A gente começa a ouvir este CD e toma um susto. A qualidade da voz — linda, linda — e a musicalidade, ou seja, a perfeição de Véronique Gens é de surpreender mesmo. Les nuits d’été, de Berlioz, recebeu algumas gravações de destaque ao longo dos anos, dentre as quais se sobressai a de Victoria de los Angeles. Véronique Gens não fica abaixo e isso não é uma surpresa para os admiradores de seus ótimos discos dedicados a Handel e à música francesa. Ela é leve e expressiva, dando sempre a resposta emocional exigida pela música. O apoio orquestral é de primeira linha. A longa cena dramática, La mort de Cléopatre, é incrivelmente bem cantada e tocada, mas o restante é igualmente muito bom. Enfim, um Berlioz que presta!
Hector Berlioz (1803-1869) :Les Nuits d’été, La mort de Cléopatre
1. Les Nuits d’été Op. 7: Villanelle 2:07
2. Les Nuits d’été Op. 7: Le spectre de la rose 5:46
3. Les Nuits d’été Op. 7: Sur les lagunes 5:20
4. Les Nuits d’été Op. 7: Absence 4:10
5. Les Nuits d’été Op. 7: Au cimetière 4:53
6. Les Nuits d’été Op. 7: L’île inconnue 3:37
7. La mort de Cléopâtre 19:49
8. La captive Op. 12 7:40
9. 9 Mélodies, ‘Irlande’ Op. 2: V. La belle voyageuse 4:24
10. Zaïde Op. 19 No. 1 3:25
Les Nuits d’été, song cycle for voice & piano (or orchestra), H. 81 (Op. 7)
Performed by Lyon National Opera Orchestra
with Veronique Gens
Conducted by Louis Langree
La Mort de Cléopâtre, for soprano & orchestra, H.36
Performed by Lyon National Opera Orchestra
with Veronique Gens
Conducted by Louis Langree
La Captive for voice & piano (or orchestra), H. 60 (Op. 12)
Performed by Lyon National Opera Orchestra
with Veronique Gens
Conducted by Louis Langree
La Belle voyageuse (“Elle s’en va”), song for voice & piano (Neuf Mélodies irlandaises), H. 42a, Op. 2/4
Performed by Lyon National Opera Orchestra
with Veronique Gens
Conducted by Louis Langree
Zaïde, boléro for voice, castsnets & piano or orchestra (Feuillets d’album), H. 107 (Op. 19/1)
Performed by Lyon National Opera Orchestra
with Veronique Gens
Conducted by Louis Langree
A capa é medonha, mas a música que sai do CD é bem boa. Inicia com um Weber. Música ligeira, como se dizia antigamente. Coisa leve, bonitinha e esquecível. O Concerto para Violino de Schumann é daquelas obras que os comentaristas chamam de “negligenciadas”. Melhor se fosse esquecida. É totalmente anti-violinístico — alguns acham que é inspirado, outros que é pirado. Saiu de uma mente já doente, foi escrito quando o compositor já estava no internato de Endenich, talvez seja algo único na história da música. A tragédia do concerto de violino de Schumann é a fatal comparação com os de Brahms e Tchaikovsky, dois matadores absolutos. A coisa fica sensacional quando entram em ação Hindemith e Schnittke, principalmente o último. Quasi una Sonata (ou Sonata Nº 2), de 1968, é um de meus trabalhos favoritos de Schinittke. É violenta e lembra muitas vezes o Concerto para violino de Berg. É uma obra importante, continua sendo uma das peças seminais do compositor em qualquer de suas versões, marcando a estréia de seu célebre “poliestilismo” e seu afastamento da vanguarda.
Weber, Schumann, Hindemith, Schnittke: Obras para Violino e Piano & Violino e Orquestra
WEBER, Carl Maria von (1786-1826)
Grand Maria Von Weber, Op.48
1. I.Allegro con fuoco 7:22
2. II.Andante con moto 4:59
3. III.Rondo (Allegro) 5:13
SCHUMANN, Robert (1810-1856)
Violin Concerto in D minor, Op.posth
4. I.In kraftigem, nicht zu schnellem, Tempo 15:07
5. II.Langsam-III. Lebhaft, doch nicht schnell 14:20
HINDEMITH, Paul (1895-1963)
Violin Sonata in E flat, Op.11
6. I.Frisch 4:40
7. II.Im Zeitmass eines langsamen, feierlichen Tanzes 5:39
SCHNITTKE, Alfred (1934-1998)
Violin Sonata No.2
8. I.Quasi una sonata 20:11
GAVRILOV, Andrei (piano)
KREMER, Gidon (violin)
Philharmonia Orchestra
MUTI, Riccardo
Nicolas Vallet foi um alaudista e compositor holandês nascido na França. Vallet, um huguenote, nasceu em Corbeny, mas fugiu da França para a Holanda por motivos religiosos. Em Amsterdam, ele trabalhou como músico autônomo, professor de alaúde e dono de uma escola de dança. Seu trabalho principal, este Le Secret des Muses, contém composições e instruções para o alaúde renascentista de 10 cordas. Apareceu, em duas partes, em 1615 e 1616. Foi uma das últimas composições a aparecer para este instrumento, antes de ser suplantado pelo alaúde barroco.
O disco é uma joia da melhor lavra da grande Harmonia Mundi. Paul O’Dette é um genial alaudista e dá enorme vida às composições de Vallet.
Paul O’Dette é um dos maiores alaudistas da atualidade e este disco está bem acima do padrão habitual da música antiga. A técnica de O`Dette é soberba, permitindo-lhe a liberdade de fazer essa música realmente brilhar. Também tem profunda compreensão e conhecimento da música do período. Seu alaúde soa esplendidamente e foi lindamente gravado pela Harmonia Mundi.
Nicolas Vallet (ca.1583-ca.1642): Le Secret des Muses
Secretum musarum, lutebook
1 Prelude
2 Passemmeze En B Mol
3 Bouree D’Avignon
4 Courante
5 Gaillarde De Comte Essex
6 Boerinneken
7 Les Pantalons
Work(s)
8 Praeludium
9 Allemande Fortune Helas Pourquoy
10 Fantasie La Mendiante
11 Soet Robbert
Secretum musarum, lutebook
12 Gaillarde
13 Fantasie
14 Pavanne En Forme De Complainte
15 Carillon De Village
16 Onse Vader In Hemelryck
Work(s)
17 Praeludium
Secretum musarum, lutebook
18 Courante
19 La Sarabande Espagnolle
20 Guillemette
21 Courante La Vallette
22 Courante De Mars
23 La Chacona
24 Une Jeune Fillette
25 Onder De Lindegröne
26 La Princesse
27 L’avignonne
28 Slaep Soete Slaep
Agora sim! No quinto CD desta série, Kuijken e sua turma repetem a competência interpretativa, mas com um repertório de primeira linha. Um trabalho realmente maravilhoso. É curioso esse Sigiswald Kuijken. Ele não sentiu desejo de gravar cada cantata sacra existente de J.S. Bach. Esse projeto teria consumido anos de sua vida — e na melhor das hipóteses apenas igualaria as conquistas de outros Amundsen anteriores. Ao escolher gravar apenas cantatas suficientes para abranger um único ano litúrgico de domingos mais os dias santos principais, Kuijken restringiu o número de discos a 20, reduziu o número de artistas e acentuou exponencialmente a intensidade musical. O volume cinco, este volume, inclui as quatro cantatas do 11º ao 14º domingo depois da Trindade.
Johann Sebastian Bach (1685-1750): Cantatas, BWV 179, 35, 164 & 17
1. Cantata No. 179, ‘Siehe zu, dass deine Gottesfurcht,’ BWV 179 (BC A121): Chorus. Siehe zu, dass deine Gottesfurcht…
2. Cantata No. 179, ‘Siehe zu, dass deine Gottesfurcht,’ BWV 179 (BC A121): Recitative. Das heut’ge Christentum
3. Cantata No. 179, ‘Siehe zu, dass deine Gottesfurcht,’ BWV 179 (BC A121): Aria. Falscher Heuchler Ebenbild
4. Cantata No. 179, ‘Siehe zu, dass deine Gottesfurcht,’ BWV 179 (BC A121): Recitative. Wer so von innen wie von außen…
5. Cantata No. 179, ‘Siehe zu, dass deine Gottesfurcht,’ BWV 179 (BC A121): Aria. Liebster Gott, erbarme dich
6. Cantata No. 179, ‘Siehe zu, dass deine Gottesfurcht,’ BWV 179 (BC A121): Chorale. Ich armer Mensch, ich armer Sünder
7. Cantata No. 35, ‘Geist und Seele wird verwirret,’ BWV 35 (BC A125): Prima parte. Sinfonia
8. Cantata No. 35, ‘Geist und Seele wird verwirret,’ BWV 35 (BC A125): Prima parte. Aria. Geist und seele wird verwirret
9. Cantata No. 35, ‘Geist und Seele wird verwirret,’ BWV 35 (BC A125): Prima parte. Recitative. Ich wundre mich
10. Cantata No. 35, ‘Geist und Seele wird verwirret,’ BWV 35 (BC A125): Prima parte. Gott hat alles wohlgemacht
11. Cantata No. 35, ‘Geist und Seele wird verwirret,’ BWV 35 (BC A125): Second parte. Sinfonia
12. Cantata No. 35, ‘Geist und Seele wird verwirret,’ BWV 35 (BC A125): Second parte. Recitative. Ach starker Gott, lass mich doch…
13. Cantata No. 35, ‘Geist und Seele wird verwirret,’ BWV 35 (BC A125): Second parte. Aria. Ich wünsche nur bei Gott zu leben
14. Cantata No. 164, ‘Ihr, die ihr euch von Christo nennet,’ BWV 164 (BC A128): Aria. Ihr, die ihr euch von Christo nennet
15. Cantata No. 164, ‘Ihr, die ihr euch von Christo nennet,’ BWV 164 (BC A128): Recitative. Wir hören zwar, was selbst…
16. Cantata No. 164, ‘Ihr, die ihr euch von Christo nennet,’ BWV 164 (BC A128): Aria. Nur durch Lieb und durch Erbarmen
17. Cantata No. 164, ‘Ihr, die ihr euch von Christo nennet,’ BWV 164 (BC A128): Recitative. Ach schmelze doch durch…
18. Cantata No. 164, ‘Ihr, die ihr euch von Christo nennet,’ BWV 164 (BC A128): Aria. Händen, die sich nicht…
19. Cantata No. 164, ‘Ihr, die ihr euch von Christo nennet,’ BWV 164 (BC A128): Chorale. Ertöt uns durch dein Güte
20. Cantata No. 17, ‘Wer Dank opfert, der preiset mich,’ BWV 17 (BC A131): Chorus. Wer Dank opfert, der preiset mich
21. Cantata No. 17, ‘Wer Dank opfert, der preiset mich,’ BWV 17 (BC A131): Recitative. Es muss die ganze Welt…
22. Cantata No. 17, ‘Wer Dank opfert, der preiset mich,’ BWV 17 (BC A131): Aria. Herr, deine Güte reicht soweit…
23. Cantata No. 17, ‘Wer Dank opfert, der preiset mich,’ BWV 17 (BC A131): Recitative. Einer aber unter ihnen…
24. Cantata No. 17, ‘Wer Dank opfert, der preiset mich,’ BWV 17 (BC A131): Aria. Welch, Übermaß der Güte
25. Cantata No. 17, ‘Wer Dank opfert, der preiset mich,’ BWV 17 (BC A131): Recitative. Sieh meinen Willen an…
26. Cantata No. 17, ‘Wer Dank opfert, der preiset mich,’ BWV 17 (BC A131): Chorale. Wie sich ein Vat’r erbarmet
Peço desculpas pela intromissão da política, mas é que nos estranhos dias de hoje, com um presidente tolo e seus ministros amalucados, ouvir o tranquilidade, o bom humor, a alegria, a beleza e a inteligência de Haydn parece realmente um privilégio. Saímos de uma atmosfera carregada de más notícias e péssimos presságios para um oásis. De um ambiente onde reina a burrice para outro onde há equilíbrio e paz. E muita classe. E, sabem?, o cara é tão perfeito que a gente sai da audição ainda mais indignado com o mundo.
Não vivendo mais na doce ilusão de uma sociedade sem classes, concordei em viver numa sociedadesem classe. Aqui, ó!
O Op. 20 de Haydn tem lindíssimos momentos. A estrutura é mesma das sinfonias. Inicia com um Grave-Allegro, depois vem um Minueto ou um Adágio — eles podem se alternar ma segunda e terceira posições — e um Presto final. E temos cada adágio… Bem, o Doric é um grupo maravilhoso, não nos decepcionando nunca. Acho que este CD é de audição obrigatória.
Franz Joseph Haydn (1732-1809): Quartetos de Cordas Op. 20 (Completos)
[original dedication to Prince Nikolaus Zmeskall von Domanowetz]
String Quartet, Op. 20 No. 1 (Hob. III: 31) 25:19
in E flat major – in Es-Dur – en mi bémol majeur
1.Allegro moderato 9:19
2.Menuet. Un poco allegretto – Trio – Menuet da Capo 3:44
3.Affettuoso e sostenuto 8:33
4.Finale. Presto 3:35
String Quartet, Op. 20 No. 2 (Hob. III: 32) 23:06
in C major – in C-Dur – en ut majeur
5.Moderato 9:34
6.Capriccio. Adagio – Segue subito il Menuet 6:45
7.Menuet. Allegretto – Trio – Menuet da Capo 3:31
8.Fuga a quattro soggetti. Allegro 3:10
String Quartet, Op. 20 No. 3 (Hob. III: 33) 25:49
in G minor – in g-Moll – en sol mineur
9.Allegro con spirito 7:56
10.Menuet. Allegretto – Trio – Menuet da Capo 4:17
11.Poco adagio 9:43
12.Finale. Allegro di molto 3:45
String Quartet, Op. 20 No. 4 (Hob. III: 34) 29:21
in D major – in D-Dur – en ré majeur
13.Allegro di molto 10:57
14.Un poco adagio e affettuoso 9:44
Variazione I –
Variazione II –
Variazione III – [ ]
15.Menuet all Zingarese. Allegretto – Trio – Menuet da Capo 1:40
16.Presto e scherzando 6:53
String Quartet, Op. 20 No. 5 (Hob. III: 35) 25:29
in F minor – in f-Moll – en fa mineur
17.Moderato 11:14
18.Menuet. [ ] – Trio – Menuet da Capo fin al Segno 5:02
19.Adagio – Segue Fuga 6:30
20.Finale. Fuga a due soggetti 8:39
String Quartet, Op. 20 No. 6 (Hob. III: 36) 20:24
in A major – in A-Dur – en la majeur
21.Allegro di molto e scherzando 8:38
22.Adagio 6:04
23.Menuet. [ ] – Trio – Menuet da Capo 2:34
24.Fuga con tre soggetti. Allegro 2:55
Doric String Quartet
Alex Redington, violin
Jonathan Stone, violin
Hélène Clément, viola
John Myerscough, cello
IM-PER-DÍ-VEL !!! Mas só para quem, como eu, curte os modernos.
Um belo ex-LP de música para percussão com os suecos do Kroumata, grupo fundado em 1978 e ainda ativo, com mais de 20 álbuns gravados. É claro que John Cage (1912-1992) domina o repertório com sua obra de quase sete minutos, mas a peça de Taïra (1937-2005) também é muito intrigante ao acoplar gritos dos instrumentistas, que parecem estar praticando artes marciais. Eu gostei demais de ouvir o Kroumata. Porém, se você é conservador em música, fuja deste post agora. Correndo!
Cage, Cowell, Lundquist & Taïra: Música para Percussão
John Cage (1912 – 1992)
1) Second Construction (1940) for four players [6:44]
Henry Cowell (1897 – 1965)
2) Pulse (1939) for five players [3:53]
Torbjörn Iwan Lundquist (1920 – 2000)
3) Sisu (1976) for six percussions [9:20]
Yoshihisa Taïra (1938 – 2005)
4) Hierophonie V pour six percussionnistes [19:32]
Grande Mestre Herreweghe! Mais uma gravação impecável do belga! Este disco é marcado para mim pelos três corais impressionantes, cada um muito diferente do outro, que abrem as cantatas. A maior e mais ambiciosa composição aqui é a Cantata “O Ewigkeit” (# 20, 1724). O coral homônimo com o qual ela começa mostra todo o domínio contrapontístico de meu pai. Bach escreve uma abertura francesa completa francesa para orquestra, com as seções lentas distinguidas por ritmos pontilhados abrindo e concluindo o coral, e seção de fuga mais rápida. A ideia remonta às formas medievais usando o cantus firmus, mas, em sua encarnação barroca, é uma criação imponente e majestosa. Os corais de abertura de Cantatas 2 e 176 são mais curtos e menos ambiciosos — mas também são muito bonitos. A Cantata 176 é apresentada por um coral muito dramático que me lembra certas partes dos Concertos de Brandenburgo. O coral da Cantata 2 é melancólico e emotivo.
Johann Sebastian Bach (1685-1750): Cantatas BWV 2, 20 & 176
“Ach Gott, Vom Himmel Sieh Darein” BWV 2
1 Choral: Ach Gott Vom Himmel Sieh Darein 4:05
2 Recitativo: Sie Lehren Eintel Falsche List 1:11
3 Aria: Tilg, O Gott, Die Lehren 3:30
4 Recitativo: Die Armen Sind Verstört 1:35
5 Aria: Durchs Feuer Wird Das Silber Rein 5:08
6 Choral: Das Wollst Du, Gott Bewahren Rein 0:56
“O Ewigkeit, Du Donnerwort” BWV 20
7 [Choral] O Ewigkeit, Du Donnerwort 4:45
8 Recitativo: Kein Unglück Ist In Aller Welt Zu Finden 0:48
9 Aria: Ewigkeit, Du Machst Mir Bange 3:13
10 Recitativo: Gesetzt Es Dau’rte Der Verdammten Qual 1:18
11 Aria: Gott Ist Gerecht In Seinen Werken 4:24
12 Aria: O Mensch, Errette Deine Seele 2:02
13 Choral: Solang Ein Gott Im Himmel Lebt 1:03
14 Aria: Wacht Auf, Wacht Auf, Verlornen Schafe 2:28
15 Recitativo: Verlass, O Mensch, Die Wollust Dieser Welt 1:17
16 Duetto. Aria: O Menschenkind 3:09
17 Choral: O Ewigkeit, Du Donnerwort 1:03
“Es ist Ein Trotzig Und Verzagt Ding” BWV 176
18 [Chor] Es Ist Ein Trotzig Und Verzagt Ding 2:03
19 Recitativo: Ich Meine, Recht Verzagt 0:44
20 Aria: Dein Sonst Hell Beliebter Schein 2:51
21 Recitativo: So Wundere Dich, O Meister Nicht 1:43
22 Aria: Ermuntert Euch 2:14
23 Choral: Auf Dass Wir Also Allzugleich 1:17
Alto Vocals [Choir] – Alex Potter, Cécile Pilorger, Ivonne Fuchs, Mieke Wouters
Alto Vocals [Soloist] – Ingeborg Danz
Bass Vocals [Choir] – Bart Vandewege, Frits Vanhulle, Pieter Coene, Robert Van Der Vinne
Bass Vocals [Soloist] – Peter Kooy*
Bassoon – Philippe Miqueu
Cello – Claire Giardelli, Harm-Jan Schwitters
Choir – Collegium Vocale
Cornett – Bruce Dickey (tracks: 1 to 6)
Directed By – Philippe Herreweghe
Double Bass – Miriam Shalinsky
Flute – Patrick Beuckels (tracks: 1 to 6)
Oboe – Marcel Ponseele, Rafael Palacios, Taka Kitazato
Orchestra – Collegium Vocale
Organ – Herman Stinders
Soprano Vocals [Choir] – Cécile Kempenaers, Dominique Verkinderen, Edwige Cardoen, Lut Van De Velde
Soprano Vocals [Soloist] – Johannette Zomer
Tenor Vocals [Choir] – Friedemann Büttner, Gerhard Hölzle, Malcolm Bennett (2), Markus Schuck
Tenor Vocals [Soloist] – Jan Kobow
Timbales – Peppie Wiersma
Trombone – Charles Toet (tracks: 1 to 6), Harry Ries (tracks: 1 to 6), Simen van Mechelen (tracks: 1 to 6)
Trumpet – Guy Ferber, Pascal Geay, René Maze
Viola – Brigitte Clément, Hiltrud Hampe, Peter Van Boxelaere
Violin [1] – Andreas Preuss, Kathrin Tröger, Michiyo Kondo
Violin [2] – Adrian Chamorro, Corrado Masoni, Sebastiaan Van Vucht
Violin, Concertmistress – Mira Glodeanu
Um belo disco de música sacra italiana com obras de Vivaldi e Alessandro Scarlatti. Quase todos nós já ouvimos o Gloria de Vivaldi muitas vezes e, embora seja muito boa música, a pessoa tende a se cansar depois de um tempo. A versão de Pinnock é excelente. Meu interesse real sobre este disco é o Dixit Dominus de Scarlatti. Nós ouvimos muito pouco da música sacra de Alessandro, que é de alta qualidade. Embora ele não seja tão ousado ou enérgico como Handel, tem muitas ideias originais e belas melodias. Todos os movimentos são atraentes. Pinnock e turma estão excelentes como sempre. Embora desconhecido, este Dixit é definitivamente o destaque deste disco para mim.
Antonio Vivaldi (1678-1741): Gloria / Alessandro Scarlatti (1660-1725): Dixit Dominus
Gloria, In D Major For Soloists, Chorus And Orchestra, RV 589
Composed By – Antonio Vivaldi
1 Gloria In Excelsis Deo (Allegro)
Oboe – David Reichenberg
Trumpet – Crispian Steele-Perkins
2:24
2 Et In Terra Pax Hominibus (Andante) 4:52
3 Laudamus Te (Allegro)
Soprano Vocals – Ingrid Attrot, Nancy Argenta
2:14
4 Gratias Agimus Tibi (Adagio) 0:28
5 Propter Magnam Gloriam Tuam (Allegro) 0:50
6 Domine Deus, Rex Caelistis (Largo)
Oboe – David Reichenberg
Soprano Vocals – Nancy Argenta
3:43
7 Domine Fili Unigeniti (Allegro) 2:18
8 Domine Deus, Agnus Dei (Adagio)
Alto Vocals – Catherine Denley
5:01
9 Qui Tollis Peccata Mundi (Adagio) 1:45
10 Qui Sedes Ad Dexteram Patris (Allegro)
Alto Vocals – Catherine Denley
2:45
11 Quoniam Tu Solus Sanctus (Allegro)
Oboe – David Reichenberg
Trumpet – Crispian Steele-Perkins
0:47
12 Cum Sancto Spirito (Allegro)
Oboe – David Reichenberg
Trumpet – Crispian Steele-Perkins
2:48
Dixit Dominus, For Soloists, Strings And Continuo (Musica Sacra MS 710)
Composed By – Alessandro Scarlatti
13 Dixit Dominus (Spiritoso) 2:35
14 Virgam Virtutis (Allegro)
Soprano Vocals – Nancy Argenta
2:34
15 Tecum Principium
Alto Vocals – Ashley Stafford
2:53
16 Juravit Dominus 3:14
17 Dominus A Dextris Tuis
Bass Vocals – Stephen Varcoe
2:13
18 Judicabit In Nationibus (Andante – Allegro – Allegro) 1:57
19 De Torrente In Via Bibet (Andante)
Alto Vocals – Ashley Stafford
Soprano Vocals – Nancy Argenta
2:50
20 Gloria Patri (Allegro) 3:58
Alto Vocals – Ashley Stafford
Alto Vocals [Choir] – Ashley Stafford, Caroline Trevor, Graeme Curry, Mary Nichols
Bass Vocals – Stephen Varcoe
Bass Vocals [Choir] – Donald Greig, Richard Savage, Richard Wistreich, Stephen Charlesworth (2)
Cello – Jaap ter Linden, Richard Webb
Concertmaster – Simon Standage
Contralto Vocals – Catherine Denley
Double Bass – Amanda MacNamara*
Oboe [Solo] – David Reichenberg
Organ – Ivor Bolton
Soprano Vocals – Ingrid Attrot, Nancy Argenta
Soprano Vocals [Choir] – Evelyn Tubb, Nicola Jenkin, Sally Dunkley, Tessa Bonner
Tenor Vocals [Choir] – Angus Smith, John Dudley, Neil Lunt, Nicolas Robertson
Theorbo – Nigel North
Trumpet [Solo] – Crispian Steele-Perkins
Viola – Katharine Hart* (tracks: 1 to 12), Trevor Jones (4) (tracks: 1 to 12)
Violin [1st] – Graham Cracknell, Miles Golding, Pauline Nobes (tracks: 1 to 12), Simon Standage
Violin [2nd] – Elizabeth Wilcock (tracks: 1 to 12), Frances Turner (tracks: 13 to 20), Maurice Whitaker (tracks: 1 to 12), Micaela Comberti, Pauline Nobes (tracks: 13 to 20), Susan Carpenter-Jacobs* (tracks: 1 to 12)
Violin [3rd] – Elizabeth Wilcock (tracks: 13 to 20), Maurice Whitaker (tracks: 13 to 20), Susan Carpenter-Jacobs* (tracks: 13 to 20)
Vocals [Solo Quartet] – Ashley Stafford (tracks: 13 to 20), Nicolas Robertson (tracks: 13 to 20), Richard Wistreich (tracks: 13 to 20), Tessa Bonner (tracks: 13 to 20)
Choir – The English Concert Choir
Orchestra – The English Concert
Conductor, Harpsichord – Trevor Pinnock
Cerimônia religiosa na igreja de San Lorenzo, em Veneza, em quadro pintado em 1789 por Gabriele Bella. Pelo menos dois concertos de Vivaldi, o RV 286 e o RV 562, foram encomendados a Vivaldi com a intenção de abrilhantar cerimônias em San Lorenzo
Eu curti. Pimpinone é uma ópera cômica em 3 partes e 11 cenas, com música de Georg Philipp Telemann e libreto em alemão de Johann Philipp Praetorius, sobre texto precedente de Pietro Pariati. A sua estreia foi feita no Theater am Gänsemarkt de Hamburgo, em 27 de setembro de 1725. O seu título completo é Die Ungleiche Heirat zwischen Vespetta und Pimpinone oder Das herrsch-süchtige Camer Mägden (O casamento desigual entre Vespetta e Pimpinone ou A dominante camareira). A obra está descrita como um Lustiges Zwischenspiel (Intermezzo cômico) em três partes. Telemann retoma o libreto que musicou Tommaso Albinoni quase vinte anos antes, através de uma versão em alemão para os recitativos, conservando para as árias o texto em italiano. Pimpinone teve muito êxito e marcou o caminho que seguiriam os intermezzi posteriores, em particular La serva padrona de Giovanni Battista Pergolesi. Esta ópera raras vezes se representa na atualidade; nas estatísticas do site Operabase aparece com somente 6 representações no período 2005-2010.
Mas ela é ótima e belamente interpretada neste CD. O que Reiner Süß faz na faixa 17 não é normal. A trama é simples: Vespetta, a empregada, ganha a confiança do seu chefe, o velho Pimpinone, para que se case com ela. Uma vez casados, a natureza mordaz dela (o nome Vespetta significa “pequena vespa”) domina completamente o marido. Só há dois personagens nesta mini-ópera.
Georg Philipp Telemann (1681-1767): Pimpinone
1 Pimpinone, oder Die ungleiche Heirat, oder Die herrschsüchtige Cammer-Mädgen deel I 3:43
2 Pimpinone, oder Die ungleiche Heirat, oder Die herrschsüchtige Cammer-Mädgen deel II 1:53
3 Pimpinone, oder Die ungleiche Heirat, oder Die herrschsüchtige Cammer-Mädgen deel III 3:55
4 Pimpinone, oder Die ungleiche Heirat, oder Die herrschsüchtige Cammer-Mädgen deel IV 2:39
5 Pimpinone, oder Die ungleiche Heirat, oder Die herrschsüchtige Cammer-Mädgen deel V 3:18
6 Pimpinone, oder Die ungleiche Heirat, oder Die herrschsüchtige Cammer-Mädgen deel VI 1:42
7 Pimpinone, oder Die ungleiche Heirat, oder Die herrschsüchtige Cammer-Mädgen deel VII 2:47
8 Pimpinone, oder Die ungleiche Heirat, oder Die herrschsüchtige Cammer-Mädgen deel VIII 0:31
9 Pimpinone, oder Die ungleiche Heirat, oder Die herrschsüchtige Cammer-Mädgen deel IX 1:24
10 Pimpinone, oder Die ungleiche Heirat, oder Die herrschsüchtige Cammer-Mädgen deel X 1:53
11 Pimpinone, oder Die ungleiche Heirat, oder Die herrschsüchtige Cammer-Mädgen deel XI 2:18
12 Pimpinone, oder Die ungleiche Heirat, oder Die herrschsüchtige Cammer-Mädgen deel XII 1:43
13 Pimpinone, oder Die ungleiche Heirat, oder Die herrschsüchtige Cammer-Mädgen deel XIII 2:29
14 Pimpinone, oder Die ungleiche Heirat, oder Die herrschsüchtige Cammer-Mädgen deel XIV 1:22
15 Pimpinone, oder Die ungleiche Heirat, oder Die herrschsüchtige Cammer-Mädgen deel XV 5:19
16 Pimpinone, oder Die ungleiche Heirat, oder Die herrschsüchtige Cammer-Mädgen deel XVI 2:01
17 Pimpinone, oder Die ungleiche Heirat, oder Die herrschsüchtige Cammer-Mädgen deel XVII 3:04
18 Pimpinone, oder Die ungleiche Heirat, oder Die herrschsüchtige Cammer-Mädgen deel XVIII 1:50
19 Pimpinone, oder Die ungleiche Heirat, oder Die herrschsüchtige Cammer-Mädgen deel XIX 1:29
20 Pimpinone, oder Die ungleiche Heirat, oder Die herrschsüchtige Cammer-Mädgen deel XX 0:52
21 Pimpinone, oder Die ungleiche Heirat, oder Die herrschsüchtige Cammer-Mädgen deel XXI 4:12
22 Pimpinone, oder Die ungleiche Heirat, oder Die herrschsüchtige Cammer-Mädgen deel XXII 1:20
23 Pimpinone, oder Die ungleiche Heirat, oder Die herrschsüchtige Cammer-Mädgen deel XXIII 4:06
Erna Roscher
Reiner Süß
Staatskapelle Berlin
Helmut Koch
Que repertório! Que repertório! Que repertório! Este CD duplo oferece quatro obras-primas da Schubert em notáveis performances. Nos trios, a liderança musical vem do piano, mas isso não é um problema quando o pianista é um schubertiano tão experiente quanto Schiff e os outros dois músicos têm tanta personalidade e empatia. Eles decididamente formam um conjunto. Embora haja outras excelentes gravações, esta é especial. O som é muito realista e equilibrado e os intérpretes têm coisas a nos dizer a respeito de Franz. Eles sabem o que Franz fez no verão passado. Ou há muitos verões. Tudo é bom aqui, mas o destaque fica para as melhores obras — os dois Trios. O Trio Nº 2 é tocado com seu final completo recentemente restaurado, uma vantagem.
Franz Schubert (1797-1828): Piano Trios Nos. 1 & 2 / Arpeggione Sonata / Nocturne for Piano Trio
Disc: 1
1. Sonata In A Minor D 821 ‘Arpeggione’: Allegro Moderato
2. Sonata In A Minor D 821 ‘Arpeggione’: Adagio
3. Sonata In A Minor D 821 ‘Arpeggione’: Allegretto
4. Piano Trio In B Flat Major D 898 Op. 99: Allegro Moderato
5. Piano Trio In B Flat Major D 898 Op. 99: Andante Un Poco Mosso
6. Piano Trio In B Flat Major D 898 Op. 99: Scherzo: Allegro – Trio
7. Piano Trio In B Flat Major D 898 Op. 99: Rondo: Allegro Vivace
Disc: 2
1. Piano Trio Movement In E Flat Major D 897 Op. 148 ‘Notturno’: Adagio
2. Piano Trio In E Flat Major D 929 Op. 100: Allegro
3. Piano Trio In E Flat Major D 929 Op. 100: Andante Con Moto
4. Piano Trio In E Flat Major D 929 Op. 100: Scherznado : Allegro Moderato
5. Piano Trio In E Flat Major D 929 Op. 100: Allegro Moderato
Cello – Miklós Perényi
Piano – András Schiff
Violin – Yuuko Shiokawa
Kodály fundou, juntamente com seu amigo ainda mais talentoso Béla Bartók, a etnomusicologia. Grande pesquisador, enorme compositor, parece ter sido melhor ainda como professor, tendo inventado o Método Kodály de ensino de música. Assim como Bartók, Kodály foi um intelectual que sabia aplicar sua cultura. E isto pode ser ouvido neste excelente CD. Todos os trabalhos apresentados são de grande originalidade de forma e conteúdo, verdadeiros resumos da tradição da composição clássica, romântica, impressionista e modernista do início do século XX, com profundo respeito pelas tradições folclóricas húngaras, eslovacas, búlgaras, albanesas e de outros países do leste europeu. A Sonata Op. 8 para Violoncelo Solo é maravilhosa. Curiosamente, em seu terceiro movimento, tem momentos que parecem música nordestina. Há vários bordões que lembram repentes. O Adágio que fecha o CD é outra pérola na interpretação de Natalie Clein, a qual é um capítulo à parte. A inglesa Clein (1977) não é apenas linda, é uma virtuose de som consistente, cheio, insinuante e, até diria, invasivo. É um prazer caminhar na rua com ela nos ouvidos. A gente esquece da política brasileira. Um belo CD da Hyperion!
Clein, Natalie Clein, com C.
Zóltan Kodály (1882-1967): Sonata, Op. 8 for solo cello / Sonatina / 9 Epigrams
01. Sonata, Op. 8 for solo cello – I. Allegro maestoso ma appassionato
02. Sonata, Op. 8 for solo cello – II. Adagio
03. Sonata, Op. 8 for solo cello – III. Allegro molto vivace
04. Sonatina
05. 9 Epigrams – No 1 Lento
06. 9 Epigrams – No 2
07. 9 Epigrams – No 3
08. 9 Epigrams – No 4 Moderato
09. 9 Epigrams – No 5 Allegretto
10. 9 Epigrams – No 6 Andantino
11. 9 Epigrams – No 7 Con Moto
12. 9 Epigrams – No 8
13. 9 Epigrams – No 9
Um disco apenas bom, apesar das presenças de um extraordinário elenco: Savall, Figueras, Koopman, Coin…
Frescobaldi foi cantor e virtuoso de diversos instrumentos, entre os quais o órgão. São famosos os seus livros de tocatas publicados entre 1615 e 1627, em cujo prefácio antecipa a maneira de tocar com efeitos cantáveis que será, depois, típica do gênero.
Tendo-se transferido a Roma durante a juventude, frequentou a Accademia Nazionale di Santa Cecilia e foi organista na igreja de Santa Maria em Trastevere. Durante vinte anos foi organista em São Pedro. Teve cinco filhos de Orsola del Pino, com quem se casou em 1613.
Depois de um desanimador e breve período junto do duque de Mântua, transferiu-se em 1628 com a família para Florença. Aí publicou (1630) duas seleções de árias: o 1° e o 2° Livros de árias musicais para serem cantadas no Gravecembalo e Tiorba em uma, duas ou três vozes.
O seu Primeiro livro dos madrigais a cinco vozes tinha sido publicado em Antuérpia em 1608; Frescobaldi havia seguido, em Bruxelas (na época, um importante centro de estudo de cravo), o núncio pontifício em Flandres, Guido Bentivoglio.
Tendo voltado a Roma em 1634, retomou o seu lugar em São Pedro. No ano seguinte publicou em Veneza, Fiori musicali, Kyrie, Canzoni, Capricci e Ricercari in partitura a quattro.
Entre as suas obras vocais é digno de nota o seu Livro segundo de diversas modulações a uma, duas, três e quatro vozes.
Girolamo Frescobaldi (1583-1643): Arie e Canzone
A
1 Canzona detta la Nicolina
2 Canzona detta la Todeschina
3 Toccata
4 La mia pallida faccia (aria a voce sola)
5 Maddalena alla Croce (sonetto spirituale)
6 Così mi disprezzate? (aria di passacaglia)
7 Canzona detta la Diodat
8 Canzona detta la Sardin
B
1 Canzona detta la Bernardina
2 Canzona detta la Moricona
3 Ohimè, che fur, che sono (sonetto spirituale in stile recitativo)
4 Se l’aura spira tutta vezzosa (aria)
5 Dunque dovrò del puro servir mio (aria di romanesca)
6 Canzona detta la Bianchina
7 Canzona detta la Arnolfinia
Monserrat Figueras, soprano
Ton Koopman, organ and harpsichord
Jordi Savall, viols
Bruce Dickey, Jean-Pierre Canihac, cornetts
Christophe Coin, bass violin
A inglesa Alison Balsom é um show. E este CD é uma preciosidade, pois, desde a célebre gravação de Wynthon Marsalis, não tínhamos um registro tão bom dos concertos para trompete de Hummel e Haydn, talvez os melhores do gênero. A orquestra também é ótima. Die Deutsche Kammerphilharmonie Bremen acompanha Balsom com muito mais que dignidade. A habilidade fantástica de Balsom cria belos fraseados com timbres e articulações coerentes com o repertório.
Para velhinhos como eu, reouvir estes concertos é um renovado deleite, mas, sei lá, talvez os jovens pequepianos ainda os desconheçam. Bem, são muito bons, viram?
Hummel / Haydn / Torelli / Neruda: Concertos para Trompete
Trumpet Concerto In E Flat
Composed By – Johann Nepomuk Hummel
1 Ⅰ. Allegro Con Spirito 9:25
2 Ⅱ. Andante 4:45
3 Ⅲ. Rondo 3:40
Trumpet Concerto In E Flat Hob.Ⅶ E:Ⅰ
Composed By – Joseph Haydn
4 Ⅰ. Allegro 6:37
5 Ⅱ. Andante 3:31
6 Ⅲ. Finale: Allegro 4:35
Trumpet Concerto In D
Composed By – Giuseppe Torelli
7 Ⅰ. Allegro 2:00
8 Ⅱ. Adagio – Presto – Adagio 2:18
9 Ⅲ. Allegro 1:33
Trumpet Concerto In E Flat
Composed By – Jan Křtitel Jiří Neruda*
10 Ⅰ. Allegro 5:13
11 Ⅱ. Largo 4:34
12 Ⅲ. Vivace 4:35
Trumpet – Alison Balsom
Orchestra – Die Deutsche Kammerphilharmonie Bremen
O Quinteto “A Truta”, de Schubert dispensa apresentações. É lindo! O Beaux Arts idem. Por isso, demos mais espaço a uma rápida biografia de Clara Schumann, uma talentosa compositora e pianista, muito mais fora do repertório habitual. Ela foi importante não apenas por si mesma como por suas relações com Robert Schumann, Brahms, Chopin e pelas célebres inimizades. Seu Trio também é muito bom.
Clara Schumann, nascida Clara Josephine Wieck foi uma pianista e compositora alemã. Foi casada com o também compositor Robert Schumann.
Desde muito jovem, aprendeu a técnica do piano com seu pai, Friedrich Wieck. A mãe, Marianne, era uma excelente musicista e dava concertos. Quando Clara tinha 4 anos, os pais se divorciaram, com Friedrich ganhando a custódia da menina. Aos 5, Clara começou a ter lições de piano mediante a disciplina rígida do pai.
A partir dos 13 anos desenvolveu uma brilhante carreira pianística, apresentando-se em vários palcos pela Europa. Destacou-se não só por isso, mas também pela performance de compositores românticos da época, como Chopin e Carl Maria Von Weber.
Na adolescência iniciou um romance com Robert Schumann que na época era aluno de seu pai. Ao tomar conhecimento da ligação de Robert e Clara, Wieck ficou furioso, pois Robert tinha problemas com a bebida, o fumo e crises depressivas. Preocupado com o futuro da filha, proibiu a relação. A consequência foi uma longa batalha judicial, em que, após um ano de litígio, Schumann conseguiu a permissão para desposar Clara, após ela completar 21 anos.
Depois do casamento, Clara e Robert começaram uma longa colaboração, ele compondo e ela interpretando e divulgando suas composições. Clara continuou a compor, mas a vida em comum era complicada, pois ela foi forçada a parar a carreira por diversos períodos, devido às 8 gestações e, apesar de Schumann aparentemente encorajar sua criação musical, ela abdicou muitas vezes de sua carreira como compositora para promover a do marido.
A situação era agravada por várias diferenças entre o casal: Clara adorava turnês, Robert as odiava; ele precisava de silêncio e tranquilidade para praticar, o que significa que Clara ficava em segundo plano, pois somente após o estudos do marido ela poderia ter suas horas de estudo.
Outro problema eram as constantes crises nervosas do marido, que fizeram Clara assumir as responsabilidades familiares sozinha. A pior crise de sua vida aconteceu quando Schumann entrou em depressão crônica, o que obrigou a família a interná-lo num manicômio, onde ficou por dois anos, até a morte. Após 14 anos de casamento, Clara ficou sozinha com os filhos, tendo que dar aulas e apresentações para sustentar a família.
A partir daí, ela ficou livre para compor e dar concertos, e sua carreira finalmente se desenvolveu. A amizade com Johannes Brahms foi o principal sustentáculo nesse período, o que deu margem a fofocas de que os dois teriam um romance. Foram anos de colaboração mútua, já que os dois artistas eram defensores ferrenhos da estética romântica ligada a um padrão mais formal, e opositores de Wagner e Liszt. A amizade durou até o final da vida de Clara.
Ao mesmo tempo, Clara trabalhou intensamente na divulgação da obra do ex-marido e, toda vez que se apresentava, fazia-o vestida de preto, por ser viúva.
Durante certo período, Clara sofreu de uma síndrome de dor crônica, atribuída aos excessos de treinos na tentativa de executar as obras orquestrais de Brahms. O tratamento realizado à época foi bem sucedido e Clara pode continuar sua carreira. Os últimos anos da compositora foram marcados por uma brilhante carreira como professora e o reconhecimento como concertista.
Franz Schubert (1797-1828): Quinteto “A Truta” / Clara Schumann (1819-1896): Trio Op. 17
Schubert Piano Quintet In A, Op. 114 D.667 “The Trout”
1 Allegro Vivace
2 Andante
3 Scherzo (Presto)
4 Andantino (Tema Con Variazioni)
5 Finale (Allegro Giusto)
Beaux Arts Trio
Samuel Rhodes
Georg Hörtnagel
Clara Schumann Klaviertrio G-moll, Op. 17
6 Allegro Moderato
7 Scherzo (Tempo Di Menuetto)
8 Andante
9 Allegretto
Beaux Arts Trio
Esta pequena caixa de CDs contém obras muito desiguais. Algumas peças são boníssimas e outras talvez sejam encomendas feitas por pianistas iniciantes, tal a simplicidade. Porém, trata-se de um repertório quase inexplorado e a sacada da Bis e do pianista Brautigam em realizar a série tem enormes méritos. Afinal, a fluência de ideias, a beleza e a lógica inerente à escrita para piano são admiráveis em Mozart. Brautigam usa um fortepiano Paul McNulty (modelado a partir de um após um Anton-Gabriel Walter de 1795).
Se você ama Mozart de paixão, este repertório raríssimo é imperdível…
Mozart: Complete Piano Variations (4 CDs)
CD 1
1. 12 Variations In C Major On “Ah, Vous Dirai-Je Maman”
2. 8 Variations In G-Major On “Laat Ons Juichen, Batavieren!” (Christian Ernst Graaf)
3. 12 Variations In B-Flat Major On An Allegretto
4. 12 Variations In E-Flat Major On “La Belle Françoise”
5. 6 Variations In F Major On “Salve Tu, Domine” (From Paisello, I Filosofi Immaginarii)
6. Praeludium (Modulating F Major – E Minor)
7. Rondo In A Minor
CD 2
1. 10 Variations En G Majeur
2. Ouverture : Ouverture
3. Ouverture : Allemande
4. Ouverture : Courante
5. Kleiner Trauermarch In E-Moll: Marche Funebre Del Sig.R Maestro Contrapunto
6. Acht Variationen In F-Dur
7. Zwölf Variationen In C-Dur
8. Clavierstück In F-Dur
9. Fantastic Fragment In D-Moll
CD 3
1. 8 Variations in F major on ‘Ein Weib ist das herrlichste Ding’, K.613
2. Praludium in C major, K.284a
3. Praludium (Fantasie) und Fuge in C major, K.394 – I. Prelude
4. Praludium (Fantasie) und Fuge in C major, K.394 – II. Fugue
5. 12 Variations in E-flat major on a Romance ‘Je suis Lindor’, K.354
6. Gigue in G major, K.574
7. Adagio in B minor, K.540
CD 4
1. Neun Variationed in D-Dur, K.573
2. Sechs Variationed in G-Dur, K.180
3. Neun Variationed in C-Dur, K.264
4. Thema in F-Dur mit funf Variationen, K.Anh 138a
5. Sieben Variationed in D-Dur, K.25
6. Zwei Variationed in A-Dur, K.460
7. Rondo in D-Dur, K.485
Um lindíssimo CD que percorre a obra instrumental e vocal deste monstro que foi Henry Purcell. Um disco sensível, belamente interpretado. Purcell foi daqueles compositores que morreram jovens e que nos deixaram enorme e importante obra. Não tinha wi-fi em sua casa. Sua facilidade em compor para todos os gêneros e públicos, sua popularidade na corte durante reinados de três monarcas e sua vasta produção de odes cortesãs, música cênica, hinos sacros, canções e esboços seculares, música de câmara e para órgão são uma prova clara de seu prodigioso talento. Compôs a ópera Dido e Aeneas e a semi-opera A tempestade. Este CD dá uma visão geral em sua obra. E a coisa é de abobar mesmo!
Henry Purcell (1659-1695): Musick’s Hand-Maid
Suite En Do
1 Music For A While 3:51
2 Air 0:51
3 Air 1:26
4 Begin The Song And Strike The Living Lyre 7:37
Suite En La Mineur
5 Prelude 1:46
6 Almand 4:06
7 Corant 1:44
8 Saraband 1:05
9 A New Ground 2:49
10 Round-O 2:45
11 Strike The Viol, Touch The Lute, Wake The Harp 2:21
Suite En Sol Majeur
12 Prelude 3:47
13 Alamand 1:29
14 Corant 1:52
15 A New Scotch Tune 3:15
16 Air 1:26
17 Gavott 1:20
18 A New Irish Tune 1:28
19 Ground In Gamut 1:49
20 An Evening Hymn 3:44
Suite En Ré Mineur
21 “Bell-barr” Almand “Very Slow” 4:50
22 Air 1:11
23 Minuet & Sefuchi’s Farewell 3:17
24 Ground 5:32
Suite En Sol Mineur
25 Cupid The Slyest Rogue Alive 2:39
26 Jig 0:59
27 Hornpipe 0:41
28 Jig 0:38
29 Here Let My Life 1:59
30 Thou Knowest Lord The Secrets Of Our Heart 2:10
Bandura, Guitar – Pat O’Brien
Bass Vocals – Harry van der Kamp
Cittern, Theorbo – Lee Santana
Ensemble – The Harp Consort
Flute, Recorder – Nancy Hadden
Guitar – Steve Player
Harp, Organ, Harpsichord, Percussion, Directed By – Andrew Lawrence-King
Lute, Guitar – Paul O’Dette
Lyre, Viol – Hille Perl
Soprano Vocals – Ellen Hargis
Tenor Vocals – Douglas Nasrawi, Rodrigo Del Pozo
Theorbo, Guitar – Thomas Ihlenfeldt
Viol – Jane Achtman
Violin [Renaissance] – David Douglass
Eu dei gargalhadas ouvindo o final da 6ª Sinfonia com esse monstro que é Nelsons. Que maestro! Que senso de estilo. Mas vamos às Sinfonias:
Sinfonia Nº 6, Op. 54 (1939)
Uma perfeição esta sinfonia cujo dramático, concentrado e lírico primeiro movimento (um enorme Largo) é seguido por dois allegros, sendo o último pra lá de burlesco e circense (Presto). A estrutura estranha e inexplicável tem o efeito, ao menos em mim, de uma compulsão por ouvi-la e reouvi-la. Acho que volto sempre a ela com a finalidade de conferir se o primeiro movimento é mesmo tão perfeito e profundo e para buscar uma explicação para a galinhagem final — isto aqui não é uma tese acadêmica, daí a palavra “galinhagem” ser permitida… Nossa sorte é que existe aquele segundo Allegro central para tornar a passagem menos chocante. Esta belíssima obra talvez faça a alegria de qualquer maníaco-depressivo. É uma trilha sonora perfeita para quem sai das trevas para um humor primaveril em trinta minutos — ou menos. Começa estática e intelectual para terminar num circo. Simplesmente amo esta música! É um pacote completo de desespero, sorrisos e gargalhadas.
Sinfonia Nº 7, Op. 60, Leningrado (1941)
De história riquíssima, a Sinfonia Nº 7 – dedicada à resistência da cidade de Leningrado cercada pelos nazistas – deve sua celebridade a uma transmissão de rádio feita para a cidade devastada e sitiada. Ela auxiliou as autoridades soviéticas a elevar o moral em Leningrado e no país. Várias outras performances foram programadas com intenções patrióticas na União Soviética e na Europa. É música de primeira linha, sem dúvida, mas creio que a notável Sinfonia Nº 11, tão superior à sétima, é tão mais eficiente como musica programática de conteúdo histórico, que torna exagero qualquer grande elogio. De qualquer maneira, é esplêndido o primeiro movimento que descreve a marcha nazista. Também é importante salientar o equívoco do grande público que vê resistência e patriotismo numa obra sobre a devastação e a morte. Mas, como diria Lênin, o que fazer?
Mais? Mais! Imaginem uma cidade cercada por alemães há 18 meses, uma orquestra improvisada vestida com suéteres e jaquetas de couro, todos magérrimos pela fome, a rádio transmitindo o concerto, várias cidades soviéticas estreando a obra ao mesmo tempo, Arturo Toscanini — anti-fascista de cabo a rabo — pedindo a partitura nos Estados Unidos (ela foi levada de avião até Teerã, de carro ao Cairo, de avião à Londres, de onde um outro avião da RAF levou a música ao maestro), Shostakovich na capa da Time. Ou seja, a Sétima é importante. Nos EUA, em poucos meses, foi interpretada por Kussevítki, Stokovski, Rodzinski, Mitropoulos, Ormandy, Monteaux, etc. Um espanto.
Numa das maiores homenagens recebidas por uma obra musical, Anna Akhmátova escreveu o seguinte poema ao ser posta à salvo das bombas alemãs pelas autoridades soviéticas:
Todos vocês teriam gostado de me admirar quando,
no ventre do peixe voador,
escapei da perseguição do mal e,
sobre as florestas cheias de inimigos,
voei como se possuída pelo demônio,
como aquela outra que,
no meio da noite,
voou para Brocken.
E atrás de mim,
brilhando com seu segredo,
vinha a que chama a si mesma de Sétima,
correndo para um festim sem precedentes.
Assumindo a forma de um caderno cheio de notas,
ela estava voltando para o éter onde nascera.
Pois é. Mas falemos a sério: não é a maior sinfonia de Shosta. Fica atrás da Primeira, Quarta, Quinta, Sexta, Oitava, Nona, Décima, Décima-primeira, Décima-terceira, Décima-quarta e Décima-quinta. Mas que é famosésima, é.
Dmitri Shostakovich (1906-1975): Symphonies Nos. 6 & 7; Incidental Music to King Lear
Symphony No. 6 in B Minor, Op. 54
1. 1. Largo 19:39
2. 2. Allegro 6:24
3. 3. Presto 7:11
Incidental Music to the Tragedy „King Lear” by W. Shakespeare, Op. 58a
4. Introduction and Ballad of Cordelia 4:34
William R. Hudgins, Boston Symphony Orchestra, Andris Nelsons
Incidental Music to the Tragedy „King Lear” by W. Shakespeare, Op. 58a
5. Fanfare No. 1 0:21
Incidental Music to the Tragedy „King Lear” by W. Shakespeare, Op. 58a
6. Return from the Hunt 0:54
Incidental Music to the Tragedy „King Lear” by W. Shakespeare, Op. 58a
7. Fanfare No. 4 0:13
Incidental Music to the Tragedy „King Lear” by W. Shakespeare, Op. 58a
8. Approach of the Storm 1:27
Incidental Music to the Tragedy „King Lear” by W. Shakespeare, Op. 58a
9. Scene on the Steppe 2:01
Incidental Music to the Tragedy „King Lear” by W. Shakespeare, Op. 58a
10. Fanfare No. 2 0:15
Incidental Music to the Tragedy „King Lear” by W. Shakespeare, Op. 58a
11. The Blinding of Gloucester 1:00
Incidental Music to the Tragedy „King Lear” by W. Shakespeare, Op. 58a
12. The Military Camp 1:38
Incidental Music to the Tragedy „King Lear” by W. Shakespeare, Op. 58a
13. Fanfare No. 5 0:17
Incidental Music to the Tragedy „King Lear” by W. Shakespeare, Op. 58a
14. March 1:29
15. Festive Overture, Op. 96 6:15
Symphony No. 7 in C Major, Op. 60 “Leningrad”
1. 1. Allegretto 27:21
2. 2. Moderato (poco allegretto) 11:39
3. 3. Adagio 20:33
4. 4. Allegro non troppo 18:52
O Avicenna ama a música barroca francesa e tem razão, ela é bonita, normalmente alegre e de muito boa qualidade. Então, há bastante material do gênero no PQP Bach. Porém, não há muito disso no mercado em geral. Vejo pouco balé e óperas barrocas no mercado, talvez porque esses repertórios, com suas convenções textuais e musicais antigas e seus gêneros desconhecidos, sejam considerados inacessíveis para ouvintes gerais em obras completas. As reconstruções de William Christie e outros, incluindo o maestro deste disco, Sigiswald Kuijken, mostraram que há muita imaginação e musicalidade nestas obras, há vida aqui. Dito isto, o sensacional grupo de Kuijken, La Petite Bande, oferece uma introdução agradável à música de dança de um período de 100 anos, junto do tenor norte-americano e especialista em barroco francês Howard Crook. O disco consiste de música de balé, bem como trechos de óperas, instrumentais e vocais. A presença desses números vocais é uma característica positiva do disco, pois a interpenetração da música e da dança na construção cultural da corte francesa é de grande importância. Outra novidade é a presença de obras estranhas, mas coloridas, como as duas suítes de danças de Jean-Féry Rebel — cheias de leveza e esplendor cortês. Desta maneira, o programa mistura números únicos com peças maiores; como a “pastorale héroique” de Rameau, retirada de Daphnis et Aiglé. Esta foi uma dança montada no palácio de Fontainebleau em 1753. Mas a melhor razão para ouvir este disco é o toque de La Petite Bande, que dá performances que se fosse a Royal Shakespeare Company. A banda aparece aqui com 19 cordas, proporcionando um som rico e suntuoso, como devia ser na corte francesa.
Lully, Charpentier, Rebel, Delaland, Rameau: Concert de Danse
01. Jean Baptiste Lully : Armide – Overture [2:11]
02. Acis et Galatee : Aria of Acis – ‘C’est en vain’ [1:54]
03. Armide – Passacaille [3:43]
04. Marc-Antoine Charpentier : Medee – Aria of Jason – ‘Que me peut demander Gloire’ [1:58]
05-09. Jean-Fery Rebel :La Fantaisie
I. Grave [1:00]
II. Chaconne [2:57]
III. Loure [1:52]
IV. Tambourin [0:41]
V. Chaconne [1:24]
10. Michael Richard Delalande : L´Amour flechi par la Constance (1697 ) – Aria of… [5:30]
11-15. Jean-Fery Rebel : Les plaisirs champetres (1734)
I. Musette [0:57]
II. Gavotte [2:03]
III. Chaconne [2:38]
IV. Passepied [1:28]
V. Bourree – Rigoudon – Bourree [3:24]
16-32. Jean-Philippe Rameau : Daphnis et Aegle (pastorale heroique)
Howard Crook (tenor)
La Petite Bande
Sigiswald Kuijken, conductor
As Cantatas de Bach podem ser descritas como um dos maiores tesouros musicais da humanidade. Nas últimas décadas, elas têm recebido abordagens luxuosas com performances dirigidas por nomes como Sigiswald Kuijken, Sir John Eliot Gardiner e Ton Koopman. E as descobertas continuam. Este volume 4 do projeto de Kuijken reúne cantatas do período pós-natal, uma, a BWV16, de 1726, o restante de 1724.
A BWV16, reflete um otimismo apropriado às celebrações de Ano Novo, e o time de Kuijken tem vitalidade para manter esse clima. As outras três cantatas têm alcance emocional mais amplo e complexo. Por exemplo, a BWV153, ocupa-se da busca da fé pela perseverança.
A BWV65 foi escrita para a Festa da Epifania. No domingo seguinte, em 1724, Bach compôs a BWV154. Essa cantata é pessoal e dramática, pois trata da angústia de Maria e José quando o jovem Jesus se perdeu no templo de Jerusalém.
Essa coletânea de cantatas oferece uma experiência variada para qualquer ouvinte. E as performances e o som muito bem gravado deram-nos grande prazer auditivo.
J. S. Bach (1685-1750): Cantatas: Volume 4 (Cantatas from Leipzig, 1724-6)
01-06 Herr Gott, dich loben wir, BWV16 (1726) [16:37]
07-15 Schau, lieber Gott, wie meine Feind, BWV153 (1724) [13:42]
16-22 Sie werden aus Saba alte kommen, BWV65 (1724) [15:08]
23-30 Mein liebster Jesus ist verloren, BWV154 (1724) [15:12]
Soprano: Elisabeth Hermans
Alto: Petra Noskaiová
Tenor: Jan Kobow
Bass: Jan Van der Crabben
La Petite Bande
Sigiswald Kuijken
A capa deste CD traz a belíssima e excelente pianista georgiana Khatia Buniatishvili deitada romanticamente em águas noturnas. Combina com Schubert, ela parece um trutão. Quer parecer Ofélia, claro. O fato é que achei o CD apenas médio. Bem, a concorrência que ela sofre é fortíssima em Schubert. Altos ou baixos, belos ou feios, mulheres ou homens, os monstros do passado recente dominam este repertório de forma completa. As gravações de Brendel e Pollini, para não ir mais longe no tempo, são referências tão fortes e Buniatishvili resolveu ser tão diferente que eu não gostei muito. Credo, os dois primeiros movimentos da Sonata 960 estão muuuuito lentos! Na contracapa do disco, ela diz que Schubert é um compositor cheio de delicadeza e feminilidade. OK, mas olha, acho que não deu certo. Não quero dizer que o CD seja ruim, apenas que outros ainda são soberanos neste repertório. Não se sabe por quanto tempo, claro. Talvez a juventude de Buniatishvili atrapalhe. Com isso, não gostaria que vocês descartassem o CD. É muito interessante a tentativa dela, mas nem sempre os experimentos são apreciados por ouvintes viciados. Ela se sai bem melhor nos Impromptus e Ständchen é uma concessão que deve servir como bis em recitais.
Franz Schubert (1797-1828): Sonata D. 960 / 4 Impromptus / Ständchen
1 Piano Sonata No. 21 in B-Flat Major, D. 960: I. Molto moderato 20:34
2 Piano Sonata No. 21 in B-Flat Major, D. 960: II. Andante sostenuto 14:31
3 Piano Sonata No. 21 in B-Flat Major, D. 960: III. Scherzo – Allegro vivace con delicatezza 3:44
4 Piano Sonata No. 21 in B-Flat Major, D. 960: IV. Allegro ma non troppo 8:32
5 4 Impromptus, Op. 90, D. 899: No. 1 in C Minor 11:09
6 4 Impromptus, Op. 90, D. 899: No. 2 in E-Flat Major 4:09
7 4 Impromptus, Op. 90, D. 899: No. 3 in G-Flat Major 6:17
8 4 Impromptus, Op. 90, D. 899: No. 4 in A-Flat Major 7:05
9 Ständchen, S. 560 (Trans. from Schwanengesang No. 4, D. 957) 7:22
POSTAGEM ORIGINALMENTE FEITA POR PQPBACH LÁ NO LONGÍNQUO ANO DE 2010. ACHEI IMPORTANTE ATUALIZAR O LINK DEVIDO NÃO APENAS À EXCEPCIONAL QUALIDADE DOS MÚSICOS ENVOLVIDOS, MAS TRATA-SE DE BACH, SENHORES… !!!
O título Bach: Obras para trompete é muito enganador: OK, Bach compôs bastante música para esse instrumento, só que aqui tudo é transcrição. Foda-se. O próprio Bach foi um transcritor compulsivo e essas adaptações vão deixá-lo muito feliz, preconceituoso ouvinte. E Alison Balsom é muito, mas muito boa trompetista. Ela navega em músicas compostas originalmente para teclado, violoncelo, violino, voz e o escambal com a mesma classe. Não há falhas neste disco absolutamente agradável. Balsom não perde o passo mesmo quando finge-se de flauta, violino ou violoncelo. O organista Colm Carey a acompanha nos três concertos transcritos — dois dos quais são transcrições de Bach para obras de Vivaldi e Marcello… só para o aumentar o diálogo, sacaram? — enquanto um grupo se junta ao trompete na sonata trio e no Agnus Dei da Missa em Si Menor. Tudo somado, dá um puta CD. Anotar: há que observar Balsom, uma supermusicista!
J. S. Bach (1685-1750): Obras para trompete
Concerto in D Major (after Vivaldi) BWV 972
1) Allegro
2) Adagio
3 )Allegro Assai
Suite No. 2 in D minor, BWV 1008
4) Sarabande
5) Gigue
6) Aria Variata in A Minor (Italian Variations) BWV 989
Partita No. 3 in E BWV1006
7) Gigue
Trio Sonata in C Major BWV 529
8) Allegro
9) Largo
10) Allegro
Concerto in C minor (after Marcello) BWV 974
11) Allegro
12) Largo
13) Presto
Klavierbüchlein für Anna Magdalena Bach, II
14) Aria, BWV508: Bist du bei mir
Concerto in A major BWV 1055 (transposed to C Major)
15) Allegro
16) Larghetto
17) Allegro ma non tanto
18) Badinerie from Suite No. 2, BWV 1067
Mass in B minor BWV232
19) Agnus Dei
Alison Balsom (Trumpet)
Mark Caudle (Viola da gamba)
Alina Ibragimova (Violin)
Alistair Ross (Chamber Organ, Harpsichord)
Colm Carey (Organ)
Apoie os bons artistas, compre suas músicas.
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Este espetacular CD — uma grande ideia do Muzsikás –, que recebe prêmios e cinco estrelas aonde vai, pode ser chamado de “conceitual”, adjetivo gasto e quase sempre mal utilizado.
Talvez não haja nenhum compositor erudito mais envolvido com a música folclórica de seu país do que Béla Bártok. Suas viagens com Kodály pelo interior da Hungria e Romênia no início do século XX serviram para preservar uma herança musical que talvez fosse perdida. É claro que ele estava interessado em encontrar motivos e inspiração para a sua música radicalmente nova, porém suas gravações serviram para que surgissem uma nova ciência, a etnomusicologia, e novos grupos folclóricos. Este The Bartók Album é um tributo ao trabalho de Bartók e Kodály. O grupo Muzsikás e a cantora Márta Sebestyén tocam e cantam as canções descobertas por Bartók. Em meio a estas, apresentam algumas gravações originais realizadas pelo próprio Bartók, fazendo a conexão das mesmas com algumas peças do compositor. Tais peças – alguns duos para violino – são interpretadas pelo principal violinista do Muzsikás, Mihaly Sipos, e pelo violinista clássico romeno Alexander Balanescu. Este CD e as gravações de Bartók dão nova dimensão ao trabalho de um dos maiores compositores do século XX.
Ouçam, por exemplo, a faixa 10, gravação realizada por Bartók, a 11, peça escrita por ele para duo de violinos e depois e 12, com o Muszikás. Depois, ouçam a faixa 13 (a partir de 2 min 50) e a comparem com a quarta faixa do CD de Andor Foldes, publicado há anos neste blog. Bom, se você não se arrepiar… OK, questão de gosto, façamos de conta…
Em 1901, fascinados pela música do também húngaro Liszt, Bartók e Kodály tomaram consciência das relações de seu predecessor com a cultura popular da Europa Oriental. Ambos jovens compositores, resolveram estudar a música dos camponeses da região. Em 1905, Bartók pleiteou uma bolsa que lhes facultou recursos para recolher essas canções “em sua própria fonte” e partiu para anotá-las e gravá-las em companhia de Kodály. Então souberam que seus conhecimentos sobre tal assunto — e os de outros compositores — eram desfigurados, quase paródias da realidade. Na verdade, o que habitualmente se chamava de música cigana (tzigane) e danças húngaras não passavam de garatujas desengonçadas, distantes da caligrafia original.
A partir de publicação das Canções Populares Húngaras, eles inauguram uma nova disciplina científica — a etnomusicologia. Nos anos posteriores, ampliaram progressivamente o horizonte geográfico de seus trabalhos: primeiro a Romênia, depois a Ucrânia, a Bulgária, até a África do Norte (Argélia e Egito) e a Anatólia (Turquia). Com o tempo, tornaram-se alvo da galhofa de certos críticos que não compreendiam a necessidade dos dois de alimentarem suas linguagens musicais com matéria viva. Estes críticos, ridicularizavam especialmente (e incompreensivamente) o último movimento da Música para Cordas, Percussão e Celesta, de Bartók, que hoje é uma das peças fundamentais do repertório erudito do século XX.
O resultado, para a arte de Bartók e Kodály, foi um estilo originalíssimo no universo erudito. Em seus trabalhos, eles utilizavam elementos alheios à música da Europa Ocidental. Depois, conseguiram uma gloriosa união de seus estilos com o da grande tradição europeia, sobretudo com Bach (caso de Bartók). Kodály foi um enorme compositor, porém — como os dramaturgos elisabetanos que tiveram o “azar” de serem contemporâneos de Shakespeare — foi sufocado pela genialidade do amigo. Bartók tornou-se subitamente célebre em 1911, quando da publicação da curtíssima peça para piano Allegro Barbaro. A música do povo era mais interessante, selvagem e intrincada do que qualquer scholar da época imaginava. O espírito científico de ambos não deve ser comparado ao dos compositores ditos “nacionalistas”, que se contentavam em tomar de empréstimo à música popular seus trejeitos para que suas obras ganhassem um colorido folclórico.
Eles assimilaram o espírito da música camponesa, aplicando, ao criar, estruturas forjadas no conhecimento aprofundado dos esquemas populares. É inegável o mérito de Bartók de observar a realidade, depreendendo dela as leis internas de seu funcionamento para, então, empregá-las em suas obras.
Bartók sentiu-se atingido quando o ministro da Educação Popular e Propaganda Nazista Goebbels, em 1936, organizou uma exposição de “Música degenerada” incluindo os nomes de Stravinsky, Schönberg e Milhaud. Escreveu ao ministro para que este inscrevesse seu nome e sua música nesse grupo. Depois, em 1938, chegou mesmo a declarar que pretendia converter-se à religião judaica como forma de ficar ao lado dos perseguidos. Expôs-se de tal maneira, que foi obrigado a aceitar os insistentes pedidos dos amigos — entre eles o de Benny Goodman — para que emigrasse, o que fez apenas em 1940. Foi para os Estados Unidos, onde morreu em 1945. Kodály viveu na Hungria até 1967. Além de compositor, era professor universitário e presidente da International Society for Music Education, da Hungarian Academy of Sciences e da International Folk Music Council.
Fontes: História da Música Ocidental de Jean e Brigitte Massin, um calhamaço de quase 1300 páginas, da Nova Fronteira, 1997; Música da Modernidade de J. Jota de Moraes, Ed. Brasiliense, 1983; e algo de mim mesmo, com o providencial auxílio da memória de livros e discos.
Béla Bartók (1881-1945): The Bartók Album, pelo Muzsikás
1 Dunántúli Friss Csárdások (Transdanubian Fast Csárdás) 2:43
Themes From Violin Duo No. 32
2 Jocul Barbatesc 0:34
3 Bartók Béla: 32. Duó “Máramarosi Tánc” (Duo No 32 (“Dance Of Máramaros”) 0:42
4 Máramarosi Táncok (Máramaros Dances) 3:23
5 Porondos Víz Martján (On The Riverbank) 3:09
6 Kanásztáncok Két Hegedűn (Swineherds’ Dance) 2:09
7 Dunántúli Ugrósok (Transdanubian “Ugrós”) 3:36
8 Pásztornóták Hosszúfurulyán (Shepard’s Flute Song) 2:45
Themes From Violin Duo No. 28
9 Forgácskúti Legényes (Forgácskúti Lad’s Dance) 2:46
10 Pejparipám Rézpatkója (My Horse’s Shoes) 1:10
11 Bartók Béla: 28. Duó “Bánkódás” (Duo No 28 “Sorrow) 2:21
12 Bonchidai Lassú Magyar (Slow Lad’s Dance From Bonchida) 1:54
13 Magyarbecei Öreges Csárdások (Magyarbece Csárdás) 3:16
14 Pe Loc 1:20
15 Botos Tánc (Bota Dance) 5:11
Themes From Violin Duo No. 44
16 Torontáli Táncok (Torontáli Dances) 4:08
17 Ardeleana 0:38
18 Bartók Béla: 44. Hegeduduó Erdélyi Tánc (Transylvanian Dance) 1:47
19 Füzesi Ritka Magyar (Lad’s Dance From Füzes) 1:53
20 A Temető Kapu (Churchyard Gate) 4:06
21 Mérai Lassú Csárdás És Szapora (Dances Of Kalotaszeg) 9:06
22 Elindultam A Hazámból (I Left My Homeland) 1:38
On this CD:
1. Dunántúli friss csárdások (Transdanubian fast csardas)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas
2. Jocul barbatesc
Composed by Romanian Traditional
with Muzsikas
3. Duos (44) for 2 violins, Volumes 1-4, Sz. 98, BB 104 No. 32, Hegedüduó, “Máramarosi tánc,”
Composed by Bela Bartok
with Muzsikas, Alexander Balanescu
4. Máramoarosi táncok
Composed by Romanian Traditional
with Muzsikas, Marta Sebastyen, Zoltan Farkas
5. Porondos víz martján (On the river bank)
Composed by Moldavian Traditional
with Muzsikas, Marta Sebastyen
6. Kanásztáncok két hegedün (Swineherd’s dance)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas
7. Dunántúli ugrósok (Transdanubian dance)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas, Janos Kovacs
8. Pásztornóták hosszúfurulyán (Shepherd’s flute song)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas, Zoltan Juhasz
9. Forgácskúti legényes
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas, Ignac Veres
10. Pejparipám rézpatkója
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas, Alexander Balanescu
11. Bonchidai lassú magyar (Slow lad’s dance from Bonchida)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas, Zoltan Porteleki
12. Magyarbecei öreges csárdások (Magyarbece csardas)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas, Marta Sebastyen
13. Pe Loc
Composed by Romanian Traditional
with Muzsikas
14. Botos tanc (Bota dance)
Composed by Romanian Traditional
with Muzsikas
15. Torontáli táncock
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas
16. Ardeleana
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas
17. Duos (44) for 2 violins, Volumes 1-4, Sz. 98, BB 104 No. 44, Hegedüduó “Erdélyi tánc,”
Composed by Bela Bartok
with Muzsikas, Alexander Balanescu
18. Füzesi ritka magyar
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas
19. A temetö kapu (The churchyard gate)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas, Marta Sebastyen
20. Mérai lassúcsárdás és szapora (Kalotsaszeg dances)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas, Marta Sebastyen
21. Elindultam a hazámból (I left my homeland)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas
22. Duos (44) for 2 violins, Volumes 1-4, Sz. 98, BB 104 No. 28, Hegedüduó, Bánkódás
Composed by Bela Bartók
O Codex de Chantilly é um manuscrito medieval que contém peças num estilo conhecido como Ars subtilior, sendo uma das principais fontes para a música desta escola. A maioria das composições presentes no Codex de Chantilly data de entre 1350 e 1400. São 112 peças no total, a maioria de autores franceses, e são todas polifônicas. O manuscrito mostra exemplos da maioria dos gêneros cultivados nas cortes da época, como baladas, rondeaux, virelais e motetos isorrítmicos. Alguns são ritmicamente complexos e escritos em uma notação fantasiosa e ornamentada, como o rondeau de Baude Cordier Belle, bonne, sage.
Preservado no Museu Condé de Chantilly, na França, sob número MS 564, traz músicas dos seguintes compositores: Johannes Symonis, Jehan Suzay, Pierre des Molins, Goscalch, Solage, Baude Cordier, Grimace, Guillaume de Machaut, Jean Vaillant, Franciscus Andrieu, Cunelier, Trebor e Jacob Senleches.
Peças do ‘Codex de Chantilly’ (Airs de Cour du XIV Siècle)
1 Cunelier Se Galaas Et Le Puissant Artus (Ballade, Fol. 38)
2 Guido (14) Dieux Gart (Rondeau, Fol. 25)
3 Anonymous Sans Joie Avoir (Ballade, Fol. 23)
4 Guido (14) Or Voit Tout (Ballade, Fol. 25v)
5 Anonymous Toute Clerté (Ballade, Fol. 13)
6 Baude Cordier Tout Par Compas (Rondeau – Canon, Fol. 12)
7 Baude Cordier Belle, Bonne, Sage (Rondeau, Fol. 11v)
8 Goscalch En Nul Estat (Ballade, Fol. 39v)
9 Jacob de Senleches La Harpe De Mellodie (Fol. 43v)
10 Solage Fumeux Fume Par Fumée (Rondeau, Fol. 59)
11 François Andrieu Armes, Amours (Double Ballade, Fol. 52)
12 Anonymous Adieu Vous Di (Fol. 47)
Uma coisa que parece muito complicada para os atuais quartetos de cordas é convidarem um quinto (e ameaçador) elemento. Só isso explica a profusão de gravações que merecem os Quartetos de Mozart em relação à pobreza de registros de seus Quintetos, os quais, em média, são MUITO MELHORES. À exceção do CD que posto hoje, não possuo os outros quintetos de Mozart em meio digital. Tenho uma edição muito antiga e completa em vinil. Os Quintetos K. 515 e 516 são obras-primas da fase madura do compositor. Por exemplo, ouçam o K. 516. Prestem atenção no Adagio ma non troppo e no movimento final. Onde mais? Nos quartetos? Ah, não brinca!
W. A. Mozart (1756-1791): String Quintets K.406 & K.516
1. String Quintet KV 406 – I – Allegro (7:55)
2. String Quintet KV 406 – II – Andante (4:34)
3. String Quintet KV 406 – III – Menuetto (4:28)
4. String Quintet KV 406 – IV – Allegro (6:07)
5. String Quintet KV 516 – I – Allegro (10:09)
6. String Quintet KV 516 – II – Menuetto (5:23)
7. String Quintet KV 516 – III – Adagio ma non troppo (7:35)
8. String Quintet KV 516 – IV – Adagio – Allegro (10:12)
Éder Quartet:
Jenos Selmeczi: violin
Peter Szts: violin
Sndor Papp: viola
Gyorgy Eder: cello
+
János Fehérvári: 2nd viola
Estou longe de ser um apaixonado por Mischa Maisky. Longe mesmo. E aqui ele não me decepciona ou realizar coisas pra lá de estranhas, principalmente no Concerto Nº 2. MstislavRostropovich (dois links) dá um banho neste epertório, assim, como TrulsMørk(dois links também). Fiquem com eles.
Concerto Nº 1 para Violoncelo e Orquestra, Op. 107 (1959)
Shostakovich e o grande violoncelista Mstislav Rostropovich eram amigos tendo, muitas vezes, viajado juntos, fazendo recitais que incluíam entre outras obras, a Sonata para violoncelo e piano, Op. 40, etc. Desde que se conheceram, o compositor avisara a Rostropovich que ele não deveria pedir-lhe um concerto diretamente, que o concerto sairia ao natural. Saíram dois. Quando Shostakovich enviou a partitura do primeiro, dedicada ao amigo, este compareceu quatro dias depois na casa do compositor com a partitura decorada. (Bem diferente foi o caso do segundo concerto, que foi composto praticamente a quatro mãos. Shostakovich escrevia uma parte, e ia testá-la na casa de Rostropovich; lá, mostrava-lhe as alternativas, os rascunhos ao violoncelista, que sugeria alterações e melhorias. Amizade.)
Estilisticamente, este concerto deve muito à Sinfonia Concertante de Prokofiev – também dedicada a Rostropovich – e muito admirada pelos dois amigos. É curioso notar como os eslavos têm tradição em música grandiosa para o violoncelo. Dvorak tem um notável concerto, Tchaikovsky escreveu as Variações sobre um tema rococó, Kodaly tem a sua espetacular Sonata para Cello Solo e Kabalevski também tem um belo concerto dedicado a Rostropovich. O de Shostakovich é um dos de um dos maiores concertos para violoncelo de todo o repertório erudito e minha preferência vai para a imensa Cadenza de cinco minutos (3º movimento) e para o brilhante colorido orquestral do Allegro com moto final.
Concerto para Violoncelo e Orquestra Nº 2, Op. 126 (1966)
Uma obra-prima, produto da estreita colaboração entre Shostakovich e Rostropovich, a quem o concerto é novamente dedicado. A tradição do discurso musical está aqui rompida, dando lugar a convenções próprias que são “aprendidas” pelo ouvinte no transcorrer da música. Não há nada de confessional ou declamatório neste concerto. Há arrebatadores efeitos sonoros que são logo propositadamente abandonados. A intenção é a de ser música absoluta e lúdica, mostrando-nos temas que se repetem e separam momentos convencionalmente sublimes ou decididamente burlescos. Nada mais burlesco do que a breve cadenza em que o violoncelo é interrompido pelo bombo, nada mais tradicional do que o tema que se repete por todo o terceiro movimento e que explode numa dança selvagem, acabando com o violoncelo num tema engraçadíssimo — como se fosse um baixo acústico — , para depois sustentar interminavelmente uma nota enquanto a percussão faz algo que nós, brasileiros, poderíamos chamar de batucada. Esta dança faz parte de uma longa preparação para um gran finale que não chega a acontecer. Um concerto espantoso, original, capaz de fazer qualquer melômano feliz ao ver sua grande catedral clássica virada de ponta cabeça e, ainda assim, bonita.
Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos para Violoncelo Nos. 1 & 2