G. F. Handel (1685-1759): Concerti Grossi, Op. 3 / Concerto Doppio (Silete Venti! Ensemble / Rovaris)

G. F. Handel (1685-1759): Concerti Grossi, Op. 3 / Concerto Doppio (Silete Venti! Ensemble / Rovaris)

Um excelente CD, muito bem interpretado, com perfeito senso de estilo. O Concerto Doppio para fagote e oboé — seja  autêntico ou não –, é absolutamente maravilhoso e esta é sua primeira gravação. Ele complementa perfeitamente e é um belo bônus para a gravação do merecidamente conhecido Op.3, que fazem lamentar que Handel não tenha deixado mais música para violoncelo. O desempenho do Silete Venti! em  todas as obras é enérgico e emocionante, no melhor estilo da música historicamente informada. A gravação é clara e equilibrada para que todos os instrumentos sejam ouvidos facilmente. Soa italiano? Claro! Bem, jamais esqueçam que Handel andou bastante pela Itália. Já ouviram as belíssimas Cantatas que estou linkando pra vocês aí? Ouçam!

G. F. Handel (1685-1759): Concerti Grossi, Op. 3 / Concerto Doppio (Silete Venti! Ensemble / Rovaris)

1 Concerto Doppio In Sol Minore Per Oboe E Fagotto – Adagio
2 Concerto Doppio In Sol Minore Per Oboe E Fagotto – Allegro
3 Concerto Doppio In Sol Minore Per Oboe E Fagotto – Adagio (Affettuoso)
4 Concerto Doppio In Sol Minore Per Oboe E Fagotto – Tempo Di Minuetto

5 Concerto Grosso Op.3 N.1 – Allegro
6 Concerto Grosso Op.3 N.1 – Largo
7 Concerto Grosso Op.3 N.1 – Allegro

8 Concerto Grosso Op.3 N.2 – Vivace
9 Concerto Grosso Op.3 N.2 – Largo
10 Concerto Grosso Op.3 N.2 – Allegro
11 Concerto Grosso Op.3 N.2 – Adagio
12 Concerto Grosso Op.3 N.2 – Allegro

13 Concerto Grosso Op.3 N.3 – Largo E Staccato
14 Concerto Grosso Op.3 N.3 – Allegro
15 Concerto Grosso Op.3 N.3 – Adagio
16 Concerto Grosso Op.3 N.3 – Allegro

17 Concerto Grosso Op.3 N.4 – Ouverture
18 Concerto Grosso Op.3 N.4 – Andante
19 Concerto Grosso Op.3 N.4 – Allegro
20 Concerto Grosso Op.3 N.4 – Minuetto

21 Concerto Grosso Op.3 N.5 – Ouverture
22 Concerto Grosso Op.3 N.5 – Fuga (Allegro)
23 Concerto Grosso Op.3 N.5 – Adagio
24 Concerto Grosso Op.3 N.5 – Allegro Ma Non Troppo
25 Concerto Grosso Op.3 N.5 – Allegro

26 Concerto Grosso Op.3 N.6 – Vivace
27 Concerto Grosso Op.3 N.6 – Cadenza
28 Concerto Grosso Op.3 N.6 – Allegro

Simone Toni, Oboe
Laurent Le Chenadec, Bassoon
Silete Venti!
dir. Corrado Rovaris

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Retrato de Händel durente sua temporada italiana

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Beethoven · Ravel · Bartók · Say: Violin Sonatas (Kopatchinskaja / Say)

Beethoven · Ravel · Bartók · Say: Violin Sonatas (Kopatchinskaja / Say)

Isto aqui está longe de ser apenas mais uma gravação da Sonata Kreutzer. Patricia Kopatchinskaja e Fazil Say compartilham uma abordagem radical, realizando cada nota da maneira mais vívida possível, deixando a suavidade em segundo plano. É inegavelmente emocionante, especialmente o primeiro movimento da Kreutzer, que, afinal, é bastante selvagem, mas mesmo aqui fiquei perturbado com a brevidade exagerada de muitas notas em staccato. Já o Bartók é uma mistura mais questionável, mas não podemos esquecer que a moça nasceu na Moldávia. E que Say é turco… No Ravel, ela(es) dá(ão) um banho. O espírito do movimento Blues é capturado totalmente, com alguns sons incomuns do piano e um toque violinístico espetacular. Não surpreende que a Sonata de Say também seja lindamente tocada. Escritos de forma imaginativa para os dois instrumentos e adotando um estilo direto e descomplicado, os cinco movimentos curtos traçam uma progressão da melancolia romântica para uma paisagem vazia e sombria. Ousado e altamente individual – este é um CD que vale a pena conhecer.

Beethoven · Ravel · Bartók · Say: Violin Sonatas (Kopatchinskaja / Say)

Violin Sonata No. 9 in A Major, Op. 47, “à Kreutzer”
Composed By – Ludwig van Beethoven
1 Adagio Sostenuto – Presto 10:15
2 Andante con Variazioni 13:17
3 Finale: Presto 6:29

Violin Sonata in G Major
Composed By – Maurice Ravel
4 Allegretto 8:19
5 Blues 6:17
6 Allegro – Perpetuum Mobile 3:41

Romanian Folk Dances Sz. 56
Composed By – Béla Bartók
Transcription By – Zoltàn Szèkely*
7 Allegro Moderato (Staff Dance from Voiniceni) 1:16
8 Allegro (Sash Dance from Egres) 0:31
9 Andante (Stamping Dance from Egres) 1:21
10 Molto Moderato (Dance from Bucium) 1:15
11 Allegro (Romanian Polka from Belenyes) 0:29
12 Allegro (Quick Dance from Belenyes & Nyegra) 0:54

Violin Sonata Opus 7
Composed By – Fazıl Say
13 I. Melancholy 3:21
14 II. Grotesque 2:07
15 III. Perpetuum Mobile 1:44
16 IV. Anonymous 3:09
17 V. Melancholy 3:07

Patricia Kopatchinskaja, violino
Fazil Say, piano

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Patricia Kopatchinskaja & Fazil Say: radicais

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Béla Bartók (1881-1945): Piano Concertos Nos. 1 & 2 – Two Portraits (Pollini, Mintz, Abbado, CSO, LSO)

Béla Bartók (1881-1945): Piano Concertos Nos. 1 & 2 – Two Portraits (Pollini, Mintz, Abbado, CSO, LSO)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Se há um disco que me formou como ouvinte, foi este. Quando adolescente, eu ouvia de tudo um pouco, com enorme ênfase em papai Bach. Porém, quando foi lançado este vinil (ver capa abaixo) com os dois primeiros Concertos para Piano de Béla Bartók, meu modo de ouvir música recebeu um alongamento digno de um espacato feito subitamente por um sedentário. E que foi muito prazeroso. A abordagem contundente de Maurizio Pollini funciona muito bem. Os músicos de Chicago circulam o pianista como uma gangue de rua empenhada em resolver seus problemas e a corrida sem fôlego do primeiro movimento é extraordinariamente emocionante. A valse macabra percussiva (meu termo, não de Bartok) que fica no coração do segundo movimento é hipnótica, de enorme tensão. Pollini é um dos meus pianistas vivos favoritos e há muitos aspectos impressionantes de sua performance, principalmente sua entrega incrivelmente hábil do Presto central do segundo movimento do Concerto Nº 2. Essas performances de concerto ganharam o prêmio The Gramophone’s Concerto em 1979, e não é difícil saber por quê.

Bartók escreveu esses dois concertos para ele mesmo tocar, ao contrário do terceiro, que escreveu como um legado para sua esposa quando soube que estava morrendo. Esses dois primeiros datam do apogeu de seu período mais dissonante e desafiador. O mais feroz dos dois é o primeiro. Nele, lembramos da observação do compositor “o piano é um instrumento de percussão” e há um uso implacável disso. A percussão orquestral também desempenha um papel importante, e Bartók fornece instruções meticulosas sobre como obter os sons que deseja. O segundo concerto pode parecer similar, mas não é. É igualmente dissonante, mas desta vez é mais brincalhão do que raivoso, embora brincalhão da maneira como um tigre pode ser. Sua estrutura é incomum. No primeiro movimento as cordas ficam completamente silenciosas. O piano toca quase o tempo todo e também tem uma grande cadência. O segundo movimento tem duas seções lentas encerrando um meio rápido. Nas seções lentas há um diálogo entre acordes serenos nas cordas e súplicas melancólicas do piano; o ouvinte se lembrará do movimento lento do quarto concerto para piano de Beethoven. A seção do meio é bem diferente: é um scherzo arisco, com um turbilhão de notas de piano apoiando interjeições semelhantes a Prokofiev das madeiras.

Pollini traz seu virtuosismo costumeiro para essas obras, deleitando-se com a dissonância e a energia delas. Abbado fornece suporte seguro, com a Orquestra Sinfônica de Chicago exibindo seus pontos fortes habituais nos sopros e metais. Em vez do terceiro concerto, temos os Two Portraits. Este é um trabalho inicial, que foi montado a partir de duas outras peças. O primeiro movimento é mais ou menos o primeiro movimento do descartado Primeiro Concerto para Violino de Bartók, cuja partitura ele deu ao seu amor da época, a violinista Stefi Geyer, mas que ela nunca tocou e que veio à tona somente após sua morte. O segundo movimento é uma orquestração da Bagatelle Op. 6 No 14. Ele também deu legendas aos dois movimentos: um ideal e um grotesco. O sonhador primeiro retrato é seguido por uma paródia irônica do mesmo.

Béla Bartók (1881-1945): Piano Concertos Nos. 1 & 2 – Two Portraits (Pollini, Mintz, Abbado, CSO, LSO)

Concerto For Piano And Orchestra No. 1
1 Allegro Moderato – Allegro
2 Andante – Allegro – Attacca
3 Allegro Molto

Concerto For Piano And Orchestra No. 2
4 Allegro
5 Adagio – Presto – Adagio
6 Allegro Molto – Presto

Two Portraits Op. 5
7 One Ideal
8 One Grotesque

Conductor – Claudio Abbado
Orchestra – The Chicago Symphony Orchestra (tracks: 1 to 6), The London Symphony Orchestra (tracks: 7, 8)
Piano – Maurizio Pollini (tracks: 1 to 6)
Violin – Shlomo Mintz (tracks: 7, 8)

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Bedřich Smetana (1824-1884): Peças para Piano (Čechová)

Bedřich Smetana (1824-1884): Peças para Piano (Čechová)

Este é um disco do romantismo do leste europeu do século XIX. Quem me contou isto foram meus ouvidos. E mais eles não disseram. Não identifico o que há de tcheco na música trazida pela extraordinária Jitka Čechová. Não sei se os temas vêm das danças do povo às margens do Moldava ou se vêm dos salões do império austro-húngaro. Só sei que o CD me agradou muito! E também que Smetana é considerado o pai da música escola musical tcheca, que Dvořák foi seu sucessor e que Smetana foi, juntamente com Beethoven e Fauré, um dos compositores que escreveram música em total surdez. Ah, e que morreu num manicômio, acometido de problemas neurológicos decorrentes de sífilis.

Bedřich Smetana (1824-1884): Peças para Piano (Čechová)

Dreams (Reves.Six morceaux caracteristiques)
1. Vanished Happiness (Le Bonheur eteint) [4:22]
2. Consolation (La consolation) [4:30]
3. In Bohemia (En Boheme) [4:55]
4. In the Saloon (Au salon) [4:00]
5. In front of the Castle (Pres du chateau) [5:33]
6. Harvest Festival (La fete des paysans bohemiens) [5:01]

Album Leaves (Stammbuchblätter)
7. in B flat major [1:29]
8. in B minor [0:57]
9. Toccatina in B flat major [1:46]
10. in G major [0:52]
11. in G minor [0:50]
12. in E flat minor [3:16]
13. in B flat minor [1:11]
14. Andante in E flat major [2:16]

Polkas
15. Polka in E major [2:50]
16. Polka G minor [5:16]
17. Polka in A major [5:19]
18. Polka in F minor [2:16]

Wedding Scenes´ (Hochzeitsszenen)
19. Wedding Procession (Tempo di marcia) (Der Hochzeitszuk) [3:13]
20. Bridegroom and Bride (Duo. Allegretto ma non troppo) (Das Brautpaar) [2:57]
21. Wedding Festivity – Dance (Allegro vivo) (Das Hochzeitsfest – Der Tanz) [5:27]

Jitka Čechová, piano

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Smetana

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Sibelius / Prokofiev / Glazunov: Concertos para Violino (Heifetz)

Sibelius / Prokofiev / Glazunov: Concertos para Violino (Heifetz)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Jascha Heifetz, alguma dúvida? Aqui ele toca o espetacular e ultra-solado Concerto de Sibelius, o bom Concerto de Prokofiev com seus esplêndidos segundo e terceiro movimentos e outro bem ruinzinho de Glazunov, autor cujo maior mérito foi o ter sido professor de Shostakovich, que não o suportava nem como compositor e muito menos como autor. BAITA DISCO!

Jean Sibelius (1865-1957)

Violin concerto in D minor, op. 47
Chicago Symphony Orchestra
Walter Hendl

Sergei Prokofiev (1891-1953)
Violin concerto No. 2 in G minor, op. 63
Boston Symphony Orchestra
Charles Munch

Alexander Glazunov (1865-1936)
Violin concerto in A minor, op. 82
RCA Victor Symphony Orchestra
Walter Hendl

Jascha Heifetz, violin

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Heifetz: esse tocava

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Serguei Prokofiev (1891-1953): Quartetos de Cordas Nº 1 e 2 / Sonata para 2 Violinos (Emerson)

Serguei Prokofiev (1891-1953): Quartetos de Cordas Nº 1 e 2 / Sonata para 2 Violinos (Emerson)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Prokofiev, com outros artistas soviéticos, foi evacuado das principais cidades quando os nazistas quebraram seu pacto de não agressão e invadiram a União Soviética em 1941. Em 8 de agosto de 1941, Prokofiev viajou para Nalchik com outros artistas, entre eles seu amigo Nikolai Myaskovsky, atores como a viúva de Anton Tchékhov e outros. Prokofiev ficou na cidade de Nalchik, na região de Kabardino-Balkar, no Cáucaso do Norte, cerca de 1.400 quilômetros ao sul de Moscou (próximo da fronteira com a Turquia e os mares Negro e Cáspio).

Durante esta estadia, Prokofiev foi instruído por um funcionário do governo a escrever um quarteto usando temas folclóricos de Kabardino-Balkar e escreveu este Quarteto de Cordas Nª 2, com temas baseados em melodias, ritmos e texturas folclóricas. O caráter da música folclórica é evidenciado pela imitação de instrumentos orientais dedilhados e de percussão, combinados com o uso engenhoso de efeitos sonoros. O acompanhamento de fundo no segundo movimento tenta imitar a execução de um instrumento de cordas do Cáucaso, o kjamantchi. Este Quarteto é belíssimo!

O Quarteto de Cordas Nº 1 foi encomendado pela Biblioteca do Congresso estadunidense. O Quarteto foi apresentado pela primeira vez em Washington em 25 de abril de 1931 pelo Quarteto Brosa e em Moscou em 9 de outubro de 1931 pelo Quarteto Roth.

A Sonata para Dois Violinos foi compostas em 1932 durante as férias perto de St. Tropez, Foi uma encomenda para concluir o concerto inaugural da Triton, uma sociedade sediada em Paris dedicada à apresentação da nova música de câmara. Esse concerto foi realizado em 16 de dezembro de 1932. No entanto, com a permissão do compositor, a sonata foi executada pela primeira vez três semanas antes em Moscou, em 27 de novembro de 1932. Baita música.

Este CD vale pelo Quarteto Nº 2 e pela Sonata.

Sergei Prokofiev (1891-1953) – String Quartet No. 1 in B minor, Op. 50, Sonata for 2 violins in C major, Op. 56 e String Quartet No. 2 in F major (‘Kabardinian’), Op. 92

String Quartet No. 1 in B minor, Op. 50
01. 1. Allegro
02. 2. Andante molto – Vivace
03. 3. Andante

Sonata for 2 violins in C major, Op. 56
04. 1. Andante cantabile
05. 2. Allegro
06. 3. Commodo (quasi Allegretto)
07. 4. Allegro con brio

String Quartet No. 2 in F major (‘Kabardinian’), Op. 92
08. 1. Allegro sostenuto
09. 2. Adagio
10. 3. Allegro – Andante molto – Quasi Allegro 1, ma non poco più tranquillo

Emerson String Quartet

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O Emerson tomando café na datchazinha da PQP Bach Corp, na beira do Mar Cáspio

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Franz Berwald (1796-1868): Sinfonie Sérieuse / Overtures / Tone Poems (Swedish Radio Symph Orch, Ehrling)

Este não é um grande disco. Ehrling e a Orquestra Sinfônica da Rádio da Suécia fazem um belo trabalho, o problema é o repertório apenas médio. Berwald tem excelentes obras, mas as quentes são as Sinfonias 3 e 4, o Septeto e o Concerto para Piano (aqui também temos as Sinfonias citadas em sua melhor versão), todos presentes no PQP Bach. Aliás, o maestro e pianista sueco Sixten Ehrling foi o grande divulgador de Berwald dentro e fora da Escandinávia. Foi por anos o regente titular da Royal Swedish Opera e da Detroit Symphony Orchestra, entre outras. Ehrling foi um dos últimos regentes a conhecer tanto Stravinsky quanto Sibelius pessoalmente. Imaginem que ele descobriu erros em suas partituras, que foram imediatamente corrigidos.

Franz Berwald (1796-1868): Sinfonie Sérieuse / Overtures / Tone Poems (Swedish Radio Symph Orch, Ehrling)

Symphony No. 1 In G Minor ‘Sinfonie Sérieuse’
1 I. Allegro Con Energia
2 II. Adagio Maestoso
3 III. Stretto
4 IV. Finale: Adagio – Allegro Molto – Un Poco Meno Allegro – [Allegro Molto] – Un Poco Meno Allegro – Tempo I [Allegro Molto] – Meno Allegro – [Allegro Molto]

5 Estrella de Soria: Overture

6 Bayaderen-Fest

7 Drottningen Av Golconda (The Queen Of Golconda): Overture

8 Erinnerung An Die Norwegischen Alpen (Memory Of The Norwegian Alps)

9 Elfenspiel

Swedish Radio Symphony Orchestra
Sixten Ehrling

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Sixten Ehrling (1918-2005)

PQP

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia Nº 9 (BPO, Rattle)

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia Nº 9 (BPO, Rattle)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Dizem por aí que Anton Bruckner tinha o ar tolo de uma criança grande. Não vou discutir, mas se você continuar achando que o homem não tem profundidade após ouvir esta Sinfonia, vai me deixar nervoso. A Nona de Bruckner tem três movimentos pelo simples fato do compositor ter morrido durante o desenvolvimento da obra. Esta gravação de Rattle e dos filarmônicos berlinenses traz o quarto movimento. É uma reconstrução de musicólogo, com todos aqueles riscos e abusos esperados. Na boa, a Nona é a minha sinfonia preferida de Bruckner, mas o quarto movimento não funcionou muito bem. Boa tentativa, meninos.

A gravação vale — E MUITO, DEMAIS MESMO — é pelo sublime Bruckner autêntico.

Anton Bruckner: Sinfonia Nº 9

1. Symphony No.9: I. Feierlich: Misterioso 23:58
2. Symphony No.9: II. Scherzo: Bewegt, lebhaft 10:56
3. Symphony No.9: III. Adagio: Langsam 24:33
4. Symphony No.9: IV. Finale: Misterioso, nicht schell 22:41

Orquestra Filarmônica de Berlim
Simon Rattle

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Anton Bruckner
Anton Bruckner: inteligência infantil? Arrã.

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Franz Berwald (1796-1868): Sinfonia Nº 3 “Singular”, Nº 4 “Naive” (Ehrling)

Franz Berwald (1796-1868): Sinfonia Nº 3 “Singular”, Nº 4 “Naive” (Ehrling)

Um dia, estava dirigindo para o trabalho e a Sinfonia Singular começou a tocar na rádio da UFRGS. Cheguei a meu destino ao final do primeiro movimento e não consegui sair de dentro do carro até o final. Eu simplesmente TINHA que saber o que era aquilo. Era 1989. Então, o locutor anunciou Franz Berwald? Berwald? Who the fuck is Berwald? Importei um vinil alemão e pude comprovar meu amor pela Sinfonia. Berwald eé uma raridade. Você conhece outro compositor sueco? São raros, né? Franz Adolf Berwald foi praticamente ignorado enquanto era vivo. Por isso, teve que procurar uma outra ocupação. Berwald trabalhou como cirurgião ortopédico, e posteriormente administrou uma serraria e uma fundição de vidro. Hoje, ele é considerado o compositor sueco mais importante de seu século. Em 1976, a nova sala de concertos da Sveriges Radio recebeu o nome de Berwaldhallen. Berwald morreu em Estocolmo em 1868 de pneumonia. O segundo movimento da Sinfonia Nº 1 foi tocado em seu funeral. Dez anos após a morte de Berwald, sua Sinfonia nº 4 em mi bemol maior, “Naïve”, foi estreada (a estreia originalmente planejada em 1848 em Paris foi cancelada por causa da agitação política da época). Essa lacuna entre a composição e a primeira execução foi relativamente curta, em comparação com o que aconteceu com a Sinfonia Nº 2 em ré maior, ” Capricieuse ” e a Sinfonia Nº 3 em dó maior, “Singulière”. Essas duas peças não foram estreadas somente em 1914 e 1905, respectivamente… Em 1866, Berwald recebeu a Ordem Sueca da Estrela Polar, em reconhecimento à sua música. No ano seguinte, o Conselho da Academia Real de Música nomeou Berwald professor de composição no Conservatório de Estocolmo, mas o Conselho da instituição reverteu a decisão alguns dias depois, nomeando outro. A família real interveio e Berwald conseguiu o cargo. Por volta desta época, ele também recebeu muitas encomendas importantes, mas não viveu para honrá-las todas.

Franz Berwald (1796-1868): Sinfonia Nº 3 “Singular”, Nº 4 “Naive” (Ehrling)

Sinfonie Nº 3, Singulière
1 Allegro Fuocoso 11:09
2 Adagio-Scherzo: Allegro Assai – Adagio 9:26
3 Presto 8:14

Symphony Nº 4 “Naive” In E Flat
4 Allegro Risoluto 8:51
5 Adagio-Scherzo: Allegro Molto 12:05
6 Allegro Vivace 6:29

Conductor – Sixten Ehrling
Orchestra – The London Symphony Orchestra

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Berwald: um topete em bronze

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Jean Sibelius (1865-1957): As Sinfonias Completas + Tapiola & 3 Late Fragments (Mäkelä / Oslo Philharmonic)

Jean Sibelius (1865-1957): As Sinfonias Completas + Tapiola & 3 Late Fragments (Mäkelä / Oslo Philharmonic)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Após quatro anos de busca, a Royal Concertgebouw Orchestra encontrou um novo maestro titular. Conforme anunciado no início da manhã durante uma conferência de imprensa, o escolhido foi o finlandês Klaus Mäkelä (26 anos!!!!), que iniciará o seu novo emprego em Amsterdam a partir de agosto de 2027, por um período de cinco anos. Até lá, ele atuará como consultor artístico do grupo holandês. Mäkelä, que se torna assim o sucessor de Daniele Gatti, estreou com a Concertgebouw Orchestra em 2020 e foi recebido com entusiasmo pelos seus membros, o que influenciou definitivamente a decisão final. Mais tarde, em novembro do ano passado, ele excursionou por Reykjavík e Hamburgo com ela. Até assumir oficialmente a direção da Orquestra Real do Concertgebouw, Mäkelä continuará a liderar os dois grupos que atualmente lidera: a Filarmônica de Oslo e a Orquestra de Paris (neste último, começou a exercer em 2021).

Eu ouvi estes CDs com as Sinfonias de Sibelius e o cara é um monstro mesmo. 26 anos…

René Denon completa, com muito maior brilhantismo e informações:

A gravação deste ciclo de Sinfonias de Jan Sibelius pela Oslo Philharmonic Orchestra, com a regência de seu novo diretor Klaus Mäkelä, estava prevista para ser realizada ao longo de concertos programados entre o outono (do hemisfério norte) de 2020 e a primavera (…) de 2021. Klaus Mäkelä (que nasceu em 1996) havia firmado um contrato exclusivo com o selo DECCA. Apenas mais dois regentes haviam tido tal relação com o selo antes. O último foi Riccardo Chailly, contratado em 1978.

Mas eis que as engrenagens do destino já estavam em movimento e… você sabe o que se abateu sobre o mundo em 2020. A gravação do ciclo então se deu em outras circunstâncias. A orquestra e seu jovem regente puderam imergir no ciclo em condições únicas, devido ao período de isolamento social a que todos nós tivemos que nos submeter.

A orquestra de Oslo não é de forma alguma inexperiente em relação às sinfonias de Sibelius. Quem não se recorda dos discos gravado por ela sob a regência do então também jovem regente que a elevou ao nível das grandes orquestras europeias, o saudoso Mariss Jansons? Como Mäkelä contou em sua entrevista à Gramaphone, esse compromisso focado nas partituras de Sibelius mudou a compreensão que a orquestra tinha delas. “Tocávamos, tocávamos e aí gravávamos”. “Isto nos permitiu ir mais fundo do que teríamos feito em uma situação normal”. Manter a distância de 1,5m entre os músicos também fez com que eles ouvissem uns aos outros mais acuradamente, disse o regente. “Era algo engraçado. As seções de gravação de Sibelius eram as únicas interações sociais que muitos de nós tínhamos, naquele período no qual tudo era proibido”.
Assim, senhores, este ciclo que nos chega ganha esse selo de unicidade, é ímpar devido ao momento em que foi elaborado. Há muitas novidades vindo aí pela batuta deste ainda muito jovem regente, assim como há outros ciclos de Sinfonias de Sibelius que os apreciadores de sua música irão buscar, mas este merece ser destacado por estas tão únicas circunstâncias.

Mette Henriette

Na programação da Oslo PO desta temporada de 2021/22, música de Saariaho, Richard Strauss (Zarathustra) e duas novas obras da saxofonista e compositora Mette Henriette, sem deixar de fora o santo padroeiro Sibelius – Lemminkäinen. Bach, Mozart, Walton, Mahler e Shostakovitch também fazem parte das programações. Portanto, reservem bom pedaço do HD para o que vem por aí e aproveite desde já estas sinfonias que dispomos. Eu começarei pela Segunda…

Here was something truly special: a conductor who revelled in freshly imagining each sound.
THE TIMES, sobre Klaus Mäkelä

Jean Sibelius (1865-1957): As Sinfonias Completas + Tapiola & 3 Late Fragments (Mäkelä / Oslo Philharmonic)

1. Symphony No. 1 in E Minor, Op. 39 – I. Andante, ma non troppo – Allegro energico
2. Symphony No. 1 in E Minor, Op. 39 – II. Andante (ma non troppo lento)
3. Symphony No. 1 in E Minor, Op. 39 – III. Scherzo. Allegro
4. Symphony No. 1 in E Minor, Op. 39 – IV. Finale. Quasi una fantasia

5. Symphony No. 2 in D Major, Op. 43 – I. Allegretto
6. Symphony No. 2 in D Major, Op. 43 – II. Tempo andante, ma rubato
7. Symphony No. 2 in D Major, Op. 43 – III. Vivacissimo
8. Symphony No. 2 in D Major, Op. 43 – IV. Finale. Allegro moderato

9. Symphony No. 3 in C Major, Op. 52 – I. Allegro moderato
10. Symphony No. 3 in C Major, Op. 52 – II. Andantino con moto, quasi allegretto
11. Symphony No. 3 in C Major, Op. 52 – III. Moderato – Allegro ma non tanto

12. Symphony No. 4 in A Minor, Op. 63 – I. Tempo molto moderato, quasi adagio
13. Symphony No. 4 in A Minor, Op. 63 – II. Allegro molto vivace
14. Symphony No. 4 in A Minor, Op. 63 – III. Il tempo largo
15. Symphony No. 4 in A Minor, Op. 63 – IV. Allegro

16. Symphony No. 5 in E-Flat Major, Op. 82 – I. Tempo molto moderato
17. Symphony No. 5 in E-Flat Major, Op. 82 – II. Andante mosso, quasi allegretto
18. Symphony No. 5 in E-Flat Major, Op. 82 – III. Allegro molto

19. Symphony No. 6 in D Minor, Op. 104 – I. Allegro molto moderato
20. Symphony No. 6 in D Minor, Op. 104 – II. Allegretto moderato
21. Symphony No. 6 in D Minor, Op. 104 – III. Poco vivace
22. Symphony No. 6 in D Minor, Op. 104 – IV. Allegro molto

23. Symphony No. 7 in C Major, Op. 105 – I. Adagio –
24. Symphony No. 7 in C Major, Op. 105 – II. Vivacissimo – Adagio –
25. Symphony No. 7 in C Major, Op. 105 – III. Allegro molto moderato –
26. Symphony No. 7 in C Major, Op. 105 – IV. Vivace – Presto – Adagio

27. Tapiola, Op. 112

28. 3 Late Fragments – I. HUL 1325 (Compl. Virtanen)
29. 3 Late Fragments – II. HUL 1326/9 (Compl. Virtanen)
30. 3 Late Fragments – III. Allegro moderato, HUL 1327/2 (Compl. Virtanen)

Oslo Philharmonic Orchestra
Klaus Mäkelä

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Carl Nielsen (1865-1931): Concertos para Flauta e Clarinete / Quinteto de Sopros (Meyer, Pahud, Berliner Philh., Rattle)

Carl Nielsen (1865-1931): Concertos para Flauta e Clarinete / Quinteto de Sopros (Meyer, Pahud, Berliner Philh., Rattle)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Difícil encontrar um CD melhor do que este. Falo sério. Esplêndidos solistas, repertório pouco usual e do mais alto nível, uma orquestra perfeita. Tudo ficou lindo. Sempre foi o sonho de Emmanuel Pahud — primeiro flautista da BPO — gravar o Concerto para Flauta de Nielsen. Sabine Meyer é também ex-membro da Filarmônica de Berlim e prima donna absoluta do clarinete em âmbito mundial. Ela foi a escolha natural para fazer parceria com Pahud no disco. O resultado, tanto nos Concerto como no espetacular Quinteto, é arrasador. Dito isto, você teria que ser louco para não reconhecer o alto padrão de realização deste disco. É ótimo ver essa música recebendo a atenção que merece fora da Escandinávia. Trata-se de uma bela coleção representativa do amor de Nielsen pela família dos sopros em contextos de câmara e orquestrais (de fato, há passagens no último movimento do quinteto que soam quase orquestrais). Aliás, o Quinteto é uma joia que conheci durante a adolescência, O Minueto, o Tema com Variações (e o resto) são excepcionais! Recomendadíssimo!

Carl Nielsen (1865-1931): Concertos para Flauta e Clarinete / Quinteto de Sopros (Meyer, Pahud, Berliner Philh., Rattle)

Flute Concerto FS119 (19:32)
1 Allegro Moderato 11:57
2 Allegretto-Adagio Ma Non Troppo- Allegretto- Tempo Di Marcia 7:35

Clarinet Concerto Op.57 FS129 (23:29)
3 Allegretto Un Poco 7:45
4 Poco Adagio 5:01
5 Allegro Non Troppo 6:39
6 Allegro Vivace 4:03

Wind Quintet Op.43 FS100 (26:01)
7 Allegro Ben Moderato 8:34
8 Menuet 4:51
9 Praeludium: Adagio 2:14
10 Tema Con Variazoni: Un Poco Andantino 10:21

Bassoon – Stefan Schweigert (tracks: 7 to 10)
Clarinet – Sabine Meyer (tracks: 3 to 10)
Conductor – Sir Simon Rattle (tracks: 1 to 6)
Cor Anglais – Jonathan Kelly (3) (tracks: 7 to 10)
Flute – Emmanuel Pahud (tracks: 1, 2, 7 to 10)
French Horn – Radek Baborák (tracks: 7 to 10)
Oboe – Jonathan Kelly (3) (tracks: 7 to 10)
Orchestra – Berliner Philharmoniker (tracks: 1 to 6)

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Abaixo, uma sessão de fotos de Carl Nielsen. Não sei de sua circunstância, mas gosto de pensar que haveria alguma relação com sua Sinfonia The Four Temperaments. Sei lá, deve ser imaginação minha. Descubram.

 

PQP

.: interlúdio :. Keith Jarrett – Mysteries / Shades {Remaster 2011}

.: interlúdio :. Keith Jarrett – Mysteries / Shades {Remaster 2011}

Ótimo e quase esquecido material da Impulse Records. São 2 LPs de Keith Jarrett transformados em um CD. A gente esquece deles porque a maioria das pessoas se concentra nas gravações de Jarrett para a ECM. Mysteries é um trabalho sombrio e melancólico de Keith Jarrett – um álbum que se baseia fortemente em seu sentimento de conjunto dos anos Impulse, mas que também parece carregar um pouco da vibração introspectiva que ele estava construindo em algumas de suas gravações solo mais despojadas. O grupo é ótimo aqui – com Dewey Redman, Charlie Haden, Paul Motian e Guilhermo Franco – e as músicas, embora longas e um tanto livres, ainda mostram o ótimo ouvido de Jarrett para uma melodia lírica – levada maravilhosamente sem clichês, e ainda com arestas mais afiadas do que você poderia esperar. Os títulos incluem “Rotation”, “Everything That Lives Laments”, “Flame” e “Mysteries”. Mas eu prefiro mil vezes Shades, que é outra joia perdida do período — uma sessão em quinteto de meados dos anos 70, gravada com o mesmo grupo. Há aqui uma boa sensação de descanso. Shades Of Jazz, Southern Smiles e Diatribe são extraordinárias! Ou seja, quase todo o LP.

Keith Jarrett – Mysteries / Shades {Remaster 2011}

tracklist:

Mysteries
01. Rotation
02. Everything That Lives Laments
03. Flame
04. Mysteries

Shades
05. Shades Of Jazz
06. Southern Smiles
07. Rose Petals
08. Diatribe

Personnel:
Keith Jarrett – piano, Pakistani flute, wood drums, percussion
Dewey Redman – tenor saxophone, maracas, tambourine, Chinese musette
Charlie Haden – bass
Paul Motian – drums, percussion
Guilherme Franco – percussion

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Keith Jarret na primeira metade dos anos 70, decidindo se vai mesmo para a ECM

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975) & Lera Auerbach (1973): Música para Violino e Piano (Gluzman / Yoffe)

Dmitri Shostakovich (1906-1975) & Lera Auerbach (1973): Música para Violino e Piano (Gluzman / Yoffe)

Vadim Gluzman e Angela Yoffe são marido e mulher que se entendem. Eles nos dão uma poderosa versão da Sonata de Shostakovich de 1968. Esta performance atende à quaisquer exigências, com o Allegretto central projetando uma atmosfera de estimulante ferocidade. A Jazz Suite No 1 de 1934 leva a um Shostakovich muito diferente: o humor pode ser sarcástico, mas o clima é alegre e otimista. A Sonata de Auerbach, sua resposta aos eventos de 11 de setembro, tem gestos largos e até melodramáticos. É uma peça bem feita, imaginativamente moldada para os dois instrumentos e com alguns momentos lindos e inspiradores.

Dmitri Shostakovich (1906-1975) & Lera Auerbach (1973): Música para Violino e Piano (Gluzman / Yoffe)

Shosta:
Sonata For Violin And Piano, Op. 134 (1968)
1 I. Andante 11:05
2 II. Allegretto 6:51
3 III. Largo – Andante 14:30

Jazz Suite No. 1 For Violin And Piano (1934/2005)
4 I. Waltz 2:26
5 II. Polka 1:42
6 III. Foxtrot 3:45

Auerbach:
Lonely Suite (Ballet For A Lonely Violinist), Op. 70 (2002)
7 I. Dancing With Oneself. Andante 2:09
8 II. Boredom. Moderato 1:15
9 III. Nos Escape. Allegro 1:23
10 IV. Imaginary Dialogue. Andantino 3:12
11 V. Worrisome Thought. Moderato 1:05
12 VI. Question. [Ad Lib.] 0:56

13 Sonata No.2 For Violin And Piano (September 11), Op. 63 (2001) [In One Movement] 14:39

Vadim Gluzman, violino
Angela Yoffe, piano

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Lera Auerbach escrevendo uma cartinha para René Denon. “Ouça minha música, Rê”, pede ela.

PQP

Boris Tishchenko (1939-2010): Sinfonia Nº 7 (Yablonsky / Moscow Philharmonic)

Boris Tishchenko (1939-2010): Sinfonia Nº 7 (Yablonsky / Moscow Philharmonic)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

(impossível ouvir o segundo e o quinto movimentos sem sorrir)

Boris Tishchenko morreu recentemente (2010). Conhecido e respeitado na Rússia, mas basicamente desconhecido no resto do mundo. Ele foi muito requisitado no ocidente para falar sobre seu mestre Dmitri Shostakovich, com que teve uma relação pai-filho. Além disso, a música de Boris Tishchenko não soa muito distante do mundo shostakovichiano: som tonal, militarizado e muitas vezes prolixo. Numa audição superficial, a música de Boris Tishchenko não atrai. Talvez por isso, no primeiro momento, não concentrei toda minha atenção em sua música, ouvia as suas imensas sinfonias enquanto lia algum livro. Hábito que não costumo ter. Mas, de repente, um milagre aconteceu.

Eu era um leitor voraz de romances, prática que ultimamente não me agrada tanto. Talvez pelo fato de ficar muito mais impressionado com a realidade das biografias e dos livros de história. Mas claro que quando eu me pergunto “por que este homem fez isso?”, a chave quase sempre é dada por um bom romancista. Por isso a leitura de Berlin Alexanderplatz de Doblin era crucial para entender o homem alemão dos anos 1920. Claro que o livro é muito mais que isso, mas não vou seguir adiante em questões literárias…Minha principal surpresa, além de vivenciar os descaminhos da personagem principal, foi ter conhecido a sinfonia n.7 de Boris Tishchenko enquanto lia esse livro. Essa sinfonia é a trilha sonora perfeita, pois todo o ambiente, personagens e fatos narrados no livro ganharam muito mais viço. Minha recomendação é que todos pudessem vivenciar esta experiência emocionante, mas é óbvio que a música sobrevive sem o livro.

Boris Tishchenko (1939-2010): Sinfonia 7 (Yablonsky / Moscow Philharmonic)

1. Symphony No. 7, Op. 119: Movement I
2. Symphony No. 7, Op. 119: Movement II
3. Symphony No. 7, Op. 119: Movement III
4. Symphony No. 7, Op. 119: Movement IV
5. Symphony No. 7, Op. 119: Movement V

Moscow Philharmonic Orchestra
Conduzido por Dmitry Yablonsky

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Boris Tishchenko: sexy sem ser vulgar.

cdf

Janacek (1854-1928), Haas (1899-1944), Szymanowski (1882-1937): Quartetos de Cordas arranjados para Orquestra de Câmara (Australian Chamber Orch / Tognetti)

Janacek (1854-1928), Haas (1899-1944), Szymanowski (1882-1937): Quartetos de Cordas arranjados para Orquestra de Câmara (Australian Chamber Orch / Tognetti)

O que liga Tolstói, Beethoven, um violinista virtuoso e uma mulher checa jovem, linda e casada? Ora, a inspiração para os quartetos de cordas do idoso Janacek. Este é um bonito disco do pessoal da Australian Chamber Orchestra. Tenho especialíssima predileção pelo Quarteto Nº 1 de Janacek e o arranjo para orquestra de câmara me satisfaz inteiramente. Menos conhecido, o Sr. Pavel Haas apresenta excelente e nada tímida música. Haas foi assassinado durante o Holocausto judeu da Segunda Guerra. E daí chega Szymanowski com, na minha humilde opinião, a peça mais fraca do disco. Ou será que a expressividade extrema de Janacek e Haas não teriam me preparado para a classe de mestre Szy, a qual normalmente aprecio? Fica a pergunta.

String Quartets arranged for String Orchestra

Leos Janacek (1854-1928)
String Quartet No. 1 ‘Kreutzer Sonata’ 19:19
1 I Adagio 4:07
2 II Con moto 4:36
3 III Con moto 4:34
4 IV Adagio con moto 5:49

Pavel Haas (1899-1944)
String Quartet No. 2, Op. 7 ‘From the Monkey Mountains’ 32:48
5 I Landscape 10:19
6 II Cart, Driver and Horse 4:53
7 III The Moon and I 8:50
8 IV A Wild Night 8:29

Karol Maciej Szymanowski (1882-1937)
String Quartet No. 2, Op. 56 19:17
9 I Moderato, dolce e tranquillo 8:27
10 II Vivace, scherzando 4:54
11 III Lento 5:48

Australian Chamber Orchestra
Richard Tognetti

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Olha aí o pessoal da Australian Chamber Orchestra
Olha aí o pessoal da Australian Chamber Orchestra

PQP

Johannes Brahms (1833-1897) e Carl Maria von Weber (1786-1826): Clarinet Quintets

Johannes Brahms (1833-1897) e Carl Maria von Weber (1786-1826): Clarinet Quintets


IM-PER-DÍ-VEL !!!

Uma das maiores obras de câmara compostas por um dos maiores compositores de música de câmara de todos os tempos, o Quinteto para Clarinete de Brahms é uma obra que tem repercussão inclusive na literatura brasileira. A autobiografia de Erico Verissimo chama-se Solo de Clarineta por quê? Bem, é óbvio.

A versão de Richard Stoltzman e do Tokyo String Quartet não é para puristas, mas deve ser conhecida, principalmente para quem desconhece esta peça de Brahms.

Weber? Weber era um bom restaurante ao qual minha família costumava ir em Tramandaí nos anos 60 e 70. Minhas papilas gustativas ainda sentem saudades da casquinha de siri perfeita dos caras. (Tá bom, o jocoso minueto do Quinteto do Weber é irresistível…)

Johannes Brahms – Clarinet Quintet in B minor, Op. 115 

1 Allegro
2 Adagio
3 Andantino… Presto non assai, ma con sentimento
4 Con moto

Carl Maria von Weber – Quintet for clarinet & strings in B flat major, J. 182 (Op. 34)
5 No. 1, Allegro
6 No. 2, Fantasia. Adagio
7 No. 3, Menuetto
8 No. 4, Rondo. Allegro giojoso

Richard Stoltzman
Tokyo String Quartet

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Richard Stoltzman: boa abordagem a Brahms
Richard Stoltzman: boa abordagem a Brahms

PQP

Georg Muffat (1653-1704): Armonico tributo (1682)

Georg Muffat (1653-1704): Armonico tributo (1682)

Muitas vezes fico pensando no tamanho da música barroca. É algo verdadeiramente interminável. Este Armonico tributo, desconhecido para mim até dez dias atrás não é algo absolutamente necessário a sua cedeteca, mas em hipótese alguma são obras de desprezíveis ou esquecíveis. A gravadora deste excelente registro deve ter falido, pois, mesmo o disco sendo novo, de 2005, a Amazon já acusa que sua produção foi descontinuada. Uma pena, é um belíssimo e super-informativo CD.

Georg Muffat nasceu na França em 1653. Foi organista em Estrasburgo, depois em Salzburgo e mestre de capela em Passau. Deixou suítes para orquestra, sonatas, concerti grossi e peças para órgão.

Muffat – Armonico tributo (1682)

Sonata I 13’28”

1 Grave
2 Allegro e presto
3 Allemanda Grave e forte
4 Grave
5 Gavotta Allegro e forte
6 Grave
7 Menuet Allegro e forte

Sonata II 13’50”

8 Grave
9 Allegro
10 Grave
11 Forte e allegro
12 Aria
13 Grave
14 Sarabanda Grave
15 Grave
16 Borea Alla breve

Sonata III 8’35”

17 Grave
18 Allegro
19 Corrente
20 Adagio
21 Gavotta
22 Rondeau

Sonata IV 8’43”

23 Grave
24 Balletto
25 Adagio
26 Menuet
27 Adagio
28 Aria Presto

Sonata V 21’31”

29 Allemanda Grave
30 Adagio
31 Fuga
32 Adagio
33 Passacaglia Grave

TEMPO TOTALE 66’35”

Ars Antiqua Austria, dir. Gunar Letzbor
violini: Gunar Letzbor, Ilia Korol
viole: Peter Aigner, Susanna Haslinger
viola da gamba, violoncello: Claire Pottinger-Schmidt
arciliuto: Luciano Contini
clavicembalo, organo: Norbert Zeilberger

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Muffatão
Muffatão

PQP

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonias Nº 5, 7, 8 e 9 (4 CDs) (Van Beinum)

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonias Nº 5, 7, 8 e 9 (4 CDs) (Van Beinum)

Recadinho de PQP: esta é uma gravação dos nos 40 e 50. O som não é aquilo tudo.

É curioso este fato, mas ouvir Bruckner é ser remetido a galáxias luminosas e de profundo recolhimento. Nunca ouvi música tão luminosa, tão repleta por sensos de devoção elevante. A consequência da relação com a música de Bruckner nos engravida de um idealismo espiritualizante. Sentimo-nos nas altas montanhas, verdadeiros monges; um anacoreta, fugitivo dos mundos mesquinhos. Isso é tão bom que chega a nos fazer mal! É esse paradoxo que cria, em muitos casos, simpatias e antipatias pela música do compositor austríaco. Já fui bastante contestador da música desse seguidor de Wagner, mas aos poucos aprendi a reverenciá-lo. Suas sinfonias são tratados gigantes, serpentes com corpos elásticos, que se estendem por galáxias e galáxias. Essas sinfonias podem nos conduzir a mundos magicizantes ou nos esmagar por completo. Tudo depende da relação que estabelecemos com elas. Já tive os ossos esmagados uma porção de vezes, mas aprendi a me deixar levar por elas, nesse balanço, nessa viagem prolixa, que se repete, que se replica, que se repisa e nos mostra abismos, céus, paraísos, zonas escuras. É preciso aprender a ouvir Bruckner para poder suportar Bruckner. Resolvi postar estes quatro CDs como um convite ao aprendizando. As sinfonias aqui apresentadas são hinos a cultos e reverências sacralizantes. Van Beinum é o sacerdote que realiza liturgia. Bruckner é o querubim que nos faz viajar e conhecer o eterno, o puro, o santo. Uma boa apreciação!

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonias Nº 5, 7, 8 e 9 (4 CDs) (Van Beinum)

DISCO 01

Symphony No. 5 in B flat,, WAB 105
01. 1. Introduction: Adagio – Allegro
02. 2. Sehr langsam
03. 3. Scherzo: Molto vivace – Trio
04. 4. Finale: Adagio – Allegro molto

DISCO 02

Sinfonia No. 7 em Mi Maior
01. I. Allegro moderato
02. II. Adagio (Sehr feierlich und sehr langsam)
03. III. Scherzo (Sehr schnell) & Trio (Etwas lang
04. IV. Finale (Bewegt, doch nicht zu schnell)

DISCO 03

Symphony No. 8 in C minor, WAB 108
01. I. Allegro moderato
02. II. Scherzo. Allegro moderato
03. III. Adagio. Feierlich langsam_ doch nicht schleppend
04. IV. Finale. Feierlich, nicht schnell

DISCO 04

Sinfonia No. 9 em Ré menor
01. I. Feierlich, Misterioso
02. II. Scherzo. Bewegt, lebhaft – Trio. Schnell
03. III. Adagio. Langsam, Feierlich

Royal Concertgebouw Orchestra
Eduard van Beinum, regente

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Eduard van Beinum (1901-1959) estudando Bruckner.

Carlinus

W.A. Mozart (1756-1791): Trabalhos para Clavicórdio, Árias, Exsultate Jubilate, Missa K.427 e Réquiem…

W.A. Mozart (1756-1791): Trabalhos para Clavicórdio, Árias, Exsultate Jubilate, Missa K.427 e Réquiem…

… tudo com Christopher Hogwood — como intérprete e regente — em 5 esplêndidos CDs.

Ninguém reclamou da minha ausência, mas também ninguém reclamará do retorno porque chego torpedeando com uma postagem de indiscutível qualidade.

De resto, adeus, Dunga.

The Secret Mozart: Works for Clavichord

1. Allegro in G minor, K. 312 8:21

2. Andante & 5 Variations in G, K. 501: Andante (Thema) 1:20
3. Andante & 5 Variations in G, K. 501: Var. 1 1:18
4. Andante & 5 Variations in G, K. 501: Var. 2 1:14
5. Andante & 5 Variations in G, K. 501: Var. 3 1:15
6. Andante & 5 Variations in G, K. 501: Var. 4 (minore) 1:30
7. Andante & 5 Variations in G, K. 501: Var. 5 (maggiore) 2:19

8. Minuetto in D, K. 355/Trio da M. Stadler: Minuetto 3:07
9. Minuetto in D, K. 355/Trio da M. Stadler: Trio & Minuetto reprise 4:05

10. Marche funebre, K. 453a 2:14

11. Andantino, K. 236 1:41
12. Klavierstück in F, K. 33b 0:57

13. Adagio for Glass Harmonica, K. 356 2:51

14. Laßt uns mit geschlungen Händen K. 623 1:32

15. Rondo in F, K. 494 6:29

16. Theme & 2 Variations in A, K. 460: Theme 1:13
17. Theme & 2 Variations in A, K. 460: Var. 1 1:18
18. Theme & 2 Variations in A, K. 460: Var. 2 1:24

19. Fantasia in D minor, K. 397 5:18

20. Sonata in D, K. 381: I. Allegro 5:35
21. Sonata in D, K. 381: II. Andante 7:35
22. Sonata in D, K. 381: III. Allegro molto 4:21

23. Fantasia in D minor, K.397 (with coda) 5:44

Christopher Hogwood, clavicórdio

Mozart Arias

1. Mozart – Aer tranquillo e di sereni KV208 6:16
2. Mozart – L’amero saro costante KV208 6:08
3. Mozart – Voi avete un cor fedele KV217 6:21
4. Mozart – Ah lo previdi! KV272 11:24
5. Mozart – Ruhe sanht, mein holdes leben KV344 5:29
6. Mozart – Trostlos schluchzet Philomele KV344 5:27
7. Mozart – Nehmt meinen dank, ihr holden Gonner KV383 3:39
8. Mozart – Ch’io mi scordi di te KV505 10:18

Emma Kirkby (soprano)
Academy of Ancient Music
Christopher Hogwood (cond)

Mozart: Exsultate Jubilate; Motets

1. Exsultate,Jjubilate, K.165 – 1. Exsultate, Jubilate 4:38
2. Exsultate, Jubilate, K.165 – Tandem Advenit Hora 0:47
3. Exsultate, Jubilate, K.165 – 3. Tu Virginum Corona 5:35
4. Exsultate, Jubilate, K.165 – 4. Alleluia 2:29

5. Regina Coeli In C, K.108 13:37

6. Ergo Interest… Quaere Superna, K.143 5:20

7. Regina Coeli In B Flat, K.127 14:47

Emma Kirkby, soprano
Academy of Ancient Music
Westminster Cathedral Boys Choir
Christopher Hogwood

Mozart – Great Mass in C Minor K. 427

1. Mass in C minor, K.427 “Grosse Messe” Kyrie 6:59
2. Mass in C minor, K.427 “Grosse Messe” – Gloria 2:21
3. Mass in C minor, K.427 “Grosse Messe” Laudamus Te 4:39
4. Mass in C minor, K.427 “Grosse Messe” Gratias 1:13
5. Mass in C minor, K.427 “Grosse Messe” Domine 2:42
6. Mass in C minor, K.427 “Grosse Messe” Qui tollis 4:50
7. Mass in C minor, K.427 “Grosse Messe” Quonium 3:48
8. Mass in C minor, K.427 “Grosse Messe” Jesu Christe-Cum Sancto 4:26
9. Mass in C minor, K.427 “Grosse Messe” Credo 3:05
10. Mass in C minor, K.427 “Grosse Messe” – Et incarnus est 7:44
11. Mass in C minor, K.427 “Grosse Messe” Sanctus 3:43
12. Mass in C minor, K.427 “Grosse Messe” Benedictus 5:51

Arleen Auger
Lynne Dawson
David Thomas
John Mark Ainsley
The Academy of Ancient Music
Winchester Cathedral Choir
Christopher Hogwood

Mozart – Requiem

1. Requiem in D minor, K.626 – Introitus, Requiem aeternum 5:09
2. Requiem in D minor, K.626 – Kyrie eleison 2:31
3. Requiem in D minor, K.626 – Dies Irae 1:52
4. Requiem in D minor, K.626 – Tuba mirum 3:52
5. Requiem in D minor, K.626 – Rex tremendae majestatis 1:57
6. Requiem in D minor, K.626 – Recordare, Jesu pie 6:10
7. Requiem in D minor, K.626 – Confutatis maledictis 2:23
8. Requiem in D minor, K.626 – Lacrymosa dies illa 2:17
9. Requiem in D minor, K.626 – Amen 1:32
10. Requiem in D minor, K.626 – Domine Jesu Christe 3:39
11. Requiem in D minor, K.626 – Versus: Hostias et preces 3:47
12. Requiem in D minor, K.626 – Agnus Dei 2:38
13. Requiem in D minor, K.626 – Communio. Lux aeterna – Cum sanctis tuis 5:39

Emma Kirkby
Carolyn Watkinson
David ThomasAnthony Rolfe Johnson
The Academy of Ancient Music
Westminster Cathedral Choir
Christopher Hogwood

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O tempo passa pra todo mundo, né, Chris?
O tempo passa pra todo mundo, né, Chris?

PQP

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sinfonia No. 9 em Ré menor, Op. 125 – "Coral" (Furtwängler)

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sinfonia No. 9 em Ré menor, Op. 125 – "Coral" (Furtwängler)

Não reclamem se insisto com mais uma gravação de Beethoven (e se reclamarem, não estarei nem aí). E no mais, não se trata de qualquer documento. É uma gravação de peso. Daquelas que dispensam comentários, simplesmente, pela relevância histórica que evoca. Furtwängler e Beethoven, uma combinação que deu certo, chegou a moldes de perfeição. Wilhelm Furtwängler nasceu em Berlim, no ano de 1886. Desde muito cedo estabeleceu uma relação de muita intimidade com a música. Aos 20 anos, já possuía várias peças compostas. Alguns estudiosos da vida do regente afirmam que Furtwängler tornou-se condutor com o escopo de executar suas próprias músicas. O  regente criou peças de certa relevância. Destaca-se a Sinfonia No. 2, composta nos momentos mais quentes da Segunda Grande Guerra. Inclusive, já subi o arquivo para postar por esses dias. A peça é regida pelo próprio Furtwängler. Os fatos mais discutíveis acerca da vida de Furtwängler transladam em torno da sua suposta relação com o nazismo. Segundo Alex Ross, Hitler tinha Furtwängler como o seu regente favorito. Várias foram as vezes que o líder supremo do Terceiro Reich compareceu aos ensaios da Filarmônica de Berlim para ver o regente em ação. Por exemplo, em 1938 Furtwängler foi diretor para os concertos da Juventude Hitlerista, conduzindo Os Mestres Cantores de Nurenberg, de Wagner, o compositor preferido de Adolf Hitler. O regente era imbatível conduzindo Beethoven, Brahms, Bruckner e Wagner. Com a derrocada do nazismo não ficou provada a sua relação de aprovação para com as sandices de Hitler. Talvez tenha sido coagido pelas circunstâncias assim como se deu com Richard Strauss. Com relação à gravação que ora posto, acredito que tenha sido uma das maiores que já ouvi da Nona Sinfonia. Por isso, não deixe de ouvir! Boa apreciação incontida!

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sinfonia No. 9 em Ré menor, Op. 125 – “Coral”

01. Furtwangler parle de la Newvieme Symphonie
02. Allegro ma non troppo, un poco maestoso
03. Molto vivace
04. Adagio molto e cantabile
05. Presto
06. Allegro assai
07. Allegro assai vivace
08. Andante maestoso – allegro energico – prestissimo

*Gravado em 1954 no Festival de Lucerne

Philharmonia Orchestra
Wilhelm Furtwängler, regente
Elisabeth Schwarzkopf, soprano
Elsa Cavelti, contralto
Ernst Häfliger, tenor
Otto Edelmann, baixo

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Wilhelm Furtwängler desesperado com as violas

Carlinus

Arvo Pärt (1935): Passio Domini Nostri Jesu Christi Secundum Joannem (The Hilliard Ensemble)

Arvo Pärt (1935): Passio Domini Nostri Jesu Christi Secundum Joannem (The Hilliard Ensemble)

O Hilliard Ensemble apresenta solenemente a que deve ser a Paixão mais sombria e ritualística composta desde Heinrich Schutz em meados do século XVII. Arvo Pärt selecionou o estilo musical mais severo, distante e econômico para esta Paixão segundo São João. Mais um ato litúrgico do que uma peça de concerto, não faz nenhuma concessão às convenções modernas. Teimosamente repetitiva e monocromática, deliberadamente antidramático e neutra, alcança seu efeito extraordinário e nobre através dos meios mais simples: recitativos, refrões e um pequeno conjunto instrumental. A obra tem 70 minutos sem interrupções, fato enfatizado pelos engenheiros da ECM.

Arvo Pärt (1935): Passio Domini Nostri Jesu Christi Secundum Joannem (The Hilliard Ensemble)

1 Passio Domini Nostri Jesu Christi Secundum Joannem (1982) 1:10:52

Baritone Vocals [Evangelist Quartet] – Gordon Jones (2)
Bass Vocals [Jesus] – Michael George (3)
Bassoon – Catherine Duckett
Cello – Elisabeth Wilson (2)
Choir – The Western Wind Chamber Choir
Conductor – Paul Hillier
Countertenor Vocals [Evangelist Quartet] – David James (13)
Ensemble – Evangelist Quartet, The Hilliard Ensemble
Oboe – Melinda Maxwell
Organ – Christopher Bowers-Broadbent
Soprano Vocals [Evangelist Quartet] – Lynne Dawson
Tenor Vocals [Evangelist Quartet] – Rogers Covey-Crump
Tenor Vocals [Pilate] – John Potter (2)
Violin – Elizabeth Layton

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Arvo Pärt em visita à sede Rolling Estoniana da PQP Bach Corp.

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Dmitri Shostakovich (1906-1975): As Sinfonias Completas (Prague Symphony Orchestra, Maxím Shostakovich)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): As Sinfonias Completas (Prague Symphony Orchestra, Maxím Shostakovich)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Eu sempre admirei muito a versão em vinil que tenho da Sinfonia Nº 15 de Shostakovich regida por seu filho Maxím (1938) em 1972. É uma gravação da Melodiya com a Orquestra Sinfônica da Rádio de Moscou. Adoro aquele LP.

A ele, Maxím, foi dedicado o Concerto Nº 2 para Piano e Orquestra. Ele foi o solista na estreia da peça do pai. Conhecido por muitas obras dramáticas compostas à sombra de Stalin e outros líderes soviéticos, Dmitri mostrou um lado diferente – cheio de humor e carinho – neste lindo Concerto para Piano. Maxím estreou a peça em sua formatura no Conservatório de Moscou em maio de 1957. Questões de afeto.

Depois, o pianista Maxim transformou-se num renomado maestro, tendo gravado, com a maravilhosa Orquestra Sinfônica de Praga, a integral das sinfonias do pai. Ignoro se o segundo filho de Dmitri e Nina Varzar ainda está ativo aos 84 anos, mas sei que está vivo e que trabalhou muito em São Petersburgo e nos EUA. Foi regente titular da Sinfônica de New Orleans, assim como artista condecorado na URSS. Esta gravação é de 2006, para a Supraphon da República Tcheca, em homenagem aos 100 anos de nascimento de papai Shosta. Em 2013, vi esta orquestra em ação interpretando Dvořák e Prokofiev no Rudolfinum de Praga, onde arrancaram compulsoriamente meu casaco e o de minha filha antes de entrarmos na sala. Para os tchecos, entrar de casaco na maravilhosa sala calafetada de concertos da cidade é uma completa heresia. A orquestra, garanto-lhes, é fantástica e não nos decepciona. Mas voltando a nosso assunto, Maxím é seguro e conhece como poucos a obra orquestral de papai.

A maioria das sinfonias foi gravada como se deve, ao vivo, e tanto as versões ao vivo quanto as de estúdio têm alta qualidade sonora. Aliás, as ao vivo são melhores. Maxim vai muito bem nos extremos — nos movimentos lentos e na pauleira — e o sotaque diferente da orquestra e do regente dão um colorido especial à coleção. Eu gostei muito de passar 10 dias com os 10 CDs dos Shostakovich nos ouvidos. Gravação altamente recomendada.

Maxim com seu pai.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): As Sinfonias Completas (Prague Symphony Orchestra, Maxim Shostakovich)

Sinfonia Nº 1 F Moll
1-1 Allegretto 8:21
1-2 Allegro 4:40
1-3 Lento 9:36
1-4 Allegro Molto 9:56

Sinfonia Nº 12 D Moll “Rok 1917”
1-5 Revoluční Petrohrad. Moderato. Allegro 13:39
1-6 Razliv. Allegro. Adagio 11:47
1-7 Aurora. L’istesso Tempo. Allegro 4:38
1-8 Úsvit člověčenstva. L’istesso Tempo 10:58

2-1 Sinfonia Nº 2 H Dur “Věnováno Říjnu” Pro Sbor A Orchestr 18:25

Sinfonia Nº 10 E Moll
2-2 Moderato 24:26
2-3 Allegro 4:18
2-4 Allegretto 12:28
2-5 Andante. Allegro 12:33

3-1 Sinfonia Nº 3 Es Dur “Prvomájová” Pro Sbor A Orchestr 29:19

Sinfonia Nº 14 Pro Soprán, Bas A Komorní Orchestr
3-2 De Profundis 4:31
3-3 Malagueňa 3:03
3-4 Lorelei 8:47
3-5 Sebevrah 7:02
3-6 Ve Střehu 3:07
3-7 Madam, Pohleďte! 1:54
3-8 Ve Vězení la Santé 8:43
3-9 Odpověď Záporožských Kozáků Cařihradskému Sultánovi 1:49
3-10 Ach, Dělvigu, Dělvigu! 4:13
3-11 Smrt Básníka 4:13
3-12 Závěr 4:42

Sinfonia Nº 4 C Moll
4-1 Allegro Poco Moderato 27:33
4-2 Moderato Con Moto 8:34
4-3 Largo. Allegro 28:51

Sinfonia Nº 5 D Moll, Op. 47
5-1 Moderato – Allegro Non Troppo 19:24
5-2 Allegretto 5:10
5-3 Largo 14:20
5-4 Allegro Non Troppo 12:22

Maxim já sem papai

Sinfonia Nº 9 Es Dur
5-5 Allegro 5:19
5-6 Moderato 6:47
5-7 Presto 3:13
5-8 Largo 3:20
5-9 Allegretto 6:46

Sinfonia Nº 6 H Moll
6-1 Largo 18:56
6-2 Allegro 6:37
6-3 Finale. Presto 6:47

Sinfonia Nº 15 A Dur
6-4 Allegretto 7:56
6-5 Adagio 14:33
6-6 Allegretto 4:20
6-7 Adagio. Allegretto 16:27

Sinfonia Nº 7 C Dur “Leningradská”
7-1 Allegretto 27:11
7-2 Moderato. Poco Allegretto 11:13
7-3 Adagio 20:09
7-4 Allegro Non Troppo 19:22

Maxim sendo ferido em Leningrado

Sinfonia Nº 8 C Moll
8-1 Adagio. Allegro Non Troppo. Adagio 27:04
8-2 Allegretto 6:37
8-3 Allegro Non Troppo 6:18
8-4 Largo 10:51
8-5 Allegretto 15:12

Sinfonia Nº 11 G Moll “Rok 1905”
9-1 Palácové Náměstí. Adagio Att. 14:21
9-2 Devátý Leden. Allegro Att. 18:49
9-3 Na Věčnou Paměť. Adagio Att. 12:05
9-4 Zvon Bouře. Allegro – Moderato 14:53

Sinfonia Nº 13 B Moll “Babí Jar” Pro Bas, Sbor A Orchestr
10-1 Babí Jar. Adagio 16:47
10-2 Humor. Allegretto 8:26
10-3 V Obchodě. Adagio 12:53
10-4 Strachy. Largo 13:30
10-5 Kariéra. Allegretto 13:37

Bass Vocals – Peter Mikuláš (faixas: 10-1 to 10-5), Mikhail Ryssov* (faixas: 3-2 to 3-12)
Choir – Kühn Mixed Chorus* (faixas: 10-1 to 10-5), Prague Philharmonic Choir* (faixas: 2-1, 3-1, 10-1 to 10-5)
Chorus Master – Jan Rozehnal (faixas: 3-1), Jan Svejkovský (faixas: 2-1), Pavel Kühn (faixas: 10-1 to 10-5)
Composed By – Dmitri Shostakovich
Conductor – Maxim Shostakovich
Orchestra – The Prague Symphony Orchestra
Soprano Vocals – Marina Shaguch (faixas: 3-2 to 3-12)

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J. S. Bach (1685-1750) / W. F. Bach (1710-1784): Concertos para 2 Cravos (Hantaï / Häkkinen)

J. S. Bach (1685-1750) / W. F. Bach (1710-1784): Concertos para 2 Cravos (Hantaï / Häkkinen)

IM-PER-DÍVEL !!!

Aapo Häkkinen toca junto com ninguém menos que Pierre Hantaï, seu ex-professor, estes Concertos para 2 Cravos de (dos) Bach. Temos 3 Concertos de Papai Bach acompanhado de uma obra raramente tocada, mas muito interessante, de Wilhelm Friedmann Bach. Este último é o concerto para dois cravos (sem orquestra). Duas reconstruções de concertos para cravos do círculo íntimo de Bach são tocadas. O som gravado privilegia os teclados sobre as cordas, com microfones fixados diretamente no corpo de cada cravo. Os cravos soam ricos e ressonantes. Estas são performances admiravelmente livres e fluidas. Ambos os solistas têm um senso aguçado para o rubato e os fraseados eficazes, mas na maioria dos casos isso é tão sutil que você precisa realmente ouvir para descobrir como é feito. As cordas são igualmente vibrantes, com excelente conjunto e belo timbre rico para sustentar os solistas. À primeira audição, o disco pode parecer austero. A escala da instrumentação, embora historicamente justificada, parece muito pequena, um sentimento que é exacerbado pelos microfones muito próximos e pelo som relativamente seco. Mas o nível de musicalidade é excelente e, embora a clareza da textura seja o objetivo principal, o interesse musical nunca esmorece. O CD foi multipremiado. Merecido!

J. S. Bach (1685-1750) / W. F. Bach (1710-1784): Concertos para 2 Cravos (Hantaï / Häkkinen)

Concerto In C Minor, BWV 1060
Composed By – J.S.Bach*
1 Allegro 5:03
2 Largo 4:38
3 Allegro 3:26

Concerto In C Major, BWV 1061
Composed By – J.S.Bach*
4 Allegro 7:02
5 Adagio 4:23
6 Vivace 5:43

Concerto In C Minor, BWV 1062
Composed By – J.S.Bach*
7 Allegro 3:52
8 Andante 5:40
9 Allegro Assai 4:41

Concerto In F Major, Fk 10, For 2 Harpsichords
Composed By – Wilhelm Friedemann Bach
10 Allegro Moderato 8:51
11 Andante 4:43
12 Presto 4:10

Harpsichord – Aapo Häkkinen, Pierre Hantaï
Orchestra – Helsinki Baroque Orchestra

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J. S. Bach (1685-1750): Missa em Si Menor, BWV 232 (Junghanel / Colln)

J. S. Bach (1685-1750): Missa em Si Menor,  BWV 232 (Junghanel / Colln)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

A estupenda Missa em Si Menor, BWV 232 é uma das maiores obras musicais já compostas. Boa parte daqueles comentaristas que têm aquele o viciante hábito de criar classificações de maiores e melhores, costumam colocar a Missa como a maior obra musical de todos os tempos. Não gosto deste tipo de afirmativa e estou treinando intimamente para não sair impondo às pessoas frases do tipo “é um grande filme”, “é o maior dos livros”, etc. Melhor antecedê-las de um “em minha opinião…” ou “penso que…”, etc.

Tenho ouvido a Missa desde minha adolescência e parece-me que sempre descubro nela um detalhe a mais, um novo encanto. Voltei a ouvi-la ontem. Coloquei o CD duplo da gravação de Konrad Junghanel — esta que ora posto —  e, por quase duas horas, acreditei em Deus. A noção de divindade sempre evitou este cético que vos escreve, mas, como afirmou o também descrente Ingmar Bergman, é impossível ignorar que Bach (1685-1750) nos convence do contrário através de sua arte perfeita. Ao menos enquanto o ouvimos.

A grandeza da Missa não é casual. Bach escreveu-a em 1733 (revisou-a em 1749) com a intenção de que ela fosse uma obra ecumênica. Seria a coroação de sua carreira de compositor sacro. Suas outras obras sacras (Missas, Oratórios, Paixões, Cantatas, etc.) foram sempre compostas em alemão e apresentadas em igrejas luteranas, porém na Missa Bach usa o latim que, em sua opinião, seria mais cosmopolita e poderia trafegar entre outras religiões, principalmente a católica. O texto utilizado não foi o das missas de sua época, é mais antigo e inclui alguns versos retirados após a Reforma, como o significativo Unam sanctam Catholicam et apostolicam Ecclesiam, que é cantado no Credo. É como se Bach pretendesse demonstrar a possibilidade de entendimento entre católicos e protestantes.

A Missa é em parte construída sobre temas do canto gregoriano em uso na Igreja Católica da época. Os meios e o colorido empregados por Bach são os mais diversos: Há corais, árias à italiana, duetos, o diabo. Todos os sentimentos, do recolhimento à angústia, da tristeza à alegria, da devoção ao secular, tudo está intensamente contemplado nesta obra onde Bach reutiliza algumas árias de Cantatas compostas anteriormente, misturando-as a peças originais, sem que disso resulte perda de homogeneidade.

Curiosamente, esta obra tão profundamente erudita e religiosa, é hoje mais apresentada em salas de concertos do que em igrejas, pois suas necessidades de tempo (105 a 120 minutos) e de grupo de executantes são maiores do que as igrejas normalmente dispõem. Não obstante este problema, Bach consegue transformar tanto as salas de concerto quanto nossas casas em locais de devoção – musical ou religiosa.

Certa vez, o compositor Gilberto Agostinho descreveu-me um fenômeno que sei ser verdadeiro:

Sempre que possível eu gosto de ouvir música com a partitura na mão. Hábito de músico, além de ser um ótimo jeito de aprender coisas e estudar. Mas existem algumas partituras que assustam a gente, pela clareza e simplicidade na escrita e pelo resultado fenomenal. Bach e Brahms tem disso. Eu fico horas analisando uma passagem simples, a duas vozes, e procurando entender o porque daquela sonoridade fantástica, mas muitas vezes não chego a conclusão nenhuma. Simplesmente não entendo. Parecem notas normais, que qualquer um poderia ter escrito, mas elas não soam assim! Com Mahler, você sabe que aquilo vai soar grande, você enxerga tudo, mesmo na passagem mais complexa. Não é o momento que vale, mas sim a construção. Você tem que caminhar junto com ele. Já Bach… O primeiro compasso (o primeiro compasso!) da Paixão Segundo São Mateus é capaz de me arrebatar, e ali já se encontra toda a profundidade que esta obra vai carregar durante duas horas. Em um compasso! E os recitativos, acordes simples e uma melodia, nada mais. Na verdade, e eu nunca ouvi recitativos tão profundos como em Bach. As vezes eu me sinto um relojoeiro inexperiente, que tenta abrir os relógios mas não consegue entender nada, muito menos montá-los de volta. A diferença é que a música não é simplesmente uma pequena máquina, e não existem manuais. Uma das coisas que eu lamento ao ouvir Bach é imaginar que nunca vou conseguir uma profundidade como aquela nas minhas composições.

E acho que isso é o suficiente diz tudo sobre Bach e sua Missa em Si Menor.

J. S. Bach (1685-1750): Missa em Si Menor, BWV 232

CD1:
1. Kyrie Eleison
2. Christe Eleison
3. Kyrie Eleison
4. Gloria In Excelsis Deo
5. Et In Terra Pax
6. Laudamus Te
7. Gratias Agimus Tibi
8. Domine Deus
9. Qui Tollis Peccata Mundi
10. Qui Sedes Ad Dexteram Patris
11. Quoniam Tu Solus Sanctus
12. Cum Sancto Spiritu

CD2:
1. Credo In Unum Deum
2. Patrem Omnipotentem
3. Et In Unim Dominum
4. Et Incarnatus
5. Crucifixus
6. Et Resurrexit
7. Et In Spiritum Sanctum Dominum
8. Confiteor
9. Et Expecto
10. Sanctu
11. Osanna In Excelsis
12. Benedictus
13. Osanna In Excelsis
14. Angus Dei
15. Dona Nobis Pacem

Johanna Koslowsky
Mechthild Bach
Monika Mauch
Susanne Ryden
Hans-Jorg Mammel
Wilfried Jochens

Cantus Colln
Konrad Junghanel

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Bach_fumando

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Leonard Bernstein (1918-1990): Sinfonia Nº 2 “A Idade da Ansiedade” / West Side Story: Danças Sinfônicas / Abertura Candide (Steuerman, Florida Philharmonic, Judd)

Leonard Bernstein (1918-1990): Sinfonia Nº 2 “A Idade da Ansiedade” / West Side Story: Danças Sinfônicas / Abertura Candide (Steuerman, Florida Philharmonic, Judd)

James Judd e a Filarmônica da Flórida oferecem boas leituras dessas famosas peças de Bernstein. Suas interpretações mais refinadas sacrificam parte do elemento “swing”, particularmente na seção jazzística do Masque da Sinfonia e na maior parte das danças de West Side Story, em favor da precisão e transparência, como se fossem vistas através das lentes de Stravinsky ou Copland. Há pouco dos famosos registros do próprio compositor. Mas há muito a recomendar neste disco. Depois da animada Candide Overture (que qualquer orquestra norte-americana deve saber de cor), as danças de West Side Story caem um pouco, apesar de que são as Danças de WSS, né? Porém, na Sinfonia, Judd detalha os vários humores de forma eficaz, delineando claramente a sutileza das variações das Sete Idades e as bordas mais irregulares da seção dos Sete Estágios. Somente no clímax arrasador do Epílogo é que realmente ouvimos do que essa orquestra é capaz. Eles são muito bons! O pianista Jean-Louis Steuerman é excelente, toca tudo com clareza, graça e sensibilidade. Sua interpretação lembra mais a leitura tecnicamente perfeita de Marc-André Hamelin em vez do estilo mais lúdico de Lukas Foss com o próprio Bernstein.

Leonard Bernstein (1918-1990): Symphony No. 2 / West Side Story: Symphonic Dances / Candide Overture (Steuerman, Florida Philharmonic, Judd)

1. Candide Overture 00:04:09

West Side Story: Symphonic Dances
2. West Side Story: Symphonic Dances 00:22:37

Symphony No. 2, “The Age of Anxiety”
3. Part I: Prologue 00:02:44
4. Part I: The Seven Ages: Variation I 00:01:00
5. Part I: The Seven Ages: Variation II 00:01:33
6. Part I: The Seven Ages: Variation III 00:01:27
7. Part I: The Seven Ages: Variation IV 00:00:54
8. Part I: The Seven Ages: Variation V 00:00:53
9. Part I: The Seven Ages: Variation VI 00:01:02
10. Part I: The Seven Ages: Variation VII 00:01:57
11. Part I: The Seven Stages: Variation VIII 00:01:46
12. Part I: The Seven Stages: Variation IX 00:01:22
13. Part I: The Seven Stages: Variation X 00:00:32
14. Part I: The Seven Stages: Variation XI 00:00:54
15. Part I: The Seven Stages: Variation XII 00:00:16
16. Part I: The Seven Stages: Variation XIII 00:00:47
17. Part I: The Seven Stages: Variation XIV 00:00:33
18. Part II: The Dirge 00:06:27
19. Part II: The Masque 00:04:45
20. Part II: The Epilogue 00:07:53

Composer: Bernstein, Leonard
Conductor: Judd, James
Orchestra: Florida Philharmonic Orchestra
Piano: Steuerman, Jean Louis

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Bernstein aponta para Steuerman e diz: “Este é um grande pianista!”.

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