Bach
Partitas
Igor Levit
Um dos grandes prazeres naqueles dias era o de fazer a ronda – ir às lojas de CDs, ver as novidades. Como essas lojas também tinham seus barflies, sempre encontrava algum conhecido ou mesmo, com sorte, um amigo. Sabíamos os gostos (e desgostos) uns dos outros e parte da diversão consistia em correr na frente para provocar quem ficava para trás – sobrou só uns Tchaikoviskys aí para você… era o bordão.
Depois íamos tomar café e exibir os resultados das compras. Não sou saudosista, os tempos são outros, mas o prazer de ir passando os discos e se deparar com um álbum com a combinação – compositor – repertório – intérprete reunidos é algo difícil de esquecer.
Uma dessas últimas emoções, desses prazeres do passado, foi encontrar este álbum da postagem e me ocorreu na Arlequim, uma linda loja que havia no Paço Imperial, no Centro do Rio de Janeiro.
O álbum duplo com as Partitas de Bach, interpretadas pelo então desconhecido Igor Levit foi a prenda do dia! I snaped it up, sem vacilar! E valeu cada centavo investido.
Revivo isto tudo e os faço saber pois que Igor Levit ganhou não um, mas dois prestigiosos prêmios da edição deste terrível ano de 2020 da Gramophone Awards, a premiação da prestigiosa revista de música inglesa.
O prêmio na categoria Instrumental, pela gravação das Sonatas para Piano de Beethoven, disponível já há um bom tempo no seu distribuidor PQP Bach Ars Blog mais próximo, já seria para monumentais comemorações. Mas Igor levou outro premio ainda, talvez de maior prestígio. Ele ganhou também na categoria Artista do Ano. Certamente suas aptidões artísticas o levaram a tanto, como você poderá verificar ouvindo o álbum desta postagem, mas a razão pela qual Levit segue ganhando prêmios de diversos segmentos vem de sua atitude e seus posicionamentos firmes e exemplares frente a tantas questões que nos afligem nestes tempos deveras conturbados que vivemos. Ele ganhou também o Beethoven Prize por suas claras e fortes posições externadas nas mídias, como você poderá ver aqui.
Mas hoje é dia de Bach e Levit nos levará pelo mundo maravilhoso das Partitas. Bach já havia produzido duas coleções de suítes para o teclado quando a Primeira das Partitas foi impressa em 1726 – com a promessa de mais outras que a seguiriam. A coleção ficou completa em 1731 e foi designada Clavier-Übung (Exercícios para Teclado), terminologia que já havia sido adotada por Johann Kuhnau, o predecessor de Bach como Kantor de Santo Tomás, em Leipzig.
A impressão desta coleção – Opus 1 de Bach – pode ter sido uma tentativa de aumentar a renda e criar uma nova frente de atividade, uma vez que o interesse pela música religiosa vinha declinando devido a várias dificuldades. Inclusive, esta seria a motivação para a criação de mais um novo ciclo de suítes, pois que os pretensos compradores da coleção eram os muitos estudantes de Bach e outros músicos profissionais, que já tinham certamente suas cópias das lindas Suítes Inglesas e Francesas. E melhor ainda para nós, que ganhamos mais uma coleção primorosa de Suítes de Bach, um verdadeiro compendio de estilos musicais – aberturas francesas, tocatas, fugas e fantasias, assim como uma miríade de danças. E tudo isto entregue a você pelas mãos do artista do ano: Igor Levit!
Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)
CD1
Partita No. 1 em si bemol maior, BWV 825
Partita No. 2 em dó menor, BWV 826
Partita No. 4 em ré maior, BWV 828
CD 2
Partita No. 3 em lá menor, BWV 827
Partita No. 5 em sol maior, BWV 829
Partita No. 6 em sol menor, BWV 830
Igor Levit, piano
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FLAC | 457 MB
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MP3 | 320 KBPS | 349 MB
Quando Igor Levit deu seu primeiro recital nos Estados Unidos da América, em 2014, Alex Poots, que era o diretor artístico do Park Avenue Armory em 2014, ficou encantado com sua musicalidade e sua consideração. Ele teve então a ideia de apresentá-lo a Marina Abramović.
Foram então todos ao Chiltern Firehouse, um hotel chique em Londres, com um bar lotado e barulhento depois da meia-noite, quando Marina Abramović pediu ao Levit que tocasse alguma coisa ao piano.
Levit lembra-se de ter dito “Marina, eu não posso tocar o piano aqui, todo o mundo está dançando”. Mas o dono do local silenciou o D.J. e Levit tocou o último movimento da Sonata Hammerklavier.
Mr. Poots disse que o salão ficou em silêncio: “Em um bar barulhento, cheio de festa e de vida, podia-se ouvir um alfinete cair ao chão”.
Aproveite o Bach!
René Denon
Se você gostou desta postagem, poderá se interessar por estas aqui:
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 1 de 9 – BTHVN250
J. S. Bach (1685-1750): Partitas BWV 825 a 830 – Angela Hewitt, piano (2ª Gravação – 2019)
Johann Sebastian Bach (1685-1750) – Complete Partitas – Richard Egarr
Essa obra tem crescido muito no meu conceito ultimamente. Tenho ouvido bastante várias versões tanto no cravo como no piano.
Acho que a Angela Hewitt tem sido minha gravação favorita no momento.
A gravação apresentada parece muito bem recomendada, vou experimentar!
Olá, Sal!
A primeira ou a segunda edição da Hewitt? Eu gosto das duas…
Abração!
René
Caro René, já pude ouvir uma palhinha do primeiro disco e a interpretação do Levit é realmente espetacular. Por favor, suba também o segundo disco (aparentemente houve um engano e o segundo arquivo é igual ao primeiro).
Oi, Sergio!
Espero que goste do segundo disco tanto quanto gostastes do primeiro. Ao fazer a ripagem do flac para o mp3, acabei repetindo o primeiro disco. Desculpe-me pelo inconveniente, mas agora deve estar tudo certo.
Se não estiver, mande um recado aqui para o SAC…
Obrigado por indicar o erro!
Grande abraço do
René
Também frequentava a Arlequim! Meu programa predileto depois do trabalho começava lá e terminava no Centro Cultural do BB.
Boa parte dos meus Cds comprei lá. Eles aceitavam encomendas e eu sempre fazia uns pedidos de discos que a gente só via em catálogos. Importar era muito caro, mas eles sempre conseguiam um preço melhor.
É uma pena que esses espaços tenham se acabado. Mas hoje é inviável manter um negócio desses.
Muito obrigado por essa postagem!