Dizer que Pierre Hantaï é um excepcional músico é chover no molhado. O mano PQP baba com a gravação deste francês para as Variações Goldberg, e não lhe tiro a razão. Mas o que este jovem instrumentista faz aqui neste CD está além de nossa capacidade de compreensão.
Tudo bem, ele foi aluno do mestre Leonhardt, mas ouso dizer que em alguns momentos ele superou o mestre, e a prova maior é com estas gravações dos Concertos para Cravo. Desde os primeiros dedilhados do Concerto BWV 1044 a gente já sente o que pode esperar: puro virtuosismo aliado à uma baita compreensão da obra de Bach, em todas as suas minúcias e detalhes. Usando sem temor o velho clichê, podemos dizer que ele tira leite da pedra, trazendo á tona uma sonoridade que dificilmente encontramos em outras gravações, mesmo as com o seu mestre Leonhardt, além de outras gravações históricas, como as de Karl Richter ou Trevor Pinnock.
O pequeno conjunto que lhe acompanha tem apenas sete músicos, mas vale por uma grande orquestra. Quando contei para o mano PQP o tamanho da “orquestra” ele respondeu: mas pra que mais?
Johann Sebastian Bach (1675-1750) – Concerti pour Clavecin – BWVs 1044, 1052 e 1054
01 – Concerto pour clavecin et cordes en ré majeur, BWV 1054 – I. Allegro
02 – Concerto pour clavecin et cordes en ré majeur, BWV 1054 – II. Adagio
03 – Concerto pour clavecin et cordes en ré majeur, BWV 1054 – III. Allegro
04 – Prélude et fugue en si majeur, BWV 892 – I. Prélude
05 – Prélude et fugue en si majeur, BWV 892 – II. Fugue
06 – Concerto pour clavecin et cordes en ré mineur, BWV 1052 – I. Allegro
07 – Concerto pour clavecin et cordes en ré mineur, BWV 1052 – II. Adagio
08 – Concerto pour clavecin et cordes en ré mineur, BWV 1052 – III. Allegro
09 – Prélude et fugue en fa majeur, BWV 880 – I. Prélude
10 – Prélude et fugue en fa majeur, BWV 880 – II. Fugue
11 – Triple concerto en la mineur, BWV 1044 – I. Allegro
12 – Triple concerto en la mineur, BWV 1044 – II. Adagio ma non tanto, e dolce
13 – Triple concerto en la mineur, BWV 1044 – III. Alla breve
Pierre Hantaï – Clavecin et Direction
Le Concert Français
Este é um disco maravilhoso. Estava postando, em 2010, uma série de discos com a obra orquestral de Bartók. Pelo visto, comecei a revalidar os links pelo último…
Final da pequena biografia de Bartók retirada daqui:
O maestro Fritz Reiner e o violinista József Szigeti levantaram fundos na colônia húngara. A verba disponibilizada foi entregue a Béla Bartók pelo maestro Serge Koussevitzky, como pagamento de uma obra encomendada pela Orquestra Sinfônica de Boston. Com as preocupações financeiras temporariamente afastadas e a doença controlada, Bartók reuniu todas as suas forças e escreveu o Concerto para Orquestra, cuja estreia se deu em dezembro de 1944, representando um triunfo de grandes proporções para o autor.
O compositor húngaro veio a falecer em Nova Iorque, no dia 26 de setembro de 1945, deixando como sua última obra, o Concerto nº3 para piano. Durante muitos anos, o estilo de Bartók, com suas dissonâncias e métrica irregular colocou-o no rol dos compositores difíceis. Hoje sua música é mais compreendida, sendo executada nas principais salas de concerto de todo o mundo.
Há relatos de que os Bartók viveram em abjeta pobreza durante seus anos em New York. Embora isto não fosse estritamente verdadeiro, viveram na obscuridade e de nenhuma maneira estavam confortavelmente instalados.
Quando Bartók adoeceu de leucemia, a American Society for Composers, Authors, and Publishers, (ASCAP) pagou suas despesas médicas e ajudou-o a começar um tratamento melhor. Para aliviar a sua penúria o condutor Fritz Reiner e o violinista József Szigeti convenceram o maestro Serge Koussevitzky a encomendar uma partitura orquestral de Bartók. O resultado foi o Concerto para Orquestra, a partitura mais popular de Bartók.
O nome se deve ao fato de que a peça não segue a forma tradicional de concerto ( de uma peça para instrumento solista e orquestra): nesta composição Bartók destaca diversos instrumentos para partes solistas, cada um a seu tempo, com isso não apenas dando ao público a possibilidade de apreciar uma grande variedade de preeminências instrumentais numa mesma peça, como também criando para a orquestra um grande desafio em termos de dificuldade de execução (como, por exemplo, entre inúmeras passagens de grande dificuldade, um determinado ponto do quarto movimento, Intermezzo interrotto, em que a partitura exige do timpanista a execução de uma linha grave cromática, o que o obriga ao uso do pedal para a mudança de afinação do instrumento enquanto o toca).
Béla Bartók (1881-1945): Concerto para Orquestra e O Mandarim Miraculoso (Balé Completo)
1. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 1. Introduzione (Andante non troppo – Allegro vivace Royal Concertgebouw Orchestra 9:59
2. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 2. Giuoco della coppie (Allegretto scherzando) Royal Concertgebouw Orchestra 6:18
3. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 3. Elegia (Andante, non troppo) Royal Concertgebouw Orchestra 8:05
4. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 4. Intermezzo interrotto (Allegretto) Royal Concertgebouw Orchestra 4:38
5. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 5. Finale (Pesante – Presto) Royal Concertgebouw Orchestra 10:06
6. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – Introduction: A bustling city street (Allegro) Royal Concertgebouw Orchestra 1:26
7. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – The curtain rises… Royal Concertgebouw Orchestra 1:48
8. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – 1st Decoy game (Moderato) Royal Concertgebouw Orchestra 1:24
9. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – The shabby old rake enters..(Con moto) Royal Concertgebouw Orchestra 2:22
10. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – 2nd Decoy game Royal Concertgebouw Orchestra 1:23
11. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – The shy young man…(Sostenuto) Royal Concertgebouw Orchestra 1:49
12. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – 3rd Decoy game (Sostenuto) Royal Concertgebouw Orchestra 1:05
13. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – Horrified, they see a weird figure…(Agitato) Royal Concertgebouw Orchestra 0:29
14. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – The Mandarin enters…(Maestoso) Royal Concertgebouw Orchestra 0:45
15. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – General consternation…(Non troppo vivo) Royal Concertgebouw Orchestra 1:29
16. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – At last she overcomes her reluctance…(Meno vivo) Royal Concertgebouw Orchestra 4:44
17. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – The girl sinks down…(Allegro) Royal Concertgebouw Orchestra 0:26
18. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – She flees from him…(Sempre vivace) Royal Concertgebouw Orchestra 1:41
19. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – The Mandarin catches the girl…(Sempre vivace) Royal Concertgebouw Orchestra 0:14
20. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – The tramps leap out…(Sempre vivo) Royal Concertgebouw Orchestra 0:15
21. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – “We must kill him”…(Maestoso) Royal Concertgebouw Orchestra 1:36
22. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – They think he is dead…(Adagio) Royal Concertgebouw Orchestra 1:04
23. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – At last the three tramps…(Allegro molto) Royal Concertgebouw Orchestra 1:22
24. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – Suddenly he draws himself up…(Lento) Royal Concertgebouw Orchestra 0:56
25. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – They drag the resisting Mandarin…(Grave) Royal Concertgebouw Orchestra 1:13
26. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – The body of the Mandarin begins to glow (Moderato) Laurenscantorij 1:57
27. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – At her insistence…(Più mosso) Royal Concertgebouw Orchestra 1:06
28. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – The Mandarin’s longing…(Lento) Royal Concertgebouw Orchestra 1:06
Performed by Royal Concertgebouw Orchestra
Conducted by Riccardo Chailly
Em meados do século XX, este tipo de música era considerada “ligeira”, algo para concertos ao ar livre, para o grande público tomar seu primeiro contato com os clássicos. Hoje parece apenas música erudita em disco de gatinhos. O que houve conosco?
Em 1881, Henry Lee Higginson, o fundador da Orquestra Sinfônica de Boston, escreveu sobre seu desejo de apresentar em Boston “concertos de um tipo leve de música”. Então a Boston Pops foi fundada para apresentar este tipo de música ao público, com o primeiro concerto realizado em 1885. Chamado de “Concerto de Passeio” eles duraram até 1900, eram performances de música clássica “leve”.
A Orquestra não tinha um maestro próprio até o ano de 1930, quando Arthur Fiedler começou seu mandato. Fiedler trouxe aclamação mundial à orquestra. Ele sempre foi infeliz com a reputação de que a música erudita era para a elite aristocrática, e sempre fez esforços para levar os eruditos a um público vasto. Sempre promoveu concertos gratuitos em Boston, assim aos poucos foi popularizando a música clássica na região.
Sob sua direção a orquestra fez inúmeras gravações campeãs de vendas, arrecadando um total superior a US$ 50 milhões. As primeiras gravações da orquestra foram feitas em julho de 1935 para a RCA Victor, incluindo a primeira gravação completa da Rhapsody in Blue de Gershwin.
Fiedler também é lembrado por ter começado a tradição anual da orquestra se apresentar no 4 de julho (Independência dos Estados Unidos) na praça da Esplanada, uma das celebrações mais aclamadas, que contava com um público entre 200 e 500 mil pessoas.
Após a morde de Fiedler, em 1979, John Williams tomou o cargo, em 1980. Williams continuou com a tradição de levar a música clássica ao público mais vasto. Ele ficou no cargo até 1994, quando passou para Keith Lockhart em 1995. Lockhart segua à frente da Pops, acrescentando um toque de extravagância e um dom para o drama. Williams continua sendo maestro laureado e realiza uma semana de concertos por ano.
Rimsky-Korsakov (1844-1908) – Suíte de O Galo de Ouro – Le Coq’or – Suíte, Rossini (1792-1868) – William Tell Overture, Tchaikovsky (1840-1893) – Marcha Eslava, Chabrier (1841-1894) – España e Franz Liszt (1811-1886) – Rapsódia Húngara No. 2 e Rakoczy March
Nikolai Rimsky-Korsakov (1844-1908) – Suíte de O Galo de Ouro – Le Coq’or – Suíte
01. King Dodom in his Palace
02. King Dodom on the Battlefield
03. King Dodom with the Queen of Shemakha
04. March
Gioachino Rossini (1792-1868) – William Tell Overture
05. William Tell Overture
Piotr I. Tchaikovsky (1840-1893) – Marcha Eslava
06. Marcha Eslava
Emmanuel Chabrier (1841-1894) – España
07. España
Franz Liszt (1811-1886) – Rapsódia Húngara No. 2 e
08. Rapsódia Húngara No. 2
Bruno Cocset é daquele gênero de artista que faz não apenas música historicamente informada como é cheio de balanço, malemolência, harmonia, ritmo, eufonia, sonoridade e todos os sinônimos de musicalidade. O som de seu violoncelo é lindo, redondo e confortante. É dele a melhor gravação das Suítes para Violoncelo Solo de Bach, creio. Aqui ele volta a nos dar belíssimas versões para Sonatas de Geminiani em lindo CD da impecável Alpha.
Já Geminiani, italiano de Luca, é um compositor meio obscuro, mas do qual tudo o que ouvi é muito bom. Nosso caríssimo Gemini era um humanista do mais alto calibre. Era um intelectual interessado em todo o gênero de arte. Foi aluno dos grandes Alessandro Scarlatti e Arcangelo Corelli na Itália. A partir de 1711, foi maestro em Nápoles. Em 1714, foi a Londres para dar concertos como violinista e nunca mais voltou. Em 1715, apresentou-se em duo com Händel diante do rei Jorge I. Na Inglaterra, compôs muito e deu muita aula, além de reunir extensa coleção de obras de arte.
Francesco Geminiani (1687-1762): Sonatas para Violoncelo e Baixo Contínuo
Sonate III En Do Majeur
1 Andante 1:53
2 Allegro 4:19
3 Affetuoso 3:01
4 Allegro 2:37 Sonate XI Opus I (1716)
5 Vivace 2:34
6 Affetuoso 2:29
7 Allegro 3:09 Sonate II En Ré Mineur
8 Andante 2:17
9 Presto 2:28
10 Adagio 0:46
11 Allegro 4:14 Sonate I En La Majeur
12 Andante 1:51
13 Allegro 3:11
14 Andante 0:41
15 Allegro 3:14 “Tendrement” Pour Clavecin
16 Tendrement 3:54 Sonate V En Fa Majeur
17 Adagio 0:37
18 Allegro Moderato 1:18
19 Adagio 3:13
20 Allegro 1:44 Sonate IV En Si Bémol Majeur
21 Andante 0:22
22 Allegro Moderato 2:57
23 Grave 0:41
24 Allegro 0:53 “Tendrement” Pour Ténor De Violon, Violoncelle Et Basse
25 Tendrement 3:35 Sonate VI En La Mineur
26 Adagio 0:40
27 Allegro Assai 3:07
28 Grave 0:28
29 Allegro 4:14
Cello – Bruno Cocset
Contrabass – Richard Myron
Ensemble – Les Basses Réunies
Harpsichord – Bertrand Cuiller
Theorbo – Luca Pianca
Violin [Tenor] – Bruno Cocset
Conductor – Bruno Cocset
Preciso dizer alguma coisa sobre estes extraordinários seis concertos para os mais diversos instrumentos, cada um com sua própria cara, estilo e personalidade, cujas partituras serviram para enrolar carne no dia seguinte à sua primeira execução? Preciso dizer que é uma das maiores obras escritas pelo homem em todos os tempos? Não, né?
A gravação da Orchestra of the Age of Enlightenment não chega ao nível do Collegium Aureum, do Giardino Armonico ou do Café Zimmermann, mas está longe de ser uma mera second choice. É boa pra cacete e apenas perde para os citados.
J. S. Bach (1685-1750): Os Concertos de Brandenburgo (Orchestra of the Age of Enlightenment)
1. Brandenburg Concerto No. 1 in F BWV1046: I. [Allegro] Catherine MacKintosh/Paul Goodwin/Timothy Brown/Susan Dent/Orchestra Of The Age Of Enlightenment 4:04
2. Brandenburg Concerto No. 1 in F BWV1046: II. Adagio Catherine MacKintosh/Paul Goodwin/Timothy Brown/Susan Dent/Orchestra Of The Age Of Enlightenment 3:44
3. Brandenburg Concerto No. 1 in F BWV1046: III. Allegro Catherine MacKintosh/Paul Goodwin/Timothy Brown/Susan Dent/Orchestra Of The Age Of Enlightenment 4:13
4. Brandenburg Concerto No. 1 in F BWV1046: IV. Menuet – Trio I – Menuet – Polonaise – Menuet – Trio II – Menuet Catherine MacKintosh/Paul Goodwin/Timothy Brown/Susan Dent/Orchestra Of The Age Of Enlightenment 7:35
5. Brandenburg Concerto No. 2 in F BWV1047: I. [Allegro] Mark Bennett/Rachel Beckett/Paul Goodwin/Monica Huggett/Orchestra Of The Age Of Enlightenment 5:07
6. Brandenburg Concerto No. 2 in F BWV1047: II. Andante Mark Bennett/Rachel Beckett/Paul Goodwin/Monica Huggett/Orchestra Of The Age Of Enlightenment 3:44
7. Brandenburg Concerto No. 2 in F BWV1047: III. Allegro assai Mark Bennett/Rachel Beckett/Paul Goodwin/Monica Huggett/Orchestra Of The Age Of Enlightenment 2:47
8. Brandenburg Concerto No. 3 in G BWV1048: I. [Allegro] Orchestra Of The Age Of Enlightenment/Alison Bury 5:36
9. Brandenburg Concerto No. 3 in G BWV1048: II. Adagio – III. Allegro Orchestra Of The Age Of Enlightenment/Alison Bury 5:00
10. Brandenburg Concerto No. 4 in G BWV1049: I. Allegro Monica Huggett/Rachel Beckett/Marion Scott/Orchestra Of The Age Of Enlightenment 7:23
11. Brandenburg Concerto No. 4 in G BWV1049: II. Andante Monica Huggett/Rachel Beckett/Marion Scott/Orchestra Of The Age Of Enlightenment 3:41
12. Brandenburg Concerto No. 4 in G BWV1049: III. Presto Monica Huggett/Rachel Beckett/Marion Scott/Orchestra Of The Age Of Enlightenment 4:31
13. Brandenburg Concerto No. 5 in D BWV1050: I. Allegro Elizabeth Wallfisch/Lisa Beznosiuk/Malcolm Proud/Orchestra Of The Age Of Enlightenment 9:22
14. Brandenburg Concerto No. 5 in D BWV1050: II. Affettuoso Elizabeth Wallfisch/Lisa Beznosiuk/Malcolm Proud/Orchestra Of The Age Of Enlightenment 6:10
15. Brandenburg Concerto No. 5 in D BWV1050: III. Allegro Elizabeth Wallfisch/Lisa Beznosiuk/Malcolm Proud/Orchestra Of The Age Of Enlightenment 5:12
16. Brandenburg Concerto No. 6 in B flat BWV1051: I. [Allegro] Orchestra Of The Age Of Enlightenment/Monica Huggett 5:24
17. Brandenburg Concerto No. 6 in B flat BWV1051: II. Adagio ma non tanto Orchestra Of The Age Of Enlightenment/Monica Huggett 4:30
18. Brandenburg Concerto No. 6 in B flat BWV1051: III. Allegro Orchestra Of The Age Of Enlightenment/Monica Huggett 5:29
Orchestra of the Age of Enlightenment
Paul Goodwin
Catherine Mackintosh
Rachel Beckett
Mark Bennett
Monica Huggett
Alison Bury
Marion Scott
Lisa Beznosiuk
Malcolm Proud
Elizabeth Wallfisch
Pavlo Beznosiuk
Richard Campbell
Sarah Cunningham
William Hunt
John Toll
Richard Tunnicliffe
Timothy Brown
Susan Dent
A Sonata para Violino é muitíssimo boa, mas a para viola é ainda melhor. Este é um grande disco, deem só uma espreitadinha nos músicos…
A Sonata para Viola é a última composição de Shostakovich e uma de minhas preferidas. Ele começou a escrevê-la em 25 de junho de 1975 e, apesar de ter sido hospitalizado por problemas no coração e nos pulmões neste ínterim, terminou a primeira versão rapidamente, em 6 de julho. Para piorar, os problemas ortopédicos voltaram: “Eu tinha dificuldades para escrever com minha mão direita, foi muito complicado, mas consegui terminar a Sonata para Viola e Piano”. Depois, passou um mês revisando o trabalho em meio aos novos episódios de ordem médica que o levaram a falecer em 9 de agosto.
Sentindo a proximidade da morte, Shostakovich escreveu que procurava repetir a postura estóica de Mussorgsky, que teria enfrentado o inevitável sem auto-comiseração. E, ao ouvirmos esta Sonata, parece que temos mesmo de volta alguma luz dentro da tristeza das últimas obras. A intenção era a de que o primeiro movimento fosse uma espécie de conto, o segundo um scherzo e o terceiro um adágio em homenagem a Beethoven. O resultado é arrasadoramente belo com o som encorpado da viola dominando a sonata.
Os primeiros compassos da Sonata ao Luar, de Beethoven, uma obra que Shostakovich frequentemente executava quando jovem pianista, é citada repetidamente no terceiro movimento, sempre de forma levemente transformada e arrepiante, ao menos no meu caso… O scherzo possui uma marcha e vários motivos dançantes, retirados de uma outra ópera baseada em Gógol — seria sua segunda ópera composta sobre histórias do ucraniano, pois, na sua juventude ele já escrevera O Nariz (1929) — que tinha sido abandonada há mais de trinta anos. Outras alusões são feitas nesta sonata. Há pequenas citações da 9ª Sinfonia (de Shostakovich), da 4ª de Tchaikovski, da 5ª de Beethoven, da Sonata Op.110 de Beethoven, de Stravinsky, Mahler e Brahms. E a abertura da Sonata utiliza trecho do Concerto para Violino de Alban Berg, também conhecido pelo nome de “À memória de um anjo”, o qual é dedicado à filha de Alma Mahler, Manon, morta aos 18 anos, com poliomielite.
Creio não ser apenas invenção deste ouvinte- – há uma constante interferência do inexorável nesta música, talvez sugerida pela intromissão de temas de outros compositores na partitura, talvez sugerida pela atmosfera melancólica da sonata, talvez por meu conhecimento de que ouço um réquiem. O fato é que Shostakovich estava aguardando.
Shostakovich morreu sem ouvir a sonata, que foi estreada num concerto privado no dia 25 de setembro de 1975, data em que faria 69 anos.
Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sonata para Violino / Sonata para Viola (Kagan, Bashmet, Richter)
01. Sonata for Violin and Piano – Op.134 – I. Andante / 11:30
02. Sonata for Violin and Piano – Op.134 – II. Allegretto / 7:00
03. Sonata for Violin and Piano – Op.134 – III. Largo / 14:58
04. Sonata for Viola and Piano – Op.147 – I. Moderato / 11:10
05. Sonata for Viola and Piano – Op.147 – II. Allegretto / 6:19
06. Sonata for Viola and Piano – Op.147 – III. Adagio / 17:03
POSTAGEM ORIGINAL DE PQP BACH. IMAGENS POR VASSILY EM 30/10/2015,
Aproveitando a carona dessa nossa série sobre a Família das Cordas, reabilitamos os links para essa estupenda gravação do belga Sigiswald Kuijken. Sempre houve muita discussão dessas Suítes BWV 1007-1012, pois não há autógrafo do compositor, apenas uma cópia do punho de sua esposa Anna Magdalena, cheia de erros e inconsistências. Além disso, a verdadeira natureza do instrumento para o qual Bach concebeu essas obras também é objeto de polêmica, particularmente por conta da Suíte no. 6, que demanda um instrumento de cinco cordas. Alguns sustentaram que ele seria uma certa viola pomposa inventada pelo compositor, sobre cuja existência nunca houve provas além de anedotas. Outra possibilidade é o violoncello da spalla, cujo maravilhoso timbre, sob as mãos do violinista Kuijken, soa tão convincente que as dúvidas parecem dirimir.
Vassily Genrikhovich
POSTAGEM ORIGINAL DE PQP BACH EM 21/3/2009, EDITADA EM 28/2/2012
Filhos bastardos, eu e FDP não lembramos do 21 de março antes do dia de ontem. Improvisamos uma homenagem meio de qualquer jeito e acho que deu certo. Foram 5 posts com 10 impecáveis CDs.
Finalizamos nossa homenagem aos 324 anos de papai com uma nova versão para as Suítes para Violoncelo, tocadas pelo genial Sigiswald Kuijken num instrumento que hoje não se utiliza mais: o violoncello da spalla.
Ei-los [Vassily]Maior ainda que a viola, mas manuseado como se fosse um violino, o “violoncelo de ombro” presta-se a uma belíssima interpretação das suítes. E salve Mestre Kuijken!
IMPERDÍVEL!!!
Bach: Suítes para Violoncelo, BWV 1007-1012
CD 1
Suite N°1 in G major BWV 1007
1. Suite No. 1, S. 1007 In G Major: Prelude
2. Suite No. 1, S. 1007 In G Major: Allemande
3. Suite No. 1, S. 1007 In G Major: Courante
4. Suite No. 1, S. 1007 In G Major: Sarabande
5. Suite No. 1, S. 1007 In G Major: Menuett
6. Suite No. 1, S. 1007 In G Major: Gigue
Suite N°2 in d minor BWV 1008
7. Suite No. 2, S. 1008 In D Minor: Prelude
8. Suite No. 2, S. 1008 In D Minor: Allemande
9. Suite No. 2, S. 1008 In D Minor: Courante
10. Suite No. 2, S. 1008 In D Minor: Sarabande
11. Suite No. 2, S. 1008 In D Minor: Menuett
12. Suite No. 2, S. 1008 In D Minor: Gigue
Suite N°3 in C major BWV 1009
13. Suite No. 3, S. 1009 In C Major: Prelude
14. Suite No. 3, S. 1009 In C Major: Allemande
15. Suite No. 3, S. 1009 In C Major: Courante
16. Suite No. 3, S. 1009 In C Major: Sarabande
17. Suite No. 3, S. 1009 In C Major: Bouree
18. Suite No. 3, S. 1009 In C Major: Gigue
CD 2
Suite N°4 in E flat major BWV 1010
1. Suite No. 4, S. 1010 In E-Flat Major: Prelude
2. Suite No. 4, S. 1010 In E-Flat Major: Allemande
3. Suite No. 4, S. 1010 In E-Flat Major: Courante
4. Suite No. 4, S. 1010 In E-Flat Major: Sarabande
5. Suite No. 4, S. 1010 In E-Flat Major: Bourree
6. Suite No. 4, S. 1010 In E-Flat Major: Gigue
Suite N°5 in c minor BWV 1011
7. Suite No. 5, S. 1011 In C Minor: Prelude
8. Suite No. 5, S. 1011 In C Minor: Allemande
9. Suite No. 5, S. 1011 In C Minor: Courante
10. Suite No. 5, S. 1011 In C Minor: Sarabande
11. Suite No. 5, S. 1011 In C Minor: Gavotte
12. Suite No. 5, S. 1011 In C Minor: Gigue
Suite N°6 in D major BWV 1012
13. Suite No. 6, S. 1012 In D Major: Prelude
14. Suite No. 6, S. 1012 In D Major: Allemande
15. Suite No. 6, S. 1012 In D Major: Courante
16. Suite No. 6, S. 1012 In D Major: Sarabande
17. Suite No. 6, S. 1012 In D Major: Gavotte
18. Suite No. 6, S. 1012 In D Major: Gigue
Não sabia muito sobre Christine Busch e achei monumental seu desempenho nestas obras de Bach. Ela as tornou novas e atraentes. Sua técnica é impecável, com frases fluídas e sem esforço, ritmos perfeitamente escolhidos e o um belo som de violino. Tendo trabalhado muitos anos com Nikolaus Harnoncourt e o Vienna Concentus Musicus, bem como com a Orquestra Barroca de Freiburg e a Orquestra de Câmara da Europa, Christine Busch está em casa tanto com violinos barrocos quanto com modernos. Nesta gravação de Sonatas e Partitas para violino solo de Bach, Busch toca um instrumento do século XVIII. O CD é maravilhoso. Ela sustenta um diálogo eloquente e suave — sim, é possível –, com grande charme expressivo. Recomendo fortemente este CD ao lado dos de Amandine Beyer e John Holloway nestas obras.
Johann Sebastian Bach (1685-1750): Sonatas e Partitas para Violino Solo
01. Sonata No. 1 in G Minor BWV 1001 – I. Adagio
02. Sonata No. 1 in G Minor BWV 1001 – II. Fuga – Allegro
03. Sonata No. 1 in G Minor BWV 1001 – III. Siciliana
04. Sonata No. 1 in G Minor BWV 1001 – IV. Presto
05. Partita No. 1 in B Minor BWV 1002 – I. Allemanda
06. Partita No. 1 in B Minor BWV 1002 – II. Double
07. Partita No. 1 in B Minor BWV 1002 – III. Corrente
08. Partita No. 1 in B Minor BWV 1002 – IV. Double – Presto
09. Partita No. 1 in B Minor BWV 1002 – V. Sarabande
10. Partita No. 1 in B Minor BWV 1002 – VI. Double
11. Partita No. 1 in B Minor BWV 1002 – VII. Tempo di Borea
12. Partita No. 1 in B Minor BWV 1002 – VIII. Double
13. Sonata No. 2 in A Minor BWV 1003 – I. Grave
14. Sonata No. 2 in A Minor BWV 1003 – II. Fuga
15. Sonata No. 2 in A Minor BWV 1003 – III. Andante
16. Sonata No. 2 in A Minor BWV 1003 – IV. Allegro
CD 2
01. Partita No. 2 in D Minor BWV 1004 – I. Allemanda
02. Partita No. 2 in D Minor BWV 1004 – II. Corrente
03. Partita No. 2 in D Minor BWV 1004 – III. Sarabanda
04. Partita No. 2 in D Minor BWV 1004 – IV. Giga
05. Partita No. 2 in D Minor BWV 1004 – V. Ciaconna
06. Sonata No. 3 in C Major BWV 1005 – I. Adagio
07. Sonata No. 3 in C Major BWV 1005 – II. Fuga
08. Sonata No. 3 in C Major BWV 1005 – III. Largo
09. Sonata No. 3 in C Major BWV 1005 – IV. Allegro assai
10. Partita No. 3 in E Major Bwv 1006 – I. Preludio
11. Partita No. 3 in E Major Bwv 1006 – II. Loure
12. Partita No. 3 in E Major Bwv 1006 – III. Gavotte En Rondeau
13. Partita No. 3 in E Major Bwv 1006 – IV. Menuet I
14. Partita No. 3 in E Major Bwv 1006 – V. Menuet II
15. Partita No. 3 in E Major Bwv 1006 – VI. Bourrée
16. Partita No. 3 in E Major Bwv 1006 – VII. Gigue
Um Mahler russo e monumental este de Svetlanov. Gostei muito. Creio que possa me ufanar de conhecer muitíssimas gravações desta obra-prima e digo-lhes que há várias excelentes. Se Rattle permanece no topo da Ressurreição, Tilson Thomas, Bernstein e este Svetlanov pressionam o campeão. Esta sinfonia pergunta: “Por que se vive?”. Simbolicamente, ela narra a derrota da morte e a redenção final do ser humano, após este ter passado por uma período de incertezas e agruras. São suas dúvidas, sua fé e a ressurreição no Dia do Juízo Final. O primeiro movimento é sobre a morte, no segundo a vida é relembrada, e o terceiro apresenta as dúvidas quanto à existência e ao destino. No quarto movimento o herói readquire a sua fé e a esperança. No quinto e último movimento ocorre a Ressurreição, na forma imaginada por Mahler.
Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 2 “Ressurreição”
1. Allegro maestoso. Mit durchaus ernstem und feierlichem Ausdruck (With complete gravity and solemnity of expression)
2. Andante moderato. Sehr gemächlich. Nie eilen. (Very leisurely. Never rush.)
3. In ruhig fließender Bewegung (With quietly flowing movement)
4. Urlicht (Primeval Light). Sehr feierlich, aber schlicht (Very solemn, but simple)
5. Im Tempo des Scherzos (In the tempo of the scherzo
Olga Aleksandrova, contralto
L. Ermakova, Choir Master
Natalia Gerasimova, soprano
Russian State Symphony Orchestra
Evgeny Svetlanov
Este álbum de Trios, Quartetos e Scherzos para vários instrumentos solistas (flautas transversais, violinos e fagote), mais baixo contínuo, é delicioso. A peças são interpretadas em instrumentos originais por membros de Parnassi Musici — grupaço de Freiburg que tem como destaques o organista e cravista Martin Lutz e o fagotista Sergio Azzolini. Telemann escreveu esses pequenos trios no início dos anos 1700. Não os desejava longos ou difíceis porque queria satisfazer “a música comprada pelo publico” para saraus domiciliares. Mas, vocês sabem, coloquem uma coisa simples na mão de grandes músicos e a coisa ganha graça ou profundidade, às vezes ambos. É o caso.
G. P. Telemann (1681-1767): III Trietti Metodichi e III Scherzi
1 Trietti Methodichi E Scherzi: Trio No. 3 In D Minor, TWV 42:D1: I. Allegro 2:17
2 Trietti Methodichi E Scherzi: Trio No. 3 In D Minor, TWV 42:D1: II. Largo 3:28
3 Trietti Methodichi E Scherzi: Trio No. 3 In D Minor, TWV 42:D1: III. Allegro 3:37
4 Trietti Methodichi E Scherzi: Scherzo No. 3 In D Major, TWV 42:D3: I. Allegro 1:34
5 Trietti Methodichi E Scherzi: Scherzo No. 3 In D Major, TWV 42:D3: II. Largo 3:05
6 Trietti Methodichi E Scherzi: Scherzo No. 3 In D Major, TWV 42:D3: III. Allegro 1:29
7 6 Quatuors Ou Trios: Quartet No. 5 In A Minor, TWV 43:A1: I. Andante 2:26
8 6 Quatuors Ou Trios: Quartet No. 5 In A Minor, TWV 43:A1: II. Divertimento I: Vivace 3:02
9 6 Quatuors Ou Trios: Quartet No. 5 In A Minor, TWV 43:A1: III. Divertimento II: Presto 1:34
10 6 Quatuors Ou Trios: Quartet No. 5 In A Minor, TWV 43:A1: IV. Divertimento III: Allegro 0:41
11 Trietti Methodichi E Scherzi: Trio No. 1 In G Major, TWV 42:G2: I. Allegro 2:01
12 Trietti Methodichi E Scherzi: Trio No. 1 In G Major, TWV 42:G2: II. Grave 3:46
13 Trietti Methodichi E Scherzi: Trio No. 1 In G Major, TWV 42:G2: III. Presto 2:34
14 Trietti Methodichi E Scherzi: Scherzo No. 1 In A Major, TWV 42:A1: I. Allegro 2:09
15 Trietti Methodichi E Scherzi: Scherzo No. 1 In A Major, TWV 42:A1: II. Moderato 3:06
16 Trietti Methodichi E Scherzi: Scherzo No. 1 In A Major, TWV 42:A1: III. Allegro 2:51
17 Quartet In D Minor, TWV 43:D3: I. Adagio 2:05
18 Quartet In D Minor, TWV 43:D3: II. Allegro 1:35
19 Quartet In D Minor, TWV 43:D3: III. Largo 1:15
20 Quartet In D Minor, TWV 43:D3: IV. Allegro 3:01
21 Trietti Methodichi E Scherzi: Trio No. 2 In D Major, TWV 42:D2: I. Vivace 2:24
22 Trietti Methodichi E Scherzi: Trio No. 2 In D Major, TWV 42:D2: II. Andante 3:01
23 Trietti Methodichi E Scherzi: Trio No. 2 In D Major, TWV 42:D2: III. Vivace 2:34
24 Trietti Methodichi E Scherzi: Scherzo No. 2 In E Major, TWV 42:E1: I. Vivace 2:36
25 Trietti Methodichi E Scherzi: Scherzo No. 2 In E Major, TWV 42:E1: II. Largo 2:46
26 Trietti Methodichi E Scherzi: Scherzo No. 2 In E Major, TWV 42:E1: III. Vivace 2:12
CD complicado de aguentar. Essas obras compostas para filmes devem significar alguma coisa para os russos, talvez sejam marcos do desenvolvimento cinematográfico do país, ou seja considerado importante o fato de Shostakovich ter sido pianista de cinema mudo, sei lá. O que sei é que não gosto.
Hamlet Suite
1. Prelude 2:18
2. The Ball at the Palace 3:41
3. The Ghost 1:20
4. In the Garden 3:03
5. Hamlet & Ophelia 3:51
6. Arrival of the Actors 2:11
7. Poisoning Scene 7:26
8. Duel and Death of Hamlet 3:57
National Symphony Orchestra of Ukraine,
Theodore Kuchar
CD 17
Tudo muda aqui. A brasileira Cristina Ortiz dá um banho em dois concertos espetaculares.
Concerto para Piano, Trompete e Cordas, Op. 35 (1933):
Shostakovich foi excelente pianista. Poderia ter feito carreira como virtuose, mas, para nossa sorte, escolheu compor. Foi o vencedor do internacional Concurso Chopin de 1927 e fazia apresentações regulares executando seus trabalhos. O pequeno número de gravações do próprio compositor como pianista talvez deva-se ao fato de ele ter perdido parcialmente os movimentos de sua mão direita ao final dos anos sessenta.
Este concerto é realmente espetacular. Era uma boa época para os concertos para piano. O de Ravel aparecera um ano antes, assim como o 5º de Prokofiev. É coincidente que os três sejam alegres, luminosos, divertidos mesmo. Com quatro movimentos, sendo o primeiro muito melodioso e gentil, os dois centrais lentos e o último capaz de provocar gargalhadas, é um grande concerto. A participação de um trompetista meio espalhafatoso é fundamental, assim como de um pianista que possa fazer rapidamente a conversão entre a música de cabaré e a música militar exigidas no último movimento. Uma vez, assistindo a uma apresentação, vi como as pessoas sorriam durante a audição deste movimento. Não há pontos baixos neste maravilhoso concerto, que ainda traz, em seu segundo movimento, um lindíssimo solo para trompete, além de uma cadenza esplêndida, de ecos beethovenianos.
Shostakovich foi o pianista de sua estréia, em 1933, na cidade de Leningrado.
Concerto Nº 2 para Piano e Orquestra, Op. 102 (1957):
Concerto dedicado ao filho pianista Maxim Shostakovich. É um autêntico presente de pai para filho. Alegre, brilhante e cheio de brincadeiras de caráter privado como a inacreditável inclusão – no terceiro movimento e totalmente inseridos na música – de exercícios que seu filho praticava quando era estudante do instrumento… E não se surpreenda, o primeiro movimento deste concerto é conhecido entre as crianças que vêem desenhos da Disney. É a música que é executada durante o episódio do Soldadinho de Chumbo em Fantasia 2000. Quando ouço esta música em casa, sempre um de meus filhos vem me dizer “olha aí a música do Soldadinho de Chumbo”. É claro que a música não tem nada a ver com a história infantil; Shostakovich fez um belo concerto para seu filho, de atmosfera delicada e afetuosa. O primeiro movimento (Allegro) começa com uma rápida introdução orquestral em seguida à qual entra o piano. De acordo com a prática habitual de Shostakovich, o tema inicial é um pouco mais poético do que o segundo, de entonação mais vigorosa e rítmica.
Dois movimentos vivos e felizes cercam um melancólico, tocante e melodioso segundo movimento. A inspiração óbvia para este concerto foi o Concerto em Sol Maior (1931) de Ravel. Leonard Bernstein deu-se conta disto e gravou um de seus melhores discos em 1978, acumulando as funções de pianista e regente nos dois concertos. Se este concerto não arrancar algum sorriso do ouvinte, este necessita de urgentemente de anti-depressivos.
Piano Concerto No. 1 in C minor for piano, trumpet & strings Op. 35
1. Allegro-moderato-allegro-vivace-moderato 6:05
2. Lento 7:13
3. Moderato 1:58
4. Allegro con brio 6:42
Piano Concerto No. 2 in F major Op. 102
5. Allegro 7:27
6. Andante 6:48
7. Allegro 5:39
Cristina Ortiz, piano
Bournemouth Symphony Orchestra,
Paavo Berglund
CD 18
Não preciso apresentar David Oistrakh, certo?
Concerto para Violino Nº 1, Op. 99 (1947-48):
Outra obra-prima. É incrível que este concerto tenha recebido tão poucas gravações. Quando Maxim Vengerov e Mstislav Rostropovich o gravaram em 1994 para a Teldec, o resultado foi que o CD acabou sendo considerado o melhor do ano pela revista inglesa Gramophone e também, se não me engano, pela francesa Diapason. Dedicado a David Oistrakh, teve sua estréia realizada apenas em 1955, em razão dos problemas que o compositor arranjou com Stalin e com o Relatório Jdanov, já discutidos na primeira parte desta série.
Shostakovich o considerava uma sinfonia para violino solo e orquestra. A comparação é apropriada. Não apenas a estrutura em quatro movimentos, mas também sua longa duração (40 minutos), são exageradas para o comum dos concertos. Apesar de termos aqui a primeira e significativa aparição de melodias baseadas no motivo DSCH – o que será melhor explicado no comentário da Sinfonia Nº 10 -, apesar de tal tema aparecer no segundo movimento, esta obra tem seu coração no terceiro movimento Passacaglia – Andante. São nove variações sobre o mesmo tema em que somos lentamente levados do clímax para a calma e não ao contrário, o que é mais comum. A orquestra vai pouco a pouco deixando a voz individual do violino levar a música até uma longa cadenza, que alguns consideram um movimento a parte que se liga organicamente ao movimento final. Um espanto!
Concerto para Violino e Orquestra Nº 2, Op. 129 (1967):
Um dia, Shostakovich resolveu escrever algo bem complicado e difícil para que Oistrakh passasse o maior trabalho. E fez este Concerto Nº 2. É complicado até de ouvir, não obstante a curiosidade dos “intensos diálogos” e repetições que o violino faz com insrumentos da orquestra. Não é um mau concerto, mas, bá, é complicadíssimo!
Violin Concerto No.1 in A minor Op.99
1. Nocturne 11:52
2. Scherzo 6:18
3. Passacaglia, andante, cadenza- Burlesque, allegro con brio 18:19
Violin Concerto No.2 in C sharp minor Op.129
4. Moderato 11:56
5. Adagio, adagio- allegro 16:17
Weber é um compositor extremamente citado em todo o compêndio de história da música. Influenciou basicamente toda a sua geração posterior, e, ao que consta, foi um grande reformador da ópera alemã. Confesso que conheço muito pouco dele, algumas árias e coros mais famosos, além das obras instrumentais, suas duas sinfonias e seus concertos (para clarinete, fagote e piano). Bem, a julgar por estas obras, eu sempre me perguntava: mas onde diabos acham esse cara importante? um compositor bastante mediano, em alguns momentos frívolo, mais de efeitos que de causas, com material musical de densidade duvidosa e temas pouco cativantes. Pensei cá comigo que ele deveria ter deixado sua melhor fatia de inspiração para as óperas, e, por ser um compositor de transição clássico-romântico, suas aberturas deveriam refletir boa parte do material musical destas. Fui lá eu então, procurar onde estava a genialidade do Weber. Ouvi inteiro, de cabo a rabo, e fora as aberturas populares que eu já conhecia (Oberon e o Franco-atirador), continuei na mesma: cadê o tal genial Weber? Nada…
Cheguei à conclusão que Weber deve ter sido um compositor destes que ficam na moda um certo tempo, mas que conseguiu firmar uma determinada característica na linguagem da ópera que o fez permanecer como referência mesmo após sua música sair de moda. E foi isso que sobrou: referência.
Não conheço sua óperas na íntegra, e não duvido que tenham momentos extraordinários, mas, dessas aberturas, vou dizer: ô carinha chato de ouvir.
A boa notícia é que este disco é maravilhosamente bem interpretado, Wolfgang Sawallisch é um maestro de primeiríssima grandeza. A gravação original é de 1959, e o som é incrivelmente bom para esta idade. Ele foi relançado em 1988 (capa da Amazon acima) e depois em 2005 pela mesma EMI, com esta capa:
Carl Maria von Weber (1786-1826)
Euryanthe Overture J291
Der Beherrscher der Geister (Ruler of the Spirits) Overture J122
Abu Hassan Overture J106
Jubel-Ouverture J245
Preciosa Overture J279
Oberon Overture J306
Der Freischütz Overture J277
Philharmonia Orchestra
Wolfgang Sawallisch
EMI, 1959
Gidon Kremer e sua KREMERata Baltica costumam fazer abordagens criativas e competentes a repertórios aos quais estamos acostumado a ouvir da forma original. Ele e seu conjunto foram extremamente felizes nesta recriação destas obras finais de Shosta. Poderiam cair no ridículo, mas vão lá no fundo e voltam com pérolas.
Baita CD!
Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sonata para Violino / Sonata para Viola (com Orquestra de Cordas!) (Kremer, Bashmet, Kremerata Baltica)
1. Sonata for Violin and Piano, Op.134 – 1. Andante Gidon Kremer 10:56
2. Sonata for Violin and Piano, Op.134 – 2. Allegretto Gidon Kremer 6:30
3. Sonata for Violin and Piano, Op.134 – 3. Largo – Andante – Largo Gidon Kremer 15:03
Orchestrated by Michail Zinman; percussion arranged by Andrei Pushkarev
4. Sonata for Viola and Piano, Op.147 – 1. Moderato Yuri Bashmet 11:40
5. Sonata for Viola and Piano, Op.147 – 2. Allegretto Yuri Bashmet 7:04
6. Sonata for Viola and Piano, Op.147 – 3. Adagio Yuri Bashmet 17:00
Um bom CD. Por alguma razão, o estilo de Sibelius fica ótimo nas mãos de Karajan e, principalmente nas dos filarmônicos de Berlim. Pode-se dizer que HvK tenha dirigido sua orquestra com o freio de mão puxado, mas isso ficou maravilhoso na melhor das sinfonias do finlandês, a sétima. A gravação de HvK da sétima só perde mesmo para Mravinsky e a orquestra de Leningrado. O CD duplo, da série The Originals, traz, além das sinfonias de 4 a 7, os poemas sinfônicos Tapiola e O Cisne da Tuonela. Um disco muito legal para ser ouvido neste ano em que Sibelius faz 150 anos de nascimento.
Jan Sibelius (1865-1957): Sinfonias Nros. 4 a 7 / Tapiola / O Cisne da Tuonela
Symphonie Nr. 4 Op. 63
01. I Tempo molto moderato, quasi adagio
02. Allegro molto vivace
03. Il tempo largo
04. Allegro
05. O Cisne da Tuonela op. 22 No. 3
Symphony No. 5 Op.82
06. Tempo molto moderato – Largamente 9:32
07. Allegro moderato – Presto 4:40
08. Andante mosso, quasi allegretto 8:22
09. Allegro molto
10. Symphony No. 6 in D Minor – Allegro molto moderato
11. Symphony No. 6 in D Minor – Allegretto moderato
12. Symphony No. 6 in D Minor – Poco vivace
13. Symphony No. 6 in D Minor – Allegro molto
14. Symphony No. 7 in C Major – Adagio
15. Symphony No. 7 in C Major – Vivacissimo – Adagio
16. Symphony No. 7 in C Major – Allegro molto moderato – Allegro moderato
17. Symphony No. 7 in C Major – Vivace – Presto – Adagio – Largamente molto
Para homenagear as mulheres nesta semana, eis alguns posts cujo destaque são as mulheres compositoras.
E começo pelo prodígio Lili Boulanger, que faleceu precocemente aos 24 anos, mas não sem, aos 19, simplesmente abocanhar o Prêmio de Roma, o mais cobiçado concurso de composição da Europa. Em outro post sobre ela, o colega fdp mencionou, muito a propósito: “Lili Boulanger viveu pouco, porém intensamente, e era a irmã mais nova de Nadia Boulanger, também compositora e professora de piano e composição. Morreu com apenas 24 anos de idade, porém mesmo assim influenciou diversos compositores que vieram a se destacar no século XX, como Arthur Honneger.”
Esta obra que aqui apresento, Faust et Hèléne, é justamente a obra que a fez ganhar o Prêmio, e impressionou até mesmo críticos ácidos como Debussy, que na época escrevia crítica musical em Paris. É impressionante. Formal e criativamente, uma obra densa, povoada por ideias musicais brilhantes, e sobretudo por uma visão apaixonada do assunto, só que pelo lado feminino, coisa que na música infelizmente não estamos acostumados. Poderíamos, a título de comparação, pensar: “como seria musicalmente descrito o amor de Tristão por Isolda se ele fosse composto por uma mulher?”. Bem, salvaguardadas as devidas proporções, este é um belo exemplo.
As demais peças são puro deleite, pequenos poemas orquestrais de avassaladora intimidade, e dois salmos inspiradíssimos, que revelam um talento incomum, cuja distinção não passa despercebida por ninguém. Cuidado: pode ser paixão à primeira vista.
Lili Boulanger (1893-1918)
Psalm 24, “La terre appartient a l’Eternel”
Faust et Hèléne
D’un soir triste
D’un matin de printemps
Psalm 130, “Du fond de l’abime”
Lynne Dawson, soprano
Ann Murray, mezzo-soprano
Bonaventura Bottone, tenor
Neil MacKenzie, tenor
Jason Howard, bass
City of Birmingham Symphony Chorus
BBC Philharmonic
Yan Pascal Tortelier
CHANDOS, 1999
DOWNLOAD HERE
Arquivo FLAC (sem perda de qualidade), 310Mb
Há pouco mais de um mês, vi Andris Nelsons à frente da Philharmonia Orchestra, em Londres, regendo a 9ª Sinfonia de Bruckner e o Concerto Nº 27 de Mozart para Piano e Orquestra (pianista: o extraordinário Paul Lewis). O letão de apenas 38 anos é algo de extraordinário e é compreensível que tenha havido uma verdadeira guerra entre várias orquestras para contratá-lo como maestro titular. Ele hoje é titular da Boston Symphony Orchestra e da Leipzig Gewandhaus Orchestra, apenas. Li no The Guardian que só não é o próximo titular da Filarmônica de Berlim em razão de compromissos assumidos com várias orquestras e que não quis cancelar por questões de ética pessoal. Sua concepção da 2ª Sinfonia de Sibelius aponta para uma grande imaginação e respeito para com o compositor. Sibelius não é um autor vulgar, mas seu enorme sucesso popular, principalmente nos EUA, durante boa parte do século XX, gerou uma série de gravações que o diminuíram bastante. Agora, uma nova geração de regentes, como Nelsons e Søndergård, está repondo as coisas no lugar. Confiram se minto! (Gravação gloriosamente ao vivo).
Richard Wagner (1813-1883): Abertura “Tannhäuser” / Jean Sibelius (1865-1957): Sinfonia Nº 2, Op. 43
01. Wagner: Overture to “Tannhäuser”
Sibelius: Symphony No. 2 in D, Op. 43
02. Allegretto
03. Tempo Andante, ma rubato
04. Vivacissimo
05. Finale: Allegro moderato
Grigory Sokolov (1950) é um artista excepcional, uma lenda. Ele é considerado um dos maiores pianistas vivos e é adorado pelo publico em concertos sempre esgotados. Seu álbum de estreia na Deutsche Grammophon foi um enorme sucesso e é ainda o disco mais vendido pelo selo em 2016. Sokolov retorna com mais uma excelente gravação ao vivo — realizadas durante concertos em Varsóvia e Salzburgo — como gosta de fazer. Eu também as prefiro aos registros 100% corretos — e às vezes engessados — dos estúdios de gravação. O repertório é absolutamente fantástico. Vamos dos melodiosos Impromptus de Schubert, fazendo um descanso nas três peças para piano do mesmo compositor e para depois adentrar a mais lenta Sonata Hammerklavier que conheço. São 53 minutos! Depois vamos para a leveza de Rameau e finalizamos com a densidade de Brahms. E, curiosamente, tudo combina direitinho. Um CD que está no mais sublime grau de poesia e intimidade.
Schubert / Beethoven / Rameau / Brahms: Impromptus / Hammerklavier e outras peças
CD1: Franz Schubert – Impromtus D 899
1. No.1
2. No.2
3. No.3
4. No.4
Franz Schubert – Three Piano Pieces D 946
5. No.1
6. No.2
7. No.3
CD2: Ludwig van Beethoven – Piano Sonata No.29, Op.106 ‘Hammerklavier’
01. I. Allegro
02. II. Scherzo. Assai vivace
03. III. Adagio sostenuto
04. IV. Largo – Allegro risoluto
Jean-Philippe Rameau
05. Premier livre de pieces de clavecin / Suite In D Minor-Major (1724) – 2. Les tendres plaintes (Live)
06. Premier livre de pieces de clavecin / Suite In D Minor-Major (1724) – 17. Les tourbillons (Live)
07. Premier livre de pieces de clavecin / Suite In D Minor-Major (1724) – 18. Les cyclopes (Live)
08. Premier livre de pieces de clavecin / Suite In D Minor-Major (1724) – 15. La follette (Live)
09. Nouvelles suites de pièces de clavecin / Suite In G Major – 6. Les sauvages (Live)
Um excelente disco que inclui até algumas world premières de Sibelius. O finlandês Osmo Vänskä, chefe de orquestra na pequena Lahti, no sul da Finlândia, perto de Helsinque, é um maestro de primeira linha e, bem estamos 100% entre finlandeses. E eles demonstram que sabem o que fazem com seu conterrâneo. É o sotaque de Sibelius, sem tirar nem por. Não adianta, se o país de origem do compositor tiver grandes músicos, boa parte das melhores gravações dos caras sairão de lá. Ainda mais se forem compositores que não entraram ou que estão ainda chegando ao ícone. Infelizmente, não encontrei o nome das notáveis cantoras da faixa 8. Ah, e Faixas 1, 5 e 6 são World Première Recordings.
Jean Sibelius (1865-1957): Seriously
1. In Memoriam, funeral march for orchestra, Op. 59 Versão de 1909
Two Serious Melodies For Cello And Orchestra, Op.77
2. Earnest melodies (2), for cello & orchestra, Op. 77: No. 1. Cantique (Laetare anima mea). Moderato assai
3. Earnest melodies (2), for cello & orchestra, Op. 77: No. 2. Devotion (Ab imo pectore). Tempo molto moderato
4. Presto, for string quartet (or string orchestra) in D major
5. Lemminkäinen in Tuonela, tone poem for orchestra (Lemminkäinen Suite No. 2), Op. 22/2
6. Humoresques (2) for violin & orchestra, Op. 87b: No. 1
Three Pieces For Orchestra, Op.96
7. Pieces (3) for orchestra, Op. 96: a. Valse lyrique. Poco moderato
8. Pieces (3) for orchestra, Op. 96: b. Autrefois. Allegretto
9. Pieces (3) for orchestra, Op. 96: c. Valse chevaleresque. Comodo
10. In Memoriam, funeral march for orchestra, Op. 59, versão de 1910
Marko Ylönen, violoncelo
Jaakko Kuusisto, violino
Lahti Symphony Orchestra
Osmo Vänskä
Por favor, não olhe para a capa ao lado. Sua feiura é a antítese de Mravinsky! Mas também a qualidade do som é a antítese do finíssimo maestro da lendária orquestra de Leningrado. O CD vale (e muito) pela concepção dadas as obras. Mravinsky (1903-1988) foi um sábio. Sob comando de Mravinsky, a Orquestra Filarmônica de Leningrado ganhou justa reputação internacional, particularmente interpretando a música russa. Ele foi o campeão indiscutível de Tchaikovsky e Shostakovich. Tudo com sotaque russo. Durante a Segunda Guerra Mundial, Mravinsky e a orquestra foram evacuados para a Sibéria. Tudo para manter a orquestra. Entre as interpretações lendárias de Mravinsky estão seis sinfonias de Dmitri Shostakovich: a Sinfonia n.º 5, Sinfonia n.º 6, Sinfonia n.º 8, Sinfonia n.º 9, Sinfonia n.º 10 e Sinfonia n.º 12. Tais sinfonias foram estreadas por ele, OK? Mravinsky fez gravações de estúdio entre o período de 1938 a 1961. Suas gravações após 1961 foram feitas em concertos ao vivo. A sua última gravação aconteceu em abril de 1984, interpretando a Sinfonia n.º 12 de Dmitri Shostakovich. Na 13ª de Shosta há uma história muito feia e quem saiu com a imagem maculada foi o estado russo e Mravinsky. Já Shosta, Kondrashin e Yevtushenko saíram como heróis. Mas hoje é dia de celebrar o velho Mrav.
Richard Wagner (1813 -1883) – Siegfried’s Funeral March, from Götterdämmerung
01. Siegfried’s Funeral Mach, from Götterdämmerung
Ernest Chausson é um compositor que deveria fazer parte de nosso dia-a-dia musical. Considerando a música pós-romântica francesa, que tiveram nomes como D’Indy, Fauré, Pierné, Dukas e Duparc, a sua obra se destaca como uma das mais bem acabadas, de um refinada arquitetura e um discurso musical límpido, avesso à prolixidade.
Mais uma vez nos perguntamos o porquê de sua música, como de tantos outros em condições similares, ser tão negligenciada. Só nos resta saborear esta arte incomum, não para fazer jus à sua qualidade, mas simplesmente porque é música boa mesmo.
Chausson, como tantos outros de sua geração, também foi enfeitiçado por Wagner, cuja influência é bastante nítida, mas seu toque francês inconfundível trata a matéria sonora com singular bom gosto, com toda a sutileza que lhe é inerente. Uma fusão da grandiloquencia wagneriana com a severidade arquitetônica de um César Franck ou de um Brahms, que também Chausson admirava profundamente. A Sinfonia em Si bemol é sua única obra do gênero, e é realmente espantosa pela maneira como consegue não cair nos modelos saturados de padrões sinfônicos dos discursos pós-românticos germânicos. É música clara, original e grandiosa.
Os poemas sinfônicos que a seguem são igualmente belos, com nítido destaque para Viviane, inspirado nas lendas do Rei Arthur, que nutriam em Chausson fascínio especial (aliás, este era um tema recorrente em Chausson, sua única ópera versa sobre este assunto) e A Tempestade, sobre Shakespeare, outro tema caro aos compositores do romantismo extendido. Consta ainda que esta que foi a primeira obra a utilizar a Celesta, dois anos antes de Tchaikovsky em seu poema sinfonico Voyoveda e depois no Quebra-Nozes (dizem que Tchaikovsky esperneou porque queria ter sido o primeiro a usar, mas isso também é lenda).
Ernest Chausson (1855-1899)
Symphony in B-flat, op.20
Viviane, op.5
Soir de Fête, op.32
La Tempête, op.18
BBC Philharmonic Orchestra
Yan Pascal Tortelier
CHANDOS, 1999
Dentre o mar de regentes, uso poucos como tábuas certas de salvação: Fricsay, Kleiber, Wand, Celibidache, Abbado, Bernstein, Temirkanov, Gardiner, Rattle. Neste século, Dudamel e Nelsons. Mas, de todos eles, o cara no qual confio mesmo é Bernard Haitink. Chegando aos 88 anos, o ex-violinista tem tantas gravações de grande qualidade como regente que dá para preencher paredes de CDs. Seus anos de Concertgebouw, Londres e Boston foram brilhantes. Vi-o recentemente em ação, à frente da Chamber Orchestra of Europe, com Alina Ibragimova. Está com tudo em cima, regendo como nunca. Aqui temos um registro recente de um concerto realizado em Munique em junho de 2016. Haitink, ao vivo, faz uma 3ª de Mahler bem diferente de suas gravações do século XX. A sinfonia está mais delicada e próxima do texto-programa do compositor. Ou seja, Haitink não estava confortável no cânone de grandiosidade normalmente utilizado. Mesmo no Olimpo, ainda se incomoda. E é notável como tudo ganhou uma vida diferente. As bandas militares da infância de Mahler ficaram mais lúdicas. A poesia é poesia — Haitink respeitou minuciosamente o modo rarefeito com que a orquestra é tratada e sublinha este fato com clareza. Enfim, não dá para deixar passar. Trata-se de algo que deve ser ouvido.
Haitink em 1984
Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 3
01. Symphony No. 3 in D Minor_ I. Kräftig. Entschieden
02. Symphony No. 3 in D Minor_ II. Tempo di menuetto. Sehr mäßig
03. Symphony No. 3 in D Minor_ III. Comodo. Scherzando
04. Symphony No. 3 in D Minor_ IV. Sehr langsam. Misterioso
05. Symphony No. 3 in D Minor_ V. Lustig im Tempo und keck im Ausdruck
06. Symphony No. 3 in D Minor_ VI. Langsam. Ruhevoll. Empfunden
BERNARD HAITINK
Conductor
GERHILD ROMBERGER
Mezzosoprano
AUGSBURGER DOMSINGKNABEN
Director: Reinhard Kammler
FRAUENCHOR DES BAYERISCHEN RUNDFUNKS
Director: Yuval Weinberg
SYMPHONIEORCHESTER DES BAYERISCHEN RUNDFUNKS
Este é um CD com belas interpretações de Cantatas menores de J. S. Bach. Kuijken e sua turma — onde está a notável e bela mezzo-soprano Magdalena Kožená — Lady Simon Rattle desde 2008 — saem-se conforme o esperado, mas, pô, podiam ter colocado ao menos uma cantatinha de primeira linha, né? Ao menos esta é a opinião de PQP Bach, a qual vale pouco. Eu baixaria o CD. Sua sonoridade é majestosa e deixa a gente feliz só pelos timbres e competência dos envolvidos. Sigiswald Kuijken é um mestre absoluto.
(1-7) Kantate / Cantata Bwv 9: Es Ist Das Heil Uns Kommen Her
(8-15) Kantate / Cantata Bwv 94: Was Frag Ich Nach Der Welt
(16-22) Kantate / Cantata Bwv 187: Es Wartet Alles Auf Dich
Midori Suzuki (soprano)
Magdalena Kožená (mezzo-soprano)
Knut Schoch (tenor)
Jan Van der Crabben (baritone)
La Petite Bande
Sigiswald Kuijken
Depois da complexa polifonia de Palestrina e dos maravilhosos madrigais de Monteverdi, voltamos novamente nossos olhos (ou ouvidos) para a música antiga, neste caso antiquíssima. Le Jeu Des Pèlerins D’Emmaüs é um exemplo típico de drama litúrgico da Alta Idade Média. Dentro da espetacular sonoridade obtida pelo Ensemble Organum este CD impressiona tanto por sua qualidade musical como por sua riqueza dramática e espiritual. A peça nos traz de volta à mente este período muito pouco conhecido quando o homem medieval queria ver, ouvir e tocar as realidades místicas. E era melhor ficar com elas porque senão o pau comia solto. Este lindíssimo trabalho foi lançado pela primeira vez em 1990. Raridade. Aproveitem.
Le Jeu Des Pèlerins D’Emmaüs
Procession D’Entrée Des Vêpres De Pâques
Kyrie 4:55 Procession Aux Fonts Baptismaux
Psaume: Laudate Pueri 2:55
Repons: Haec Dies 4:36
Hymne: Jesu Nostra Redemptio 2:30 Officium Peregrinorum
Dialogue Des Deux Pèlerins 9:06
Antienne: Ego Sum Alpha Et Omega 1:51
Antienne: Sedit Angelus 4:03
Dialogue De L’Ange Avec Marie-Madeleine 2:08
Prose: Victimae Paschali Laudes 1:52
Alleluia: Surrexit Dominus 4:34
Apparition Du Christ À Thomas 3:23
Antienne: Ego Sum Alpha Et Omega 2:01 Retour Au Choeur
Psaume: In Exitu Israel 5:10
Oraison. Antienne: Lux Perpetua 1:44
Benedicamus Domino 2:30
Antienne De Procession: Christus Ressurgens 5:04
É notável como Luigi Nono envelheceu rapidamente. Antes, gostava de todas as suas obras, mas hoje muitas delas me parecem para lá de datadas. Não sei o que vocês dirão, porém, para mim, sua música tornou-se ruim e chata. O disco que posto em mp3 tem como origem um LP que nunca foi editado em CD. Ouça a raridade e depois briguem comigo à vontade. A possível simpatia ideológica não bastou para que eu gostasse da coisa.
Luigi Nono – 1969 – Un volto, e del mare & non consumiamo marx – para voz e gravação eletrônica
Lado A — Un Volto, Del Mare 16:46
Lyrics By – Cesare Pavese
Voice – Kadigia Bove, Liliana Poli
Lado B — Non Consumiamo Marx 17:36
Voice – Edmonda Aldini
Both tracks for voice and magnetic tape.
Lyrics for track A from the Cesare Pavese poem “Il Mattino”.
Lyrics for track B from writings on Paris walls (May 1968), documents on fights against Biennale di Venezia (June 1968) and found voices recorded live during street demonstrations.
Composed By – Luigi Nono
Technician [Magnetic Tapes] – Marino Zuccheri
Hoje, 4 de março, é (tradicionalmente) o dia de nascimento de Vivaldi. Eu não ponho minha mão no fogo sobre a precisão dos registros de 1678, mas parece certo que foi este dia mesmo.
Bem, ele é um dos meus compositores favoritos, por duas razões: primeiro, ele trabalha com uma paleta de tons extremamente simples e consegue arrancar delas as possibilidades mais incríveis, e, segundo, é uma máquina de invenção temática. Eu me lembro de quando garoto, cada vez que ouvia um novo concerto de Vivaldi (e normalmente eles vinham em vários de uma vez), ficava prestando atenção em como cada um conseguia ser diferente através do material temático, como seria a “personalidade” de cada concerto quanto ao seu tema. Por isso nunca fui a favor daquela tese que ele escreveu o mesmo concerto 400 vezes. Albinoni talvez, mas Vivaldi não. Cada um concerto, por mais que tenham estruturas e desenvolvimentos extremamente simples e similares, tinham temas, os mais diversos. Cada concerto era uma nova aventura.
Vivaldi teve seu momento de redescoberta no século XX e o infeliz estigma de ter escrito As Quatro Estações. Como esta é preferida do público (diria que só a Primavera, na verdade, porque os outros são concertos bem mais avançadinhos e só são ouvidos porque estão no pacote), as suas demais obras acabam por ficar relegadas a ouvintes eventuais.
Bem, então apresento uma série pouco conhecida, e que eu gosto muito, o seu Opus 9, chamado La Cetra. O título que faz referência a um instrumento antigo parecido com a Lira, muito provavelmente por conta da grande quantidade de arpejos que a série contém. Mas é uma das séries de concerto mais convincentes de Vivaldi. Ouvi-as pela primeira vez meio sem atenção, através de um disco emprestado de uma amiga. Me arrebatou completamente. Na época, acabei gravando em Fita K7 (sim, sou meio velho, era o que tinha), e ouvi exaustivamente, mas nunca consegui achar o CD aqui no Brasil. Quando achei era na caixa com sua obra completa, a um preço proibitivo que me fez esperar para comprar quando ficasse fora de moda e mais barato. Isso demorou muito para acontecer, e mantive um tape-deck no meu equipamento de som só para poder ouvir essa obra, que eu não tinha outra gravação. Em 2014, achei na Amazon, comprei e nunca chegou. Procurei com todos os colegas que tinham sites similares ao PQP e nada… Achei uma versão com Marriner e a Academy of St.Martin, mas não fui muito com a cara, e eu queria mesmo essa do I Musici, porque a primeira impressão é a que fica. Só agora, em 2016, consegui achar, no site Presto Classical, que vende por download o arquivo original em FLAC. O preço era módico e finalmente consegui a gravação, 20 anos depois.
Deu tanto trabalho que este post é também um desabafo sobre as dificuldades de ouvir música boa e, portanto, a extrema necessidade de compartilhar.
O Concerto 1 em Dó maior é uma pérola, uma delícia de concerto. Os demais são bacanas, mas a partir do 7, em Si bemol, a coisa fica séria. É um dos meus Top 5 de Vivaldi, e toda a sequencia posterior: o 8 em ré menor, sombrio e profundo, de arcaica beleza, o 9 em si bemol, de alegria abundante, e o 10 em Sol maior, de uma pureza tocante, quase infantil, e os sóbrios últimos concertos 11 e 12 , são absolutamente maravilhosos. E o I Musici em sua melhor forma, liderados pelo Obi-wan Kenobi do violino barroco, Félix Ayo. Não tem coisa melhor. Puro deleite.
Antonio Vivaldi (1678-1741)
La Cetra, op.9
CD 1
Violin Concerto No. 1 in C Major, RV 181a
Violin Concerto No. 2 in A Major, RV 345
Violin Concerto No. 3 in G Minor, RV 334
Violin Concerto No. 4 in E Major, RV 263a
Violin Concerto No. 5 in A Minor, RV 358
Violin Concerto No. 6 in A Major, RV 348
CD 2
Violin Concerto No. 7 in B-Flat Major, RV 359
Violin Concerto No. 8 in D Minor, RV 238
Violin Concerto No. 9 (for 2 Violins) in B-Flat Major, RV 530
Violin Concerto No. 10 in G Major, RV 300
Violin Concerto No. 11 in C Minor, RV 198a
Violin Concerto No. 12 in B Minor, RV 391
I Musici
Félix Ayo, violino I
Anna Maria Cotogni, violino II (no.9)
Enzo Altobelli, Cello
Maria Teresa Garatti, organ
PHILIPS, 1965
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Arquivo FLAC (sem perda de qualdiade), 699Mb