Fauré: Requiem / Bach: Partita, Chorales & Ciaccona

Fauré: Requiem / Bach: Partita, Chorales & Ciaccona

Gravado a partir de um concerto realizado em Londres do ano passado (2017), este disco entrelaça o Partita Nº 2 para Violino Solo de Bach com uma seleção de corais funerários de nosso Pai, seguido de uma performance do Réquiem de Fauré. A colocação da Partita e de sua Chaconne é inspirada pela teoria acadêmica atual de que esta peça seria um memorial escondido para sua falecida primeira esposa, Maria Barbara. A obra que representaria o luto de Bach. O coral e o solista, o spalla da LSO, Gordan Nikolitch, se reúnem na grande Chaconne, com um efeito desafiador e atraente. O experimento é fascinante. O Réquiem de Fauré, acompanhado sensivelmente pelo LSO Chamber Ensemble, é executado calorosamente, de forma uma só vez urgente e serena. Um disco excelente.

Johann Sebastian Bach (1685-1750)
1 Ach Herr, lass dein lieb Engelein (Part 2 No 40, Chorale of St John Passion, BWV245)[2’09]
2 Allemanda (Movement 1 of Partita No 2 in D minor, BWV1004)[3’29]
3 Corrente (Movement 2 of Partita No 2 in D minor, BWV1004)[2’10]
4 Christ lag in Todesbanden (Versus 1 of Christ lag in Todesbanden, BWV4)[1’19]
5 Sarabanda (Movement 3 of Partita No 2 in D minor, BWV1004)[3’32]
6 Den Tod niemand zwingen kunnt (Versus 2 of Christ lag in Todesbanden, BWV4)[1’22]
7 Giga (Movement 4 of Partita No 2 in D minor, BWV1004)[3’03]
8 Wenn ich einmal soll scheiden (No 62, Chorale of St Matthew Passion, BWV244) [1’23]
Tenebrae, Nigel Short (conductor)
9 Ciaccona (Movement 5 of Partita No 2 in D minor, BWV1004)[13’08]

Gordan Nikolitch (violin)
Tenebrae, Nigel Short (conductor)

Gabriel Fauré (1845-1924)
Requiem Op 48 [36’40]
10 Introït et Kyrie Requiem aeternam dona eis, Domine [6’35]
11 Offertoire O Domine Jesu Christe [8’15]
William Gaunt (bass)
12 Sanctus [3’33]
13 Pie Jesu [3’32]
Grace Davidson (soprano)
14 Agnus Dei [6’17]
15 Libera me [4’53]
William Gaunt (bass)
16 In paradisum [3’35]

Tenebrae
London Symphony Orchestra Chamber Ensemble
Nigel Short (conductor)

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Esse é o bigodón Gabriel Fauré
Esse é o bigodón Gabriel Fauré

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Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893): Piano Concerto No. 1 / The Nutcracker Suite for two pianos

Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893): Piano Concerto No. 1 / The Nutcracker Suite for two pianos

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Uma gravação de referência. Uma first choice indiscutível. Bem, os nomes dizem tudo. É a soma de Martha Argerich + Claudio Abbado + Orquestra Filarmônica de Berlim. Quer mais? E, para completar, além do Concerto Nº 1 para Piano e Orq de Tchai, ainda temos uma versão matadora da Quebra-Nozes para dois pianos. É impossível fazer isso, mas se você esquecer de Martha e tentar ouvir apenas a orquestra, notará o super envolvimento de Abbado para criar as melhores respostas à pianista. Sem dúvida, o casal conseguiu um dos principais registros do mais importante dos concertos para piano do velho Tchai. Eles quiseram e sabiam que podiam fazer isso, é óbvio. E fizeram.

Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893): Piano Concerto No. 1 / The Nutcracker Suite for two pianos

Piano Concerto No.1 In B Flat Minor, Op.23
1 1. Allegro Non Troppo E Molto Maestoso – Allegro Con Spirito
2 2. Andantino Semplice – Prestissimo – Tempo I
3 3. Allegro Con Fuoco

The Nutcracker Op. 71a
4 Andante Giusto
5 Marche: Tempo Di Marcia Viva
6 Danse de la Fée Dragée: Andante Non Troppo
7 Danse Russe Trépak: Tempo di Trepak, Molto Vivace
8 Danse Arabe: Allegretto
9 Danse Chinoise: Allegro Moderato
10 Danse Des Mirlitons: Moderato Assai
11 Tempo Di Valse

Martha Argerich, piano
Nicolas Economou, no segundo piano na Quebra Nozes
Berlin Philharmonic Orchestra
Claudio Abbado

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Argerich e Abbado: amizade quentíssima, nossa
Argerich e Abbado: amizade quentíssima, nossa

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.: interlúdio :. Oregon – Music of Another Present Era (1973)

.: interlúdio :. Oregon – Music of Another Present Era (1973)

Gente, o Oregon existe até hoje, ainda fazendo grande música. Em 2017, lançou Lantern, seu 30º álbum! Existem desde 1970 e este é seu fenomenal álbum de estreia, de 1973. Numa primeira audição, este trabalho parece um álbum datado, viajante, psicodélico, de jovens jazzistas perturbados pela força daqueles anos. Depois, você ouve novamente e se dá conta que a coisa é mais profunda. Já de cara eles conseguiram um bom equilíbrio entre as tradições musicais do Leste (não esqueçam que a Índia estava ultra na moda) e do Oeste e este transculturalismo podia ficar uma merda, mas aqui funciona bem. O Oregon é inacreditável também por outro motivo: seus membros sempre mantiveram importantes carreiras solo. De certa forma, o Oregon sempre esteva em segundo plano na vida de Towner e Walcott, por exemplo. Mas… Quando se ouve o grupo, parece que não pode dar certo. Oboé, corne inglês? O baixista também toca piano? Só que a coisa sempre rola esplendidamente.

Oregon – Music of Another Present Era (1973)

1. North Star
2. The Rough Places Plain
3. Sail
4. At the Hawk’s Well
5. Children of God
6. Opening
7. Naiads
8. Shard / Spring Is Really Coming
9. Bell Spirit
10. Baku the Dream Eater
11. The Silence of a Candle
12. Land of Heart’s Desire
13. The Swan
14. Touchstone

Oregon:
Ralph Towner – guitar
Collin Walcott – percussion, violin, sitar, tabla
Glen Moore – bass, flute, piano, guitar (bass)
Paul McCandless – horn (English), oboe

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Imaginem que até eu já fui jovem.
Imaginem que até eu já fui jovem.

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.: interlúdio :. Keith Jarrett – Whisper not (live in Paris 1999)

Keith Jarrett - Whisper NotEstou renovando esse link por considerar injusto que este magnífico registro ao vivo deste trio não esteja disponível. Talvez seja o CD deles que mais tenha ouvido naquele momento de minha vida que comentei em postagem anterior. Novamente  peço para os senhores ouvirem com fone de ouvido para melhorem captar os detalhes e nuances. PQPBach detalhou suas faixas favoritas na postagem, lamento mas gosto tanto deste CD que não consigo encontrar melhores momentos. O considero perfeito demais.

FDPBach

Hoje é sexta-feira e troquei a postagem de um vetusto Buxtehude por esse bom álbum duplo de standards do trio de Jarrett. Dentre os CDs de standards feitos pelo trio, este é o que mais gosto. Tem uma atmosfera alegre e despreocupada de artistas divertindo-se no auge de suas possibilidades. Não há drama e nem se nota sombra da doença que Jarrett já havia contraído na época, a Síndrome de Fadiga Crônica. Gosto de várias faixas: Poinciana, Whisper Not, Groovin’ High, What Is This Thing Called Love?, Prelude To A Kiss e até da muitíssimo gravada ‘Round Midnight, que aqui recebe boa versão. Enjoy!

Keith Jarret – Whisper not (live in Paris 1999)

Disc 1

1. Bouncing With Bud 7:31
2. Whisper Not 8:04
3. Groovin’ High 8:29
4. Chelsea Bridge 9:46
5. Wrap Your Troubles In Dreams 5:46
6. ‘Round Midnight 6:43
7. Sandu 7:26

Disc 2

1. What Is This Thing Called Love? 12:22
2. Conception 8:07
3. Prelude To A Kiss 8:14
4. Hallucinations 6:34
5. All My Tomorrows 6:22
6. Poinciana 9:09
7. When I Fall In Love 8:06

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Keith Jarrett, piano
Gary Peacock, baixo acústico
Jack DeJohnette, bateria e percussão

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Johannes Brahms (1833-1897): Os Trios para Piano

Johannes Brahms (1833-1897): Os Trios para Piano

Bem, nem vou falar muito do repertório deste CD — vou logo dizendo que é sublime, fantástico, impecável, irrepreensível. Yo-Yo Ma, seu excelente e constante colaborador Emanuel Ax e o violinista Leonidas Kavakos são grandes estrelas e este álbum duplo seria um campeão não fosse o maravilhoso e redondo registro do Beaux Arts Trio, que insiste em não desgrudar de nossos ouvidos. Por outro lado, sigo achando que, no mundo, há poucas coisas mais belas do que o Trio Nº 1. Gosto tanto dele que chego a esquecer do Beaux Arts por alguns momentos. Imaginem que Brahms o escreveu aos 20 anos…  De qualquer forma, trata-se um extraordinário registro, que merece estar ao lado da gravação do Wanderer Trio.

De qualquer forma, vai um IM-PER-DÍ-VEL !!! para o trio.

Johannes Brahms (1833-1897): Os Trios para Piano

Disc 1:
Piano Trio No. 2 in C Major, Opus 87
1 Allegro
2 Andante con moto
3 Scherzo: Presto
4 Finale: Allegro giocoso

Disc: 2
Piano Trio No. 3 in C Minor, Opus 101
1 Allegro energico
2 Presto non assai
3 Andante grazioso
4 Allegro molto

Piano Trio No. 1 in B Major, Opus 8
5 Allegro con brio
6 Scherzo: Allegro molto
7 Adagio
8 Finale: Allegro

Leonidas Kavakos, violino
Emanuel Ax, piano
Yo-Yo Ma, violoncelo

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O trio no Ozawa Hall, em Tanglewood
O trio no Ozawa Hall, em Tanglewood

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Mayo / Jommelli / Palella / Rava / Prota: Concertos Napolitanos para Flauta

Mayo / Jommelli / Palella / Rava / Prota: Concertos Napolitanos para Flauta

É raríssimo encontrar um disco com 5 compositores jamais postados por nosso seminal, incontornável, fundamental e basilar blog. Afinal, temos 1500 compositores por aqui! Mas aconteceu e o CD é muito bom. Os nomes dos autores são quase desconhecidos, mas isso é porque o repertório de Nápoles, para além da ópera, permanece quase desconhecido em geral. É estranho, mas os musicólogos preferem gastar o dinheiro de suas bolsas em Florença ou Veneza… Nápoles sempre foi um local belíssimo, quente e algo caótico, talvez os estudiosos prefiram locais mais tranquilos, sei lá. O que nós podemos dizer é que a música é tipicamente italiana e é muito boa. O Auser Musici é excelente e o som é aquela coisa gostosamente antiga e historicamente informada.

Mayo / Jommelli / Palella / Rava / Prota: Concertos Napolitanos para Flauta

Giuseppe de Majo (1697-1771)
Flute Concerto In G Major 12:25
1 Allegro 4:10
2 Adagio E Arioso 3:16
3 Allegro 4:58

Gennaro Rava (died 1779)
Flute Concerto In B Minor 11:22
4 Allegro 4:15
5 Largo 4:08
6 Spiritoso 2:58

Tommaso Prota (?1727-after 1768)
Flute Concerto In C Major 7:54
7 Allegro Spiritoso 2:18
8 Largo 3:41
9 Allegro 1:53

Niccolò Jommelli (1714-1774)
Flute Concerto In D Major 13:14
10 Allegro 3:51
11 Largo 4:21
12 Allegro 5:01

Antonio Palella (1692-1761)
Flute Concerto No 2 In G Major 13:54
13 Allegro 3:56
14 Largo 3:53
15 Allegro Stretto 6:04

Carlo Itapa, baroque flute
Auser Musici

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'Menino tocando flauta', de Judith Jans Leyster, também conhecida como Leijster (1609-1660)
‘Menino tocando flauta’, de Judith Jans Leyster, também conhecida como Leijster (1609-1660)

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.: interlúdio :. Egberto Gismonti (1969)

.: interlúdio :. Egberto Gismonti (1969)

Este é um LP digitalizado que mostra os primórdios do grande Egberto Gismonti. É seu disco de estreia. Egberto completará 71 anos em 2018 e este disco chegará aos 49. É claro que é um trabalho que apenas interessa a fãs. É o disco de um menino. Sofre de um extravasamento de sinceridade que o torna muito claro para os aficionados e mais obscuro para o público. Aqui está principalmente o violonista e o cantor, ainda oscilando entre o puramente instrumental e o cantado. Há muita coisa boa e, bem, como Gismonti se desenvolveu! É claro que os arranjos são datados, que Gismonti praticamente deixou de cantar, que depois o piano entrou de vez em sua vida para conviver com o violão, que ele ganhou um raro verniz internacional, que fez – aos montes — CDs estupendos, mas tudo isso já está aqui latente, basta ouvir com carinho. Vale a audição, e como!

Egberto Gismonti (1969)

A1 Salvador 3:40
A2 Tributo A Wes Montgomery 3:20
A3 Pr’um Samba 3:05
A4 Computador 3:10
A5 Atento, Alerta 3:17
A6 Lírica II (Pra Mulher Amada) 1:35
B1 O Gato 3:40
B2 Um Dia 3:15
B3 Clama-Claro 2:00
B4 Pr’um Espaço 2:40
B5 O Sonho 4:20
B6 Estudo N.o 5 2:00

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Egberto Gismonti: surpreendendo desde 1969
Egberto Gismonti: surpreendendo desde 1969

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Poulenc / Delibes / Bartók / Ravel: Deux (peças para violino e piano)

Poulenc / Delibes / Bartók / Ravel: Deux (peças para violino e piano)

Deixarei este CD a cargo do Departamento de Polêmicas. As escolhas tomadas pela notável violinista Patricia Kopatchinskaja (diz-se Copatchínscaiá) foram bem estranhas. No Ravel, a dança cigana não acelera — ou acelera e trava, acelera e trava –, o Bartók é muito pessoal… Não gostei tanto quanto poderia. Mas amo ver Kopatchinskaja no YouTube e fico pensando se sua magnética presença cênica não esconde certo descuido. Quando vemos Janine Jansen é uma coisa esplêndida. Ela é linda e toca demais. Quando apenas a ouvimos, notamos seu grande esmero nos detalhes e ela permanece. E a moldava? Parece que do vídeo para o áudio algo se perdeu. Mas Patricia é uma gênia e mantenho minha enorme admiração por ela. O problema deve ser eu. Ouçam!

Poulenc / Delibes / Bartók / Ravel: Deux (peças para violino e piano)

Francis Poulenc
1 Violin Sonata, FP 119: I. Allegro con fuoco
2 Violin Sonata, FP 119: II. Intermezzo. Très lent et calme
3 Violin Sonata, FP 119: III. Presto tragico

Léo Delibes
4 Coppélia: No. 2, Waltz (Arr. E. Dohnányi for Piano)

Béla Bartók
5 Violin Sonata No. 2, Sz. 76: I. Molto moderato
6 Violin Sonata No. 2, Sz. 76: II. Allegretto

Maurice Ravel
7 Tzigane, M. 76

Patricia Kopatchinskaja, violino
Polina Leschenko, piano

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Patricia Kopatchinskaja e Polina Leschenko
Patricia Kopatchinskaja e Polina Leschenko

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Franz Xaver Wolfgang Mozart (1791-1844): The Other Mozart – The Songs

Franz Xaver Wolfgang Mozart (1791-1844): The Other Mozart – The Songs

Este disco é extremamente agradável: Barbara Bonney é uma notável cantora e a música de boa qualidade. Franz Xaver Wolfgang Mozart (Viena, 26 de julho de 1791 – Karlsbad, 29 de julho de 1844) nasceu aproximadamente 5 meses antes da morte de seu pai, Wolfgang Amadeus. Foi compositor e maestro, Sua obra seguiu o estilo maduro do mais importante membro da família. Papai Wolfgang Amadeus teve seis filhos com sua esposa Constanze, mas só dois chegaram à adolescência, Franz Xaver Wolfgang e Karl Thomas. Nosso heroi sempre  foi chamado de Wolfgang pela família. Ele recebeu excelente instrução musical de Antonio Salieri e Johann Nepomuk Hummel, e estudou composição com Johann Georg Albrechtsberger e Sigismund von Neukomm. Aprendeu a tocar piano e violino. Como seu pai, ele começou a compor em uma idade precoce. Em abril de 1805, Wolfgang Mozart, aos treze anos de idade, estreou em Viena em um concerto no Theatre an der Wien. Vale a pena conhecer o moço.

Franz Xaver Mozart (1791-1844): The Other Mozart – The Songs

Sechs Lieder (?1809)
1 Das liebende Mädchen 1:55
2 An spröde Schönen 1:32
3 Nein! 2:03
4 Der Schmetterling auf einem Vergissmeinnicht 1:11
5 Klage an den Mond 1:33
6 Erntelied 1:19
7 In der Väter Hallen ruht, Op.12 (Romanze) 8:14

Acht Deutsche Lieder (1810)
8 Die Einsamkeit 1:16
9 Das Klavier 1:47
10 Der Vergnügsame 1:00
11 Aus den Griechischen 0:59
12 Todtengräberlied 2:11
13 Mein Mädchen 1:27
14 Maylied 1:43
15 Das Geheimniss 2:20
16 Ständchen 2:18
17 An Emma (Weit in nebelgraue Ferne), Op.24 3:30

Sechs Lieder, Op.21 (1820)
18 Aus dem Französischen des J.J.Rousseau 2:35
19 Seufzer 1:08
20 Die Entzückung 1:18
21 An Sie 2:37
22 An die Bäche 2:33
23 Le Baiser 2:39

Drei Deutsche Lieder, Op.27 (1820)
24 An den Abendstern 4:33
25 Das Finden 2:57
26 Bertha’s Lied in der Nacht 2:29
27 Erinnerung (1829) 1:56

Soprano Vocals – Barbara Bonney
Piano – Malcolm Martineau

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Franz Xaver Mozart: o filho do homem
Franz Xaver Mozart: o filho do homem

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Bruckner (1824-1896): Sinfonia Nº 4, Romântica / Wagner (1813-1883): Prelúdio de Lohengrin (Nelsons, Gewandhausorchester)

Bruckner (1824-1896): Sinfonia Nº 4, Romântica / Wagner (1813-1883): Prelúdio de Lohengrin (Nelsons, Gewandhausorchester)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Creio que esta seja a segunda abordagem do letão Andris Nelsons às Sinfonias de Bruckner na DG. A primeira foi esta aqui, não? Nelsons é um fenômeno. Aos 39 anos, é diretor artístico da Sinfônica de Boston e da Leipzig Gewandhaus. Já foi chefe da CBSO (City of Birmingham Symphony Orchestra). Vi-o em Londres na Sinfonia Nº 9 de Bruckner e num Concerto de Mozart com Paul Lewis ao piano. O que dizer além do óbvio? A qualidade de seu trabalho é realmente muito alta e ele está destinado ao Olimpo da regência, sem dúvida. Será uma lenda, afirmo-lhes hoje. E, humildemente, digo que temos algo em comum: o amor à Bruckner e Shostakovich. Sua “Romântica” é arrebatadora, a orquestra da Gewandhaus é esplêndida e ainda tem a esposa de meu amigo Guilherme Conte, Julia Lindner, nas violas, o que dá um curioso toque de amizade a tudo. Nunca incomodei Julia, mas poderia lhe perguntar sobre o ambiente da gravação, dos concertos e sobre o clima criado por este grande artista da regência. Bem, esta sinfonia é a composição mais popular de Bruckner. Foi escrita em 1874 e, como sempre no caso de Bruckner, revisada várias vezes. A estreia ocorreu em 1881 com Hans Richter em Viena. Foi muito bem sucedida. A palavra “Romântica” foi usada pelo próprio compositor e não se refere ao amor romântico mas sim ao romance medieval tal como nas óperas Siegfried e Lohengrin de Richard Wagner. Aliás, não é casual que o CD abra com o Prelúdio de Lohengrin.

Bruckner (1824-1896): Sinfonia Nº 4, Romântica / Wagner (1813-1883): Prelúdio de Lohengrin

Richard Wagner (1813 – 1883)
Lohengrin, WWV 75

1. Prelude To Act I 9:17

Anton Bruckner (1824 – 1896)
Symphony No.4 In E Flat Major – “Romantic”, WAB 104
Version 1878/1880
2. 1. Bewegt, nicht zu schnell 19:55
3. 2. Andante quasi allegretto 17:17
4. 3. Scherzo (Bewegt) – Trio (Nicht zu schnell. Keinesfalls schleppend) 10:54
5. 4. Finale (Bewegt, doch nicht zu schnell) 22:02

Gewandhausorchester Leipzig
Andris Nelsons

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Anton Bruckner, por Otto Böhler
Anton Bruckner, por Otto Böhler

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Clara Wieck Schumann (1819-1896): Piano and Chamber Music

Clara Wieck Schumann (1819-1896): Piano and Chamber Music

Um belo CD. Se você não é familiarizado com a música de Clara Schumann, esta coleção de obras para piano solo e de câmara fornece uma boa visão geral de quem era a esposa de Robert Schumann e possível amante de Brahms. A pianista Micaela Gelius é muito boa intérprete e enfatiza a poesia da música ao invés de cintilar vaidosamente como costumam fazer os intérpretes de Rachmaninov. Ela parece Arrau tocando Bobby Schumann.

Da mesma forma, Gelius e seus colegas chegam a um desempenho soberbo no Trio. O violinista Sreten Krstic é especialmente bom e isto já se nota nos Romances. É boa música romântica. E honesta.

Clara Wieck Schumann (1819-1896): Piano and Chamber Music

1 Scherzo for piano No. 2 in C minor, Op. 14 4:32

2 Romance for piano in A minor, Op. 21/1 5:16

Soirées Musicales, 6 pieces for piano, Op. 6
3 Toccatina 2:29

Romances for piano, Op. 11
4 Romance No. 1 3:39
5 Romance No. 2 5:48

Variations on a Theme by Robert Schumann, for piano in F sharp minor, Op. 20
6 Variation 1 1:01
7 Variation 2 0:48
8 Variation 3 1:02
9 Variation 4 1:11
10 Variation 5 0:49
11 Variation 6 1:10
12 Variation 7 1:05
13 Variation 8 3:40

Romances for violin & piano, Op. 22
14 Romance No. 1 3:17
15 Romance No. 2 2:40
16 Romance No. 3 3:48

Piano Trio in G minor, Op. 17
17 I 10:33
18 II 4:47
19 III 5:24
20 IV 7:45

Micaela Gelius, piano
Sreten Krstic, violin
Stephan Haack, cello

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My name is Schumann, Clara Schumann
My name is Schumann, Clara Schumann

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.: interlúdio :. Keith Jarrett e Charlie Haden: Jasmine

.: interlúdio :. Keith Jarrett e Charlie Haden: Jasmine

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Eu uso muito este CD. Ou usamos muito. Sempre dá certo. Acaba em sexo. É absolutamente matador. Abrace já nas primeiras notas. Se você não conseguir chegar lá é porque é ruim demais. FAÇA A EXPERIÊNCIA E CONTE-NOS O RESULTADO. Os veteranos Jarrett e Haden… Olha, este Jasmine é uma coisa maravilhosa, cheia de charme e musicalidade. São mais de 60 minutos de interpretações sublimes e maduras. Se não serve para trepar, para alguma coisa a idade serve, né? Mas agora o viagra emparelhou tudo, né? Bem, são grandes canções do repertório norte-americano que recebem tratamento luxuoso. Ouçam e usem porque vale a pena.

Keith Jarrett escreveu na contracapa:

Call your wife or husband or lover in late at night and sit down and listen. These are great love songs played by players who are trying, mostly, to keep the message intact. I hope you can hear it the way we did.

Exatamente! É uma maravilha, música pura tocada entre amigos no bom e velho piano do home studio de Keith Jarrett.

Keith Jarrett e Charlie Haden: Jasmine

1. For All We Know 9:46
2. Where Can I Go Without You 9:20
3. No Moon At All  4:40
4. One Day I’ll Fly Away  4:15
5. I’m Gonna Laugh You Right Out Of My Life  12:09
6. Body And Soul  11:09
7. Goodbye  8:01
8. Don’t Ever Leave Me 3:11

Keith Jarrett, piano
Charlie Haden, baixo

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Essa dupla...
Essa dupla…

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Jean Sibelius (1865-1957): Peças para Piano

Jean Sibelius (1865-1957): Peças para Piano

Tenho um velho vinil de Glenn Gould interpretando peças para piano de Sibelius. São peças que não gritam pra gente “Me ouça, me ouça!”, mas que são interessantes para quem se dedica a ouvi-las. Creio que gostei mais do disco de Gould, mas Andsnes vai muito bem também. Talvez a seleção do canadense tenho sido melhor do que a do norueguês. Acho que vale a pena ouvir este compositor que quase todo mundo pensa só ter escrito para orquestra. O finlandês bebum e deprimido era bom mesmo e vale a pena conhecê-lo melhor.

Jean Sibelius (1865-1957): Peças para Piano

1 6 Impromptus, Op. 5: Impromptu V 3:51
2 6 Impromptus, Op. 5: Impromptu VI 6:09

3 Kyllikki – Three Lyrical Pieces for Piano, Op. 41: I. Largamente 3:11
4 Kyllikki – Three Lyrical Pieces for Piano, Op. 41: II. Andantino 4:22
5 Kyllikki – Three Lyrical Pieces for Piano, Op. 41: III. Commodo 2:50

6 10 Pieces for Piano, Op. 24: Romance, No. 9 3:52
7 10 Pieces for Piano, Op. 24: Barcarola, No. 10 4:25
8 10 Pieces for Piano, Op. 58: Der Hirt, No. 4 2:23

9 Valse triste, Op. 44, No. 1 (Arranged for Piano) 5:07

10 Sonatina No. 1, Op. 67: I. Allegro 2:54
11 Sonatina No. 1, Op. 67: II. Largo 2:11
12 Sonatina No. 1, Op. 67: III. Allegro moderato 1:41

13 Five Pieces for Piano, Op. 75: Björken, No. 4 1:37
14 Five Pieces for Piano, Op. 75: Granen, No. 5 2:49

15 2 Rondinos for Piano, Op. 68: Rondino II 1:47

16 13 Pieces for Piano, Op. 76: Elegiaco, No. 10 1:32

17 6 Bagatelles for Piano, Op. 97: Impromptu, No. 5 1:36
18 6 Bagatelles for Piano, Op. 97: Humoristischer Marsch, No. 4 1:07
19 6 Bagatelles for Piano, Op. 97: Lied, No. 2 2:52

20 Fünf Skizzen, Op. 114: I. Landschaft 1:48
21 Fünf Skizzen, Op. 114: II. Winterbild 1:48
22 Fünf Skizzen, Op. 114: III. Der Teich 1:39
23 Fünf Skizzen, Op. 114: IV. Lied im Walde 1:48
24 Fünf Skizzen, Op. 114: V. Im Frühling 2:05

Leif Ove Andsnes, piano

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Aquela série Batman de 1966 com o Adam West... Lembram que um de seus inimigos era o Cabeça de Ovo?
Aquela série Batman de 1966 com o Adam West… Lembram que um de seus inimigos era o Cabeça de Ovo?

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Giovanni Benedetto Platti (1697-1763): Concerti grossi after Corelli

Giovanni Benedetto Platti (1697-1763): Concerti grossi after Corelli

Platti tem a honra de estrear no PQP Bach. Não é pouca coisa para um menino nascido em Pádua (Padova) em 1697. Sua música não é de primeira linha, é apenas razoável, motivo pelo qual ele está meio fora do repertório barroco habitual. Mas o que é realmente anormal neste CD é o estupendo desempenho da Akademie für Alte Musik Berlin. A sonoridade da orquestra vale a pena, dá prazer. Ou seja, a verdadeira estrela do show é a banda, que toca essa música com a mesma dedicação, competência e empenho que daria à música da família Bach, Handel, etc. Aliás, um conselho: toda vez que a Akademie für Alte Musik Berlin passar na frente de vocês, peguem.

Giovanni Benedetto Platti (1697-1763): Concerti grossi after Corelli

Concerto Grosso n.10 F-Dur, after Corelli’s Sonatas op.5, Kat.-Nr.544
1 1. Preludio 2:24
2 2. Allegro 2:12
3 3. Sarabanda 2:30
4 4. Gavotta 0:29
5 5. Giga 2:09

Concerto for cello, 2 violins, viola & continuo in D major
6 1. Allegro 3:27
7 2. Adagio 3:37
8 3. Allegro 4:32

Concerto grosso No. 4 in F major (after Corelli’s Sonatas, Op. 5)
9 1. Adagio 1:45
10 2. Allegro 2:15
11 3. Vivace 1:02
12 4. Adagio 2:24
13 5. Gavotta 2:28

Concerto for oboe & orchestra in G minor
14 1. Allegro 3:29
15 2. Largo 4:34
16 3. Allegro 3:30

Concerto grosso No. 5 in G minor (after Corelli’s Sonatas, Op. 5)
17 1. Adagio 2:53
18 2. Vivace 1:50
19 3. Adagio 2:28
20 4. Vivace 1:29
21 5. Allegro 1:40

Akademie für Alte Musik Berlin

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A Akademie für Alte Musik em busca e seus instrumentos | Foto: Uwe Arens
A Akademie für Alte Musik em busca e seus instrumentos | Foto: Uwe Arens
A Akademie für Alte Musik com seus instrumentos | Foto: Uwe Arens
A Akademie für Alte Musik com seus instrumentos | Foto: Uwe Arens

PQP

Charles Ives (1874-1954): Sinfonias Nº 1 e 4, 2 e 3 (Litton)

Charles Ives (1874-1954): Sinfonias Nº 1 e 4, 2 e 3 (Litton)
Charles Ives
Charles Ives

IM-PER-DÍ-VEL !!!!

Ives é um compositor que merece ser ouvido e admirado. Profundamente original, ele não parece ter sido muito influenciado por qualquer escola que não fosse sua própria visão musical. Ousado, por vezes extraordinariamente romântico, outras vezes moderníssimo, mas sempre citando melodias folclóricas reais ou imaginárias, apresentadas às vezes em fanfarras, outras vezes em grandiosas fugas bachianas, Ives é Ives. Trata-se de uma música muito envolvente, daquelas que exigem serem ouvidas. Mesmo quando ouvida repetidamente, permanece nova. Ocasionalmente parece Brahms, Hindemith, Wagner e Bach, mas é mais bem-humorado que todos eles. Também pode ser muito comovente. Acho que Charles Ives teria sido uma pessoa fantástica de se conhecer.

Ives teve uma vida extraordinariamente ativa. Após sua formação profissional como organista e compositor, trabalhou durante 30 anos no setor dos seguros, escrevendo apenas em seu tempo livre. Quando morreu, era um compositor reconhecido e muitas de sua obras tinham sido publicadas. Sua reputação continuou a crescer postumamente, e por ocasião do seu centenário, em 1974, foi reconhecido mundialmente como o primeiro compositor a criar uma “música distintamente americana”. Desde então, sua música tem sido mais frequentemente executada e gravada.

As circunstâncias únicas da carreira de Charles Ives criaram alguns mal-entendidos. Seu trabalho no setor dos seguros, combinado com a diversidade da sua produção e do pequeno número de performances durante os seus anos de vida, conduziram-no a uma imagem de amador. No entanto, ele teve 14 anos de carreira como organista profissional e um meticuloso treinamento formal como composição. Porém, o fato de ter-se desenvolvido longe dos olhos do público, viu suas obras maduras — aos olhos de alguns — parecerem radicais ou desconectas do passado. Erro grave.

Grande gravação da sinfônica de Dallas. O CD, pra variar, vem da Hyperion e é mais uma vez

Ives – Symphonies Nos 1 & 4

1. Symphony No. 1 – 1. Allegro (con moto)
2. Symphony No. 1 – 2. Adagio molto (sostenuto)
3. Symphony No. 1 – 3. Scherzo: Vivace
4. Symphony No. 1 – 4. Allegro molto

5. Symphony No. 4 – 1. Prelude: Maestoso
6. Symphony No. 4 – 2. Comedy: Allegretto
7. Symphony No. 4 – 3. Fugue: Andante moderato con moto
8. Symphony No. 4 – 4. Very slowly (Largo maestoso)

9. Central Park in the Dark

Dallas Symphony Orchestra
Andrew Litton

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Ives – Symphonies Nos 2 & 3

1. Symphony No. 2 – 1. Andante moderato
2. Symphony No. 2 – 2. Allegro molto (con spirito)
3. Symphony No. 2 – 3. Adagio cantabile
4. Symphony No. 2 – 4. Lento maestoso
5. Symphony No. 2 – 5. Allegro molto vivace

6. Symphony No. 3 [The Camp Meeting] – 1. Old Folks Gatherin’: Andante maestoso
7. Symphony No. 3 [The Camp Meeting] – 2. Children’s Day: Allegro
8. Symphony No. 3 [The Camp Meeting] – 3. Communion: Largo

9. General Booth enters into Heaven

Dallas Symphony Orchestra
Andrew Litton

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Charles Ives em 1913
Charles Ives em 1913

PQP

J. S. Bach (1685-1750): Sonatas para Viola da Gamba e Cravo

J. S. Bach (1685-1750): Sonatas para Viola da Gamba e Cravo

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Apesar da capa horrível, um baita de um disco. Trevor Pinnock, depois de velho não ia dar mancada, né? O engenheiro de som colocou seus microfones de forma destacar o som da viola da gamba, mas isto não chega a estragar a beleza do conjunto. Hoje há certo consenso de que essas sonatas foram escritas em Leipzig em algum momento no final da década de 1730 e no início dos anos 1740 e não em Cöthen, como se pensava antes. É um repertório maravilhoso a cargo de dois grandes artistas, um bem jovem — a gravação é de 2006 — e outro madurão. São obras intensamente expressivas, íntimas e tecnicamente exigentes, elas têm a textura usual das sonatas instrumentais de Bach.

J. S. Bach (1685-1750): Sonatas para Viola da Gamba e Cravo

Sonata In G Minor, BWV 1029 (14:29)
1-1 I Vivace 5:15
1-2 II Adagio 5:37
1-3 III Allegro 3:37
Sonata In G Major, BWV 1027 (13:02)
1-4 I Adagio 3:47
1-5 II Allegro Ma Non Tanto 3:31
1-6 III Andante 2:42
1-7 IV Allegro Moderato 3:02
Sonata In D Major, BWV 1028 (13:35)
1-8 I Adagio 1:52
1-9 II Allegro 3:40
1-10 III Andante 4:08
1-11 IV Allegro 3:55
Sonata In G Minor, BWV 1030b (17:56)
1-12 I [Andante] 4:11
1-13 II Siciliano 2:53
1-14 III Presto 4:51

Jonathan Manson, viola da gamba
Trevor Pinnock, cravo

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O gambista Jonathan Manson em primeiro plano e Pinnock lá atrás, apenas rindo.
O gambista Jonathan Manson em primeiro plano e Pinnock lá atrás, apenas rindo.

PQP

Guia de Gravações Comparadas P.Q.P – Beethoven: Violin Concerto in D major Op.61

Sobre o Concerto para Violino de Beethoven, a melhor definição que encontrei foi a de Otto Maria Carpeaux: “É a única obra do gênero que Beethoven escreveu, mas ninguém duvida: é o maior Concerto para violino que existe, um dos pontos mais altos da eloquência beethoviana”. Apesar de não se poder tomar esta medida como absoluta, conheço muito pouca gente que discorda, ou que pelo menos não o coloque entre os 3 melhores do planeta.

Ao contrário de muita obras beethovianas, este concerto foi escrito com certa rapidez, e, prodigiosamente, no mesmo ano (1806) em que obras-primas como a Quarta Sinfonia e os Quartetos Rasumovsky. Nos cadernos de esboços onde se encontra a maior parte da gênese deste concerto ainda se encontram anotações para o que seria a Quinta Sinfonia e a Sonata para Violoncello op.69. Sem dúvida, um período de sensibilidade ímpar, em que erupções de inspiração jorraram à terra, através do artista, na forma do néctar dos arquétipos sonoros mais sublimes.

Existem várias lendas sobre sua estréia, feita a 23 de dezembro de 1806 pelo violinista cômico Franz Clement, que, ao que parece, fez pouco caso do Concerto (Há uma versão que diz que ele interrompeu o concerto para tocar uma peça frívola de sua própria autoria, e outra que conta que ele o estreou sem nenhum ensaio), tanto que o Concerto demorou para ser aceito pelo grande público. Apenas em 1844 esta obra-prima começou a ser reconhecida, quando foi tocada por Joseph Joachim, sob a regência de Schumann, num contexto romântico, que se encaixa muito mais no espírito da obra.

Assim, seguem algumas opções para a apreciação desta magnífica obra:

1.Jascha Heifetz, Charles Munch: Boston Symphony Orchestra RCA 1955

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Esta é uma das gravações mais cultuadas deste concerto, um “clássico” da discografia mundial, e também uma das experiências pioneiras na gravação estereofônica. Sem dúvida, para um registro de 1955, a sonoridade espanta, mas, claro, a vedete é Heifetz, uma lenda do violino talvez só comparável a Kreisler. Sua sonoridade é maciça, mas ao mesmo tempo suave e decidida, com articulações acima de qualquer comentário, e um fraseado de precisão rítmica incomparável. Mas seriam estas habilidades inegáveis suficientes para garantir a melhor das performances deste concerto? Bem, há controvérsias. Eu não gosto, por exemplo, dos tempos dos andamentos, muito rápidos e pouco reflexivos, para os requisitos espirituais desta obra. Munch, um maestro que tenho no mais elevado patamar de competência estética, é um mestre do romantismo, mas tenho dúvidas se ele conseguiu aqui traduzir todas as nuances de um compositor apaixonado, que parece ter sido o caso de Beethoven na época desta composição. É uma leitura que evoca muito pouco dos ecos românticos que Beethoven prenuncia, privilegiando o classicismo tardio. E Heifetz, sendo Heifetz, nunca iria dar o braço a torcer e tocar a Cadenza de seu arquirival Kreisler, e escolheu as cadências de Joachim e de Auer com pitadas de sua própria autoria, claro. De qualquer forma, é uma interpretação de referência que merece ser visitada. Vem de brinde o Concerto de Mendelssohn, que eu considero uma interpretação extraordinária e até melhor que a de Beethoven.

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2.Nigel Kennedy, Klaus Tennstedt: Symphonie-Orchester des NDR, EMI 1992

frontO único violinista não-judeu desta lista, é um inglês rebelde que flertava com a música pop e que se recusou a ser taxado de violinista clássico. Mas isso só aconteceu depois de uma gravação afortunada das Quatro Estações alcançar 2 milhões de cópias vendidas, a maior da história para esta obra. Famoso desde então, gravou os concertos de Brahms e de Beethoven (este), que considerou o auge de sua carreira clássica, e resolveu cortar o cabelo moicano e tocar jazz. E é exatamente essa vida atribulada e heterodoxa que acaba marcando esteticamente esta gravação: é a versão rebelde deste concerto (apesar de existir uma com Gidon Kremer tocando a cadência de Schnittke que, dizem, é pior), cheia de altos e baixos, de ritmos irregulares e variações de dinâmicas exageradas. Não deixa de ser uma versão interessante, pois é um Beethoven oposto do de Heifetz, sem a polidez e a elegância, mas com brilho e entusiasmo. Tennstedt, um maestro extraordinário, comprou muito bem o desafio, e ele mesmo tem uma visão bastante ousada dos tempos beethovianos. Apesar de ser uma gravação (ao vivo) que a princípio assusta (a cadência de Kennedy no último movimento é muito estranha), ela deixa o espaço necessário para a reflexão, e o resultado, espantosamente, acaba sendo equilibrado. Acompanha dois fragmentos de Bach no Bis. Versão para quem gosta de aventuras.

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Arquivo FLAC 233Mb

3.Pinchas Zukerman, Daniel Barenboim: Chicago Symphony Orchestra DG 1977

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Zukerman é para mim um grande mistério. É um artista mediano, com uma sonoridade relativa e uma técnica nem sempre apurada. Por que razão ele é tão festejado, eis o mistério. Há muitos outros violinistas, melhores que ele, que não tem a mesma visibilidade. Confesso que gosto dele quando resolve tocar viola, mas ele preferiu a vida mundana e se rendeu à fama que o violino dá.
Zukerman gravou, poucos anos antes, as Sonatas para Violino e Viola de Brahms com Barenboim ao piano, e esta incursão se mostrou extremamente proveitosa, pois ambos estavam absolutamente à vontade, sem a pressão habitual dos produtores, e a música fluiu como néctar. Mas neste concerto, essa mágica não acontece. É bastante notório que ele está tímido e percebe-se o limite de sua técnica nos fraseados embolados, principalmente no final do Rondó. É, portanto, uma versão bem-comportada, mas que falta o brilho do violino em sua plenitude, e que tem ainda o freio de Barenboim para ajudar. Tem o mérito de ser uma versão honesta e sincera, que expõe os limites de Zukerman sem tentar mascarar nada. Vem de bônus as duas Romances para Violino, que Zukerman já consegue resultados bem mais convincentes, o que também ajuda a apreciar a gravação.

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4.Isaac Stern, Leonard Bernstein: New York Philharmonic SONY 1959

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Gosto muito desta versão, que envolve Bernstein e Stern em uma de suas suas fases criativas mais notáveis. Stern já era consagrado, e Bernstein, no auge de seus 34 anos, fazia um excelente trabalho em Nova York, levando música clássica ao público leigo com seus concertos comentados. Nesta fase, um Bernstein cheio de energia, conduz o Concerto com uma segurança incrível, contagiando até mesmo o experiente Stern com seu entusiasmo. Stern, um verdadeiro lorde, deixa espaço para Bernstein sem se anular, e esta gravação se configura como uma das mais harmônicas entre solista e regente que conheço. Não é uma leitura propriamente romântica, mas é brilhante e entusiasmada, e também não deixa de emocionar, pela notória comunhão entre os dois artistas que se reconheceram e se deixam envolver pelas virtudes um do outro. O bônus desta edição são algumas aberturas, sempre uma boa pedida.

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5.Shlomo Mintz, Giuseppe Sinopoli: Philharmonia Orchestra DG 1986

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Esta versão é para mim uma referência de qualidade, além de atestar como este concerto é versátil: nas mãos de Heifetz-Munch, ele é clássico, nas mãos de Mintz-Sinopoli, romântico. Mintz, acima de qualquer crítica, tem uma articulação primorosa, mas o que se destaca é a sustentação precisa das notas, pois Sinopoli imprime nesta gravação andamentos muito mais reflexivos, e os fraseados ficam mais longos. Esta, mais do que qualquer outra, é uma leitura contemplativa, que evoca o Beethoven romântico, cujos ecos que prenunciam a Pastoral são inegáveis. E a grande dificuldade de ir por este caminho, é justamente manter também um considerável domínio nas dinâmicas e nos ritmos, coisa que Sinopoli não desaponta e segura as rédeas com firmeza ímpar. Mintz acompanha em comunhão absoluta, tirando de cada tema uma emoção própria. Uma gravação que considero particularmente das mais bonitas deste concerto, e vem também com as Romances de brinde, sempre agradáveis. Excelente pedida.

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6.Itzhak Perlman, Carlo Maria Giulini: Philharmonia Orchestra EMI, 1981

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Consta nos anais da revista Gramophone que esta é a gravação dos sonhos deste concerto. Não é sempre que concordo com a revista, mas neste caso, devo dar o braço a torcer. Considero esta a versão mais límpida e equilibrada deste concerto. Perlman, como sabemos, é absolutamente irrepreensível, sem ser mecanicamente perfeito como Heifetz, e deixa a emoção dos fraseados à flor da pele. Sua articulação precisa, especialmente no Rondó, chega a arrepiar. É uma gravação que transpira emoção sem exagerar no romantismo, equilibrando como poucas a transição beethoviana entre a fluidez clássica e o devaneio romântico. E, conduzindo o cortejo orquestral, o mestre Giulini, regente de minha mais alta admiração. Consegue ser profundo sem ser afetado, revelar a densidade emocional com sutis variações dinâmicas, traduzir o intraduzível das sensações mais ocultas para a contemplação desta obra de arte. Perlman vibra na mesma frequência, e sentimos violino e orquestra um único corpo. Esta gravação não tem bônus, porque ela já é um.

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CHUCRUTEN

.: interlúdio :. Charlie Haden & Christian Escoude: Gitane

.: interlúdio :. Charlie Haden & Christian Escoude: Gitane

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Eu tinha 22 anos e meus amigos do jazz diziam que Charlie Haden era genial. Eu logo pensei: outro baixista espetacular chamado Charlie, assim como Mingus! Fui na King`s Discos e comprei Gitane — um disco só de violão e baixo — a peso de ouro, um importado recém lançado. Nossa, ele era totalmente diferente de Mingus, mas o disco quase furou, tanto que até hoje lhe conheço cada nota. Talvez tenha sido uma das maiores lições da importância do baixo no jazz e do quanto ele pode ser sofisticado. Até morrer, Haden fez dupla com vários instrumentistas no mesmo formato deste disco e jamais o resultado foi esquecível ou irrelevante. Já o violonista Christian Escoude é um bom devoto de Django Reinhardt. Os dois músicos se sentem em casa com os temas “ciganos” escolhidos. A faixa-título, um baixo solo de Haden, é uma joia especial. Trata-se de uma sessão de jazz calorosa e sem pressa que confundo com minha própria formação como ouvinte.

Charlie Haden & Christian Escoude: Gitane

1 Django
Written-By – John Lewis (2)
8:56
2 Bolero
Written-By – Django Reinhardt
4:20
3 Manoir De Mes Rêves
Written-By – Django Reinhardt
5:55
4 Gitane
Written-By – Charlie Haden
3:34
5 Nuages
Written-By – Django Reinhardt
8:56
6 Dinette
Written-By – Django Reinhardt
6:04
7 Improvisation
Written-By – Christian Escoude*
2:52

Christian Escoude, violão
Charlie Haden, baixo

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A capa do velho vinil de 1979
A capa do velho vinil de 1978

PQP

Guia de Gravações Comparadas P.Q.P. – Tchaikovsky: Symphony no.6 in B minor op.74 ‘Pathétique’

A última Sinfonia de Tchaikovsky é sua obra mais enigmática e também a mais dramática. Escrita entre 1892 e 1893 (estreada em outubro de 1893, uma semana antes de sua morte), é uma de suas derradeiras obras, permeada de histórias e lendas que a confirmam como um testamento autobiográfico musical de seu autor. Extremamente pessoal, é uma das sinfonias que, a despeito dos contrastes temáticos, a situam como uma espécie de canto do cisne do romantismo do século XIX. Apesar de ser um rigoroso crítico com tudo o que compunha, Tchaikovsky teve esta obra especificamente em alta conta, ao ponto de escrever: “Nunca na minha vida fiquei tão satisfeito comigo mesmo, nem tão orgulhoso, consciente de que fizera alguma coisa boa”. Tchaikovsky mesmo escreveu a seu irmão Modest (que, reza a lenda, deu o apelido de “Patética” à Sinfonia), nos seguintes termos: “É um enigma, que as pessoas têm que decifrar”.

Análises psicológicas da vida e da obra de Tchaikovsky apontam para uma obra em que finalmente ele tenha conseguido se expressar verdadeiramente em termos de angústias e tensões psíquicas, sem receios de ter seu orgulho ferido por uma rejeição pública (o que efetivamente aconteceu na estréia). Essa liberdade interior que ele desfrutou em seus últimos dias com certeza contribuíram para este resultado: uma sinfonia que alterna temas ultra-românticos cativantes com outros de dramaticidade épica, em contrastes tão densos que só um mestre da forma e da orquestração poderia transformar em uma obra artística sólida e perene.

Uma das histórias mais interessantes desta sinfonia é uma que conta parte do seu processo criativo, narrado por Robert Littel: “(…) uma noite, em 1892, quando viajava para Paris, ouviu na mente acordes que o fizeram chorar. Eram tão irresistíveis que em quatro dias ele tinha escrito o primeiro movimento de uma sinfonia e o restante, disse ele, estava claramente esboçado em seu espírito”. Esta é uma descrição (também) enigmática de uma inspiração, frequente e abundante na obra de Tchaikovsky, e que expõe sua sensibilidade incomum para estes fenômenos psíquicos.

De qualquer forma, a Sinfonia Patética é uma das grande obras musicais da humanidade, que soube como poucas traduzir a incrível contradição da experiência humana em termos estéticos, talvez como só Beethoven anteriormente tenha conseguido neste grau de sofisticação.

Como é uma obra imensamente gravada, aqui vão algumas leituras que considero icônicas desta Sinfonia:

1.Lorin Maazel, Cleveland Orchestra CBS 1982

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Esta é a versão genérica. Maazel não é propriamente um maestro que extrai densidades relevantes de suas leituras (apesar de haver exceções), e acaba sendo uma interpretação bastante irregular. Maazel já tinha gravado esta sinfonia antes com Viena na década de 60 pela DECCA, mas esta é ligeiramente superior, talvez pelo fato de Maazel estar mais à vontade, com quase 20 anos a mais de experiência desde a primeira gravação. Os andamentos são vigorosos, mas é preciso assinalar que se trata de uma leitura alternativa, com as dinâmicas artificialmente construídas e as passagens líricas ligeiramente forçadas. Lembra-nos o escárnio de Celibidache sobre Maazel: “é um moleque”. Cleveland responde muito bem à sua batuta, e, entre outras coisas, esta gravação se destaca pela simbiose aguçada entre maestro e orquestra. Não é de fato a gravação dos sonhos, mas é honesta em seus propósitos. E vale também pelo bônus, a Marcha Eslava e a 1812 (ótima na versão com coro), com a Filarmônica de Viena.

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2.Claudio Abbado, Chicago Symphony Orchestra SONY 1986

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Abbado é um menos genérico, mas também não chega a empolgar definitivamente. Apesar de ser uma leitura convincente, tem algumas particularidades que não gosto.As pratadas do 3o. movimento poderiam ser bem melhores, e seus momentos tensos e explosivos são mais contidos, e os momentos mais calmos são mais vigorosos. Essa inversão causa um estranhamento para quem já conhece a sinfonia por mãos mais habilitadas, e os contornos melódicos ficam um pouco prejudicados. Abbado já tinha, a exemplo de Maazel, gravado a Patética com Viena em 1974, pela Deutsche, mas é uma gravação que sofre do mesmo mal que a de Maazel: ele era muito mais jovem, menos experiente, e tentou, também como Maazel, causar boa impressão tentando dar profundidade emocional sem muita segurança. Nesta ele está bem mais desenvolto, e apesar de minhas críticas particulares, no final o resultado é muito convincente. Levando em conta as semelhanças, prefiro esta à de Maazel, apesar do bônus desta ser mais sovina, só com a Marcha Eslava.

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3.Sergiu Celibidache, Münchner Philharmoniker EMI 1992

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Agora sim estamos falando sério: esta é uma verdadeira interpretação, no melhor sentido do termo. Celibidache, famoso por ser totalmente avesso à indústria fonográfica, nunca deixou que suas gravações (todas ao vivo, algumas feitas sem que ele soubesse) fossem disponibilizadas comercialmente. Esta gravação, feita em 1992, só foi lançada em 1997, após a morte do maestro, numa série que procurava, com aval de seu filho, consagrar a grandeza de Celi.
Com efeito, é possível neste registro, primoroso, entender porque Celibidache é um mito da regência. Seus tempos mais lentos, ou mais reflexivos, abrem uma nova dimensão na escuta desta obra. É uma viagem a um novo universo, um Tchaikovsky desconhecido, transcendental. Sente-se a firmeza e a segurança na condução de toda a obra, revelando sua arquitetura sinfônica como uma grande catedral sonora, algo impensável sem a sensibilidade aguçada de Celi e a perfeita simbiose entre ele e sua querida Filarmônica de Munique. Com os contornos melódicos à flor da pele e uma vigorosidade rítmica ímpar, diria sem pudores que este registro é o melhor já feito, não fosse este também o mais heterodoxo. Apesar de ser altamente recomendável, é uma leitura para degustar com certa moderação, pois nunca se ouviu um Tchaikovsky como este, e pode até ser perigoso.

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4.Herbert von Karajan, Berliner Philharmoniker EMI 1972

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Agora, neste fórum de melômanos do PQP, tenho que confessar, humildemente, minha heresia (ou talvez blasfêmia) musical: sim, eu gosto de Karajan. Mas todo Karajan? Claro que não. O Karajan da DG é, com raríssimas exceções, pífio, um fast-food musical que desconsidera qualquer profundidade emocional relevante em suas leituras. Entretanto, por algum motivo, talvez místico, que eu realmente não sei explicar, tudo o que Karajan gravou em sua breve passagem pela EMI na década de 70 é incrivelmente superior, de um gosto apurado e de uma leitura realmente inspirada. Isso sem falar da sonoridade. Aparentemente, os engenheiros ingleses eram mais ousados que os alemães, e a Filarmônica de Berlim também se mostra mais espontânea e virtuosa em sua massa sonora do que em qualquer outra época. Não me perguntem por quê. Mas, no frigir dos ovos, por conta disso, esta gravação é uma das minhas preferidas: não apenas Karajan resolveu fazer direito, como a orquestra de Berlim está de tirar o fôlego. Este registro, de 1972, é a melhor Patética que Karajan fez em toda a sua vida.

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5.Evgeny Mravinsky, Leningrad Philharmonic DG 1960

tchaikovsky_symph456_mravinsky_smallNa década de 50-60, em plena guerra fria, a competição entre URSS e EUA não ficava apenas no plano político e tecnológico. Nas artes, era muito comum uma troca de provocações indiretas (ou mesmo diretas), à superioridade estética de entidades ou artistas de cada um dos lados. E, por conta da dificuldade de acesso ao confronto direto (os artistas não podiam circular livremente na URSS), muitos desses confrontos acabavam ficando no plano imaginativo. Um deles, na música, era a propaganda que se fazia da superioridade sonora da Filarmônica de Leningrado e seu mítico maestro, Evgeny Mravinsky. Foram necessários anos de negociações até que o Kremlin permitisse uma tournée pela Europa. A primeira, em 1956, resultou numa gravação monaural primorosa das Sinfonias 4, 5 e 6 de Tchaikovsky, pela DG, em que toda a emoção do ineditismo (tanto de um lado quanto de outro) fica evidente. Quatro anos depois, Elsa Schiller, produtora da DG, conseguiu, não sem muito esforço, que o grupo voltasse para gravar em estéreo as mesmas obras, já que a primeira vez impressionou profundamente os europeus. E realmente, esta é uma leitura acima de qualquer crítica. Além da intimidade evidente dos músicos com estas obras, a precisão e sensibilidade de Mravinsky, um dos maestros mais elegantes que já subiram ao pódio, torna esta leitura indispensável em todos os sentidos. Soma-se a isso um aspecto levantado por Norman Lebrecht, que a torna ainda mais fascinante: sob pressão política, os registros evidenciam a tragédia do finale da Patética com profundeza ímpar, e a marcha bélica do terceiro movimento com uma esperança aterradora. É ver pra crer.

Se eu tivesse que escolher “a” Patética, mesmo considerando as limitações da gravação dos anos 60, seria esta. O álbum da DG vem com a Quarta e a Quinta Sinfonias, que deixo de bônus porque dá muito trabalho separar os arquivos e subir de novo. Sorte de vocês.

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CHUCRUTEN

Guia de Gravações Comparadas P.Q.P. – J.S.Bach: 4 Orchestral Suites BWV1066-1069

As 4 Suítes (ou Aberturas) para orquestra de Bach são suas únicas obras escritas exclusivamente para conjunto orquestral, sendo todas as demais obras sacras, concertantes, sonatas e árias de câmara ou para instrumentos solo (cravo, órgão, lute, violino e cello). A origem do gênero é obscura, o Guia da Música Sinfônica aponta Johann Jakob Froberger (1616-1667) como seu criador, ao passo que Gudrun Becker cita Agostino Steffani (1654-1728) como sendo o primeiro a compilar trechos de danças de suas óperas em uma “Suíte”, fazendo-as preceder de uma “Overture”, que acabou consagrando o nome.

O fato é que a “Overture” se tornou extremamente apreciada, provavelmente por ter sido um dos primeiros gêneros a combinar danças folclóricas populares com o gosto erudito das cortes e da aristocracia, e logo surgiram inúmeras composições deste gênero por toda a Europa. Telemann gabava-se de ter escrito 200 delas, e Mattheson (rival de Haendel) escreveu longamente sobre ela em seu livro “Nova Orquestra”.

Johann Sebastian Bach, por sua vez, não quis ficar de fora e também presenteou o mundo com exemplos do gênero. Bach, sendo Bach, evocou suas características mais elementares: primou pela qualidade e não pela quantidade, e fez de suas únicas 4 Aberturas as mais famosas Suítes orquestrais barrocas da história da música ocidental.

A composição delas também é algo obscura: não foram escritas juntas, havendo indícios de que a primeira e a última datam da época de Köthen, ao passo que as intermediárias datam da época de Leipzig. Mas são dados controversos, e que os autores também não chegam a uma conclusão. Há quem a acredite, por análise da partitura autógrafa (sem datação), que todas foram escritas em intervalos de tempo grandes, mas já em Leipzig. De qualquer forma, o consenso é que elas não formam um conjunto fechado, pois foram escritas para ocasiões diversas (como comprovam as diferenças na instrumentação e nas danças), e Bach já estava bastante ocupado para ficar pensando em ciclos de obras. Mesmo assim, a unidade estilística de todas é marcante, como não poderia deixar de ser neste caso.

As aberturas seguem o padrão francês lento-rápido-lento, sendo, a nível de Bach, o andamento rápido sempre uma fuga. Elas são seguidas de uma série de danças, tradicionalmente partes formais da suíte que Bach também usou em diversas outras obras, como as Suites Francesas, Inglesas e as Suites para Cello.

Aqui apresento 4 gravações que considero fundamentais para a apreciação desta obra:

1.Karl Richter, Münchener Bach-Orchester DG (ARCHIV) 1960-62

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Essa é a versão mais clássica das Suítes: foram gravadas no início da década de 60, numa época em que as versões “autênticas” não estavam em moda, e Richter clamava para si o monopólio da interpretação “correta” de Bach. Com isso, ele se tornou uma espécie de Karajan para Bach: suas leituras são lineares, ao ponto de se tornarem insípidas, quase assépticas, mas também bastante convincentes pela limpidez dos contornos. Neste caso, entretanto, as Suítes soam como uma obra clássica. Os contrastes entre a introdução lenta e a fuga rápida das aberturas não chega a comover, aliás, quase não se nota diferença. Igualmente se pode dizer das dinâmicas, em que ele explora muito pouco o chiaroscuro barroco, e ficam com certa aparência mais clássica que barroca. A Ária da Suite 3 pelas mãos de Richter fica quase romântica. Entretanto, é uma leitura vigorosa e com a potência sonora de uma orquestra aumentada, típica das adaptações feitas nos anos 60. Se quiserem uma leitura sem surpresas, bem-comportada, estilo genérico de um fast-food, fiquem com esta.

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2.Karl Münchinger, Stuttgart Kammerorchester, DECCA 1985

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Karl Münchinger é um maestro enigmático: especialista também em música barroca, principalmente em Bach, insiste em leituras híbridas que mesclam, de certa forma, um barroquismo que se diz “autêntico” (instrumentação, andamentos), mas por outro lado abusa do classicismo, ao estilo de Richter, nas dinâmicas, por exemplo. Suas leituras são também “corretas” no mesmo sentido de “assépticas”, optando sempre por uma média confortável que não chega a chocar o ouvinte, mas também não empolga. É uma leitura correta e até menos afetada que a de Richter, mas ele não faz os ritornellos das aberturas, diminuindo assim o tempo e fazendo caber tudo num único CD. Inclusive há quem ache chato o excesso de repetições dos andamentos lentos e prefere esta versão. Eu não. Apesar de tudo isso, gosto dela genericamente.

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3.Frans Brüggen, Orchestra of the Age of Enlightenment, PHILIPS 1994

bach_4_orchestral_suites_bruggen_coverBrüggen faz a interpretação autêntica mais exagerada que conheço, quase datada a Carbono-14. As dinâmicas barrocas ficam extremamente evidenciadas e a instrumentação é quase uma viagem ao tempo de Bach. Os contornos melódicos se mesclam com os timbres de forma quase orgânica, e os ritmos parecem germinar espontaneamente sabe-se lá de onde. Se você quiser uma versão chocante, diferente de tudo o que já ouviu, fique com esta. Nunca imaginei um barroco tão barroco, e nem sei se era mesmo assim. Mas é uma leitura extraordinária, vívida e de sonoridade vigorosa, que se contrapõe diretamente às leituras clássicas de Richter e Münchinger. Coisa fina.

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4.Trevor Pinnock, The English Concert, DG (ARCHIV) 1979-80

front coverEntre o ultra-romantismo de Richter e o mega barroco de Brüggen, Pinnock se revela de um equilíbrio estupendo. Não é um barroco autêntico exagerado, mas também não é uma leitura clássica. É a versão que considero mais equilibrada, e a mais convincente do ponto de vista estilístico. Seu conjunto The English Concert é um dos melhores grupos instrumentais de época do mundo, tendo gravado uma enorme quantidade de títulos barrocos com um apuro técnico e estético altamente elaborados. A versão dele para os Concertos de Brandenburgo é uma das mais precisas e bem gravadas da história da música. As suítes não ficam para trás. Poderão estranhar, se ouvirem primeiro a versão de Richter ou Münchinger, os andamentos mais rápidos das introduções das Aberturas. Mas é aí que ele mostra a que veio, contrapondo o tom solene à animação irresistível das fugas no desenvolvimento, revelando um barroco talvez até mais autêntico que o de Brüggen. Para todos os efeitos, esta é a escolha do Chucruten.

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CHUCRUTEN

.: interlúdio :. Egberto Gismonti & Charlie Haden in Montreal

.: interlúdio :. Egberto Gismonti & Charlie Haden in Montreal

IM-PER-DÍ-VEL !!!

In Montreal é um álbum de Egberto Gismonti e Charlie Haden gravado em 6 de julho de 1989 no Festival Internacional de Jazz de Montreal e lançado pela ECM em 2001. Aqui, temos dois monstros em plena forma em ação. Gismonti é mais dinâmico. Ele é a mola propulsora em peças de como Salvador, Maracatu e Em Família. Essas músicas mais agitadas de Gismonti são contrabalanceadas pelas composições majestosas e reflexivas de Haden. Um belo disco, lindamente interpretado e muito brasileiro. O ouvido de Haden para a música latina funciona perfeitamente, encaixando-se tanto ao violão de 10 cordas quanto ao piano de Gismonti. Este brinca muito, como em Lôro e em Frevo. Uma alegria ouvir esses dois.

Egberto Gismonti & Charlie Haden in Montreal

1 Salvador
Composed By – Egberto Gismonti
7:36
2 Maracatú
Composed By – Egberto Gismonti
9:21
3 First Song
Composed By – Charlie Haden
6:28
4 Palhaço
Composed By – Egberto Gismonti, G.E. Carneiro*
9:19
5 Silence
Composed By – Charlie Haden
9:49
6 Em Família
Composed By – Egberto Gismonti
10:03
7 Lôro
Composed By – Egberto Gismonti
7:32
8 Frevo
Composed By – Egberto Gismonti
6:43
9 Don Quixote
Composed By – Egberto Gismonti, G.E. Carneiro*
12:02

Egberto Gismonti, violão, piano e o que pintar
Charlie Haden, baixo

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Charlie Haden e Egberto Gismonti combinando o que vamos ouvir.
Charlie Haden e Egberto Gismonti combinando o que vamos ouvir.

PQP

Guia de Gravações Comparadas P.Q.P. – Mahler Symphony no.1 in D major ‘Titan’

A Primeira Sinfonia, dita Titan, é uma das obras mais executadas de Mahler, não apenas por sua beleza intrínseca (que aliás não é exclusividade dela), mas basicamente porque é uma das mais curtas, além de ser extremamente otimista, escrita numa linguagem acessível ainda do romantismo pós-wagneriano, e sem necessidade de solistas vocais e grandes coros. Como Otto Maria Carpeaux assinalou, todas as orquestras que querem mostrar certo virtuosismo mas tem dificuldades de produzir as exigências sonoras das demais sinfonias, optam pela Primeira.

Mas além disso, é também uma sinfonia muito interessante no contexto da vida e da obra de Mahler: ela funciona como um prefácio literário ao universo mahleriano, pois há nela ecos resumidos de basicamente tudo o que se ouvirá, melodica e harmonicamente, nas sinfonias posteriores. O termo prefácio literário não é força de expressão; do ponto de vista narrativo, ela trabalha com a ideia de um personagem heróico, descrito musicalmente através de seus temas e resoluções harmônicas tipicamente mahlerianas. É a expressão psíquica de seu autor, em que sua obra, permeada por este alter-ego heróico, apresenta uma ideia-fixa (ou um leitmotif) cujo objetivo é uma expressão de um universo ideal. É patente, através desta narrativa, sua busca incessante pela redenção, uma vez reconhecida a natureza imperfeita e efêmera do ser humano. E assim, passa por todos os conflitos filosóficos da humanidade (as angústias da sociedade, o amor, a morte, a religião), temas estes presentes em todas as suas obras, e, muito a propósito, já expresso nesta sinfonia, que termina numa espécie de cantus firmus de júbilo e alegria, até então único na história da música ocidental, informando ao público a que vem este tal Gustav.

Mahler é uma das mais contundentes respostas musicais às transformações científicas e filosóficas da virada do século XX, absorvendo, ainda que inconscientemente, as ideias da recente revolução psicológica de Freud (tendo ele mesmo sido seu paciente) e, claro, das não menos revolucionárias ideias postuladas por Planck e Einstein que abalaram os pilares da ciência física.

Escrita entre 1887 e 1888, teve diferentes versões apresentadas, começando por estrear como um poema sinfônico em duas partes, donde vem seu subtítulo, Titan, por conta da inspiração literária da obra de Jean Paul. Uma revisão de 1893 a colocou na forma sinfônica tradicional com um movimento a mais, o Blumine, depois suprimido. Após as revisões feitas até a publicação tardia em 1898, a Sinfonia finalmente adquiriu a forma como hoje a conhecemos, e nunca mais foi chamada por Mahler pelo subtítulo. Mas apesar disso, a despeito da imponência do nome, este acabou sendo incorporado como recurso de marketing.

O site gustavmahler.net.free (uma dádiva para os mahlerianos) cita nada menos que 274 gravações diferentes para a Primeira Sinfonia, nem todas, claro, disponíveis no mercado. E, no que diz respeito à possibilidade de ouvir alguma delas na internet, considerando os sites de streaming, o You Tube, a Amazon e os downloads genéricos, é possível achar pelo menos 40 versões. Para que os ouvintes tenham alguma orientação, trago algumas opções que gosto bastante:

1.Bernard Haitink, Concertgebouw PHILIPS 1972

61S7jofvU6L._SL500_SX300_Esta é uma gravação clássica, já está fora do catálogo e de vez em quando é relançada em algum compêndio, como a caixa da integral da sinfonias ou, neste caso, na coleção Abril de Grandes Compositores. Esta gravação, dos anos 70, faz parte do primeiro e único ciclo completo de Haitink, pois o segundo, na década de 90, não foi completado por conta do desmonte da indústria fonográfica, em especial o da música clássica, que foi o que sofreu a maior bancarrota (ver Norman Lebrecht, “Maestros, obras-primas e loucura”). Haitink na verdade gravou esta Sinfonia várias vezes de forma isolada, entre 1962 e 2007, mas esta de 72 desponta como uma de suas mais respeitáveis leituras.
É sem dúvida uma leitura inspirada, sendo tratada de forma muito mais solene que jocosa, e por isso tem um ar bruckneriano que permeia toda a execução. O frenesi dos finais do primeiro e último movimentos, expressões legítimas de uma Mahler jovem e apaixonado, são executados como se fossem reflexões profundas e conflitantes de um Mahler tardio, como o da Sétima ou Oitava Sinfonias. Apesar disso, é um registro que prima pela pureza de timbres e contornos melódicos, deixando, não obstante a maior lentidão rítmica, uma impressão bastante singular. Haitink, sempre distinto, não deixa a peteca cair. Os trompetes desafinam nas fanfarras do finale, mas este é um detalhe menor neste conjunto. A gravação desta edição acompanha o Lieder eines fahrenden gesellen, na voz imponente de Hermann Prey. Assim como em outras gravações, este lieder é sempre bem-vindo por ter sido uma das inspirações originais para temas da Primeira Sinfonia.

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2. Kurt Masur, New York Philharmonic TELDEC 1992

mahler_symph1_masur_smallEsta foi uma das gravações que marcaram a chegada de Kurt Masur na Filarmônica de Nova York em 1991. A gravação é do ano seguinte, mas evoca o mesmo sentimento de frescor recém-casado. A escolha de Masur, pelos músicos de Nova York, se deu para tentar fazer da Filarmônica novamente uma experiência mais “requintada”, uma vez que seus antecessores, Zubin Mehta e Leonard Bernstein eram dados a concertos populares, e Pierre Boulez, muito moderno. Naquela época o público patrono se incomodou com isso. Trazendo a sobriedade do alemão especialista em Beethoven, a ideia era fazer a Filarmônica deixar de parecer uma orquestra crossover, e escolheu a 7a. de Bruckner para estrear com toda a pompa. Hoje este fato soa um pouco anacrônico, mas fazia sentido naquele contexto. De qualquer modo, é um registro primoroso, de quem sabe o que está fazendo. A firmeza rítmica se impõe como um rolo compressor, e acaba deixando a obra mais fria que o desejado. Talvez Masur estivesse tentando causar boa impressão aos americanos, e se manteve cauteloso nas escolhas das dinâmicas. De qualquer forma é uma performance das mais eloquentes, e merece ser visitada, até porque também vem com as Canções do Viandante, na voz do barítono sueco Håkan Hagegård.

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Arquivo FLAC 278Mb

Entretanto, um pequeno parênteses para a questão da performance fria. Kurt Masur também é o responsável pela performance mais quente que conheço da Primeira Sinfonia de Mahler. Aconteceu em 2005 no Festival de Inverno de Campos do Jordão, em que Masur foi o maestro convidado, tendo ao seu lado Roberto Minczuk. Os bolsistas do festival, todos ainda amadores em fase de profissionalização, tinham pouca experiência com prática de orquestra, principalmente em se tratando de orquestras do tamanho exigido pela Primeira. Entretanto, ao invés de uma performance morna para cumprir exigências acadêmicas e agradar aos pais dos bolsistas, o que se ouviu foi uma performance das mais contundentes, que num nível de percepção sensível, transbordava a emoção e o entusiasmo daqueles músicos em tocar pela primeira vez uma obra daquela envergadura. Percebe-se, ao mesmo tempo, tanto a inexperiência e a ingenuidade quanto uma vontade sobre-humana de se superarem, coisa que acabam conseguindo com força descomunal, fazendo do finale desta gravação um dos mais emocionantes da história. Kurt Masur chorou nos aplausos, consciente do esforço que cada músico empreendeu. Esta gravação vale a pena porque é possível sentir toda essa carga emotiva no registro, coisa que muitas orquestras profissionais não conseguem. Infelizmente é um disco que está esgotado, então disponibilizo aqui também. Ele vem com outras obras executadas no mesmo festival (incluindo uma estréia de Almeida Prado), mas eu diria que a Titan é que interessa.

DOWNLOAD HERE – XXXVI Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão
CD Duplo – Arquivo FLAC 661Mb

3. Leonard Slatkin, St.Louis Symphony Orchestra TELARC 1981

mahler1slatkinEsta é a pior de todas: Slatkin é um bom regente, tenta dar um ar sóbrio e distinto ao frenético finale, mas no fim, não consegue. Boa parte do problema é a orquestra, St.Louis tem metais com uma sonoridade bem fraca, e Slatkin ainda puxa o freio de mão. Aí não dá mesmo. As fanfarras não empolgam, e parecem contidas como se precisassem fazer pouco barulho para não atrapalhar os vizinhos. Mas a gravação tem méritos: a Telarc é um selo americano que foi o absoluto pioneiro na gravação digital, sendo deles o primeiro LP lançado comercialmente que teve sua matriz gravada digitalmente, em 1978. Este know-how fez de suas gravações verdadeiras referências para o desenvolvimento de uma metodologia de gravação na era digital, e a clareza de seus registros é até hoje apreciada. Mas a recomendação é clara: só para fãs.

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Arquivo FLAC 195Mb

4.Rafael Kubelik, Symphonie-Orchester des Bayerischen Rundfunks DG 1968

mahler_symphony1_titan_kubelik_coverHá um certo consenso sobre a superioridade desta gravação, que foi inclusive indicada, recentemente, pela revista Gramophone, como a melhor Titan de todos os tempos. Mas toda a classificação é relativa, e acredito ser impossível uma unanimidade. Claro, a gravação tem méritos indiscutíveis, mas acho um pouco de exagero tanto crédito. Kubelik é um maestro dos mais competentes, um dos grandes “monstros sagrados” (expressão que na minha época era corriqueira) da regência do século XX. De origem tcheca, tem todos os requisitos para entender esta música até o último fio de cabelo. E ele realmente a entende como poucos, fazendo principalmente do scherzo e da paródica marcha fúnebre momentos de rara e fina ironia. Mas venhamos e convenhamos, a sonoridade da tecnologia de gravação de 1968 fica um pouco a desejar, principalmente deixando evidente certa estridência dos trompetes, uma limitação que nem toda gravação desta época possui ou incomoda, mas esta possui – e incomoda. Outra: Kubelik é famoso por seu rubato, ele costuma diminuir o andamento com algum exagero antes dos clímax ou das repetições dos temas essenciais. Em alguns casos, funciona que é uma maravilha, em outros, considero o resultado cafona. Não posso dizer que achei ruim seu rallentando na retomada do tema no primeiro movimento, mas também não vou dizer que não estranhei. Confesso que não tenho opinião definitiva, mas no fim das contas não é minha gravação dos sonhos. Mas se vale a pena? puxa, se vale! E a gravação também tem o Lieder eines fahrenden gesellen, mas na voz de ninguém menos que Dietrich Fischer-Dieskau. Aí fica covardia não ouvir.

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Arquivo FLAC 314Mb

5.Zubin Mehta, New York Philharmonic CBS 1982

mahler_symphony1_mehtaA grande zebra é esta gravação de Zubin Mehta, feita pela CBS em 1982. Uma verdadeira jóia. Outras leituras de Mehta, como a da DECCA com Israel, não chegam aos pés dessa. É uma leitura precisa, clara, entusiasmada e empolgante. Os trompetes de Nova York estão em ótima forma – melhor que na gravação de Masur – e executam as fanfarras com convicção ímpar, em que ouvem todas as notas com clareza e limpidez. O registro deixa aflorar o Mahler sonhador da juventude como poucos, coisa até rara em se tratando de Zubin Mehta, mas é preciso admitir: neste caso é quase impossível não se deixar contaminar pela empolgação da sonoridade desta gravação. Mehta, apesar de não ser um mahleriano convicto, é responsável por várias leituras memoráveis, e esta é uma delas. Não há meio termo, é uma leitura brilhante, ou se adora ou se ignora. Os puristas podem objetar que Mehta não faz o ritornello do primeiro movimento, mas devo dizer que também é um detalhe menor. Compensa todo o crime.

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Arquivo FLAC 218Mb

6.Klaus Tennstedt, London Philharmonic Orchestra EMI 1977

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Esta gravação é primorosa. Klaus Tennstedt era um mahleriano não apenas convicto, mas devoto e praticante. Norman Lebrecht explica bem esta relação meio doentia: “após um sério colapso nervoso, encontrou apoio na música de Mahler, que se tornou o leitmotiv de sua ansiosa vida”. Com efeito, o Mahler de Tennstedt é altamente intuitivo, sempre inesperado e avassalador, tirando das profundezas da alma os mais insondáveis sentimentos. Por algum motivo alheio à minha percepção (talvez pela própria personalidade trôpega de Tennstedt), ele nunca foi muito festejado do grande público, tendo sempre um time restrito de admiradores fiéis mas recatados, e normalmente suas performances escapam de uma análise pública mais abrangente. Mas devo dizer, poucas Titans tem a força desta: a impressão é de um vulcão prestes a explodir, e que efetivamente explode nos clímax adequados. Apesar de carismática, é uma interpretação bastante pessoal, em que há o perigo do ouvinte não interagir com a espontaneidade proposta. Neste caso, será uma leitura esquisita. Mas garanto: soltem-se e deixem-se levar pelos delírios do sr. Tennstedt, e estarão diante de uma performance única na história.
Obs.: A edição da Primeira que disponibilizo aqui faz parte da caixa com as 10 Sinfonias, então não estranhem o bônus do primeiro movimento da Segunda, obra que comentarei em outra ocasião.

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7.Sir Georg Solti, Chicago Symphony DECCA 1983

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Considero esta, ao lado da de Bernstein (1974) com a Wiener Philharmoniker (que infelizmente – ou felizmente – só tenho em DVD), a gravação que combina o melhor de todos os mundos: tem a sonoridade dos áureos tempos dos míticos engenheiros da DECCA, tem o equilíbrio preciso entre a espontaneidade e a fidelidade à partitura, tem o encanto do frescor juvenil do Mahler apaixonado, e tem a sobriedade de um registro convicto. Se eu fosse escolher a gravação mais equilibrada, e que satisfaz a maioria dos requisitos mahlerianos com louvor, ficaria com esta, com a possível alternativa de Bernstein. Mas para mim esta tem um trunfo a mais: as pratadas de Chicago são mais eficazes que as de Viena, e a eloquência da juvenília mahleriana fica em plena ebulição. Esta é, portanto, a escolha do Chucruten.
Bom divertimento!

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CHUCRUTEN

Sibelius & Khachaturian: Concertos para Violino

Sibelius & Khachaturian: Concertos para Violino

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um excelente CD com o espetacular violinista armênio Sergey Khachatryan e a Sinfonia Varsóvia. É claro que, quando se emociona, Khachatryan torna seu Sibelius como se fosse música folclórica armênia, mas isso é um pequeno detalhe dentro de uma montanha de acertos. Grande musicalidade, linda sonoridade e incrível facilidade técnica, algo que não se ouve todo o dia. Vi um concerto seu ao vivo e o homem simplesmente não erra. E é entusiasmado, cheio de alegria e tesão. Depois, tocando seu conterrâneo e quase homônimo Khachaturian, está tudo em casa e Khachatryan dá um banho. Para ouvir e fazer a festa.

Sibelius & Khachaturian: Concertos para Violino

Jean Sibelius Violin Concerto In D Minor Opus 47
1 – Allegro Moderato 16:27
2 – Adagio Di Molto 8:12
3 – Finale (Allegro Ma Non Tanto) 7:48

Aram Khachaturian* Violin Concerto In D Minor 1940
4 – Allegro Moderato 15:05
5 – Andante Sostenuto 12:33
6 – Allegro A Battuta 9:47

Violin – Sergey Khachatryan
Orchestra – Sinfonia Varsovia
Conductor – Emmanuel Krivine

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Khachatryan: fenômeno
Khachatryan: fenômeno

PQP

Lorenzo Gaetano Zavateri (1690-1764): Concerti Da Chiesa e Da Camara

Lorenzo Gaetano Zavateri (1690-1764): Concerti Da Chiesa e Da Camara

PQP Bach considera a Freiburger Barockorchester a melhor orquestra de câmara do mundo. Aqui, eles demonstram toda sua notável competência ao interpretar este sub-Vivaldi chamado Zavateri. A música é bonita, mas sem a genialidade do veneziano. Não pensem que é um disco ruim, pelo contrário, a coisa é linda, só não é genial. E a sonoridade da orquestra… Zavateri nasceu e trabalhou em Bologna, viveu para ver surgir o estilo galante, mas permaneceu barroco. Estes concertos são bem variados e coloridos. A gente ouve o CD duplo sem cansar. Eu estou na praia, numa manhã de sol e Zavateri me deixou ainda mais feliz.

Lorenzo Gaetano Zavateri (1690-1764): Concerti Da Chiesa e Da Camara

CD1:
Concerto primo Introducione in G major for strings and b.c.
01. Largo Spico – Allegro Assai – Allegro [00:04:18]

Concerto secondo in D major for violino obligato, strings and b.c.
02. Allegro [00:05:35]
03. Adagio [00:03:10]
04. Spirituoso [00:02:28]

Concerto terzo in C major for strings and b.c.
05. Allegro [00:02:25]
06. Andante [00:02:31]
07. Allegro assai [00:01:45]

Concerto quarto in C minor for violino obligato, strings and b.c.
08. Allegro [00:05:45]
09. Andante ma Largetto [00:03:31]
10. Allegro [00:03:00]

Concerto quinto in E major for strings and b.c.
11. Largo – Allegro ma Aperto [00:03:39]
12. Andante e Spico – Allegro [00:02:47]

Concerto sesto in A major for violino obligato, strings and b.c.
13. Allegro [00:04:20]
14. Adagio [00:02:37]
15. Vivace [00:04:08]

CD2:
Concerto settimo Teatrale in B flat major for strings and b.c.
01. Vivace [00:02:40]
02. Andante [00:03:26]
03. Allegro [00:03:00]

Concerto ottavo in E flat major for violino obligato, strings and b.c.
04. Allegro [00:03:48]
05. Adagio [00:02:30]
06. Allegro [00:03:35]

Concerto nono Teatrale in F major for strings and b.c.
07. Alleggro a Spico [00:02:10]
08. Largetto alla francese [00:01:35]
09. Presto [00:01:42]

Concerto decimo a Pastorale in D major for 2 violini obligati, strings and b.c.
10. Grave – Allegro [00:04:33]
11. Largo – Pastorale [00:05:27]

Concerto undecimo in G minor for strings and b.c.
12. Spirituoso [00:02:01]
13. Andantino – Allegro [00:02:19]

Concerto duodecimo a Tempesta di Mare in G major for violino obligato and b.c.
14. Allegro [00:04:50]
15. Adagio [00:02:37]
16. Allegro [00:04:55]

Freiburger Barockorchester, Gottfried von der Goltz
Recorded: August 29-September 1, 1995
November 16-19, 1995, Festsaal des Maximilian-Parks Hamm

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A Orquestra Barroca de Freiburg. Quem o chefão? O primeiro loirinho cabeludo sentado à direita,
A Orquestra Barroca de Freiburg. Quem é o chefão? O primeiro loirinho cabeludo sentado à direita.

PQP

Johann David Heinichen (1683-1729): Lamentationes, Passionsmusik

Johann David Heinichen (1683-1729): Lamentationes, Passionsmusik

Biber, Fasch e Heinichen, Biber, Fasch e Heinichen. Talvez estes sejam os compositores barrocos que mais subiram no conceito deste que vos escreve nos últimos anos. A música vocal de Heinichen não me pareceu tão boa quanto a instrumental, mas mesmo assim estes discos deste desconhecido são digníssimos de serem conhecidos pelos pequepianos. Heinichen foi não só um contemporâneo de Bach, como também ambos circulavam no mesmo ambiente. O principal interesse deste CD duplo, é o oratório Nicht das Band, das dich bestricket, que foi estreada em Dresden no domingo mesmo de 1724 em que Bach estreava sua Paixão de São João, em Leipzig. Um grande dia, sem dúvida. O oratório é tão bom quanto alguns de Telemann ou até mesmo quanto algumas obras sacras menores de Bach.

Johann David Heinichen (1683-1729): Lamentationes, Passionsmusik

Disc: 1
1. Lamentationes Jeremiae prophetae: Lamentatio I: Incipit lamentatio Jeremiae (Seibel 71)
2. Lamentationes Jeremiae prophetae: Lamentatio II: Vau. Et egressus est (Seibel 72)
3. Lamentationes Jeremiae prophetae: Lamentatio III: Jod. Manum suam misit hostis (Seibel 73)

4. Beatus Vir: Beatus vir (Seibel 26)

5. Alma mater redemptoris: Alma mater redemptoris (Seibel 22: 1726)

6. Nisi Dominus aedificaverit: Nisi Dominus aedificaverit (Seibel 99: 1723)

7. De Profundis: De profundis (Seibel 35)

Disc: 2
1. Nicht das Band, das dich bestricket (Oratorio tedesco al sepolcro santo): 1. Aria : Nicht das Band, das dich bestricket
2. Nicht das Band, das dich bestricket: 2. Recitativo : So schleppt man dich zum richthaus fort
3. Nicht das Band, das dich bestricket: 3. Coro : Kommt, Schauet Petrus’ Tranen an
4. Nicht das Band, das dich bestricket: 4. Recitativo : Ruchloser Geist. verraterischer Sinn
5. Nicht das Band, das dich bestricket: 5. Aria : Ach mein Mund, ach meine Zunge
6. Nicht das Band, das dich bestricket: 6. Recitativo Was nutzt mir’s nun , dass ich so rein an fussen
7. Nicht das Band, das dich bestricket: 7. Aria Mein Herze, quille Blut
8. Nicht das Band, das dich bestricket: 8. Recitativo : O weh! Die ganze Schar schnaubt voller Grimm
9. Nicht das Band, das dich bestricket: 9. Aria : Die Sporne, die meinen Erloser durchstechen
10. Nicht das Band, das dich bestricket: 10. Recitativo : Jetzt lozen sie dich auf
11. Nicht das Band, das dich bestricket: 11. Aria : Der Abgrund muss erzittern
12. Nicht das Band, das dich bestricket: 12. Recitativo : So leidet selbst die Unschuld so viel Qualen
13. Nicht das Band, das dich bestricket: 13. Coro : Ich wunsche mir, Jesu, dir einzig zum ruhme

14. Warum toben die Heiden: Warum toben die Heiden (Seibel 39: 1715)

15. Pastorale A-dur In A Major: Pastorale A-dur (Seibel 242)

Musica Antiqua Koln
Reinhard Goebel

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Heinichen: eu simpatizei
Heinichen: eu simpatizei

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