Este ano tenho postado vários álbuns gravados pelos veteranos Billy Cobham (bateria) e Ron Carter (baixo): com sax, vibrafone e piano elétrico (aqui), com sax e flauta (aqui)… Aqui eles atacam novamente em formação de trio com o pianista Kenny Barron. Ao vivo na Europa (2001) e no Japão (2003), fazem um repertório sem grandes surpresas: baladas como Autumn Leaves (Kosma/Mercer) e Someday my prince will come (do filme A Branca de Neve), composições novas de Barron e de Carter…
E o destaque maior talvez seja o passeio do trio por ‘Round Midnight e I mean you, composições de Thelonious Monk que aparecem com as sonoridades elegantes e redondas dos três músicos, dando novos significados ao que, nas interpretações com Monk ao piano, sempre soava mais torto e dissonante. As progressões harmônicas de Monk mudaram consideravelmente o pianismo jazzístico, com desdobramentos diretos nos famosos grupos liderados por Miles Davis e John Coltrane (anos 50-60), no trio americano e no quarteto europeu de Keith Jarrett (anos 70-90), etc. Temos aqui grandes releituras das inovações de Monk por três instrumentistas de longo currículo, nenhum deles se apagando em prol dos outros.
The Art of Three (2001)
1. Stella by Starlight
Written by N. Washington, V. Young
2. Autumn Leaves
Written by Prevert, Mercer, Kosma
3. New Waltz
Written by Ron Carter
4. Bouncing With Bud
Written by Bud Powell
5. ‘Round Midnight
Written by C. Williams, Thelonious Monk
6. And Then Again
Written by Kenny Barron
7. I Thought About You
Written by J. Van Heusen, J. Mercer
8. Someday my Prince will come
Written by Frank Churchill, Larry Morey
Billy Cobhan – drums, Ron Carter – bass, Kenny Barron – piano
Recorded jan 2001 in Odense, Denmark & Oslo, Norway
Dois discos liderados pelo saxofonista Stanley Turrentine, considerado um dos principais nomes do soul jazz, estilo que se mistura com vários outros mas, no geral, tem semelhanças com a soul music cantada de Aretha Franklin, Ray Charles e dos artistas da Motown e tem melodias mais simples e cantáveis do que as do jazz de vanguarda. No fundo, essas classificações ficam muito longe de explicar tudo que acontece na música, e tanto é assim que esses dois discos são bem diferentes.
No primeiro, gravado em 1968-69, Turrentine é acompanhado por uma banda menor: tirando uma faixa em que a organista Shirley Scott brilha no hammond, o resto do disco é formado por um quarteto formado pelas sonoridades marcantes de McCoy Tyner (piano), Billy Cobham (bateria) e o mais discreto Gene Taylor (baixo).
O mais impressionante é ouvir McCoy Tyner e Billy Cobham tocarem bossa nova em Wave. Não creio que o solo de sax de Turrentine seja o melhor já feito sobre a melodia de Jobim: enfatizando sonoridades alegres e um tanto comuns – se comparadas com os sons bizarros de Coltrane ou Pharoah Sanders -, Turrentine trilha os caminhos já percorridos por Stan Getz nos álbuns premiados deste último.
A comparação com Billy Hart, baterista do quarteto de Stan Getz quando tocaram Wave ao vivo em 1975 (aqui) mostra a diferença entre um músico competente capaz de fazer uma bossa nova agradável e um gênio do instrumento que, mesmo se adaptando e dançando conforme a música, mantém uma personalidade única.
Já no disco Cherry, de 1972, a banda é um sexteto muito bem gravado no Van Gelder Studio, New Jersey, onde também foram feitos quase todos os álbuns de John Coltrane. Ouça em um bom aparelho stereo ou com bons fones de ouvido e você perceberá a cuidadosa – e até um pouco artificial em comparação com discos ao vivo – divisão dos seis músicos em duas duplas que ocupam o espaço sonoro assim:
A) Stanley Turrentine (sax) e Milt Jackson (vibrafone) à frente, se revezando nos solos
B) Bob James (piano elétrico) e Cornell Dupree (guitarra elétrica) ao fundo, mas com longas linhas melódicas agudas que ocupam os espaços deixados pelos solistas
C) Ron Carter (baixo), Billy Cobham (bateria) também ao fundo, mas em um plano grave no qual os dois dialogam, meio separados do plano agudo em (B).
Nos primeiros minutos de Cherry, quase parei de ouvir: um jazz sofiscitado, chique mesmo, com piano elétrico e uma guitarra elétrica (sem distorção, suave como o violão de João Gilberto) acompanhando os dois solistas principais. O saxofone de Turrentin, vai sempre mais ou menos direto ao ponto, enquanto o vibrafone de Milt Jackson dá voltas harmônicas sutis por meio de notas alteradas. Enfim, tudo isso a princípio me pareceu de mau gosto, mas com o passar dos minutos fui gostando mais, seja porque o ouvido se acostumou, seja porque o diálogo entre o baixo de Ron Carter e a bateria de Billy Cobham, lá no fundo, é sempre original. Carter já gravou mais de dois mil discos com os músicos mais diversos, mas quase nunca dá a impressão de ligar o piloto automático, está sempre ali presente com sua sonoridade elegante que se encaixa bem aqui, além de dialogar com muita fluência com Cobham, seu companheiro de longa data.
O fato é que, embora o saxofonista Stanley Turrantine tenha se notabilizado por solos mais ou menos sensuais e nunca angulares ou incômodos, este é um disco de um jazz cheio de complexidade, distante das supostas raízes do jazz como música dançante. E distante também ao utilizar o vibrafone e o Fender Rhodes, teclado onipresente naquela época. Mas, se prosseguirmos comparando esse disco com a bossa nova, devemos lembrar que, no Rio de Janeiro, o piano acústico era uma das grandes diferenças entre o “balanço zona sul” de Tom jobim e os batuques das escolas de samba, feitos por gente que não podia comprar um piano. Abordemos o tema por comparações: Milt Jackson está mais próximo de um Cartola ou de um Noel Rosa do que de um Jamelão da Mangueira, mais pra João Donato do que pra Elza Soares e Wilson das Neves. Há quem diga que o jazz com piano elétrico não é jazz “de verdade”, mas o jazz é muita coisa, como o samba é muita coisa, não é? Mesmo o piano acústico – abrilhantado pelos dedos de gênios como Oscar Peterson, Thelonious Monk e McCoy Tyner – é um instrumento que, em algum momento remoto, soou estrangeiro aos batuques dos negros norte-americanos, mas disso ninguém fala.
Esse tipo de soul jazz com sofisticados arranjos de vários instrumentos teve uma certa era de ouro no início dos anos 1970, utilizando instrumentos elétricos mas sem a intensidade roqueira do fusion. Boa parte desses discos foram lançados pela gravadora CTI: além de Turrentine, também Tom Jobim (Wave, de 1967, Stone Flower, de 1970), Freddie Hubbard, Eumir Deodato e outros. A capa de Cherry é uma foto de Pete Turner, pioneiro da fotografia artística colorida, e que também é responsável pelas capas dos dois discos de Tom Jobim mencionados acima.
Stanley Turrentine: Ain’t no way
Stan’s Shuffle 6:57
Watch What Happens 5:30
Intermission Walk 6:39
Wave 8:14
Ain’t No Way 11:02
Stanley Turrentine – tenor saxophone / McCoy Tyner – piano / Gene Taylor – bass / Billy Cobham – drums (tracks 1-4)
Stanley Turrentine – tenor saxophone / Shirley Scott – organ / Jimmy Ponder – guitar / Bob Cranshaw – bass / Ray Lucas – drums (track 5)
Stanley Turrentine with Milt Jackson: Cherry
Speedball (Lee Morgan) – 6:39
I Remember You (Johnny Mercer, Victor Schertzinger) – 5:10
The Revs (Milt Jackson) – 7:46
Sister Sanctified (Weldon Irvine) – 6:04
Cherry (Ray Gilbert, Don Redman) – 5:10
Introspective (Irvine) – 7:00
Stanley Turrentine – tenor saxophone / Milt Jackson – vibraphone
Bob James – piano, electric piano / Cornell Dupree – guitar
Ron Carter – bass / Billy Cobham – drums
Olhando assim, Michael Landau não parece um guitarrista de rock. Sua natureza discreta guarda no currículo atuações junto a Joni Mitchell, James Taylor, Pink Floyd e… também Miles Davis, para citar alguns. Mas ele tem um grupo fantástico a seu serviço. Um discreto grupo fusion. É rock e blues com belas improvisações. Porém, ao contrário de alguns de seus contemporâneos roqueiros, Landau evita frescuras de guitar hero, concentrando seus talentos na criação de peças musicais que nos tocam em um nível mais profundo. Cada faixa é independente, mas leva você para a próxima. Não é um CD não superproduzido, mas também não é áspero. Como diz o título, é orgânico. Todas as composições são ótimas, com excelentes atuações de todos os envolvidos. Minhas preferidas são Delano, Smoke e Big Sur Howl.
.: interlúdio :. The Michael Landau Group: Organic Instrumentals
1 Delano
Bass – Jimmy Haslip
Drums – Charley Drayton
Electric Organ [Hammond Organ] – Larry Goldings
Guitar – Michael Landau
2 Sneaker Wave
Bass – Teddy Landau
Drums – Vinnie Colaiuta
Electric Organ [Hammond Organ] – Larry Goldings
Guitar, Bass – Michael Landau
3 Spider Time
Bass – Jimmy Haslip
Drums – Gary Novak
Electric Organ [Hammond Organ], Piano – Larry Goldings
Guitar – Michael Landau
4 The Big Black Bear
Bass – Andy Hess
Drums – Gary Novak
5 Karen Mellow
Bass – Andy Hess
Drums – Gary Novak
Electric Organ [Hammond Organ] – Larry Goldings
Guitar – Michael Landau
6 Ghouls And The Goblins
Bass – Chris Chaney
Drums – Gary Novak
Electric Organ [Hammond Organ] – Larry Goldings
Guitar – Michael Landau
7 Big Sur Howl
Drums – Gary Novak
Electric Organ [Hammond Organ] – Larry Goldings
Flugelhorn – Walt Fowler
Guitar – Michael Landau
8 Woolly Mammoth
Bass – Andy Hess
Drums – Charley Drayton
Electric Organ [Hammond Organ] – Larry Goldings
Guitar – Michael Landau
9 Smoke
Electric Organ [Hammond Organ], Organ [Estey Reed Organ], Carillon – Larry Goldings
Guitar – Michael Landau
Em mim, poucos álbuns tiveram um impacto tão forte na primeira audição como Rain Dogs. Embora essa primeira audição tenha ocorrido há 30 anos, suas canções permanecem poderosas até hoje. Se você nunca ouviu este disco antes, sugiro fortemente que o faça, mesmo que seja apenas uma vez. É um álbum longo — 19 faixas num vinil — primitivo, exótico, inteligente, abrasivo, bonito e estranho. O disco é doce o suficiente para não desanimar todo mundo, mas Waits o manteve dissonante o suficiente para ser interessante também. Seus sons mais distintos são bastante incomuns: a voz rouca característica de Tom Waits, a guitarra de Marc Ribot, os metais distorcidos de alguns dos melhores instrumentistas do jazz do underground de Nova York, a percussão estranha e, talvez o mais bizarro, o toque frequente da marimba – um instrumento quase nunca ouvido na música popular… A variedade de Rain Dogs é inacreditável. O disco contém números de cabaré, músicas country, gospel, polcas, baladas e temas de jazz. Waits é teatral e carnavalesco, mas traz também damas de olhos tristes e uma garota com lágrima tatuada – “uma para cada ano que ele está longe, ela disse”. Waits pode ser extremamente engraçado – eu amo a formação hilária e grotesca de parentes seniores mesquinhos na Cemetery Polka – mas ele também pode controlar seus impulsos e escrever músicas dolorosamente bonitas, como Hang Down Your Head e a obra-prima que é Anywhere I Lay My Head.
Tom Waits: Rain Dogs
1 Singapore 2:46
2 Clap Hands 3:47
3 Cemetery Polka 1:51
4 Jockey Full Of Bourbon 2:45
5 Tango Till They’re Sore 2:49
6 Big Black Mariah 2:44
7 Diamonds & Gold 2:31
8 Hang Down Your Head 2:32
9 Time 3:55
10 Rain Dogs 2:56
11 Midtown (Instrumental) 1:00
12 9th & Hennepin 1:58
13 Gun Street Girl 4:37
14 Union Square 2:24
15 Blind Love 4:18
16 Walking Spanish 3:05
17 Downtown Train 3:53
18 Bride Of Rain Dog (Instrumental) 1:07
19 Anywhere I Lay My Head 2:48
Performer
Tom Waits – vocals (1–10, 12–17, 19), guitar (2, 4, 6, 8–10, 15–17), organ (3, 19), piano (5, 12), harmonium (8, 18), banjo (13)
Musicians
Michael Blair – percussion (1–4, 7, 8, 12, 13, 17), marimba (2, 7, 10, 12), drums (8, 14, 18), congas (4), bowed saw (12), parade drum (19)
Stephen Hodges – drums (1, 2, 4, 6, 10, 11, 15, 16), parade drum (3)
Larry Taylor – double bass (1, 3, 4, 6, 8–10, 15), bass (7, 11, 14, 16)
Marc Ribot – guitar (1–4, 7, 8, 10)
“Hollywood” Paul Litteral – trumpet (1, 11, 19)
Bobby Previte – percussion (2), marimba (2)
William Schimmel – accordion (3, 9, 10)
Bob Funk – trombone (1, 3, 5, 10, 11, 19)
Ralph Carney – baritone saxophone (4, 14), saxophone (11, 18), clarinet (12)
Greg Cohen – double bass (5, 12, 13)
Chris Spedding – guitar (1)
Tony Garnier – double bass (2)
Keith Richards – guitar (6, 14, 15), backing vocals (15)
Robert Musso – banjo (7)
Arno Hecht – tenor saxophone (11, 19)
Crispin Cioe – saxophone (11, 19)
Robert Quine – guitar (15, 17)
Ross Levinson – violin (15)
John Lurie – alto saxophone (16)
G.E. Smith – guitar (17)
Mickey Curry – drums (17)
Tony Levin – bass (17)
Robbie Kilgore – organ (17)
Em seu último registro para a Elektra, Heartattack and Vine, revelou um Tom Waits com um instinto especial para sons mais estranhos e sujos e uma atração por um material menos comercial, mas mesmo isso não foi suficiente para avisar o que estava por vir em Swordfishtrombones. Swordfishtrombones deu um passo drástico em uma direção totalmente nova, longe do blues mais tradicional e das baladas pop de seus álbuns dos anos 70. Este é o trabalho de um artista totalmente diferente. Waits saiu do music hall e entrou em um submundo surrealista. Ou pelo menos era o que parecia. Este era o som de um homem deixando para trás a segurança das expectativas para uma nova e estranha jornada. A partir da marimba de abertura e trompa de Underground, fica claro que o Tom Waits que cantou Ol’ 55 foi aposentado e substituído por um mais barulhento (e sensacional). Apareceu outro cantor e uma instrumentação excêntrica. Waits ressurgiu totalmente reformado como um artista muito mais estranho e interessante do que sua música até aquele momento poderia ter sugerido. Swordfishtrombones foi o primeiro disco a ter Tom Waits entrando em seu estranho mundo de personagens excêntricos e melodias distorcidas e também é um bom ponto de partida para aqueles que ainda não deram o passo para o espetacular segundo ato do cantor/compositor — trata-se de uma coleção brilhante, peculiar e colorida que abriu as portas para a imaginação bizarra de Waits.
Tom Waits: Swordfishtrombones
1 Underground 1:58
2 Shore Leave
Percussion [Metal Aunglongs] – Francis Thumm
4:12
3 Dave The Butcher 2:15
4 Johnsburg, Illinois 1:30
5 16 Shells From A Thirty-Ought-Six
Trombone – Joe Romano (4)
4:30
6 Town With No Cheer
Bagpipes – Anthony Clark Stewart
Synthesizer – Clark Spangler
4:22
7 In The Neighborhood
Trombone – Bill Reichenbach (2), Dick Hyde
3:04
8 Just Another Sucker On The Vine
Trumpet – Joe Romano (4)
1:42
9 Frank’s Wild Years
Organ [Hammond] – Ronnie Barron
1:50
10 Swordfishtrombone 3:00
11 Down, Down, Down
Guitar – Carlos Guitarlos
Organ – Eric Bikales
2:10
12 Soldier’s Things 3:15
13 Gin Soaked Boy 2:20
14 Trouble’s Braids 1:18
15 Rainbirds
Glass Harmonica – Francis Thumm, Richard Gibbs, Stephen Taylor Arvizu Hodges*
3:05
Arranged By – Francis Thumm (faixas: A1, A4, A7, B8)
Baritone Horn, Trombone – Randy Aldcroft (faixas: A1, A2, A7)
Bass – Greg Cohen (faixas: A4, B3, B5, B8), Larry Taylor (faixas: A1, A2, A5, A7, B2 to B4, B6, B7)
Drums – Stephen Taylor Arvizu Hodges* (faixas: A1, A2, A5, A7, B4, B6, B7)
Featuring – Victor Feldman (faixas: A1 to A3, A5, A7, B3, B4, B7)
Guitar – Fred Tackett (faixas: A1, A2, A5, B6)
Lacquer Cut By – JS*
Mixed By – Biff Dawes
Written-By, Producer, Arranged By – Tom Waits
É preciso celebrar os 73 anos de vida, encerrados anteontem (em 20/01/2012), de uma das cantoras de mais intensidade expressiva que os meus 50 e tantos me deram o privilégio de conhecer: ETTA JAMES.
Não, a capa acima não é a da coletânea que estou postando aqui. Não sei que amigo me passou um dia uma pasta com essas 35 faixas não numeradas, de modo que a aleatoridade organizou o show pela ordem alfabética dos títulos. Faltaram só 6 minutos para inteirar duas horas de um panorama fascinante, que alterna das canções mais conhecidas, besuntadas daqueles violinos de produtor, até faixas que vibram de uma tensão áspera do que poderia ser chamado “partido alto do blues” – coisa que eu inicialmente nem sabia que ela tinha gravado.
Um leitor me informou que a presente coletânea seria “Etta James Gold”, lançada em 2007 – mas fui checar e há um considerável número de faixas que não coincidem. Além disso, gosto da ordem que o alfabeto conferiu às faixas aqui, de modo que proponho “oficializiar” uma nova coletânea, “ABC de Etta James”.
Uma sugestão adicional para a celebração: o filme Cadillac Records. Já se disse que ele não é historicamente fiel em muitos detalhes, inclusive quanto ao relacionamento entre o produtor da gravadora e a nossa cantora. Mas acho que, uma vez sabendo disso, não faz mal nenhum entregar-se ao prazer de assistir: é um panorama poderoso de uma certa época e de uma certa cena artística também poderosa, a Chicago do cair dos anos 40 ao alvorecer dos 60. E Beyoncé no papel de Etta James surpreende: ganhou de mim um respeito que a produção plastificante atual não me havia facilitado encontrar.
Em 1967, oito grupos de rock de São Francisco conseguiram algum hype instantâneo ao aparecer no Monterey Pop Festival: Big Brother & The Holding Co., Country Joe & the Fish, the Electric Flag, the Grateful Dead, Jefferson Airplane, Moby Grape, Quicksilver Messenger Service e Steve Miller Blues Band.
The Dead (para os íntimos) eram basicamente uma banda de blues sem um cantor de blues – Pigpen tentou, Jerry Garcia nem tentou. O disco de estreia, de 67, tinha poucos destaques, espetacular apenas em sua uniformidade, e vendeu menos do que qualquer um dos outros grupos citados. Você tem que vê-los ao vivo, é o que todo mundo diz. (Robert Christgau)
Há exatos 50 anos, em sua primeira turnê na Europa, o Grateful Dead fez uma das suas apresentações mais originais e mais reverenciadas pelo séquito de fãs “deadheads”, alguns dos quais acompanhavam a banda nas turnês em que cada show era bem diferente dos outros.
Este é um show ao vivo, sem playbacks ne edições posteriores, com mais de três horas de música. Para os não iniciados na música do Grateful Dead, alguns avisos aos navegantes:
Melhor começar pela segunda parte do show: antes da pausa, os blues dolorosos (Hurts me too, The Stranger) e as baladas country (El Paso, Beat it on down the line) são de menos interesse exceto para os especialistas… ou então talvez sejam só para quem nasceu ao norte do México;
Após o intervalo, começam as jams mais saborosas: em Good Lovin’, Ron ‘Pigpen’ Mckernan comanda a banda como um grupo de câmara em improvisos livres guiados pelo frontman em tempo parcial (porque a banda nunca teve um cantor em tempo integral, sempre revezaram). As indicações “just keep it nice, easy, smooth…” e “shift gears” (troca de marcha) vão guiando os músicos. Pigpen não tinha a voz de um Howlin’ Wolf ou de um James Brown, mas ninguém imita a forma como ele conduz os músicos (duas guitarras, um baixo, um piano, um órgão e bateria) por caminhos cheios de blues, de mojo* e outras palavras intraduzíveis;
Esses improvisos coletivos tomavam direções realmente imprevisíveis e mudavam muito entre um show e outro. Por exemplo essa canção Good Lovin’, neste show em Paris, durou 23:18, enquanto na noite anterior havia durado 16:53; em outros shows da turnê europeia durou apenas 10 minutos;
Ainda sobre os improvisos coletivos guiados por Pigpen, um dos mais interessantes de toda a carreira do grupo é Turn On Your Lovelight neste show de 1970, com a participação de Janis Joplin. Pigpen e Janis eram amigos muito queridos e vizinhos em San Francisco;
Além disso, havia improvisos desses que se ouve mais frequentemente: solos de um instrumento, ou dois se revezando, enquanto a banda seguia uma harmonia e andamento previstos. Por exemplo os solos de gaita e de guitarra que se alternam em Big Boss Man, ou a estrutura de Goin’ Down the Road Feeling Bad, em que um refrão se repete alternando com vários solos dos dois guitarristas;
Os membros mais recentes do Grateful Dead em 1972 eram o pianista Keith Godchaux e sua esposa que faz uma participação vocal em duas ou três canções. O piano de Godchaux, mais próximo do jazz, faz uma dobradinha com o órgão Hammond B-3 de Pigpen, bem mais blues;
Apesar do nome e do uso de caveiras em suas capas de discos (aqui, uma gárgula parisiense), o Grateful Dead não está nada próximo do heavy metal que então nascia com bandas como Black Sabbath. A guitarra raramente (pra não dizer nunca) usa distorção, o som é mais limpo do que o blues de um Jimi Hendrix;
Após os blues de Pigpen, afinal chegamos ao tema do grupo sobre o qual se criou a mística mais forte: Dark Star, cantada por Jerry Garcia. Se no disco Live/Dead, de 1969, havia dois bateristas e era tudo mais percussivo e acelerado, aqui em 1972 em Paris o improviso toma rumos bem mais meditativos, mais minimalistas, com o baixo guiando boa parte do percurso. Sim, este é um daqueles discos ao vivo com solos de baixo e de bateria;
O baixista Phil Lesh, que esteve desde a primeira até a última formação do Grateful Dead, é o membro com mais estudos formais. Em seu período de estudante (quando tocava trompete), conheceu o também californiano Terry Riley, além dos compositores europeus Luciano Berio e Darius Milhaud quando estes deram cursos na Califórnia;
Em resumo é uma performance ao vivo com espaços para o inesperado e apontando para temáticas muito diversas: jazz no piano e na bateria, blues no órgão hammond e nos solos de guitarra, proximidade dos compositores minimalistas e também da divina Janis Joplin, tudo isso se misturou na região de San Francisco, que sempre viveu um certo Fla-Flu com Los Angeles, considerada pelos primeiros superficial e vendida. Com desprezo por Hollywood, mas ainda falando em nome da Califórnia, o Grateful Dead ao vivo em Paris é isso tudo na mesma noite.
Grateful Dead Live at Olympia Theater, Paris, France, 1972-05-04
Set 1
Greatest Story Ever Told, Deal, Mr. Charlie, Beat It On Down The Line, Brown Eyed Women, Chinatown Shuffle, Playin’ In The Band, You Win Again, It Hurts Me Too, He’s Gone, El Paso, Big Railroad Blues, Two Souls In Communion, Casey Jones
Set 2
Good Lovin’, Next Time You See Me, Ramble On Rose, Jack Straw, Dark Star-> Drums-> Dark Star-> Sugar Magnolia, Sing Me Back Home, Mexicali Blues, Big Boss Man, Uncle John’s Band, Goin’ Down The Road Feelin’ Bad-> Not Fade Away, Encore: One More Saturday Night
Jerry Garcia – lead guitar, vocals
Donna Jean Godchaux – vocals
Keith Godchaux – piano
Bill Kreutzmann – drums
Phil Lesh – electric bass, vocals
Ron “Pigpen” McKernan – organ, harmonica, percussion, vocals
Bob Weir – rhythm guitar, vocals
*Mojo: Probably of Creole origin, cognate with Gullah moco (“witchcraft”), Fula moco’o (“medicine man”). 1. A magic charm or spell. 2. Supernatural skill or luck. 3. (slang) Personal magnetism; charm. 4. (slang) Sex appeal; sex drive.
Eu adoro tangerinas! Quando elas aparecem é inverno. Dependendo de onde você vem ou com quem você convive, pode chamá-las mexericas, ponkans, mimosas ou até morgotes, carregando no r antes do g.
Mas estou falando em tangerinas apenas para lembrar que se é inverno aqui, lá em Chicago é verão. E no verão de Chicago há festivais. Uma cidade a beira de um enorme lago, com ótimos espaços abertos que sabe usá-los quando chega o calor, que costuma ser forte e tem muita ‘humidez’, como dizia meu amigo gringo.
Um destes festivais é o Taste of Chicago, de comidas típicas das muitas etnias que a cidade congrega. Um enorme festival de comida de rua para enlouquecer o Sérgião Loroza.
Tem também o Chicago Blues Festival, pois Chicago é cidade do Blues – de grandes artistas e clubes famosos. Entre eles reinou The Queen – Koko Taylor, uma espécie assim de Tim Maia de saias que transpirava musicalidade e arrastava multidões. Ela e sua Blues Machine.
Este disco da postagem é uma compilação de gravações que ela fez para a Alligator Records e conta com alguns de seus maiores sucessos. Quem conhece Muddy Waters e sua Mannish Boy não vai estranhar a primeira música do disco – I’m a Woman. Depois, Born Under a Bad Sign vai mexer até com quem nasceu neste século, assim como Hey, Bartender.
Eu que já estive em uns dois shows dela, sei o quanto Let the Good Times Roll e Wang Dang Doodle podem arrastar multidões.
Outra atração do disco são alguns convidados como Buddy Guy – que tem um ótimo clube de Blues em Chicago -, Pinetop Perkins, entre outros, até o famoso B.B. King. Enfim, como diria um arguto crítico amador: um álbum sem uma única faixa ruim…
Koko Taylor – Deluxe Edition
I’m a Woman – (Ellas McDaniel / Koko Taylor)
Beer Bottle Boogie – (Scott)
Born Under a Bad Sign – (William Bell / Booker T. Jones)
Mother Nature – (Milton Campbell)
Hey Bartender – (Floyd Dixon)
I’d Rather Go Blind – (Bill Foster / Ellington Jordan)
Man Size Job – (Koko Taylor)
Let the Good Times Roll – (Fleecie Moore / Sam Theard)
Voodoo Woman – (Koko Taylor)
Wang Dang Doodle – (Willie Dixon)
Stop Watching Your Enemies – (Koko Taylor)
Sure Had a Wonderful Time Last Night – (Louis Jordan)
Uma crítica deixada na página da Amazon: This is truly a great album. Koko’s range of vocals is absolutely amazing. From sweetness on the balads to the raw power on the blues to the groove on the rockers. The ability to mix them all on a single word make her talent unmatched. One minute she sounds as sweet as Etta James the next minute she sounds more raw than Janis joplin. Reminds why the classic rock and blues songs are classic. The musicians with her are great and the recording is clean balanced and well mixed. On a scale of five star this is a ⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐
Se for a Chicago, não deixe de ir a algum Clube de Blues…
O culpado por esta postagem é o FDP com sua maravilhosa Sarah Vaughan de ontem! Entrei no clima e posto o Ray Charles para acompanhar!
Em 1960 apareceu no cenário musical um novo cantor norte americano chamado Ray Charles que, mesmo cego desde a infância, dominou as paradas de sucesso e o show business.
É desse fenômeno que destacamos o primeiro LP do nosso festival: Dedicated to you, lançado em 1961. Com uma canção chamada “Stella by Starlight” estorou nas paradas de sucesso que nem um tsunami! Todas as canções desse LP tinham um nome de mulher. Dai o nome deste que foi o segundo LP de sua carreira e o primeiro dele que conheci. Ah, o primeiro Ray Charles a gente nunca esquece!!
Dedicated to you
01. Hardhearted Hannah 02. Nancy 03. Margie 04. Ruby 05. Rosetta 06. Stella By Starlight 07. Cherry 08. Josephine 09. Candy 10. Marie 11. Diane 12. Sweet Georgia Brown
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O próximo LP que apresentamos, Ray Charles & Betty Carter, gravado também em 1961, mostra a versatilidade de Ray Charles no campo do blues/jazz. Betty Carter, sua companheira de gravação, foi uma cantora de jazz norte-americana, conhecida por sua técnica de improvisação e outras habilidades musicais complexas que demonstrou com seu talento vocal e interpretação imaginativa das letras e melodias.
Ray Charles & Betty Carter
01. Ev’ry Time We Say Goodbye 02. You and I 03. Intro: Goodbye/We’ll Be Together Again 04. People Will Say We’re in Love 05. Cocktails for Two 06. Side By Side 07. Baby, It’s Cold Outside 08. Together 09. For All We Know 10. Takes Two to Tango 11. Alone Together 12. Just You, Just Me 13. But on the Other Hand Baby 14. I Never See Maggie Alone 15. I Like to Hear it Sometime
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O terceiro album, Genius Loves Company, foi gravado em 2004, alguns meses antes da morte de Ray, teve um lançamento post-mortem. Nele, Ray interpreta grandes sucessos com grandes amigos. Ficou meses em primeiro lugar nas paradas de sucessos dos Estados Unidos e do Canadá. Ganhou 8 Grammy !
1. “Here We Go Again” (with Norah Jones) 2. “Sweet Potato Pie” (with James Taylor) 3. “You Don’t Know Me” (with Diana Krall) 4. “Sorry Seems to Be the Hardest Word” (with Elton John) 5.”Fever” (with Natalie Cole) 6. “Do I Ever Cross Your Mind?” (with Bonnie Raitt) 7. “It Was a Very Good Year” (with Willie Nelson) 8. “Hey Girl” (with Michael McDonald) 9. “Sinner’s Prayer” (with B.B. King) 10. “Heaven Help Us All” (with Gladys Knight) 11. “Over the Rainbow” (with Johnny Mathis) 12. “Crazy Love” (with Van Morrison) 13. “Ary My Love” (with Itoshi No Ary)
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Por último, separei 16 músicas que não estavam em nenhum dos 3 albuns anteriores e que mereciam estar nesta postagem e juntei tudo num album chamado Bonus Tracks by PQP.
Bonus Tracks by PQP
01. I can’t stop lovin’ you 02. Hey good lookin’ 03. Take these chains from my heart 04. Cry 05. Seven Spanish Angels 06. Hit the road, Jack 07. Oh, lonesome me 08. That lucky old sun just rolls around heaven 09. Amazing Grace 10. Crying time 11. Someday you’ll want me to want you 12. What’d I say 13. Sweet memories 14. You Don’t Know Me 15. Over the Rainbow 16. I’ll never stand in your way
Esta postagem vai dedicada a todas as semi-novas e a todos os semi-novos que viveram e usufruíram os Anos Dourados! Tim-tim! ?
Quem já passou por esta vida e não dançou sentindo o calor do rosto da Amada, ao som da música de Ray Conniff & Billy Butterfield, pode ser mais, mas sabe menos do que eu.
Como dizia o poeta, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
E como testemunhou o nosso amigo Wellington Mendes: este [Billy Butterfield] foi um dos maiores e mais elegantes trompetistas. Um som único e clássico, à maneira de outros como Al Hirt, Doc Severinsen, Bob Hacket, Ruby Braff… “
‘S Different (Conniff Meets Butterfield) 01. Beyond The Blue Horizon 02. You Must Have Been a Beautiful Baby 03. All The Things You Are 04. Oh , What a Beautiful Mornin´ 05. Time On My Hands (You In My Arms) 06. Something To Remember You By 07. What a Diff´rence a Day Made 08. South Of The Border (Down Mexico Way) 09. Can´t We Be Friends 10. Rosalie 11. A Love Is Born (Song Of The Trumpet) 12. I Found a Millon Dollar Baby (In a Five And Ten Cent Store) 13. Summertime 14. Love Letters In The Sand
Palhinha: ouça 11. A Love Is Born (Song Of The Trumpet)
‘S Different – 1959
Billy Butterfield & Ray Conniff and His Orchestra
Depois do excelente impacto da postagem de 13 de outubro, com dois dos sete álbuns póstumos do Nick Drake, aqui vão os três álbuns que o moço lançou em vida – dos 21 aos 24 anos, antes de sua precoce partida em 1974, aos 26.
Sugestão: se você, como eu, achar as capas um tanto de mau gosto, não se deixe enganar: o conteúdo musical e poético está, de modo geral, muito acima delas. (Digo “de modo geral” apenas porque o segundo álbum não me parece estar no mesmo nível de tudo mais que que já ouvi dele; chega a parecer um esforço de ser o que ele menos era: pop).
Se, além da música, quiser conhecer um pouco da pessoa e sua história, o leitor DiMenez compartilhou com a gente o link de um documentário de 48 min., legendado em português. Valeuzaço, DiMenez… e agora deixo vocês com o vídeo… e sobretudo com a música!
Nick Drake: FIVE LEAVES LEFT (1969)
01 Time Has Told Me
02 River Man
03 Three Hours
04 Way To Blue
05 Day Is Done
06 Cello Song
07 The Thoughts Of Mary Jane
08 Man In A Shed
09 Fruit Tree
10 Saturday Sun
Nick Drake: BRYTER LAYTER (1971)
01 Introduction
02 Hazy Jane II
03 At The Chime Of A City Clock
04 One Of These Things First
05 Hazey Jane I
06 Bryter Layter
07 Fly
08 Poor Boy
09 Northern Sky
10 Sunday
Nick Drake: PINK MOON (1972)
01 Pink Moon
02 Place To Be
03 Road
04 Which Will
05 Horn
06 Things Behind The Sun
07 Know
08 Parasite
09 Free Ride
10 Harvest Breed
11 From The Morning
Entre as revelações que o jovem Daniel the Prophet fez a este velho monge destaca-se a música do inglês Nick Drake, usualmente catalogada como folk. Até há um mês eu nunca tinha ouvido falar, mas agora posso ouvir seu canto introvertido por horas e horas como se fosse uma única música, mais ou menos como faço com Purcell – o que poderia suscitar a hipótese de se dever à anglicidade dos dois… se o efeito não se estendesse a, entre outros exemplos, as lamentações vocais do inequivocamente franco Couperin.
Nicholas Rodney Drake nasceu na então Birmânia, que, muito britanicamente, era o local de trabalho do pai. Quando tinha quatro anos a família voltou pra Inglaterra, para uma vila de 3 mil habitantes não longe de Stratford-upon-Avon, terra daquele dramaturgo insignificante que vocês sabem o nome. Nick aprendeu piano com a mãe, Molly, que também tocava cello, compunha e cantava (do que há alguns testemunhos – gravações informais feitas em casa – no álbum Family Tree) – e talvez tenha legado ao filho também a sensibilidade exacerbada.
To make a long story short, Nick aprendeu escolarmente também clarinete e sax, e informalmente o violão, com colegas – justo o instrumento em que mais se destacou. Aos 19 anos foi estudar literatura em Cambridge – o que não faz pouco sentido, quando se constata o refinamento poético das letras. Aos 21, 23 e 24 anos lançou três discos que pouquíssima gente ouviu. E aos 26 morreu de overdose do que os médicos atochavam como antidepressivo na época.
Fim? Muito pelo contrário: nos 33 anos seguintes foram lançados sete outros discos com material que Nick havia deixado gravado (entre músicas inéditas e versões alternativas), e se é verdade que seus admiradores ainda constituem uma seita (sentido original, aliás, da palavra cult), essa seita não parou de crescer.
De início pensei em compartilhar aqui os três álbuns lançados em vida, mas ouvindo um pouco mais optei pelo terceiro e o sétimo dos póstumos. A razão é que Nick me parece ser daqueles artistas cujo talento brilha ao máximo no despojamento, na quase ausência de produção.
Pra terminar, declaro solenemente que estou morrendo de curiosidade quanto ao que vocês vão achar – e portanto adorarei que vocês não deixem de comentar!
TIME OF NO REPLY (1987)
01. Time Of No Reply
02. I Was Made To Love Magic
03. Joey
04. Clothes Of Sand [letra abaixo / lyrics bellow]
05. Man In A Shed
06. Mayfair
07. Fly
08. The Thoughts Of Mary Jane
09. Been Smoking Too Long
10. Strange Meeting II
11. Rider On The Wheel
12. Black Eyed Dog
13. Hanging On A Star
14. Voice From The Mountain
FAMILY TREE (2007)
01 Come Into The Garden (Introduction)
02 They’re Leaving Me Behind
03 Time Piece
04 Poor Mum (by Molly Drake)
05 Winter Is Gone
06 All My Trials (by Gabrielle Drake and Nick Drake)
07 Kegelstatt Trio For Clarinet, Viola And Piano by The Family Trio
08 Strolling Down The Highway
09 Paddling In Rushmere
10 Cocaine Blues
11 Blossom
12 Been Smoking Too Long
13 Black Mountain Blues
14 Tomorrow Is A Long Time
15 If You Leave Me
16 Here Come The Blues
17 Sketch 1
18 Blues Run The Game
19 My Baby’s So Sweet
20 Milk And Honey
21 Kimbie
22 Bird Flew By
23 Rain
24 Strange Meeting II
25 Day Is Done (Family Tree)
26 Come Into The Garden
27 Way To Blue (Family Tree)
28 Do You Ever Remember? (by Molly Drake)
BÔNUS
Clothes of Sand (ToNR 04) por Renato Russo (1994) [letra abaixo / lyrics bellow]
Who has dressed you in strange clothes of sand?
Who has taken you, far from my land?
Who has said that my sayings were wrong?
And who will say that I stayed much too long?
Clothes of sand have covered your face
Given you meaning but taken my place
So make your way on, down to the sea
Something has taken you so far from me.
Does it now seem worth all the colour of skies?
To see the earth, through painted eyes?
To look through panes of shaded glass?
See the stains of winter’s grass?
Can you now return to from where you came?
Try to burn your changing name?
Or with silver spoons and coloured light
Will you worship moons in winter’s night?
Clothes of sand have covered your face
Given you meaning but taken my place
So make your way on, down to the sea
Something has taken you, so far from me.
Esse CD é espetacular, não apenas por trazer composições de um grande mestre do Blues, Sonny Boy Williamson II, o que seria suficiente, mas também por trazer um timaço de músicos de Blues, interpretando os clássicos desse grande compositor. Sim, é um songbook, alguns torcem o nariz para esse fomato, mas eu gosto por mostrar a diversidade de possibilidades que estas canções oferecem. Na verdade, o que vale aqui são as canções, verdadeiros hinos do Blues, e que influenciaram muita gente, e falo de gente do nível de Keith Richards, Jimmy Page, Eric Clapton, Jeff Beck, entre tantos outros. Minha faixa favorita nesse ótimo CD é “On Way Out” com a formação clássica do The Almann Brothers Band, ainda nos tempos de Duane Almann. O dueto de guitarras de Duane e Dickey Betts é sensacional.
Para animar os ânimos depois da última postagem de Shostakovich.
01. Sonny Boy Williamson II – Help Me (3:05)
02. Jonny Lang – Good Morning Little School Girl (4:13)
03. The Allman Brothers Band – One Way Out (4:54)
04. Buddy Guy – Keep It To Myself (2:42)
05. John Mayall & The Bluesbreakers – Checkin’ Up On My Baby (4:00)
06. B.B. King – Eyesight To The Blind (4:03)
07. Howlin’ Wolf – Decoration Day (3:14)
08. John Mayall & The Bluesbreakers – Bye Bye Bird (2:46)
09. Howlin’ Wolf – Crazy About You Baby (2:19)
10. James Cotton – Dealin’ With The Devil (3:34)
11. Muddy Waters – Nine Below Zero (4:50)
12. Clarence ‘Gatemouth’ Brown – Cross My Heart (3:09)
13. Ten Years After – Help Me (9:47)
14. John Mayall & The Bluesbreakers – Your Funeral And My Trial (3:53)
15. Sonny Boy Williamson II – Bring It On Home (2:37)