Ludwig van Beethoven (1770-1827): Integral dos Quartetos de Cordas (Kodály) (CD 7 de 9)

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Integral dos Quartetos de Cordas (Kodály) (CD 7 de 9)

Qual é o melhor quarteto de cordas de Beethoven e por que é o Op. 132?

IM-PER-DÍ-VEL !!! 

Ah, os últimos Quartetos de Beethoven… Se o Quarteto Op. 132 não é a maior das músicas, está bem perto disso. É sempre difícil escrever sobre uma música que amamos muito e que nos faz lembrar fatos pessoais. A primeira coisa que me vem à mente quando penso no Opus 132 foi aquele momento mágico e levemente fantasmagórico em que eu, sentado na tranquilamente na sala, ouvi iniciar o Allegro Appassionato (último movimento do quarteto) e vi que, logo aos primeiros compassos, minha filha, aos cinco anos de idade, entrava girando na sala, dançando a valsa sozinha, de olhos fechados, por puro prazer de ouvir a música… Foi tão marcante que hoje soa-me hipócrita dizer que o movimento principal deste quarteto é o imenso e perfeito Heiliger Dankgesang eines Genesenen an die Gottheit, in der lydischen Tonart, um agradecimento à divindade pela recuperação que Beethoven obteve após grave enfermidade. Mas é, claro que é. O terceiro movimento, com suas duas explosões de alívio é o centro e razão de ser desta grande e fundamental obra.

Quando os últimos quartetos foram apresentados pela primeira vez, não foram bem recebidos pelo público. Ao receber a notícia, Beethoven deu a célebre resposta:

— Gostarão mais tarde.

Como ele sabia que estava escrevendo para o futuro é algo que consigo mais ou menos entender observando a evolução de sua música. Outro fato que chama a atenção é que, estética e conceitualmente, estes quartetos parecem projetar-se na evolução da história da música para colocarem-se quase 100 anos depois de sua época, talvez logo antes dos grandes quartetos de Schoenberg e Bartók. É um mundo à parte. Ouço meu filho dizer que, na opinião dele, ISTO é Beethoven, e não seus concertos ou sonatinhas iniciais. Ele se refere aos últimos quartetos, às últimas sonatas para piano, às Diabeli e certamente à Nona Sinfonia. O restante seria grandioso, mas menos pessoal e significativo. Lembro que quando era adolescente, nós tínhamos que nos aproximar destes quartetos respeitosamente e o Dr. Herbert Caro dizia que talvez fosse necessária maior maturidade para que um jovem pudesse entendê-los. Discordo postumamente do grande Dr. Caro, meu amigo e tradutor de Doutor Fausto, da Montanha Mágica, de Auto-de-Fé e outras tantas obras-primas. Desde jovem ouvia o Op. 132 e o 130 (acompanhado de sua Grande Fuga) da mesma forma e o respeito que sempre tive por estes quartetos emanou deles, independente de mim.

O fato é que o Op. 132 é uma música que passou a fazer parte de mim muito cedo. Eu, um adolescente na casa de meus pais, costumava ficar deitado, antes de dormir, tentando reproduzir nota a nota o terceiro movimento. Cronometrava para ver se chegava perto de seus 15 minutos… Às vezes, pensava conseguir reproduzi-lo por inteiro. Mas nunca ninguém pode comprovar, nem eu.

Este CD traz também a transcrição realizada pelo próprio Beethoven de sua Sonata para Piano Nº 9, Op. 14. É um excelente extra.

O quarteto Kodály demonstra toda a sua experiência e qualidade nestas gravações. Amor e profundo conhecimento da partitura estão certamente presentes neste grande trabalho dos quatro magníficos instrumentistas do Kodály. CD barato e altamente recomendável.

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Integral dos Quartetos de Cordas (Kodály) (CD 7 de 9)

String Quartet No. 15 in A minor, Op. 132
I. Assai sostenuto – Allegro 09:23
II. Allegro ma non tanto 08:02
III. Heiliger Dankgesang eines Genesenen an die Gottheit, in der lydischen Tonart: Molto adagio – Andante 15:40
IV. Alla marcia, assai vivace 02:17
V. Allegro appassionato 06:48

String Quartet in F major, H. 34 (tr. of Piano Sonata in E major, Op. 14, No. 1)
I. Allegro moderato 06:07
II. Allegretto 02:54
III. Allegro 03:16

Kodaly Quartet

Total Playing Time: 54:27

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Kodaly Quartet: só me resta agradecer
Kodaly Quartet: só me resta agradecê-los

PQP

Mozart: Quinteto K. 452 / Beethoven: Quinteto Op. 16 (Brendel, Holliger, Brunner, Baumann, Thunemann)

A nominata galática dos executantes e dos compositores não garante um grande CD. Talvez eu esteja equivocado, mas nem o Op. 16 de Beethoven e menos ainda o Quinteto K. 452 são grandes obras. Falo em equívoco, pois considero inconcebível que venha a tratar como algo de importância menor um CD que some Mozart, Beethoven, Brendel, Holliger, etc.

Mozart: Quinteto K. 452 / Beethoven: Quinteto Op. 16 (Brendel, Holliger, Brunner, Baumann, Thunemann)

01. Mozart – Quintet in E flat K.452 Largo – Allegro molto
02. Mozart – Quintet in E flat K.452 Larghetto
03. Mozart – Quintet in E flat K.452 Allegretto

04. Beethoven – Quintet in E flat Op.16 Grave – Allegro ma non troppo
05. Beethoven – Quintet in E flat Op.16 Andante cantabile
06. Beethoven – Quintet in E flat Op.16 Rondo

Alfred Brendel
Heinz Holliger
Eduard Brunner
Hermann Baumann
Klaus Thunemann

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PQP

Beethoven (1770-1827): Concerto Nº 5 para Piano e Orquestra “Imperador” / Sonata “Waldstein” (Tomsic, Nanut)

Beethoven (1770-1827): Concerto Nº 5 para Piano e Orquestra “Imperador” / Sonata “Waldstein” (Tomsic, Nanut)

Mais um disquinho bem produzido da incrivelmente imprevisível e ladra MoviePlay. Bem, ao menos a eslovena Dubravka Tomsic existe e está viva aos 85 anos. O maestro Nanut também existiu e morreu em 2017, também aos 85 anos. Ou seja, este é um CD que não foi produzido por fantasmas. E é de bom nível, sim. O Concerto para Piano Nº 5, Op. 73, de Ludwig van Beethoven, não recebeu o apelido de “Imperador” do próprio compositor. Beethoven, que era um grande defensor dos ideais da Revolução Francesa (liberdade, igualdade, fraternidade), detestava títulos de nobreza e não teria usado um termo como “Imperador” para sua própria obra, especialmente considerando que Napoleão, que se coroou imperador, era uma figura que Beethoven desprezava. Para mim, pessoa de gosto estranho e estragado, este Concerto começa a ir bem só no Adagio Un Poco Mosso. Ou seja, não posso dizer que amo o primeiro movimento. Acho chato pra caraglio. Já a Waldstein é a coisa mais amada e fofa. Por que Waldstein? A Sonata recebeu o apelido de “Waldstein” porque foi dedicada a um sujeito específico: o Conde Ferdinand Ernst Gabriel von Waldstein. Waldzinho foi um amigo crucial e mecenas que conheceu Beethoven quando o compositor ainda era jovem em Bonn. Ele foi um dos primeiros e mais importantes patronos de Beethoven, oferecendo-lhe uma montanha de pix.  Waldstein ficou igualmente famoso por ter escrito sobre Beethoven em 1792: “Caro Beethoven! Você está indo para Viena em atendimento a um desejo há muito frustrado. A cidade ainda está de luto e chora a morte de seu pupilo Mozart… Vai que é tua, Ludovico!” Depois ele segue laudatoriamente, mas… PREVÊ a grandeza de Beethoven. A dedicatória da Sonata foi um gesto de gratidão e amizade pelos pix alcançados. Quando Beethoven compôs esta sonata (por volta de 1803-1804), ele já estava estabelecido em Viena, e a homenagem a Waldstein era uma forma de agradecer pelo apoio fundamental.

Beethoven (1770-1827): Concerto Nº 5 para Piano e Orquestra “Imperador” / Sonata “Waldstein” (Tomsic, Nanut)

Piano Concerto No. 5 In E Flat, Op. 73
Conductor – Anton Nanut
Orchestra – Radio Symphony Orchestra Ljubljana*
1 Allegro 20:52
2 Adagio Un Poco Mosso 8:17
3 Rondo: Allegro 10:43

Piano Sonata In C, Op. 53 “Waldstein” Sonata
4 Allegro Con Brio 9:23
5 Adagio – Ma Non Troppo (Attaca) 4:02
6 Rondo: Allegretto – Moderato – Prestissimo 9:32

Piano – Dubravka Tomsic (tracks: 1-6)

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A Dubravka.

PQP

Ludwig van Beethoven: Concertos para Piano nº 3, 4 e 5 (Arrau/Klemperer), Trio Arquiduque (Gilels, Rostropovich, Kogan) e algumas sonatas, direto dos anos 1950

Hoje é (talvez) o aniversário de Beethoven e temos uma daquelas promoções: três CDs pelo preço de um. São gravações grandiosas, cheias de energia, acordes monumentais, desenvolvimentos e resoluções tonais enfáticas. Os pianistas Claudio Arrau e Emil Gilels eram grandes autoridades no assunto Beethoven mais ou menos entre as décadas de 1940 e 1980, assim como o maestro Otto Klemperer, um pouco mais velho que eles.

Arrau e Klemperer tiveram em comum a longevidade: ambos passaram muitas décadas viajando pelo mundo com esse repertório do compositor de Bonn. Com Klemperer, descobri recentemente, houve um fato curioso: por volta de 1940 ele foi diagnosticado com um tumor cerebral, passou por cirurgias arriscadas e muitos achavam que ele estava à beira da morte. Acontece que, após alguns anos afastado, na década de 1950 ele voltou triunfalmente aos palcos e às gravações, principalmente com a Philharmonia em Londres, e essas gravações ao vivo com Arrau são da época desse retorno com pompa e circunstância do antigo assistente de Mahler. Klemperer, que alguns já descartavam como um velhinho com um pé na cova, ainda gravaria, anos depois e com a mesma orquestra, a integral das sinfonias de Beethoven (tá tudo disponível no blog aqui).

Gilels morreu não tão velho assim, quando estava quase completando sua integral de gravações das sonatas pela Deutsche Grammophon. Mas essas gravações que trago aqui são mais antigas, mostram o jovem Gilels e, salvo engano, são todas ao vivo. No Trio Arquiduque ele está muito bem acompanhado de seus compatriotas M. Rostropovich e L. Kagan. Uma curiosidade que li recentemente: esse trio, com difíceis partes para o piano, foi a última obra tocada em público por Beethoven, em 1814, quando a sua surdez já progredia bastante. As obras posteriores para piano, como a Sonata op. 110 (de 1821) gravada aqui por Arrau, ou foram tocadas pelo compositor apenas para amigos muito próximos ou nem isso.


Ludwig van Beethoven (1770-1827):
CD1
1-3. Concerto para Piano No. 3 em Dó Menor, op. 37
4-6. Concerto para Piano No. 4 em Sol maior, op. 58

CD2
1-3. Concerto para Piano No. 5 em Mi b maior, op. 73
4-5. Sonata para Piano No. 24, op. 78 ‘A Thérèse’
6-9. Sonata para Piano No. 31, Op. 110

Claudio Arrau, piano
Philharmonia Orchestra, Otto Klemperer
Recorded: Royal Festival Hall, London, 1957 (Concertos) / Abbey Road Studio, 1957-58 (Sonatas)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Arrau/Klemperer

Ludwig van Beethoven (1770-1827):
1-3. Sonata para Piano No. 23, op. 57 “Appassionata”
4. 04. 32 Variações em Dó Menor, WoO 80
5-8. Trio op. 97 “Archduke”

Emil Gilels, piano
Leonid Kogan, violino / Mstislav Rostropovich, violoncelo
Gravado em: Florença, 1951 (Sonata) / Moscou, 1946 (Variações) / Moscou, 1956 (Trio)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Gilels

P.S. aproveitei a ocasião para reativar os links de outras gravações antológicas de obras de Beethoven:

A integral das sonatas para piano que Claudio Arrau gravou para a Philips na década de 1960 (aqui).
E a famosíssima gravação das cinco sonatas para piano e violoncelo por Richter e Rostropovich, também pela Philips (aqui)

Pleyel

Ludwig van Beethoven – Abertura Leonore, Piotr Ilich Tchaikovsky – Sinfonia no. 5 – Stanislaw Skrowaczewski, NHK Symphony Orchestra

O solo de Trompa que abre o Segundo Movimento da Quinta Sinfonia de Tchaikovsky é uma das mais belas páginas da história da música, sem dúvida alguma. Seu tema principal é um lamento, transmite uma angústia latente, daquelas que ficam presas na nossa garganta. A cada vez que a ouço parece que entra um cisco no meu olho, e a lágrima é inevitável. A repetição do tema principal pelas cordas amplia essa angústia.

A vida de Stanislaw Skrowaczewski não foi nem um pouco fácil. Foi um jovem prodígio ao piano já aos oito anos de idade (incrível como existem excepcionais pianistas poloneses) sendo solista e regente do Terceiro Concerto de Beethoven já nesta tenra idade. Porém foi obrigado a desistir do instrumento quando machucou as duas mãos em um bombardeio da Segunda Guerra Mundial. A partir de então, começou seus estudos de regência e composição ainda em sua Polônia natal. Em 1960 se exilou nos Estados Unidos, onde ele e sua esposa se naturalizaram norte-americanos.

Trarei uma série de CDs deste grande maestro do século XX, registros ao vivo com a NHK Symphony Orchestra, de Tõquio, entre 1996 e 1999. Stanislaw Skrowaczewski faleceu em 2017, com a idade de 94 anos de idade. Mesmo já idoso, podemos sentir um grande vigor em sua regência, mesmo em obras tão densas e complexas quanto a  Sinfonia ‘Patética‘, já citada acima. E não podemos deixar de citar sua incursão na obra de Bruckner, cujas sinfonias gravou na integra, junto com a Saarbrucken Radio Symphony Orchestra, gravação que foi premiada.

Este primeiro CD inicia com a Abertura Leonore, de Beethoven, e se conclui com uma belíssima interpretação da Quinta Sinfonia de Tchaikovsky. A NHK Symphony Orchestra é uma orquestra muito versátil, e encara as duas peças com muita competência.

1 “Leonore Nr.2” Ouvertüre
Symphony No.5
2 I. Andante
3 II. Andante Cantabile
4 III. Allegro Moderato
5 IV. Finale

NHK Symphony Orchestra

Stanislaw Skrowaczewski – Conductor

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Beethoven (1770 – 1827): Sonatas para Piano Nos. 21 a 25 Op. 53 ‘Waldstein’, Op. 54, Op. 57 ‘Appassionata’, Op. 78 e Op. 79 – Valentina Lisitsa (piano) – “Ele interpretado por elas…” ֍

Beethoven (1770 – 1827): Sonatas para Piano Nos. 21 a 25 Op. 53 ‘Waldstein’, Op. 54, Op. 57 ‘Appassionata’, Op. 78 e Op. 79 – Valentina Lisitsa (piano) – “Ele interpretado por elas…” ֍

‘Ele interpretado por elas…’

Eu adoro o filme “Uma Janela Para o Amor” (A Room With a View), de 1985 – já lá se vão 30 anos – com o par Helena Bonham Carter e Julian Sanders. Nunca esqueci as cenas nas quais a Lucy Honeychurch toca trechos de sonatas para piano de Beethoven. Acho que a música desempenha papel relevante na história revelando-nos aspectos da personalidade da personagem representada então pela jovenzinha Helena Bonham Carter. Um verdadeiro furacão. Inspirado nessas imagens achei que seria interessante ouvir alguns discos gravados por mulheres com música de Beethoven. Ele interpretado por elas. É claro que há dezenas de postagens aí no seu PQP Bach mais próximo com essas características, mas não custa nada tentar algumas coisas novas.

https://www.youtube.com/watch?v=Fh6UE4NraLw

Começamos com um disco que faz parte da gravação integral das Sonatas para Piano do famoso Ludovico pela pianista nascida na Ucrânia, hoje residente na Carolina do Norte, Valentina Lisitsa. Ela é, assim como a Lucy Honeychurch, um furacão… Já andou aqui pelas nossas colinas tocando Scriabin e Rachmaninov, em postagens de Playel e FDP Bach. No Instagram dela aparece o epíteto @queen_of_rachmaninoff.

Eu adorei o disco, especialmente a interpretação da Waldstein. As outras sonatas também estão muito boas, com a poderosa Appassionata brilhando também! Aproveite bastante esse disco e, quem sabe, você se interesse também pelo resto das sonatas.

https://www.youtube.com/watch?v=HBrhaTDZ1tY

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sonata para piano No. 21, em dó maior, Op. 53 ‘Waldstein’

  1. Allegro con brio
  2. Adagio molto
  3. Allegretto moderato – Prestissimo

Sonata para piano No. 22, em fá maior, Op. 54

  1. In tempo d’un minueto
  2. Allegretto – Più alegro

Sonata para piano No. 23, em fá menor, Op. 57, ‘Appassionata’

  1. Allegro assai
  2. Andante com moto
  3. Allegro ma non troppo – Presto

Sonata para piano No. 24 em fá sustenido maior, Op. 74 ‘à Thérèse’

  1. Adagio cantabile – Allegro ma non troppo
  2. Allego vivace

Sonata para piano No. 25, em sol maior, Op. 79

  1. Presto alla tedesca
  2. Andante
  3. Vivace

Valentina Lisitsa, piano

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MP3 | 320 KBPS | 172 MB

Valentina Lisitsa

 

Se puder, veja o filme!

Aproveite!

René Denon

Valentina adorou os jardins do Castelo do PQP Bach, perto de Florença…

In Memoriam Arthur Moreira Lima – Coleção Meu Piano/Três Séculos de Música para Piano – Parte 9 de 11: Volumes 24, 28, 38 e 40 (Clássicos Favoritos V, VI, IX & X)

Para honrar a memória e celebrar o legado extraordinário de Arthur Moreira Lima, um dos maiores brasileiros de todos os tempos, publicaremos a integral da coleção Meu Piano/Três Séculos de Música para Piano – seu testamento musical – de 16 de julho, seu 85° aniversário, até 30 de outubro de 2025, primeiro aniversário de seu falecimento. Esta é a nona das onze partes de nossa eulogia ao gigante.


Partes:   I   |   II   |   III   |   IV   |   V   |   VI   |   VII   |   VIII  |   IX   |   X   |   XI

Arthurzinho das massas estava em todas nos anos 80.

O embrião de tal onipresença foi sua participação no Circuito Universitário, iniciativa que desde o começo da década anterior levava grandes nomes da MPB para campi, teatros, ginásios e quaisquer outros espaços em que eles coubessem. Sempre destemido, Arthur foi o primeiro músico de concerto a embarcar  numa turnê do Circuito – e, convenhamos, o único capaz de aceitar um convite desses. Partiu de São Paulo, onde então morava, e prosseguiu de Kombi para Campinas e outras dez cidades do interior do estado. A experiência foi-lhe como um Caminho de Damasco: habitué de tantas paragens mundo afora, conhecedor de cada parada ao longo da Trans-Siberiana, Arthur enfim começava a descobrir seu país e a acolhida que as massas nos ginásios davam àquele pianista de raríssima figura, com cabeleira roqueira, calças de brim e a inseparável jaqueta de couro de alce.

Ó lá ela, a guerreira.

Não que tenha deixado a casaca de lado, como atesta, entre outros, o projeto Bach-Chopin que realizou com  João Carlos Martins. Tampouco deixou de ter preocupações fonográficas: farto da miríade de percalços para que seus discos fossem distribuídos pelas gravadoras e decidido decerto a cultivar mais uma úlcera, fundou o selo L’Art, tendo como sócio Lauro Henrique Alves Pinto, um dos “Filhos da Pauta”. Inda assim, preferia os mocassins e os pés na estrada. Xodó das multidões, para as quais era quase sinônimo de piano brasileiro, desfrutava uma liberdade incomum de escolher onde, como e com quem aparecer: mais que arroz de festa, o rei do rolê aleatório.

Até no gibi.

Se não, vejamos: depois de quase tocar com Elomar no formigueiro humano de Serra Pelada – com direito a transporte em avião da FAB, piano incluso -, acabou na não menor muvuca do Festival de Águas Claras, o “Woodstock” brasileiro, onde dividiu palco com Luiz Gonzaga (“esse cabra é tão bom que toca até Luiz Gonzaga”, foi o veredito do próprio) numa noite encerrada por João Gilberto. Às línguas de trapo que o acusavam de buscar as massas por estar em decadência técnica, respondia dando um tempo às turbas para, numa visita à Polônia, tocar (e gravar) Rachmaninoff desse jeito:

Sossegou? Claro que não: deixou São Paulo e mudou-se para o Rio, o qual voltou a chamar de morada depois de vinte anos. Foi fagocitado quase que de imediato pela boemia e requisitado em cada cantina, restaurante ou boteco onde, entre biritas, se cultivasse a boa prosa. Na confraria conhecida como “Clube do Rio”, aproximou-se de Millôr Fernandes, que prontamente reconheceu o potencial da avis rara e lhe escreveu um show, que também dirigiu – e assim, não mais que de repente, nascia “De Repente”.

Alternando textos de Millôr com bitacos de Arthur e grande música dos dois lados do muro da infâmia entre o dito “erudito” do assim chamado “popular”, o show foi um triunfo. Não demoraria para que o showman chegasse às telinhas, a convite de Adolpho Bloch, fundador da Rede Manchete. Conhecera-o em Moscou, nos seus tempos de Conservatório, mas estreitaram o convívio no Rio, frequentando o mesmo barbeiro, praticando o idioma russo e divertindo-se a falar, sem que ninguém mais compreendesse, bandalheiras impublicáveis.  Conquistado por aquele tipo maravilhoso que parecia pronto para TV, Bloch ofereceu-lhe carta branca para criar um programa semanal. Arthur pediu alto e levou: recebeu duas orquestras, dirigidas por Paulo Moura, que também lhe fazia os arranjos, e a crème de la crème  da música brasileira no rol de convidados. Nascia Um Toque de Classe, carregado daqueles momentos que, ao imaginá-los na TV aberta, fazem-me questionar em que sentido, enfim, roda a fita da civilização:

Arthur, que nunca foi muito afeito ao canto, ficou especialmente impressionado com a voz de Ney Matogrosso, que buscava novos rumos para sua carreira depois do frisson que causou com suas performances no extinto conjunto Secos & Molhados:

Ney, inacreditavelmente, ainda não se convencera de que era cantor. Arthur sugeriu que deixasse de lado a maquiagem e figurinos estrambólicos que até então tinham marcado sua carreira e que, de cara lavada, apostasse em sua rara voz. Não demorou até que o belíssimo contralto de Ney, tratado como afinado instrumento, estivesse a dividir o palco com outros quatro virtuoses.

Assim, na luxuosa companhia de Arthur, Paulo Moura (saxofone), Chacal (percussão) e Raphael Rabello (violão de sete cordas), Ney inaugurou uma nova fase em sua carreira com o show O Pescador de Pérolas. De lambujem, aproximou-se de Rabello, há já muitos anos um dos maiores violonistas do mundo, com quem mais adiante gravaria À Flor da Pele, que, em minha desimportante opinião, é um dos álbuns mais sensacionais que Pindorama deu ao mundo. O Pescador de Pérolas também virou disco, ainda que se lamente que o som do piano de Arthur, aparentemente, tenha sido captado do fundo duma lata de azeite:

Lambuzado de mel pelas massas e com saudades, talvez, de ferroadas, Arthur resolveu atirar-se no vespeiro: instigado por seu guru Darcy Ribeiro, aceitou a nomeação para alguns cargos públicos no Governo do Rio. Sob sua direção, o Theatro Municipal e a Sala Cecília Meireles receberam em seus palcos muita gente que seus habitués não deixariam nem entrar pela porta dos fundos, como a Velha Guarda da Portela. Divertindo-se com o previsível reproche de quem via violados seus espaços exclusivos e sacrossantos. Arthur ligou aquele famoso botão e prosseguiu: tocou em favelas (uma imagem de “Rocinha in Concert”está no cabeçalho dessa postagem) e chamou a Orquestra de Câmara de Moscou para tocar com ele em teatros, ao ar livre e em presídios. Quem o chamava de decadente – nem sempre por méritos artísticos – acabava por ter que deglutir cenas como as do Projeto Aquarius, em que o suposto ex-pianista e a Sinfônica Brasileira tocavam para Fla-Flus de gente:

Sim, 200 mil

Para refrescar-se das saraivadas de tomates, o Rei do Rolê Aleatório foi harmonizar seu piano com uma das vozes mais distintas do Brasil, o barítono de Nelson Gonçalves. Com alguns milhares de canções no repertório, escolher o que iria para o álbum foi por si só uma empreitada. O mais difícil, com sobras, era a incompatibilidade de relógios biológicos: Nelson acordava na hora em que Arthur ia dormir. Ainda assim, com cantor no fuso horário de Bagdá e pianista no de Honolulu, a parceria deu liga e rendeu um dos melhores álbuns de suas imensas discografias, O Boêmio e o Pianista:


Miacabo com Arthur e sua cara de “acordei agora”

Durante a extensa turnê com Nelson por mais de trinta cidades brasileiras, Arthur encantou-se com a tranquilidade e o clima ameno de Florianópolis e resolveu, enfim, lançar nela sua âncora. Trouxe seus pianos para perto do mar e até deve ter contemplado a ideia de sossegar. O sucesso da coleção “Meu Piano”, que vendeu um milhão de CDs a preços módicos em bancas de revistas, mostrou-lhe que o público não queria seu sossego. Pelo contrário: ainda havia muito mais gente a conquistar, nos vastos horizontes brasileiros, a ser buscada em seus últimos recantos, mesmo nas grotas que nunca tinham visto um piano. Assim, o rei das harmonizações improváveis juntou um Steinway com uma caçamba de Scania e partiu, como orgulhoso Camelô da Música (o termo é dele), para a mais épica jornada jamais empreendida por um artista brasileiro.


ARTHUR MOREIRA LIMA – MEU PIANO/TRÊS SÉCULOS DE MÚSICA PARA PIANO
Coleção publicada pela Editora Caras entre 1998-99, em 41 volumes
Idealizada por Arthur Moreira Lima
Direção artística de Arthur Moreira Lima e Rosana Martins Moreira Lima


Volume 24: CLÁSSICOS FAVORITOS V

Johann Sebastian BACH (1685-1750)

Do Pequeno Caderno para Anna Magdalena Bach:

Christian PETZOLD (1677–1733)
1 – No. 2: Minueto em Sol maior, BWV Anh. 114

Johann Sebastian BACH
2 – No. 20: Minueto em Ré menor, BWV Anh. 132

Anton DIABELLI (1781-1858)

Das Sonatinas para piano, Op. 168:
3 – Moderato cantabile
4 – Andantino

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Das Duas Sonatinas para piano, WoO Anh. 5
5 – Sonatina em Sol maior

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)

Do Álbum para Jovens, Op. 68
6 – O Camponês Alegre
7 – O Cavaleiro Selvagem
8 – Siciliana
9 – Um Pequeno Romance
10 – São Nicolau

Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945)

Seis Danças Populares Romenas, Sz. 56
11 – Do Bastão
12 -Do Lenço
13 – Sem Sair Do Lugar
14 – Da Trompa
15 – Polka Romena
16 – Finale: Presto

Heitor VILLA-LOBOS (1887-1959)

Do Guia Prático para Piano, Primeiro Álbum:
,17 – Acordei de Madrugada
18 -A Maré Encheu
19 – A Roseira
20 -Manquinha
21 – Na Corda Da Viola

[as obras de Villa-Lobos não estão disponíveis pelos motivos aqui listados]

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)

Das Doze Peças para piano, Op. 40:
22 – No. 2: Chanson triste

Enrique GRANADOS Campiña (1867-1916)

Das Doze Danças Espanholas:
23 – No. 5, “Andaluza”

Edvard Hagerup GRIEG (1843-1907)

Das Peças Líricas, Op. 43:
24 – No. 6: “À Primavera”

Achille Claude DEBUSSY (1862-1918)

Dos Prelúdios, Primeiro Livro:
25 – No. 8: La fille aux cheveux de lin

Dmitry Dmitryievich SHOSTAKOVICH (1906-1975)

Das Danças das Bonecas, Op. 91:
26 – No. 1: Valsa Lírica
27 – No. 4: Polka
28 – No. 5: Valsa-Scherzo

Scott JOPLIN (1868-1917)
29 – The Entertainer

Arthur Moreira Lima, piano

Gravação: St. Philip’s Church, Londres, Reino Unido, 1998-99
Engenharia de som: Peter Nicholls
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo
Produção, edição e masterização: Rosana Martins Moreira Lima, na Cia. de Áudio, São Paulo, 1999.

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Volume 28: CLÁSSICOS FAVORITOS VI

Antônio CARLOS GOMES (1836-1896)
Transcrição de Nicolò Celega (1846-1906)

Da ópera Il Guarany:
1 – Protofonia

Carl Maria Friedrich Ernst von WEBER (1786-1826)

2 – Convite à Dança, Op. 65

Franz Peter SCHUBERT (1979-1828)

Dos Quatro Improvisos para piano, D. 899:
3 – No. 4 em Lá bemol maior

Jakob Ludwig Felix MENDELSSOHN Bartholdy (1809-1847)
4 – Rondo Capriccioso, Op. 14

Johannes BRAHMS (1833-1897)

Das Valsas para piano, Op. 39:
5 – No. 1 em Si maior
6 – No. 2 em Mi maior
7 – No. 3 em Sol sustenido menor
8 – No. 6 em Dó sustenido maior
9 – No. 15 em Lá bemol maior

George GERSHWIN (1898-1937)

10 – Rhapsody in Blue

Gravação: St. Philip’s Church, Londres, Reino Unido, 1999
Engenharia de som: Peter Nicholls
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo
Produção, edição e masterização: Rosana Martins Moreira Lima, na Cia. de Áudio, São Paulo, 1999.

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Volume 38: CLÁSSICOS FAVORITOS IX – TRANSCRIÇÕES CÉLEBRES

Ferenc LISZT (1811-1886)

Dos Doze Lieder de Franz Schubert, S. 558:
1 – No. 9: Ständchen

2 – Miserere du Trovatore de Giuseppe Verdi, S. 433

Do Wagner-Liszt Album:
3 – Isoldes Liebestod

4 – Liebeslied, S. 566 (baseada em Widmung, Op. 25 no. 1 de Robert Schumann)

De Années de Pèlerinage – Deuxième Année: Italie, S. 161:
5 – No. 5: Sonetto 104 del Petrarca

Johannes BRAHMS
Transcrição de Percy Grainger (1882-1961)

Das Cinco Canções, Op. 49:
6 – No. 4: Wiegenlied

Aleksandr Porfirevich BORODIN (1833-1887)
Transcrição de Felix Blumenfeld (1863-1931)

De Príncipe Igor, ópera em quatro atos:
7 – Dança Polovetsiana no. 17

George GERSHWIN
Transcrição de Percy Grainger
8 – The Man I Love

Oscar Lorenzo FERNÁNDEZ (1897-1948)
Transcrição de João de Souza Lima (1898-1982)

Da Suíte Reisado do Pastoreio:
9 – No. 3: Batuque

Arthur Moreira Lima, piano

Gravação: All Saints Church, Tooting, Londres, Reino Unido, 1999
Engenharia de som: Peter Nicholls
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo
Produção, edição e masterização: Rosana Martins Moreira Lima, na Cia. de Áudio, São Paulo, 1999

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Volume 40: CLÁSSICOS FAVORITOS X

Charles-François GOUNOD (1818-1893)

1 – Ave Maria (Meditação sobre o Primeiro Prelúdio para piano de Johann Sebastian Bach)

Johann Sebastian BACH

Da Fantasia e Fuga em Dó menor, BVW 906:
2 – Fantasia

Franz SCHUBERT

Três Valsas:
3 – Op. 9 nº 1
4 – Op. 9 nº 2
5 –  Op. 77 nº 10

Fryderyk Franciszek CHOPIN (1810-1849)

Dos Doze Estudos para piano, Op. 10:
6 – No. 3 em Mi maior

Ferenc LISZT

Dos Três Estudos de Concerto, S. 144:
7 – No. 3: Un Sospiro

Johannes BRAHMS

Dos Três Intermezzi para piano, Op. 117:
8 – No. 2 em Si bemol menor

Leopold Mordkhelovich GODOWSKY (1870-1938)

9 – Alt-Wien

Isaac Manuel Francisco ALBÉNIZ y Pascual (1860-1909)

De Chants d’Espagne, Op. 232:
10 – No. 1: Prélude (Asturias)

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)

11 – Pavane pour une infante défunte

Manuel de FALLA y Matheu (1876-1946)
Transcrição do compositor

Do balé El Sombrero de Tres Picos:
12 – Danza del Molinero

Gabriel Urbain FAURÉ (1845-1924)
Transcrição de Percy Grainger

Das Três Melodias, Op. 7:
13 – No. 1: Après un Rêve

Ludomir RÓŻYCKI (1883-1953)
Transcrição de Grigory Ginzburg (1904-1961)

14 – Valsa da Opereta Casanova

Antônio CARLOS GOMES

15 – Quem Sabe?

Arthur Moreira Lima, piano

Gravação: All Saints Church, Tooting, e Rosslyn Hill Chapel, Londres, Reino Unido, 1999
Engenharia de som: Peter Nicholls
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo
Produção, edição e masterização: Rosana Martins Moreira Lima, na Cia. de Áudio, São Paulo, 1999

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9ª parte da entrevista do pianista Arthur Moreira Lima a Alexandre Dias, em que ele abordou os seguintes tópicos, sobre sua carreira na década de 1990: concertos que tocou no morro da Mangueira e na Rocinha; período em que foi diretor da Sala Cecília Meireles; período em que foi subsecretário de cultura do estado do RJ, encarregado do interior; sua colaboração com o cantor Nelson Gonçalves; o recital que realizou juntamente com Ana Botafogo; seu disco dedicado ao compositor Brasílio Itiberê; a grande coleção de 41 CDs “Meu piano”, lançada pela Caras em 1998; a caixa de 6 CDs “MPB – Piano collection”, dedicada a Dorival Caymmi, Chico Buarque, Tom Jobim, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Roberto Carlos; disco dedicado a Astor Piazzolla, com arranjos de Laércio de Freitas

Em homenagem a Fluminense Moreira Lima, seguimos com o álbum de figurinhas dos campeões da Copa Rio de 1952. Eis o ponta-esquerda Joaquim Albino, o Quincas (1931-2000).

Vassily

Haydn / Beethoven / Mozart: Sonatas para Piano (Blechacz)

Haydn / Beethoven / Mozart: Sonatas para Piano (Blechacz)

Vocês pensam que a lua é de queijo, que o PQP é a fila da Disney, que a vida é um morango? Pois fiquem sabendo que não é nada disso, mas que hoje postamos dois CDs, ambos bastante bons de um período que se pode chamar rigorosamente de “clássico”. Postagens coerentes uma com a outra, uma raridade em nosso blog.

O polonês Blechacz é um jovem pianista — nasceu em 1985 — que é bom pra caralho e que está cheio de gravações na DG. Sua especialidade é Chopin, mas aqui ele dá um show alhures. Muito bom CD!

Haydn / Beethoven / Mozart: Sonatas para Piano (Blechacz)

Franz Joseph Haydn (1732 – 1809)
Piano Sonata in E flat, H.XVI No.52
1) 1. Allegro [7:32]
2) 2. Adagio [7:07]
3) 3. Finale (Presto) [5:30]

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)
Piano Sonata No.2 in A, Op.2 No.2
4) 1. Allegro vivace [6:23]
5) 2. Largo appassionato [7:45]
6) 3. Scherzo (Allegretto) [2:58]
7) 4. Rondo (Grazioso) [6:21]

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)
Piano Sonata No.9 in D, K.311
8) 1. Allegro con spirito [4:11]
9) 2. Andantino con espressione [6:07]
10) 3. Rondeau (Allegro) [6:41]

Rafal Blechacz, piano

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Blechacz fazendo cara de pianista

PQP

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – The Sonatas for Piano and Cello – Richter, Rostropovich

Creio que esta seja a terceira vez que estou postando este CD, que considero um de meus favoritos. A qualidade da música e dos músicos envolvidos não deixa dúvidas: esta provavelmente é uma das melhores gravações já realizadas destas obras. 

Este é um daqueles cds fundamentais em minha discoteca, um daqueles que me acompanharia se fosse para viver em uma ilha deserta. A dupla formada por Sviatoslav Richter e Mstislav Rostropovich é a minha favorita para este repertório, desde que comprei esse mesmo cd em formato de LP duplo, há uns vinte e sete anos ou mais. E ainda o tenho guardado ali no armário. Enfim, um cd fundamental, obrigatório. E tenho dito e mais não preciso dizer.

CD 1
01. No. 1- I. Adagio sostenuto – Allegro
02. No. 1- II. Rondo (Allegro vivace)
03. No. 4- I. Andante – Allegro vivace
04. No. 4- II. Adagio – Tempo d’andante – Allegro vivace
05. No. 5- I. Allegro con brio
06. No. 5- II. Adagio con molto sentimento d’affetto
07. No. 5- III. Allegro – Allegro fugato

CD 2
01. No. 2- I. Adagio sostenuto ed espressivo – Allegro molto piu tosto presto
02. No. 2- II. Rondo (Allegro)
03. No. 3- I. Allegro ma non tanto
04. No. 3- II. Scherzo (Allegro molto)
05. No. 3- III. Adagio cantabile – Allegro vivace

Sviatoslav Richter – Piano
Mstislav Rostropovich – Cello

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Rostropovich e um cachorrinho

FDPBach

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Complete Sonatas for Piano & Violin – Midori Seiler, Jos van Immerseel

Estou renovando aqui uma postagem lá de 2018, nem tão antiga assim, mas mesmo assim, muita água já passou por baixo da ponte. Vale conferir, os dois intérpretes aqui são feras e referências em seus instrumentos. Além disso, é Beethoven, pôxa, com uma abordagem ‘diferente’. 

Por que nunca nos cansamos de postar cds com obras de Beethoven? Ora, porque se trata de Beethoven … mais do que isso se torna redundante falar ou explicar.
Achei esta coleção em um velho HD externo que estava guardado já há algum tempo, e me supreendi ao ouvi-lo, não que ouvir o pianista van Immerseel ainda me supreenda, mas a sonoridade dos instrumentos, não digo apenas do pianoforte, mas o som do violino de Midori Seiler é incrível. Soa por vezes rústico, nos oferecendo um Beethoven diferente daquele que estamos acostumados a ouvir, principalmente aquelas leituras mais românticas por assim dizer.
Amo estas obras, e não canso de ouvi-las, talvez nunca canse, e esta é daquelas gravações que se possível devem ser ouvidas com um bom fone de ouvido para podermos melhor captar os detalhes da obra.
Lembro de que se trata de interpretações com instrumentos de época, com dois especialistas na área, o piano de Immerseel foi construído em 1888 e o violino de Midori é um violino barroco construido com modelo de um instrumento do século XVIII, semelhante ao utilizado por Beethoven na composição destas obras.

CD 1

01. Violin Sonata No.5 in F major, op.24 ‘Spring’ – I. Allegro
02. Violin Sonata No.5 in F major, op.24 ‘Spring’ – II. Adagio molto espressivo
03. Violin Sonata No.5 in F major, op.24 ‘Spring’ – III.Scherzo. Allegro molto
04. Violin Sonata No.5 in F major, op.24 ‘Spring’ – IV. Rondo. Allegro ma non troppo
05. Violin Sonata No.1 in D major, op.12, no.1 – I. Allegro con brio
06. Violin Sonata No.1 in D major, op.12, no.1 – II. Tema con variazoni.
07. Violin Sonata No.1 in D major, op.12, no.1 – III. Rondo. Allegro
08. Violin Sonata No.2 in A major, op.12, no.2 – I. Allegro vivace
09. Violin Sonata No.2 in A major, op.12, no.2 – II. Andante più tosto allegretto
10. Violin Sonata No.2 in A major, op.12, no.2 – III. Allegro piacèvole
11. Violin Sonata No.3 in E flat major, op.12, no.3 – I. Allegro con spirito
12. Violin Sonata No.3 in E flat major, op.12, no.3 – II.Adagio con molta espressione
13. Violin Sonata No.3 in E flat major, op.12, no.3 – III. Rondo Allegro molto

CD 2

1 Sonata No. 6 in A, Op. 30 No. 1: I. Allegro
2 Sonata No. 6 in A, Op. 30 No. 1: II. Adagio molto espressivo
3 Sonata No. 6 in A, Op. 30 No. 1: III. Allegretto con variazioni
4 Sonata No. 7 in C Minor, Op. 30 No. 2: I. Allegro con brio
5 Sonata No. 7 in C Minor, Op. 30 No. 2: II. Adagio cantabile
6 Sonata No. 7 in C Minor, Op. 30 No. 2: III. Scherzo. Allegro
7 Sonata No. 7 in C Minor, Op. 30 No. 2: IV. Finale. Allegro
8 Sonata No. 10 in G, Op. 96: I. Allegro moderato
9 Sonata No. 10 in G, Op. 96: II. Adagio espressivo
10 Sonata No. 10 in G, Op. 96: III. Scherzo. Allegro
11 Sonata No. 10 in G, Op. 96: IV. Poco allegretto – Adagio espressivo – Allegro

CD 3

1 Sonata No. 4 in A Minor, Op. 23: I. Presto
2 Sonata No. 4 in A Minor, Op. 23: II. Andante scherzoso più allegretto
3 Sonata No. 4 in A Minor, Op. 23: III. Allegro molto
4 Sonata No. 8 in G, Op. 30 No. 3: I. Allegro assai
5 Sonata No. 8 in G, Op. 30 No. 3: II. Tempo di minuetto ma molto moderato e grazioso
6 Sonata No. 8 in G, Op. 30 No. 3: III. Allegro vivace
7 Sonata « Kreutzer » No. 9 in A, Op. 47: I. Adagio sostenuto – Presto
8 Sonata « Kreutzer » No. 9 in A, Op. 47: II. Andante con variazioni
9 Sonata « Kreutzer » No. 9 in A, Op. 47: III. Presto

Midori Seiler – Violin
Jos Van Immerseel – Pianoforte

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CDS 1 E 2 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE 

FDP
 

In Memoriam Arthur Moreira Lima – Coleção Meu Piano/Três Séculos de Música para Piano – Parte 6 de 11: Volumes 4, 8, 21 e 26 (Beethoven/Mozart & Haydn/Mozart/Mozart II)

Para honrar a memória e celebrar o legado extraordinário de Arthur Moreira Lima, um dos maiores brasileiros de todos os tempos, publicaremos a integral da coleção Meu Piano/Três Séculos de Música para Piano – seu testamento musical – de 16 de julho, seu 85° aniversário, até 30 de outubro de 2025, primeiro aniversário de seu falecimento. Esta é a sexta das onze partes de nossa eulogia ao gigante.


Partes:   I   |   II   |   III   |   IV   |   V   |   VI   |   VII   |   VIII   |   IX   |     |   XI

No minuto derradeiro do concerto [no. 3] de Rachmaninoff, durante a coda, em meio ao crescendo da orquestra rumo ao apoteótico final da peça, Arthur levantou os olhos do piano e se deixou levar. Admirou entorpecido aquela deslumbrante sala lotada, como quem sonha acordado. Atrás de si, era fitado por um gigantesco retrato de Tchaikovsky. Os dedos agiam por conta própria no teclado. Nesses segundos, ele teve a dimensão do momento, a exata sensação de que uma fase de sua vida terminava, num espetacular rito, diante dos melhores do planeta. Desceu a mão com força descomunal no último acorde, levantou-se quase saltando e foi aplaudido com furor. Quase vinte minutos. Soltou um grito primal, entre lágrimas, mandando a modéstia, e o resultado do concurso, às favas:

– P***a, consegui… Eu cheguei até aqui…, repetia, enquanto se curvava em agradecimentos.


Nesse trecho de “O Piano e a Estrada” (Casa Maior Editora, 2009 – fora de catálogo, mas facilmente disponível no grande brique da interné), Marcelo Mazuras descreve a epifania que abraçou Arthur Moreira Lima nos momentos derradeiros de sua gloriosa participação no Concurso Tchaikovsky de 1970, na Grande Sala do Conservatório de Moscou. Favorito do público (“Arthur – nosso“, lembram?), aclamado pelos pares (como o gigante Emil Gilels, que o chamou de “um artista maduro, com sua própria paleta de sons” num edital do Pravda para os 250 milhões de soviéticos), e veterano de mais vivências do que parecia caber em seus recém-feitos trinta anos, nosso herói punha assim um fim a seu período formativo para dar partida no resto de sua vida.

Com duas filhas pequenas, Beatriz e Martha (um nome que é prova cabal de que a disputa com La Argerich em 1965 não deixou qualquer ressentimento, só admiração), e sem a bolsa do Ministério da Cultura da União Soviética, poderia haver alguma preocupação com carnês a pagar. Arthur, todavia, parece ter dispensado o anticlimático ritual de passagem que aflige todos os formandos, aquela memorável noite em que se vai dormir estudante e se acorda desempregado. Afinal, as muitas láureas nos concursos, aqueles moedores implacáveis de tantos bons pianistas, garantiram chuvas de convites. Seu equipamento era o melhor possível: a reputação de virtuoso jovem e carismático; mãos que coriscavam um repertório de vinte e quatro concertos e tantos quantos programas de recitais solo; um som tão russo quanto o dos grandes mestres daquela Escola; e um passaporte brasileiro que permitia uma liberdade de movimentos muito maior que a de seus colegas soviéticos, sempre amarrados por autorizações de saída, vistos de entrada e arapongas de butuca.

A supernova do piano contemplou brevemente a possibilidade de voltar ao Brasil, mas os prantos e o tilintar do chumbo que de cá ouvia disseram-lhe que não, não era ainda hora de voltar. Disposto a afinal colocar em seus bornais algo além de rublos, e já com alguns anos de gravações e concertos programados em várias repúblicas da União Soviética, Arthur escolheu então sua nova morada: seria Viena, uma metrópole tão encharcada de Arte quanto Moscou, donde poderia com facilidade lançar incursões para os dois lados da férrea Cortina.

Deu muito certo, certo até demais: sua agenda abarrotada fez seu apartamento vienense receber quase mais pernoites de colegas ilustres, como o amigo Emil Gilels e a supracitada Martha Argerich, que dele próprio. Em alguns anos, talvez saudoso de algo do calor e da radiação ultravioleta de sua São Sebastião natal, o carioca zarparia para Barcelona, acompanhando a esposa, a diplomata e pianista Eliana. Mal conseguiu gastar os solados das chinelas catalãs, ocupadíssimo que estava com intensas turnês. Numa delas, num dia de clima especialmente miserável na brumenta Glasgow, rodeado por escoceses de sotaque tão espesso que não conseguia entender, enfim perguntou-se:

– O que eu tô fazendo aqui???

A grande ficha caíra. No final da Década de Sangue e Chumbo, o Brasil estava cada vez mais a chamar de volta sua tanta gente que partira em aviões e rabos de foguete. Nosso herói, enfim, atenderia seu chamado, não sem antes iniciar uma guinada de repertório e rumos que culminaria, anos mais tarde, na boleia dum caminhão-teatro, com o mais épico capítulo da história do Piano Brasileiro.


ARTHUR MOREIRA LIMA – MEU PIANO/TRÊS SÉCULOS DE MÚSICA PARA PIANO
Coleção publicada pela Editora Caras entre 1998-99, em 41 volumes
Idealizada por Arthur Moreira Lima
Direção artística de Arthur Moreira Lima e Rosana Martins Moreira Lima


Volume 4: BEETHOVEN – SONATAS FAMOSAS

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sonata para piano no. 8 em Dó menor, Op. 13, “Patética”
1 – Grave – Allegro di molto e con brio
2 – Andante cantabile
3 – Rondo: Allegro

Sonata para piano no. 14 em Dó sustenido menor, Op. 27 no. 2, “Luar”
4 – Adagio sostenuto
5 – Allegretto
6 – Presto agitato

Sonata para piano no. 23 em Fá menor, Op. 57, “Appassionata”
7 – Allegro assai
8 – Andante con moto
9 – Allegro ma non troppo

Arthur Moreira Lima, piano

Gravação: St. Philip’s Church, Londres, Reino Unido, 1997
Engenheiro de som: Peter Nicholls
Idealização e direção musical: Arthur Moreira Lima
Idealização, direção musical, produção e edição: Rosana Martins Moreira Lima
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo
Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima

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Volume 8: MOZART & HAYDN

Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)

Concerto para piano e orquestra n° 22 em Mi bemol maior, K. 482
1 – Allegro (cadenza: Arthur Moreira Lima)
2 – Andante
3 – Allegro (cadenza: Arthur Moreira Lima)

Franz Joseph HAYDN (1732-1809)

Concerto para piano e orquestra em Sol maior, Hob. XVIII:4
4 – Allegro moderato
5 – Adagio
6 – Rondo: Presto

Arthur Moreira Lima, piano
Orquestra de Câmara de Moscou
Rudolf Barshai, regência

Gravações: Estúdio no. 1 da Rádio de Moscou, União Soviética, 1971 (Mozart) e 1974 (Haydn)
Engenheiro de som: Igor Veprintsev
Produção: Larysa Abelyan
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo
Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima, na Cia. de Áudio, São Paulo, 1998.

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Volume 21: MOZART – SONATAS CÉLEBRES

Wolfgang Amadeus Mozart

Sonata para piano em Lá menor, K. 310
1 –  Allegro maestoso
2 -Andante cantabile con espressione
3 – Presto

Sonata para piano em Fá maior, K. 332
4 – Allegro
5 – Adagio
6 – Allegro assai

Sonata para piano em Ré maior, K. 576
7 – Allegro
8 – Adagio
9 – Allegretto

Arthur Moreira Lima, piano

Gravação: Rosslyn Hill Chapel, Hampstead, Londres, Reino Unido, 1999
Engenheiro de som: Peter Nicholls
Idealização e direção musical: Arthur Moreira Lima
Idealização, direção musical, produção e edição: Rosana Martins Moreira Lima
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo
Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima

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Volume 26: MOZART II

Wolfgang Amadeus MOZART

Concerto para piano e orquestra n° 23 em Lá maior, K. 488
1 – Allegro
2 – Adagio
3 – Allegro assai

Rondó em Ré maior para piano e orquestra, K. 382
4 – Allegretto grazioso

Arthur Moreira Lima, piano
Orquestra de Câmara de Moscou
Rudolf Barshai, regência

Gravações: Estúdio no. 1 da Rádio de Moscou, União Soviética, 1971
Engenheiro de som: Igor Veprintsev
Produção: Larysa Abelyan
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo
Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima

Sonata para piano em Lá menor, K. 331
5 – Andante grazioso – Tema con variazioni
6 – Menuetto
7 – Alla turca: Allegretto

Gravação: Rosslyn Hill Chapel, Hampstead, Londres, Reino Unido, 1999
Engenheiro de som: Peter Nicholls
Idealização e direção musical: Arthur Moreira Lima
Idealização, direção musical, produção e edição: Rosana Martins Moreira Lima
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo
Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima, na Cia. de Áudio, São Paulo, 1998.

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Dentro da insana agenda de Arthur como astro internacional nos anos 70, destaca-se sua relação muito especial com o Japão. A notória devoção japonesa ao Chopin polonês – que outro país do mundo tem uma Revista Chopin mensal? – converteu-se, naturalmente, em muito apetite pela arte do Chopin de Estácio, que voltaria ao país por doze anos consecutivos, legando-nos, entre outros, estes frutos colhidos do pomar do – quem mais? – Instituto Piano Brasileiro:



Um primoroso LP da Denon/Nippon Columbia (1976) com som imaculado e uma leitura das valsas de Chopin ainda melhor que sua outra, lançada na década seguinte.


Um dos recitais da maratona (doze concertos em vinte dias) da primeira visita de Arthur ao Japão, em 1976, que também rendeu o álbum acima.



Outro álbum primoroso da Denon/Nippon Columbia, totalmente dedicado a Chopin (1978)



Outro recital, de inda outra maratona japonesa, no mesmo 1984 em que Arthur fez sua gravação legendária do Rach 3.


Shopan wa suki desu ka?

 


“6ª parte da entrevista do pianista Arthur Moreira Lima a Alexandre Dias, em que ele falou sobre o disco de Chopin que gravou pela Marcus Pereira em 1976, sua ligação com o Japão nesta época, e o novo repertório que passou a explorar nesta época, ligando-se a músicos populares, incluindo músicos de choro, como Época de Ouro e Waldir Azevedo. Comentou sobre como foi sua volta ao Brasil, em meio a uma plena carreira internacional de sucesso, falou sobre outros LPs que gravou pela Marcus Pereira e Kuarup, e sobre sua admiração por Radamés Gnattali, com quem teve bastante contato, chegando a gravar e estrear obras suas. Por fim, falou sobre sua admiração por outro grande mestre, o Laércio de Freitas, que fez os arranjos de músicas de Piazzolla que Arthur depois gravou em disco.”

 

 

Em homenagem a Fluminense Moreira Lima, seguimos com o álbum de figurinhas dos campeões da Copa Rio de 1952. Na imagem, o  imberbe lateral-esquerdo João Ferreira, vulgo Bigode (1922-2003). Escalado para a infame tarefa de marcar Alcides Ghigghia no Maracanazo de 16 de julho de 1950, só não foi mais massacrado pela opinião pública que o arqueiro Barbosa após o tento da virada uruguaia. A conquista da Copa Rio, em 1952, foi sua redenção no mesmo gramado que antes o condenara – e, não, não encontrei qualquer imagem do moço com o adereço piloso homônimo.

Vassily

Beethoven (1770-1827): Grande Fuga e Quarteto Op. 132 (Narratio Quartet)

Beethoven (1770-1827): Grande Fuga e Quarteto Op. 132 (Narratio Quartet)

Um muito querido amigo montou este CD para mim com duas obras da caixa de 4 CDs ao lado. O disco ficou assim: inicia pela Grande Fuga e termina com o Op. 132, o meu quarteto preferido. Acho que o amigo sabia do meu amor pelo Op. 132 e por certas interpretações da Grande Fuga. Porém, quando o ouvi pela primeira vez, achei que era o Quarteto Op. 130, mais ligado à Grande Fuga, ou seja, não reconheci meu lindo quartetão. Também pudera, era outra música — os holandeses do Narratio Quartet usam instrumentos de época para se aproximarem da sonoridade histórica dos séculos XVIII-XIX. Então, eles tocam os quartetos de Beethoven com cordas de tripa e os arcos típicos do século XIX. Também aplicam práticas de interpretação historicamente informadas: comedidos vibrati, uso de deslizamento entre notas, tempos mais flexíveis e articulação que busca lembrar como se tocava na época de Beethoven. Até aí, tudo bem, só que sei lá. Tanto sei lá que meus ouvidos discordariam da hipotética frase “Narratio Quartet toca Beethoven como se estivéssemos em 1820”. Por exemplo, o último movimento do 132 é um Allegro Appassionato que me pareceu incompatível com a forma de narração adotada pelos meninos do quarteto (sim, escrevi “Tempos mais flexíveis” ali atrás, não sou tão trouxa). São muitas vírgulas e travessões num texto que deve fluir como uma dança, na minha opinião. O som é sempre lindo mas algumas escolhas parecem meio malucas. Não tenho nada contra, só que às vezes não dá certo. E às vezes dá, pois há momentos realmente lindos, como em alguns trechos do Fugão e do imenso movimento central do 132. Vale muito conferir.

Beethoven (1770-1827): Grande Fuga e Quarteto Op. 132 (Narratio Quartet)

1 Grande Fuga, Op.133

2 String Quartet Op. 132 in A Minor – I. Assai sostenuto. Tempo Allegro
3 II. Allegro ma non tanto
4 III. Heiliger Dankgesang eines Genesenen an die Gottheit, in der lydischen Tonart
5 V. Alla marcia, assai vivac
6 V. Allegro appassionato

Narratio Quartet:
Johannes Leertouwer, violin (Antonius et Hieronymus Fr. Amati, Cremona 1619)
Franc Polman, violin (Pieter Rombouts, Amsterdam ca. 1690)
Viola de Hoog, cello (Giovanni Battista Guadagnini, Milan ca. 1750, on loan from NMF)
Dorothea Vogel, viola (Ludovico Rastelli, Genoa, ca. 1800)

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O nome da violoncelista é Viola. Essa escapou por pouco.

PQP

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Os 5 Concertos para Piano (Pletnev)

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Os 5 Concertos para Piano (Pletnev)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Apenas pelo fato de serem os cinco concertos para piano de Beethoven já seria imperdível. Só que devemos somar a isso o fato de estarmos frente uma gravação que é um belo petardo desferido pela Deutsche Grammophon em 2007 e que agora chega aos privilegiados ouvidos pequepianos. Pletnev, Gansch e a Orquestra Nacional russa realizam um prodígio que você deve ouvir. Pletnev é um pianista de pianistas, um cara efetivamente genial. Trata-se de um gênio renascentista — pianista, maestro, compositor e empreendedor cultural, foi ele quem fundou a Orquestra Nacional Russa em 1990 — a primeira orquestra independente do Estado pós-URSS. Sua técnica é assombrosa: seu piano combina delicadeza impressionista com potência romântica, sempre com gestos minimalistas, seja ao piano, seja regendo. Suas interpretações são sempre uma mistura de profundidade intelectual e emoção crua.

Os discos saíram assim: o primeiro com os concertos 1 e 3, o segundo com os 2 e 4 e o terceiro com o quinto. PQP pôs na ordem para vocês. Os três últimos são registros de gravações ao vivo em que havia — sim, sei, lugar-comum — eletricidade no ar.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827):
Os Concertos para Piano (completo)

Piano Concerto No.1 in C major, Op.15
1) 1. Allegro con brio [13:37]
2) 2. Largo [10:19]
3) 3. Rondo (Allegro scherzando) [8:49]

Piano Concerto No.2 in B flat major, Op.19
1) 1. Cadenza: Ludwig van Beethoven [13:45]
2) 2. Adagio [8:28]
3) 3. Rondo (Molto allegro) [6:11]

Piano Concerto No.3 in C minor, Op.37
4) 1. Allegro con brio [15:55]
5) 2. Largo [8:58]
6) 3. Rondo (Allegro) [9:58]

Piano Concerto No.4 in G, Op.58
4) 1. Allegro moderato [19:29]
5) 2. Andante con moto [5:02]
6) 3. Rondo (Vivace) [10:31]

Piano Concerto No.5 in E flat major Op.73 -“Emperor”
1) 1. Allegro [20:03]
2) 2. Adagio un poco mosso [7:17]
3) 3. Rondo (Allegro) [10:26]

Mikhail Pletnev
Russian National Orchestra
Christian Gansch

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Mikhail Pletnev dando uma canja no Concertgebouw de Amsterdam

PQP

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas, Op. 101 & 106 "Hammerklavier" (Uchida)

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas, Op. 101 & 106 "Hammerklavier" (Uchida)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Uma gravação totalmente pessoal da Hammerklavier. Aqui, o trabalho de marcenaria fica mais claro, seja lá o que isso quiser dizer. Uchida não nos oferece uma versão limpinha, mas parece nos dizer “olhem o que este doido varrido inventou aqui”, “sintam como eu tenho que trabalhar aqui” ou “notem como esta fuga é diabólica”. Nada disso fica feio ou desmerece a sonata ou a pianista — que é tão grande ou maior que Nelson Freire, só para compará-la com quem foi postado ontem também interpretando Beethoven — , mas surpreende pela crueza. Eu adorei este disco, apaixonei-me perdidamente.

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas, Op. 101 & 106 “Hammerklavier” (Uchida)

1. Piano Sonata No.28 in A, Op.101 – 1. Etwas lebhaft und mit der innigsten Empfindung (Allegretto ma non troppo) 5:00
2. Piano Sonata No.28 in A, Op.101 – 2. Lebhaft, marschmäßig (Vivace alla marcia) 6:32
3. Piano Sonata No.28 in A, Op.101 – 3. Langsam und sehnsuchtsvoll (Adagio ma non troppo, con affetto) 10:52

4. Piano Sonata No.29 in B flat, Op.106 -“Hammerklavier” – 1. Allegro 11:25
5. Piano Sonata No.29 in B flat, Op.106 -“Hammerklavier” – 2. Scherzo (Assai vivace – Presto – Prestissimo – Tempo I) 2:42
6. Piano Sonata No.29 in B flat, Op.106 -“Hammerklavier” – 3. Adagio sostenuto 19:49
7. Piano Sonata No.29 in B flat, Op.106 -“Hammerklavier” – 4. Largo – Allegro risoluto 12:24

Mitsuko Uchida, piano

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Baixou o santo em Mitsuko Uchida!

PQP

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano Op. 27/2 “Moonlight”, Op. 53 “Waldstein”, Op. 81a “Les adieux” & Op. 110 (Freire)

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano Op. 27/2 “Moonlight”, Op. 53 “Waldstein”, Op. 81a “Les adieux” & Op. 110 (Freire)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Sabe aquele disco perfeito, sem falhas? Uma Waldstein tão boa quanto a de Pollini, uma Les adieux que é melhor nem comentar, uma 110 verdadeiramente estupenda e uma Ao Luar para incrementar as vendas. Dizer o mais quê?

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano Op. 27/2 “Moonlight”, 53 “Waldstein”, 81a “Les adieux” & 110 (Freire)

1. Piano Sonata No.21 in C, Op.53 -“Waldstein” – 1. Allegro con brio 9:29
2. Piano Sonata No.21 in C, Op.53 -“Waldstein” – 2. Introduzione (Adagio molto) 3:47
3. Piano Sonata No.21 in C, Op.53 -“Waldstein” – 3. Rondo (Allegretto moderato – Prestissimo) 9:12

4. Piano Sonata No.26 in E flat, Op.81a -“Les adieux” – 1. Das Lebewohl (Adagio – Allegro) 6:26
5. Piano Sonata No.26 in E flat, Op.81a -“Les adieux” – 2. Abwesendheit (Andante espressivo) 3:22
6. Piano Sonata No.26 in E flat, Op.81a -“Les adieux” – 3. Das Wiedersehn (Vivacissimamente) 5:11

7. Piano Sonata No.31 in A flat, Op.110 – 1. Moderato cantabile molto espressivo 6:15
8. Piano Sonata No.31 in A flat, Op.110 – 2. Allegro molto 2:00
9. Piano Sonata No.31 in A flat, Op.110 – 3a. Adagio ma non troppo 3:19
10. Piano Sonata No.31 in A flat, Op.110 – 3b. Fuga (Allegro ma non troppo) 6:59

11. Piano Sonata No.14 in C sharp minor, Op.27 No.2 -“Moonlight” – 1. Adagio sostenuto 5:26
12. Piano Sonata No.14 in C sharp minor, Op.27 No.2 -“Moonlight” – 2. Allegretto 2:11
13. Piano Sonata No.14 in C sharp minor, Op.27 No.2 -“Moonlight” – 3. Presto 5:26

Nelson Freire, piano

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Esse toca alguma coisa…

PQP

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Integral das Sonatas para Violino e Piano (Mutter/Orkis)

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Integral das Sonatas para Violino e Piano (Mutter/Orkis)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Há muita discussão em torno das opções tomadas por Anne-Sophie Mutter nesta série de gravações das Sonatas Completas para Violino e Piano de Beethoven. Em alguns momentos bem determinados, ela carrega nos vibratos “apaixonados” como se não houvesse amanhã. Em outros, retorna ao normal. O que é lento ficou beeeemmm lento. Gostei muito das interpretações de algumas Sonatas e guardo restrições a algumas coisinhas. Mutter e Orkis passaram um ano dedicados exclusivamente a este repertório, dando concertos e ensaiando. (É óbvio que antes e depois seguiram eventualmente com Beethoven, super-compositor incontornável). O resultado é geral é muito bom. Mas o que surpreende mesmo é a coragem de Mutter de aventurar-se em versões imaginativas de um repertório ultra solidificado em nossas memórias. Se fosse um ser humano menor, gravaria conforme faz o main stream e ganharia rios de dinheiro. Escolheu ser original. Incomodou os conservadores. Acho digno.

O estilo livre adotado caiu muito bem na Sonata Kreutzer, não tem bem na Primavera e maravilhosamente no Op. 30 e 96. Vale a pena ouvir. Nem que seja para depois falar mal.

beethoven-mutter-orkisLudwig van Beethoven (1770-1827): Integral das Sonatas para Violino e Piano (Mutter/Orkis)

CD 1

Sonate No. 1 D-Dur Op. 12 No. 1 In D-Major (22:14)
1.1 1. Allegro Con Brio 9:20
1.2 2. Tema Con Variazioni. Andante Con Moto (Var. I-IV) 7:42
1.3 3. Rondo. Allegro 5:10

Sonate No. 2 A-Dur Op. 12 No. 2 In A Major (17:42)
1.4 1. Allegro Vivace 6:50
1.5 2. Andante Più Tosto Allegretto 5:15
1.6 3. Allegro Piacévole 5:37

Sonate No. 3 Es-Dur Op. 12 No. 3 In E Flat Major (19:11)
1.7 1. Allegro Con Spirito 8:38
1.8 2. Adagio Con Molta Espressione 6:12
1.9 3. Rondo. Allegro Molto 4:21

CD 2

Sonate No. 4 A-Moll Op. 23 In A Minor (17:53)
2.1 Presto 9:06
2.2 Andante Scherzoso, Più Allegretto 8:47
2.3 Allegro Molto 5:58

Sonate No. 5 F-Dur Op. 24 “Frühlings-Sonate” (25:22)
2.4 1. Allegro 10:34
2.5 2. Adagio Molto Espressivo 5:57
2.6 3. Scherzo. Allegro Molto 1:22
2.7 4. Rondo. Allegro Ma Non Troppo 7:29

2.8 Allegro G-Dur (5 Pieces For Mechanical Clock WoO 33: No. 3) 2:18

CD 3

Sonate No. 6 A-Dur Op. 30 No. 1 In A Major (23:48)
3.1 1. Allegro 8:25
3.2 2. Adagio Molto Espressivo 7:07
3.3 3. Allegretto Con Variazioni (I-VI) 8:16

Sonate No. 7 C-Moll Op. 30 No. 2 In C Minor (26:44)
3.4 1. Allegro Con Brio 8:30
3.5 2. Adagio Cantabile 9:09
3.6 3. Scherzo. Allegro – Trio 3:35
3.7 4. Finale. Allegro – Presto 5:30

Sonate No. 8 G-Dur Op. 30 No. 3 In G Major (20:16)
3.8 1. Allegro Assai 6:53
3.9 2. Tempo Di Minuetto, Ma Molto Moderator E Grazioso 9:35
3.10 3. Allegro Vivace 3:48
3.11 Contretanz B-Dur In B Flat Major. Contretanz Es-Dur (12 Contretänze Für Orchester WoO 14: Nos. 4 & 7) 1:50

CD 4

Sonate No. 9 A-Dur Op. 47 “Kreutzer-Sonate” In A Major (43:56)
4.1 1. Adagio Sostenuto – Presto 15:19
4.2 2. Andante Con Variazioni (I-IV) 18:14
4.3 3. Presto 10:23

Sonate No. 10 G-Dur Op. 96 In G Major (29:13)
4.4 1. Allegro Moderato 11:27
4.5 2. Adagio Espressivo 6:11
4.6 3. Scherzo. Allgro – Trio – Coda 1:58
4.7 4. Poco Allegretto – Adagio Espressivo – Tempo I 9:37

4.8 Menuett G-Dur (6 Menuette Für Orchester WoO 10: No. 2) 3:24

Violin – Anne-Sophie Mutter
Piano – Lambert Orkis

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"Às vezes, gosto de ser diferente"
“Às vezes, gosto de ser diferente”

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In Memoriam Arthur Moreira Lima – Coleção Meu Piano/Três Séculos de Música para Piano – Parte 4 de 11: Volumes 13, 14, 31 & 34 (A Grande Escola Russa/Rachmaninov/Dois Retratos da Rússia/Meu Tchaikovsky Preferido)

Para honrar a memória e celebrar o legado extraordinário de Arthur Moreira Lima, um dos maiores brasileiros de todos os tempos, publicaremos a integral da coleção Meu Piano/Três Séculos de Música para Piano – seu testamento musical – de 16 de julho, seu 85° aniversário, até 30 de outubro de 2025, primeiro aniversário de seu falecimento. Esta é a quarta das onze partes de nossa eulogia ao gigante.


Partes:   I   |   II   |   III   |   IV   |   V   |   VI   |   VII   |   VIII   |   IX   |   X   |   XI

– Mais de duzentos milhões de seres humanos falam russo. Só uns poucos tocam bem piano. Não deve ser difícil aprender russo.

Com essa voadora à queima-roupa, recebida como resposta à sua preocupação com o aprendizado do idioma do país ao qual acabara de chegar, Arthur Moreira Lima Júnior foi devidamente apresentado a Rudolf Rikhardovich Kerer (doravante Kehrer), para cuja classe fora designado durante os cinco anos de sua bolsa no Conservatório Pyotr Ilyich Tchaikovsky de Moscou, sob os auspícios do Ministério da Cultura da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, no ano da graça de 1963.

Ao mostrar-lhe a caixa de ferramentas, à maneira do que o famigerado beque Gum faria no Fluminense de quatro décadas depois, Kehrer apresentava o recém-chegado ao modus russicus. No entanto, e por mais dura que imaginássemos a adaptação do carioca bonachão ao planeta soviético, com todas cores tragicômicas das histórias de peixes fora d’água, nosso herói a tirou de letra. Safo, flexível e de ouvido afiado, Arthur Arthurovich transpôs com rapidez as temidas dificuldades de adaptação a território, cultura e idioma. Não tardou para que o novo moscovita estivesse, sob temperaturas dúzias de graus abaixo daquelas de seu habitat, a desfrutar muito a experiência mais decisiva de sua vida – e também, naturalmente, a jogar muita conversa fora po-russki.

Arthur Arthurovich e Rudolf Rikhardovich: sempre no limiar entre a lição e o entrevero.

Enquanto o Brasil marchava para suas décadas de sangue e chumbo, a União Soviética experimentava um minúsculo relaxamento de tensões. Ainda que todas paredes enxergassem, que qualquer moita tivesse muitos ouvidos, e que a Guerra Fria tivesse ebulido com a Crise dos Mísseis do ano anterior, os níveis de paranoia na Moscou de Khruschev eram baixos o suficiente para que a fauna humana vinda do exterior fosse recebida com curiosidade e acolhimento.  Ciente de sua posição privilegiada dentro dum regime que controlava todas as instâncias da sociedade, Arthur guardava para si suas críticas e, driblando sensores e censores, aproveitou o que o Regime de melhor tinha a lhe oferecer. O transporte público milagrosamente eficiente e a segurança agradaram-lhe tanto quanto o pervasivo senso de coletividade em tudo e de todos. Mesmo no mítico Conservatório, possivelmente o maior centro formador de músicos do seu tempo, o que em outras paragens seria um ambiente propício a canibalismo entre concorrentes era, na prática, imbuído tão só de camaradagem. Os colegas estudavam juntos, ajudavam-se, retroalimentavam-se, sem vislumbres da competitividade entre pianistas, que Arthur adorava comparar à dos jóqueis nos saudosos páreos da Gávea. Sua maior satisfação, por certo, era com formação holística oferecida aos estudantes. Muito além da Música e de sua História, eles eram instruídos num amplo escopo de disciplinas, da Economia à Política, com doses generosas da doutrina que fundamentava o onipresente Regime. As dezenas de salas do Conservatório vertiam música em todas as vozes e instrumentos, e de suas portas saíam figuras legendárias – gente do naipe de Gilels, de Rostropovich, de Oistrakh – a formarem, por trás delas, novas lendas.

Naquela usina de pianistas em que até os faxineiros assoviavam Rachmaninov, no cerne da então Capital de Todas as Rússias, ninguém o marcaria mais que Rudolf Kehrer. Admirado expoente da Grande Escola Russa, Kehrer incutiu-lhe com eficiência seus fundamentos e prática, que muito divergiam da Escola de Liszt – que fora professor do professor de dona Lúcia Branco – e da Escola Francesa de Mme. Marguerite Long. Os incontáveis arranca-rabos, que Arthur contaria às gargalhadas aos amigos pelo resto da vida, até que foram poucos, se levarmos em conta as culturas e temperamentos diametralmente opostos. Era óbvio ao mestre que o pupilo era uma gema rara, e o talentoso aprendiz sorvia as lições por todas suas terminações nervosas. O resultado não tardou: o pianismo do moço ficou russíssimo, mais russo que os próprios russos (e aqui citamos o crítico e tradutor Irineu Franco Perpétuo, “he outrusses the Russians”). Não perderei tempo tentando convencê-los disso com inda mais verborreia – apenas ouçam, por exemplo, a gravação do Concerto no. 3 de Rachmaninov que incluímos nessa postagem, uma das maiores que existem para essa obra icônica. Ou, talvez, esses Quadros de uma Exposição de Mussorgsky, gravados na Grande Sala do Conservatório de Moscou, seguidos dos Prelúdios de Chopin e de nada menos que OITO peças de bis (porque, sim, recitais mastodônticos são especialidades da Grande Escola Russa)…

 

… ou esse outro recital-maratona, com duas sonatas de Chopin, a integral de suas valsas, e mais alguns punhados de bis:

 

Quem ainda não se convenceu poderá mudar de ideia com esse incrível combo Schubert + Barber…

.

.. ou com essa gravação feita pelo próprio Kehrer da plateia, talvez o ponto alto do pianorrussismo de Arthur Arthurovich, com uma Rapsódia Espanhola antológica, a melhor que já ouvi:

Rudolf Rikhardovich, o Estoico, só sorriria uma vez para Arthur. Foi na mesma tarde em que, após concluir os cinco anos de estudos sob sua supervisão, o mais meridional de seus pupilos o recebeu em seu apartamento e lhe tocou a Sonata de Liszt – ao que o mestre, notório por nunca elogiar os alunos, por acreditar que a bajulação era danosa à formação de artistas, então tascou:

– Isso foi muito bonito.

E deve ter sido, pois Kehrer convidou Arthur para ser seu assistente na cátedra de piano. Por três anos, sempre o titular viajava, quem assumia suas classes era um carioca de Estácio que, em russo fluente, ensinava pianistas russos como tocar mais russamente que os próprios russos.

Isso é russo o bastante? Para Arthur, ainda não. Sempre mais atento à voz do povo que às academias, ele receberia sua certidão definitiva junto com outro sorriso difícil de conquistar: o daquela rubicunda babushka que, depois de mais um recital abarrotado, veio cumprimentá-lo com um singelo:

–  Artur ― nash!

“Arthur é nosso”. E é deles, sim – tanto quanto orgulhosamente nosso. ❤️

 


ARTHUR MOREIRA LIMA – MEU PIANO/TRÊS SÉCULOS DE MÚSICA PARA PIANO
Coleção publicada pela Editora Caras entre 1998-99, em 41 volumes
Idealizada por Arthur Moreira Lima
Direção artística de Arthur Moreira Lima e Rosana Martins Moreira Lima


Volume 13: A GRANDE ESCOLA RUSSA

Aleksandr Nikolayevich SCRIABIN (1872-1915)

Das Três Peças para piano, Op. 2:
1 – No. 1: Estudo em Dó sustenido menor

Oito Estudos para piano, Op. 42
2 – No. 1 em Ré bemol Maior: Presto
3 – No. 2 em Fá sustenido menor
4 – No. 3 em Fá sustenido maior: Prestissimo
5 – No. 4 em Fá sustenido maior: Andante
6 – No. 5 em Dó sustenido menor: Affanato
7 – No. 6 em Ré bemol maior: Esaltado
8 – No. 7 em Fá menor: Agitato
9 – No. 8 em Mi bemol maior: Allegro

Dos Doze Estudos para piano, Op. 8:
10 – No. 5 em Mi maior: Brioso
11 – No. 11 em Si bemol menor: Andante
12 – No. 12 em Ré sustenido menor: Patetico

Arthur Moreira Lima, piano

Gravação: Sala de Concertos “Bulgaria” em Sofia, Bulgária, 1986

Engenheiro de som: Georgi Harizanov
Produção: Nikola Mirchev
Piano Steinway & Sons, Hamburgo
Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima (1998)

 

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)

Dumka, Cena Rústica Russa em Dó menor, para piano, Op. 59
13 – Andantino cantabile

 

Sergey Sergeyevich PROKOFIEV (1891-1953)

Sonata para piano no. 2 em Ré menor, Op. 14
14 – Allegro non troppo
15 – Allegro moderato
16 – Andante
17 – Vivace

Arthur Moreira Lima, piano

Gravação: Moscou, União Soviética, 1970.
Produtor: Valentin Skoblo
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo
Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima (1998)

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Volume 14: RACHMANINOV

Sergey Vasilyevich RACHMANINOV (1873-1943)

Concerto para piano e orquestra no. 3 em Ré menor, Op. 30
1 – Allegro ma non tanto
2 – Adagio
3 – Alla breve

Arthur Moreira Lima, piano
Orquestra Sinfônica da Rádio Nacional da Polônia
Thomas Michalak, regência

Gravação: Katowice, Polônia, 1984
Produção: Thomas Frost
Engenheiro de som: Tom Lazarus
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo

Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima (1998)

Dos Dez Prelúdios para piano, Op. 23:
4 – No. 4 em Ré maior: Andante cantabile
5 – No. 5  em Sol menor: Alla marcia)

Dos Nove Études-Tableaux, Op. 39:
6 – no. 5 em Mi bemol menor: Appassionato

Arthur Moreira Lima, piano

Gravação: Sala de Concertos “Bulgaria” em Sofia, Bulgária, 1986

Engenheiro de som: Georgi Harizanov
Produção: Nikola Mirchev
Piano Steinway & Sons, Hamburgo
Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima (1998)

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Volume 31 – DOIS RETRATOS DA RÚSSIA

Modest Petrovich MUSSORGSKY (1839-1881)

Quadros de uma Exposição, para piano
1 – Promenade [I]
2 – Gnomus
3 – [Promenade II] Moderato commodo assai e con delicatezza
4 – Il Vecchio Castello
5 – [Promenade III]. Moderato non tanto, pesamente
6 – Tuileries (Dispute d’enfants après jeux)
7 – Bydło
8 – [Promenade IV]. Tranquillo
9 – Balé dos Pintinhos nas Cascas
10 – Dois Judeus Poloneses: um rico, outro pobre (Samuel Goldenberg und Schmuÿle)
11 – Promenade [V]
12 – Limoges, le marché (La grande nouvelle)
13 – Catacombæ (Sepulcrum romanum) –  Cum mortuis in lingua mortua
14 – Baba-Yaga: A Cabana sobre Pernas de Galinha
15 – A Porta de Bogatyr na Antiga Capital de Kiev

 

Sergey PROKOFIEV
Transcrição livre para piano de Tatiana Nikolayeva (1924-1993)

Suíte do Conto Sinfônico Pedro e o Lobo, Op. 67
16 – Pedro (Tema com Variações)
17 – O Passarinho
18 – O Pato
19 – O Gato
20 – O Avô de Pedro
21 – O Lobo
22 – O Sexteto Final: Todas as Personagens

Arthur Moreira Lima, piano

Gravação: Rosslyn Hill Chapel, Londres, Reino Unido, 1999
Engenheiro de som: Peter Nicholls
Produção, edição e masterização: Rosana Martins Moreira Lima
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo

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Volume 34 – MEU TCHAIKOVSKY PREFERIDO

Pyotr TCHAIKOVSKY

As Estações do Ano, Suíte para piano, Op. 37a
1 – Janeiro: Junto à Lareira
2 – Fevereiro: Carnaval
3 – Março: O Canto da Cotovia
4 – Abril: Flor da Primavera
5 – Maio: Noites Brancas
6 – Junho: Barcarola
7 – Julho: O Canto do Ceifeiro
8 – Agosto: Colheita
9 – Setembro: Caça
10 – Outubro: O Canto do Outono
11 – Novembro: Troika
12 – Dezembro: Natal

Pyotr TCHAIKOVSKY
Transcrições de Arthur Moreira Lima (1940-2024)

Quatro Romances para piano
13 – Apenas Um Coração Solitário, Op. 6 No. 6
14 – Ode às Florestas, Op. 47 No. 5
15 – Janela Escancarada, Op. 63 No. 2
16 – Sozinho outra Vez, Op. 73 No. 6

Pyotr TCHAIKOVSKY

Das Seis Peças para piano, Op. 51
17 – No. 6: Valsa Sentimental

Arthur Moreira Lima, piano

Gravação: Rosslyn Hill Chapel, Londres, Reino Unido, 1999
Engenheiro de som: Peter Nicholls
Produção, edição e masterização: Rosana Martins Moreira Lima
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo

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“4ª parte da entrevista do pianista Arthur Moreira Lima a Alexandre Dias, em que ele falou sobre algumas filmagens raras que está encontrando em seu acervo, que incluem seu programa apresentado na Manchete na década de 1980. Depois relembrou o recital de Arnaldo Estrella a que assistiu em Moscou na década de 1960 e do contato que teve com ele nesta época. Mencionou um raro disco que gravou com obras de Chopin em 1969, o que acabou resultando em um convite de Arturo Michelangeli para ser um de seus alunos neste ano, e comentou o motivo que o levou a declinar. Também falou sobre russos célebres que conheceu na época, como Dimitri Shostakovich e Maya Plisetskaya. Depois relembrou recitais e concertos que tocou no Brasil após sua premiação no Concurso Chopin de 1965, incluindo o histórico recital em que tocou pela primeira vez no Theatro Municipal do Rio de Janeiro músicas de Ernesto Nazareth em 1966, anos antes dos discos antológicos que viria a gravar com obras deste compositor. Nesse contexto, falou sobre o contato que teve com o grande pesquisador Mozart de Araújo. Também comentou sobre quando se tornou assistente de Rudolf Kehrer depois que se formou no Conservatório de Moscou, e relembrou outros concursos de que participou na época, como o Concurso de Montreal em 1968, e o Concurso de Leeds em 1969, no qual ficou classificado em 3º lugar, e falou sobre os problemas que houve nesta edição. Também mencionou as vantagens e desvantagens de se tocar o Concerto No. 2 de Chopin em concursos.”


BÔNUS:

Nossa homenagem a Arthur abre vastos parênteses para estender nossa gratidão a seu professor, Rudolf Kehrer (1923-2013), por tudo que compartilhou com nosso herói. Nascido em Tbilisi, capital da Geórgia, Kehrer teve sua trajetória interrompida pela Segunda Guerra Mundial, quando sua família, de origem alemã, foi deportada para o Cazaquistão. Proibido de tocar piano durante o seu exílio, e autorizado a tão-só dedilhar o acordeão, manteve a destreza tanto quanto pôde tocando um teclado falso feito de um pedaço de madeira. Foi somente após a morte de Stalin, em 1953, que conseguiu retomar seus estudos no ainda remoto Conservatório de Tashkent, no Uzbequistão. Em 1961, viu sua carreira de concertista ser enfim lançada após vencer o Concurso de Toda-União em Moscou – cujo vencedor anterior fora também um brilhante pianista de origem alemã, de nome Sviatoslav Richter, e para o qual obtivera, aos 37 anos, a autorização excepcional para competir com pianistas mais jovens. Ainda proibido de se apresentar no Ocidente, assumiu uma cátedra no Conservatório de Moscou e fez muitas gravações para o selo Melodiya que, por muito tempo, só circularam pela sovietosfera. Eu as desconhecia completamente, até encontrar essa enorme coletânea da Doremi. O que ouvi derrubou meu queixo. Apesar da capinha safada, que parece ter sido feita pelo Paint duma babushka, o som é bom, e Kehrer, melhor ainda. Ainda mais que uma máquina de vencer na vida (vide seus retratos, que seriam bastantes para ilustrar todos os verbetes duma Enciclopédia do Estoicismo), ele foi um pianista MONSTRUOSO, tão imenso quanto seu repertório. É ouvir para crer.


 

CD 1

Johannes BRAHMS (1833-1897)
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Ré menor, Op. 15

Grande Orquestra Sinfônica da Rádio de Moscou
Gennady Rozhdestvensky, regência
Gravado em 1969

Sergei RACHMANINOFF
Concerto para piano e orquestra no. 2 em Dó menor, Op. 18

Orquestra Filarmônica de Moscou
Kirill Kondrashin, regência
Gravado em 1963

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CD 2

Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)
Concerto para piano e orquestra no. 21 em Dó maior, K. 467
Orquestra Filarmônica de Moscou
Viktor Dubrovsky, regência
Gravado em 1965

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Concerto para piano e orquestra no.5 em Mi bemol maior, Op. 73
Orquestra Filarmônica de Moscou
Kirill Kondrashin, regência
Gravado em 1963

Franz LISZT (1811-1881)
Valsa Mephisto no. 1, S. 514
Gravada em 1961

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CD 3

Franz LISZT
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Mi bemol maior, S. 124
Orquestra Filarmônica de Moscou
Viktor Dubrovsky, regência
Gravado em 1965

Sergei PROKOFIEV (1891-1953)
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Ré bemol maior, Op. 10
Orquestra Filarmônica de Moscou
Kirill Kondrashin, regência
Gravado em 1961

Georgy Aleksandrovich MUSHEL (1909-1989)
Concerto para piano e orquestra no. 2 em Lá menor
Orquestra Filarmônica de Moscou
Kirill Kondrashin, regência
Gravado em 1963

Wilhelm Richard WAGNER (1813-1883)
Arranjo de Franz LISZT
Abertura de “Tannhäuser”, S.442 (1848)
Gravada em 1961

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CD4

Wolfgang Amadeus MOZART

Sonata para piano em Lá menor, K. 310
Gravada em 1975

Ludwig van BEETHOVEN
Sonata para piano no. 8 em Dó menor, Op. 13, “Patética”
Sonata para piano no. 14 em Dó sustenido menor, Op. 27 no. 2, “Ao Luar”
Gravadas em 1975

Georgy Vasilyevich SVIRIDOV (1915-1998)
Sonata para piano
Gravada em 1975

Franz LISZT
Estudo Transcendental no. 10 em Fá menor, S. 139 (1852)
Gravado em 1961
Années de Pèlerinage, Livro 2, S. 161 – No. 1, “Sposalizio”
Gravado em 1975

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CD 5

Georgy SVIRIDOV
Trio para violino, violoncelo e piano
Viktor Pikaizen, violino
Lev Evgrafov, violoncelo
Gravado em 1984

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)
Estudos Sinfônicos para piano, Op. 13
Gravados em 1978
Arabesque em Dó maior para piano, Op. 18 
Gravada em 1978

Rudolf Kehrer, piano

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Любимому мастеру — с любовью ♡

 

Em homenagem a Fluminense Moreira Lima, seguimos com o álbum de figurinhas dos campeões da Copa Rio de 1952, . Eis o volante Jair Florêncio de Santana, ou, simplesmente, Jair (1929-2014).

Vassily

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Variations and Bagatelles (Glenn Gould)

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Variations and Bagatelles (Glenn Gould)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Para quem ouvia música erudita nos anos 80, este é aquele estranho álbum da CBS que trazia dois discos de vinil no mesmo “orifício”, por assim dizer. Isto é, não era um álbum de abrir, era uma capa vagabunda com dois discos dentro. Pura economia da “gravadora pobreza” que só se importava com sua maior estrela, Roberto Carlos. Porém, quem ouviu os discos, sabe o quanto eram bons. Pois esta é a reedição dele em CD. Era uma fase especialmente canora de Glenn Gould. Sua voz pode ser ouvida claramente, principalmente no primeiro CD.

Trata-se de um repertório beethoveniano que não chega a ser habitual, mas que é muito bom.

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Variations and Bagatelles
1. 32 Variations in C minor for Piano on an original theme, WoO 80: Tema. Allegretto; Var. I; Var. II
2. 32 Variations in C minor for Piano on an original theme, WoO 80: Var. III; Var IV; Var. V
3. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. VI; Var. VII; Var. VIII
4. 32 Variations in C minor for Piano on an original theme, WoO 80: Var. IX. Espressivo; Var. X; Var. XI
5. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. XII. Maggiore; Var. XIII; Var. XIV
6. 32 Variations in C minor for Piano on an original theme, WoO 80: Var. XV; Var. XVI
7. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. XVII. Minore; Var. XVIII
8. 32 Variations in C minor for Piano on an original theme, WoO 80: Var. XIX; Var. XX; Var. XXI
9. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. Xxii; Var. Xxiii; Var. Xxiv
10. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. Xxv Leggiermente; Var. Xxvi; Var. Xxvii; Var. Xxviii
11. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. Xxix; Var. XXX
12. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. Xxxi; Var. Xxxii

13. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Tema. Adagio
14. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Var. I
15. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Var. II. Allegro, ma non troppo
16. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Var. III. Allegretto
17. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Var. IV. Tempo di Minuetto
18. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Var. V. Marcia. Allegretto
19. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Var. VI. Allegretto – Coda – Adagio molto

20. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Introduzione col Basso del Tema. Allegretto vivace; a due – Poco adagio – Tempo I; a tre. – adagio – Tempo I; a quattro – Tema
21. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. I
22. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. II – Presto – Tempo I
23. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. III
24. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. IV
25. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. V
26. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. VI
27. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. VII. Canone all’ottava
28. 15 Variations With Fugue In E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. VIII
29. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. IX
30. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. X
31. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. XI
32. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. XII
33. 15 Variations With Fugue In E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. XIII
34. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. XIV. Minore
35. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. XV. Maggiore. Largo
36. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Finale Alla Fuga. Allegro con brio – Adagio – Andante con moto

1. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 1 in E-Flat Major – Andante grazioso, quasi allegretto
2. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 2 in C Major – Scherzo (Allegro)
3. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 3 in F Major – Allegretto
4. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 4 in A Major – Andante
5. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 5 in C Major – Allegro ma non troppo
6. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 6 in D Major – Allegretto, quasi andante (Con una certa espressione parlante)
7. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 7 in A-Flat Major – Presto

8. Bagatelles, Op. 126: No. 1 in G Major – Andante con moto canatbile e compiacevole
9. Bagatelles, Op. 126: No. 2 in G minor – Allegro
10. Bagatelles, Op. 126: No. 3 in E-Flat Major – Andante cantabile e grazioso
11. Bagatelles, Op. 126: No. 4 in B minor – Presto
12. Bagatelles, Op. 126: No. 5 in G Major – Quasi allegretto
13. Bagatelles, Op. 126: No. 6 in E-Flat Major – Presto; Andante amabile e con moto

Glenn Gould, piano

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Glenn Gould: tocando e cantando, como quase sempre
Glenn Gould: tocando e cantando, como quase sempre

PQP (2012)

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Quinta Sinfonia, in C Minor, op. 67, Música Incidental para Egmont, de Goethe, op. 84 – Szell, Concertgebow, Amsterdam, Wiener Philharmoniker

Postagem originalmente realizada em 2016, algumas semanas antes do falecimento do meu sogro, então a situação estava bem complicada em casa. Minha esposa tinha de se desdobrar entre cuidar do pai e ir trabalhar. Estou atualizando os links por se tratar de Georges Szell regendo Beethoven, creio que este seja um bom motivo, não acham? 

 

Hoje eu acordei ansiando por Beethoven. E meio que me veio às mãos este CD de George Szell, mas nada é por acaso. Ainda mais quando se trata da Quinta Sinfonia. Claro que corri para colocar o CD para tocar, e nos primeiros acordes da própria Quinta Sinfonia pensei comigo mesmo: era isso mesmo que eu queria ouvir nesta manhã de feriado cristão, o Corpus Christi.
Enquanto esteve frente a Sinfônica de Cleveland, George Szell era constatemente convidado para reger as mais diversas orquestras. E neste Cd temos o grande maestro húngaro à frente de duas das principais destas orquestras européias: a do Concertgebow de Amsterdam e a Filarmônica de Viena.
Aliás, temos neste CD uma obra que poucas vezes apareceu por aqui na sua íntegra, na verdade creio que nunca  a trouxemos: a música que Beethoven fez para a peça de Goethe, Egmont.
Como não poderia deixar de ser, temos dois grandes registros fonográficos, realizados nos últimos anos de vida do maestro, nos anos 60.
Para se ouvir à exaustão., afinal de contas é Beethoven, ora bolas !!!

1- Beethoven Symphony No.5 in C minor, Op.67 – I. Allegro con brio
2 – Symphony No.5 in C minor, Op.67 – II. Andante con moto
3 – Beethoven Symphony No.5 in C minor, Op.67 – III. Allegro
4 – Beethoven Symphony No.5 in C minor, Op.67 – IV. Allegro

Concertgebouw Orchestra, Amsterdam
George Szell – Conductor

5 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – I. Overture
6 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – II. Lied. Vivace ‘Die Trommel geruhret’
7 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – III. Zwischenakt I. Andante
8 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – IV. Zwischenakt II. Larghetto
9 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – V. Lied. Andante con moto ‘Freudvoll und leidvoll’
10 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – VI. Zwischenakt III. Allegro – Marcia
11 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – VII. Zwischenakt IV. Poco sostenuto e risoluto
12 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – VIII. Clarchens Tod. Larghetto
13 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – IX. Melodrama. Poco sostenuto
14 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – X. Siegessymphonie. Allegro con brio

Pilar Lorengar – Soprano
Klaus-Jürgen Wussow – Narrator
Wiener Philharmoniker

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Szell com flores
George Szell carregando flores

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Concerto para Violino, op. 61 em Ré Maior – Benedetti, Aurora Orchestra, Nicholas Collon

Desde que ouvi esse concerto para violino de Beethoven, ainda adolescente, em uma gravação de David Oistrakh, ele se tornou meu favorito. Sua longa abertura, antes da entrada do violino solista, sempre me encantou, eu tinha sempre certeza de que o que viria depois da longa introdução seria algo muito especial. Felizmente nunca me decepcionou, e nunca irei me decepcionar, ou cansar dele, depois de tantos anos ouvindo. Não tenho mais aquela gravação do Oistrakh, até hoje imbatível nesse concerto, era uma gravação do selo soviético Melodya, que ganhei de meu irmão, e que ele pegou de volta depois de alguns anos.

Longe de querer comparar Oistrakh com a jovem e brilhante violinista escocesa Nicola Benedetti, a essência da música de Beethoven sempre estará presente, mesmo quando interpretadas por conjuntos musicais menores, e intérpretes de novas gerações. Essa música é atemporal, tenho certeza de que mesmo daqui a 1000 anos ainda será interpretada, não sei de que forma, e continuará cativando novos ouvintes.

Para esta gravação,  Benedetti optou por escolher a incrível cadenza escrita pelo próprio Beethoven, revolucionária em sua construção e concepção:

No primeiro movimento, a música é baseada na cadência que Beethoven escreveu para seu próprio arranjo deste Concerto para Violino como Concerto para Piano. Beethoven a abordou de uma forma verdadeiramente revolucionária, incorporando uma parte de tímpanos à textura, transformando sua cadência em um diálogo entre o pianista e o timpanista. (Livremente traduzido, texto retirado da apresentação do disco no site da própria orquestra).”

Também de acordo com o texto do site da orquestra, a violinista não se utilizou de partituras, apenas da memória, de tantas vezes que estudou essa obra. Isso lhe permitiu improvisar, e o resultado soa muito interessante, principalmente no Rondo final.

01. Beethoven- Violin Concerto in D Major, Op. 61- I. Allegro ma non troppo (Cadenza- Benedetti & Limonov)
02. Beethoven- Violin Concerto in D Major, Op. 61- II. Larghetto
03. Beethoven- Violin Concerto in D Major, Op. 61- III. Rondo. Allegro (Cadenza- Benedetti & Limonov)

Nicola Benedetti – Violino
Aurora Orchestra
Nicholas Collon – Diretor

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W. A. Mozart (1756-1791): Sinfonia Nº 40, K. 550 e L. v. Beethoven (1770-1827): Sinfonia Nº 1, Op. 21 (Orch. of 18th Century, Brüggen)

W. A. Mozart (1756-1791): Sinfonia Nº 40, K. 550 e L. v. Beethoven (1770-1827): Sinfonia Nº 1, Op. 21 (Orch. of 18th Century, Brüggen)

Não encontrei resquício deste CD na minha cedeteca, mas posso afirmar que ele existe(iu) não somente em CD mas no formato LP (Philips 416 329) e fita cassete… É muito bom, tenho o LP em casa. Ah, este eu achei. É da época em que era meio escandaloso utilizar instrumentos originais fora da música estritamente barroca. Hoje, não surpreende mais ninguém. Encontrei este arquivo mp3 perdido no computador. A surpresa causada pelas abordagens do pessoal dos instrumentos originais a Beethoven pode ser medida por este artigo de 16/03/1986, publicado no New York Times: HERE COMES THE ‘AUTHENTIC’ MUSIC OF BEETHOVEN.

W. A. Mozart (1756-1791): Sinfonia Nº 40, K. 550 e L. v. Beethoven (1770-1827): Sinfonia Nº 1, Op. 21 (Orch. of 18th Century, Brüggen)

01. Mozart No. 40, K. 550, Molto allegro
02. Mozart No. 40, K. 550, Andante
03. Mozart No. 40, K. 550, Menuetto (Allegretto)
04. Mozart No. 40, K. 550, Allegro assai

05. Beethoven No. 1, Op. 21, Adagio molto – Allegro con brio
06. Beethoven No. 1, Op. 21, Andante cantabile con moto
07. Beethoven No. 1, Op. 21, Menuetto (Allegro molto e vivace)
08. Beethoven No. 1, Op. 21, Finale (Adagio – Allegro molto e vivace)

The Orchestra of the Eighteenth Century
Frans BRÜGGEN

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Brüggen teve cabelo até morrer (1934-2014). Eu tenho poucos. Injustiça…

PQP

In Memoriam Arthur Moreira Lima – Coleção Meu Piano/Três Séculos de Música para Piano – Parte 1 de 11: Volumes 1, 3 & 12 (Clássicos Favoritos I, II & III)

Arthur Moreira Lima, um dos maiores brasileiros de todos os tempos (e percebam que nem mencionei seu instrumento!), completaria hoje 85 anos. Para celebrar seu legado extraordinário e honrar sua memória, publicaremos a integral da coleção Meu Piano/Três Séculos de Música para Piano – seu testamento musical – de hoje até 30 de outubro, primeiro aniversário de seu falecimento. Esta é a primeira das onze partes de nossa eulogia ao gigante.

Partes:     |   II   |   III   |   IV   |   V   |   VI   |   VII   |   VIII   |   IX   |   X   |   XI


Se me perguntassem qual minha primeira memória de Arthur Moreira Lima, eu provavelmente lhes diria que ela é tão remota quanto a que eu tenho de um pianista. Nasci sob o Terror e cresci entre os ventos da Abertura que traziam de volta quem partira em rabos de foguete. Em minha casa ouvia-se muita música – nenhuma que atraísse cassetetes, e quase sempre daquela prevalente em elevadores e consultórios odontológicos. Ainda assim, era música bastante para que a aparição de um pianista na tela da TV, daquelas de antenas finamente ajustadas com palha de aço, não fosse sumariamente rechaçada por uma mudança de canal para a novela da vez. E o pianista, bem, ele era sempre o mesmo: aquele tipo de perfil pontiagudo, olhos a um só tempo alheios e dardejantes, de postura algo gibosa ao teclado e a drapejar sua cabeleira enquanto debulhava com os dedos coisas que eu não imaginava possíveis a mim, menino telespectador. Ele tocava de tudo, e em todo lugar, e ante centenas, milhares, dezenas de milhares de pessoas, e sozinho, e com orquestras, e em toda e qualquer companhia. No programa que teve na TV aberta, inimaginável nesses nossos tristes tempos de Tigrinho, dividiu a ribalta com chorões e roqueiros, seresteiros e jazzistas; mostrou-me Ney Matogrosso pela primeira vez de cara limpa e apresentou-me o semideus Raphael Rabello, que toca, como Gardel canta para os argentinos, cada dia melhor. Entre um número e outro, com o maroto sotaque que nunca renegou seu berço, entrevistava seus convidados com muita descontração – tanta que promoveu o seguinte diálogo entre meus genitores:

– Esse é aquele pianista?
– É.
– Bem informal, hein?
– Sim.
– Nem parece pianista…

O programa saiu do ar sem-cerimoniosamente, e eu, exceto por um LP e outro que encontrava em briques, fiquei sem saber do madeixudo carismático, até o dia em que, exaurido por um plantão no pronto-socorro e disposto a tudo para ver algo que não fosse sangue ou pus, encontrei um palco montado no meio do maior parque de minha Dogville natal. Sobre ele, um piano, e ante este – sim, adivinharam! – o pianista que nem parecia pianista, e que, contrariando tudo o que se dizia dele – que não estudava, que não se levava a sério, que estava decadente – despachava com segurança os arpejos do Estudo Op. 10 no. 1 de Chopin sob o olhar tietante duns gatos-pingados aos quais me juntei, lá na fila do gargarejo. Emendou, em seguida, o “Revolucionário“, o “Tristesse“, o das teclas pretas, e foi esgotando o Op. 10, estudo a estudo, inteiros ou em parte, até que faltou somente…

– O número 2, Arthur.
– Hein?
– Faltou o número 2.
– Cê me odeia, né? – gargalhava – Mas certamente não tanto quanto eu odeio o número 2.

E atacou o temido Op. 10 no. 2, com aquelas escalas rapidíssimas todinhas com os dedos fracos da mão direita, enquanto resmungava das tendinites que ele lhe trouxera.

– Que mais cês querem?
– …
– Digam logo, que daqui a pouco vão me levar à força pro camarim.
– Piazzolla, então!

E nos deu um Adiós Nonino com a mesma eletricidade que pôs suas madeixas em riste na memorável capa do álbum que dedicou a Astor. Ao terminar, com o produtor já a olhar com ganas de arrancá-lo do palco, um dos gatos-pingados lhe alcançou um número de telefone:

– Volto hoje para o Rio – explicava-se, enquanto guardava o papelucho na casaca – mas não deixo de te ligar.
– A costela está assando desde que saí de casa. Eu e ela te aguardamos.
– E a cerveja?
– Ela também. Mais gelada que em Moscou.

E foi arrastado para as coxias, de onde voltou para tocar um Tchaikovsky furioso com a Sinfônica de Dogville. Nunca soube se ele, enfim, telefonou para o churrasqueiro. Imagino que sim. Afinal, aquele ex-menino prodígio, de nobre arte forjada no Brasil e burilada na França e na União Soviética, capaz de dialogar com bolcheviques e mencheviques, maragatos e chimangos, cronópios e famas, sempre foi também um perfeito exemplo do que em minha terra se chama de “pau de enchente” –  aquele tipo que, como os galhos de árvores levados pelas enxurradas, vai parando aqui e ali – e nunca perdeu qualquer oportunidade de falar, de ouvir e de aprender.

– Decadente.
– Quê?
– Sim. Olha aí: tá vendendo disco na Caras!
– Eita…

O brasileiro não é gentil com seus heróis, e desancaram o heroico Sr. Pau de Enchente quando ele lançou sua antologia pianística a preços módicos e acessível em qualquer banca de revistas. Onde outros viam dinheirismo e decadência, eu, seu desde sempre tiete, só via generosidade – a mesma que o fez tocar para aquelas centenas, aqueles milhares, aquelas dezenas de milhares de gentes, a brilhar na TV e matar de inveja tantos colegas de ofício, a implodir o Muro da Vergonha entre os assim chamados “erudito” e “popular’, e que o levaria, em seu caminhão-teatro feito Caravana Rolidei, a tocar para compatriotas que nunca tinham visto um piano na vida.

Eu nunca consegui lhe agradecer, que se dirá o bastante – se é que haveria gratidão suficiente para tanta dedicação aos ouvidos de seu país! Até tive oportunidades: afinal, tanto eu quanto Sr. De Enchente escolhemos a mesma ilha para passar nossos últimos anos. Por algum tempo, inclusive, compartimos a mesma praia em que, vez que outra, nossos percursos se cruzavam. Numa delas, ele jogava bola com uma criança que, com um pontapé somado ao vigor do Vento Sul, mandou a redondinha na minha direção. Eu, que tenho dois pés esquerdos, devolvi-a com uma vergonhosa rosca para os devidos donos. Já me conformava com a ideia de ir buscá-la ainda mais longe, quando, antes mesmo dela quicar no chão, aquele torcedor doente do Fluminense Football Club aparou a pelota com um golpe seco que orgulharia o Príncipe Etíope e, com um toque de letra digno de Super Ézio, devolveu-a à remetente.

– Valeu, meu bom!

Craque com as mãos e com os pés, o Pelé e o Garrincha do Piano Brasileiro, gênio da raça: também tocas cada dia melhor! Venero-te tanto que jamais te conseguirei ser crítico. Se os leitores-ouvintes o quiserem, que assim sejam – mas minha homenagem aqui, ela terá só carinho e saudade ❤️.

Em memória de Fluminense Moreira Lima (16 de julho de 1940, Rio de Janeiro – Florianópolis, 30 de outubro de 2024) em seu 85º aniversário.


 

ARTHUR MOREIRA LIMA – MEU PIANO/TRÊS SÉCULOS DE MÚSICA PARA PIANO
Coleção publicada pela Editora Caras entre 1998-99, em 41 volumes
Idealizada por Arthur Moreira Lima
Direção artística de Arthur Moreira Lima e Rosana Martins Moreira Lima

Volume 1: CLÁSSICOS FAVORITOS I

Johann Sebastian BACH (1685-1750)
Transcrição de Myra Hess (1890-1965)
Da Cantata “Herz und Mund und Tat und Leben“, BWV 147:
1 – Coral: Jesus bleibet meine Freude

Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)
Da Sonata para piano no. 11 em Lá maior, K. 331:
2 –  Alla Turca: Allegretto

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Bagatela em Lá menor, WoO 59, “Für Elise”
3 – Poco moto

Carl Maria Friedrich Ernst Freiherr von WEBER (1786-1826)
Da Sonata para piano no. 1 em Dó maior, Op. 24:
4 – Rondo: Presto (“Perpetuum mobile“)

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)
Das Fantasiestücke, Op. 12:
5 – No. 3: “Warum?”

Ferenc LISZT (1810-1886)
Dos Grandes Estudos de Paganini, S. 141:
6 – No. 3: La Campanella

Jules Émile Frédéric MASSENET (1842-1912)
De Thaïs, ópera em três atos:
7 – Méditation (transcrição do compositor)

Jakob Ludwig Felix MENDELSSOHN Bartholdy (1809-1847)
Da Música Incidental para Ein Sommernachtstraum (“Sonho de uma Noite de Verão”), de William Shakespeare, Op. 61:
8 – No. 9: Marcha nupcial (transcrição do compositor)

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
Das Dezoito Peças para piano, Op. 72:
9 – No. 2: Berceuse

Sergei Vasilievich RACHMANINOFF (1873-1943)
Dos Morceaux de Fantaisie, Op. 3:
10 – No. 2: Prelúdio em Dó sustenido menor

Anton Grigorevich RUBINSTEIN (1829-1894)
Das Duas Melodias, Op. 3:
11 – No. 1: Melodia em Fá maior

Alexander Nikolayevich SCRIABIN (1872-1915)
Dos Doze Estudos, Op. 8:
12 – No. 12 em Ré sustenido menor, “Patético”

Achille Claude DEBUSSY (1862-1918)
Da Suite Bergamasque, L. 75:
13 – No. 3: Clair de Lune

Manuel DE FALLA y Matheu (1876-1946)
De El Amor Brujo, balé em um ato:
14 – Dança Ritual do Fogo (transcrição do compositor)

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Volume 3: CLÁSSICOS FAVORITOS II

Johann Sebastian BACH (1685-1750)
Transcrição de Ferruccio Busoni (1866-1924)

Da Toccata e Fuga em Ré menor para órgão, BWV 565:
1 – Toccata

Giuseppe Domenico SCARLATTI (1685-1757)
2 – Sonata em Mi Maior, L. 23 (K. 380)

Carl Philipp Emanuel BACH (1714-1788)
3 – Solfeggietto em Dó menor, H 220, Wq. 117:2

Georg Friedrich HÄNDEL
Da Suíte para Teclado no. 5 em Mi maior, HWV 430:
4 – No. 4: Ária com Variações, “The Harmonious Blacksmith”

Ludwig van BEETHOVEN
5 – Seis Escocesas, WoO 83

Fryderyk Franciszek CHOPIN (1810-1849)
6 – Fantasia-Improviso em Dó sustenido menor, Op. 66

Gioachino Antonio ROSSINI (1792-1868)
Das Soirées Musicales:
7 – No. 8: La Danza (Tarantella Napolitana)

Felix MENDELSSOHN
Das Canções sem Palavras:
8 – Allegro non troppo (Op. 53 no. 2) – Allegretto grazioso (Op. 62 no. 6, Frühlingslied) – Presto (Op. 67 no. 4, La Fileuse)

Ferenc LISZT
Dos Liebesträume, Noturnos para piano, S. 541:
9 – No. 3 em Lá bemol maior

Edvard Hagerup GRIEG (1843-1907)
Do Peças Líricas, Livro III, Op. 43:
10 – No. 1: Papillon

Antonín Leopold DVOŘÁK (1841-1904)
Das Oito Humoresques, Op. 101:
11 – No. 7 em Sol bemol maior

Pyotr TCHAIKOVSKY
Das Estações, Op. 37a:
12 – No. 11: Novembro (Troika)

Sergey Sergeyevich PROKOFIEV (1891-1953)
Das Dez Peças para piano, Op. 12:
13 – No. 2: Gavota em Sol menor

Claude DEBUSSY
14 – La Plus que Lente, L. 121

Isaac Manuel Francisco ALBÉNIZ y Pascual (1860-1909)
Da Suíte Espanhola no. 1, Op. 47:
15 – No. 3: Sevilla

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Volume 12: CLÁSSICOS FAVORITOS III

Johann Sebastian BACH
Concerto em Ré menor, BWV 974 (transcrição do Concerto para oboé de Alessandro Marcello):
1 – Allegro
2 – Adagio
3 – Allegro

Ludwig van BEETHOVEN
Transcrição de Ferenc Liszt (S. 464)
Da Sinfonia no. 5 em Dó menor, Op. 67:
4 – Allegro con brio

Franz Peter SCHUBERT (1797-1828)
Dos Improvisos para piano, Op. 90 (D. 899):
5 – No. 2 em Mi bemol maior

Robert SCHUMANN
6 – Arabeske em Dó maior, Op. 18

Ferenc LISZT
Das Soirées de Vienne d’après Schubert, S. 427:
7 – No. 6: Valse-caprice

Claude DEBUSSY
Das Deux Arabesques, L. 66:
8 – No. 1 em Mi maior

Christian August SINDING (1856-1941)
Das Seis Peças, Op. 32:
9 – No. 3: Frühlingsrauschen

Manuel de FALLA
De La Vida Breve, ópera em dois atos:
10 – Dança Espanhola no. 1 (arranjo do compositor)

Pyotr TCHAIKOVSKY
Das Estações, Op. 37:
11 – No. 6: Junho (Barcarola)

Sergei RACHMANINOFF
Dos Études-Tableaux, Op. 39:
12 – No. 9 em Ré maior

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Arthur Moreira Lima, piano

Gravações realizadas na Saint Philip’s Church em Londres, Reino Unido, em 1998
Piano Steinway and Sons
Engenheiro de som: Peter Nichols
Direção Musical, produção, edição e masterização por Rosana Martins Moreira Lima



Fãs de Arthur encontram-se doravante INTIMADOS a ouvir o podcast “Conversa de Pianista”, do Instituto Piano Brasileiro, em que nosso ídolo conversa com o incrível Alexandre Dias, e que foi ao ar em 2020:

“1ª parte da entrevista do pianista Arthur Moreira Lima a Alexandre Dias, em que ele falou sobre como o piano começou em sua vida, suas primeiras aulas em família, seus primeiros recitais quando criança prodígio, e suas aulas com a grande professora Lúcia Branco, que o levou a participar do I Concurso Internacional de Piano do Rio de Janeiro do 1957. Também comentou sobre grandes pianistas a que assistiu nas décadas de 1940 e 1950. Foram mencionados alguns dos assuntos que serão conversados nos próximos episódios, com especial atenção para sua rica discografia, e também sua premiação em importantes concursos internacionais de piano, como o Concurso Chopin (1965), Concurso de Leeds (1969) e o Concurso Tchaikovsky (1970). Nossa homenagem e agradecimento ao grande pianista Arthur Moreira Lima, que em 2020 completa 80 anos”.

Quem apreciar a entrevista encontra-se também intimado a apoiar o Instituto Piano Brasileiro, desde o Brasil ou do Exterior.

Em mais uma homenagem a Fluminense Moreira Lima, oferecer-lhe-emos um álbum de figurinhas com os heróis da final da Copa Rio de 1952, que certamente fizeram Arthurzinho chorar de alegria. Eis o arqueiro Carlos José Castilho, o Castilho (1927-1987).

Vassily

W. A. Mozart (1756-1791): Concerto para piano e orquestra Nº 22, K. 482 / L. v. Beethoven (1770-1827): Concerto para piano e orquestra Nº 3, Op. 37

W. A. Mozart (1756-1791): Concerto para piano e orquestra Nº 22, K. 482 / L. v. Beethoven (1770-1827): Concerto para piano e orquestra Nº 3, Op. 37

Novo link, agora funcionando!

Um clássico de capa nova. A anterior era branquinha, lembram? Para um CD como este, penso que as apresentações sejam dispensáveis. Por isso iremos com certa urgência à música. Uma excelente apreciação!

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) –
Concerto para piano e orquestra No. 22 em Mi bemol maior, K. 482
01. Allegro
02. Andante
03. Allegro

Ludwig van Beethoven (1770-1827) –
Concerto para piano e orquestra No. 3 em Dó menor, Op. 37
04. Allegro con brio
05. Largo
06. Rondo (Allegro)

Sviatoslav Richter, piano
Philharmonia Orchestra
Riccardo Muti, regente

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mozaer Beethoven

Carlinus

Beethoven (1770 – 1827): Sonatas para Piano Op. 31 • Andreas Haefliger • Alfred Brendel (digital) ֍

Beethoven (1770 – 1827): Sonatas para Piano Op. 31 • Andreas Haefliger • Alfred Brendel (digital) ֍

Alfred Brendel
(5/1/1931 – 17/6/2025)

Alfred Brendel, considerado um dos pianistas mais talentosos do mundo, faleceu aos 94 anos. O compositor e poeta faleceu em paz em Londres, cercado por seus entes queridos, na terça-feira. A maioria dos críticos o reconheceu como um dos principais intérpretes das obras de Beethoven. [Trechos da BBC News]

Antecipamos esta postagem para prestar nossa homenagem ao grande pianista.

O nome da Sonata Op. 31, No. 2, surgiu de uma história contada por Anton Schindler. Ao perguntar ao compositor qual seria a chave para esta sonata e para a sonata ‘Appassionata’, teria ouvido de Beethoven: “Leia A Tempestade de Shakespeare”.

É verdade que Schindler não é o mais fiel narrador de histórias e, como ‘A Tempestade’ em alemão é ‘Der Sturm’, poderia ser que Beethoven estivesse se referindo à um livro de Christoph Christian Sturm, que estava logo ali perto dos dois, na prateleira de livros do voraz leitor Ludovico. Vá saber…

Em 2020 tivemos uma overdose, uma quase tsunami de postagens sobre Beethoven e sua obra, devido aos 250 anos de nascimento do grande compositor. Parece que todos os arquivos foram buscados e postadas neste ano. Fomos com tanta sede ao pote que as postagens sobre ele rarearam, ficaram espaçadas, e alguns de nossos colaboradores se colocaram assim, meio que de molho. Mas, creiam, nosso gosto e interesse pela música de Beethoven e pelas suas gravações continuam altíssimos por aqui. Sempre que me deparo com um lançamento novo, ou mesmo um relançamento de suas obras, entre os miles de discos que recebemos diariamente aqui na repartição, fico logo tentado a postar.

O disco do Haefliger eu vi logo na época do seu lançamento, lá em 2022, mas por alguma razão, caiu numa pasta de outras obras e ficou meio que esquecido. Agora, com minhas incursões pela plataforma TIDAL me dei com ele novamente e o ouvi de novo e de novo.

Alfred Brendel

Como estava também em busca de gravações mais antigas, mas não jurássicas, acabei ouvindo a gravação feita ao vivo por Alfred Brendel, mas a de seu segundo ciclo (digital) para a Philips. Como gostei muito dos dois discos, achei que deveria dividir com vocês.

As sonatas reunidas no Opus 31 foram compostas no início do novo século (XIX) e marcam uma tomada nova de rumos, o período ‘Clássico’ é deixado cada vez mais para trás. Esta seria  última vez que ele reunia três sonatas em um número de opus, as anteriores foram aquelas dos Opus 2 e  Opus 10. Essa era uma prática, de reunir grupos de 12, 6 ou 3 peças numa edição, que se estendera do período barroco para o clássico, que facilitava a venda das partituras.

Andreas numa postura mais romântica para interpretar as sonatas do grande Ludovico

Recentemente postei um disco do Andreas Haefliger mais jovem interpretando sonatas para piano de Mozart e agora temos a oportunidade de ouvi-lo em um trabalho mais recente. Ele tem sido ativo como pianista solo, gravando sonatas de Beethoven acompanhadas de algumas outra peças de outros compositores, um projeto intitulado ‘Perspectives’, mas também atua como músico de câmara e como acompanhante de cantores, como é o caso do barítono Matthias Goerne.

Já o outro pianista da postagem, Alfred Brendel, é muito conhecido e foi ativo até os primeiros anos do século XXI. Além de ter sido excelente pianista e ter deixado um legado enorme de gravações de altíssimo nível, Brendel trabalhou com pianistas mais jovens, como Imogen Cooper, Paul Lewis, Amandine Savary, Till Fellner e, mais recentemente, Kit Armstrong. Brendel também dedicou tempo acompanhando grandes cantores, como Hermann Prey e Dietrich Fischer-Dieskau.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Piano Sonata No. 16 in G major, Op. 31 No. 1
  1. Allegro vivace
  2. Adagio grazioso
  3. Rondo. Allegretto
Piano Sonata No. 17 in D minor, Op. 31 No. 2 ‘Tempest’
  1. Largo – Allegro
  2. Adagio
  3. Allegretto
Piano Sonata No. 18 in E flat major, Op. 31 No. 3 ‘The Hunt’
  1. Allegro
  2. Scherzo. Allegretto vivace
  3. Menuetto. Moderato e grazioso
  4. Presto con fuoco

Andreas Haefliger, piano

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MP3 | 320 KBPS | 161 MB

Caso você tenha acesso às plataformas de distribuição de músicas, aqui está uma possibilidade para a audição:

TIDAL

Collectors who’ve followed Haefliger’s Beethoven over the course of his earlier ‘Perspectives’ series will not be surprised by the high craft and musical intelligence throughout this release. Gramophone MagazineApril 2022

Haefliger groups together the three sonatas of Op 31, and plays them without any self-indulgence, but with a finely calculated combination of exuberant bravura and beautifully controlled introspection.

The Guardian 3rd February 2022

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Piano Sonata No. 16 in G major, Op. 31 No. 1
  1. Allegro vivace
  2. Adagio grazioso
  3. Allegretto
Piano Sonata No. 17 in D minor, Op. 31 No. 2 ‘Tempest’
  1. Largo – Allegro
  2. Adagio
  3. Allegretto
Piano Sonata No. 18 in E flat major, Op. 31 No. 3 ‘The Hunt’
  1. Allegro
  2. Scherzo (Allegretto vivace)
  3. Menuetto (Moderato e grazioso)
  4. Presto con fuoco

Alfred Brendel (piano)

Recorded: 1992-11
Recording Venue: “The Maltings”, Concert Hall, Snape

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MP3 | 320 KBPS | 166 MB

‘These compelling performances from Brendel, which have great spontaneity […] and also benefit from excellent recorded sound.’

Aproveite!

René Denon

Alfred (Brendel, é claro) riu à beça ao ser interpelado por um dos membros do PQP Bach staff se ele era o ator do mordomo do Batman…

Caso você tenha acesso às plataformas de distribuição de músicas, aqui está uma possibilidade para a audição:

 

 

¡Que viva la Reina! – Martha Argerich, 84 anos [Rendez-vous with Martha Argerich, vol. 3]

Mais um outono para a Rainha, e desta feita ela nos presenteia com gravações novas – tão novas, claro, quanto podem ser as de alguém tão avessa aos estúdios e afeita a dividir a ribalta com jovens colegas e os parceiros de sempre. Estas que ora lhes apresento foram feitas algumas semanas depois do seu octagésimo aniversário, em junho de 2021, no festival que Martha vem consolidando em Hamburgo e no qual desfruta do privilégio de selecionar a pinça o tradicional petit comité que tem garantido muito de sua longeva alegria em pisar palcos.

No que tange a Sua Majestade, o melhor que ela nos oferece nesses volumes são a leitura da sonata Op. 30 no. 3 de Beethoven, com Renaud Capuçon – seu mais frequente e afiado parceiro ao arco, nos últimos anos -, um ebuliente Segundo Concerto de Ludwig, e o belíssimo Trio de Mendelssohn, ao lado de Mischa Maisky e da über-diva Anne-Sophie Mutter. A família Margulis – Jura, Alissa e Natalia – traz um azeitadíssimo Trio “Fantasma” e um mui tocante “Canto dos Pássaros”, joia folclórica catalã posta em pauta por Pau Casals. O variado cardápio também inclui as “Canções e Danças da Morte” de Mussorgsky, com o ótimo baixo Michael Volle, e uma Sonata para dois pianos e percussão de Bartók para a qual a Rainha, que tanto a tocou com nosso Nelson Freire, convidou seu outro Nelson favorito, o compatriota Goerner. O melhor retrogosto, entretanto, não foi o que veio de dedos hermanos, e sim das diminutas mãos de Maria João em Schubert – que maravilhosos, os dois improvisos! – e da última apresentação pública de Nicholas Angelich, um brahmsiano que sempre honrou o grande hamburguense e fez da Segunda Sonata para viola e piano seu canto de cisne.

ooOoo

Uma breve nota: a partir de hoje, mudarei a maneira de compartilhar música com os leitores-ouvintes. Cansei de ver a pedra rolar tantas vezes morro abaixo. Não farei mais comentários. Que venham os tomates.

Disco 1

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sete Variações para violoncelo e piano sobre “Bei Männern, welche Liebe fühlen”, da ópera “Die Zauberflöte” de Wolfgang Amadeus Mozart, WoO 46
1 – Thema. Andante
2 – Variation I
3 – Variation II
4 – Variation III
5 – Variation IV
6 – Variation V: Si prenda il tempo un poco più vivace
7 – Variation VI. Adagio
8 – Variation VII. Allegro ma non troppo

Mischa Maisky, violoncelo
Martha Argerich,
piano

Das Três Sonatas para violino e piano, Op. 30:
Sonata no. 3 em Sol maior
9 – Allegro assai
10 – Tempo di Minuetto, ma molto moderato e grazioso
11 – Allegro vivace

Renaud Capuçon,
violino
Martha Argerich,
piano

Dos Dois Trios para piano, violino e violoncelo, Op. 70:
No. 1 em Ré maior, “Fantasma”
12 – Allegro vivace e con brio
13 – Largo assai ed espressivo
14 – Presto

Alissa Margulis, violino
Natalia Margulis, violoncelo
Jura Margulis, piano


Disco 2

Ludwig van BEETHOVEN

Concerto para piano e orquestra no. 2 em Si bemol maior, Op. 19
1 – Allegro con brio
2 – Adagio
3 – Rondo. Molto allegro

Martha Argerich, piano
Symphoniker Hamburg
Sylvain Cambreling
, regência

Jakob Ludwig Felix MENDELSSOHN-Bartholdy (1809-1847)

Trio para piano, violino e violoncelo no. 1 em Ré menor, Op. 49
4 – Molto allegro agitato
5 – Andante con moto tranquillo
6 – Scherzo: Leggiero e vivace
7 – Finale: Allegro assai appassionato

Anne-Sophie Mutter, violino
Mischa Maisky
, violoncelo
Martha Argerich
, piano

Johannes BRAHMS (1833-1897)

Das Duas Sonatas para clarinete e piano, Op. 120 (transcritas para viola e piano pelo compositor):
Sonata no. 2 em Mi bemol maior
8 – Allegro amabile
9 – Allegro appassionato
10 – Andante con moto – Allegro – Più tranquillo

Gérard Caussé, viola
Nicholas Angelich,
piano


Disco 3

Franz Peter SCHUBERT (1797-1828)

Dos Improvisos para piano, D. 935 (Op. Posth. 142):
No. 2 em Lá bemol maior
1 – Allegretto
No. 3 em Si bemol maior, “Rosamunde”
2 – Andante

Sonata para piano em Lá maior, D. 664
3 – Allegro moderato
4 – Andante
5 – Allegro

Maria João Pires, piano

Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)

Sonata para piano a quatro mãos em Dó maior, K. 521
6 – Allegro
7 – Andante
8 – Allegretto

Martha Argerich e Maria João Pires, piano


Disco 4

Pau CASALS i Defilló (1876-1973)

1 – El Cant dels Ocells, para violino, violoncelo e piano

Alissa Margulis, violino
Natalia Margulis,
violoncelo
Jura Margulis,
piano

Manuel de FALLA y Matheu (1876-1946)

Suite Popular Espanhola, para violino e piano
2 – El Paño Moruno
3 – Nana
4 – Canción
5 – Polo
6 – Asturiana
7 – Jota

Tedi Papavrami, violino
Maki Okada, piano

César-Auguste-Jean-Guillaume-Hubert FRANCK (1822-1890)

Quinteto em Fá menor para dois violinos, viola, violoncelo e piano
8 – Molto moderato quasi lento – Allegro
9 – Lento, con molto sentimento
10 – Allegro non troppo ma con fuoco

Akiko Suwanai e Tedi Papavrami, violinos
Lyda Chen, viola
Alexander Kniazev, violoncelo
Evgeni Bozhanov, piano


Disco 5

Astor Pantaleón PIAZZOLLA (1921-1992)

1 – Le Grand Tango

Gidon Kremer, violino
Georgijs Osokins, piano

Leonard BERNSTEIN (1918-1990)

Danças Sinfônicas de West Side Story, para dois pianos
2 – Prologue
3 – Somewhere
4 – Scherzo
5 – Mambo
6 – Cha-cha
7 – Meeting Scen
8 – Cool Fugue
9 – Rumble Track
10 – Finale

Anton Gerzenberg e Daniel Gerzenberg, pianos

Astor PIAZZOLLA

[Las] Estaciones Porteñas,para violino, violoncelo e piano
11 – Invierno Porteño
12 – Verano Porteño
13 – Otoño Porteño
14 – Primavera Porteña

Tedi Papavrami, violino
Eugene Lifschitz, violoncelo
Alexander Gurning, piano


Disco 6

Modest Petrovich MUSSORGSKY (1839-1881)

“Canções e Danças da Morte”
1 – Kolybel’naya [“Acalanto”]
2 – Serenada [Serenata]
3 – Trepak
4 – Polkovodets [“O Marechal de Campo”]

Michael Volle, baixo-barítono
Daniel Gerzenberg, piano

Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945)

Sonata para dois pianos e percussão, Sz 110
5 – Assai lento
6 – Lento, ma non troppo
7 – Allegro non troppo

Martha Argerich e Nelson Goerner, pianos
Alexej Gerassimez e Lukas Böhm, percussão

Arno Harutyuni BABAJANYAN (1921-1983)

Trio em Fá sustenido menor para violino, violoncelo e piano
8 – Largo – Allegro espressivo – Maestoso
9 – Andante
10 – Allegro vivace

Michael Guttman, violino
Jing Zhao, violoncelo
Elena Lisitsian, piano

Disco 7

Dmitri Dmitriyevich SHOSTAKOVICH (1906-1975)

Sonata em Ré menor para violoncelo e piano, Op. 40
1 – Allegro non troppo
2 – Allegro
3 – Largo
4 – Allegro

Mischa Maisky, violoncelo
Martha Argerich, piano

Sergei Sergeiyevich PROKOFIEV (1891-1953)

Sonata em Ré maior para flauta e piano, Op. 94
5 – Moderato
6 – Presto – poco meno mosso
7 – Andante
8 – Allegro con brio – poco meno mosso

Susanne Barner, flauta
Martha Argerich, piano

Dmitri SHOSTAKOVICH

9 – Concertino em Lá menor para dois pianos, Op. 94

Martha Argerich e Lilya Zilberstein, pianos

Mieczysław WEINBERG (1919-1996)

Doze Miniaturas para flauta e piano, Op. 29
10 – Improvisação
11 – Arietta
12 – Burlesque
13 – Capriccio
14 – Noturno
15 – Valsa
16 – Ode
17 – Duo
18 – Étude
19  – Intermezzo
20 – Pastorale

Susanne Barner, flauta
Akane Sakai, piano

Escute no/Listen on SPOTIFY:

Escute no/Listen on TIDAL:

 

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