Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Concerto para Clarinete & Sinfonia Concertante K. 275b

Por algum motivo o Concerto para Clarinete de Mozart é uma de minhas obras favoritas do compositor, ao lado dos Concertos para Piano de nº 21 e da Sinfonia nº40, para citar apenas algumas. A expressividade deste instrumento tão único é aqui neste CD muito bem explorada pela excepcional Sabine Meyer, musicista de incrível talento, que por algum tempo tocou na Filarmônica de Berlim, de onde saiu por divergências com outros colegas da orquestra, mesmo tendo o apoio de Kaiser Karajan. A talentosa instrumentista não se abalou e seguiu em frente com uma carreira exitosa enquanto solista.

Neste belo CD, gravado lá em 1990, temos o citado Concerto para Clarinete  e belíssima Sinfonia Concertante,  K. 257b, que reúne quatro (???) instrumentos solistas, o clarinete, o oboe, o fagote e a trompa, obra única, com certeza, mas de uma beleza e originalidade tipicamente mozartianas. Os acompanhando, temos a Staatskapelle Dresden, que é a mais antiga orquestra da atualidade, tendo sido fundada em 1548.

Um belo CD, com certeza, sensível, delicado e muito agradável de se ouvir.

Peço desculpas por minhas postagens estarem sendo tão espaçadas, problemas alheios a minha vontade tem impedido de me dedicar com mais atenção ao blog. E também tenho de reconhecer que a perda de três membros do grupo me abalaram bastante (os saudosos Ammiratore, Avicenna e o queridíssimo Monge Ranulfus).

Faço desta postagem a minha homenagem a estes três amigos (mesmo nunca os tendo encontrado pessoalmente, assim os considerava), com certeza iriam  gostar muito deste CD, amantes que eram da bela arte.

Klarinettenkonzert A-dur, KV 622
1. Allegro
2, Adagio
3. Rondo (Allegro)
Sinfonia Concertante, KV 297b (Anh. 1,9)
4. Allegro
5. Adagio
6 Andantino Con Variaziono

Sabine Meyer – Clarinete
Sergio Azzolini – Fagote
Bruno-Schneider – Trompa
Diethelm-Jonas – Oboe
Staatskapelle Dresden
Hans Vonk – Conductor

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Bach (1685 – 1750): Matthäus Passion – Ensemble Pygmalion & Raphaël Pichon ֎

Bach (1685 – 1750): Matthäus Passion – Ensemble Pygmalion & Raphaël Pichon ֎

BACH

Paixão Segundo Mateus

Julian Prégardien

Matrîse de Radio France

Ensemble Pygmalion

Raphaël Pichon – Regente

 

Soli Deo Glori – era isso o que Bach escrevia ao fim de cada uma de suas partituras, fosse a música sacra ou não. Fé e religiosidade permeia toda a sua obra e isso transparece para nós todos, mesmo aqueles entre nós que não professam alguma tipo de crença.

Nesses dias que antecedem a Semana Santa temos uma oportunidade de experimentar algum tipo de exercício de espiritualidade, de nos aproximarmos um pouco deste lado mais misterioso da vida, pois que nem só de pão vive o homem.

Julian Prégardien, o evangelista

Eu gosto desse período e faço isso de algumas formas e ouvir esse tipo de música me leva a isso, a acreditar que podemos ainda nos elevar. Este ano estou um pouco mais animado e sinto tanto no trabalho como em minhas outras realizações algumas boas razões para agradecer ao Bom Deus, mesmo que sempre haja pelo que implorar.

O mistério da Paixão de Cristo é grande, mas a música de Bach nos ajuda a alguns vislumbres. A mensagem hoje é de esperança, pois que depois do sacrifício há a ressurreição. Ainda mais sendo a música assim tão boa, como a da gravação.

O grupo francês Pygmalion e seu jovem regente Raphaël Pichon tem mostrado como ainda há o que dizer sobre estas obras usando o estilo de instrumentos e práticas de época, como mostram seus inúmeros prêmios e excelentes críticas. Tudo é excelente, como no caso de Evangelista Julian Prégardien, filho de outro Prégardien, que cantou em tantas outras memoráveis gravações. Sinal de renovação e que você também tenha a oportunidade de ouvir tantas belezas e refletir sobre o que é menos óbvio na vida.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Paixão Segundo Mateus

Julian Prégardien, Evangelista

Stéphane Degout, baixo (Jesus)

Sabine Devieilhe, soprano

Lucile Richardot, contralto

Reinoud Van Mechelen, tenor

Hana Blažiková, soprano

Maîtrise de Radio France

Ensemble Pygmalion

Raphaël Pichon

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MP3 | 320 KBPS | 413 MB

Raphaël Pichon

The breath of the spiritʼ Bach and Pygmalion: the story of a passion, linking the genius of the Thomaskantor to a reflection on inner drama and constantly renewed vocality. This Matthäus Passion marks a major stage in this fifteen-year companionship and testifies to the culmination of their work on Bach, characterised by its precision and humility. Read through the prism of a tragedy in five acts, at once intimate and theatrical, human and metaphysical, the Passion is revealed here in a new light: as a deeply moving and universal epic. Harmonia Mundi

With its glowing inner vitality and penetrating observations, this is a Passion that makes a very definite statement about what this work can communicate in our times. Gramophone, abril de 2022

Traduzi um pedaço de uma resposta dada por Raphaël Pichon em uma entrevista que consta no libreto: A história da Paixão de Cristo se apresenta até hoje como um drama vivo e um dilema moral de relevância universal, no qual — qualquer que seja nossa espiritualidade ou cultura — todos nós somos confrontados com a nossa própria mortalidade, nossa própria busca por respostas. Todos nós compartilhamos sua humanidade. A imensa genialidade de Bach foi sair completamente da liturgia formal, colocando-nos bem dentro do drama: nos tornamos atores, fazemos parte da ação, a sentimos tanto em nossa sensibilidade quanto fisicamente.  Nós atravessamos um drama que é acima de tudo humano: injustiça, traição, amor, sacrifício, perdão, remorso, compaixão, pena… De maneira sem precedentes, Bach comunica e nos faz sentir a fragilidade e as falhas da humanidade e descreve um mundo cheio de erros, onde amor e fé são as únicas respostas. Na busca de desafiar e consolar a consciência humana, ele nos oferece um genuíno ‘bálsamo para a alma”, unversal e atemporal.

Reflita e aproveite!
René Denon

Carlo Crivelli (c. 1487)

Krzysztof Penderecki (1933-2020): Paixão Segundo São Lucas (Wit)

Krzysztof Penderecki (1933-2020): Paixão Segundo São Lucas (Wit)

– Postagem original de 2009 –

Descobri esta obra na discoteca do Instituto Goethe lá pelos anos 80, quando este ainda localizava-se no centro de Porto Alegre e sua blibioteca-discoteca tinha a mão de Herbert Caro. A obra insere-se na fase radical de Penderecki, nada tendo a ver com sua atual fase melódica, da qual também gosto. Costuma-se afirmar que esta versão de Antoni Wit é superior àquela que ouvia lá no Goethe, que era do próprio compositor. Estou de acordo.

Um leitor da Amazon escreveu a seguinte resenha a respeito:

By Shota Hanai (Torrance, CA):

Krzystof Penderecki has become one of my favorite composers ever since I listened to some of his most radical works, including the “Threnody to the Victims of Hiroshima”, the two “De Natura de Sonoris”, and the “St. Luke Passion”, his musical depiction of the last hours of Christ.

This is one of the most graphic, most intense pieces of music the world has to witness. The work is divided in two parts. In Part I, The ominous introduction, with the chorus singing “Hail the Cross”, already invites doom. Christ’s prayer on Mt. Olives begins somberly, but leads to a teffifying climax as the chorus sings “I am crying”, before dying down to near silence. In the capture scene, once can vision the approaching Roman legion, with a series of nasty brass sounds and stampede of percussion. The mocking of Jesus is equally violent, as the entire orchestra and chorus seems to laugh at Him. Sinister monophonic notes rip the air as the chorus shouts “Crucify Him!”

Part II begins with Christ’s carrying of the cross. The cruficixion scene features one of the most excrutiating tone clusters the chorus ever produced, as overwhelming as the pain Jesus witnessed with pins hammered to His hands and feet. In the “Stabat Mater”, when the Virgin Mary watches her dying Son, the music becomes relatively calm, but the avant-garde sound is still prevalent. The music becomes violent again when Christ utter his last words, before the music dies away, along with Christ’s spirit. The concluding call for redemption begins dark, but ends in a glorious major chord, unachieved within the previous 75 minutes.

Penderecki’s rendition of Christ’s last hours is as shocking, disturbing, and powerful as the controversial Mel Gibson movie. A music like this should have a “Parental Advisory” label (and I am being a little sarcastic).

PENDERECKI: St. Luke Passion

1. Part I: O Crux ave (Hymn ‘Vexilla Regis prodeunt’) 00:05:06
2. Part I: Et egressus (St. Luke) 00:01:49
3. Part I: Deus meus (Psalm 21) 00:03:52
4. Part I: Domine, quis habitabit (Psalms 14, 4 & 15) 00:04:28
5. Part I: Adhuc eo loquente (St. Luke) 00:02:08
6. Part I: Ierusalem (Lamentation of Jeremiah) 00:01:25
7. Part I: Ut quid, Domine (Psalm 9) 00:01:17
8. Part I: Comprehendentes autem eum (St. Luke) 00:01:57
9. Part I: Iudica me, Deus (Psalm 42) 00:01:10
10. Part I: Et viri, qui tenebant illum (St. Luke) 00:02:11
11. Part I: Ierusalem (Lamentation of Jeremiah) 00:01:22
12. Part I: Miserere mei, Deus (Psalm 55) 00:04:04
13. Part I: Et surgens omnis (St. Luke) 00:04:19
14. Part II: Et in pulverem (Psalm 21) 00:00:45
15. Part II: Et baiulans sibi crucem (St. Luke) 00:00:13
16. Part II: Popule meus (Improperia) 00:07:46
17. Part II: Ibi crucifixerunt eum (St. Luke) 00:01:47
18. Part II: Crux fidelis (Antiphons from ‘Pange lingua’) 00:05:00
19. Part II: Dividentes vero (St. Luke) 00:01:12
20. Part II: … in pulverem mortis (Psalm 21) 00:05:39
21. Part II: Et stabat populus (St. Luke) 00:01:31
22. Part II: Unus autem (St. Luke) 00:02:03
23. Part II: Stabant autem iuxta crucem (St. John) 00:01:01
24. Part II: Stabat Mater (Sequence) 00:07:38
25. Part II: Erat autem fere hora sexta (St. Luke, St. John) 00:01:26
26. Part II: Alla breve 00:01:05
27. Part II: In pulverem mortis… / In te, Domine, speravi (Psalm 30) 00:04:08

Klosinska, Izabela, soprano
Kolberger, Krzysztof, reader
Kruszewski, Adam, baritone
Tesarowicz, Romuald, bass
Warsaw Boys Choir
Warsaw Philharmonic Choir
Warsaw National Philharmonic Orchestra
Wit, Antoni, Conductor

Total Playing Time: 01:16:22

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LINK ALTERNATIVO

Deus está te vendo, Krzysz.

PQP (Pleyel repostou e infelizmente adicionou a data de morte do compositor, que era vivo na época da postagem original)

In memoriam Cussy de Almeida: Orquestra Armorial, 1975

Nossa homenagem ao saudoso Ranulfus continuará, também, através da republicação de suas preciosas contribuições ao nosso blog – como esta, que veio à luz em 10/3/2011.

Em homenagem a mais este significativo músico brasileiro que se vai, dentro de alguns dias pretendo postar uma digitalização do vinil que o leitor Fausto Silva sufgeriu: “LATINO AMÉRICA PARA DUAS GUITARRAS”, de 1977, o qual traz o Concerto para 2 Violões, Oboé e Orquestra de Cordas de Radamés Gnattali com Sérgio e Odair Assad (violões), Moacir de Freitas (oboé) e a Orquestra Armorial regida por Cussy.

Enquanto a digitalização não fica pronta, adianto este que – pelo que sei – teria sido o primeiro disco da Orquestra Armorial – ainda antes que ela se aventurasse por peças e formas mais longas.

Esta digitalização foi caçada na net, com uma qualidade bastante deficiente. Tentei dar uma melhorada de equalização, etc., mas milagre ainda não sei fazer… Espero que assim mesmo seja possível apreciar!

Orquestra Armorial (1975)
Regência: Cussy de Almeida

01 Abertura – Cussy de Almeida
02 Galope – Guerra Peixe
03 Ciranda Armorial – José Tavares de Amorim
04 Nordestinados – Cussy de Almeida
05 Repentes – Antonio José Madureira
06 Terno de Pífanos – Clovis Pereira
07 Aboio – Cussy de Almeida
08 Mourão – Guerra Peixe
09 Pífanos em Dobrado – José Tavares de Amorim
10 Sem Lei nem Rei (1.º movimento) – Capiba
11 Kyrie – Cussy de Almeida
12 Abertura (bis) – Cussy de Almeida


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Ranulfus

[restaurado com saudades por Vassily em 3/4/2023]

Egon Petri (1881-1962) – His Recordings 1929-42, vol. 3– Chopin, Busoni, Franck, Schubert, Bach, Gluck (2 CDs)

Egon Petri (1881-1962) – His Recordings 1929-42, vol. 3– Chopin, Busoni, Franck, Schubert, Bach, Gluck (2 CDs)

Egon Petri (1881-1962) foi um pianista de cidadania holandesa nascido na Alemanha. Dono de uma técnica refinada, é alguém ainda por ser propriamente redescoberto pelos ouvintes do século XXI. Seu nome não é lembrado e louvado com a atenção que merece, talvez justamente por encarnar uma espécie de forma de tocar que tem algo de arcaica, com raízes profundas no século XIX.

Petri foi um dos discípulos mais dedicados do lendário pianista, compositor e professor italiano Ferruccio Busoni (1866-1924), e um ardoroso defensor de sua música, por toda a vida. Petri acompanhou Busoni à Suíça durante a Primeira Guerra Mundial e posteriormente seguiu o mestre para Berlim, onde também deu aulas. Entre seus alunos estavam Vitya Vronsky (do duo Vronsky & Babin), Gunnar Johansen e o comediante e pianista dinamarquês Victor Borge.

Em 1927 ele se estabeleceu em Zakopane, na Polônia, dedicando-se ao ensino e a gravações. Ele viveu lá até 1939, quando escapou às pressas literalmente na véspera da invasão alemã, em setembro daquele ano. Petri então passou a dar aulas na Cornell University, em Ithaca, e mais tarde no Mills College, em Oakland. Ele se naturalizaria americano nos anos 50, e teve entre seus pupilos em solo americano o brilhante pianista inglês John Ogdon (1937-89), aquele que dividiu o primeiro lugar do Concurso Tchaikovsky com Vladimir Ashkenazy em 1962 (as finais deste concurso foram lançadas em disco e logo mais vão pintar aqui no PQP).

As gravações presentes neste disco duplo são deste trágico período, em que Petri teve que cruzar um oceano para sobreviver, realizadas entre 1938 e 1942. São testemunhos sonoros de uma época e de uma filosofia musical e pianística.

Duas curiosidades desimportantes sobre Busoni. A primeira é que o nome completo dele é, no mínimo, pomposo: Dante Michelangelo Benvenuto Ferruccio Busoni. A segunda é que ele está enterrado no Friedhof Schöneberg III, também conhecido como Friedhof Stubenrauchstraße, mesmo endereço em que também desfrutam o repouso eterno a atriz Marlene Dietrich e o fotógrafo Helmut Newton.

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CD 1

1 – SCHUBERT-TAUSIG: Andante & Variations
2 a 25 – CHOPIN: Preludes, op. 28
26 a 28 – FRANCK: Prélude, choral et fugue

CD 2

1 – GLUCK-SGAMBATI: Mélodie
2 – J. S. BACH-PETRI: Menuet
3 – J. S. BACH-BUSONI: Ich ruf’ zu dir, Herr Jesu Christ
4 – J. S. BACH-BUSONI: In dir ist Freude
5 – J. S. BACH-BUSONI: Wachet auf, ruft uns die Stimme
6 – J. S. BACH-BUSONI: Nun freut euch, lieben Christen gemein
7 – BUSONI: Fantasia after J. S. Bach
8 – BUSONI: Serenade (Mozart, Don Giovanni)
9 – BUSONI: An die Jugend, no. 3
10 – BUSONI: Sonatina no. 3
11 – BUSONI: Sonatina no. 6
12 – BUSONI: Indianisches Tagebuch
13 – BUSONI: Albumblatt no. 3
14 – BUSONI: Elegie no. 2

Karlheinz

W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para 2 Pianos Nº 10, K. 365, para Flauta e Harpa K. 299 e para Trompa, K. 447 (Jos van Immerseel, Anima Eterna)

W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para 2 Pianos Nº 10, K. 365, para Flauta e Harpa K. 299 e para Trompa, K. 447 (Jos van Immerseel, Anima Eterna)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este é um CD matador de Jos van Immerseel e turma. Traz 3 Concertos extraordinários de Mozart: o lindo Concerto para 2 Pianos Nº 10, o belíssimo para Flauta e Harpa K. 299 e o não menos para Trompa K. 447, tudo com instrumentos de época. Talvez isto aqui não seja o ‘The best of the best’ dentro dos Concertos do compositor, mas está bem próximo. O que interessa é que são grandes concertos interpretados com muito tesão, para usar o termo técnico. O tempo das gravações historicamente informadas serem sem sal passou definitivamente. Cada vez mais, acho interessante ouvir uma representação mais próxima do que o compositor pretendia. Não estou dizendo que as apresentações de época sejam o único caminho a seguir, claro, mas são, atualmente, a via mais importante para a música pré-Beethoven. Recomendo fortemente este CD para qualquer amante de Mozart. Tem um som incrível e há muita, muita vida nas interpretações.

W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para 2 Pianos Nº 10, K. 365, para Flauta e Harpa K. 299 e para Trompa, K. 447 (Jos van Immerseel, Anima Eterna)

Concerto No. 10 for 2 Pianos in E flat major, K365
01. Allegro
02. Andante
03. Rondeau

Concerto for Flute and Harp in C major, K299
04. Allegro
05. Andantino
06. Rondeau

Horn Concerto No. 3 in E flat major, K447
07. Allegro
08. Romance – Larghetto
09. Allegro

Jos van Immerseel, piano
Yoko Kaneko, piano
Frank Theuns, flute
Marjan de Haer, harp
Ulrich Hübner, horn
Anima Eterna

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Jos Van Immerseel: um supercraque em Mozart

PQP

C.P.E. Bach (1714-1789) e Alessandro Marcello (1673-1747): Concertos para Oboé (Kiss)

C.P.E. Bach (1714-1789) e Alessandro Marcello (1673-1747): Concertos para Oboé (Kiss)

Um bom disco daquele que foi meu irmão mais talentoso. Wilhelm Friedemann era um beberrão, Johann Christian desconsiderava nosso pai, eu era apenas um bastardo e papai ficava mesmo satisfeito com Carl Philipp Emanuel, que tinha inteligência suficiente para ver que nosso pai era o monumento ao qual todos reverenciam hoje, tanto que o convidava para se apresentar nas Cortes onde trabalhava. Estes concertos são bastante bons. Diria que o Wq. 165 é uma obra-prima bem típica de mano CPE. O tema curto e repetitivo de alguns primeiros movimentos de CPE encasquetaram e marcaram o cidadão Beethoven. Espantosa também é a Sonata para oboé solo. Uma joia. O concerto de Marcello que fecha o disco se faz presente por motivos óbvios: é bom, popular e foi a única coisa talentosa que o italiano escreveu. Então, é melhor deixá-lo em boa companhia e não com os outros rebentos do compositor, um bando de delinquentes inúteis

C.P.E. Bach (1714-1789) e Alessandro Marcello (1673-1747): Concertos para Oboé

Bach, Carl Philipp Emanuel
Oboe Concerto in B-Flat Major, Wq. 164, H. 466
1. I. Allegretto 00:08:16
2. II. Largo e mesto 00:07:08
3. III. Allegro moderato 00:05:54

Oboe Concerto in E-Flat Major, Wq. 165, H. 468
4. I. Allegro 00:06:40
5. II. Adagio ma non troppo 00:07:02
6. III. Allegro ma non troppo 00:06:03

Oboe Sonata Solo in A Minor, Wq. 132, H. 562
7. I. Poco adagio 00:04:27
8. II. Allegro 00:05:24
9. III. Allegro 00:04:45

Marcello, Alessandro
Oboe Concerto in D Minor
10. I. Andante e spiccato 00:03:15
11. II. Adagio 00:04:19
12. III. Presto 00:04:05

Jozsef Kiss, oboé
Budapest Ferenc Erkel Chamber Orchestra

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Alessandro Marcello: já tivemos homens mais belos em nosso grande blog.
Alessandro Marcello: já tivemos homens mais belos em nosso blog.

PQP

Anatoly Liadov, Nikolai Tcherepnin, Nikolai Rimsky-Korsakov: The Enchanted Kingdom (Russian National Orchestra, Mikhail Pletnev)

Anatoly Liadov, Nikolai Tcherepnin, Nikolai Rimsky-Korsakov: The Enchanted Kingdom (Russian National Orchestra, Mikhail Pletnev)

Um belo e tranquilo disco voltado ao romantismo sinfônico russo, tudo conduzido com notável competência e musicalidade por Mikhail Pletnev. Encontrar um programa com Liadov e Tcherepnin não é fácil, e os poucos concertos que os incluem são menos do que satisfatórios. Liadov é uma curiosidade e o mesmo pode ser dito de Tcherepnin, que provavelmente é o mais conhecido aluno de composição de Rimsky-Korsakov. Ainda assim, essas obras se qualificam como uma espécie de “Rimsky-lite”. Orquestradas de forma colorida e com detalhes vívidos, elas pretendem contar histórisa usando a orquestra. Enquanto a Baba Yaga de Liadov é menos interessante que a de Mussorgsky, The Enchanted Lake é uma peça adorável. Kikimora é nova para mim e trata-se de um poema atraente e leve. Tcherepnin roubou de seu professor a exploração das várias nuances durante a execução orquestral, e os solos de cada instrumento são bem trabalhados. La Princesse Lointaine é melancólica e delicada. Já Royaume Enchante parece demorar um pouco demais. Mas os fãs da música romântica russa tardia ficarão emocionados do mesmo jeito. O último trabalho é um pouco mais bem-sucedido, usando percussão e cores tonais variadas para criar uma sensação real de fantasia caprichosa. O Rimsky-Korsakov é obviamente mais conhecido, Sua Le Coq D’or é extraordinária. Bem, como forma de unir três compositores que realmente se influenciaram, este torna-se um delicioso disco.

Anatoly Liadov, Nikolai Tcherepnin, Nikolai Rimsky-Korsakov: The Enchanted Kingdom (Russian National Orchestra, Mikhail Pletnev)

Anatoly Liadov (1855-1914)
1 Baba-Yaga, Op. 56 3:35
2 The Enchanted Lake, Op. 62 7:04
3 Kikimora, Op. 63 7:11

Nikolai Tcherepnin (1873-1945)
4 La Princesse Lointaine, Op. 4 9:17
5 La Royaume Enchante, Op. 39 13:34

Nikolai Rimsky-Korsakov (1844-1908)
Le Coq D’or – Suite
6 Introduction And Dodon’s Sleep 8:48
7 King Dodon On The Battlefield 4:33
8 Queen Of Shemakha’s Dance – King Dodon’s Dance 6:46
9 Wedding Procession – Death Of King Dodon – Finale 6:37

Russian National Orchestra
Mikhail Pletnev

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Mikhail Pletnev: um trabalho extraordinário

PQP

Rachmaninov (1873 – 1943): Peças para Piano – Andrei Gavrilov, piano ֎

Rachmaninov (1873 – 1943): Peças para Piano – Andrei Gavrilov, piano ֎

Rachmaninov

Peças para Piano

Ravel

Gaspard de la nuit

Andrei Gavrilov

 

Sergei Rachmaninov (1873 – 1943)

150 anos de nascimento

Este ano de 2023 é particularmente pródigo em efemérides para o compositor, pianista e regente Sergei Rachmaninov. Em 28 de março são 80 anos desde a sua morte, em 1943. Em 1º. de abril são 150 anos desde o seu nascimento, em 1873.

Eu prefiro celebrar o nascimento de Sergei Rachmaninov fazendo algumas postagens de suas músicas com os intérpretes que eu gosto de ouvir. Começaremos com uma coleção de peças curtas – prelúdios, estudos, coisas assim. Para apresentar essas maravilhas da literatura para piano, escolhi um intérprete espetacular.

Capa do lp com o Gaspard de la nuit

Quais são os critérios para reconhecer um grande artista, digamos, um grande pianista? Precocidade? Demonstrar habilidades desde a mais tenra infância? Bem, Andrei Gavrilov começou a estudar piano com sua mãe (dele, lá) aos dois anos (!?!!).

Ser aceito nas instituições reconhecidas? Pois Gavrilov foi aceito na Escola Central de Música de Moscou aos 6 anos e posteriormente completou seus estudos no Conservatório de Moscou.

Ganhar prêmios importantes? Veja que ele ganhou o Concurso Internacional de Piano Tchaikovsky aos 18 anos! Foi aclamado neste mesmo ano no Festival de Salzburgo, substituindo ninguém menos do que Sviatoslav Richter.

Ter o reconhecimento de seus pares? O enorme, imenso Sviatoslav Richter foi um destes. As gravações das Suítes de Handel feitas por eles – alternadamente – são famosíssimas.

Andrei Gavrilov

Sim, Andrei Gavrilov é um pianista espetacular, mas também um bocado de drama e suspense fazem parte. Em 1979 ele era esperado para gravações em Berlim com o kaiser Karajan, mas não apareceu nem para os ensaios. De volta em Moscou caíra em desgraça, tivera o passaporte cancelado e estava praticamente em prisão domiciliar com agentes vigiando as portas. Essa situação perdurou até 1984, quando a intervenção de Mikhail Gorbachev ocorreu. Finalmente Gavrilov poderia se mover pelo mundo gravando e dando concertos. Gravou ótimos discos para a EMI e, posteriormente, também para o selo amarelo.

Lamentavelmente, em 1993 ele interrompeu sua carreira de apresentações e gravações. Assim como ocorre eventualmente com alguns artistas, a intensidade das atividades pesou demasiadamente. Este disco (a parte do Rachmaninov) foi gravado pela EMI em Moscou, em associação com a gravadora russa Melodia e foi lançado em 1984. As faixas bônus (o adendo Gaspard de la nuit, de Ravel) fez parte originalmente de um álbum de 1978.

Sergei Rachmaninov (1873 – 1943)

  1. Prelúdio em si bemol maior, Op. 23, 2
  2. Prelúdio em fá sustenido menor, Op. 23, 1
  3. Étude-tableau em fá sustenido menor, Op. 39, 3
  4. Prelúdio em mi bemol maior, Op. 23, 6
  5. Prelúdio em sol sustenido menor, Op. 32, 12
  6. Prelúdio em sol menor, Op. 23, 5
  7. Élégie em mi bemol menor, Op. 3, 1
  8. Moment musical em si menor, Op. 16, 3
  9. Moment musical em mi menor, Op. 16, 4
  10. Moment musical em ré bemol maior, Op. 16, 5
  11. Moment musical em dó maior, Op. 16, 6
  12. Étude-tableau, Op. 39, 5

Maurice Ravel (1875 – 1937)

Gaspard de la nuit
  1. Ondine. Lent
  2. Le Gibet. Très lent
  3. Scarbo. Modéré

Andrei Gavrilov, piano

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MP3 | 320 KBPS | 163 MB

O sorriso de Sergei

Apesar de seu enorme sucesso, inclusive financeiro, Rachmaninov raramente sorria ao ser fotografado. Muito alto e sempre sisudo, foi certa vez chamado por Stravinsky de ‘dois metros de melancolia russa’ ou algo assim. Sempre se perde um pouco na tradução, vocês sabem…

Apesar disso, ele morava em uma mansão em Beverly Hills e era apaixonado por carros e barcos de corrida. Foi o primeiro do bairro a comprar um automóvel.

Aproveite!

René Denon

 

Osvaldo Golijov (1960): Paixão segundo São Marcos (Guinand)

Osvaldo Golijov (1960): Paixão segundo São Marcos (Guinand)

INSTIGANTE!!!

Ah, nada como a Páscoa para se disponibilizar uma das tantas peças que a humanidade produziu sobre a Paixão de Cristo…

E essa postagem é uma prova de como os comentários que  fazem vocês, usuários/ouvintes, são importantes para nós. Eu nunca tinha ouvido sequer menção ao nome do arrojado Osvaldo Golijov, até vê-lo citado aqui no P.Q.P.Bach, em um pedido para que postássemos esta instigante Pasión según San Marcos. Como me interesso especialmente por música coral e sacra, procurei, achei, ouvi e… Gostei, gostei muito!

Aos mais puristas (nem direi sobre aos mais puritanos) já aviso que talvez essa obra não os agrade: Golijov utiliza-se de vários ritmos latinos e alguns judeus para criar ambientações musicais para as situações que cercam os acontecimentos que vão desde a Última Ceia até o caminho para o Gólgota. Podem se assustar com o narrador cantando um ritmo caribenho para contar a traição de Judas por 30 moedas ou, mais ainda, se estarrecerem com o povo pedindo a Pilatos a crucifixão de Jesus sob uma percussão de samba. Inusitado é o mínimo que se pode achar!

Interessante é perceber que a peça toda se desenrola especialmente com narração ou com a fala do povo e que os principais personagens – Jesus, Judas, Pedro, Caifás – tem falas bem pequenas. Mais para o fim, no caminho do Calvário e na crucifixão, Jesus, personagem principal, emite apenas uma frase: o povo, que quer sua morte, sufoca qualquer outra expressão. Por fim, depois de tantos trechos tensos, quando Cristo entrega seu espírito, soa o Kaddish. De melodia triste, mas leve, o Kaddish eleva o espírito do Salvador aos céus e transmite paz e serenidade, quase enunciando a meditação e o resguardo para os dias antes da ressurreição.

Para esclarecer mais sobre o autor e o contexto em que a obra foi concebida, transcrevo o texto do encarte:

Osvaldo Golijov é um jovem compositor argentino que nasceu em 1960. Estudou música em seu país e na Europa, com mestres como George Crumb e Oliver Knussen. Vive atualmente nos EUA e é compositor da Orquestra Sinfônica de Chicago. Entre suas obras está uma ópera baseada em poema de Federico Garcia Lorca, intitulada Aindamar.
O trabalho apresentado hoje é fruto de uma requisição da Bachakademie Internationale Stuttgart (Academia Bachiana Internacional de Stuttgart), em 2000, a quatro compositores para homenagear Johann Sebastian Bach em seu aniversário de 250 anos de falecimento. A soviética Sofia Gubaidulina (1931) escreveu uma Paixão segundo São João, Wolfgang Rihm (1952) baseou-se no Evangelho de Lucas para o seu trabalho, Tan Dun (1957), de origem vietnamita, apresentou em sua Paixão uma combinação de visões ocidentais e orientais da mítica história, enquanto o argentino Osvaldo Golijov escreveu A Paixão Segundo São Marcos que ora oferecemos.
A Paixão Segundo São Marcos de Golijov me chamou a atenção porque é um trabalho cantado em espanhol (a paixão que eu conheço em nossa língua), mas não exclui textos em outras línguas, porque incluem evangelho, Kadish, um poema Rosalia de Castro e extratos da Bíblia, especialmente o Evangelho de Marcos.
Além disso, o compositor mistura ritmos latinos, africanos, judeus e sul-americanos para tratar um assunto bastante solene. Trata-se de um arranjo de instrumentos folclóricos e vocais que lembram as celebrações da Sexta Feira Santa nas pueblos argentinos. A narrativa da obra não se faz de forma literal, mas o compositor prefere, em algumas passagens, inserir, ao texto bíblico, poemas e orações de diferentes culturas e colocar a voz de narradores diversos, que podem ser vozes masculinas ou femininas. O resultado é um trabalho muito interessante, que marca a entrada triunfal de música sacra contemporânea latino-americana no cenário mundial.
A peça estreou em 2000 na Beethovenhalle de Stuttgart, na Alemanha, com um sucesso impressionante. Tem duas gravações, e esta que nós oferecemos é dirigida por Maria Guinand, com a participação da Schola Cantorum de Caracas.

La pasión según san Marcos
Osvaldo Golijov (1960)

01. Visión: Bautismo en la Cruz
02. Danza del Pescador Pescado
03. Primer Anuncio
04. Segundo Anuncio
05. Tercer Anuncio En Fiesta No
06. Dos Días
07. Unción con Betania
08. ¿Por Qué?
09. Oración Lucumí (Aria con Grillos)
10. El Primer Dia
11. Judas XII. El Cordero Pascual
12. Quisiera Yo Renegar
13. Eucaristía
14. Demos Gracias
15. En el Monte de los Olivos
16. Cara a Cara
17. En Getsemaní
18. Agonía
19. Arresto
20. Danza de la Sábana Blanca
21. Ante Caifás
22. Soy Yo (Confesión)
23. Escarnio y Negación
24. Desgarro de la Túnica
25. Lúa Descolorida
26. Amanecer: Ante Pilato
27. Silencio
28. Sentencía
29. Comparsa
30. Danza de la Sábana Porpura-Manto Sagrado
31. Crucifixión
32. Muerte
33. Kaddish

Luciana Souza, voz
Reynaldo González-Fernández, balé e voz
Schola Cantorum de Caracas
Orquesta La Pasión
Cantoría Alberto Grau
Maria Guinand, regente

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (197Mb)

LINK ALTERNATIVO

Ouça! Deleite-se!
… E, depois, deixe um comentário para este postante.

Bisnaga

.: interlúdio :. Steve Kuhn / Steve Swallow / Joey Baron: Wisteria

.: interlúdio :. Steve Kuhn / Steve Swallow / Joey Baron: Wisteria

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um CD maravilhoso! Sabedoria e melancolia estão entrelaçadas em Wisteria, cuja faixa-título, escrita por Art Farmer, leva os ouvintes de volta ao início dos anos 1960, onde o pianista Steve Kuhn e o baixista Steve Swallow cantam suavemente o blues na banda do trompetista-flugelhornista. A dupla se conhece muito bem: desenvolvem suas ideias de improvisação juntos e compartilham o mesmo amor pela melodia. Este álbum dá uma nova visão a  peças ouvidas antes na coleção orquestral Promises Kept de Kuhn. Ao lado das baladas tristes há também um pouco de hard bop (A Likely Story), algo de Swallow (Dark Glasses), um gospel de Carla Bley (Permanent Wave) e a brasileira Romance de Dori Caymmi. Ao todo, são temas variados onde o trio parece navegar sem esforço. São músicos já além da necessidade de provar qualquer coisa, criando a agradável ilusão de que essa música exigente está tocando sozinha.

Steve Kuhn / Steve Swallow / Joey Baron: Wisteria

01. Chalet
02. Adagio
03. Morning Dew
04. Romance
05. Permanent Wave
06. A Likely Story
07. Pastorale
08. Wisteria
09. Dark Glasses
10. Promises Kept
11. Good Lookin’ Rookie

Personnel:

Steve Kuhn (piano)
Steve Swallow (bass)
Joey Baron (drums)

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Kuhn, Baron e Swallow na porta da sede do PQP Bach de Oslo.

PQP