Na verdade, acho que Glass teve um bom começo como compositor e depois foi superado por vários outros minimalistas. E olha que só ponho na conta os norte-americanos! Neste momento de decadência artística, teve que encarar a realidade e atirou-se a uma série de projetos cinematográficos, operísticos, teatrais e de merchandising pessoal — principalmente o último — , sem nunca retornar à qualidade que tinha no início de sua carreira. Mas há quem goste. E quando gostam são agressivos e escabelados na defesa de um telhado de vidro.
Aqui ele se arrisca. Os Quartetos de Cordas são um gênero importante. Basta falar no que fizeram Bartók e Shostakovich na primeira e segunda metades do século XX. Mas Glass fracassa constrangedoramente.
De uma forma estranha, quartetos de cordas sempre funcionaram assim por compositores. Eu realmente não sei por que, mas é quase impossível ficar longe dele. É a maneira compositores do passado ter pensado e que não é menos verdadeiro para mim .
Philip Glass
KRONOS QUARTET performs PHILIP GLASS
STRING QUARTET No. 5 (1991)
1) I (1:11)
2) II (3:00)
3) III (5:28)
4) IV (4:38)
5) V (7:36)
STRING QUARTET No. 4 (Buczak) (1990)
6) I (7:54)
7) II (6:18)
8) III (8:38)
STRING QUARTET No. 2 (Company) (1983)
9) I (2:09)
10) II (1:34)
11) III (1:28)
12) IV (2:04)
STRING QUARTET No. 3 (Mishima) (1985)
13) 1957-Award Montage (3:27)
14) November 25-Ichigaya (1:19)
15) 1934-Grandmother and Kimitake (2:41)
16) 1962-Body Building (1:40)
17) Blood Oath (3:11)
18) Mishima/Closing (2:56)
KRONOS QUARTET
David Harrington, violin
John Sherba, violin
Hank Dutt, viola
Joan Jeanrenaud, cello
Complementando os 3 discos dos anos 80 postados há uma semana, vão aqui os 5 dos anos 90, que formam um pacote encomendado pelo selo Point Music, de Philip Glass. Mas antes de falar deles quero anotar alguns pensamentos pessoais sobre o trabalho do Uakti em geral.
Antes de mais nada, é provável que haja quem pense que há sons ou efeitos produzidos eletronicamente no trabalho do Uakti – mas é tudo acústico.
Nunca esqueci a primeira vez que ouvi esses sons: foi em 1980-81, no meio de dois anos na Inglaterra. Visitava uma brasileira casada com europeu, personagem típico daquela época pré-internet: acabava de chegar do Brasil trazendo “o último do Chico, o último do Milton, uma cachacinha de Minas, uma goiabada cascão divina…” – e o último do Milton era Sentinela, onde o Uakti gravou pela primeira vez, respondendo pelo arranjo e acompanhamento de “Peixinhos do Mar”. (Isto é: primeira vez em disco, pois um ano antes haviam feito a trilha do filme Cabaré Mineiro).
Hoje é difícil imaginar o impacto inovador que cada disco de Milton Nascimento representou, de 1967 até este ou pouco depois – e a partir deste o que houve de inovação respondeu precisamente pelo nome Uakti. Lembro de ter ficado embasbacado não só pelo som em si, como também pelo fato de o Milton “ter recorrido a um arranjo inteiramente eletrônico” – pois sons assim só saíam do novo instrumento lançado havia 10 anos, o tal do “sintetizador”. Imaginem o tamanho da incredulidade quando me disseram que todo som ali era acústico.
Mas haverá algum valor especial em extrair de instrumentos acústicos sons que já se podiam gerar antes disso por meio eletrônico? Minha impressão é a de que há, sim, um valor especial – mas não me perguntem por quê. Do mesmo modo como se alguém conseguir com as tradicionais tintas a óleo efeitos de cor que pensamos só serem possíveis por computação gráfica. Não sei por quê, mas… vocês também não sentem isso?
Uma segunda coisa que me faz pensar é que o único instrumento “clássico” usado regularmente pelo Uakti é a flauta transversal. Acontece que esse também é o caso no Quinteto Armorial (pois o violino que há aí não é violino, é rabeca) – e em grande medida também nos conjuntos de choro. Será que isso sugere alguma conexão especial entre a flauta transversal e o jeito brasileiro de ser?
Avançando além da instrumentação: a uma audição superficial Uakti pode muitas vezes soar como “new age”, mera ambientação sonora… mas à audição atenta o ouvido experiente percebe claramente que é muito mais. Não é só a dimensão “timbre” que é explorada experimentalmente, são também as escalas, os ritmos, as formas (mesmo se geralmente constituem objetos pequenos, de duração relativamente curta). Isso se dá tanto como experimentação abstrata, cerebral (construções matemáticas) quanto aproveitando sugestões de fontes étnicas – isso porém no nível estrutural das composições, não como os “efeitos característicos” exteriores do século 19 e ainda antes, que geravam uma espécie de música vestida para baile à fantasia…
Há, p.ex., peças construídas sobre um pulso rítmico ao modo de música indígena das Américas. Quem já não tiver dado atenção a esse assunto sequer perceberá: é música universal, e ponto. Mas ao mesmo tempo é desenvolvimento das possibilidades do modo ameríndio de conviver com o som… sem precisar trombetear isso com nenhum cocar na cabeça. (No inesquecível Curso Latino-Americano de Música Contemporânea, em janeiro de 1978, em São João del Rei, fiquei muito impressionado com as pesquisas do compositor argentino Oscar Bazán nesse sentido. Agora me ocorreu: será que o Marco Antônio Guimarães também estava lá?)
Do mesmo modo, no balé I Ching (encomendado pelo Grupo Corpo), o trabalho com os elementos da concepção chinesa clássica do mundo e com as transformações de padrões combinatórios não tem nada de um misticismo nebuloso e sentimental, e sim com exercícios da razão e da observação do próprio mundo material. E o balé seguinte, “21”, explora de modo semelhante o nem sempre delicado mas sempre sutil espírito da arte poética japonesa.
O disco anterior e o posterior a esses dois balés (Mapa e Trilobyte) voltam a transitar entre o experimental e o melódico, este extraído mais uma vez de Milton Nascimento (Dança dos Meninos, Raça, Lágrimas do Sul) mas também de fontes como uma canção grega, e do “trovador renascentista do sertão baiano” Elomar Figueira de Melo, resultando, no meu ver, numa das faixas mais pungentes e hipnotizantes de toda essa discografia, Arrumação (faixa 5 de Trilobyte) – na qual o ouvido atento perceberá torrentes ao modo do jeu perlé (“toque perolado”) do piano do século 19 ambientando de modo insólito a regularidade sóbria dos versos madrigalescos.
O último dos 5 discos encomendados por Philip Glass terminou sendo preenchido com música do próprio, a qual foi também uma encomenda, desta vez do Grupo Corpo, para mais um balé. Já disse aqui que (assim como ao mestre PQP) de modo geral a música de Philip Glass me parece exasperantemente pretensiosa ao mesmo tempo que rala – mas aqui, com a instrumentação de Marco Antônio Araújo, confesso que acabei gostando bastante deste Águas da Amazônia (que vem com uma recriação de Metamorphosis I como bônus).
De que discos gosto mais? Acho que, no conjunto, do sétimo (Trilobyte, de 1996) e do terceiro (Tudo e Todas as Coisas, de 1984) –
… e aproveito para dizer aqui o que não gostei no trabalho deles: as elaborações em cima de standards de Bach e de “clássicos” diversos; não senti que o encontro enriqueceu nenhuma das partes, antes pelo contrário. Com isso, apesar de ainda me faltar ouvir um dos discos dos anos 00, aviso que prefiro parar com o que ainda me entusiasma, e deixar minhas postagens do Uakti só por estes oito álbuns já postados.
MAPA – 1992
(o nome homenageia o músico Marco Antônio Pena Araújo, falecido na época)
1 Aluá
(Marco Antônio Guimarães)
2 Dança dos meninos
(Marco Antônio Guimarães, Milton Nascimento)
3 Trilobita
(Artur Ribeiro, Paulo Sergio Santos, Marco Antônio Guimarães)
4 Mapa
(Marco Antônio Guimarães)
5 A lenda
(Marco Antônio Guimarães)
6 Bolero
(Ravel)
I CHING – 1994
Balé comissionado pelo Grupo Corpo
1 Céu
(Marco Antônio Guimarães)
2 Terra
(Marco Antônio Guimarães)
3 Trovão
(Marco Antônio Guimarães)
4 Água
(Marco Antônio Guimarães)
5 Montanha
(Marco Antônio Guimarães)
6 Vento
(Marco Antônio Guimarães)
7 Fogo
(Marco Antônio Guimarães)
8 Lago
(Marco Antônio Guimarães)
9 Dança dos hexagramas
(Marco Antônio Guimarães)
10 Alnitax
(Artur Andrés Ribeiro, Marco Antônio Guimarães)
11 Ponto de mutação
(Artur Andrés Ribeiro, Marco Antônio Guimarães)
“21” – 1996
Balé comissionado pelo Grupo Corpo
(falta determinar autoria das faixas)
1. Abertura
2. Hai Kai I
3. Hai Kai II
4. Hai Kai III
5. Hai Kai IV
6. Hai Kai V
7. Hai Kai VI
8. Hai Kai VII
9. Tema Em Sete
10. Figuras Geométricas
TRILOBYTE – 1995
1 Raça
(Milton Nascimento, Fernando Brant)
2 Lágrima do sul
(Marco Antônio Guimarães)
3 Xenitemeno mu puli [Meu pequeno pássaro em terras estrangeiras]
(Kristos Leonis, Albert Garcia)
4 O segredo das 7 nozes
(Artur Andrés Ribeiro)
5 Arrumação
(Elomar Figueira de Melo)
6 Música para um antigo templo grego
(Artur Andrés Ribeiro)
7 Trilobita II
(Paulo Sergio dos Santos)
8 Trilogia para Krishna:
Krishna I [Santa Afirmação]
(Artur Andrés Ribeiro)
9 Krishna II [Santa Negação]
(Artur Andrés Ribeiro)
10 Krishna III [Santa Reconciliação]
(Artur Andrés Ribeiro)
11 Parque das Emas
(Marco Antônio Guimarães)
12 Haxi
(Marco Antônio Guimarães)
13 Onze
(Marco Antônio Guimarães)
ÁGUAS DA AMAZÔNIA – 1999
Balé comissionado pelo Grupo Corpo
Todas as faixas de Philip Glass,
instrumentadas por Marco Antônio Guimarães
1 Rio Tiquiê
2 Rio Japurá
3 Rio Purus
4 Rio Negro
5 Rio Tapajós
6 Rio Madeira
7 Rio Paru
8 Rio Xingu
9 Rio Amazonas
—
10 Metamorphosis I
Não sei qual o motivo pelo qual estou postando este CD, já que não sou muito fã de Philip Glass, desde a primeira vez em que ouvi e assisti “Koyaanisqatsi” (creio que saí na metade do filme), mas eu era muito jovem, e o que sabem os jovens ali nos seus dezessete ou dezoito anos?
Mas enfim, o que me chamou a atenção neste CD que ora vos trago foi o belíssimo Segundo Movimento do “Concerto Tirol”. Vi um vídeo no Youtube e me encantei com esse movimento. Quando ouço essa parte me vem a cabeça uma sucessão de lembranças exatamente daquela época da minha vida, meus dezessete ou dezoito anos, mas curiosamente as imagens são por exemplo, da rua em eu morava em um dia de verão, vazia, sem movimento, ou do rio que passava nos fundos de minha casa. Esboços de imagens, eu diria. Ou a casa da esquina, um requintando palacete abandonado à própria sorte, cujos proprietários apareciam só de vez em quando, descendentes de uma família de muitas posses, e aquela era apenas mais uma de suas casas.
Mas este Segundo Movimento realmente me encantou e impressionou, e sabem como é, né? Assim como na juventude achamos que sabemos de tudo mas na verdade não sabemos de nada, na meia idade temos uma compreensão de que até podemos saber muito, mas ainda temos muito mais para aprender. Nunca estamos satisfeitos, precisamos alimentar nosso cérebro o tempo todo. Então, por algum motivo inexplicável, elegi este belíssimo Segundo Movimento como a trilha sonora deste momento de minha vida.
Denis Russel Davies é um fiel batalhador pela divulgação da obra de Glass, tem muitos CDs gravados com suas obras. Neste que ora vos trago, gravado em 2004, curiosamente é o solista e o regente da ótima Stuttgart Chamber Orchestra. Vale e muito a audição desse CD. Entendo ser uma ótima introdução para a obra do compositor.
Dennis Russell Davies Performs Philip Glass
01. Tirol Concerto – Movement I
02. Tirol Concerto – Movement II
03. Tirol Concerto – Movement III
04. Passages – Offering
05. Passages – Channels And Winds
06. Passages – Meetings Along the Edge
Stuttgart Chamber Orchestra
Dennis Russel Davies – Piano & Conductor
Este é um disco que poderia facilmente ser deixado de lado, mas se você fizer isto, vai perder uma verdadeira pérola, uma belezura…
A capa poderia envolver música composta nos séculos XVII ou XVIII, mas as peças deste disco foram compostas na segunda metade do século XX. Uma, inclusive, é de 2002, no terceiro milênio.
A Suíte Antiga, para flauta, cravo e cordas, foi composta por John Rutter para o Britain’s Cookham Festival de 1979, para dividir o programa com o Concerto de Brandenburgo No. 5, o que influenciou a escolha dos instrumentos. A presença marcante da flauta faz pensar também na Suíte Orquestral No. 2. Rutter é conhecido por escrever música coral, mas aqui esbalda competência, criando uma linda peça. Aposto que você ouvira a Valsa – A Jazz waltz – e a Chanson mais de uma vez.
Eu conheço pouco a obra de Philip Glass, um compositor de música minimalista, mas entendi que neste Concerto para Cravo ele fez uma leitura moderna dos mestres do barroco. Particularmente bonito é o movimento ‘lento’.
A peça composta primeiro é a última no disco. Jean Françaix é um mestre da orquestração, com a expertise francesa para escrever para instrumentos de sopros, e com a leveza de um neoclassicista escreveu este lindíssimo concerto em 1959.
O cravista Christopher D. Lewis nasceu no País de Gales, mas mudou-se em 2005 para o Canadá, para estudar com Luc Beauséjour e Hank Knox. Seu principal interesse, como fica evidente por este disco, é música moderna para cravo.
Ele tem uma excelente conexão com os músicos que o acompanham nesta gravação. Veja o que os críticos disseram: The WSCO deserves special praise under Kevin Mallon – balance is always an issue with a harpsichord, but those instances in this recording are scarce indeed. The orchestra is never too delicate, nor is it too hefty. Mallon deftly elicits warm, evocative performances from the orchestra while preserving the interplay, dialog, and cohesion of each work. (A WSCO com a direção de Kevin Mallon merece elogios especiais – equilíbrio com o cravo é sempre um problema, mas os exemplos nesta gravação são realmente escassos. A orquestra nunca é muito delicada, nem muito pesada. Mallon habilmente elicia performances calorosas e evocativas da orquestra, preservando a interação, o diálogo e a coesão de cada trabalho.)
BBC Music Magazine – Christmas Issue 2013: Typically adventurous, Naxos programmes Rutter’s pastoral prettiness with Glass’s insistent dancing patterns and Francaix’s lissom, quirky lyricism.
Gramophone – November 2013: [the Glass] makes for an understated and appealing piece, and one to which Christopher D Lewis is as responsive as he is to the other works here – sensitively accompanied by the West Side Chamber Orchestra under the attentive direction of Kevin Mallon…If the programme appeals, then there is no need to hesitate.
Um disco muito bom. Se já conhecíamos as outras obras — as duas de Pärt (ambas excelentes!) e a de Glass –, desconhecíamos a que nos causou a maior das surpresas. Com minuciosa insistência, Martynov acaba por nos atingir mortalmente o coração. Come in! é uma obra para violino e cordas de 1988, que é maravilhosamente solada pela esposa do compositor, Tatiana Grindenko.
Vários dos meus amigos pensam que eu tenho algo contra Glass. Mas, pô, ouçam este disco. Há um abismo qualitativo entre as peças de Pärt e Martynov e a de Glass. OK, eu permito que ele engraxe os sapatos do estoniano e do russo. Mas que deixe tudo brilhando. E limpo! Vai ter lobby poderoso assim no PQP!
Arvo Pärt (1935) / Philip Glass (1937) / Vladimir Martynov (1946): Silencio (Kremer)
Arvo Pärt (1935) – Tabula Rasa
1. Tabula Rasa: I. Ludus – Con Moto
2. Tabula Rasa: II. Silentium – Senza Moto
Philip Glass (1937) – Company for String Orchestra
3. Company: Movt I – Kremerata Baltica
4. Company: Movt II – Kremerata Baltica
5. Company: Movt III – Kremerata Baltica
6. Company: Movt IV – Kremerata Baltica
Vladimir Martynov (1946) – “Come in!”
7. Come In!: Movt I
8. Come In!: Movt II
9. Come In!: Movt III
10. Come In!: Movt IV
11. Come In!: Movt V
12. Come In!: Movt VI
Começo dizendo que cresci ouvindo e amando os tradicionais Concertos para Violino. E dá-lhe Beethoven, dá-lhe Mendelssohn, dá-lhe Tchaikovski, dá-lhe Bartók, dá-lhe Shostakovich, dá-lhe Prokofiev! Na verdade, sabem?, eu não gosto muito de Philip Glass. As palavras usuais que uso para enquadrar Glass são normalmente para dizer que ele é menor, muito menor do que Adams, Riley, Reich, etc. Sigo com a mesma opinião. Ou seja, aqui me interessa mais Adams, mas o Glass até que é bom. Seu concerto é um híbrido de minimalismo, neorromantismo e neobarroco. Em resumo, mostra uma evolução do minimalismo inicial mais “hardcore”. Como Glass, John Adams é considerado um minimalista, mas em 1993, quando escreveu este concerto, ele já estava se bandeando. Seu Concerto para Violino é uma composição tradicional norte-americana escrita em um estilo que deve muito ao modernismo. A Chaconne de Adams é a coisa mais linda! Enquanto Glass transformou seu minimalismo anterior, Adams o abandona. Bom disco.
John Adams (1947) & Philip Glass (1937): Concertos para Violino
John Adams — Violin Concerto
1 – I. ♩ = 78 14:44
2 – II. Chaconne: Body Through Which The Dream Flows 11:02
3 – III. Toccare 7:45
Philip Glass — Concerto for Violin and Orchestra
4 – I. ♩ = 104 – ♩ = 120 6:25
5 – II. ♩ = Ca. 96 9:53
6 – III. ♩ = Ca. 150 – Coda: ♩ = 104 9:46
Violin, Soloist – Robert McDuffie
Orchestra – Houston Symphony Orchestra
Conductor – Christoph Eschenbach
Pois é, gostei muito mais de Tissues (peças rearranjadas para violoncelo e percussão, retiradas da trilha de Naqoyqatsi) do que das Canções e Poemas para Violoncelo Solo. Bem o disco representa a estreia da violoncelista Wendy Sutter. Songs and Poems for Solo Cello é uma obra de sete movimentos de Philip Glass. Conhecido por obras escritas para grupos maiores, como concertos e sinfonias, estas canções mostram o compositor em seu mais íntimo. Obra de qualidade média, na minha opinião. Também estão no disco Tissues, compostos para o filme Naqoyqatsi, e que são obras escritas para violoncelo, percussão e piano. Como disse, gostei muito mais da segunda.
O som do violoncelo de Wendy Sutter é esplêndido. Trata-se de um Stradivarius de 1620. Te mete.
Philip Glass (1937): Songs and Poems for Solo Cello
Philip Glass (1937 – )
Songs and Poems for Solo Cello
1. Song I [3:30]
2. Song II [5:52]
3. Song III [2:01]
4. Song IV [3:01]
5. Song V [5:47]
6. Song VI [3:47]
7. Song VII [5:11]
Não vejo nenhuma semelhança entre o minimalismo de Glass e o poliestilismo de Schnittke, mas vá entender os critérios mercadológicos da DG. O fato é que o Concerto Grosso do russo humilha o Concerto de Glass, que até é bom, só que não é mole conviver com um companheiro doidamente ótimo. Para tanto, basta ouvir o movimento Lento de Schnittke, uma maravilha.
Gente, poliestilismo é o uso de múltiplos estilos e/ou técnicas de composição musical. É caracterizado pela capacidade de absorver diferentes tradições e expressar-se particularmente através de uma mistura de estilos altamente individual e refinada, capaz de unir passado, presente e futuro, o local e o universal. Alfred Schnittke foi o seu pioneiro, e com isso trouxe um novo caminho, de traço muito original para a contemporaneidade.
Schnittke foi o compositor mais importante a surgir na Rússia desde Dmitri Shostakovich. A sua música, nos seus primeiros anos, demonstra uma forte influência de Shosta. Desenvolveu fundamentais trabalhos como a sua épica Sinfonia nº 1 (1969-1972) e o seu lindíssimo Concerto Grosso nº 1 (1977), aquele do tando no final. Nos anos 1980, sua música começou a ser reconhecida fora de seu país. Escreveu então a esplêndida Suíte Gógol, o Quarteto de Cordas n°2 (1980), n°3 (1983) e também um Trio para Cordas (1985), o ballet Peer Gynt (1985-1987), as sinfonias n°3 (1981), n°4 (1984) e n°5 (1988), além do Concerto para viola (1985) e do Concerto para Violoncelo (1985-1986).
Em 1985, sofreu seu primeiro AVC. À medida que sua saúde se deteriorava, o compositor foi abandonando a extroversão do seu poliestilismo, adotando um estilo mais introspectivo e sombrio. Seu fim foi muito triste.
Philip Glass (1937 – )
Concerto For Violin And Orchestra
1. = 104 – = 120 6:40
2. = ca. 108 8:46
3. = ca. 150 – Coda: Poco meno = 104 9:30
Gidon Kremer, Wiener Philharmoniker, Christoph von Dohnányi
Alfred Schnittke (1934 – 1998)
Concerto Grosso No.5
4. 1. Allegretto 7:56
5. 2. Without tempo indication 5:18
6. 3. Allegro vivace 6:02
7. 4. Lento 8:28
Gidon Kremer, Wiener Philharmoniker, Christoph von Dohnányi, Rainer Keuschnig
Um belo disco difícil de definir: é jazz ou erudito? Bem, na verdade eu nem noto mais a diferença. Ouço ambos os gêneros indistintamente. A pianista Shani Diluka, nascida no Sri Lanka, chama seu recital de 18 peças de compositores e improvisadores norte-americanos de Route 66. Nas anotações que vêm junto ao CD, ela liga cada peça a uma passagem de On the Road, de Jack Kerouac, embora a calma que prevalece na maioria das canções dificilmente evoque a narrativa contundente do romance. Ela demonstra um colorido maior do que normalmente se ouve dos chamados especialistas em música contemporânea. Isso é bom, claro. Porém, na maioria das peças líricas, no entanto, a dinâmica suave retrocede e murcha quase a ponto de desaparecer, especialmente quando Diluka faz diminuendos. Mas o saldo final é altamente positivo. A pianista é excelente e o repertório fantástico.
Deixem eu contar uma história rapidinha para vocês. Certa vez, estava em Londres e fui assistir a um concerto sensacional onde um conhecido pianista interpretaria um Concerto de Mozart. Ele tocou maravilhosamente e foi muito aplaudido. Voltou três vezes ao palco. O pedido por um bis era óbvio. Então ele ergueu os braços e pediu silêncio. Disse que no dia anterior substituíra outro pianista que caíra doente. Tivera que ir até Praga para fazer o Concerto Nº 1 de Brahms. Estava no contrato. Na volta, o avião atrasara. Contou que estava cansadíssimo e que ia dar o bis tocando a peça que costumava tocar à noite, quando estava em casa e queria relaxar para dormir. E anunciou: “Vamos relaxar juntos. Vou tocar Peace Piece, de Bill Evans. Espero que vocês não durmam”. A ultra civilizada e culta plateia londrina, em vez de aplaudir, fez aquele som misto de aplausos e Uh, Uh! típicos dos concertos de jazz. Melhor cidade do mundo.
Shani Diluka: Route 66 (American Piano Music)
1 China Gates
Composed By – John Adams
4:40
2 My Wild Irish Rose
Arranged By – Keith Jarrett
5:05
3 Lullaby
Composed By – Percy Grainger
5:06
4 Pas De Deux
Composed By – Samuel Barber
3:59
5 Young Birches
Composed By – Amy Beach*
2:38
6 Waltz For Debby
Composed By – Bill Evans
2:10
7 Etude No. 9
Composed By – Philip Glass
2:17
8 For Felicia Montealegre
Composed By – Leonard Bernstein
1:59
9 In A Landscape
Composed By – John Cage
6:18
10 I Love Porgy
Arranged By – Keith Jarrett
Composed By – George Gershwin
5:10
11 Interlude
Composed By – Leonard Bernstein
1:36
12 Chandeliers
Composed By – Hyung-Ki Joo
6:26
13 Danza De La Mozo Donosa
Composed By – Alberto Ginastera
3:23
14 For Aaron Copland
Composed By – Leonard Bernstein
1:06
15 Piano Blues No. 1 “For Leo Smit”
Composed By – Aaron Copland
2:22
16 Peace Piece
Composed By – Bill Evans
7:05
17 Love Walked In
Arranged By – Percy Grainger
Composed By – George Gershwin
4:29
18 What Is This Thing Called Love
Arranged By – Raphaël Merlin
Composed By – Cole Porter
Piano – Shani Diluka
Vocals – Natalie Dessay (faixa 18)
Seis CDs maravilhosos que dão um excelente panorama da música erudita norte-americana. A influência do jazz é enorme, a presença negra é absoluta. Depois, ao menos cronologicamente, ela é substituída pelo minimalismo, o que denota a presença da cultura mais acadêmica. E o papel de Lenny Bernstein é fundamental. Ele faz jazz (ouçam Prelude, Fugue And Riffs), cria temas que caberiam em musicais e faz música erudita mais tradicional, com um pé na Europa. Gênio total. E o que dizer de George Gershwin? Cada aparição sua no CD é um facho de luz. Dá felicidade ouvir suas obras.
Destaque também para nossos contemporâneos John Adams e Steve Reich, assim como para a presença da sofisticação de Duke Ellington (jazz) e Cole Porter (canções) e da música luminosa de Scott Joplin (rags).
Korngold, Barber e Copland são bons compositores, mas para mim foi foda aguentar a música de Kern. É muito dentro do estilo dos musicais, o que me provocou certa náusea.
O CD é catadão de coisas lançadas previamente em formato separado, mas a seleção é de primeira e vocês podem ouvir sem receio porque no geral é muito bom!
Disc 1 George Gershwin
1. Rhapsody In Blue (Orig. Version With Jazz Band) – Peter Donohoe/London Sinfonietta/Sir Simon Rattle
2. An American In Paris – Aalborg Symphony/Wayne Marshall
3. I Got Rhythm: Variations For Piano And Orchestra – Wayne Marshall/Aalborg Symphony
4. Piano Concerto In F Major : I Allegro – Helene Grimaud
5. Piano Concerto In F Major : II Andante Con Motto – Helene Grimaud
6. Piano Concerto In F Major : III. Allegro Agitato – Helene Grimaud
Disc 2 Leonard Bernstein
7. Prelude, Fugue And Riffs – Paavo Jarvi
8. Facsimile – Paavo Jarvi/City Of Birmingham Symphony Orchestra
9. Symphonic Dances From West Side Story: I. Prologue – Paavo Jarvi
10. Symphonic Dances From West Side Story: II. Somewhere – Paavo Jarvi
11. Symphonic Dances From West Side Story: III. Scherzo – Paavo Jarvi
12. Symphonic Dances From West Side Story: IV. Mambo – Paavo Jarvi
13. Symphonic Dances From West Side Story: V. Cha-Cha – Paavo Jarvi
14. Symphonic Dances From West Side Story: VI. Meeting Scene – Paavo Jarvi
15. Symphonic Dances From West Side Story: VII. Rumble – Paavo Jarvi
16. Symphonic Dances From West Side Story: VIII. Finale – Paavo Jarvi
17. Divertimento For Orchestra: I. Sennets And Tuckets – Paavo Jarvi
18. Divertimento For Orchestra: II. Waltz – Paavo Jarvi
19. Divertimento For Orchestra: III. Mazurka – Paavo Jarvi
20. Divertimento For Orchestra: IV. Samba – Paavo Jarvi
21. Divertimento For Orchestra: V. Turkey Trot – Paavo Jarvi
22. Divertimento For Orchestra: VI. Sphinxes – Paavo Jarvi
23. Divertimento For Orchestra: VII. Blues – Paavo Jarvi
24. Divertimento For Orchestra: VIII. In Memoriam – March “The Bso Forever” – Paavo Jarvi
25. Wonderful Town: Overture – Sir Simon Rattle/Birmingham Contemporary Music Group
26. Candide: Overture – London Symphony Orchestra/Andre Previn
Disc 3 Samuel Barber
27. Adagio For Strings Op. 11 – City Of London Sinfonia
28. Knoxville: Summer Of 1915 Op. 24 – City Of London Sinfonia Erich Wolfgang Korngold
29. Violin Concerto In D Major, Op.35: I. Moderato Nobile – Renaud Capucon
30. Violin Concerto In D Major, Op. 35: II. Romance: Andante – Renaud Capucon
31. Violin Concerto In D Major, Op. 35: III. Finale: Allegro Assai Vivace – Renaud Capucon Aaron Copland
32. Appalachian Spring – Suite From The Ballet – Richard Hickox
33. Fanfare For The Common Man – London Philharmonic Orchestra/Carl Davis
Disc 4 John Adams
34. The Chairman Dances – Foxtrot For Orchestra – Sir Simon Rattle/City Of Birmingham Symphony Orchestra
35. Tromba Lontana – Sir Simon Rattle/Jonathan Holland/Wesley Warren/City Of Birmingham Symphony Orchestra
36. Short Ride In A Fast MacHine – Fanfare For Orchestra – Sir Simon Rattle
37. Shaker Loops (1983): Shaking And Trembling – London Chamber Orchestra/Christopher Warren-Green
38. Shaker Loops (1983): Hymning Slews – London Chamber Orchestra/Christopher Warren-Green
39. Shaker Loops (1983): Loops And Verses – London Chamber Orchestra/Christopher Warren-Green
40. Shaker Loops (1983): A Final Shaking – London Chamber Orchestra/Christopher Warren-Green Philip Glass
41. Facades – Christopher Warren-Green Steve Reich
42. Eight Lines – Christopher Warren-Green Philip Glass
43. Company – London Chamber Orchestra (Lco)
Disc 5 George Gershwin
44. A Damsel In Distress – Music From The Film – New Princess Theater Orchestra/John McGlinn
45. Girl Crazy: Overture – John McGlinn
46. Tip-Toes: Overture: Tip-Toes – John McGlinn
47. Oh, Kay!: Overture: Oh, Kay! – John McGlinn Cole Porter
48. Anything Goes: Overture: Anything Goes – London Sinfonietta/John McGlinn
49. Can-Can: Overture: Can-Can – London Sinfonietta/John McGlinn
50. Kiss Me, Kate: Overture: Kiss Me, Kate – London Sinfonietta/John McGlinn
51. Gay Divorce: Night And Day – London Sinfonietta/John McGlinn Jerome Kern
52. Leave It To Jane: Overture: Leave It To Jane – National Philharmonic Orchestra/John McGlinn
53. Sitting Pretty: Overture: Sitting Pretty – National Philharmonic Orchestra/John McGlinn
54. Swing Time: I. Main Title And Pickup Yourself Up (Lyrics Dorothy Fields) – Ambrosian Singers/National Philharmonic Orchestra/John McGlinn
55. Swing Time: II. The Way You Look Tonight – Ambrosian Singers/National Philharmonic Orchestra/John McGlinn
56. Swing Time: III. Waltz In Swing Time – Ambrosian Singers/National Philharmonic Orchestra/John McGlinn
57. Swing Time: IV. Never Gonna Dance – Ambrosian Singers/National Philharmonic Orchestra/John McGlinn
58. Swing Time: V. Bojangles Of Harlem (Lyrics Dorothy Fields) – Ambrosian Singers/National Philharmonic Orchestra/John McGlinn
59. Show Boat: Overture: Show Boat – London Sinfonietta/John McGlinn
Disc 6 Scott Joplin
60. The Entertainer – Katia Labeque/Marielle Labeque George Gershwin
61. Rialto Ripples – Katia Labeque/Marielle Labeque Scott Joplin
62. Magnetic Rag – Katia Labeque/Marielle Labeque J.P. Johnson
63. Carolina Shout – Katia Labeque/Marielle Labeque Scott Joplin
64. Maple Leaf Rag – Katia Labeque/Marielle Labeque
65. Elite Syncopations – Katia Labeque/Marielle Labeque
66. Strenuous Life – Katia Labeque/Marielle Labeque
67. Bethena – Katia Labeque/Marielle Labeque
68. Embraceable You – Katia Labeque/Marielle Labeque George Gershwin
69. Porgy And Bess (Highlights): Summertime (Clara, Chorus) – Harolyn Blackwell/Glyndebourne Chorus/Craig Ruttenberg/London Philharmonic Orchestra/Sir Simon Rattle
70. Porgy And Bess (Highlights): It Ain’t Necessarily So…Shame On All You Sinners (Sporting Life, Chorus, Serena, Maria) – Damon Evans/Cynthia Clarey/Marietta Simpson/Glyndebourne Chorus/Craig Ruttenberg/London Philharmonic Orchestra/Sir Simon Rattle
71. Strike Up The Band – Overture – Aalborg Symphony/Wayne Marshall Duke Ellington
72. Take The ‘a’ Train – Sir Simon Rattle/City Of Birmingham Symphony Orchestra/Lena Horne/Clark Terry/Bobby Watson/Joshua Redman/Joe Lovano/Regina Carter/Geri Allen/Lewis Nash/Peter Washington
73. Sophisticated Lady – Bobby Watson/Sir Simon Rattle/City Of Birmingham Symphony Orchestra
74. That Doo-Wah Thing From ‘it Don’t Mean A Thing If It Ain’t Got That Swing’: Part 2, Duet/Fugue – Lena Horne/Clark Terry/Bobby Watson/Joshua Redman/Joe Lovano/Regina Carter/Geri Allen/Lewis Nash/Peter Washington/Sir Simon Rattle/City Of Birmingham Sym
75. Come Sunday – Regina Carter/Clark Terry/Sir Simon Rattle/City Of Birmingham Symphony Orchestra
Philip Glass usa muito o saxofone em suas orquestras. Então, não chega a ser uma surpresa que ele tenha escrito obras solo e em grupo para o instrumento. Quem não gosta do som do sax? Qual a mulher que não se desmancha para um jazzman saxophone player? Bem, eu gostei moderadamente de duas obras deste disco — o Concerto e The Windcatcher –, mas francamente: o solo de sax de 13 Melodies for Saxophone só me deu saudades da música de John Surman. Neste CD, reaparece a indulgência de Glass consigo mesmo. Boa parte das composições parecem descuidadas, pouco trabalhadas, apressadas, etc.
Philip Glass (1937): Saxophone
Concerto For Saxophone (Quartet Version)
1 Movement I 6:22
2 Movement II 4:52
3 Movement III 8:23
4 Movement IV 3:51
The Windcatcher 18 Part 1 1:28
19 Part 2 4:48
20 Part 3 4:59
The Raschèr Saxophone Quartet* (tracks: 1 to 4):
Baritone Saxophone – Kenneth Coon (tracks: 1 to 4)
Soprano Saxophone – Carina Raschèr (tracks: 1 to 4)
Tenor Saxophone – Bruce Weinberger (tracks: 1 to 4)
The Philip Glass Ensemble Woodwinds* (tracks: 18 to 20)
Andrew Sterman (tracks: 18 to 20)
Jon Gibson (2) (tracks: 18 to 20)
Richard Peck (tracks: 18 to 20)
The Photographer é uma performance em três partes para mídia mista acompanhada de música — a peça é também às vezes referida como uma ópera de câmara. O libreto é baseado na vida e no julgamento do fotógrafo inglês do século XIX Eadweard Muybridge (1830-1904). Em 1874, morando em São Francisco, Muybridge descobriu que sua esposa tinha um amante, o Major Harry Larkyns. Em outubro de 1874, ele procurou Larkyns e disse, “Good evening, Major, my name is Muybridge and here is the answer to the letter you sent my wife” (Boa noite Major, meu nome é Muybridge e aqui está a resposta para a carta que você enviou para minha esposa). Então, matou o Major com um tiro de espingarda. Muybridge foi absolvido por este ser considerado “um homicídio justificável”. Encomendado pelo Festival da Holanda, a ópera foi montada pela primeira vez em 1982 no Palácio Real de Amsterdã.
A música de The Photographer é muito boa.
Philip Glass (1937): The Photographer
A1 ACT I: “A Gentleman’s Honor” (Vocal) Lead Vocals – Marlene VerPlanck 3:17
A2 ACT II 16:25
A3 “A Gentleman’s Honor” (Instrumental) 3:15
B ACT III 19:17
Chorus – Adrienne Albert, Betty Baisch, Dora Ohrenstein, Maeretha Stewart, Marlene VerPlanck, Mary Sue Berry, Rose Marie Jun
Flute, Soprano Saxophone, Baritone Saxophone, Alto Saxophone – Jack Kripl
French Horn – Bob Carlisle, Ron Sell
Keyboards, Piano, Synthesizer [Bass], Engineer, Conductor – Michael Riesman
Producer, Engineer – Kurt Munkacsi
Producer, Music By, Organ [Electric] – Philip Glass
Strings – Carol Pool, Jeanne Ingraham*, Jill Jaffe, Judy Geist, Lew Eley*, Maureen Gallagher, Ted Israel*
Strings, Concertmaster – Marin Alsop
Trombone – Alan Raph, Jim Pugh
Trumpet – Ed Carroll*, Lew Soloff
Violin – Paul Zukofsky
Um dos compositores mais influentes do final do século XX, Philip Glass descreve-se como um compositor de “música com estruturas repetitivas”.
A música composta por Philip Glass (31/01/1937 Baltimore, EUA) e o texto vocal extraído de fontes originais por Shalom Goldman. O Libretto de Philip Glass com colaboração de Shalom Goldman, Robert Israel e Richard Riddell. Akhnaten é uma ópera em três atos baseados na vida e convicções religiosas do Faraó Akhenaton (Amenhotep IV), a ópera foi escrita em 1983. Teve sua estréia mundial em 24 de março de 1984 no Staatstheater Stuttgart, Alemanha.
O texto da ópera, retirado de fontes originais, é cantado nas línguas originais (egípcio, arcadiano, hebraico e linguagem do público), vinculado com o comentário de um narrador em uma linguagem moderna, como inglês ou alemão.
Os textos egípcios do período são tirados de um poema do próprio Akhenaton do Livro dos Mortos e de extratos de decretos e cartas do período de dezessete anos do governo de Akhenaton. O Hino de Akhnaten para o Sol é cantado na língua da audiência (CD2 faixa03). Música e músicos de altíssima qualidade muito inspirados, logo no início (CD1 faixa03) temos cerca de 9 minutos ininterruptos com as batidas de tambores (incrível o ritmo perfeito e agressivo em toda a cena). Gosto muito desta ópera moderna, recomendo sem medo.
A ópera é dividida em três atos:
Ato 1: Ano 1 do reinado de Akhnaten em Tebas
Tebas, 11370aC
Prelúdio, verso 1, verso 2, verso 3
As cordas iniciam a ópera dando um clima místico. O escriba recita textos funerários das pirâmides. “Aberto são as portas duplas do horizonte, desbloqueadas estão suas trancas”.
Cena 1: Funeral do pai de Akhnaten Amenhotep III
A cena apresenta o funeral do pai de Akhenaton, Amanhotep III. Como ponto de partida do trabalho, representa o momento histórico imediatamente anterior ao “período de Amarna” ou ao reino de Akhenaton Ele retrata a sociedade em que as reformas de Akhenaton foram realizadas (reformas tão extremas que pode ser chamado de revolucionário). A ação da cena se concentra nos ritos funerários do Novo Reino da XVIII dinastia. Eles são dominados pelos sacerdotes de Ammon e aparecem como rituais de caráter extraordinariamente tradicional, derivada do livro egípcio dos mortos. A procissão do funeral entra na cena liderado por dois bateristas e seguido por um pequeno grupo de sacerdotes Ammone que era dele O tempo é precedido por Aye (pai de Nefertiti, conselheiro do faraó falecido e do futuro Faraó). Aye e um pequeno coro masculino cantam um hino funerário em egípcio. A música é basicamente uma marcha, e cresce até a intensidade de êxtase no final.
Cena 2: A Coroação de Akhnaten
Após uma longa introdução orquestral, durante a qual Akhnaten aparece, anunciada por uma trombeta solo, o Sumo Sacerdote, Aye e Horemhab cantam um texto ritual. Depois disso, o Narrador recita uma lista de títulos reais concedidos a Akhnaten, enquanto ele é coroado. Após a coroação, o coro repete o texto ritual desde o início da cena.
Cena 3: A janela
Depois de uma introdução dominada por sinos tubulares, Akhnaten canta um louvor ao Criador (em egípcio) na janela de aparições públicas. Esta é a primeira vez que ele canta, depois de já estar no palco há 20 minutos (e 40 minutos para a ópera) e o efeito de sua voz, contratenor,é surpreendente. Ele é acompanhado por Nefertiti, que na verdade canta notas mais baixas do que ele, e mais tarde pela Rainha Tye, cuja soprano sobe bem acima das vozes entrelaçadas do casal real.
Ato 2: Anos 5 a 15 em Tebas e Akhetaten
Cena 1: o templo
A cena abre com o Sumo Sacerdote e um grupo de sacerdotes cantando um hino para Amun, deus principal da velha ordem, em seu templo. A música torna-se cada vez mais dramática, já que Akhnaten, juntamente com a Rainha Tye e seus seguidores, ataca o templo. Esta cena tem apenas um canto sem palavras. As harmonias crescem muito cromáticas. O telhado do templo é removido e o sol deus que os raios de Aten invadem o templo, terminando assim o reinado de Amun e sentando os alicerces para o culto do único deus Aten.
Cena 2: Akhnaten e Nefertiti
Dois solistas introduzem um “tema do amor”. Acompanhado por um trombone solo o Narrator recita um poema parecido com a oração ao deus do sol. As cordas suavemente assumem a música, e o mesmo poema é recitado de novo, desta vez como um poema de amor de Akhnaten para Nefertiti. Então Akhnaten e Nefertiti cantam o mesmo texto um para o outro (em egípcio), como um dueto de amor íntimo. Depois de um tempo, a trombeta associada a Akhnaten se junta a eles como a voz mais alta, transformando o duo em um trio.
Cena 3: A Cidade – Dança
O Narrador fala um texto tirado das pedras da nova capital do império, Akhet-Aten (The Horizon of Aten), descrevendo a construção da cidade, com espaços grandes e cheios de luz. Depois de uma fanfarra de bronze, a conclusão da cidade é celebrada em uma dança alegre, contrastando com a música ritual e ritual com a qual este ato começou. (Na estréia de Stuttgart, a dança realmente descreveu a construção da cidade)
Cena 4: Hino
O que agora segue é um hino ao único deus Aten, uma longa ária de Akhnaten. É excelente, pois é o único texto cantado na linguagem da platéia, louvando o sol dando vida a tudo. Após a aria, um coro fora do palco canta o Salmo 104 em hebraico, datando cerca de 400 anos depois, que tem fortes semelhanças com o Hino de Akhnaten, enfatizando assim Akhnaten como o primeiro fundador de uma religião monoteísta.
Ato 3: Ano 17 e presente
Akhnaten, 1358aC
Cena 1: a família
Dois oboe d’amore interpretam o “tema do amor” do ato 2. Akhnaten, Nefertiti e suas seis filhas, cantam sem palavras em contemplação, são alheios ao que acontece fora do palácio. À medida que a música muda o Narrador lê cartas de vassalos sírios, pedindo ajuda contra seus inimigos. Como o rei não manda tropas, sua terra está sendo apreendida e saqueada por seus inimigos. A cena se concentra novamente em Akhnaten e sua família, ainda inconsciente do país se destruindo.
Cena 2: Ataque e Queda da Cidade
Horemhab, Aye e o Sumo Sacerdote de Aten começam a instigar as pessoas (coro), cantando parte das cartas do vassalo até que finalmente o palácio seja atacado, a família real morreu e a cidade do sol destruída .
Cena 3: as ruínas
A música do início da ópera retorna. O escriba recita uma inscrição no túmulo de Aye, louvando a morte do “herege” e o novo reinado dos deuses antigos. Ele então descreve a restauração do templo de Amun pelo filho de Akhnaten, Tutenkhamun. A música Prelúdio cresce e a cena se move para o atual Egito, para as ruínas de Amarna, a antiga capital Akhet-Aton. O Narrador aparece como um guia turístico moderno e fala um texto de um guia, descrevendo as ruínas. “Não resta nada desta gloriosa cidade de templos e palácios”.
Cena 4: Epílogo
Os fantasmas de Akhnaten, Nefertiti e Rainha Tye aparecem, cantando sem palavras entre as ruínas. A procissão fúnebre do início da ópera aparece no horizonte, e eles se juntam a ela.
CD1
Act I: Year 1 of Akhnaten’s Reign – Thebes
1. Prelude: Refrain, Verse 1, Verse 2 10:44
2. Prelude: Verse 3 0:40
3. Scene 1: Funeral of Amenhotep III 8:59
4. Scene 2: The Coronation of Akhnaten 17:15
5. Scene 3: The Window of Appearances 9:03
Act II: Years 5 to 15 – Thebes and Akhetaten
6. Scene 1: The Temple 12:47
7. Scene 2: Akhnaten and Nefertiti 10:10
CD2
1. Scene 3: The City 2:30
2. Scene 3: Dance 5:10
3. Scene 4: Hymn 13:35
Act III: Year 17 and the Present – Akhetaten
4. Scene 1: The Family 11:36
5. Scene 2: Attack and Fall 7:43
6. Scene 3: The Ruins 7:28
7. Scene 4: Epilogue 10:37
Akhnaten – Paul Esswood
Neferetiti – Milagro Vargas
Queen Tye – Melinda Liebermann
Horemhab – Tero Hannula
Amon High Priest – Helmut Holzapfel
Aye – Cornelius Hauptmann
Scribe – David Warrilow
The Stuttgart State Opera Orchestra & Chorus
Dennis Russel Davies – Maestro
Confesso que estou adentrando em terras estranhas nesta postagem. Mas resolvi investigar um pouco o século XX, principalmente Phillip Glass.
Esta gravação do Renaud Capuçon é bem recente, foi realizada ainda em 2017, e está muito bem acompanhado pelo experiente maestro Dennis Russel Davies, um especialista em Phillip Glass.
Para os que admiram o minimalismo de Glass, taí um prato cheio para degustarem.
A segunda obra deste CD é a Serenade after Plato´s “Symposyum”, de Bernstein, já antecipando as comemorações pelo Centenário de Lenny Bernstein, um dos maiores regentes do século XX, além de um dos melhores compositores norte americanos.
01 – Glass – Violin Concerto No. 1. I
02 – Violin Concerto No. 1. II
03 – Violin Concerto No. 1. III
04 – Bernstein – I. Phaedrus; Pausanias
05 – II. Aristophanes
06 – III. Eryximachus
07 – IV. Agathon
08 – V. Socrates; Alcibiades
Hoje temos aqui dois compositores estadunidenses, Morton Feldman e Philip Glass, que na coleção de 10 CDs dos 25 anos do Kronos Quartet ganharam um CD inteiro cada um.
Morton Feldman eu conheço pouco e acredito que o post que o PQP fez com essa mesma gravação já tenha dito bastante sobre a obra Piano and String Quartet.
Já de Philip Glass eu diria que sua música é mais empolgante. A música de Feldman, por estar recheada de ideias, lhe falta espírito (no sentido sentimental do termo). Não é uma música que conquista facilmente, é boa para fazer pensar, mas não tanto para sentir. Já em Philip Glass podemos apreciar os acordes repetitivos e pouco criativos, embora cativantes.
Uns dizem que Glass teve um bom debut mas que aos poucos foi caindo de nível, talvez por suas numerosas colaborações com artistas populares. Mas se até Pavarotti deu dessas, porque Glass seria apedrejado por isso? E por que isso seria condenável? Nunca cheguei a conhecer sua música em profundidade. Além dos quartetos presentes aqui – os quais apreciei bastante, principalmente o 3 e o 5 – já ouvi a ópera Akhnaten e o segundo concerto para violino, e todas essas obras eu gostei. Glass não se diz um minimalista, mas sem medo podemos dizer que sua música possui elementos da mesma. Atualmente ele se considera um neoclássico, e pode até ser, mas não seria um neoclassico ao nível do que foi Stravinsky em sua segunda fase por exemplo. O que podemos dizer com certeza é que dos compositores contemporâneos, por seus erros ou falhas, ele influenciou muita gente, e consegue atrair muita gente a procurar por mais música contemporânea também.
Na próxima semana trarei o quinto álbum da coleção com Osvaldo Golijov, Sofia Gubaidulina e Franghiz Ali-Zadeh.
25 Years of the Kronos Quartet [BOX SET: disc 3 and 4/10]
Este CD maravilhoso estava comigo há mais de um ano, mas foi somente hoje que eu o escutei. A Cantata Itaipu foi composta por Glass no ano de 1989 em homenagem à hidrelétrica de mesmo nome, construída sobre o Rio Paraná, entre o Brasil e o Paraguai. O trabalho foi encomendado pela Orquestra Sinfônica de Atlanta. Atualmente, o presidente paraguaio Fernando Lugo, quer “um preço de mercado justo” (palavras dele) pela energia que o Paraguai vende ao Brasil. Mas isso é outra história. O texto da cantata de Glass foi composta em guarani, com tradução feita por Daniela Thomas, por informações não oficiais, parece que ela é filha do cartunista Ziraldo. Corrijam-me se estiver errado. Aproveitem!
Phillip Glass (1937-) – Itaipu and Three Songs
01. Mato Grasso [11:54]
02. Itaipu – The Lake (O Lago) [8:23]
03. Itaipu – The Dam (A Represa) [11:17]
04. Itaipu – To the Sea (Ao Mar) [4:52]
Los Angeles Master Chorale
Grant Gershon, regente
05. There are Some Men (Leonard Cohen) [2:52]
06. Quand les Hommes (Raymond Levesque) [2:59]
07. Pierre de Soleil (Octavio Paz) [4:02]
Na última semana, fui informado por CVL que Philip Glass esteve no Brasil (dia 29/07). Por isso, resolvi fazer esta postagem em homenagem ao americano, trazendo à tona a trilha sonora de um dos filmes da trilogia katsi, especificamente, o primeiro filme, Koyaanisqatsi (1983). A obra é com certeza um dos filmes mais impressionantes que já foram feitos ao meu modo de ver. Trata-se de um documento poderoso e atordoante. Não há como assisti-lo e não adquirir uma sensação, seja de susto ou de profundidade estética e filosófica. A sua intencionalidade nos provoca. A sobreposição de cenas nos conduz por um ambiente silencioso. Não há vozes no filme. Não há palavras humanas. Quem fala são os atos humanos, as ações humanas, o desequilíbrio humano. O filme possui por fundo uma trilha sonora notável, arrebatadora, que funciona como um guia para nos mostrar imagens indescritíveis. Philip Glass, responsável pela composição sonora, afirma que “a estrutura, a base, as imagens e a música são o elemento interdisciplinar” que tornam o filme belo. As imagens se movimentam e mostram a contingência notável entre natureza, homens e máquinas. Não é possível extrair do filme a música, pois ela também faz parte da ambientação. Quantos forem os telespectadores, tantas serão as impressões sobre esse belo objeto a serviço da arte. Assistir ao filme é ser convidado para uma experiência única.
O diretor Godfrey Reggio afirma que a sua principal razão para fazer o filme foi apontar o desequilíbrio da vida. O nome estranho foi tomado do idioma Hopi, uma tribo índigena americana (qatsi = vida; e koyaanis = loucura, tumulto, fora de compasso, desintegração ou um estado que pede por outro modo). Assim, o filme tem o significado básico de “vida louca”, “vida tumultuada”, “vida fora de balanço”, “vida desintegrando-se” ou “um estado na vida que pede por outro modo de viver”. Reggio ainda afirma que o filme buscou tratar sobre a essência da vida. Do homem mergulhado no silêncio do tempo, cercado pelo absoluto da tecnologia. “Não é que usemos a tecnologia, vivemos a tecnologia. Ela é tão indispensável quanto o ar que respiramos. Não temos mais ciência de sua presença”, afirma. Trata-se de um sistema que é alimentado pela necessidade humana. Os homens foram tragados pela via tecnológica. Ainda afirma: “O acidente de hoje não é visto por quem o presencia”. Com certeza, aí está uma assertiva profunda. O homem moderno deificou a tecnologia. A paisagem humana é tecnologizada. Os microchips de computadores são os portadores da nova inteligência. Godfrey, que afirma ter sido influenciado pela religião duarante a vida, diz que a nova religião do homem é a tecnologia. “A vida não questionada passa a ter um estado religioso”, assevera. O jornalista Aramis Millarch escreveu no ano de 1985 sobre o filme: “Em suma, o filme se propõe a mostrar a contradição entre a natureza em seu estado virgem e a montagem urbana do sonho americano”(…) Nova Iorque foi escolhida como a soma das virtudes e defeitos do “american way”: o efeito é sobrecarregador. Através dele chegamos ao paroxismo que logram criar as imagens animadas e a partitura musical, que retoma o formato de cantata (provérbios hopis), como na introdução e nos devolve suavemente aos valores primários da natureza”. O sistema criado pelo homem se movimenta. O silêncio da natureza, trabalhou durante as eras magnificentemente as formas dos montes, dos rios, dos vales. O homem transformou o mundo recentemente. Certa vez ouvi Leonardo Boff dizer que “a terra surgiu nos últimos dois minutos da história do universo; e o homem , por sua vez, há cinco segundos”. A vida criada pelo homem é desequilibrada, louca, tumultuada e está fora de controle. O último dos seres a surgir no planeta é a mais espetacular e a mais terrível das criaturas. Assim, o filme busca criticar a vida que está fora de equilíbrio. Fora dos eixos. O monstro manco feito pelo homem – a besta – ou seja, o estilo de vida. Reggio arremata dizendo o seguinte: “É sobre uma beleza incrível, terrível ou a beleza da fera nossa ilustre fera, o modo de vida” [que o filme trata]. Ao final, existe a afirmação chocante, atordoante, de três profecias antigas traduzidas pelo diretor Gofrey Reggio: “Se escavarmos preciosidades da terra, convidaremos ao desastre”. Isso parece inevitável e certo. A segunda: “Próximo do Dia da Purificação haverá teias de aranha a rodar no céu”. A terceira: “Um pote de cinzas pode um dia ser jogado do céu, o que poderia queimar a terra e ferver os oceanos”. Impossível apenas narrar com palavras. As palavras apenas dizem. É preciso ver ao filme para se impressionar e refletir a profundidade atordoante deste belessímo documentário de Reggio. Às vezes ponho o DVD do filme e fico silencioso a me embriagar com os efeitos espantosos da obra. Ouça a música e deixe-se levar por essa reflexão, principalmente a última faixa: “Prophecies”.
Este é um dos capítulos do filme que mais me impressiona. Ele nos faz refletir sobre o que é o homem. Frágil, complexo, denso, espetaculoso. Capaz de cavar imensidões e se caotizar com a própria criação.
Afinal, que animal é este?
Philip Glass (1937 – ) – Trilogia Qatsi – Koyaanisqatsi
O disco abaixo é bastante delicioso. É um registro instigante com Philip Glass. Na verdade, trata-se da trilha sonora do filme “As Horas” (2002) do diretor Stephen Daldry. A película em si é um belo poema de cunho existencial baseado no livro homônimo de Michael Cunninghan. Cunninghan, por sua vez, teve por motivo temático, o livro “Mrs. Dalloway” da escritora inglesa Virgínia Woolf . Já vi ao filme “As Horas” algumas vezes. Cada vez que o vejo, fico com aquela impressão de silêncio e embasbacamento. O filme conta a história de três mulheres separadas pelo tempo. Elas estão conectadas pelo livro Mrs. Dalloway. Em 1923 vive Virginia Woolf (Nicole Kidman), autora do livro, que enfrenta uma crise de depressão e ideias de suicídio. Em 1951 vive Laura Brown (Julianne Moore), uma dona de casa grávida que mora em Los Angeles, planeja uma festa de aniversário para o marido e não consegue parar de ler o livro. Nos dias atuais vive Clarissa Vaughn (Meryl Streep), uma editora de livros que vive em Nova York e dá uma festa para Richard (Ed Harris), escritor que fora seu amante no passado e hoje está com AIDS e morrendo. Em suma: a ficção do livro é humanizado pelo drama existencial de cada um dos personagens. As três personagens vivem ao seu modo a angústia, o medo e o desalento das horas que passam a trazer revelações sobre o nada. A vida não é aquilo que se planejou, pois os momentos imparciais que passam trazem aquilo que não pode ser controlado. A música de Glass se encaixa com perfeição neste mosaico com três peças – a massa que liga os elementos do quebra-cabeças é o livro. A trilha sonora possui um tema básico, contínuo, que “caminha” à semelhança de rio. A música evoca a vida e a vida não é nada mais nada menos do que suceções de horas. É um filme muito bonito que deve ser visto e que possui uma trilha sonora muito bem elaborada pela competência de Philip Glass. Não deixe de ouvir. Boa apreciação!
Philip Glass (1937-) – As Horas (The Hours) – trilha sonora
01. The Poet Acts
02. Morning Passages
03. Something She Has To Do
04. “For Your Own Benefit”
05. Vanessa And The Changelings
06. “I’n Going To Make a Cake”
07. An Unwelcome Friend
08. Dead Things
09. The Kiss
10. “Why Does Someone Have To Die?”
11. Tearing Herself Away
12. Escape!
13. Choosing Life
14. The Hours
Apoie os bons artistas, compre suas músicas.
Apesar de raramente respondidos, os comentários dos leitores e ouvintes são apreciadíssimos. São nosso combustível.
Comente a postagem!
Sei lá como esta gravação chegou até mim. Parece registro de um concerto gravado por um espectador na terceira fila, meio escondido. Pura pirataria, coisa que detesto. A música é legítimo Glass; ou seja, é um ventilador legalzinho, mas só serve para dias muito quentes. A curiosidade é que é falada em português de Portugal. Os caras falam de navegações, mares, etc. Uma curiosidade. Quem são os executantes? Ah, meu amigo…
Philip Glass – White Raven (ópera)
01 – Knee Play 1 (El Escritor con los dos Cuervos)
02 – Acto I, 1 (Corte Portuguesa)
03 – Knee Play 2 (El Escritor con los dos Cuervos)
04 – Acto I, 2 (El Viaje)
05 – Acto I, 3 (Africa)
06 – Acto I, 4 (India)
07 – Acto II, 1 (Exploracao Submarina)
08 – Acto II, 2 (Exploracao de Agujeros Negros en el Cielo)
09 – Acto III (Prologo)
10 – Acto III, 1 (Corte Portuguesa)
11 – Knee Play 3 (El Escritor Como Cuervo)
12 – Acto III, 2 (Visiones Nocturnas)
13 – Acto IV (Scherzo)
14 – Knee Play 4 (El Escritor con una Mesa de Agua y una Pluma Voladora)
15 – Act V (Brasil)
16 – Epilogo