidental como o sobrenome entrega, atualmente vive na Suíça. Já Lubimov continua morando na Rússia, onde teve um recital com obras de Schubert e Silvestrov interrompido pela polícia. Sobre Monighetti, o violoncelista Mstislav Rostropovitch costumava dizer: “é um de meus alunos favoritos. Tendo conduzido a orquestra sua gravação dos concertos de Tishchenko e de Boris Tchaikovsky, eu não pude evitar o orgulho por meu notável pupilo.” A sonata para violoncelo e piano de Silvestrov, de 1983, foi dedicada a Monighetti, assim como a 2ª sonata para piano foi dedicada a Lubimov.

Hoje os países de Lubimov e de Silvestrov estão em guerra. Vamos nos permitir ouvir essa arte profunda e multifacetada que fazem Lubimov e Monighetti com as partituras de Silvestrov, sem fazer comentários tratando uma carnificina humana como se fosse uma partida de futebol? Vamos nos permitir ouvir com atenção as sensações causadas pelo piano e pelo violoncelo, sem pensamentos pré-concebidos sobre nações e outras abstrações? Será que conseguimos não nos rebaixar ao nível que esperam da gente? Sem arte, não há esperança.

Valentin Silvestrov (1937):
1. Sonate N° 2: Moderato stringendo (17:00) (1975)
2. Sonate N° 3: Preludio – Fuga – Postludio (15:27) (1979)
3-4 Sonate N° 1: Moderato, con molto attenzione – Andantino (16:21) (1972)
5. Sonate pour Violoncelle et Piano: Andante – Allegro vivace – Animato dolce – Allegro vivace (20:40) (1983)

Piano – Alexei Lubimov
Violoncello – Ivan Monighetti
Recorded 14-18/01/1991: Salle de l’Arsenal de Metz, France

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Alexei Lubimov

Pleyel

Boris Lyatoshynsky (1895-1968) / Valentin Silvestrov (1937) / Victoria Poleva (1962): Ukrainian Piano Quintets

Boris Lyatoshynsky (1895-1968) / Valentin Silvestrov (1937) / Victoria Poleva (1962): Ukrainian Piano Quintets

É claro que estou postando este disco em razão da  guerra — absurda como todas. Mas saibam que é um lindo disco. Boris Lyatoshynsky foi um dos principais membros de uma nova geração de compositores ucranianos que surgiram na década de 1920. Seu Quinteto Ucraniano é emocionante, com um belíssimo segundo movimento Lento e tranquillo.  A linguagem é firmemente enraizada na tradição romântica tardia. Todo o quinteto, em seus quatro movimentos, é muito bonito. Dedicado a Lyatoshynsky, o Quinteto para Piano de Valentin Silvestrov data de seus primórdios como compositor. Silvestrov tinha 24 anos e ainda não era bem Silvestrov, Aliás, seu professor, Lyatoshynsky, não gostou muito da coisa, que tem uma retórica meio soviética. Já o Simurgh de Victoria Poleva faz parte de um estilo que abraça temas espirituais e uma simplicidade musical definida como “minimalismo sacro”. Pivnenko e seus colegas são intensos e cheios de sangue, além de tecnicamente magistrais. 

Boris Lyatoshynsky / Valentin Silvestrov / Victoria Poleva: Ukrainian Piano Quintets

Lyatoshinsky, Boris Mikolayovich
Ukrainian Quintet, Op. 42
1. I. Allegro e poco agitato 00:11:40
2. II. Lento e tranquillo 00:12:34
3. III. Allegro 00:05:56
4. IV. Allegro risoluto 00:09:58

Silvestrov, Valentin
Piano Quintet
5. I. Prelude: Andante 00:07:39
6. II. Fugue: Allegro 00:06:31
7. III. Aria: Andante 00:05:18

Poleva, Victoria Vita
Simurgh-quintet
8. Simurgh – quintet 00:17:45

Pivnenko, Bogdana
Pogoretskyi, Yurii
Starodub, Iryna
Suprun, Kateryna
Yaropud, Taras

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Boris Lyatoshynsky (1895-1968)

PQP

Valentyn Vasylyovych Silvestrov (1937): Sacred Songs


Enquanto lhes escrevo isso, o grande compositor ucraniano Valentyn Silvestrov, em sua avançada idade, deve lamentar ter vivido para testemunhar outra invasão a seu país.  E, enquanto Silvestrov pranteia, seus compatriotas – incluindo muitos amigos meus e, provavelmente, os cantores e o regente dessa gravação – novamente protegem-se em abrigos ou escapam, com a roupa do corpo, da fúria de um sanguinário invasor.

Não é hora de escrever.

É hora de se informar, de se posicionar, de agir, de cobrar posições.

Afinal, ante qualquer agressão, a hesitação e a dita neutralidade só servem um dos lados – que vocês bem sabem qual é.

O gigante Evgeny Kissin também sabe

Se puder, faça uma doação às seguintes instituições, que seguramente saberão levar ao povo ucraniano o apoio que você lhe quiser alcançar:

Cruz Vermelha Ucraniana, que atua numa vasta gama de serviços humanitários, de apoio a refugiados ao treinamento de pessoal de saúde para atuação nas áreas de conflito. Doe aqui.

Revived Soldiers Ukraine, que banca medicamentos e suprimentos médicos para hospitais de campanha na linha do front. Doe aqui.

Nova Ukraine, uma ONG que auxilia a população civil com itens essenciais, de alimentos infantis a produtos de higiene, passando por roupas e utensílios domésticos. Doe aqui.

Sunflower for Peace, que disponibiliza mochilas de primeiros socorros a médicos e paramédicos no front. Doe aqui.

Voices of Children, que ajuda crianças a se recuperarem dos traumas psicológicos da guerra. Mais informações aqui.

Save the Children, de destacada atuação na proteção às crianças nas áreas mais pobres da Ucrânia, nas áreas atingidas pelo conflito na região de Donbass e, agora, em todas as áreas atingidas pela invasão russa. Doe aqui.

United Help Ukraine, que distribui alimentos e suprimentos de saúde a deslocados internos na Ucrânia. Doe aqui.

Médicos sem Fronteiras, cuja base na Ucrânia provê tratamento para endemias locais e, agora, no apoio às vítimas da invasão russa. Mais informações aqui.

Dedicado a meus amigos ucranianos, a seus compatriotas, e aos russos que não apoiam a barbárie.

SLAVA UKRAINI!


Valentyn Vasylyovych SILVESTROV (1937)

SACRED SONGS

Songs for Vespers
1 – Come, Let Us Worship
2 – World of Peace
3 – Holy God
4 – O Virgin Mother Of God
5 – Today You Release (Your Servant)
6 – Many Years (Vivat)
7 – Silent Night

Psalms and Prayers
8 – Praise God All Ye Nations (Psalm 116)
9 – Lord, My Heart Swells Not With Pride (Psalm 130)
10 – Lord Jesus Christ
11 – Blessed Is He (Psalm 1)
12 – O King Of Heaven
13 – With The Saints Grant Eternal Peace
14 – Our Father

Two Psalms Of David
15 – You, O Lord, I Call (Psalm 27)
16 – The Lord Is My Shepher (Psalm 22)

Two Spiritual Refrains
17 – Do Not Forsake Me
18 – Alleluia

Two Spiritual Songs
19 – Cherubic Hymn
20 – Many Years (Vivat)

Three Spiritual Songs
21  – Cherubic Hymn
22 – Many Years (Vivat)
23 – Alleluia

Coro de Câmara de Kyiv
Mykola Hobdych, regência

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Campo de colza no oblast de Odessa, Ucrânia, 2013 (foto do autor)

Vassily

Valentin Silvestrov (1937): Fleeting Melodies (2008)

Valentin Silvestrov (1937): Fleeting Melodies (2008)

Busquei este CD num site russo. Continha um recado: rare digipack edition, out of print. Publisher: Rostok Records. Year: 2008. Mais recados:

… Um grande ciclo, composto por sete obras, que são executadas sem interrupção – como um texto longo. Neste trabalho, há certa analogia com o ciclo de Bach “A Arte da Fuga “. Na obra de Bach a ideia é didática. Aqui, eu poderia ter chamado meu ciclo de “A Arte da Melodia”, mas falta didática a meu ciclo, então pensei em chamá-lo de “Fleeting Melodies” ou “Melodias Passageiras”. São melodias que só existem na fronteira entre o seu aparecimento e desaparecimento…

Valentin Silvestrov

E tem razão. A música de Silvestrov canta — com ou sem componente vocal. “Ao ouvir, esta música deve soar leve e clara, distante”. A música de Silvestrov é delicada mas nada fácil de ignorar. É um sussurro muito instigante e contemporâneo. Os artistas deste disco — Bohdana Pivnenko (violino) e Valeriy Matiukhin (piano) — mostram grande compreensão do trabalho do compositor. Suas interpretações não poderias ser perfeitas e simples. E nem melhores.

A primeira e a última peça do CD são esplêndidas melodias. E as outras não são nada esquecíveis.

Valentin Silvestrov: Fleeting Melodies (2008)

1-5. Five pieces for Gidon Kremer
6-8. Three pieces for Anatoliy Bazhenov
9-11. Three pieces (2005) for Helle Mustonen
12-14. Fleeting Melodies for Olga Rexrot
15-16. Two Elegies to Eduard Edelchuk
17-19. In memory of Pyotr Tchaikovsky
20-22. Song without words to Bohdana Pivnenko

Bohdana Pivnenko, violin
Valeriy Matiukhin, piano

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O próprio Silvestrov

PQP

Valentin Silvestrov (1937): Bagatellen Und Serenaden

Valentin Silvestrov (1937): Bagatellen Und Serenaden

A música delicada, contemplativa, poética e melodiosa do ucraniano Valentin Silvestrov recebe aqui tratamento luxuoso do próprio autor — que é pianista –, de Alexei Lubimov — que também é pianista, e muito melhor –, além da Orquestra de Câmara de Munique. Suas peças são Serenatas e Bagatelas de melodias nostálgicas, eruditas canções de ninar, mas tudo muito bem feito, nada new age, nada kitsch, não é música de elevador, nem besteira. Alguém disse que a música de Silvestrov é como um lago escuro. Há uma sensação de paralisação do tempo semelhante ao que acontece em alguns filmes de Tarkovski. Ficamos desorientados, achando que a música vai terminar, mas ela continua. É um grande e curioso compositor.

Bagatellen I – XIII / II (Var.) (34:29)
1 I 2:09
2 II 2:54
3 III 3:40
4 IV 2:32
5 V 2:03
6 VI 1:50
7 VII 2:05
8 VIII 1:50
9 IX 2:01
10 X 1:43
11 XI 2:17
12 XII 2:10
13 XIII 3:55
14 II (Var.) 3:02
15 Elegie 4:51

Stille Musik
16 I. Walzer Des Augenblicks 4:39
17 II. Abendserenade 3:12
18 III. Augenblick Der Serenade 2:17

Abschiedsserenade
19 I 2:06
20 II 2:51
21 Der Bote 9:12

Zwei Dialoge Mit Nachwort
22 I. Hochzeitswalzer 4:53
23 II. Postludium 3:14
24 III. Morgenserenade 2:39

Piano:
Alexei Lubimov (tracks: 21 to 24)
Valentin Silvestrov (tracks: 1 to 14)

Orquestra e regência:
Münchener Kammerorchester (tracks: 15 to 24)
Christoph Poppen

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Só não me queima o piano, Valentim!
Só não me queima o piano com essas velas, Valentin!

PQP

Valentin Silvestrov (1937): Silent Songs (2004)

Valentin Silvestrov (1937): Silent Songs (2004)

Um piano e um barítono que canta “silenciosamente”. É isso, apenas isso, mas é muito. Silent Songs é um ciclo de 24 canções escritas entre 1974 e 77. São duas horas lentas, de texturas semelhantes e de  dinâmica baixa. A música parece romântica.  O acompanhamento de piano é feito de delicados arpejos. Os poemas são todos de grandes autores. São canções tristes de amores perdidos, nostalgia e exílio. As melodias trabalham o cerne de cada poema. Eu recomendo, mas não para todos… Silvestrov é também um poeta. Dos grandes.

Valentin Silvestrov (1937): Silent Songs (2004)

CD1
01. Song Can Tend The Ailing Spirit (Baratynsky)
02. There Were Some Storms And Blizzards (Baratynsky)
03. La Belle Dame Sans Merci (Keats)
04. O Melancholy Time (Pushkin)
05. Farewell, O World, O Earth (Shevchenko)
06. What Meaning Has My Name For You (Pushkin)
07. I Will Tell You With Unswerving Frankness (Mandelstam)
08. I’m Drinking To Mary (Pushkin)
09. Winter Journey (Pushkin)
10. White, A Solitary Sail (Lermontov)
11. I Met You (Tyutchev)
12. The Isle (Shelley)

CD2
01. Eleven Songs. Something tender, blue, unspoken (Yesenin)
02. Autumn Song (Yesenin)
03. Swamps and marshes (Yesenin)
04. Winter Evening (Pushkin)
05. Three Songs. When the cornfield, yellowing, stirs (Lermontov)
06. I set out on the road alone (Lermontov)
07. Mountain summits (Lermontov)
08. Five songs. Elegy. Verses Composed at Night, at a Time of Insomnia (Pushkin)
09. Choral. A vengeful God (Tyutchev)
10. Meditation. It’s time, my friend, it’s time (Pushkin)
11. Ode. Schubert on water (Mandelstam)
12. Postludium. Those sweet companions (Zhukovsky)
13. Four songs. My lashes are pricking (Mandelstam)
14. I don’t know when (Mandelstam)
15. For the thunderous grandeur of ages to come (Mandelstam)
16. The oaks drink from a cold vessel (Mandelstam)

Sergey Yakovenko – Baritone
Ilya Scheps – Piano
Valentin Silvestrov – Piano

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Silvestrov: baita compositor
Silvestrov: baita compositor

PQP

C. P. E. Bach, John Cage, Tigran Mansurian, Franz Liszt, Michail Glinka, Frédéric Chopin, Valentin Silvestrov, Claude Debussy e Béla Bartók: Alexei Lubimov — Der Bote — Elegias para Piano

C. P. E. Bach, John Cage, Tigran Mansurian, Franz Liszt, Michail Glinka, Frédéric Chopin, Valentin Silvestrov, Claude Debussy e Béla Bartók: Alexei Lubimov — Der Bote — Elegias para Piano

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Maravilhoso disco formado por dez peças menores de compositores que apenas se unem por terem sido vanguardistas em seu tempo. Num recital que abarca 3 séculos, o pianista Lubimov dá uma aula sobre como montar um repertório erudito. Inicia com uma daquelas estranhas Fantasias do mano CPE que, para falar com a inteligência de Maitê Proença, é tudo di bom. Numa demonstração de parentesco inteiramente provocativa, mas pertinente, Lubimov dá seguimento ao recital com In a landscape, de John Cage. É notável como ambas combinam. E depois ele segue adiante com uma série de peças meditabundas. O mosaico fica lindo. O CD é da ECM. Com efeito, Manfred Eicher veio ao mundo para viabilizar as idéias mais doidas dos artistas. E para nos mostrar fatos nunca dantes pressentidos.

Alexei Lubimov – Der Bote

1 Carl Philipp Emanuel Bach: Fantasie für Klavier f-Moll
2 John Cage: In a landscape
3 Tigran Mansurian: Nostalgia
4 Franz Liszt: Abschied
5 Michail Glinka: Nocturne f-Moll “”La séparation””
6 Frédéric Chopin: Prélude c-Moll op. 45
7 Valentin Silvestrov: Elegie
8 Claude Debussy: Elégie
9 Béla Bartók: Vier Klagelieder op. 9a, Nr. 1
10 Valentin Silvestrov: Der Bote

Alexei Lubimov, Piano

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Grande Lubimov!
Grande Lubimov!

PQP

Valentin Silvestrov (1937): Silent Songs

PQP,
é uma obra prima se não conhece.
abs
dr cravinhos.


O e-mail que o Dr. Cravinhos enviou não passava disso. E nem precisava. Como sempre faço, levei meses para ouvir o CD. Vou contar pra vocês, ele tem toda a razão. Silvestrov é um compositor erudito ucraniano. A maioria de seus trabalhos podem ser considerados neoclássicos. São tonais, delicados e melodiosos. São mais, são de alta densidade emocional, qualidade que Silvestrov considera sacrificada em grande parte da música contemporânea. “Eu não escrevo nova música. Minha música é uma resposta a um eco que existe em mim”. Em Silent Songs, Silvestrov pediu que “os intérpretes demonstrassem uma expressão de quem se rende a alguém ou a uma situação, uma expressão vencida, subjugada, mas sem psicologia”. A simplicidade de Martinov é fiel à intenção do compositor. É uma interpretação privada, ultracamarística, espantosamente bela e triste. Pena não termos os poemas cantados em russo. A nominata dos poetas revela bom gosto literário.

Estamos frente a uma das maiores coleções de lieder compostas no século XX. Ah, você duvida? Então baixe e ouça, tolinho.

IMPERDÍVEL!!!

Valentin Silvestrov (1937): Silent Songs (twenty-four songs), a vocal cycle in four sections on poems by classical poets for soprano or baritone and piano (1974-1977)

I. Five Songs on texts by: Evgeni Boratynski, John Keats, Alexander Pushkin and Taras Shevtschenko
1. Poetry heals the ailing spirit (Boratynski)
2. There where storms and bad weather (Boratynski)
3. La Belle Dame sans merci (Keats, russian by B. Levik)
4. Melancholy time! Enchantment for the eyes!) (Pushkin)
5. Farewell, o world! Farewell, o Earth) (Shevtschenko)

II. Eleven Songs on texts after Pushkin, Mikhail Lermontov, Fiodor Tjutshev, Percy Bysshe Shelley and Sergei Jessenin
1. What is my name to you? (Pushkin)
2. I will tell you with complete directness (Mandelstam)
3. I drink to the health of Mary’s health (Pushkin)
4. Through waving mists (Pushkin)
5. A solitary sail shines white (Lermontov)
6. I met you … (Tiutshev)
7. The isle (Shelley)
8. Indescribable blue, tender (Jessenin)
9. Autumn song (Jessenin)
10. Swamps and marshes (Jessenin)
11. Winter evening (Pushkin)

III. Three Songs after Lermontov
1. When the yellowing cornfield stirs
2. I go out alone on to the road
3. The mountain summits

IV. Five Songs on texts after Pushkin, Tiutshev, Ossip Mandelstam and Vassili Shukovski
1. Elegy (Verses composed at night, during insomnia) (Pushkin)
2. Chorale (God has taken all away from me in punishment) (Tiutshev)
3. Meditation (It is time, my friend) (Pushkin)
4. Ode (And Schubert on water) (Mandelstam)
5. Postludium (Don’t talk with sorrow about the dear companions) (Shukovski)

Megadisc MDC 7840/41 (2000)

Alexei Martynov, Barítono
Aleksei Lubimov, Piano

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Silvestrov
Silvestrov: belíssima coleção de canções

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