In Memoriam Arthur Moreira Lima – Coleção Meu Piano/Três Séculos de Música para Piano – Parte 8 de 11: Volumes 20, 27, 30 & 35 (Música Popular Brasileira, Radamés Gnattali, Brazílio Itiberê & Valsas Brasileiras)

Para honrar a memória e celebrar o legado extraordinário de Arthur Moreira Lima, um dos maiores brasileiros de todos os tempos, publicaremos a integral da coleção Meu Piano/Três Séculos de Música para Piano – seu testamento musical – de 16 de julho, seu 85° aniversário, até 30 de outubro de 2025, primeiro aniversário de seu falecimento. Esta é a oitava das onze partes de nossa eulogia ao gigante.


Partes:   I   |   II   |   III   |   IV   |   V   |   VI   |   VII   |   VIII   |   IX   |   X   |   XI

A relativa linearidade da trajetória de Arthur como estudante e pianista de concerto – da juventude no Rio nos anos 40 e 50, passando pelos períodos formativos em Paris e Moscou nos 60, até a década de 70, vivida mormente em turnês com bases em Viena e Barcelona – até que tornou fácil minha tarefa de contar suas muitas proezas ao longo das sete postagens anteriores. Como se diz nas conversas de boteco:

– Até aqui, tudo bem.

O que, sim, me tirou o sono desde que comecei essa série foi a perspectiva de ter que lhes explicar como um multilaureado pianista de concerto, que praticamente tinha cosidas a si a casaca e a gravata-borboleta, mergulhou num mundo povoado por chorões e bardos nordestinos, fardado da inseparável jaqueta de couro de alce finlandês, que usou quase até a desintegração completa.

Ei-la.

Esse longo arco, que começou com o horror de uma mestra – Lúcia Branco, mortificada com o conjunto “Filhos da Pauta”, que tinha Arthur como pianeiro e seus colegas de Colégio Militar a animarem aniversários com boleros e sambas-canção -, terminou com o muxoxo de outro mestre: Rudolf Kehrer, um ardente fã do ex-pupilo que, não obstante, fez saber através de amigos em comum da decepção com os rumos que sua carreira tomara.

Foto totalmente fora de contexto, mas não perderíamos a oportunidade de compartilhar esse registro maravilhoso de Arthurzinho e Nelsim tocando a quatro mãos e, parece, num concurso de semblante mais blasé.

Não que Arthur se importasse: morando na Europa e exasperado pela rotina de turnês, contemplou longamente a ideia de dar um cavalo de pau na sua vida. Sua guinada foi catalisada pela morte precoce de um grande amigo, Cláudio Mauriz, seu colega no Liceu Francês e ex-goleiro do Santos Futebol Clube, que mal conseguira rever entre as andanças de ambos pelo globo. De que lhe valiam suas conquistas, pensava, se não conseguia estar perto dos que mais lhe importavam? Enfim decidira: não só voltaria ao Brasil, como também começaria, aos poucos, a deixar a doideira da rotina de concertista internacional para embarcar em outras doideiras.

E põe doideira nisso.

Em pouco tempo, enquanto colhia sucessos plantados com a jaqueta de alce e a calçar mocassins, já tinha que se defender assim da previsível chuva de tomates críticos:

O músico não pode ficar restrito a um instrumento, a um gênero musical. Ele tem de errar. Tem de ensaiar, tentar atingir novos universos. O essencial não é brilhar, mas tentar e fazer”

Não faltaram tentativas, e a elas – tomates à parte – tampouco faltou brilho. Arthur estreou no choro em grandíssimo estilo, com o Época de Ouro, conjunto fundado por seu ídolo, Jacob do Bandolim. Mario de Aratanha, fundador da Kuarup Discos, assim nos conta em suas notas ao LP “Chorando Baixinho”:

O envolvimento de Arthur Moreira Lima com a música popular carioca foi gradual, e partiu de seu amor pelo choro e de seus antológicos álbuns dedicados a Ernesto Nazareth. O sucesso que se seguiu levou Albino Pinheiro [um dos fundadores da Banda de Ipanema] a convidá-lo para o famoso Seis e Meia, em setembro de 77. Lá, no [Teatro] João Caetano, Arthur tocou pela primeira vez com um regional: duas músicas com o conjunto do Dadinho, que ele mesmo havia trazido de Santos para a Praça Tiradentes.

Em maio de 78, recém chegado da Europa, Arthur topou fazer seu primeiro show só de música popular, ao lado do conjunto Galo Preto, reforçado na época pelo [violão de] 7 cordas de Raphael Rabello, o Rafa. Foi no MAM do Rio, sob a direção do Paulo Moura, quando ele lançou o Choro de Mãe do Wagner Tiso, tocou Tom e Luizinho Eça, e ‘chorou’ à vontade durante cinco noites. Numa esticada na Churrascaria Jardim, Arthur desabafou seu grande sonho: tocar com os maiores cobrões do choro:

– Imagina eu tocando com o Abel Ferreira? E com o Copinha? E o Época de Ouro em peso lá atrás, com o Dino na baixaria? Hein? Hein? – e voltou a atacar uma nova fatia de maminha de alcatra.

[…]  E tudo deu certo. Além de Abel, Copinha e o Época de Ouro, chamou-se o Zé da Velha. No último momento, o Ronaldo do Época de Ouro ficou com hepatite, e o Jorginho então chamou o Joel Nascimento para os solos de bandolim. O Airton Barbosa reuniu o pessoal na casa da Maliza, tia do Arthur, na Avenida Atlântica, e os ensaios viraram roda de choro em volta do piano de sarau. Foi um espetáculo só […] E o sonho virou disco.”

Treinado, dir-se-ia adestrado, desde os tempos de calças curtas a seguir estritamente a música depositada em pautas, Arthur via-se compelido a reinventar-se fora delas, tanto para acompanhar músicos que nunca as precisaram seguir, como para também improvisar com eles. Nesse afã de encontrar um caminho do meio entre a música posta em papel e ouvida em teatros e tudo o mais que havia fora deles, ele soube exatamente a quem recorrer.

Radamés Gnattali, um dos músicos brasileiros mais versáteis de todos os tempos, era dotado duma capacidade única de transitar entre universos e de aproximá-los, com harmonia e orquestração refinadíssimas, de forma sofisticada e inovadora. Tremendo pianista, que Arthur sempre colocou na lista dos maiores que conheceu, Gnattali tivera planos de se tornar concertista, mas foi premido a ganhar o pão como operário da Música. Despendeu décadas como maestro, pianista e prolífico arranjador para rádio e televisão e mostrou que o samba e o choro podiam ser material de música de concerto cheia de verve e elegância.

Para aquela traiçoeira navegação por universos musicais ditos dicotômicos não poderia haver farol melhor. O veterano, por sua vez, ao ver achegar-se aquele virtuose que conhecia desde menino e se enfadara com a vida que ele sonhara para si mesmo, viu a oportunidade de realizar através dele muito do melhor que imaginou para o piano. Sabendo do imenso amor do ex-moscovita por Noel Rosa (ele chegou a declarar ao Pasquim que, se fosse mulher e vivesse no tempo dele, estariam feitos), dedicou-lhe um concerto baseado em seus temas favoritos do mestre de Vila Isabel, que já lhes oferecemos aqui. A morte de Radamés, em 1988, reviveu em Arthur os sentimentos de orfandade que tanto lhe marcaram a infância. Crendo firmemente que jamais fora grato o bastante ao falecido, e sabedor do quão rapidamente o Brasil esquecia seus gênios, teve urgência em lhe fazer um tributo. Em tempo recorde, sob os auspícios da então pujante Varig, viria a público a homenagem ao demiurgo recém-chegado ao céu:

O improvável encontro com Marcus Pereira, que levou à gravação dos álbuns nazarethianos e todos seus desdobramentos, levaria a outro, ainda menos plausível. Dessa vez, foi Marcus quem fez as honras e lhe apresentou o bardo Elomar, o raríssimo combo de músico, poeta e criador de bodes de quem, obviamente, tornou-se instantaneamente amigo. Logo no primeiro encontro, Elomar – doravante “Bodão”, que era como todos amigos o chamavam – assegurou ao pianista que sua música não tinha “nada dessa suvaqueira de bossa nova”. E não tinha mesmo: Arthur achou-a quase medieval e teve a sacada de acompanhá-la ao cravo, que tomou emprestado ao cravista e luthier Roberto de Regina. Não tardou para a parceria, que tantos diriam esdrúxula como siri com Toddy, virasse show e álbum:

Arthur e Bodão planejavam algo ainda maior e, antes que pudessem acionar seu mentor, viram-se devastados pela morte de Marcus Pereira. Enquanto secavam o choro, uniram-se a dois outros virtuoses – Paulo Moura e Heraldo do Monte – e lançaram seu tributo a Marcus na forma do ConSertão, que virou show e também um álbum que vocês já ouviram aqui no PQP.

 

Arthur é ótimo; o que estraga são os amigos.

Se até críticos que normalmente o reverenciavam, como José Tinhorão, autor do aforismo acima, torciam o nariz ao verem o Arthur de Jaqueta Velha a tocar “André de Sapato Novo“, que diriam aqueles que desde sempre o desancaram? Mesmo alguns fãs rezavam segundo o adágio corrente, o de que Arthur era tão só um ex-pianista que buscara refúgio no ecletismo para disfarçar sua incapacidade de atender aos rigores do pianismo de concerto.

Deixarei que o defenda Luis Fernando Veríssimo, que assim escreveu para o álbum-tributo a Radamés Gnattali:


O eclético, coitado, seria o cara obrigado a se diminuir, dispersando o seu talento. A versatilidade seria a marca da concessão, da rendição ao mercado, do abandono da seriedade. Mesmo os que não são ecléticos por necessidade, mas por gosto, sofrem com este tipo de preconceito. Uma produção musical muito abrangente – segundo o preconceito – só é feita com o sacrificio do rigor que separa o verdadeiro artista do menos verdadeiro. Incrivelmente, o academicismo brasileiro ainda não decidiu se Villa-Lobos, por ter experimentado tanto com formas populares, foi um grande compositor ou apenas um bom gigolô do exótico. Nunca se ouviu discussão parecida sobre o que Béla Bartók fez com o folclore da terra dele. Até o Arthur Moreira Lima é discutido. Haveria algo de errado, de não muito respeitável, com tanta abertura para tantas formas de prazer musical. No Brasil, depois de dizer ‘eclético’ você precisa acrescentar: ‘no bom sentido. Para ficar claro que é elogio.”

Não que nosso eclético herói, que sempre sonhou grande, se importasse com isso. Pelo contrário: adotou com orgulho o epíteto cunhado por Verissimo e, como bom gigolô do exótico, foi mostrar sua surrada jaqueta de alce para as massas.

 


ARTHUR MOREIRA LIMA – MEU PIANO/TRÊS SÉCULOS DE MÚSICA PARA PIANO
Coleção publicada pela Editora Caras entre 1998-99, em 41 volumes
Idealizada por Arthur Moreira Lima
Direção artística de Arthur Moreira Lima e Rosana Martins Moreira Lima


Volume 20: CLÁSSICOS FAVORITOS IV/MÚSICA POPULAR BRASILEIRA

José Gomes “ZEQUINHA” DE ABREU (1880-1935)
1 – Tico-Tico no Fubá

Eduardo José Alves SOUTO (1882-1942)
2- O Despertar da Montanha

Alfredo da Rocha Vianna Filho, dito PIXINGUINHA (1897-1973)
3 – Lamento
4 – Carinhoso

Antônio Carlos “TOM” Brasileiro de Almeida JOBIM (1927-1994)
5 – Luiza

Laércio de FREITAS (1941-2024)
6 – Teclas e Dedos

Francisco “CHICO” BUARQUE DE HOLLANDA (1944)
Marcus VINÍCIUS da Cruz de Mello MORAES (1913-1980)
7 – Valsinha

ARISTIDES Manuel BORGES (1884-1946)
8 – Subindo ao Céu

EROTIDES Jonas de CAMPOS Neves (1896-1945)
9 – Ave Maria

Joaquim Antônio da Silva CALLADO (1848-1880)
10 – Flor Amorosa

Henrique Alves de MESQUITA (1830-1906)
11 – La Brésilienne

Francisca Edviges Neves “CHIQUINHA” GONZAGA (1847-1935)
12 – Gaúcho

Paulo MOURA (1932-2010)
13 – Mão Esquerda

Heraldo do MONTE (1935)
14 – Chuva Morna

Arthur Moreira Lima, piano

Faixas 1, 6, 7 & 9:
Gravações: American Institute of Music, Nova York, Estados Unidos, 1984.
Produção e engenharia de som: Judith Sherman
Coordenação geral: Jay K. Hoffman
Coordenação da produção: Manuel Luiz da Silva
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo

Faixas 2, 8 & 10-14:
Gravações: Sala Cecília Meirelles, Rio de Janeiro, Brasil, 1980 e 1982
Piano: Steinway & Sons, Nova York

Faixa 3:
Gravação: Multistudios, Rio de Janeiro, Brasil, 1983.
Piano: Steinway & Sons, Nova York.

Faixas 4 & 5:
Gravação: St. Philip’s Church, Londres, Reino Unido, 1998.
Engenharia de som: Peter Nicholls
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo

Produção, edição e masterização: Rosana Martins Moreira Lima, na Cia. de Áudio, São Paulo, 1998.

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Volume 27: RADAMÉS GNATTALI

Radamés GNATTALI (1906-1988)

1 – Uma Rosa para o Pixinguinha

Oito Estudos em Ritmo de Choro
2 – Alma Brasileira
3 – Noturno (com Joel Nascimento, bandolim)
4 – Capoeirando
5 – Duas Contas (com Zeca Assumpção, contrabaixo)
6 – Encontro com a Saudade (com Zeca Assumpção, contrabaixo)
7 – Guriatan de Coqueiro
8 – Por Quê?
9 – Nova Ilusão

10 – Homenagem A Ernesto Nazareth
11 – Canhoto
12 – Vaidosa nº 1

Brasiliana nº 8 para dois pianos
13 – Schottisch
14 – Valsa
15 – Choro

Arthur Moreira Lima, piano
(nas faixas 13-15, Arthur toca as partes dos dois pianos)

Gravação: Master Studios, Rio de Janeiro, Brasil, janeiro de 1989.
Produção musical: João Pedro Borges

Engenheiro de som: Carlos Eduardo de Andrade (Carlão)
Técnicos de gravação: Mario Roberto Doria Possollo (Leco) e Luiz Felipe (Mequinho)
Afinação, regulagem e afinação dos Pianos: Olivio Valarini
Edição musical: Carlos Eduardo de Andrade (Carlão) e João Pedro Borges
Supervisão do projeto: Lúcio Ricardo Marques da Silva
Idealização, direção artística e produção executiva: Arthur Moreira Lima
Coordenação da produção: Manuel Luis da Silva
Pianos: Steinway & Sons, Hamburgo
Produção, edição e masterização: Rosana Martins Moreira Lima, na Cia. de Áudio, São Paulo, 1998

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Volume 30: HINO NACIONAL BRASILEIRO/BRAZÍLIO ITIBERÊ

BRASÍLIO ITIBERÊ da Cunha (1846-1913)

01 – A Sertaneja, Fantasia Característica, Op. 15
02 – Poème d’Amour, Fantaisie, Op. 22
03 – Étude de Concert d’Après C.P.E. Bach
04 – Caprices à La Mazurka, Op. 32 nº 3
05 –  Une Larme, Méditation, Op. 19
06 – Grande Mazurka de Salão, Op. 41
07 – A Serrana, Fantasia Característica
08 –  La Dahabieh (La Gondole du Nil), Barcarolle de la Suite “Nuits Orientales”, Op. 27

Louis Moreau GOTTSCHALK (1829-1869)

09 – Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro, para piano

Arthur Moreira Lima, piano

Gravação: Teatro Álvaro de Carvalho, Florianópolis, Brasil, 1995
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo
Engenheiro de Som: Carlos Eduardo de Andrade (Carlão)
Idealização do projeto: Rafael Greca de Macedo
Direção artística e produção executiva: Arthur Moreira Lima
Produção musical e supervisão da gravação: Rosana Martins Moreira Lima
Supervisão do projeto: Geraldo Pougy de Rezende Martins
Coordenação da produção: Manuel Luis da Silva
Edição e masterização: Estúdio Visom (Rio de Janeiro) por Rosana Martins Moreira Lima e Rodrigo Lopes
Masterização final: Estúdio Mondo di Cromo (São Paulo) por Luiz Ferreira e Vanderlei Quintino

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A edição original deste álbum já fora disponibilizada aqui pelo colega Bisnaga.


 

Volume 35: CLÁSSICOS FAVORITOS VIII – VALSAS BRASILEIRAS

Zequinha de Abreu
Arranjo de Arthur Moreira Lima

1 – Branca

Alberto MARINO (1902-1967)
Arranjo de Laércio de Freitas

2 – Rapaziada do Brás

Ernesto Júlio de NAZARETH (1863-1934)

3 – Epônina

Gravação: St. Philip’s Church, Londres, Reino Unido, 1998.
Engenharia de som: Peter Nicholls
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo
Produção, edição e masterização: Rosana Martins Moreira Lima, na Cia. de Áudio, São Paulo, 1998.

Francisco MIGNONE (1897-1986)

Doze Valsas de Esquina, para piano

4 – Nº 1 em Dó menor: Soturno e seresteiro
5 – Nº 2 em Mi bemol menor: Lento e mavioso
6 –  Nº 3 em Lá menor: Com entusiasmo
7 – Nº 4 em Si bemol menor: Vagaroso e seresteiro
8 – Nº 5 em Mi menor: Cantando, e com naturalidade
9 – Nº 6 em Fá sustenido menor: Tempo de valsa movimentada
10 – Nº 7 em Sol menor: Moderadamente
11 –  Nº 8 em Dó sustenido menor: Tempo de valsa caipira
12 – Nº 9 em Lá bemol menor: Andantino mosso
13 – Nº 10 em Si menor: Lento, romântico e contemplativo
14 – Nº 11 em Ré menor: Moderato
15 – Nº 12 em Fá menor: Moderato – Vivo

Gravação: Sala Cecília Meireles, Rio de Janeiro, Brasil, julho de 1980 (valsas nos. 1, 2, 7, 8 & 12) & janeiro de 1982
Engenheiro de gravação e edição: Carlos Fontenelle
Assessoria acústica: Américo Brito
Produção musical: João Pedro Borges
Assistência da direção: Janine Houard
Assistência da gravação: Homero Moraes
Assistência da produção: Heloisa Freire, Paulo Barbosa e Grace Elizabeth
Produção executiva e direção geral: Mario de Aratanha

Arthur Moreira Lima, piano

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A gravação das Valsas de Esquina já aparecera no blog nesta publicação do colega Pleyel.


“8ª parte da entrevista do pianista Arthur Moreira Lima a Alexandre Dias, em que ele abordou os seguintes tópicos: LP “Com licença”, e os shows de lançamento por várias cidades do Brasil; LP “De Repente”; sua amizade com Adolpho Bloch o programa de TV “Um toque de classe”, que ele apresentou na Manchete; sua ligação com Raphael Rabello; o show “O pescador de pérolas”, com Ney Matogrosso; os 3 discos de Villa-Lobos, de 1988; suas gravações que ele gosta reouvir; as diferenças entre as gravações de Ernesto Nazareth que ele fez em 1975 e 1982; as diferenças entre gravar um disco e tocar um recital ao vivo; os 8 Estudos em ritmo de choro, de Radamés Gnattali, que ele gravou no final da década de 1980″

Já coletou sua pérola pianística brasileira diária no Instituto Piano Brasileiro? Então vai lá e aproveita para se tornar um seu apoiador.

Em homenagem a Fluminense Moreira Lima, seguimos com o álbum de figurinhas dos campeões da Copa Rio de 1952. Eis o meia-esquerda Orlando de Azevedo Viana, o Orlando Pingo de Ouro (1923-2004).

Vassily

TUCA: Morte e Vida Severina – Nancy, 50 anos

CapaMorte e Vida Severina
TUCATeatro da Universidade Católica de São Paulo
1965

João Cabral de Melo Neto
Poema

Chico Buarque de Hollanda
Música

Em abril de 1965, cartazes espalhados pelo campus da PUC anunciavam: “O TUCA vem aí”. E a idéia de teatro universitário com função conscientizadora foi assumida pelo Departamento Cultural do Diretório Central dos Estudantes, que fez três contratações: Roberto Freire seria o diretor-geral do grupo de teatro, Silnei Siqueira, vindo da Record, seria diretor de atores e José Armando Ferrara responderia pela cenografia.

Depois de um contrato de liberação de verba com a Secretaria de Estado, estava formado o Teatro dos Universitários da Católica. Foram feitos testes para a seleção de atores e o texto “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto, foi escolhido. Ele reunia muitas razões a seu favor: seu autor era brasileiro, tratava de um tema da realidade social, ia ao encontro da ideologia estudantil e poderia congregar um grande número de atores.

A montagem da peça envolveu vários setores da universidade. Alunos de Geografia, Direito, Letras e Psicologia, por exemplo, contribuíram substancialmente com seus conhecimentos em cada uma das áreas. O espetáculo foi musicado por Chico Buarque, que na época era estudante da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e participava com freqüência dos ensaios do TUCA.

No dia 11 de setembro de 1965, o Auditório Tibiriçá foi inaugurado com a estréia de “Morte e Vida Severina”. Aplaudido de pé durante 10 minutos, reverenciado pelo público e pela crítica especializada, seria o grupo que emprestaria, a partir de então, seu nome ao teatro.

“Morte e Vida Severina” é um dos maiores clássicos da literatura brasileira. Escrito pelo grande poeta pernambucano “João Cabral de Melo Neto” em 1955, o livro sempre foi uma das maiores obras da literatura nacional. Em 1965, com todo o sucesso do livro, “Morte e Vida Severina” teve sua estréia nos palcos do TUCA (Teatro da Universidade Católica) e foi dirigido por Silnei Siqueira. A peça fez um imenso sucesso no Brasil e no exterior, chegando a receber o prêmio de crítica e público no IV Festival de Teatro Universitário de Nancy, França, em 1966. Chico participou dessa apresentação em Nancy como violonista do espetáculo, pois o violonista original não pode viajar para esse festival.

No enredo da obra de João Cabral, o retirante Severino desce aberando o rio Capibaribe em direção do mar e da cidade do Recife encontrando em seu percurso diversas paisagens marcadas pela morte e pela miséria do semi árido, velórios, enterros, animais mortos, além de ver a morte com emprego, tamanha a sua incidência. Ao chegar à cidade, nos manguezais periféricos, assiste a um parto, onde a vizinhança traz seus presentes ao bebê, novas demonstrações da pobreza, rebatida pelo pai da criança com a única esperança: o próprio ato de nascer um novo ser humano.

O TUCA tem sua fachada principal e implantação volumétrica tombadas pelo Patrimônio Histórico do Estado de São Paulo desde 1998. O grande significado de acontecimentos artísticos, atos públicos e cerimônias promovidos no local o transformaram em referência para setores organizados da sociedade que resistiram à ditadura, o que justifica o tombamento do teatro.
(http://www.teatrotuca.com.br/noticias/exposicao_cdm_tuca.html)

Morte e Vida Severina – as músicas
01. Introdução
02. A quem estais carregando
03. Incelença
04. Essa vida por aqui
05. Funeral de um lavrador
06. Todo céu e a Terra
07. De sua formosura
08. Fala do mestre Carpina

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Morte e Vida Severina – a peça integral
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Ficha Técnica – Montagem de 1965
Autoria: João Cabral de Melo Neto
Cenografia: José Armando Ferrara
Direção: Silnei Siqueira
Direção musical: Zuinglio Faustini
Elenco/Personagem: Adolfo Musolino, Afonso Coaracy, Ana Lia Fernandes, Ana Lúcia Rodrigues, Ana Maria A. Ferreira, Andiara A. de Oliveira, Antônio Mercado, César Falcão, Clarizia de S. Prado, Dálcio Caron, Daniela Diez, Elizabeth Nazar, Evandro F. Pimentel, Iacov Hillel, Ignes Porto, José Roberto H. Maluf, Lamartino Leite Filho, Leticia Leite, Magaly Toledo Canto, Manoel Domingos, Marcos M. Gonçalves, Maria Cristina da Silva Martins, Maria da Penha Fernandes, Maria Helena Motta Julião, Marina Sprogis, Melchiades Cunha Júnior, Moema L. Teixeira, Moisés B. Agreste, Sandra Di Grazia, Sergio Davanzzo, Vera Lucia Muniz.
Figurino: José Armando Ferrara
Iluminação: Sandro Polloni
Produção: TUCA
Trilha sonora: Chico Buarque
Gravado ao vivo no Teatro da Universidade Católica de S. Paulo, em 1965

LP de 1966 digitalizado por Avicenna

Boas emoções!

Contra-capa
Contra-capa do LP

Avicenna

Banda de Música, de ontem e de sempre (3 LPs) [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Fonogramas espetaculosamente enviados pelo professor musicólogo Paulo Castagna.

Minha infância está repleta de momentos felizes nos quais havia a presença de uma banda dessas de coreto. E talvez por isso eu deseje tão intensamente dividir com vocês esta beleza de LP triplo enviado pelo professor Paulo Castagna.

Nascido em Limeira que sou, cidade do interior de São Paulo que ainda se dá ao gosto de manter duas bandas marciais que se revezam todo domingo na praça Toledo de Barros, a principal da cidade, eu cresci tendo o imenso prazer de ouvir as retretas musicais naquele lugar, numa infância que poderia usar como citação o trecho da música de Braguinha: “todo domingo havia banda no coreto do jardim” (de o gato na tuba). E como eram verdadeiras delícias essas matinas dominicais! E ainda são: quando volto para minha terra natal, (cada vez com menor frequência), gosto muito de ainda vê-las, pois as duas corporações musicais da cidade ainda continuam firmes, uma octogenária, outra sesquicentenária. O mais bonito é a cena típica de uma cidade do interior que, apesar de seus 300 mil habitantes, insiste em manter nesse ambiente aprazível e aconchegante. Ainda que a praça esteja hoje cercada de edifícios de muitos andares, ela vive! E vive mais quando tem banda: as crianças brincam, correm atrás das pombas, casais de namorados se encontram, há por vezes casais de idosos que arriscam uns passos quando a banda toca uma valsa, tem pipoqueiro e algodão-doce, tem música, tem aplausos, tem alegria e confraternização entre pessoas que às vezes nem se conhecem. E tem muita, muita música. A praça, aos domingos de manhã ainda é a sala de visitas, talvez o salão de festas, da cidade!

.o0o.

Espero que este meu depoimento pessoal tenha atiçado a vontade de vocês de ouvirem um pouco mais das músicas de bandas marciais. Este álbum é especialíssimo, pois traz 34 obras de 24 autores, que vão dos mais eruditos, compositores de música de concerto, até populares.

O primeiro LP dedica-se a peças eruditas compostas ou arranjadas para banda de medalhões da nossa música, como Carlos Gomes e Francisco Braga, ao mesmo tempo em que apresenta a influência de compositores populares da virada do século, autores de lundus e choros, caso de Anacleto de Medeiros e Henrique Alves de Mesquita, evidenciando as mudanças que estavam ocorrendo na música brasileira de então.

O segundo disco apresenta composições com elementos populares bem estabelecidos, como valsas, sambas, marchas-ranchos, schottiches, de caras como o próprio Anacleto de Medeiros, que faz a ponte com o ambiente do primeiro LP, e Pixinguinha, Donga, Sinhô, Ernesto Nazareth, Bento Mossurunga, Radamés Gnattali, terminando com o clássico dos clássicos “A Banda“, de Chico Buarque (que é um dos autores que debutam hoje aqui no PQPBach).

O último volume arremata com composições feitas especificamente para bandas de coreto, num belo trabalho de recuperação da obra de muitos autores de grande qualidade, mas que ficaram desconhecidos do grande público, em grande parte dos casos por terem dedicado suas vidas a reger e compor para as corporações musicais que comandavam. Temos aí Bernardino Joaquim de Nazareth, Augusto Nunes Coelho, José Agostinho da Fonseca, José Selaysim de Souza, Cândido Lira, Eudóxio de Oliveira Coutinho, Benedicto Silva, Antônio de Freitas Toledo, e o Mestre Vavá (Osvaldo Pinto Barbosa), responsável pelos arranjos desta pequena coleção.

É lindo! Ouça, ouça! Deleite-se!

Coreto da Praça Carlos Gomes, em Campinas (SP)

Banda de Música
de ontem e de sempre

LP01
Antônio Carlos Gomes (Campinas, SP, 1836 – Belém, PA, 1896)
01. Hino Triunfal a Camões
Anacleto de Medeiros (Rio de Janeiro, RJ 1866 – 1907)
02. Pavilhão Brasileiro
João Elias da Cunha (Niterói, RJ, 18?? – 1918)
03. Hino do Estado do Rio de Janeiro
Francisco Braga (Rio de Janeiro, 15 de abril de 1868 – 1945)
04. Episódio Sinfônico
05. Hino à Bandeira
Cincinato Ferreira de Souza (São Luís, MA, 1868 – Belém, PA, 1959)
06. Artística Paraense (abertura)
Henrique Alves de Mesquita (Rio de Janeiro, RJ, 1830 – 1906)
07. Os Beijos-de-Frade (lundu)
Isidoro Castro Assumpção (Vigia, PA, 1858 – Belém, PA, 1925)
08. Saudades de minha Terra (dobrado)
Anacleto de Medeiros (Rio de Janeiro, RJ 1866 – 1907)
09. Marcha Fúnebre N.2
Anônimo
10. Coração Santo (marcha de procissão)

LP02
Joaquim Antonio Naegele (Cantagalo, RJ, 1899 – Rio de Janeiro, RJ, 1986)
01. Ouro Negro (dobrado)
Donga (Ernesto Joaquim Maria dos Santos – Rio de Janeiro, RJ 1890 – 1974), David Nasser (Jaú, SP, 1917 – Rio de Janeiro, RJ, 1980)
02. Quando uma estrela sorri
Francisco Braga (Rio de Janeiro, 15 de abril de 1868 – 1945)
03, Saudades (valsa)
Ernesto Nazareth (Rio de Janeiro, RJ 1863 – 1934)
04. Saudades e saudades (marcha)
Anacleto de Medeiros (Rio de Janeiro, RJ 1866 – 1907)
05. Louco amor (schottisch)
Pixinguinha (Alfredo da Rocha Vianna Jr. – Rio de Janeiro, RJ, 1897 – 1973)
06. Saudade (marcha-rancho)
Anacleto de Medeiros (Rio de Janeiro, RJ 1866 – 1907)
07. Araribóia (dobrado)
Bento Mossurunga (Castro, PR, 1879 – Curitiba, PR, 1970)
08. Bela Morena (valsa)
Sinhô (José Barbosa da Silva – Rio de Janeiro, RJ,1888 – 1930)
09. Resposta à inveja (marcha-rancho)
Pixinguinha (Alfredo da Rocha Vianna Jr. – Rio de Janeiro, RJ, 1897 – 1973)
10. Esquecida (polca-marcha)
Radamés Gnattali (Porto Alegre, RS, 1906 – Rio de Janeiro, RJ, 1988)
11. Abolição (dobrado)
Chico Buarque (Rio de Janeiro, RJ, 1944)
12. A Banda (marcha-rancho)

LP03
Anônimo
01. Silvino Rodrigues (dobrado)
02. Havaneira (polca)
Bernardino Joaquim de Nazareth (Guarani, MG, 1860-1937)
03. Biza (valsa)
Augusto Nunes Coelho (Guanhães, MG, c1890 – 19??)
04. Saudades do Cauê (dobrado)
José Selaysim de Souza
05. Saudade de Abadia (valsa)
José Agostinho da Fonseca (Manaus, AM, 1886 – Santarém, PA, 1945)
06. Almofadinha (maxixe)
Anônimo
07. Cateretê
Cândido Lira (Pernambuco, 18?? – 19??)
08. Os domingos no poço (quadrilha)
Eudóxio de Oliveira Coutinho
09. Antônio (valsa)
Benedicto Silva
10. José e Ritinha brincando (polca)
Osvaldo Pinto Barbosa, Vavá (Guarabira, PB, 1933)
11. Riso no frevo (frevo)
Antônio de Freitas Toledo
12. Depois da valsa (dobrado)

A banda:
Alexandre Areal, Clarinete
Daniel Wellington de Araújo, Trompa
Dimas José Ribeiro, Tuba
Fernando Henrique Machado, Saxofone Barítono
Gedeão Lopes de Oliveira, Trompete
Gedeão Silva, Saxofone Alto
Gerino Zuza de Oliveira, Trompete
Isabela Sekeff Coutinho, Clarinete
Johnson Joanesburg Anchieta Machado, Saxofone Tenor
José Antônio da Silva Nascimento, Bombardino
José da Silveira Vilar “Pedrinho”, Caixa
José de Oliveira Monte Amado, Pratos
Marco Salvador Salustiano Donato, Bumbo
Nivaldo Francisco de Souza, Flautim
Paulo Roberto da Silva, Trombone
Raimundo Martins, Trompa
Ricardo José Dourado Freire, Clarinete
Roberto Crispim da Silva, Trompa
Luiz Gonzaga Carneiro, Regência

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MP3
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