Marc-André Hamelin interpreta pianistas-compositores (Alkan, Busoni, Feinberg, Godowsky, Hamelin, Medtner, Rachmaninov, Scriabin, Sorabji)

Marc-André Hamelin interpreta pianistas-compositores (Alkan, Busoni, Feinberg, Godowsky, Hamelin, Medtner, Rachmaninov, Scriabin, Sorabji)

Neste interessante CD, Marc-André Hamelin interpreta gente como ele, ou seja, compositores-pianistas. OK, quase todos são, mas Hamelin se dedica aos grandíssimos virtuoses que, de vez em quando, achatam suas bundas numa cadeira para compor. O resultado é uma série de obras onde, em sua maioria, são exigidas habilidades demoníacas dos pianistas, o que não é problema para Hamelin, um pianista que parece ter e controlar uns 36 dedos sem se confundir. Há umas coisas decididamente bobas, outras lindas e outras em que a gente fica pensando: como ele consegue tocar essa coisa? Bem coloquemos as coisas em seus devidos lugares: o pianista canadense Marc-Andre Hamelin é um fenômeno, tendo uma série de gravações de tirar o fôlego. Ele se estabeleceu mais ou menos como o maior virtuose do planeta, e este disco só irá aumentar essa reputação — isto não significa que ele seja o melhor, claro. Hamelin faz parte de uma longa linhagem de compositores-pianistas. Alguns compuseram obras de dificuldade sobre-humana para exibir suas próprias proezas e fazer seus colegas se acovardarem, outros o fizeram para se apresentaram em público, ou seja, por razões financeiras (Rachmaninov e Medtner são bons exemplos). Este disco contém uma amostra representativa destes trabalhos, muitos dos quais não foram gravados anteriormente ou pelo menos são difíceis de encontrar. O CD também traz músicas de dois “gênios reclusos”: Charles-Valentin Alkan e Kaikhosru Shapurji Sorabji, ambos homens que produziram obras de desafios técnicos diabólicos enquanto se isolavam de quase todo contato humano e musical.

Marc-André Hamelin interpreta pianistas-compositores (Alkan, Busoni, Feinberg, Godowsky, Hamelin, Medtner, Rachmaninov, Scriabin, Sorabji)

1 Toccata In G Flat Major Op 13
Composed By – Leopold Godowsky
3:18

2 Poème Tragique Op 34
Composed By – Alexander Scriabin*
3:13

3 Etude No 9 (D’après Rossini)
Composed By – Marc-André Hamelin
3:48

4 Etude No 10 (D’après Chopin) (‘Pour Les Idées Noires’) 2:01

5 Schübler Chorale No 6 (transcription)
Composed By – Bach*
Transcription By – Samuel Feinberg*
3:29

6 Andante From Symphony No 94 (transcription)
Composed By – Haydn*
Transcription By – Charles-Valentin Alkan
5:48
Esquisses Op 63
Composed By – Charles-Valentin Alkan
7 No 46: Le Premier Billet Doux 1:05
8 No 47: Scherzetto 2:11

9 Fantasia Nach J S Bach
Composed By – Ferruccio Busoni
13:37

10 Moment Musical In E Flat Minor Op 16 No 2 (Revised Version 1940)
Composed By – Sergei Rachmaninov*
2:45

11 Etude-Tableau In E Flat Op 33 No 4 (Originally No 7)
Composed By – Sergei Rachmaninov*
1:37
Deux Poèmes Op 71
Composed By – Alexander Scriabin*
12 No 1: Fantastique 1:18
13 No 2: En Rêvant, Avec Une Grande Douceur 1:51

14 Berceuse Op 19a
Composed By – Samuel Feinberg*
4:53

15 Improvisation No 1 In B Flat Minor Op 31 No 1
Composed By – Nikolai Medtner
7:02

16 Pastiche On The Hindu Merchant’s Song From ‘Sadko’ By Rimsky-Korsakov
Composed By – Kaikhosru Shapurji Sorabji
4:05

17 Prelude And Fugue (Etude No 12)
Composed By – Marc-André Hamelin

Marc-André Hamelin, piano

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Hamelin aqui na Livraria Bamboletras. Quem dera…

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Béla Bartók (1881-1945): Quartetos de Cordas Nº 1, 2 e 3 (Quatuor Ébène)

Béla Bartók (1881-1945): Quartetos de Cordas Nº 1, 2 e 3 (Quatuor Ébène)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este é um CD de 2007. Então, aqui o extraordinário Quarteto Ébène ainda tinha sua primeira formação, com Pierre Colombet, 1º violino; Gabriel Le Magadure, 2º violino; Mathieu Herzog, viola e Raphaël Merlin, violoncelo. O quarteto, que já era fantástico, só se tornou melhor com o ingresso da violista Marie Chilemme no lugar de Herzog em 2017. Falar sobre o repertório é ocioso, basta você visitar este link que você terá a obra completa de Bartók e mais uns 130 CDs dele. Ah, e quando apresentamos a obra completa, descrevemos dedicadamente cada um dos quartetos em várias versões. Vai lá! Sobre a interpretação, só posso dizer que o Ébène compreende muito bem o húngaro. Suas interpretações são excelentes!

Béla Bartók (1881-1945): Quartetos de Cordas Nº 1, 2 e 3 (Quatuor Ébène)

Quatuor à Cordes No 1 Opus 7 Sz. 40
1 Lento
2 Allegretto
3 Introduzione: Allegro – Allegro Vivace

Quatuor à Cordes No 2 Opus 17 Sz. 67
4 Moderato
5 Allegro Molto Cappriccioso
6 Lento

Quatuor à Cordes No 3 Opus 3 Sz. 85
7 Prima Parte: Moderato
8 Seconda Parte: Allego
9 Ricapitulazione Della Prima Parte: Moderato
10 Coda: Allegro Molto

Quatuor Ébène

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O fotógrafo deles em 2007 devia gostar muito do rock inglês.

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Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 9, WAB 109 (Nowak Edition) (Thielemann)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

O problema de Bruckner é resultado da timidez, da falta de confiança e de segurança do artista em si mesmo. Bruckner faria sucessivas revisões de suas sinfonias que são, em sua maioria, obras-primas. Aconteceu com todas elas. Por exemplo, a segunda, terminada em 1872, foi revisada em 1873, 1876, 1877 e em 1892 — detalhe, a obra já contava com edições publicadas e estreadas. Quem mais sofreu com esse desassossego de Bruckner foram suas Terceira e Quarta sinfonias. A Terceira, composta em 1873, tem cinco versões! Então, cada execução tem que explicar a versão que está sendo tocada. Uma versão não é muito diferente da outra, mas às vezes a gente se surpreende. A Nona é a mais radical de todas as sinfonias de Bruckner, surpreendentemente diferentes umas das outras. Seu material temático é tão audacioso que é preciso ouvi-la várias vezes para entender o que é, enquanto suas transições são mais abruptas do que em qualquer outra. É uma das minhas preferidas da série, juntamente com a 4ª, 5ª e a 7ª. O trabalho de Thielemann e dos filarmônicos de Viena é impecável! Talvez o Scherzo devesse ser mais demoníaco, mas tudo bem…

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 9, WAB 109 (Nowak Edition) (Thielemann)

1 I. Feierlich, Misterioso 23:22
2 II. Scherzo. Bewegt, Lebhaft. Trio. Schnell 10:29
3 III. Adagio. Langsam, Feierlich 23:46

Orq. Filarmônica de Viena
Christian Thielemann

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.: interlúdio :. Your Mother Should Know – Brad Mehldau plays Beatles

.: interlúdio :. Your Mother Should Know – Brad Mehldau plays Beatles

Eu gosto muito dos Beatles. Sou daqueles que boto a agulha para ouvir meu vinil original de Rubber Soul e fico na expectativa, na espera do início de Drive my car. Aquela guitarra de abertura me comove de forma avassaladora. Minha (boa) infância retorna com tudo, principalmente com sua alegria. Bem, este álbum solo ao vivo de Brad Mehldau apresenta interpretações do pianista para nove canções de Lennon e McCartney e uma de Harrison. Embora outras canções dos Beatles tenham sido a base dos shows solo e trio de Mehldau, ele não havia gravado nenhuma das músicas deste Your Mother Should Know antes. O álbum termina com um bis de David Bowie, o que estabeleceria uma conexão entre os Beatles e os compositores que vieram depois. Your Mother Should Know foi gravado em setembro de 2020 na Philharmonie de Paris. “Há uma universalidade indiscutível nos Beatles”, disse Mehldau, na época. “Sua música atravessa linhas culturais e geracionais, à medida que novos ouvintes continuam a descobri-la. Há um imediatismo e uma integridade em suas canções que atraem a todos. Quando eu estava começando no instrumento, os Beatles ainda não estavam no meu radar. Eu não sabia que muito da música pop duradoura que eu ouvia no rádio surgira a partir deles. Essa música se tornou parte da minha personalidade musical e, quando descobri os Beatles mais tarde, tudo se conectou. A música deles, e sua ampla influência sobre outros artistas, continua a fazer parte do que faço. Há muita coisa boa e original na série de álbuns revolucionários que começam com Rubber Soul e Revolver até seu álbum final, Let It Be.”

Eu? Eu gostei muito de algumas coisas e menos de outras. Para mim, os pontos altos são I am the…, Your Mother…, I saw…, She said…, If I needed…, Golden Slumbers, etc. Um bom disco!

.: interlúdio :. Your Mother Should Know – Brad Mehldau plays Beatles

1 I Am The Walrus
2 Your Mother Should Know
3 I Saw Her Standing There
4 For No One
5 Baby’s In Black
6 She Said, She Said
7 Here, There And Everywhere
8 If I Needed Someone
9 Maxwell’s Silver Hammer
10 Golden Slumbers
11 Life On Mars?

Brad Mehldau, piano

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Brad Mehldau: um beatlemaníaco da mais alta estirpe

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Franz Schubert (1797-1828): Sonatas for Violin & Piano (Biondi / Tverskaya)

Franz Schubert (1797-1828): Sonatas for Violin & Piano (Biondi / Tverskaya)

Estas Sonatas não têm nada a ver com o nome “Sonatinas”, através do qual eram chamadas no passado. Estão mais para “Sonatões”. Schubert era um hábil violinista que escrevia de forma orgânica para um instrumento que conhecia muito bem e isto é encantadoramente evidente aqui. Biondi e Tverskaya tocam, respectivamente, uma cópia moderna de um violino de 1740 e um pianoforte de 1820 que evocam vividamente a atmosfera dessa música. Eles cantam demais, o que significa que seu Schubert é convincente. Poucos compositores inventaram melodias tão belas como ele! A espontaneidade cativante – revigorada pelas elegantes ornamentações de Biondi – revela uma mistura potente de vigor, paixão e, muitas vezes, delicadeza. Um disco essencial para todos os schubertianos.

Franz Schubert (1797-1828): Sonatas for Violin & Piano (Biondi / Tverskaya)

Sonata in A major, op. posth. 162, D.574
1. I. Allegro moderato – 7:57
2. II. Scherzo: presto – 3:49
3. III. Andantino – 4:27
4. IV. Allegro vivace – 4:43

Sonata in D major, op. 137, no.1
5. I. Allegro molto – 4:08
6. II. Andante – 4:23
7. III. Allegro vivace – 3:59

Sonata in A minor op.137, no.2
8. I. Allegro moderato – 9:09
9. II. Andante – 7:37
10. III. Menuetto: allegro – 2:12
11. IV. Allegro – 4:32

Sonata in G minor op.137, no.3
12. I. Allegro giusto – 4:31
13. II. Andante – 7:17
14. III. Menuetto – 2:25
15. IV. Allegro moderato – 5:09

Fabio Biondi – violin
Olga Tverskaya – piano

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Schubert, mostrando como se descansava na primeira metade do século XIX.

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Alban Berg (1885-1935): Violin Concerto / Three Orchestral Pieces / Piano Sonata / Passacaglia (Ehnes, Davis, BBC SO)

Alban Berg (1885-1935): Violin Concerto / Three Orchestral Pieces / Piano Sonata / Passacaglia (Ehnes, Davis, BBC SO)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um disco extraordinário, por razões difíceis de explicar. Tudo começa com as lindas transcrições de Sir Andrew Davis para peças de Berg. Ele consegue explorar e descobrir sonoridades orquestrais insuspeitadas. O desempenho da Orquestra da BBC é extraordinário. É aquela coisa vienense meio decadente. No final do CD, temos o comovente Concerto para Violino de Berg, À Memória de um Anjo. Explico mais: este Concerto para violino foi umas das últimas obras escritas por Alban Berg. Composto entre a Primavera e o Verão de 1935, foi uma encomenda do jovem violinista Louis Krasner. Nessa época, a ascensão do nazismo limitava a carreira de muitos músicos de ascendência judaica, entre os quais Alban Berg. Vivendo um período de dificuldades financeiras, o compositor já não estava nuim período muito feliz. Pouco tempo após começar a escrever a obra, Berg recebeu a notícia da morte de Manon Gropius, filha do arquiteto Walter Gropius e de Alma Mahler. Manon faleceu aos 18 anos, vítima de poliomielite. O Concerto transformou-se então num tributo à memória da adolescente. Berg criou um concerto programático de enorme tensão emocional. James Ehnes dá ao Concerto um tratamento digno. A cadência em forma de lamento — que retoma alguns elementos do andamento anterior — talvez jamais tenha sido tão bem tocada. A intensidade vai crescendo até atingir o clímax, reforçada pela orquestração. A meditação caracteriza a segunda parte do andamento, que evoca a libertação e a ausência. Na conclusão do concerto, Berg inclui uma citação do coral Es ist genug. A melodia desse coral foi composta por Johann Rudolf Ahle e publicada em 1662. Posteriormente, Bach reutilizou-a, e Berg cita a versão bachiana. O texto original é uma reflexão que associa a morte à libertação do sofrimento terreno. Assim, Manon Gropius libertou-se das agruras de um mundo que estava em profunda transformação. No seu epitáfio, Berg funde estilos, períodos e gêneros com mestria, numa das obras mais belas do Modernismo.

Alban Berg (1885-1935): Violin Concerto / Three Orchestral Pieces / Piano Sonata / Passacaglia (Ehnes, Davis, BBC SO)

1 Piano Sonata, Op. 1 (Orchestrated By Sir Andrew Davis) 12:04

2 Passacaglia (Orchestrated By Sir Andrew Davis) 4:24

Three Orchestral Pieces, Op. 6
3 I. Präludium 4:39
4 II. Reigen 6:05
5 III. Marsch 10:19

Violin Concerto
6 I. Andante 11:57
7 II. Allegro 16:32

James Ehnes, violino
BBC Symphony Orchestra
Sir Andrew Davis

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Manon Gropius em 1933

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Verdi (1813-1901): Requiem – Messa Da Requiem (Bernstein / Arroyo / Veasey / Domingo / Raimondi / London Symphony Orchestra & Chorus)

Verdi (1813-1901): Requiem – Messa Da Requiem (Bernstein / Arroyo / Veasey / Domingo / Raimondi / London Symphony Orchestra & Chorus)

Esta gravação de 1970, feita no Royal Albert Hall de Londres, é bastante histriônica. O início é arrastadíssimo, os tímpanos no Dies Irae são ensurdecedores, o sotto voce no Quantus tremor é exagerado, o Andante do Libera me é um Adagio bem lento. Do lado positivo, Bernstein observa muitos pontos que outros ignoram — por exemplo, as trompas Tuba mirum, o maravilhosamente vivo e preciso Sanctus, a leveza do Pleni sunt coeli. A acústica do Albert Hall ajuda a dar à performance um ambiente real (incluindo um pouco de eco), embora às vezes o som seja desconfortável. A LSO e seu Coro atendem a todas as exigências rigorosas de Bernstein. Veasey faz um mezzo profundamente eloquente. Domingo, lá no início de sua carreira internacional (substituindo um doente Corelli), canta com espontaneidade agradável. Raimondi canta com requinte, mas num estilo bem antiquadão. Arroyo é uma decepção. Seu vibrato é parkinsoniano. Mas prefiro essa leitura àquela menos comprometida e mais rotineira de Solti na Decca, mas não à interpretação muito mais refinada e igualmente dramática de Giulini. Porém a versão superaquecida de Bernstein não deve ser ignorada.

Verdi (1813-1901): Requiem – Messa Da Requiem (Bernstein / Arroyo / Veasey / Domingo / Raimondi / London Symphony Orchestra & Chorus)

1-1 I – Requiem & Kyrie 10:42
1-2 II – Dies Irae, Dies Illa 2:11
1-3 Tuba Mirum Spargens Sonum 3:05
1-4 Liber Scriptus Proferetur 5:09
1-5 Quid Sum Miser 4:00
1-6 Rex Tremendae Majestatis 4:05
1-7 Recordare, Jesu Pie 4:37
1-8 Ingemisco Tamquam Reus 4:03
1-9 Confutatis Maledictis 5:20
1-10 Lacrimosa Dies Illa 7:07
2-1 III – Offertorio 11:44
2-2 IV – Sanctus 2:31
2-3 V – Agnus Dei 5:55
2-4 VI – Lux Aeterna 6:35
2-5 VII – Libera Me 13:40

Bass Vocals – Ruggero Raimondi
Chorus – London Symphony Chorus
Chorus Master – Arthur Oldham
Composed By – Giuseppe Verdi
Conductor – Leonard Bernstein
Mezzo-soprano Vocals – Josephine Veasey
Orchestra – Londoner Sinfonie-Orchester*
Soprano Vocals – Martina Arroyo
Tenor Vocals – Placido Domingo

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Bernstein limpando a cozinha de seu flat no PQP Bach Hotel for Composers de Londres.

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Prokofiev: Concerto Nº 2 para Violino e Orq. / Rachmaninov: Danças Sinfônicas (Laurenceau / Sokhiev / Toulouse)

Prokofiev: Concerto Nº 2 para Violino e Orq. / Rachmaninov: Danças Sinfônicas (Laurenceau / Sokhiev / Toulouse)

Este é um daqueles discos tão bem interpretados — orquestra, solistas, regente — que nos convence de qualquer coisa. O trabalho de Sokhiev e seus pupilos é esplêndido, a captação do som é notável e até Rach fica parecendo muito bom. Falo sério!

O Concerto Nº 2 para Violino de Prokofiev é muito bonito — é uma de minhas músicas preferidas neste mundo –, dois belos movimentos rápidos circundam um sublime e apaixonado movimento central. Pouco antes de seu regresso definitivo à Rússia, em 1935, na mesma época em que trabalhava no balé Romeu e Julieta, Prokofiev compôs este maravilhoso Concerto. Trata-se de sua última obra composta no Ocidente.

Já a composição das Danças — pero no mucho — Sinfônicas permitiu a Serguei Rachmaninov um mergulho nas lembranças de sua antiga Rússia. Última de suas obras, as Danças são como um resumo de sua vida de compositor. De grande variedade rítmica e lirismo, a obra é plena de reminiscências dos cantos da Igreja Ortodoxa Russa e de citações de obras do próprio Rachmaninov, além de Rimsky-Korsakov, Stravinsky e outros.

Serguei Prokofiev — Violin Concerto No.2 In G Minor, Op. 63
Violin – Geneviève Laurenceau
1 – Allegro Moderato
2 – Andante Assai
3 – Allegro, Ben Marcato

Serguei Rachmaninov — Symphonic Dances, Op. 45
4 – Non Allegro
5 – Andante Con Moto (Tempo Di Valse)
6 – Lento Assai – Allegro Vivace – Lento Assai. Come Prima – Allegro Vivace

Geneviève Laurenceau, violin
Orchestre National Du Capitole De Toulouse
Tugan Sokhiev

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Geneviève Laurenceau posando para nosso blog na Cathédrale Athée du Son Moderne de Toulouse (propriedade da PQP Bach Corp.)

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.:interlúdio:. Mingus Big Band Live at Jazz Standard

.:interlúdio:. Mingus Big Band Live at Jazz Standard

Quem se acostumou ao barato da droga de Charlie Mingus sabe: ela causa dependência para toda vida. Não, não há ex-viciados. Sorte nossa é que há muitos e bons músicos drogaditos sempre prontos a não deixarem que padeçamos de síndrome de abstinência. Mesmo 32 anos após a morte do grande baixista, ainda há carradas de gente devotadas à obra deste notável compositor de música erudita… que gostava de jazz. Este disco de 2009 não é o melhor da Big Band formada para cultuar Mingus, mas é um álbum ao vivo absolutamente estimulante para quem gosta do jazz visceral e raivoso praticado pelo homem que era 3.

Destaque para uma das muitas homenagens feitas à Charlie Parker, Gunslinging Birds, mas também para Cryin’ Blues, Open Letter To Duke, Moanin’ e Goodbye Pork Pie Hat. A obra de Mingus parece ter mais facetas do que mostra qualquer LSD.

Divirtam-se. Embriaguem-se. Droguem-se. Quem gostar não vai poder mais viver sem.

Mingus Big Band Live at Jazz Standard

1. Gunslinging Birds
2. New Now Know How
3. Self-Portrait In Three Colors
4. Birdcalls
5. E’s Flat Ah’s Flat Too
6. Cryin’ Blues
7. Open Letter To Duke
8. Moanin’
9. Goodbye Pork Pie Hat
10. Song With Orange

Mingus Big Band

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O cara era bom mesmo. Canta a menina enquanto carrega seu pequeno instrumento.
O cara era bom mesmo. Canta a menina enquanto carrega seu pequeno instrumento.

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Astor Piazzolla (1921-1992): As Quatro Estações Portenhas / 2 Tangos para Orq de Cordas e outras peças (Les Violons du Roy)

Astor Piazzolla (1921-1992): As Quatro Estações Portenhas / 2 Tangos para Orq de Cordas e outras peças (Les Violons du Roy)

Pois é. O melhor intérprete de Piazzolla é o próprio Piazzolla. Seus discos tem uma aspereza que, talvez por pudor, talvez por respeito, ninguém repete. Piazzolla parecia ser alguém dotado daquele mau humor, daquela arrogância sofisticada buenairense. Mas isso não tira o mérito de Jean-Marie Zeitouni e seus violinos do rei. Eles tentaram e se saíram bastante bem. Se Piazzolla por Piazzolla é um dançarino sensual, arriscado e de cara amarrada — um verdadeiro tanguero, os quebequianos ficam mais para o emocionante e o divertido. A arte do violinista Pascale Giguère, membro de longa data do grupo, brilha muito. Seu verão, por exemplo, é alternadamente fluido, fantasioso ou ardente, no que é acompanhado por seus cúmplices da orquestra. Há muito mais para saborear aqui, variando de tangos lentos e sedutores até, vejamos…, tangos rápidos e sedutores. Confiram.

Astor Piazzolla (1921-1992): As Quatro Estações Portenhas / 2 Tangos para Orq de Cordas e outras peças (Les Violons du Roy)

Les Quatre Saisons de Buenos Aires
Soloist, Violin – Pascale Giguère
(28:49)
1 Été 6:28
2 Automne 7:50
3 Hiver 7:58
4 Printemps 6:33

Deux Tangos Pour Orchestre À Cordes (7:31)
5 Coral 4:03
6 Canyengue 3:28

7 Fuga y Misterio 4:07

8 Graciela Y Buenos Aires
Soloist, Cello – Benoît Loiselle
7:30

9 Milonga Del Ángel 6:57
10 La Muerte Del Ángel 3:08

Arranged By – J. Bragato* (tracks: 7, 9, 10), Leonid Desyatnikov* (tracks: 1 to 4)
Cello – Benoît Loiselle, Carla Antoun, Laurence Leclerc, Sylvain Murray
Composed By – Astor Piazzolla (tracks: 1 to 7, 9, 10), José Bragato (tracks: 8)
Conductor – Jean-Marie Zeitouni
Double Bass – Raphaël McNabney, Étienne Lépine-Lafrance
Ensemble – Les Violons du Roy
Piano, Harpsichord – François Zeitouni
Viola – Annie Morrier, Eric Paetkau, Gregory Hay, Jean-Louis Blouin
Violin [II] – Nicole Trotier, Noëlla Bouchard, Renaud Lapierre, Sophia Gentile
Violin [I] – Angélique Duguay, Maud Langlois, Michelle Seto, Pascale Gagnon, Pascale Giguère

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Esforço monumental: Piazzolla tenta um sorriso

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Krzysztof Penderecki (1933-2020): Paixão Segundo São Lucas (Wit)

Krzysztof Penderecki (1933-2020): Paixão Segundo São Lucas (Wit)

– Postagem original de 2009 –

Descobri esta obra na discoteca do Instituto Goethe lá pelos anos 80, quando este ainda localizava-se no centro de Porto Alegre e sua blibioteca-discoteca tinha a mão de Herbert Caro. A obra insere-se na fase radical de Penderecki, nada tendo a ver com sua atual fase melódica, da qual também gosto. Costuma-se afirmar que esta versão de Antoni Wit é superior àquela que ouvia lá no Goethe, que era do próprio compositor. Estou de acordo.

Um leitor da Amazon escreveu a seguinte resenha a respeito:

By Shota Hanai (Torrance, CA):

Krzystof Penderecki has become one of my favorite composers ever since I listened to some of his most radical works, including the “Threnody to the Victims of Hiroshima”, the two “De Natura de Sonoris”, and the “St. Luke Passion”, his musical depiction of the last hours of Christ.

This is one of the most graphic, most intense pieces of music the world has to witness. The work is divided in two parts. In Part I, The ominous introduction, with the chorus singing “Hail the Cross”, already invites doom. Christ’s prayer on Mt. Olives begins somberly, but leads to a teffifying climax as the chorus sings “I am crying”, before dying down to near silence. In the capture scene, once can vision the approaching Roman legion, with a series of nasty brass sounds and stampede of percussion. The mocking of Jesus is equally violent, as the entire orchestra and chorus seems to laugh at Him. Sinister monophonic notes rip the air as the chorus shouts “Crucify Him!”

Part II begins with Christ’s carrying of the cross. The cruficixion scene features one of the most excrutiating tone clusters the chorus ever produced, as overwhelming as the pain Jesus witnessed with pins hammered to His hands and feet. In the “Stabat Mater”, when the Virgin Mary watches her dying Son, the music becomes relatively calm, but the avant-garde sound is still prevalent. The music becomes violent again when Christ utter his last words, before the music dies away, along with Christ’s spirit. The concluding call for redemption begins dark, but ends in a glorious major chord, unachieved within the previous 75 minutes.

Penderecki’s rendition of Christ’s last hours is as shocking, disturbing, and powerful as the controversial Mel Gibson movie. A music like this should have a “Parental Advisory” label (and I am being a little sarcastic).

PENDERECKI: St. Luke Passion

1. Part I: O Crux ave (Hymn ‘Vexilla Regis prodeunt’) 00:05:06
2. Part I: Et egressus (St. Luke) 00:01:49
3. Part I: Deus meus (Psalm 21) 00:03:52
4. Part I: Domine, quis habitabit (Psalms 14, 4 & 15) 00:04:28
5. Part I: Adhuc eo loquente (St. Luke) 00:02:08
6. Part I: Ierusalem (Lamentation of Jeremiah) 00:01:25
7. Part I: Ut quid, Domine (Psalm 9) 00:01:17
8. Part I: Comprehendentes autem eum (St. Luke) 00:01:57
9. Part I: Iudica me, Deus (Psalm 42) 00:01:10
10. Part I: Et viri, qui tenebant illum (St. Luke) 00:02:11
11. Part I: Ierusalem (Lamentation of Jeremiah) 00:01:22
12. Part I: Miserere mei, Deus (Psalm 55) 00:04:04
13. Part I: Et surgens omnis (St. Luke) 00:04:19
14. Part II: Et in pulverem (Psalm 21) 00:00:45
15. Part II: Et baiulans sibi crucem (St. Luke) 00:00:13
16. Part II: Popule meus (Improperia) 00:07:46
17. Part II: Ibi crucifixerunt eum (St. Luke) 00:01:47
18. Part II: Crux fidelis (Antiphons from ‘Pange lingua’) 00:05:00
19. Part II: Dividentes vero (St. Luke) 00:01:12
20. Part II: … in pulverem mortis (Psalm 21) 00:05:39
21. Part II: Et stabat populus (St. Luke) 00:01:31
22. Part II: Unus autem (St. Luke) 00:02:03
23. Part II: Stabant autem iuxta crucem (St. John) 00:01:01
24. Part II: Stabat Mater (Sequence) 00:07:38
25. Part II: Erat autem fere hora sexta (St. Luke, St. John) 00:01:26
26. Part II: Alla breve 00:01:05
27. Part II: In pulverem mortis… / In te, Domine, speravi (Psalm 30) 00:04:08

Klosinska, Izabela, soprano
Kolberger, Krzysztof, reader
Kruszewski, Adam, baritone
Tesarowicz, Romuald, bass
Warsaw Boys Choir
Warsaw Philharmonic Choir
Warsaw National Philharmonic Orchestra
Wit, Antoni, Conductor

Total Playing Time: 01:16:22

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LINK ALTERNATIVO

Deus está te vendo, Krzysz.

PQP (Pleyel repostou e infelizmente adicionou a data de morte do compositor, que era vivo na época da postagem original)

W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para 2 Pianos Nº 10, K. 365, para Flauta e Harpa K. 299 e para Trompa, K. 447 (Jos van Immerseel, Anima Eterna)

W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para 2 Pianos Nº 10, K. 365, para Flauta e Harpa K. 299 e para Trompa, K. 447 (Jos van Immerseel, Anima Eterna)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este é um CD matador de Jos van Immerseel e turma. Traz 3 Concertos extraordinários de Mozart: o lindo Concerto para 2 Pianos Nº 10, o belíssimo para Flauta e Harpa K. 299 e o não menos para Trompa K. 447, tudo com instrumentos de época. Talvez isto aqui não seja o ‘The best of the best’ dentro dos Concertos do compositor, mas está bem próximo. O que interessa é que são grandes concertos interpretados com muito tesão, para usar o termo técnico. O tempo das gravações historicamente informadas serem sem sal passou definitivamente. Cada vez mais, acho interessante ouvir uma representação mais próxima do que o compositor pretendia. Não estou dizendo que as apresentações de época sejam o único caminho a seguir, claro, mas são, atualmente, a via mais importante para a música pré-Beethoven. Recomendo fortemente este CD para qualquer amante de Mozart. Tem um som incrível e há muita, muita vida nas interpretações.

W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para 2 Pianos Nº 10, K. 365, para Flauta e Harpa K. 299 e para Trompa, K. 447 (Jos van Immerseel, Anima Eterna)

Concerto No. 10 for 2 Pianos in E flat major, K365
01. Allegro
02. Andante
03. Rondeau

Concerto for Flute and Harp in C major, K299
04. Allegro
05. Andantino
06. Rondeau

Horn Concerto No. 3 in E flat major, K447
07. Allegro
08. Romance – Larghetto
09. Allegro

Jos van Immerseel, piano
Yoko Kaneko, piano
Frank Theuns, flute
Marjan de Haer, harp
Ulrich Hübner, horn
Anima Eterna

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Jos Van Immerseel: um supercraque em Mozart

PQP

C.P.E. Bach (1714-1789) e Alessandro Marcello (1673-1747): Concertos para Oboé (Kiss)

C.P.E. Bach (1714-1789) e Alessandro Marcello (1673-1747): Concertos para Oboé (Kiss)

Um bom disco daquele que foi meu irmão mais talentoso. Wilhelm Friedemann era um beberrão, Johann Christian desconsiderava nosso pai, eu era apenas um bastardo e papai ficava mesmo satisfeito com Carl Philipp Emanuel, que tinha inteligência suficiente para ver que nosso pai era o monumento ao qual todos reverenciam hoje, tanto que o convidava para se apresentar nas Cortes onde trabalhava. Estes concertos são bastante bons. Diria que o Wq. 165 é uma obra-prima bem típica de mano CPE. O tema curto e repetitivo de alguns primeiros movimentos de CPE encasquetaram e marcaram o cidadão Beethoven. Espantosa também é a Sonata para oboé solo. Uma joia. O concerto de Marcello que fecha o disco se faz presente por motivos óbvios: é bom, popular e foi a única coisa talentosa que o italiano escreveu. Então, é melhor deixá-lo em boa companhia e não com os outros rebentos do compositor, um bando de delinquentes inúteis

C.P.E. Bach (1714-1789) e Alessandro Marcello (1673-1747): Concertos para Oboé

Bach, Carl Philipp Emanuel
Oboe Concerto in B-Flat Major, Wq. 164, H. 466
1. I. Allegretto 00:08:16
2. II. Largo e mesto 00:07:08
3. III. Allegro moderato 00:05:54

Oboe Concerto in E-Flat Major, Wq. 165, H. 468
4. I. Allegro 00:06:40
5. II. Adagio ma non troppo 00:07:02
6. III. Allegro ma non troppo 00:06:03

Oboe Sonata Solo in A Minor, Wq. 132, H. 562
7. I. Poco adagio 00:04:27
8. II. Allegro 00:05:24
9. III. Allegro 00:04:45

Marcello, Alessandro
Oboe Concerto in D Minor
10. I. Andante e spiccato 00:03:15
11. II. Adagio 00:04:19
12. III. Presto 00:04:05

Jozsef Kiss, oboé
Budapest Ferenc Erkel Chamber Orchestra

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Alessandro Marcello: já tivemos homens mais belos em nosso grande blog.
Alessandro Marcello: já tivemos homens mais belos em nosso blog.

PQP

Anatoly Liadov, Nikolai Tcherepnin, Nikolai Rimsky-Korsakov: The Enchanted Kingdom (Russian National Orchestra, Mikhail Pletnev)

Anatoly Liadov, Nikolai Tcherepnin, Nikolai Rimsky-Korsakov: The Enchanted Kingdom (Russian National Orchestra, Mikhail Pletnev)

Um belo e tranquilo disco voltado ao romantismo sinfônico russo, tudo conduzido com notável competência e musicalidade por Mikhail Pletnev. Encontrar um programa com Liadov e Tcherepnin não é fácil, e os poucos concertos que os incluem são menos do que satisfatórios. Liadov é uma curiosidade e o mesmo pode ser dito de Tcherepnin, que provavelmente é o mais conhecido aluno de composição de Rimsky-Korsakov. Ainda assim, essas obras se qualificam como uma espécie de “Rimsky-lite”. Orquestradas de forma colorida e com detalhes vívidos, elas pretendem contar histórisa usando a orquestra. Enquanto a Baba Yaga de Liadov é menos interessante que a de Mussorgsky, The Enchanted Lake é uma peça adorável. Kikimora é nova para mim e trata-se de um poema atraente e leve. Tcherepnin roubou de seu professor a exploração das várias nuances durante a execução orquestral, e os solos de cada instrumento são bem trabalhados. La Princesse Lointaine é melancólica e delicada. Já Royaume Enchante parece demorar um pouco demais. Mas os fãs da música romântica russa tardia ficarão emocionados do mesmo jeito. O último trabalho é um pouco mais bem-sucedido, usando percussão e cores tonais variadas para criar uma sensação real de fantasia caprichosa. O Rimsky-Korsakov é obviamente mais conhecido, Sua Le Coq D’or é extraordinária. Bem, como forma de unir três compositores que realmente se influenciaram, este torna-se um delicioso disco.

Anatoly Liadov, Nikolai Tcherepnin, Nikolai Rimsky-Korsakov: The Enchanted Kingdom (Russian National Orchestra, Mikhail Pletnev)

Anatoly Liadov (1855-1914)
1 Baba-Yaga, Op. 56 3:35
2 The Enchanted Lake, Op. 62 7:04
3 Kikimora, Op. 63 7:11

Nikolai Tcherepnin (1873-1945)
4 La Princesse Lointaine, Op. 4 9:17
5 La Royaume Enchante, Op. 39 13:34

Nikolai Rimsky-Korsakov (1844-1908)
Le Coq D’or – Suite
6 Introduction And Dodon’s Sleep 8:48
7 King Dodon On The Battlefield 4:33
8 Queen Of Shemakha’s Dance – King Dodon’s Dance 6:46
9 Wedding Procession – Death Of King Dodon – Finale 6:37

Russian National Orchestra
Mikhail Pletnev

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Mikhail Pletnev: um trabalho extraordinário

PQP

.: interlúdio :. Steve Kuhn / Steve Swallow / Joey Baron: Wisteria

.: interlúdio :. Steve Kuhn / Steve Swallow / Joey Baron: Wisteria

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um CD maravilhoso! Sabedoria e melancolia estão entrelaçadas em Wisteria, cuja faixa-título, escrita por Art Farmer, leva os ouvintes de volta ao início dos anos 1960, onde o pianista Steve Kuhn e o baixista Steve Swallow cantam suavemente o blues na banda do trompetista-flugelhornista. A dupla se conhece muito bem: desenvolvem suas ideias de improvisação juntos e compartilham o mesmo amor pela melodia. Este álbum dá uma nova visão a  peças ouvidas antes na coleção orquestral Promises Kept de Kuhn. Ao lado das baladas tristes há também um pouco de hard bop (A Likely Story), algo de Swallow (Dark Glasses), um gospel de Carla Bley (Permanent Wave) e a brasileira Romance de Dori Caymmi. Ao todo, são temas variados onde o trio parece navegar sem esforço. São músicos já além da necessidade de provar qualquer coisa, criando a agradável ilusão de que essa música exigente está tocando sozinha.

Steve Kuhn / Steve Swallow / Joey Baron: Wisteria

01. Chalet
02. Adagio
03. Morning Dew
04. Romance
05. Permanent Wave
06. A Likely Story
07. Pastorale
08. Wisteria
09. Dark Glasses
10. Promises Kept
11. Good Lookin’ Rookie

Personnel:

Steve Kuhn (piano)
Steve Swallow (bass)
Joey Baron (drums)

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Kuhn, Baron e Swallow na porta da sede do PQP Bach de Oslo.

PQP

Henry Purcell (1659-1695): Dido and Aeneas (MusicAeterna, Teodor Currentzis)

Henry Purcell (1659-1695): Dido and Aeneas (MusicAeterna, Teodor Currentzis)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Você não deve confundir Dido e Enéias com Dildo e Enéias. Dildo é outra coisa. Dido é filha de Mattan I, rei de Tiro, e irmã de Pigmalião, que mandou matar seu primeiro marido, Sicheus, de quem cobiçava a riqueza.

Dido consegue fugir com alguns amigos e partidários, levando consigo as riquezas do marido. Chegam ao local onde Dido resolve ficar e formar sua nova pátria, e pedem que os nativos cedam um pedaço de terra cercado por couro de boi. O pedido é aceito e Dido logo manda cortar o couro de um boi em estreitas tiras e cerca uma extensão onde constrói uma cidade com o nome de Birsa (couro). Em torno dessa cidade começa a se formar outra, Cartago, que logo se torna próspera.

Enéias chega a Cartago com seus troianos depois de um naufrágio. Dido recebe-os muito bem, mostra-se muito hospitaleira já que ela mesma passara por um sofrimento parecido. Dido acaba se apaixonando por Enéias, que se mostra feliz ao ter a oportunidade de parar de uma vez por todas com suas aventurosas peregrinações, recebendo um reino e uma esposa. Passam-se meses e os dois vivem apaixonados. Enéias parece esquecido da Itália e do Império que estava destinado a fundar em suas terras. Quando Júpiter vê essa situação, manda o mensageiro Mercúrio lembrá-lo de sua missão e ordenar que parta imediatamente. Dido, numa tentativa frustrada de convencê-lo a ficar, acaba se apunhalando e se jogando numa pira funerária.

A ópera de Purcell é uma pequena joia, uma das maiores — talvez a maior — músicas compostas por um inglês. O Lamento de Dido e as participações das bruxas são momentos absolutamente notáveis.

Baita disco!

Henry Purcell (1659-1695): Dido and Aeneas (MusicAeterna, Teodor Currentzis)

1. Dido & Aeneas, Ouverture        2:08
2. Dido & Aeneas, Act I: Shake The Cloud        1:08
3. Dido & Aeneas, Act I: Ah! Belinda        4:48
4. Dido & Aeneas, Act I: Grief Increases        0:38
5. Dido & Aeneas, Act I (Chorus): When Monarch Unites        0:13
6. Dido & Aeneas, Act I: Whence Could So Much Virtue        2:08
7. Dido & Aeneas, Act I (Chorus): Fear No Danger        2:20
8. Dido & Aeneas, Act I: See, See        0:54
9. Dido & Aeneas, Act I (Chorus): Cupid Only Throws        0:35
10. Dido & Aeneas, Act I: If Not For Mine        0:24
11. Dido & Aeneas, Act I: Pursue Thy Conquest        0:45
12. Dido & Aeneas, Act I (Chorus): To The Hills        2:32
13. Dido & Aeneas, Act II: Prelude For The Witches        2:31
14. Dido & Aeneas, Act II (Chorus): Harm’s Our Delight        0:15
15. Dido & Aeneas, Act II: The Queen Of Carthage        0:30
16. Dido & Aeneas, Act II: Ho, Ho, Ho        0:10
17. Dido & Aeneas, Act II: Ruin’d Ere The Set Of Sun        0:56
18. Dido & Aeneas, Act II: Ho, Ho, Ho        0:10
19. Dido & Aeneas, Act II: But Ere We This Perform        1:06
20. Dido & Aeneas, Act II (Chorus): In Our Deep Vaulted Cell        2:03
21. Dido & Aeneas, Act II: Echo Dance Of Furies        0:57
22. Dido & Aeneas, Act II: Ritornelle        0:38
23. Dido & Aeneas, Act II: Thanks To These Lonsesome Vales        2:55
24. Dido & Aeneas, Act II: Guitar Chacone        2:32
25. Dido & Aeneas, Act II: Oft She Visits        1:54
26. Dido & Aeneas, Act II: Behold, Upon My Bending Spear        0:37
27. Dido & Aeneas, Act II: Haste, Haste To Town        0:45
28. Dido & Aeneas, Act II: Stay Prince        2:44
29. Dido & Aeneas, Act III: Prelude        1:15
30. Dido & Aeneas, Act III: The Sailor’s Dance        0:51
31. Dido & Aeneas, Act III: See, See The Flags        0:59
32. Dido & Aeneas, Act III: Our Next Motion        0:39
33. Dido & Aeneas, Act III (Chorus): Detruction’s Our Delight        0:29
34. Dido & Aeneas, Act III: The Witches’ Dance        2:09
35. Dido & Aeneas, Act III: Your Counsel        6:07
36. Dido & Aeneas, Act III (Chorus): Great Minds        1:02
37. Dido & Aeneas, Act III: Thy Hand, Belinda        1:03
38. Dido & Aeneas, Act III: Dido’s Lament        4:02
39. Dido & Aeneas, Act III (Chorus): With Drooping Wings        5:32

Recorded At – Novosibirsk Philharmonic Hall
Recorded By – Musica Numeris
Alto Vocals [Choir] – Anna Penkina, Anna Shvedova, Elena Rogoleva, Ludmilla Tukhaeva*, Marina Sokirkina, Marina Tenitilova
Baritone Vocals [Aeneas, Trojan Prince], Soloist – Dimitris Tiliakos
Bass Vocals [Choir] – Alexandre Nazemtsev, Evgeny Ikatov, Gennady Vasiliev, Pavel Palastrov, Sergey Mezentsev, Sergey Tenitilov, Vitaly Polonsky
Choir – The New Siberian Singers*
Chorus Master – Vyacheslav Podyelsky
Composed By [Opera Music] – Henry Purcell
Conductor – Teodor Currentzis
Contrabass – Dilyaver Menametov, Dmitry Rais
Ensemble, Orchestra – MusicAeterna*
Harpsichord [Fred Bettenhausen, 2000, after Rückers-Taskin] – Elena Popovskaya
Lute – Vassily Antipov
Percussion – Dauren Orynbaev, Teodor Currentzis
Soprano Vocals [Belinda, Confidant Of Dido], Soloist – Deborah York
Soprano Vocals [Choir] – Alla Lebedeva, Arina Mirsaetova, Elena Kondratova, Irina Angaskieva, Linda Yarkova, Margarita Mezentseva, Valeria Safonova, Yulia Shats, Yulia Trubina
Soprano Vocals [Dido, Queen Of Carthago], Soloist – Simone Kermes
Tenor Vocals [Choir] – Alexandre Zverev, Dmitry Veselovsky, Sergey Kovalev (3), Stanislav Lukin, Vladimir Sapozhnikov
Theorbo, Guitar [Baroque Guitar] – Arkady Burkhanov
Viola – Dmitry Parkhomenko, Evgeniya Maximova (2), Oleg Zubovich
Viola [Echo] – Nail Bakiev
Viola da Gamba, Soloist – Alexander Prozorov
Violin [1] – Alfiya Bakieva, Inna Prokopeva, Nadezhda Antipova, Natalia Zhuk
Violin [1] [Echo] – Elena Rais
Violin [2] – Elena Yaroslavtseva, Olga Galkina, Yulia Gaikolova
Violin [2] [Echo] – Yulia Gaikolova
Violoncello – Alexander Prozorov, Ekaterina Kuzminykh, Marina Sergeeva
Violoncello [Echo] – Alexander Prozorov
Violoncello [Récits = Stories] – Ekaterina Kuzminykh
Vocals [Enchantress], Soloist – Elena Kondratova, Yana Mamonova
Vocals [Sailor], Soloist – Alexandre Zverev
Vocals [Sorceress], Soloist – Oleg Ryabets
Vocals [Spirit], Soloist – Valeria Safonova
Vocals [Two Women], Soloist – Margarita Mezentseva, Sofia Fomina
Words By [Opera] – Mr. Nahum Tate*

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PQP

J. S. Bach (1685-1750): Suítes Francesas completas e mais (Hewitt)

J. S. Bach (1685-1750): Suítes Francesas completas e mais (Hewitt)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

338 ANOS DE PAPAI BACH !!!

Este é um disco também muito bom — é outro dos que me foram enviados por FDP Bach, mas que confusão fez a grande, enorme, imensa e admirável Hyperion? Que mistureca foi essa de enfiar Pequenos Prelúdios, Sonatas e outras coisas antes, entre e depois das verdadeiras estrelas dos CDs, as Suítes Francesas? Não creio que alguém possa me explicar o motivo desta bisonha opção. Os CDs? Bá, a interpretação é excelente. Baixe logo. Tá esperando o quê?

Em comentário à potagem anterior desta série, Barto Lima resumiu tudo e disse mais:

Muito bem PQP! Essa Pianista é realmente estrondosa, estupenda! Técnica perfeita e “muitíssimo” musical. Ela consegue realçar motivos, partes do fraseado ou notinhas que a maioria deixa “prá lá”, dando um equilíbrio musical maravilhoso por onde ela mexe. É precisão rítmica, sentido dos andamentos, dinâmica tocante, deixa a gente todo “embasbacado”, mas feliz!
E quanto a essa questão de pronúncia… Tudo bem, já que ela é canadense! Mas na Alemanha qualquer um dirá “Ânguela Hê-Vit” e nem por isto ela deixa de “ficar” também por lá. Certas “preciosidades” com o inglês… será que valem a pena? Em outras línguas, que não a nativa, se pronuncia, por aqui e por toda parte, quase tudo “errado” (sobretudo os americanos!). E aí?

J. S. Bach (1685-1750): Suítes Francesas completas e mais (Hewitt)

Disc: 1
1. Sonata In D Minor, BWV964: Adagio
2. Sonata In D Minor, BWV964: Fuga: Allegro
3. Sonata In D Minor, BWV964: Andante
4. Sonata In D Minor, BWV964: Allegro

5. French Suite No. 1 In D Minor, BWV812: Allemande
6. French Suite No 1 In D Minor, BWV812: Courante
7. French Suite No. 1 In D Minor, BWV812: Sarabande
8. French Suite No. 1 In D Minor, BWV812: Menuet I And II
9. French Suite No. 1 In D Minor, BWV812: Gigue

10. French Suite No. 2 In C Minor, BWV813: Allemande
11. French Suite No. 2 In C Minor, BWV813: Courante
12. French Suite No. 2 In C Minor, BWV813: Sarabande
13. French Suite No. 2 In C Minor, BWV813: Air
14. French Suite No. 2 In C Minor, BWV813: Menuet I And II
15. French Suite No. 2 In C Minor, BWV813: Gigue

16. French Suite No. 3 In B Minor, BWV814: Allemande
17. French Suite No. 3 In B Minor, BWV814: Courante
18. French Suite No. 3 In B Minor, BWV814: Sarabande
19. French Suite No. 3 In B Minor, BWV814: Anglaise
20. French Suite No. 3 In B Minor, BWV814: Menuet And Trio
21. French Suite No. 3 In B Minor, BWV814: Gigue

22. Six Little Preludes: Prelude In C Major, BWV 924
23. Six Little Preludes: Prelude In G Minor, BWV 930
24. Six Little Preludes: Prelude In D Major, BWV 925
25. Six Little Preludes: Prelude In D Minor, BWV 926
26. Six Little Preludes: Prelude In F Major, BWV 927
27. Six Little Preludes: Prelude In F Major, BWV 928

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Disc: 2
1. Six Little Preludes: Prelude In C Major, BWV 933
2. Six Little Preludes: Prelude In C Minor, BWV 934
3. Six Little Preludes: Prelude In D Minor, BWV 935
4. Six Little Preludes: Prelude In D Major, BWV 936
5. Six Little Preludes: Prelude In E Major, BWV 937
6. Six Little Preludes: Prelude In E Minor, BWV 938

7. Six Little Preludes: Prelude In C Major, BWV 939
8. Six Little Preludes: Prelude In D Minor, BWV 940
9. Six Little Preludes: Prelude In E Minor, BWV 941
10. Six Little Preludes: Prelude In A Minor, BWV 942
11. Six Little Preludes: Prelude In C Major, BWV 943
12. Six Little Preludes: Prelude In C Minor, BWV 999

13. French Suite No. 4 In E Flat Major, BWV815: Praeludium
14. French Suite No. 4 In E Flat Major, BWV815: Allemande
15. French Suite No. 4 In E Flat Majoe, BWV815: Courante
16. French Suite No. 4 In E Flat Major, BWV815: Sarabande
17. French Suite No. 4 In E Flat Major, BWV815: Gavotte I
18. French Suite No. 4 In E Flat Major, BWV815: Gavotte II
19. French Suite No. 4 In E Flat Major, BWV815: Menuet
20. French Suite No. 4 In E Flat Major, BWV815: Air
21. French Suite No. 4 In E Flat Major, BWV815: Gigue

22. French Suite No. 5 In G Major, BWV816: Allemande
23. French Suite No. 5 In G Major, BWV816: Courante
24. French Suite No. 5 In G Major, BWV816: Sarabande
25. French Suite No. 5 In G Major, BWV816: Gavotte
26. French Suite No. 5 In G Major, BWV816: Bourree
27. French Suite No. 5 In G Major, BWV816: Loure
28. French Suite No. 5 In G Major, BWV816: Gigue

29. French Suite No. 6 In E Major, BWV817: Allemande
30. French Suite No. 6 In E Major, BWV817: Courante
31. French Suite No. 6 In E Major, BWV817: Sarabande
32. French Suite No. 6 In E Major, BWV817: Gavotte
33. French Suite No. 6 In E Major, BWV817: Polonaise
34. French Suite No. 6 In E Major, BWV817: Bourree
35. French Suite No. 6 In E Major, BWV817: Menuet
36. French Suite No. 6 In E Major, BWV817: Gigue

37. Prelude And Fugue In A Minor, BWV894: Prelude
38. Prelude And Fugue In A Minor, BWV894: Fugue

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Angela Hewitt, piano

Angie, sempre à vontade em nosso blog.

PQP

J. S. Bach (1685-1750): A Arte da Fuga, BWV 1080 (Emerson String Quartet)

J. S. Bach (1685-1750): A Arte da Fuga, BWV 1080 (Emerson String Quartet)

ABSOLUTAMENTE IM-PER-DÍ-VEL !!!

338 ANOS DE PAPAI BACH !!!

Faz uns três ou quatro meses que o blog recebeu este presente. Como sou muito sacana, demorei a entregá-lo para vocês… Não, não é bem assim: na verdade achei tão extraordinário o CD, uma realização artística tão impressionante do Emerson String Quartet, que o reservei para uma data especial, um aniversário de Johann Sebastian ou… ou… a ocasião da centésima postagem de Bach em nosso blog. Sim, se você for na coluna da direita onde está a lista de compositores postados, você deverá encontrar um “Bach, J.S. (100)”. Cem CDs de papai num blog que se aproxima dos 1000 CDs!

(Esta postagem é antiga. Hoje temos 778 posts de J. S. Bach, 7479 publicações e muito mais CDs do que isto).

Ouso dizer que o P.Q.P. Bach, fundado por mim numa feia manhã de sábado para substituir os e-mails que enviava a amigos que precisavam de uma ou outra obra — pois sempre achei obsceno alguém possuir uma vasta biblioteca ou cedeteca se não fosse para emprestar, distribuir, divulgar ou, como dizemos em nosso “editorial”, polinizar –, hoje tem um acervo respeitável e variado. Orgulho-me muito deste blog que se tornou coletivo após duas semanas de existência, com o ingresso do mano F.D.P., e que depois recebeu outros colaboradores, um melhor que o outro.

Mas voltemos a esta versão da Arte da Fuga: imaginem que, dos 28 ouvintes que escreveram a respeito deste CD para a Amazon, 25 deram-lhe 5 estrelas — a pontuação máxima — e 3 deram 4.

Vou copiar aqui os dois primeiros parágrafos do capítulo sobre A Arte da Fuga do livro 48 variações sobre Bach de Franz Rueb:

Muitos músicos confessam que a Arte da Fuga é uma daquelas obras da arte universal, diante da qual só é possível calar. A obra seria o somatório da profissão de fé musical de Bach, e seu conteúdo metafísico a colocaria no limiar de outro mundo. Ela seria “a abstração na música”, “a forma pura”, “um sopro de ar claro e gelado”, “uma caixa fria” repleta de invenções melódicas cheias de vida. (…) Wolfgang Rihm escreveu: O único espaço sonoro para a realização dessa música continua sendo aquele reservado ao pensamento, situado debaixo da caixa craniana. Esse espaço, porém, é o mais amplo de todos, desde que se possa conceber em pensamento tal realidade sonora.”

Adorno chamou a Arte da Fuga de economia de motivos. Para ele, o tema é esgotado até me seus mínimos componentes e disso resulta algo perfeito. A obra seria a arte da dissecação. O resultado é uma forma de quase insuperável precisão: a fuga. O cruzamento magistral da grande e da pequena ordem, das grandes e das pequenas formas. Com a Arte da Fuga, Bach teria se voltado para o passado e para o futuro. Nela, porém, o mais importante não seria a técnica, nem as leis do ofício da música, mas expressão musical.

Bom, o que o Emerson consegue aqui… Nem vou começar a enfileirar elogios. Só vou repetir:

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Bach – A Arte da Fuga

1. The Art of Fugue, BWV 1080 – Contrapunctus I 3:04
2. The Art of Fugue, BWV 1080 – Contrapunctus 2 2:44
3. The Art of Fugue, BWV 1080 – Contrapunctus 3 2:31
4. The Art of Fugue, BWV 1080 – Contrapunctus 4 3:30
5. The Art of Fugue, BWV 1080 – Contrapunctus 5 2:32
6. The Art of Fugue, BWV 1080 – Contrapunctus 6 4:10
7. The Art of Fugue, BWV 1080 – Contrapunctus 7 3:07
8. The Art of Fugue, BWV 1080 – Contrapunctus 8 Eugene Drucker 4:54
9. The Art of Fugue, BWV 1080 – Contrapunctus 9 2:13
10. The Art of Fugue, BWV 1080 – Contrapunctus 10 3:02
11. The Art of Fugue, BWV 1080 – Contrapunctus 11 4:43
12. The Art of Fugue, BWV 1080 – Contrapunctus 14a: Canon per Augmentationem in contrario motu Eugene Drucker 5:18
13. The Art of Fugue, BWV 1080 – Contrapunctus 12a 1:49 $0.45
14. The Art of Fugue, BWV 1080 – Contrapunctus 12b 1:53 $0.45
15. The Art of Fugue, BWV 1080 – Canon alla Ottava Lawrence Dutton 4:02
16. The Art of Fugue, BWV 1080 – Canona alla Decima, in Contrapunto alla Terza Eugene Drucker 3:42
17. The Art of Fugue, BWV 1080 – Canon alla Duodecima in Contrapunto alla Quinta Philip Setzer 4:12
18. The Art of Fugue, BWV 1080 – Contrapunctus 13a Philip Setzer 2:06
19. The Art of Fugue, BWV 1080 – Contrapunctus 13b Eugene Drucker 2:09
20. The Art of Fugue, BWV 1080 – Contrapunctus 14: Canon per Augmentationem in contrario motu Philip Setzer 6:53
21. The Art of Fugue, BWV 1080 – Contrapunctus 14(18): Fuga a 3 Soggetti 8:06
22. The Art of Fugue, BWV 1080 – Chorale: Wenn wir in höchsten Nöten sein 3:16

Emerson String Quartet
Eugene Drucker, violin
Philip Setzer, violin
Lawrence Dutton, viola
David Finckel, cello

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.: interlúdio :. Jaco Pastorius: Truth, Liberty & Soul

.: interlúdio :. Jaco Pastorius: Truth, Liberty & Soul

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Só para ouvir Liberty City e lembrar do melhor programa do rádio brasileiro — o extinto A Hora do Jazz, de Paulo Moreira — já valeria a pena baixar esta obra-prima de Jaco Pastorius (John Francis Anthony Pastorius III, nascido em 1 de dezembro de 1951 e falecido em 21 de setembro de 1987). Este Truth, Liberty & Soul foi gravado ao vivo em 1982 em Nova Iorque. Houve muitos deuses da guitarra, mas nunca houve um deus baixista como Jaco Pastorius. Genial e imaginativo, ele comportava-se loucamente, era drogado e convencido como as estrelas do jazz do passado. Também era dono de uma sofisticação harmônica inalcançável. Segundo o próprio, suas principais influências musicais foram “James Brown, Beatles, Miles Davis, e Stravinsky, nessa ordem”. Além desses, Jaco cita outros nomes como Jerry Jemmott, James Jamerson, Paul Chambers, Harvey Brooks, Tony Bennett, Sinatra, Duke Ellington, Charlie Parker, e com especial atenção o nome de Lucas Cottle, um desconhecido baixista neozelandês que tem algumas gravações a seu lado. Uma das maiores homenagens prestadas a ele, foi registrada por Miles Davis, que gravou a música Mr. Pastorius, composição do baixista Marcus Miller, lançada no álbum Amandla. Se você nunca ouviu o Fender Jazz Bass dele — sim, sei que o importante é ter saúde –, está perdendo boa parte do que a vida e a alegria têm a oferecer. Não vou falar sobre a morte estúpida de Pastorius aos 35 anos, ainda mais após ouvir esta obra-prima.

Jaco Pastorius: Truth, Liberty & Soul

Disc One

1. Invitation (13:04)
2. Soul Intro/The Chicken (9:10)
3. Donna Lee (13:18)
4. Three Views to a Secret (6:38)
5. Liberty City (10:10)
6. Sophisticated Lady (7:43)
7. Bluesette (5:31)

Disc Two

1. I Shot the Sheriff (6:55)
2. Okonkolé y Trompa (15:07)
3. Reza/Giant Steps (Medley) (10:19)
4. Mr. Fonebone (10:37)
5. Bass and Drum Improvisation (14:05)
6. Twins (2:53)
7. Fannie Mae (5:55)

WORD OF MOUTH BIG BAND
Jaco Pastorius – bass, vocals
Bob Mintzer – tenor and soprano saxophones, bass clarinet
Randy Brecker – trumpet
Othello Molineaux – steel drums
Don Alias – percussion
Peter Erskine – drums

SAXOPHONES
Bob Stein – alto saxophone
Lou Marini – tenor saxophone
Frank Wess – tenor saxophone
Howard Johnson – baritone saxophone
Randy Emerick – baritone saxophone

TRUMPETS
Alan Rubin
Lou Soloff
Jon Faddis
Ron Tooley
Kenny Faulk

TROMBONES
David Taylor
Jim Pugh
Wayne Andre

FRENCH HORNS
John Clark
Peter Gordon

TUBA
David Bargeron

Special Guest:
Toots Thielemans
(harmonica on “Three Views of a Secret,” “Liberty City,” “Sophisticated Lady,””Bluesette,” “I Shot the Sheriff,” “Mr. Fonebone” and “Fannie Mae”)

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Jaco Pastorius (1951-1987)
Jaco Pastorius (1951-1987)

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Johann Friedrich Fasch (1688-1758): Concertos para vários instrumentos

Johann Friedrich Fasch (1688-1758): Concertos para vários instrumentos

Um CD que vale mais pelos intérpretes do que pela música de Fasch. Gostar mesmo, só gostei do primeiro movimento do Concerto para 2 oboés, 2 violas e dois fagotes e baixo contínuo, além do inteiramente bom Concerto para trompete, 2 oboés e cordas que fecha o CD. Il Gardellino é um conjunto instrumental holandês de música barroca, fundado em 1988 por iniciativa do oboísta holandês Marcel Ponseele e do flautista Jan De Winne. O nome foi derivado de uma peça de Vivaldi para flauta transversal, oboé, violino, fagote e continuo Il Gardellino. O conjunto toca em instrumentos de época. Como se diz agora, são historicamente informados… Obras de Johann Sebastian Bach são seu foco, mas também se interessam por seus contemporâneos como Johann Friedrich Fasch, Carl Heinrich Graun, Handel, Johann Gottlieb Janitsch, Telemann e Vivaldi.

Johann Friedrich Fasch (1688-1758): Concertos para vários instrumentos

01. Concerto in D for 3 Trumpets, timpani, 2 oboes, violin, strings, B.C. – I. Allegro
02. Concerto in D for 3 Trumpets, timpani, 2 oboes, violin, strings, B.C. – II. Andante
03. Concerto in D for 3 Trumpets, timpani, 2 oboes, violin, strings, B.C. – III Allegro

04. Concerto in B minor for flute, oboe, strings, B.C. – I. Allegro
05. Concerto in B minor for flute, oboe, strings, B.C. – II. Largo
06. Concerto in B minor for flute, oboe, strings, B.C. – III. Allegro

07. Concerto in G for 2 oboes, 2 violas, 2 bassons, B.C. – I. Un poco allegro
08. Concerto in G for 2 oboes, 2 violas, 2 bassons, B.C. – II. Air
09. Concerto in G for 2 oboes, 2 violas, 2 bassons, B.C. – III. Allegro
10. Concerto in G for 2 oboes, 2 violas, 2 bassons, B.C. – IV. Menuet

11. Concerto in D for 2 flutes, strings, B.C. – I. Allegro
12. Concerto in D for 2 flutes, strings, B.C. – II. Andante
13. Concerto in D for 2 flutes, strings, B.C. – III. Allegro

14. Concerto in C minor for basson, 2 oboes, strings, B.C. – I. Allegro
15. Concerto in C minor for basson, 2 oboes, strings, B.C. – II. Largo
16. Concerto in C minor for basson, 2 oboes, strings, B.C. – III. Allegro

17. Concerto in D for trumpet, 2 oboes, strings, B.C. – I. Allegro
18. Concerto in D for trumpet, 2 oboes, strings, B.C. – II. Largo
19. Concerto in D for trumpet, 2 oboes, strings, B.C. – III. Allegro (tempo di menuetto)

Il Gardellino

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O núcleo central do Il Gardellino
O núcleo central do Il Gardellino

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Johannes Brahms (1833-1897): Concerto Duplo e Quinteto para Clarinete (Capuçons)

Johannes Brahms (1833-1897): Concerto Duplo e Quinteto para Clarinete (Capuçons)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Talvez o Quinteto para Clarinete seja a obra de Brahms que mais amo. Brahms já tinha parado de compor quando ouviu Richard Mühlfeld, um clarinetista virtuoso, tocar. Gostou. Curioso notar que Mozart também se interessou pelo clarinete ao ouvir o famoso Anton Stadler. Mozart dedicou a Stadler várias obras, incluindo o Quinteto para Clarinete e Cordas e o Concerto para Clarinete, que estão entre suas maiores realizações. A história de Brahms com Richard Mühlfeld é a mesma. Ele viria a dedicar ao instrumentista seu Quinteto para Clarineta e Cordas, Op. 115, e outras obras para clarinete, como as duas Sonatas. Além disso, há outra relação entre os dois compositores: Brahms usou em sua peça a mesma estrutura do Quinteto de Mozart. O Quinteto de Brahms é geralmente considerado outonal, até mesmo nostálgico, mas há aspectos mais sombrios e mais vigorosos.

O belíssimo Concerto Duplo para Violino e Violoncelo de Brahms tem origem curiosa. Será verdade que “em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”? Pois este polêmico ditado não foi seguido por Brahms. Em 1884, o célebre violinista Joseph Joachim e sua mulher se separaram depois que ele se convenceu de que ela mantinha uma relação com o editor de Brahms, Fritz Simrock. Brahms, certo de que as suposições do violinista eram infundadas, escreveu uma carta de apoio à Amalie, a esposa, que mais adiante seria utilizada como prova no processo de divórcio que Joseph moveu contra ela. Este fato motivou um resfriamento das relações de amizade entre Joachim e Brahms, que depois foram restabelecidas quando Brahms escreveu o Concerto para Violino e Violoncelo e o enviou a Joachim para fazer as pazes. Acontece. Mas por que o violoncelo? Ora, a combinação inusitada — este é o primeiro concerto escrito para esta dupla de instrumentos — surgiu porque o violoncelista Robert Hausmann, amigo comum de Brahms e Joachim, pedira um concerto ao compositor. Então, o compositor encontrou uma forma de satisfazer ao violoncelista , ao mesmo tempo que reconquistava a amizade do violinista. Clara Schumann escreveu em seu diário: “O Concerto é uma obra de reconciliação. Joachim e Brahms falaram um com o outro novamente.”

Joseph Joachim (1831-1907) e Amalie Weiss (1839-1899)
Fritz Simrock (1837-1901)

Após completar sua Sinfonia Nº 4 em 1885 e embora tenha vivido mais doze anos depois de completá-la, Brahms produziu apenas mais uma obra orquestral, e esta não foi uma sinfonia, mas este concerto. E não era um concerto solo comum, mas sim uma composição que uniu pela primeira vez a forma de violino e violoncelo. Mozart fez os não tão díspares solistas de violino e viola quase se enfrentarem em sua Sinfonia Concertante. Beethoven fez o mesmo em seu Concerto Triplo Concerto, juntando piano, violino e violoncelo. Mas aqui nós temos realmente um casamento. O violoncelo introduz a maioria dos temas, mas há muitos trechos onde um acompanha o outro. Há menos exploração de contrastes  violino-violoncelo de Brahms, que se baseia menos na exploração das individualidades contrastantes do casal solista, mas em sua capacidade de viverem felizes juntos. O Concerto possui uma enorme riqueza de ideias que são trabalhadas com a extrema habilidade.

Robert Hausmann (1852-1909)

Brahms fez o violoncelo e o violino se fundirem em vez de projetar identidades separadas e talvez conflitantes. Há muitos uníssonos e trechos onde um instrumento acompanha o outro.  Exigências artísticas como essas são feitas ao longo do Concerto Duplo. Durante o período de testes do Concerto, tanto Joachim quanto Hausmann aconselharam o compositor sobre algumas questões técnicas de seus respectivos instrumentos.

Johannes Brahms (1833-1897): Concerto Duplo e Quinteto para Clarinete (Capuçons)

Double Concerto For Violin, Cello And Orchestra In A Minor (En La Mineur . A-Moll) Op.102
1 I Allegro 18:05
2 II Andante 7:48
3 III Vivace Non Troppo 8:32

Clarinet Quintet In B Minor (En Si Mineur . H-Moll) Op.115
4 I Allegro 12:41
5 II Adagio 11:05
6 III Andantino 4:37
7 IV Finale, Con Moto 8:47

Cello – Gautier Capuçon
Clarinet – Paul Meyer (tracks: 4-7)
Directed By – Myung-Whun Chung (tracks: 1- 3)
Ensemble – Capuçon Quartet (tracks: 4-7)
Orchestra – Gustav Mahler Jugendorchester (tracks: 1- 3)
Viola – Béatrice Muthelet (tracks: 4-7)
Violin – Aki Saulière (tracks: 4-7), Renaud Capuçon

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Johannes Brahms (1833-1897) meteu a colher em briga de marido e mulher

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.: interlúdio :. The Michael Landau Group: Organic Instrumentals

.: interlúdio :. The Michael Landau Group: Organic Instrumentals

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Olhando assim, Michael Landau não parece um guitarrista de rock. Sua natureza discreta guarda no currículo atuações junto a Joni Mitchell, James Taylor, Pink Floyd e… também Miles Davis, para citar alguns. Mas ele tem um grupo fantástico a seu serviço. Um discreto grupo fusion. É rock e blues com belas improvisações. Porém, ao contrário de alguns de seus contemporâneos roqueiros, Landau evita frescuras de guitar hero, concentrando seus talentos na criação de peças musicais que nos tocam em um nível mais profundo. Cada faixa é independente, mas leva você para a próxima. Não é um CD não superproduzido, mas também não é áspero. Como diz o título, é orgânico. Todas as composições são ótimas, com excelentes atuações de todos os envolvidos. Minhas preferidas são Delano, Smoke e Big Sur Howl.

.: interlúdio :. The Michael Landau Group: Organic Instrumentals

1 Delano
Bass – Jimmy Haslip
Drums – Charley Drayton
Electric Organ [Hammond Organ] – Larry Goldings
Guitar – Michael Landau

2 Sneaker Wave
Bass – Teddy Landau
Drums – Vinnie Colaiuta
Electric Organ [Hammond Organ] – Larry Goldings
Guitar, Bass – Michael Landau

3 Spider Time
Bass – Jimmy Haslip
Drums – Gary Novak
Electric Organ [Hammond Organ], Piano – Larry Goldings
Guitar – Michael Landau

4 The Big Black Bear
Bass – Andy Hess
Drums – Gary Novak

5 Karen Mellow
Bass – Andy Hess
Drums – Gary Novak
Electric Organ [Hammond Organ] – Larry Goldings
Guitar – Michael Landau

6 Ghouls And The Goblins
Bass – Chris Chaney
Drums – Gary Novak
Electric Organ [Hammond Organ] – Larry Goldings
Guitar – Michael Landau

7 Big Sur Howl
Drums – Gary Novak
Electric Organ [Hammond Organ] – Larry Goldings
Flugelhorn – Walt Fowler
Guitar – Michael Landau

8 Woolly Mammoth
Bass – Andy Hess
Drums – Charley Drayton
Electric Organ [Hammond Organ] – Larry Goldings
Guitar – Michael Landau

9 Smoke
Electric Organ [Hammond Organ], Organ [Estey Reed Organ], Carillon – Larry Goldings
Guitar – Michael Landau

10 The Family Tree
Guitar – Michael Landau

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Landau: um roqueiro sem cara de roqueiro

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Gabriel Fauré (1845-1924): Quintetos para Piano Nº 1 e 2 (Schubert Ensemble)

Gabriel Fauré (1845-1924): Quintetos para Piano Nº 1 e 2 (Schubert Ensemble)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

A música de Fauré é tímida. Ela não bate na porta pedindo para entrar. Você é que tem que convidá-la para se acomodar. Ela não grita chamando você, não chama sua atenção, tem que ser convidada, repito. Depois disso você poderá fruir de algumas das melhores obras low profile deste planeta, uma curiosa e discreta ligação entre romantismo e modernismo. Neste CD, o Schubert Ensemble traz requintadas e compreensivas versões destas duas obras extraordinárias do compositor. O pianista William Howard traz uma leveza de toque à parte de piano, timidamente virtuosa. O grupo é apaixonado pela música de Fauré e, nos últimos anos, deu muitos recitais com estes quintetos reflexivos e altamente individuais. Fauré foi aluno de Saint-Saëns e professor de Ravel. Sua fluidez acontece aparentemente sem esforço, mas se você ouvir atentamente seus Quintetos para Piano, ouvirá grandes dramas, tensões e profunda emoção, tudo habilmente demonstrado. “A música de câmara”, escreveu Fauré, “é a verdadeira música e a expressão mais sincera de uma personalidade genuína.” E em sua música de câmara ele conseguiu algo efetivamente notável.

Gabriel Fauré (1845-1924): Quintetos para Piano Nº 1 e 2 (Schubert Ensemble)

Piano Quartet No.1 in C minor, Op.15 (1876-79)
1 – I. Molto moderato
2 – II. Adagio
3 – III. Allegretto moderato
Piano Quintet in C minor, Op. 115 (1919-21)
5 – I. Allegro moderato
6 – II. Allegro vivo
7 – III. Andante moderato
8 – IV. Allegro Molto

The Schubert Ensemble Of London:
Piano – William Howard
Cello – Jane Salmon
Viola – Douglas Paterson
Violin – Maya Koch, Simon Blendis

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Fauré lendo a versão impressa de “Os Imortais Posts de PQP Bach”

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Sofia Gubaidúlina (n. 1931): Quartetos Nº 1, 2 e 3 / Trio de Cordas (Danish) – Semana do Dia Internacional da Mulher

Sofia Gubaidúlina (n. 1931): Quartetos Nº 1, 2 e 3 / Trio de Cordas (Danish) – Semana do Dia Internacional da Mulher

O “Quarteto de Cordas Nº 1” de Gubaidúlina foi escrito em 1971. Desta forma, é de antes de sua maturidade como compositora. Trata-se de uma obra sobre o isolamento, a partitura contém pausas prescritas durante as quais os músicos, que iniciaram a obra sentados juntos no centro do palco, avançam lentamente em direção aos quatro cantos do mesmo. O resultado é que cada instrumentista toca as últimas seis páginas da partitura como se fosse um músico solo. Infelizmente, um aparelho de som não pode comunicar totalmente esse conceito…

O “Quarteto de Cordas Nº 2” foi encomendado em 1987 pelo Kuhmo Chamber Music Festival para o Sibelius Quartet. Dezesseis anos se passaram desde seu primeiro quarteto e nesse tempo sua técnica de composição mudou completamente. Durante a década de 1970, seu trabalho começou a ser profundamente inspirado pela fé ortodoxa e, na década de 1980, essa inspiração religiosa foi acompanhada por um profundo interesse pelo uso de fórmulas matemáticas como a Sequência de Fibonacci. Esta peça está relacionada com a sua sinfonia “Stimmen …Verstummen”, do ano anterior.

Em contraste com a grande lacuna entre o primeiro e o segundo quarteto, o “Quarteto de Cordas Nº 3” veio logo após o Nº 2. Ele encontra inspiração nas linhas de “The Waste Land” de T.S. Eliot, e é um trabalho de movimento único dividido igualmente em uma seção de abertura dedilhada e uma segunda metade onde o arco é introduzido e o som drasticamente transformado. Considero este o menos bem-sucedido dos quartetos de Gubaidúlina, mas admito que posso estar totalmente errado.

O “Trio de Cordas” para violino, viola e violoncelo (1988) foi escrito logo após o terceiro quarteto de cordas e é emocionante. O primeiro movimento começa com austeridade áspera. O segundo movimento tem um ritmo mecânico que lembra o segundo quarteto de cordas de Ligeti, enquanto o terceiro resume o que veio antes e o decompõe em uma calmamente. Para terminar, digo que o Danish Quartet é uma joia, sensacional mesmo.

Sofia Gubaidúlina (n. 1931): Quartetos Nº 1, 2 e 3 / Trio de Cordas (Danish)

01. Streichquartett Nr. 1 22:56
02. Streichquartett Nr. 2 09:04
03. Streichquartett Nr. 3 18:36
04. Streichtrio – I 06:21
05. Streichtrio – II 04:54
06. Streichtrio – III 08:08

Performers:
Tim Frederiksen (1-3), Arne Balk-Møller, violins
Claus Myrup, viola
Henrik Brendstrup, cello

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Gubaidúlina tem reagido positivamente às piadinhas que colocamos nas legendas das fotos

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Sofia Gubaidúlina (n. 1931): The Lyre of Orpheus & Canticle of the Sun (Kremer) – Semana do Dia Internacional da Mulher

Sofia Gubaidúlina (n. 1931): The Lyre of Orpheus & Canticle of the Sun (Kremer) – Semana do Dia Internacional da Mulher

A profundidade destas obras… O quanto são intrigantes… Bem, solistas talentosos, o violinista Gidon Kremer e o violoncelista Nicolas Altstaedt, trazem à tona a alma musical única da russa Gubaidúlina. A Kremerata Baltica apoia com competência os dois músicos. Na minhs opinão, a peça principal do álbum é The Lyre of Orpheus, um tributo emocionante à memória da filha da compositora. Com lirismo despido e inspirado, o conjunto deslumbra com tons pulsantes. Sofia Gubaidúlina não designa nenhuma das peças desta gravação como concertos, embora apresentem um instrumento solo e um conjunto que o acompanha. Essa lógica é evidente na sonoridade da música, que integra organicamente os solistas em sua textura e estrutura. Gubaidúlina é inquestionavelmente uma modernista, mas também é uma mística, então sua música tende a transmitir uma busca pela transcendência. Ela escreveu The Lyre of Orpheus para violino, percussão e orquestra de cordas para Gidon Kremer e a Kremerata Baltica. Em suas notas sobre a peça, Gubaidúlina escreve de forma um tanto enigmática, mas a música em si brilha com doçura tímbrica e quase inevitavelmente convida o ouvinte a trazer à mente a pungência do mito de Orfeu. Ela não menciona isso nas notas, diz que escreveu a peça como um memorial para sua filha, o que certamente explica a intensa profundidade de sentimento da música. O Canticle of the Sun para violoncelo, coro de câmara, percussão e celesta foi dedicado a Mstislav Rostropovich, que o estreou em 1998. A orquestração cria uma atmosfera de mistério. A compositora quis homenagear a personalidade solar do violoncelista. O violoncelo faz ouvir todo o tipo de acordes no primeiro movimento e há um rugido de êxtase furioso no final do segundo movimento. A peça termina em tom maior, numa delicada filigrana. Nicolas Altstaedt apresenta uma performance convincente e o Coro de Câmara de Riga é fantástico. Adorei a primeira peça, mas a segunda me cansou um pouco. Talvez o problema seja eu, claro.

Sofia Gubaidúlina (n. 1931): Canticle of the Sun (Kremer)

01 – The Lyre of Orpheus (2006)

02 – The Canticle of the Sun (1997, rev. 1998): Glorification of the Creator, and His Creations – the Sun and the Moon
03 – The Canticle of the Sun (1997, rev. 1998): Glorification of the Creator, the Maker of the four elements: air, water, fire and earth
04 – The Canticle of the Sun (1997, rev. 1998): Glorification of life
05 – The Canticle of the Sun (1997, rev. 1998): Glorification of death

Musicians:
Gidon Kremer – violin (track 1)
Marta Sudraba – violoncello (track 1)
Kremerata Baltica – string orchestra (track 1)

Nicolas Altstaedt – violoncello (tracks 2-5)
Andrei Pushkarev – percussion (tracks 2-5)
Rihards Zajupe – percussion (tracks 2-5)
Rostislav Krimer – celesta (tracks 2-5)
Riga Chamber Choir, Conducted by Māris Sirmais (tracks 2-5)

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Sofia Gubaidúlina tentando exorcizar você, meu endemoniado leitor

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