Anton Bruckner (1824-1896) – Final da Integral das Sinfonias – Sinfonias Nros. 8 e 9

Fechamos as sinfonias de Bruckner com gravações clássicas de Eugen Jochum e com o excelente artigo escrito por Luís Antônio Giron quando do centenário de morte do compositor, ocorrido há 11 anos. Vale a pena ler:

Anton Bruckner ganha celebração incógnita

Um ancião de aparência insignificante passa a manhã de domingo de 11 de outubro de 1896 às voltas com papéis. Venta muito em Viena. Ele se sente mal e se deita. Sua governanta, Kathi, lhe traz uma xícara de chá. Sorve o líquido com satisfação e pede mais um pouco. Kathi vai buscar o chá na cozinha. Quando volta, encontra o velho com a cabeça pendida para o lado. Assim morreu Anton Bruckner, aos 72 anos de idade, de pneumonia. Aquela manhã ele havia consumido ao piano a fim de retocar o “Finale” de sua “Nona Sinfonia, em Ré Menor”. Não completou o trabalho. As comemorações do centenário do acontecimento calham à banalidade que caracterizou sua vida. Talvez a monumentalidade de sua escritura nada tenha a ver com um mero século.

O centenário passa quase incógnito para um dos grandes mestres da sinfonia. Foi lembrado somente em Linz, onde trabalhou boa parte de sua vida como mestre-de-capela e organista da catedral da cidade. Realizou-se há um mês o Festival Bruckner, com execuções das dez sinfonias (há uma sinfonia “0”, desprezada pelo compositor) e algumas de suas sete missas, além do”Quarteto de Cordas em Fá Maior”, uma das raras peças de câmara que criou. O regente francês Pierre Boulez fez pela primeira vez uma obra do compositor. Regeu a “Sétima”, à frente da Orquestra Filarmônica de Viena. “Nós, franceses, nos acostumamos a desprezar Bruckner”, diz Boulez. “É uma obra que integra o patrimônio orquestral germânico”. As flutuações agógicas de Bruckner pouco têm a ver com a síntese bouleziana, herdada de outro Anton, Webern. O ritmo e os andamentos nas sinfonias brucknerianas se movem por ondas de indeterminação, prolongando-se ao infinito. A “Oitava, em Dó Menor”, por exemplo, dura quase 90 minutos. O dobro deste tempo é o que leva para ser executada a obra completa de Webern.

Bruckner se presta a esse tipo de paradoxo. Começou a compor aos 41 anos, idade em que Mozart, Schubert ou Pergolesi não alcançaram nem de longe. Ignorante e carola, pouco evoluiu em relação à mentalidade de sua aldeia natal, Ansfelden, na Alta-Áustria. Quase sem sair dela, amplificou a orquestra e alongou a forma sinfônica a escalas sobre-humanas, preparando o terreno para as alucinações apocalípticas de Gustav Mahler. Introduziu a técnica do leitmotiv e a instrumentação de Richard Wagner na sinfonia. Um dos traços de suas sinfonias é a utilização enfática da tuba wagneriana, maior e mais potente do que a normal. Assinou as passagens mais longas e vagarosas da história da música. Pretendeu, desse modo, inserir a melodia infinita wagneriana nas grandes formas do discurso sinfônico. Sua música envereda pela dízima periódica dos andamentos. Há adágios, como o da “Sinfonia número 7, em Mi Maior”, que parecem fermatas instaladas na música para indicar a eternidade.

O católico praticante forjou harmonias tão ousadas para a época, que alunos e editores trataram de revisar as partituras. Bruckner aceitou as alterações e se encarregam de algumas delas no fim da vida. Daí até hoje existirem controvérsias quanto à execução. Elas se expressam nas duas grandes edições de obras completas de Bruckner existentes: a “Gesamtausgabe” (Edição Completa), organizada por L. Nowak, contém versões “corrigidas” e com cortes; a “Sämtliche Werke” (Obras Completas), organizada por R. Haas, afirma seguir fielmente os manuscritos. Quem quiser apreciar a produção de Bruckner em sua inteireza deve prestar atenção a tais detalhes. Há gravações no mercado baseadas nas duas versões. Hoje em dia, porém, os maestros pesquisam nos originais para executar as obras, mencionando sempre o fato nos programas de concerto e livretos de CDs. Bruckner demorou muito para ser executado. Ganhou estima de público depois da Primeira Guerra, por iniciativa dos maestros wagnerianos Bruno Walter (1876-1962) e Hans Knappertsbusch (1888-1965) e Wilhelm Furtwängler (1886-1954). Este, aliás, quis seguir a carreira de compositor como herdeiro direto do mestre de Linz.

Literalmente Bruckner beijou os pés de Wagner, mas guardou para si o pior dos orgulhos, o dos que se vêem como gênios e agem com obstinação imbatível. Num dos acessos de megalomania que lhe nasciam da vida medíocre, Bruckner escreveu a um amigo: “Aconteceu comigo o que aconteceu a Beethoven; ele também não foi entendido pelos imbecis”.

Sua formação como compositor foi autodidata. Aprendeu órgão com o pai, músico amador e mestre-escola. No início da vida adulta, Bruckner ensinou em escolas de vilarejos, até ser admitido como aluno e mais tarde organista da abadia de St. Florian. Ali tomou contato com a música de Palestrina, Antonio Caldara, Johann Sebastian Bach, Haydn e Mozart. Nos dois últimos baseou-se para escrever suas primeiras obras, “Requiem em em Ré Bemol” e a. “Missa Solemnins em Si Bemol”. Até então escrevia como um atrasado da província. Em 1863, porém, fez-se a luz. O organista assistiu à première da ópera “Tannhäuser”, de Wagner, em Linz, em fevereiro de 1863. Dois anos depois assistiu à estréia de “Tristão e Isolda” em Munique. Conheceu Wagner pessoalmente e se assumiu como wagnerista.

Em 1868 mudou-se para Viena para trabalhar como professer de harmonia, contraponto e órgão no Conservatório. De 1871 até a morte, dedicou-se a escrever sinfonias. Teve poucos amores, não se casou. Para conquistar uma mulher, oferecia-lhe missais. Não teve sucesso com nenhuma. Em 1873 visitou Bayreuth, ainda em construção. Os cronistas da época o retratam em caricatura como um bajulador, sempre pronto a se auto-humilhar. Ao fim dos concertos, entregava moedas de ouro ao maestro que se saía bem em suas sinfonias. Em Bayreuth, sobraçava uma casaca, para vesti-la toda vez que topasse com Wagner. Então se inclinava e fazia rapapés. Havia enviado ao guru a partitura de sua “Terceira Sinfonia, em Ré Menor”, a ele dedicada, e queria ouvir-lhe a opinião. A mulher de Wagner, Cosima, queria impedir o encontro. Mas Wagner finalmente o recebeu na mansão de Wahnfried. “Sua sinfonia é uma obra-prima”, disse, segundo contou depois Bruckner. “Estou muito honrado de aceitar a dedicatória”. Bruckner, segundo ele próprio, não pôde conter as lágrimas.

Wagner passou a lutar pela execução das obras de Bruckner. Seu papado, entretanto, não compreendia Viena. Ali ditava as normas do gosto o inimigo número um do pontífice de Bayreuth, o crítico Eduard Hanslick (1825-1904). Formalista, Hanslick refutava a música do futuro wagneriana por considerá-la excessivamente expressiva. Defendia a música de Brahms e considerava Bruckner o representante de Wagner em Viena. “A expressão dos sentimentos não constitui o conteúdo da música”, escreveu oi crítico. Ora, era tudo o que não pensava Wagner e, por extensão natural, Bruckner. Por influência de Hanslick, a Filarmônica de Viena recusou-se a executar uma a uma sinfonia que Bruckner lhe apresentava. A primeira chamaram de “desvairada” e assim por diante. As apresentações dessas partituras colecionaram desastres.

Wagner morreu em 1883 e Bruckner parecia despontar para o anonimato aos 60 anos de idade. Envolvido pelo luto, escreveu a “Sétima Sinfonia”. O maestro Arthur Nikish (1855-1922), antigo violinista da Filarmônica de Viena, decidiu executá-la no Teatro Municipal de Leipzig, do qual era diretor artístico. A estréia, em 30 de dezembro de 1884, colocou Bruckner no mapa musical. Aos 60 anos, foi comparado a Beethoven e Liszt. A “Sétima” sintetizava as linguagens de Beethoven e Wagner e é a obra mais conhecida do compositor.. Até então, a forma-sonata em sinfonia compreendia duas áreas tonais. Bruckner adotou uma terceira. Os desenvolvimento dos temas da obra são tempestuosos e erram por modulações estranhas. As melodias cromáticas dão saltos de sétima, quinta e sexta. Nascem do silêncio para aos poucos se elevarem em “tutti” desenhados monumentalmente por cordas, oito trompas, três trompetes, três trombones e cinco tubas. A “Sétima” foi a única fatia de glória que recebeu em vida.

As obras orquestrais de Bruckner formam estruturas achatadas, interrompidas vez por outro por terremotos de semicolcheias, tocados por metais e hachurados por cordas agitadas. À maneira de Mahler, Bruckner compôs os mundos excêntricos onde quis viver. Habitou sinfonias que lembram planícies pedregosas e vincadas de precipícios. Dedicou a úiltima sinfonia “ad majorem Dei gloriam” (para a maior glória de Deus) e autografou o tema final do Adagio (“muito lento e solene”) com a expressão “Abschied vom Leben” (Adeus à Vida). As tubas realizam um coral cromático sustentada pelos violinos. Tudo soa coerente.

A obra do mestre-escola de Linz deve ser compreendida pela grandiloqüência dos saltos abruptos de intervalos, harmonias e dinâmicas. É um planeta único, para muitos irrespirável, mas sem o qual não é possível entende a tradição sinfônica vienense que começa em Haydn, progride por Beethoven e Schubert e se encerra nas hipérboles de Mahler. O humilde Bruckner produz a culminância do gênero. Com ele, a sinfonia refuta a voz humana e o programa extramusical, como a virar pelo avesso a “obra de arte total” (Gesamtkunstwerk”) de Wagner. Torna-se conceito indefinido. Tinha razão. Os imbecis vão continuar sem entendê-lo.

Luís Antônio Giron

Symphony No. 9 em Ré Menor de Anton Bruckner (Ed. Nowak)
com a Orquestra Sinfônica da Rádio da Baviera
Direção de Eugen Jochum

Symphony No. 8 em Dó Menor de Anton Bruckner (Ed. Haas)
com Orquestra Filarmônica de Hamburgo
Direção de Eugen Jochum

Disc: 1
1. Symphonie Nr. 9 d-moll: 1. Feuerlich, misterioso
2. Symphonie Nr. 9 d-moll: 2. Scherzo. Bewegr, lebhaft – Trio, Schnell
3. Symphonie Nr. 9 d-moll: 3. Adagio. Langsam, feierlich
4. Symphonie Nr. 8 In C Minor: 1. Allegro moderato

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Parte 1

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Parte 2

Disc: 2
1. Symphonie Nr. 8 In C Minor: 2. Scherzo. Allegro moderato
2. Symphonie Nr. 8 In C Minor: 3. Adagio. Feierlich langsam, doch nicht schleppend
3. Symphonie Nr. 8 In C Minor: 4. Finale. Feierlich nicht schnell

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Anton Bruckner (1824-1896) – Integral das Sinfonias – Sinfonia Nro. 6

A sexta é uma sinfonia plácida, mas o desavisado que a ouve desconhecendo o restante das obras de Bruckner, vai achar que estou brincando. Prova de que o idioma bruckneriano existe e de que linguagem depende de contexto. Não a conheço como conheço as outras e ontem, ao ouvir a sinfonia, meu filho, que estava afastado de mim por algumas paredes e uns 20 metros, disse não ter entendido nada, pois a música desaparecia por longos períodos e depois retornava tonitruante. É como se eu estivese brincando como o amplificador. Só que eu estava lendo, tranqüilo, sem mexer no botão de volume. Bruckner é diferente mesmo. Porém, depois da quarta, quinta e de suas três últimas sinfonias é possível viver sem seus tutti?

Tal audição valeu-me a redescoberta de um belíssimo Adagio que me fez parar de ler e de um Scherzo talvez atípico, mas muito bom. (O Adagio rola neste momento no computador e é notável mesmo. Um pequeno tema apresentado dos 15 aos 25 segundos deste Adagio — e que retorna transformado depois — é muito semelhante ao de Somewhere, de West Side Story. “There’s a place for us…”)

O excelente desNorte — caro leitor, você deveria lê-lo sempre — descreve as circunstâncias da estréia da Sexta Sinfonia (o negrito é obra minha):

As origens rurais de Anton Bruckner (1824-1896) não faziam antever o compositor que dali sairia. Deu-se mesmo o caso dos vienenses terem, numa primeira fase, ignorado olimpicamente as suas obras, não pelo seu valor intrínseco, mas precisamente pela ruralidade do autor…

Depois, temos ainda o facto de Bruckner apenas muito tardiamente ter iniciado uma formação musical formal, já bem entrado na casa dos 30. Claro que os anos passados em S. Florian, entre 1845 e 1855 tinham-lhe permitido evoluir como compositor, só que com muito de autodidactismo. Situação que procurou modificar, com perseverança, ao prosseguir longos estudos musicais, nomeadamente com Simon Sechter (1788-1867), Otto Kitzler (1834-1915) e Ignaz Dorn (1830-1872). Foi um período, superior a 10 anos, que Bruckner passou em Linz, como organista da respectiva catedral, e em que os últimos 5 foram particularmente produtivos, com a composição, entre outras obras, de 3 Missas e da Sinfonia Nº1.

No Verão de 1868, Bruckner mudou-se para Viena, a última etapa da sua carreira como compositor e aquela onde escreveu a maior parte das sinfonias. Sem grande sucesso inicialmente, como já referi, bastando reparar nas razões dadas pela Orquestra Filarmónica de Viena para sucessivamente as rejeitar: a 1ª era “desvairada“, a 2ª por ser “absurda” e a 3ª como “inexecutável“…

Quando, nos finais de 1881, Bruckner terminou a Sinfonia Nº6, o ambiente já estava mais desanuviado pelo sucesso obtido com a 4ª Sinfonia, estreada em Fevereiro desse mesmo ano por Hans Richter (1843-1916). A estreia da 6ª, a 26 de Fevereiro de 1899, encontrou a reger a orquestra outro dos grandes sinfonistas de sempre, Gustav Mahler (1860-1911). É uma das poucas sinfonias, a par da 7ª, que não sofreu revisões posteriores, não havendo portanto lugar às habituais confusões entre as várias e disputadas versões…

P.Q.P. Bach.

Sinfonia Nro. 6 de Anton Bruckner

I. Maestoso 17:07
II. Adagio: Sehr feierlich 18:54
III. Scherzo: Nicht schnell – Trio: Langsam 09:00
IV. Finale: Bewegt, doch nicht zu schnell 14:44

New Zealand Symphony Orchestra
Georg Tintner, Conductor

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Anton Bruckner (1824-1896) – Integral das Sinfonias – Sinfonia Nro. 4 – “Romântica”

A partir daqui teremos uma sucessão de grandes sinfonias, talvez a maior delas.

O livro História da Música Ocidental – um enorme calhamaço de mais de 1000 páginas –, de Jean e Brigitte Massin, divide as sinfonias de Bruckner em 3 períodos:

– As sinfonias de 00, 0, 1, 2 e 3 seriam as trágicas;
– As sinfonias de 4, 5 e 6 seriam as românticas (apesar de que a Quinta é conhecida também como “Católica”);
– e da sétima em diante seriam as espirituais ou de inspiração religiosa.

Estou ouvindo cada sinfonia antes de postá-las aqui e, apesar de minha má vontade, acabei me dobrando à classificação proposta pelo livro. É chocante a diferença que há entre a terceira e esta quarta sinfonia, a primeira das obras-primas de Bruckner e a mais fácil porta de entrada para seu mundo.

Fiquei na dúvida sobre a versão que postaria, ouvi várias vezes cada uma delas. Descartei de cara Jochum, prefiro-o na oitava e nas Missas, encantei-me com a incrível sonoridade da gravação de 1965 da Orquestra do Concertgebouw de Amsterdan com Bernard Haitink (1929) e pela extraordinária interpretação registrada ao vivo nos anos 90, tendo como protagonista o grande e quase desconhecido no Brasil Günter Wand (1912-2002) que, por sinal, gravou várias sinfonias de Bruckner que estão disponíveis em DVD. Entre a força interpretativa do bem humorado velhinho Wand e o som da orquestra de Haitink fiquei… com os dois.

Um conselho? Baixem as duas versões e comparem!

Vamos lá, então.

P.Q.P. Bach.

Sinfonia Nº 4 em mi bemol maior “Romântica”, de Anton Bruckner.

1. Bewegt, nicht zu schnell
2. Andante quasi Allegretto
3. Scherzo. Bewegt Trio. Nicht zu schnell, keinesfalls schleppend
4. Finale. Bewegt, doch nicht zu schell

Primeira alternativa:
NDR Sinfonieorchester (Live Recording)
Reg.: Günter Wand

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Segunda alternativa:
Royal Concertgebouw Orchestra
Reg.: Bernard Haitink

BAIXE O HAITINK AQUI – DOWNLOAD HAITINK HERE

Anton Bruckner (1824-1896) – Integral das Sinfonias – Sinfonia Nro. 3 em Ré Menor

Não quero provocar polêmicas entre os brucknerianos como eu, mas minha opinião é que esta sinfonia é a única que talvez mereça os comentários críticos de Brahms acerca do caráter das enormidades musicais de Bruckner. Ela é dedicada a Richard Wagner e é também conhecida como Sinfonia Wagner.

Dizem que, em visita a Wagner, Bruckner apresentou-lhe os manuscritos da segunda e terceira sinfonias. Perguntou-lhe qual a que ele preferia, pois desejava dedicar-lhe uma delas; Wagner escolheu, mas Anton, que bebera muita cerveja durante o encontro, esqueceu qual fora a resposta… E Wagner acabou com esta.

Esta sinfonia é uma exceção na obra do compositor e, depois da terceira, a coisa fica séria e Bruckner irá enfileirar uma obra-prima atrás da outra.

As versões da terceira são a habitual pândega que explicitamos com ajuda deste site. Em negrito, a versão da gravação que escolhi.

P.Q.P. Bach.

Versão original de 1873, composição iniciada em 23 de fevereiro de 1873, partitura completa concluída em 31 de dezembro de 1873. Um esboço anterior fora apresentado a Wagner em Bayereuth em setembro 1873, quando o Finale ainda não tinha sido orquestrado. Uma cópia final completa foi enviada mais tarde a Wagner, na primavera de 1874, e esta é a base da edição de Nowak [1977].

Versão de 1874, representou, de acordo com Bruckner, “uma melhoria considerável da primeira versão “. Não publicada e não gravada.

Versão de 1876, é o resultado de uma revisão rítmica; só o Adágio desta versão foi publicado até agora, por Nowak.

Versão de 1877, realizada entre 1876-77. As citações de Wagner foram suprimidas, o Finale encurtado e o Scherzo ganhou uma nova conclusão. Executada em Viena em 16 de dezembro de 1877, sob a direção de Bruckner. A primeira edição foi publicada em 1880 por Rättig, com algumas pequenas diferenças em relação ao autógrafo da versão de 1877, como a eliminação da coda do Scherzo (de fato a coda leva a indicação “não imprimir” no autógrafo). Não há uma edição Haas desta sinfonia, e a primeira edição crítica para a Sociedade Bruckner foi preparada por Oeser em 1950. A edição de Oeser é uma mistura da versão de 1877 e da edição de 1880, pois está baseada na partitura manuscrita mas segue a partitura impressa ao deixar de fora a coda do Scherzo. A edição Nowak da versão de 1877 (incorporando a coda do Scherzo) apareceu em 1981 e desde então tornou-se a edição mais aceita da obra.

Versão de 1888/89, é uma revisão feita com ajuda de Franz Schalk durante os anos 1888-89. A obra foi ainda mais abreviada, e a Coda do Scherzo foi mais uma vez abandonada. Mudanças na orquestração modificaram todo o clima da obra, tornando-a mais próxima do mundo sonoro das últimas sinfonias. Esta versão foi publicada com algumas modificações por Rättig em 1890 (segunda edição). Executada pela primeira vez em 21 de dezembro de 1890 pela Filarmônica de Viena sob a direção de Hans Richter. A edição crítica desta versão é de Nowak [1959]. Antes da recente proeminência da versão de 1877 versão, esta era a versão mais executada.

Sinfonia Nº 3 em ré menor de Anton Bruckner.

I. Gemäßigt, mehr bewegt, Misterioso 21`15
II. Adagio. Bewegt, quasi Andante 14`40
III. Scherzo. Ziemlich schnell – Trio – Scherzo da capo 7`15
IV. Finale. Allegro 14`40

Orquestra Sinfônica da Rádio Bávara;
Reg.: Rafael Kubelik.

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Anton Bruckner (1824-1896) – Integral das Sinfonias – Sinfonia Nro. 2

A gravação aqui apresentada da Sinfonia n. 2, em dó menor, é versão definitiva de William Carragan [1997].

P.Q.P. Bach encontrou aqui detalhes sobre as versões de todas as sinfonias de Bruckner e copia abaixo os detalhes segunda:

Versão de 1872 (versão da primeira concepção), composta entre 11 de outubro de 1871 e 11 de setembro de 1872. Edição crítica por William Carragan para a Sociedade Bruckner.

Versão de 1873 (versão da primeira execução) preparada para a première em 26 de outubro de 1873 pela Filarmônica de Viena sob a direção de Bruckner. Houve muitas mudanças nesta revisão. A ordem dos movimentos internos foi invertida; o solo de trompa ao final do Adagio foi mudado para um solo de clarinete, e, ainda no Adagio, acrescentou-se um solo de violino. As repetições do Scherzo e do Trio foram canceladas, uma passagem no Finale foi completamente reescrita, e um quarto trombone foi acrescentado nos compassos finais para reforçar a linha do baixo. Versão crítica por William Carragan (ainda inédita).

Versão de 1876, preparada em 1875-76 e executada em 20 de fevereiro de 1876 também pela Filarmônica de Viena dirigida por Bruckner. Desta vez as mudanças foram poucas. No Finale, foi restaurado algum material da versão de 1872 que havia sido cortado em 1873, e foi encurtada a nova passagem acrescentada em 1873, o quarto trombone foi removido dos compassos finais e, em seu lugar, foram introduzidas cordas em uníssono.
Versão de 1877, apresenta mudanças mais significativas. Comparada à versão de 1872, houve um corte no primeiro movimento (embora esse corte possa ter sido feito em 1876). Também houve um corte no Adágio, e o solo de violino foi removido. O Scherzo foi modificado ligeiramente, com alguns compassos sendo repetidos ao término do Scherzo e de sua reprise. No Finale a nova passagem (que fora encurtada em 1876) foi removida e substituída por outra passagem diferente. Os compassos finais foram mais uma vez modificados, principalmente as partes de trompete, e os últimos compassos de primeiro movimento foram um pouco alongados.

Nem a edição de Haas [1938] nem a de Nowak [1965] representam versões puras. Ao contrário do que ainda se diz comumente, Haas não apresentou a versão original, mas baseou-se principalmente na versão de 1877, com alguns elementos da versão de 1872. A edição Nowak é, na realidade, uma aproximação mais exata da versão de 1877, desde que os cortes sejam observados e corrija-se um erro nas partes de trompete ao final do primeiro movimento. A nova edição definitiva de William Carragan [1997] remove da edição de Nowak as anomalias que ela herdara de Haas.

Versão de 1892, com pequenas revisões feitas por Bruckner entre 1891 e 1892. Os compassos finais alongaram-se um pouco mais, e novas partes de trombone, semelhantes às partes de trompete de 1877 foram introduzidas nos últimos momentos do Finale. Esta versão é usada na primeira edição, publicada em 1892 por Doblinger sob a supervisão de Hynais, e depois republicada muitas vezes. A edição de Doblinger foi considerada não autêntica por muito tempo, mas hoje é reconhecida como como sendo uma realização mais acurada da versão de 1877 do que as próprias edições de Haas ou Nowak.

Anton Bruckner
Symphony No. 2 in C minor (1872 version; ed. Carragan)
Performed by:Ireland National Symphony Orchestra
Conducted by:Georg Tintner

I. Ziemlich schnell 20:54
II. Scherzo: Schnell 11:00
III. Andante: Feierlich, etwas bewegt 18:06
IV. Finale: Mehr schnell 21:19

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Anton Bruckner (1824-1896) – Integral das Sinfonias – Sinfonia Nro. 0 – “Nullte”

Um grande professor que eu tive sempre repetia que a ignorância não gerava dúvidas. Tinha razão, mas digo a vocês que pode ser pior: a ignorância pode gerar certezas!

Foi assim que decidi que a Sinfonia Nro. 00, Study Symphony, era a mesma que Nro. 0. O Leonardo, comentarista deste blog, esclareceu-me. OK, sempre vou poder fazer minha defesa dizendo que dois zeros são o mesmo que um, só que a discussão aqui não é matemática, é de notação (bastante burrinha, por sinal).

Então, eu, P.Q.P. Bach, o aficionado de Bruckner, acabo descobrindo uma nova obra e provando ser um apedeuta. Não que eu tenha pudor ou estaja vexado ao expôr minha ignorância; pelo contrário, fico feliz para ter mais material dos anos de formação do complexo e divertido Anton.

Não escolhi esta gravação dentre outras. Fui visitar a Margarida na Sala dos Clássicos e ela tinha um exemplar Mid Price da Zero com o Daniel Barenboim e a orquestra de Chicago, com seu sempre extraordinário naipe de metais. Ouvi-a várias vezes nos últimos dias e já declaro-me apaixonado.

Pessoal, não há nada que seja menos que o máximo nesta sinfonia, desde sua extraordinária abertura, o belo, tranqüilo e melodioso Andante, um Scherzo que só ouvindo e um Finale para se ouvir a todo volume. Eu disse A TODO VOLUME!!!!

As outras peças são inferiores.

Enjoy Anton!

P.Q.P. Bach

Sinfonia Nro. 0 – “Nullte”
1.: Sinfonie Nr. 0 D – Moll: Allegro
2.: Sinfonie Nr. 0 D – Moll: Andante
3.: Sinfonie Nr. 0 D – Moll: Scherzo. Presto – Trio. Langsamer und Ruhiger
4.: Sinfonie Nr. 0 D – Moll: Finale. Moderato – Allegro Vivace

5.: Helgoland (para coro masculino e orquestra)

6.: Psalm 150 C – Dur (para soprano, coro e orquestra)

Chicago Symphony Orchestra
Daniel Barenboim

Ruth Welting, soprano
Chicago Symphony Chorus

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