Com esta postagem, inicio uma série que farei com gravações históricas, que incluirá Furtwangler, Toscanini, Fricsay, entre outros.
E vou começar simplesmente por esta que é considerada a maior das gravações já realizadas da Sinfonia nº 9 de Beethoven. Na verdade, esta e a de Furtwangler, apesar de terem sido realizadas ainda na década de 50, são consideradas imbatíveis até hoje, mesmo com os avanços das técnicas de gravação. Talvez seja este seja um dos grandes trunfos desta gravação. Realizada ao vivo no Carnagie Hall, em 1952, temos um Toscanini já no alto de seus 85 anos. Até então, o maestro nunca se sentira seguro com suas performances da obra, tanto que só autorizou esta que aqui temos para ser lançada. Conhecemos sua fama de rigor com que dirigia as orquestras. E ao que tudo indica, esse rigor ele aplicava a si mesmo também. Enfim, trata-se de uma 9ª Sinfonia absolutamente perfeita em todos os seus detalhes. Ninguém, absolutamente ninguém que a ouve, tem opinião diferente.
A NBC Symphony Orchestra foi montada pelo próprio Toscanini, que a regeu por 17 anos, até 1954. Ou seja, era a sua cara.
Abaixo, deixo o comentário de um cliente da amazon, sobre esta gravação.
“Arturo Toscanini (1867-1957) spent much of his conducting career trying to give a “definitive” performance of Beethoven’s ninth symphony. He conducted the symphony numerous times; it wasn’t until 1952 that he was sufficiently satisfied with a recording of this major work to authorize a commercial release.
Toscanini had hated to record during the days of 78-rpm discs. Each 12-inch record side played a little under five minutes, so it was necessary for the conductor and musicians to stop periodically while the master was changed. Only in the United Kingdom, where Toscanini made recordings with the BBC Symphony Orchestra, did a record producer (Fred Gaisberg) come up with a system using two recording machines, so that Toscanini and the musicians did not have to stop.
Toscanini was very happy when RCA Victor began using magnetic sound film to record his sessions with the NBC Symphony. Then, in 1948, RCA switched to magnetic tape. With both processes, continuous performance were possible and true high fidelity was realized. Toscanini told his friends that he was often very happy with the long-playing records that RCA began issuing in 1950. By 1952, RCA was using a single full range microphone, suspended above Toscanini’s head, to achieve its “New Orthophonic” process. Occasionally, an additional microphone was used to pick up soloists. The results in this recording were exceptional and very realistic.
Toscanini always felt there were problems with performances with Beethoven’s ninth symphony. Something always seem to go wrong, either with the soloists, the chorus, the orchestra, or the conductor himself. It’s likely other conductors and musicians recognized the challenges of this very difficult music. Just as Beethoven had done with his “Missa Solemnis,” the composer challenged the musicians with his very profound and very intricate music. Both works stretch the singers to their vocal limits; having sung “Missa Solemnis” and the ninth symphony, this writer can attest to the considerable challenges of the music.
The commercial recording that Toscanini made with the NBC Symphony Orchestra in Carnegie Hall in 1952 was the culmination of years of trying to understand Beethoven’s intensely complicated musical score. That Toscanini succeeded in producing a legendary recording is a real tribute to his greatness. It’s particularly amazing that he made this recording the year he turned 85 years of age.
Joining Toscanini and the NBC Symphony in this recording were a group of outstanding vocal soloists, particularly American tenor Jan Peerce, whom Toscanini considered among his all-time favorite singers. Peerce first sang with Toscanini in a 1939 broadcast performance of this symphony. The Robert Shaw Chorale, which had first performed with Toscanini in a 1945 broadcast performance of the ninth, were on hand, again providing some of the best choral singing possible. Shaw would go on to become a symphony conductor himself (with the Atlanta Symphony) and some said that he was much influenced by his mentor.
It is well known that the four movements attempt to present various musical philosophies of life. Beethoven basically rejects the first three proposals, even reviewing them in the opening moments of the fourth symphony, and then has the bass soloist sing, “O friends, not these sounds.” Beethoven uses Schiller’s “Ode to Joy” and the recurring main theme has become one of his most famous melodies, later used as the tune for the hymn “Joyful, Joyful, We Adore Thee.” The composer clearly had already recognized that one must accept fate and not be discouraged; it was such determination that enabled to live and continue composing despite increasing deafness.
This performance set the standard for all recordings of the Beethoven ninth symphony. Few conductors, singers, and musicians have succeeded as well as Toscanini did in this memorable performance. “
Portanto, eis um grande momento da história da música no século XX.
Ludwig van Beethoven – Symphony nº 9 in D Menor, op. 125
1. Symphony No. 9, Op. 125 ‘Choral’ In D Minor: Allegro Ma Non Troppo, Un Poco Maestoso
2. Symphony No. 9, Op. 125 ‘Choral’ In D Minor: Molto Vivace
3. Symphony No. 9, Op. 125 ‘Choral’ In D Minor: Adagio Molto E Cantabile; Andante Moderato
4. Symphony No. 9, Op. 125 ‘Choral’ In D Minor: Presto; Allegro Assai
Eileen Farrell – Soprano
Nan Merriman – Contralto
Norman Scott – Bass
Jan Peerce – Tenor
NBC Symphony Orchestra
Robert Shaw Chorale
Arturo Toscanini
FDP Bach
Epa, só um momento FDP. Tudo bem em postar gravações históricas para nosso deleite e conhecimento. Porém, não seria melhor priorizar ( e terminar) a integral de Mahler? E vc se lembra das obras de câmara de Brahms pelo selo Phillips que vinha postando e, de repente, parou?? Decerto não era só aquilo, não é mesmo?
Além disso, como estamos na efeméride de Karajan, não teria como postar mais gravações dele??
Caro Sander
Com relação ao Brahms, minha proposta era postar a coleção da Philips, com 11 cds. E isso foi feito. Caso eu venha a achar interessante outra gravação, diferente daquela, volto a postar, como já foi feito com relação ao Quarteto op. 34.
Karajans sempre virão, ele é obrigatório, mesmo que muitos torçam o nariz. Inclusive nesta série de gavações históricas.
Você sabe que não somos muito de seguir rotinas aqui no blog. Lembre-se que quando comecei o Mahler, logo misturei ele com Mendelssohn, e o mesmo farei com estas gravações históricas. Ou o mano PQP com seus quartetos de Beethoven. Levou mais de ano para completar a série.
Portanto, com relação a Mahler, não se preocupe, eles virão.
Postam a NONA DE BEETHOVEN numa versão aclamada com ARTURO TOSCANINI, e o povo ainda vem reclamar??!! =O
…
Como eu adoro essa sinfonia!! E essa interpretação está excelente!!
Adorei esta postagem mais a última de P Q P Bbach. Estão fora de série.
Parabéns a este blog maravilhoso ^^.
Sou um pouco refratário às gravações históricas, mas esta é excelente.
Um pouco refratário às gravações históricas? Você é conhecedor de música? Os conhecedores de música sabem que as gravações históricas, cujas interpretações foram cristalizadas pelo tempo são as melhores. As gravações da Nona Sinfonia feitas por Tascanini em 52 e de Fricsay em 58 não são excelentes. Muitas gravações da mesma peça são excelentes. Elas chegaram perto de atingir a perfeição. São as melhores que existem.
Eu cordialmente discordo. Se tivesse mais tempo agora, daria muitos exemplos. Claro que há exceções, mas os bons contemporâneos sabem quem copiar e melhorar. E os melhoram. Abraço.
FDP:
Eu tenho essa gravação em vinil. Toscanini é seguramente um dos maiores interpretes de Beethoven e essa gravação é excepcional!
O que você pretende postar do Furtwängler?
Fábio, estou pensando… certeza é a 9ª de Beethoven, gravada na reabertura do Festival de bayreuth.
O que mais você pensa em postar nessa série histórica, FDP?
Só Beethoven ou haverá outras e tantas outras jóias raras?
Então, eu não conhecia essa gravação do Toscanini da Coral.
Eu tenho aqui em casa uma gravação da Coral pelo Toscanini, mas é de 1939… gosto bastante dessa minha, mas estou ancioso por ouvir uma gravação da década de 50!
Obrigado, FDP!
R.
Bom, a versão que mais gosto da nona de Beethoven é a belíssima de Karl Bohm interpretada, entre outros, por Jersey Norman e Plácido Domingo. Até agora, nenhuma outra me faz chorar mais ou entrar em um extase extra-corporeo do tamanho que aquela me faz. Estou baixando este Toscanini, que ainda não conheço, duvidando que supere, pelo menos para mim, a versão de Bohm. Se superar, voltatei logo com outro comentário.
olá fdp,
muito bacana essa gravação, o toscanini é fora de série…
mas, me diga uma coisa, é voce quem faz a extração do cd para mp3? se sim, eu gostaria de sugerir que voce usasse uma bitrate mais alta, para garantir a qualidade do áudio que é tão importante para qualquer tipo de música, quanto mais para uma gravação histórica de música orquestral
Grande abraço e parabéns pelo excelente blog!
Artur, concordo com sua reclamação. Mas baixei esse material da internet, e quem fez a extração usou este bitrate baixo. Assim que conseguir uma gravação com um bitrate maior, postarei. Procuro preservar a faixa dos 192 kbps quando faço a extração, tanto que meu processo é mais demorado, pois primeiro extraio para .flac, e depois converto para mp3.
Wesley, sou fâ incondicional de Karl Böhm, mas por algum motivo sua 9ª de Beethoven não me satisfez. Seus andamentos são muito lentos, para teres uma idéia, só no primeiro movimento é 5 (isso mesmo, cinco) minutos mais lento que até mesmo o Karajan mais tradicional, o de 1963, ou a versão do Abbado. Mas dia desses alguém comentou que gostaria de ouvir essa versão. Então, de repente, qualquer dia desses eu posto ela aqui, para serem realizadas as devidas comparações.
Além disso, não sou muito fã do Placido, mesmo tendo nessa gravação a Jessie Norman e o Walter Berry, e a Brigitte Fassbaender, três excepcionais cantores.
“(…) Com relação ao Brahms, minha proposta era postar a coleção da Philips, com 11 cds. E isso foi feito. Caso eu venha a achar interessante outra gravação, diferente daquela, volto a postar, como já foi feito com relação ao Quarteto op. 34.(…)”
Tem toda razão FDP. A besta aqui esqueceu ( e não procurou confirmar) que vc postou a colecão toda. Desculpe-me.
FDP:
Pelo que eu sei existem outras gravações do Bohm regendo a Nona de Beethoven. Essa gravação é realmente muuuuuuuuuuito lenta. Eu creio que ele quis experimentar uma interpretação diferente.
Exemplo de outra gravação da Nona pelo Bohm:
http://www.amazon.com/Beethoven-Symphonies-Overtures-Karl-Ridderbusch/dp/B000001GHL
Caro fdpbach,
devo dizer que, até ontem, não havia ainda ouvido esta belíssima interpretação por Toscanini, coisa imperdoável para quem possui dezena e meia de “prestigiadas” gravações da Nona.
Nesta sua torrente de opiniões que muito aprecio, gostaria de saber o que pensa da gravação de Ferenc Fricsay, que é, para mim (pouco mais que um ouvinte inexperiente), aquela que atinge o equilíbrio que procurei em muitas outras, entre a duração de cada movimento. Na gravação que aqui é deixada, acho que o Adagio devia ser um pouco mais lento. Penso que tocar-me-ia mais desse modo. Apesar de, por outro lado, se pensar em Beethoven a dirigir a Nona, provavelmente não o faria de forma mais pausada. O seu temperamento, algo heróico, algo febril, … provavelmente não o permitiria.
De grosso modo, os minutos dos andamentos nesta gravação são 13, 13, 14, 23. Na do Fricsay são 16, 10, 18, 23. Parte do equilíbrio que falei acima está nesta distribuição mais pausada, que em nada me parecem dar sensação de movimentos muito lentos.
A do Böhm, de 1981, divide-se nos arrastados 18, 13, 18, 28… (num total de 79 min.) que também me tocam imenso. Faz-me sentido e penso que fariam sentido ao próprio Beethoven se não fosse surdo e pudesse ter dirigido uma orquestra aos 86 anos, como Bohm o fez, no seu último ano de vida.
O reverso desta é a de Gardiner, com 20 minutos a menos (!!!) num 13, 13, 12, 21. Esta desapontou-me imenso. Parece ser interpretada meio tom abaixo do normal, um adágio que, durando o mesmo do de Toscanini, parece apressar-se. O último andamento torna-se tão rápido nalguns pontos que nem parecem ter ênfase. Enfim, pela terceira vez, não sou um entendido na matéria e refiro-me apenas ao que vou sentindo..
Após tudo isto, gostaria de ver por aqui uma interpretação da Missa Solemnis, o outro peso pesado de Beethoven em época da Nona, antes de mergulhar nos últimos Quartetos. Conheço apenas a versão do Gardiner e a do Klemperer, e gosto muito de ambas.
Cumprimentos e continuação de bom trabalho.
Rapaz, que comentário massa! Realmente, nunca havia pensado como você propôs e creio que Beethoven teria feito o mesmo que Karl Böhm (e já podem jogar as pedras: gosto do tratamento mais lento dele, vejam que um dos meus maestros favoritos é o Sergiu Celibidache, que considero o mestre dos tempos mais contemplativos…). Abraços.
Ah, e a versão do Furtwängler, também da década de 50, que pretender disponibilizar é das minhas favoritas. Tem um equilíbrio enorme. Lá está, demora pouco mais que 74 minutos (17:51, 12:00, 19:32, 24:59), o que poderá ser arrastado e lento nalgumas partes para algumas mentes. Penso que é associada a esta gravação que existe uma das lendas de que o CD foi feito inicialmente para suportar 74 minutos.
Exactamente. Espreitar aqui .
Foi lançado no ano passado uma remasterização da Music and Arts ( especialista em recuprações históricas) usando a ”harmonic balancing process” para as gravações de Toscaninni , ciclo completo das sinfonias de Beethoven em 5 CDS.
O som é inacreditável para uma gravação de 39 [ NBC]; quem não conhece estes Cds e gosta de TOSCANINNI , esta é uma edição PRECIOSÍSSIMA e IMPERDÍVEL pela qualidade sonora.
Realmente a gravação de Furtw em Bayreuth é simplesmente extraordinária também.
Beethoven aliás , é com FURTW e Toscaninni, o restante são alunos, incluindo-se Karajan.
A Music and Arts tem feito um excelente trabalho e os preços nem são dos mais altos, pelo contrário, boa parte do catálogo é barato.
Mas se tratando da Nona de Beethoven, há gravações posteriores da era stereo, melhores até em relação as de Toscanini e Furtwängler, não só em som, é claro.
Olha….qual é a gravação, Exigente? Klemperer ? Karajan a da década de 60 com a Gundula entre outros…? A atual e extraordinária de Haitink ao vivo com a LSO ?
Na verdade para mim a referência é Furtwangler em Bayreuth.
Jochum com a Concertgebouw, Dorati com a Royal Philharmonic e Karajan New Year’s Concert de 1977
Vocês lembraram bem esta gravação do Karajan em 1963, com a Gundula. É a minha favorita, mais até que a de 1977.
Jochum era um regente extraordinário. Tenho uma gravação da Paixão Segundo Matheus com ele que me deixa arrepiado sempre que a ouço.
Para mim as gravações da Paixão Segundo São Matheus tanto de Jochum quanto de Klemperer são insuperáveis.
Gosto muito da gravação de Böhm. A mim, parece fazer mais sentido.
Na Paixão, a coisa é mais complicada. Acho os solistas de Gardiner extraordinários e já a elegi como a melhor, mas hoje ficaria, assim como fdp, com Jochum.
Oi pessoal, gostaria de agradecer aos “operadores” do blog por proporcionar muita informação musical aos visitantes (como eu). Eu acho o conteúdo beethoviano excelente, inclusive os quartetos. Mas eu queria saber se vocês têm alguma intenção de colocar à nossa disposição a Missa Solemnis em Ré Maior desse grande compositor, tenho grande curiosidade de ouví-la e também de ler a opinião elucidada dos “diretores” do blog.
Obrigado.
Apenas para citar mais algumas gravações relevantes aos que apreciam a obra, há duas gravações de 1942 com Furtwangler a frente da BPO e do coral Bruno Kittel. A de abril/42 corresponde ao concerto de aniversário do Adolf e um fragmento do vídeo está disponível no youtube (http://www.youtube.com/watch?v=Yqff1F0Ijn0) . A de março/42 foi relançada pela Andromeda em um pacote de gravações realizadas durante a segunda guerra (que os soviéticos levaram de Berlim). São gravações mais enérgicas do que a do Festival de Bayreuth (1951). Como o próprio já dizia, apenas o primeiro acorde é imutável, e com certeza nunca encontraremos unanimidade a respeito das melhores gravações, mas recomendo estas aos que apreciam a música de Beerthoven.
Uma dúvida,
FDP = FILHA DA PUTA ?
PQP = PUTA QUE PARIU ?
Sim, claro.
Estorou os limites de download.
¬¬
Kaíke, sugiro tentares baixar este arquivo amanhã. Para quem é assinante da conta premium não existe essa limitação de downloads diários. O link está OK.
Download bacana… estou baixando e conferindo. VLW
Além de todas estas gravações já citadas tem uma com o Leonard Bernstein conduzindo a New York Philharmonic no Manhattan Center em 1964 que é uma das minhas preferidas ; os andamentos são mais rápidos e tornam a Sinfonia eletrizante e pura emoção. Certamente Bernstein e a NYP estavam
luminados neste dia. Vale a pena. Grato . Um abraço do Dirceu.
Corrigindo : estavam iluminados
Olá! Como está a qualidade da gravação? Mono ou stereo? É remasterizado? Valeu! 😉
Uma versão que gosto muito é a da London Philarmonic regida por Bruno Walter em 1947, com Katleen Ferrier como soprano.
E aí, FDP, desta vez você ou alguém outro vai publicar a versão de Hans Schmidt-Isserstedt?
Infelizmente, não tenho essa gravação.
Tem lá no Youtube. Como técnica de gravação, acho essa imbatível, bem como a de todo o ciclo das sinfonias. O engenheiro é o mesmo que gravou o Anel do Solti. Mas gostaria de ouvir comentários seu e de outros sobre a interpretação. As referências que andei lendo são todas unânimes em aplaudir.
FDP Bach, muito obrigado por esta postagem! Não só pelo tesouro de álbum, mas pelos comentários que ela proporcionou! E, justamente sobre comentários, o que traz para a sua postagem de um cliente da Amazon é sensacional. Abraços e bom sábado!