Um bom disco com uma capa horrível, né, Dona Chandos? Hummel teria sido um cara famosíssimo, se sua música não tivesse sido tão parecida com a de Mozart e Haydn e, bem, se não houvesse Mozart e Haydn. Ah, e se ele não fosse tão contemporâneo de Beethoven. Seus concertos para bamdolim e trompete são excelentes — certamente estão entre suas melhores obras — e Howard Shelley é um tremendo especialista em Hummel. Shelley gravou quase tudo do austríaco com raro brilho e competência. Pode-se dizer que é o Mensageiro de Hummel no mundo. O compositor nasceu em Preßburg (hoje Bratislava, Eslováquia), filho de um importante músico. Foi criança prodígio, tendo sido discípulo de Mozart, Muzio Clementi, Haydn e Salieri. Foi também amigo de Beethoven e de Schubert, além de mestre de capela em Weimar a partir de 1819. Brilhante concertista, contribuiu para o desenvolvimento da técnica pianística. Compôs obras para piano, óperas, bailados, peças orquestrais etc.
Sua obra mais tocada é Concerto para Trompete que está esplendidamente interpretado por Urban Agnas neste CD.
Johann Nepomuk Hummel (1778-1837): Concertos para Bandolim e Trompete / Das Zauberglöckchen / Freudenfest Overture
1. Freudenfest Overture, S148 6:23
Mandolin Concerto in G major, S28* 17:34
2. I Allegro moderato 7:54
3. II Andante con variazioni: 4:34
4. III Rondo: Allegro 5:04
Trumpet Concerto in E major, S49/W1† 19:03
5. I Allegro con spirito 9:17
6. II Andante (versione prima) – 5:41
7. III Rondò – Minore – Maggiore 4:04
Ballet Music for ‘Das Zauberglöckchen’, S206/W31 16:30
8. 1 Ensemble: Allegro energico 2:10
9. 2 Pas de deux: Un poco lento – Allegretto grazioso 4:14
10. 3 Pas seul, et pas de trois à la fin: Grave – Tempo di polacca – Poco più mosso 3:29
11. 4 Groteschi: Allegro non troppo – 4:02
12. 5 Ballo generale: Allegro molto vivace 2:32
Alison Stephens, bandolin
Urban Agnas, trompete
London Mozart Players
Howard Shelley
Anna Prohaska Lautten Compagney Wolfgang Katschner
Bach: Redemption
2020
Anna Prohaska perguntou a Wolfgang Katschner e a Lautten Compagney, no início da crise do coronavírus, se eles não deveriam organizar espontaneamente uma reunião musical nesse período. Agora, isso resultou na # ERLÖSUNG / REDEMPTION, uma sequência de músicas selecionadas exclusivamente das cantatas de Bach, compiladas de acordo com a associação conceitual acima mencionada. Vemos o lema ERLÖSUNG / REDEMPTION como tendo múltiplos significados, por exemplo: a música pode nos dar consolo em tempos de doença e crise; pode abrir espaços emocionais e contemplativos para nós; é redentora para nós, como músicos, sermos os “instrumentos” para gerar música e, portanto, espiritualidade …
Além de Anna, como solista e três outros cantores, formamos um grupo maior de músicos – cerca de vinte instrumentistas – que representam a compaixão e as Lautten Compagney que acompanham as árias que Anna canta, iniciando também uma declaração ou um tipo de sinal vivo de um coletivo como o conjunto normalmente representa. (ex-internet)
Poucas vezes encontrei um CD tão expressivo, vivo, forte e vibrante como este! Se Bach tivesse tido a oportunidade de ouvi-lo, ficaria com tesão suficiente para imediatamente gerar seu vigésimo terceiro filho!
Bach: Redemption
1. Anna Prohaska, Lautten Compagney, Wolfgang Katschner – Mache dich, mein Geist, bereit, BWV 115: IV. Air “Bete aber auch dabei”
2. Anna Prohaska, Lautten Compagney, Wolfgang Katschner – Es ist nichts gesundes an meinem Leibe, BWV 25: I. Chorus “Es ist nichts gesundes an meinem Leibe”
3. Anna Prohaska, Lautten Compagney, Wolfgang Katschner – Ach Herr, mich armen Sünder, BWV 135: VI. Chorale “Ehr sei ins Himmels Throne”
4. Anna Prohaska, Lautten Compagney, Wolfgang Katschner – Selig ist der Mann, BWV 57: VII. Air “Ich ende behende mein irdisches Leben”
5. Anna Prohaska, Lautten Compagney, Wolfgang Katschner – Was mir behagt, ist nur die muntre Jagd, BWV 208: IX. “Schafe können sicher weiden”
6. Anna Prohaska, Lautten Compagney, Wolfgang Katschner – Sie werden euch in den Bann tun, BWV 44: VI. Air “Es ist und bleibt der Christen Trost”
7. Anna Prohaska, Lautten Compagney, Wolfgang Katschner – Herr, gehe nicht ins Gericht mit deinem Knecht, BWV 105: III. Air “Wie zittern und wanken”
8. Anna Prohaska, Lautten Compagney, Wolfgang Katschner – Nach dir, Herr, verlanget mich, BWV 150: I. Sinfonia
9. Anna Prohaska, Lautten Compagney, Wolfgang Katschner – Nach dir, Herr, verlanget mich, BWV 150: II. Chorus “Nach dir, Herr, verlanget mich”
10. Anna Prohaska, Lautten Compagney, Wolfgang Katschner – Wenn mein Stündlein vorhanden ist, BWV 430: I. Chorale
11. Anna Prohaska, Lautten Compagney, Wolfgang Katschner – Der Himmel lacht! Die Erde jubilieret, BWV 31: VIII. Air “Letzte Stunde, brich herein”
12. Anna Prohaska, Lautten Compagney, Wolfgang Katschner – Wenn mein Stündlein vorhanden ist, BWV 430: II. Chorale
13. Anna Prohaska, Lautten Compagney, Wolfgang Katschner – Siehe zu, daß deine Gottesfurcht nicht Heuchelei sei, BWV 179: V. Air “Liebster Gott, erbarme dich”
14. Anna Prohaska, Lautten Compagney, Wolfgang Katschner – Nach dir, Herr, verlanget mich, BWV 150: IV. Chorus “Leite mich in deiner Wahrheit”
15. Anna Prohaska, Lautten Compagney, Wolfgang Katschner – Ich habe genug, BWV 82a: I. Air “Ich habe genug”
16. Anna Prohaska, Lautten Compagney, Wolfgang Katschner – Ich habe genug, BWV 82a: V. Air “Ich freue mich auf meinen Tod”
17. Anna Prohaska, Lautten Compagney, Wolfgang Katschner – Herr, gehe nicht ins Gericht mit deinem Knecht, BWV 105: VI. Chorale “Jesu, der du meine Seele”
18. Anna Prohaska, Lautten Compagney, Wolfgang Katschner – Herr Jesu Christ, wahr’ Mensch und Gott, BWV 127: III. Air “Die Seele ruht in Jesu Händen”
19. Anna Prohaska, Lautten Compagney, Wolfgang Katschner – Weichet nur, betrübte Schatten, BWV 202: I. Air “Weichet nur betrübte Schatten”
20. Anna Prohaska, Lautten Compagney, Wolfgang Katschner – Nach dir, Herr, verlanget mich, BWV 150: VII. Chorus “Meine Tage in dem Leide”
21. Anna Prohaska, Lautten Compagney, Wolfgang Katschner – Mache dich, mein Geist, bereit, BWV 115: IV. Air “Bete aber auch dabei” (Lounge Version) (Bonus Track)
Para degustar: 1. Anna Prohaska, Lautten Compagney, Wolfgang Katschner – Mache dich, mein Geist, bereit, BWV 115: IV. Air “Bete aber auch dabei”
e agora, a mesma ária, versão lounge, jazz- 21. Anna Prohaska, Lautten Compagney, Wolfgang Katschner – Mache dich, mein Geist, bereit, BWV 115: IV. Air “Bete aber auch dabei” (Lounge Version) (Bonus Track) (espere até a Anna Prohaska entrar)
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Bom disco, mas nada tão comique assim, na minha opinião. O próprio Telemann fez coisas muito mais comiques — o que dizer da Suíte Alster, por exemplo? — assim como seus antecessores Lully e Biber. Telemann foi aquele compositor talentosíssimo que escreveu demais, muitas vezes de forma descuidada. Uma boa seleção sua pode ser arrasadora, mas não chega a tocar a qualidade de um Bach, claro. Foi o compositor mais famoso da Alemanha, compôs em todas as formas e estilos existentes em sua época. Em qualquer estilo, sua música tem um caráter inconfundível, sendo clara e fluindo com leveza. Apesar de de ser apenas quatro anos mais velho do que seus contemporâneos Bach e Haendel, utilizou um estilo muito mais avançado e pode ser considerado um precursor do estilo clássico.
G. P. Telemann (1681-1767): Ouverture Comique
Concerto in E minor for recorder, flute and strings* 13:07
in e-Moll – mi mineur
1. I Largo 3:37
2. II Allegro 4:02
3. III Largo 3:01
4. IV Presto 2:26
Violin Concerto in B flat major† 11:00
in B-Dur – si bémol majeur
5. I Largo 3:27
6. II Vivace 3:27
7. III [Andante] 2:33
8. IV Allegro 1:32
Ouverture in F sharp minor 17:28
in fis-Moll – fa dièse mineur
9. I Ouverture 5:24
10. II Les Plaisirs 2:25
11. III Angloise (Vivement) 1:28
12. IV La Badinerie italienne (Viste) 1:20
13. V Loure 1:42
14. VI Menuet I – Menuet II (Doucement) 2:28
15. VII Courante 1:51
16. VIII Le Batelage 0:44
Concerto in A major for two oboes d’amore‡ 9:49
in A-Dur – la majeur
17. I Andante 2:02
18. II Vivace 1:41
19. III Siciliana 3:48
20. IV Allegro 2:16
Ouverture in D major 15:49
in D-Dur – ré majeur
21. I[Ouverture.] Lentement – Vite – Lentement 5:17
22. II Le Podagre. Loure 2:42
23. III Remède expérimenté: La Poste et la danse. Menuet en rondeau 0:51
24. IV L’Hypocondre. Sarabande – Gigue – Sarabande – Bourrée – Sarabande – Hornpipe – Sarabande – La Suave 2:45
25.V Remède: Souffrance héroïque. Marche 1:10
26. VI Le Petit-maître. Rondeau 2:00
27. VII Remède: Petite-maison. Furies 1:01
Solo: Peter Holtslag treble recorder*
Solo: Rachel Brown flute*
Solo: Anthony Robson oboe d’amore‡
Solo: James Eastaway oboe d’amore‡
Orchestra: Collegium Musicum 90
Conductor: Simon Standage violin†/director
“Ma un ricordo particolare è per Peppuccio e Roberta, amici fraterni molto presenti in questi ultimi anni della nostra vita”
“Mas uma lembrança especial vai para Peppuccio e Roberta, amigos fraternos muito presentes nos últimos anos de nossa vida”
Ennio MORRICONE (1928-2020)
Trilha sonora original para o filme “Baarìa”, de Giuseppe Tornatore (2009)
1 – Sinfonia per Baarìa
2 – Ribellione
3 – Baarìa
4 – Il Corpo e la Terra
5 – Lo Zoppo
6 – Brindisi
7 – Un Gioco Sereno
8 – La Visita
9 – Un Fiscaletto
10 – Racconto di una Vita
11 – La Terra
12 – Verdiano
13 – Baarìa [Versione per Banda]
14 – Oltre
15 – Prima e Dopo
16 – I Mostri
17 – L’Allegro Virtuoso di Zampogna
18 – A Passeggio Nel Corso
19 – Il Vento, il Mare, i Silenzi
Voltando à música romena, apresento mais um compositor do qual sou fã de carteirinha: Călin Ioachimescu. Ele nasceu em 1949 em Bucareste e estudou com Ştefan Niculescu. É mais um nome importante da chamada música espectral romena (que rotula um balaio de gatos impressionante). Com muito esforço, consegui acumular umas quinze peças suas, a maioria para saxofone, já que, salvo pelo trabalho árduo do Kientzy de divulgação da música romena, não se encontra muito facilmente muita coisa. Na verdade mesmo as informações sobre sua vida e sua obra são para lá de exíguas. De qualquer forma, Ioachimescu tem uma obra bastante pequena, não ultrapassando 40 composições (de acordo com uma lista de obras de 2007, disponível aqui). Nessas, ele se dedica prioritariamente a pesquisas eletroacústicas, sem descuidar, no entanto, da música puramente acústica.
O compositor diz estar interessado na construção de uma nova consonância. De fato, suas obras são muito envolventes, de um colorido todo peculiar. Sinto que quase sempre há um quase-padrão (que não tem nada a ver com a questão da consonância), em que os inícios quase-doces, de uma delicadeza ao mesmo tempo um tanto quanto megalomaníacas, vão se direcionando cada vez mais a um quase-escuro, quase-áspero (desculpem o excesso dessas construções em quase, mas os adjetivos sem eles seriam não mais que belos simulacros). Das peças apresentadas neste cd, destaco as três primeiras. O Concerto para sax acaba num clímax delicioso, com ar meio folclórico, que vai curiosamente se dissolvendo. Oratio II é um verdadeiro transe, cujo uso da fita magnética parece brincar com um clichê típico de música de meditação (obviamente, propiciando tudo menos relaxamento), e Les Éclat de l’Abîme impessiona na versatilidade que dá para o conjunto sax-fita magnética (sobretudo o fantástico início).
Boa audição.
P.S. de PQP Bach: Que baita CD. IM-PER-DÍ-VEL !!!
Călin Ioachimescu (1949): Around the sound
01 – Concerto for saxophone and orchestra (1994)
Daniel Kientzy, sax
Romanian National Radio Orchestra
Horia Andreescu, conductor
02 – Oratio II (1991), for winds, percussion, tape and live electronic system
Omnia Ensemble
Marin Soare, conductor
03 – Les éclats de l’Abîme (1995), for contrabass saxophone and tape
Daniel Kientzy, sax
Por algum motivo inexplicável resolvi começar o dia ouvindo Pergolesi. Talvez motivado pela rotina que vivemos nos últimos meses, presos por um medo de algo invisível ao olho humano, mas tão letal … a humanidade está vivendo um período difícil, talvez um dos mais difíceis já enfrentados na sua história. Mesmo com todo o desenvolvimento da ciência, da tecnologia, estamos sempre com medo do próximo, não podemos nos aproximar dos nossos seres queridos.
Nunca deixo de me surpreender que, ao ouvir o “Stabat Mater” de Pergolesi, o compositor tenha morrido com apenas 26 anos de idade. Que profundidade de sentimentos para alguém tão jovem. Sim, porque esta sua obra prima provavelmente é o mais belo ‘Stabat Mater’ já composto, me perdoem Vivaldi dentre outros compositores que viveram na mesma época. Nunca deixo de me emocionar quando o ouço.
Esta gravação que ora vos trago não é tão recente, 2010, para ser mais exato, mas não deixa de ser menos bela. A mezzo soprano Bernarda Fink e a soprano Anna Prohaska dão um banho de interpretação, nos deixando ainda mais atônitos com a beleza da obra.
1 I. Duo: Stabat mater dolorosa
2 II. Aria (soprano): Cujus animam gementem
3 III. Duo: O quam tristis et afflicta
4 IV. Aria (alto): Quae moerebat et dolebat
5 V. Duo: Quis est homo, qui non fleret
6 VI. Aria: Vidit suum dulcem natum
7 VII. Aria (alto): Eja, mater, fons amoris
8 VIII. Duo: Fac, ut ardeat cor meum
9 IX. Duo: Sancta mater, istud agas
10 X. Aria (alto): Fac, ut portem Christi mortem
11 XI. Duo: Inflammatus et accensus
12 XII. Duo: Quando corpus morietur – Amen
Anna Prohaska – Soprano
Bernarda Fink – Mezzo Soprano
Akademie für Alte Musik Berlin
“Lo annuncio così a tutti gli amici che mi sono stati sempre vicino e anche a quelli un po’ lontani che saluto con grande affetto. Impossibile nominarli tutti”
“Assim o anuncio a todos os amigos que sempre estiveram próximos e também àqueles que estão um pouco distantes, que saúdo com muito carinho. Impossível nomeá-los todos”
Ennio MORRICONE (1928-2020)
Trilha sonora original para o filme “Uccellacci e Uccellini” de Pier Paolo Pasolini (1966)
1 – Uccellacci e uccellini – titoli di testa (feat. Domenico Modugno)
2 – Aforismi
3 – Teatrino all’aperto
4 – Nidi di rondine
5 – Scuola di ballo al sole
6 – San Francesco parla agli uccelli
7 – Il corvo professore
8 – Teatrino all’aperto
9 – Scarpe rotte
10 – Uccellacci e uccellini – strumentale
11 – Funerale
12 – Uccellacci e uccellini – titoli di coda (feat. Domenico Modugno)
Trilha sonora original para o filme “Il Fiore delle Mille e Una Notte” de Pier Paolo Pasolini (1974)
1 – Tema di Aziza
2 – Tema di Dunja
3 – Tema del Demone – Primo
4 – Tema del Demone – Secondo
5 – Tema di Dunja – Seconda
6 – Tema della Battaglia
7 – Misterioso
8 – Tema di Aziza – Secondo
9 – Tema della Mounting di Pietra Nera – Primo
10 – Tema Del Demone – Terzo
11 – Mistico
12 – Tema di Dunja – Terzo
13 – Tema della Montagna di Pietra Nera – Secondo
14 – Tema del Demone – Quarto
15 – Rituale
16 – Tema di Dunja – Quarto
17 – Rituale – Secondo
18 – Tema del Demone – Quinto
19 – Tema della Montagna di Pietra Nera – Terzo
20 – Tema di Dunja – Quinto
21 – Tema del Demone – Sesto
22 – Rituale – Terzo
23 – Tema del Demone – Settimo
24 – Tema di Aziza – Terzo
Reapresentamos aqui este belíssimo projeto: a Aurora Luminosa, que desfila quatro dos maiores nomes do romantismo/nacionalismo brasileiro: Carlos Gomes, o maior compositor de óperas do continente americano; Leopoldo Miguez, autor Hino à Proclamação da República; Alexandre Levy, de obra muito pequena (faleceu precocemente, aos 28 anos…) mas de grande caráter nacionalista; e Alberto Nepomuceno, o cara que todo compositor do início do modernismo brasileiro queria ser…
Para ajudar, temos uma das melhores orquestras do país, a Sinfônica Nacional, comandada pela batuta sensível de Ligia Amadio. Já tive a oportunidade de vê-la regendo em São Paulo: há muito amor, sentimento e candura em sua condução, o que é perfeito para músicas do romantismo.
As peças são fenomenais! Ouça, ouça! Abaixo, o texto original do colega Strava, com o excerto do texto do encarte do CD. Este projeto foi realizado pela Orquestra Sinfônica Nacional da Universidade Federal Fluminense em conjunto com o Ministério da Educação para comemorar os 45 anos da OSN-UFF e com o intuito de divulgar a música sinfônica brasileira gratuitamente na Internet através do Portal Domínio Público.
Obras
Werther – Alexandre Levy Repleta de Lirísmo, Werther é inspirada na obra de Goethe – Os sofrimentos do jovem Werther, de 1774, um dos pontos de partida para o estabelecimento da imagem trágica do herói romântico, que, ironicamente, seria encarnada pelo próprio Levy em 1892, quando morreu prematura e misteriosamente, aos 28 anos de idade.
Alvorada – Carlos Gomes Lo schiavo possui intenções claras de exaltar o movimento abolicionista brasileiro. Dedicada à Princesa Isabel, estreou no Imperial Teatro D. Pedro II, no Rio de Janeiro em 2 de Setembro de 1889. Hoje, pode causar certa estranheza serem índios os escravos retratados nessa ópera e não negros africanos; o fato é que Carlos Gomes optou pela etnia indígena para não desgostar ainda mais D. Pedro II que, sabia ele, aceitara a abolição da escravatura muito a contragosto. Da partitura de Lo schiavo fazem parte oito das mais belas páginas orquestrais de Carlos Gomes: é a Alvorada, que retrata o nascer de um novo dia na floresta tropical, quando se ouvem a brisa nas folhagens, toques de corneta de uma frota portuguesa ao longe, voos de pássaros, gorjeios de uma sabiá e ecos de um imponente hino marcial, tudo estruturado em harmonia ímpar. A riqueza de suas nuances melódicas tem impressionado ouvintes de todas as épocas, em qualquer parte do Brasil ou do mundo.
Avè libertas – Leopoldo Miguez O poema sinfônico Avè libertas, composto em 1890 para comemorar o primeiro ano da Proclamação da República e dedicado ao Marechal Deodoro, segue a fórmula romântica de exaltação nacionalista, inspirada na Europa e mantendo o espírito libertário da época, o mesmo que marca o refrão do Hino à Proclamação da República, cuja música é de sua autoria.
Série Brasileira – Alberto Nepomuceno Estreada, na versão integral para orquestra, em 1897, a Série Brasileira é um marco na música nacionalista brasileira, utilizando temas que evocam canções e melodias bastante populares, hoje incorporados à memória coletiva nacional. Sua qualidade composicional é indiscutível, e o “Batuque” (a Quarta da série) ganhou destaque internacional: foi muitas vezes executado isoladamente por orquestras do mundo todo.
Fonte: Os textos sobre as obras foram retirados do encarte do cd – Pesquisa textual – Robson Leitão.
Uma ótima audição!
.oOo.
Aurora Luminosa – Música Brasileira no Alvorecer do Século XX
Alexandre Levy (São Paulo, SP, 1864 — São Paulo, SP, 1892)
01. Werther
Antônio Carlos Gomes (Campinas, SP, 1836 – Belém, PA, 1896)
02. Alvorada, da ópera Lo Schiavo
Leopoldo Miguez (Niterói, RJ, 1850 – Rio de Janeiro, RJ, 1902)
03. Avè Libertas
04 Alberto Nepomuceno (Fortaleza, CE, 1864 – Rio de Janeiro, RJ, 1920)
Movimentos:
– Alvorada na serra
– Intermédio
– A sesta na rede
– Batuque
Orquestra Sinfônica Nacional – UFF
Lígia Amadio, regente
Rio de Janeiro, 2006
Trilha sonora original para o filme “The Untouchables” (“Os Intocáveis”) de Brian de Palma (1987)
1 – The Strength of the Righteous
2 – Ness and His Family – Part I
3 – Warehouse* – False Alarm
4 – Ness Meets Malone
5 – Al Capone – Part II (version 2)
6 – A Mother’s Plea
7 – Ness meets Wallace* – Ness Meets Stone*
8 – Victorious
9 – Murderous – Goodnights
10 – Nitti harasses Ness
11 – Send Family Away
12 – Waiting for What? – Montana Intro
13 – Waiting at the Border
14 – The Untouchables
15 – Surprise Attack – Dead Man’s Bluff
16 – Ness and his Family – Part II
17 – In the Elevator
18 – Four Friends
19 – Payne and Bowtie – Ness Study* – Al Capone – Part I
20 – The Man with the Matches – Nitti Shoots Malone*
21 – Malone’s Death
22 – Machine Gun Lullaby – Kill Bowtie
23 – Courthouse Chase
24 – On the Rooftops – Nitti’s Fall
25 – He’s in the Car – Here endeth the Lesson
26 – Death Theme (02:42)
27 – The Untouchables (End Title)
1 – The Untouchables (End Title)
2 – Al Capone
3 – Waiting at the Border
4 – Death Theme
5 – On the Rooftops
6 – Victorious
7 – The Man with the Matches
8 – The Strength of the Righteous (Main Title)
9 – Ness and his Family
10 – False Alarm
11 – The Untouchables
12 – Four Friends
13 – Machine Gun
14 – Mood Indigo (D. Ellington, I. Mills, B. Bigard)
15 – Al Capone – Part II (version 1) (01:39)
16 – Machine Gun Lullaby–Part 1 (no celeste)
17 – On the Rooftops (no saxophone)
18 – Here Endeth the Lesson (alternate)
19 – Love Theme from The Untouchables (performed by Randy Edelman)
O filme de Roland Joffé A Missão explora um momento fascinante e polêmico da história da América do Sul: as missões jesuíticas entre os guaranis, cuja rede formou uma espécie de Estado autônomo por 158 anos – o qual, entre outras coisas, exportava violinos para a Europa.
Alguns, como o cineasta Silvio Back, tendem a ver as Missões (que deram nome à província argentina de Misiones) apenas como uma forma especialmente refinada da opressão dos ameríndios pelos colonizadores europeus. Outros, como o padre e historiador suíço Clóvis Lugon, as veem como o que houve de mais próximo da realização da Utopia.
Neste filme de 1986 Roland Joffé se alinhou com Lugon não porque quisesse tomar partido em uma polêmica sobre fatos acontecidos de dois a três séculos antes: seu filme é sobretudo um libelo em favor da prática política da Teologia da Libertação latino-americana no final do século XX –
… o que pode gerar uma polêmica adicional na qual não pretendo entrar: o que me interessa aqui é que A Missão é cinema do grande – e a marcante trilha de Ennio Morricone é um dos fatores que contribuem para isso.
Com, vocês, portanto, a trilha de A Missão:
01 On Earth As It Is In Heaven 3:50
02 Falls 1:55
03 Gabriel’s Oboe 2:14
04 Ave Maria Guarani 2:51
05 Brothers 1:32
06 Carlotta 1:21
07 Vita Nostra 1:54
08 Climb 1:37
09 Remorse 2:46
10 Penance 4:03
11 The Mission 2:49
12 River 1:59
13 Gabriel’s Oboe 2:40
14 Te Deum Guarani 0:48
15 Refusal 3:30
16 Asuncion 1:27
17 Alone 4:25
18 Guarani 3:56
19 The Sword 2:00
20 Miserere 1:00
A capa do disco parece da ECM. Colocamos o CD para ouvir e, bem, ele segue parecendo um disco da ECM. As músicas de Kent começam com um ostinato interessante, ganham melodias e somem. Não chega a ser uma loucura de disco bom, mas agrada sem jamais incomodar. A ideia é excelente. Green and Grey, verde e cinza, a grama e o concreto, a justaposição entre o mundo natural e o ambiente construído pelo homem que devem coexistir em harmonia, mas na prática com muita frequência em conflito. Nas 11 faixas, a violoncelista canadense Julia Kent, residente em Nova York, tenta construir um poema para explorar as tensões inerentes ao relacionamento da humanidade com o mundo ao nosso redor. Um segundo Koyannisqatsi. Kent toca desacompanhada, usando apenas seu violoncelo sampleado, mergulhado em sons ambientes ao lado de alguns eletrônicos sutis, além de gravações de campo de sons naturais, como água e sons noturnos.
Julia Kent: Green and Grey
1 Pleiades 5:08
2 Ailanthus 4:58
3 The Toll 3:49
4 Acquario 4:16
5 Tithonos 3:00
6 Guarding The Invitations 4:28
7 Overlook 4:59
8 A Spire 3:59
9 Missed 4:38
10 Dear Mr. Twombly 3:05
11 Wake Low 4:53
Cello – Julia Kent, Robert Brewer Young
Electronics – Julia Kent
Newark é uma cidade americana no estado de New Jersey muito próxima a Nova Iorque. Newark detêm uma enorme concentração de brasileiros. A razão disto é que, antes dos brasileiros, era um reduto de portugueses. Os patrícios chegaram lá primeiro e acabaram nos acolhendo. Se você está há algum tempo nos EUA e bater aquela vontade de comer um pastel acompanhado de caldo de cana ou guaraná, basta dar um pulo em Ironbound, a brazilian neighborhood. Encontrará muitas opções. Mas nosso interesse hoje em Newark é outro. Foi nesta cidade, em 17 de agosto de 1918, que nasceu Ike Quebec, o cara do disco desta postagem. Um disco de jazz.
Na página do selo Blue Note, para o qual ele gravou seus discos e onde trabalhou como arranjador e no setor de A&R, descobrimos que ele foi influenciado por Coleman Hawkins e Ben Webster. Inicialmente era dançarino e pianista e tinha grande habilidade para ler qualquer partitura de primeira vista, mas adotou o saxofone tenor como principal instrumento. E fez muito bem, pois foi do primeiro time de saxofonistas nos anos 1940 e 1950. O disco da postagem foi gravado em 1961, um período de breve retorno às gravações, uma vez que Ike Quebec morreu em 1963. Breve retorno, pois durante os anos 1950 gravou pouco, devido a problemas pessoais e também devido ao decrescimento do interesse na música das Big Bands.
Blue & Sentimental é um ótimo disco que mistura baladas românticas e músicas de ritmo mais envolvente. Prepare aquele pen-drive especial para o fim de tarde e se houver companhia então…
Blue & Sentimental
“Blue and Sentimental” (Count Basie, Mack David, Jerry Livingston) – 7:28
“Minor Impulse” (Quebec) – 6:34
“Don’t Take Your Love from Me” (Henry Nemo) – 7:04
“Blues for Charlie” (Green) – 6:48
“Like” (Quebec) – 5:21
“That Old Black Magic” (Arlen, Mercer) – 4:52
“It’s All Right With Me” (Porter) – 6:05
“Count Every Star” (Bruno Coquatrix, Sammy Gallop) – 6:16
Ike Quebec- saxofone tenor, piano (faixas 2, 4, 7)
Grant Green- guitarra
Paul Chambers(faixas 1-7), Sam Jones (faixa 8) – baixo
Louis Hayes(faixa 8), Philly Joe Jones (faixas 1-7) – bateria
Sonny Clark- piano (faixa 8)
Gravado em 16 de dezembro (faixas 1-7) e 23 de dezembro (faixa 8) de 1961.
Momento dedicado aos nossos professores de inglês: The Allmusic review by Steve Huey awarded the album 5 stars and calling it “a superbly sensuous blend of lusty blues swagger and achingly romantic ballads… a quiet, sorely underrated masterpiece”.
In 2004, critic Richard Cook wrote that the album “might be Quebec’s masterpiece”.
O Castle Trio encerra sua contribuição a nossa epopeica travessia da obra de Beethoven com aqueles que considero seus melhores trios.
A dupla do Op. 70 foi basicamente composta naquele ocupadíssimo 1808 em que Ludwig finalizou e estreou as sinfonias nos. 5 e 6 e a Fantasia Coral, além da grande sonata para violoncelo, Op. 69. Os trios foram finalizados na casa de sua amiga, a condessa Marie von Erdődy, a quem foram dedicados. Erdődy, que alguns incautos consideram ser a misteriosa “Amada Imortal” a que Beethoven se referiu naquela célebre carta, quase certamente encarava o compositor, seu confidente, como figura fraterna, quiçá mesmo paterna. Ela foi-lhe fundamental, não só por acolhê-lo em sua propriedade rural inúmeras vezes, mas também por recebê-lo em sua residência depois que ele deixou seu caótico apartamento no Palácio Pasqualati, do lado do qual funciona um museu dedicado a compositor (pois não se enganem se forem a Viena: o apartamento em que Beethoven morou está ocupado). Mais ainda, ela foi uma eficiente interlocutora entre Beethoven e a aristocracia vienense, o que lhe assegurou novos mecenas para que ficasse na cidade, uma vez que negociava, em termos um tanto frouxos, um cargo de Kapellmeister que nada lhe interessava em Cassel, mais como um blefe para aumentar o preço do seu passe do que por qualquer outro motivo.
Independentemente do que tenha havido entre os dois, a condessa tinha razoável liberdade para acolher o compositor em seus lençóis, pois estava desquitada do marido e tinha, de modo muito aberto, um amante – uma situação muito diferente daquela sugerida pelo tom sôfrego e enigmático da carta para a Amada Imortal. Se este improvável affair ajudou alguém, foi o ator Gary Oldman, que incorporou o compositor naquela horrenda cinebiografia e que teve a felicidade de oscular reiteradamente a carnuda boca de Isabella Rossellini – tanto nas telas, porque ela vivia a condessa Erdődy, quanto fora delas.
Deixamos o modo “Fofocas & Babados” e voltamos para a música. É incrível o que a evolução artística de Beethoven levou-o a fazer com esses trios no seu retorno ao gênero, depois de quatorze anos. Ricos em ideias e expressividade, são obras-primas consumadas que nos fazem lamentar que ele só viesse a criar só mais um trio, o soberbo Op. 97. Seu xodó na música de câmara, claro, eram os quartetos de cordas, veículo mais em voga entre os cada vez mais corriqueiros e competentes conjuntos profissionais, em franco contraste com os grupos de competentes amadores que normalmente encaravam os trios.
Esse duo de trios tem um membro famoso, e outro injustamente obscurecido. A celebridade é, claro, o no. 1, a quem alguém (que, para variar, não foi Beethoven) resolveu alcunhar de “Fantasma”, por perceber uma sonoridade evocativa de assombrações no de fato soturno movimento lento. A profunda impressão causada por este memorável Largo foi imediata e duradoura, e expandiu-se para bem além desse trio: como esboços para uma ópera baseada em “Macbeth” (que teria libreto de Collin, aquele mesmo cujo Coriolan ganhara uma abertura de Beethoven) foram encontrados no mesmo caderno que os rabiscos para o movimento “fantasma”, alguém resolveu combiná-los e propor algo parecido com o que seria a abertura da ópera:
A merecida fama do Largo, no entanto, eclipsa os empolgantes movimentos rápidos que o envolvem, e a sombra chega ao brilhante trio no. 2, o injustamente obscurecido membro da dupla. Eu, que adoro o primeiro, prefiro o segundo, por sua irresistível combinação de verve e criativa elaboração dos temas com equilíbrio impecável no difícil diálogo entre instrumentos de mecânica e timbres tão distintos. Não há, entretanto, por que lhe propor polêmicas: ouçam os dois na mesma sessão, e agradeçam também à Erdődy por ter cuidado tão bem de nosso querido renano.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Dois trios para piano, violino e violoncelo, Op. 70 Compostos em 1808 Publicados em 1809 Dedicados à condessa Anna Maria von Erdődy
No. 1 em Ré maior, “Fantasma”
1 – Allegro vivace e con brio
2 – Largo assai ed espressivo
3 – Presto
No. 2 em Mi bemol maior
4 – Poco sostenuto – Allegro, ma non troppo
5 – Allegretto
6 – Allegretto ma non troppo
7 – Finale. Allegro
The Castle Trio: Lambert Orkis, piano Marilyn McDonald, violino Kenneth Slowik, violoncelo
Sim, eu sei. Os compositores brasileiros são ótimos — são mesmo! –, mas, assim como na literatura e no cinema, eles não têm as chances de quem nasceu e vive no primeiro mundo. Então, é muito mais fácil ouvir e ver a produção estrangeira antes da nossa. O compositor, maestro e pianista inglês Thomas Adès é muito bom. Sua música dialoga com o popular e faz paródias. Nada diferente da tradição histórica da música. Seu Concert Paraphrase on Powder Her Face reflete o glamour dos temas operísticos da maneira grandiosa de Liszt ou Busoni, enquanto Still Sorrowing e Darknesse Visible exploram os belos trabalhos de alaúde de John Dowland. Ouvida aqui em estreia mundial, Blanca Variations é lírica e fluida em caráter. Adès captura e transforma o estilo polonês em suas Mazurkas e o espírito de Satie e Ravel em Souvenir, tema do filme Colette.
Thomas Adès (1972): Peças para Piano Solo
Concert Paraphrase on Powder Her Face
1. I. — 00:05:32
2. II. — 00:01:26
3. III. — 00:08:33
4. IV. — 00:01:54
Still Sorrowing, Op. 7
5. Still Sorrowing, Op. 7 00:11:00
Darknesse Visible
6. Darknesse Visible 00:08:03
Blanca Variations
7. Blanca Variations 00:05:56
Traced Overhead, Op. 15
8. I. Sursum 00:00:44
9. II. Aetheria 00:02:28
10. III. Chori 00:07:27
3 Mazurkas, Op. 27
11. I. First Mazurka 00:01:53
12. II. Second Mazurka 00:02:20
13. III. Third Mazurka 00:04:33
Estamos muito down!!!! Vamos levantar nossa moral. A humanidade vivencia uma experiencia única com o Covid-19. Tem muitas coisas boas e coisas ruins. Uma das coisas boas é este CD do Creedence Clearwater Revival! Ouça e deixe cair!
Postagem dedicada aos semi-novos que galhardamente enfrentamos esta pandemia.
01 – Suzie Q 02 – I Put A Spell On You 03 – Proud Mary 04 – Bad Moon Rising 05 – Lodi 06 – Green River 07 – Commotion 08 – Down on The Corner 09 – Fortunate Son 10 – Travelin’ Band 11 – Who’ll Stop The Rain 12 – Up Around The Bend 13 – Run Through The Jungle 14 – Looking Out My Backdoor 15 – Long As I Can See The Light 16 – I Heard It Through The Grapevine 17 – Have You Ever Seen The Rain 18 – Hey Tonight 19 – Sweet Hitch Hiker 20 – Someday Never Comes
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Estou inundando os HDs de vocês com doze integrais paralelas das sinfonias de Ludwig. Imagino, então, que não se importarão com que lhes ofereça uma integral a mais – umazinha só – da obra para violoncelo e piano, né?
Ou me engano?
Vejam só: aqui estão Mischa Maisky, aquele distinto violoncelista leto-israelense que, apesar de exagerar no vibrato e não ter o mais bonito dos timbres, exsuda musicalidade e quase sempre entrega leituras muito convincentes das obras a que se dedica. E sua companheira de gravação, e quase vizinha em Bruxelas, é sua amiga de longuíssima data, a deusa portenha do piano, aquela-que-não-precisa-de-apresentações-porque-todos-sabem-que-a-amo-de-paixão.
Ouçam e deliciem-se: tenho certeza de que vão me perdoar.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Doze Variações em Fá maior sobre “Ein Mädchen oder Weibchen”, de “Die Zauberflöte” de Mozart, para violoncelo e piano, Op. 66
1 – Thema
2-13 – Variationen 1-12
Duas Sonatas para violoncelo e piano, Op. 5
No. 1 em Fá maior
14 – Adagio sostenuto
15 – Allegro
16 – Adagio – Presto – Tempo primo
17 – Rondo: Allegro vivace
No. 2 em Sol menor
18 – Adagio sostenuto ed espressivo
19 – Allegro molto più tosto presto
20 – Rondo: Allegro
Sete variações em Mi bemol maior sobre a ária “Bei Männern, welche Liebe fühlen”, de “Die Zauberflöte” de Mozart, para violoncelo e piano, WoO 46
9 – Allegro con brio
10 – Adagio con molto sentimento d’affetto – attacca:
11 – Allegro – Allegro fugato
Doze Variações em Sol maior sobre “See the conqu’ring hero comes”, do Oratório “Judas Maccabaeus” de Händel, para violoncelo e piano, WoO 45
12 – Thema
13-24 – Variationen I-XII
James Ehnes é o violinista dos violinistas. Deu para sentir isso em fevereiro deste ano, quando o vimos em ação ao vivo no Wigmore Hall. Bem, as duas primeiras sonatas deste CD são extraordinárias. A célebre Primavera nem se fala, mas não conhecia a fundo o lindo Op. 23. Este é o terceiro CD das sonatas de violino de Beethoven com James Ehnes e Andrew Armstrong e era aguardado com muita expectativa pelo mundo erudito. Os álbuns anteriores — Nº.9 ‘Kreutzer’ e 6 e Nº.1-3, Variações WoO40 — receberam críticas excelentes. A Gramophone escreveu sobre este lançamento: “Com alguns discos, você pode dizer antecipadamente que tudo vai dar certo”. E aqui, a popular sonata Primavera é emoldurada pela estranha e sedutora quarta sonata e a modesta oitava — apesar do irresistível último movimento (Allegro vivace). Um antigo Rondó e um conjunto de danças alemãs completam o generoso programa.
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Violino Nos. 4, 5, 8 Rondó & Seis Danças Germânicas (Ehnes / Armstrong)
01. Violin Sonata No. 4 in A Minor, Op. 23: I. Presto
02. Violin Sonata No. 4 in A Minor, Op. 23: II. Andante scherzoso piu Allegretto
03. Violin Sonata No. 4 in A Minor, Op. 23: III. Allegro molto
04. Violin Sonata No. 5 in F Major, Op. 24 “Spring”: I. Allegro
05. Violin Sonata No. 5 in F Major, Op. 24 “Spring”: II. Adagio molto espressivo
06. Violin Sonata No. 5 in F Major, Op. 24 “Spring”: III. Scherzo. Allegro molto
07. Violin Sonata No. 5 in F Major, Op. 24 “Spring”: IV. Rondo. Allegro ma non troppo
08. Six German Dances, WoO 42
09. Rondo for violin & piano in G Major, WoO 41
10. Violin Sonata No. 8 in G Major, Op. 30/3: I. Allegro assai
11. Violin Sonata No. 8 in G Major, Op. 30/3: II. Tempo di Minuetto, ma molto moderato e grazioso
12. Violin Sonata No. 8 in G Major, Op. 30/3: III. Allegro vivace
Não é que o concerto de Adès seja mau, é que a companhia é muito boa. O Concerto de Sibelius faz a gente esquecer até dos 3 Humoresques que fecham o CD. Pois é… O Concerto para Violino de Jean Sibelius é um favorito pós-romântico e parece ter pouco em comum com os Caminhos Concêntricos de Adès, uma peça cerebral escrito quase 100 anos depois pelo britânico Thomas Adès. As conexões, Hadelich afirma nas anotações do álbum, nem sempre são aparentes na superfície: “Os tímpanos profundos e estrondosos e os baixos em Sibelius preenchem a lacuna de Adès, um trabalho que também explora as profundidades mais baixas do som, criando abismos sobre os quais o violinista executa um ato na corda bamba.” Por falar nele, Hadelich é excelente. Ele é ousado e exato. Também tem uma forma aristocrática de acentuar o que deseja que ouçamos. Porém, é feroz no movimento central de Adès, quando temas concêntricos circulam e se transformam em um ápice emocional, depois se libertando repentinamente.
Adès / Sibelius: Concertos para Violino (Hadelich / Lintu)
Violin Concerto ‘Concentric Paths’
Composed By – Thomas Adès
1 Rings 3:58
2 Paths 10:25
3 Rounds 4:55
Violin Concerto Op. 47
Composed By – Jean Sibelius
4 Allegro Moderato 15:36
5 Adagio di Molto 8:49
6 Allegro, Ma di Tanto 7:39
Three Humoresques
7 Humoresque Op. 87 No. 2 In D Major 2:30
Composed By – Jean Sibelius
8 Humoresque Op. 89 No. 2 In G Minor 3:42
Composed By – Jean Sibelius
9 Humoresque Op. 89 No. 3 In E Flat Major 3:31
Composed By – Jean Sibelius
Conductor – Hannu Lintu
Orchestra – Royal Liverpool Philharmonic Orchestra
Performer, Violin – Augustin Hadelich
A melhor de todas as sonatas para violoncelo e piano? Eu acho, e com muita folga. Independentemente de minha desimportante opinião, a Op. 69 foi a primeira obra do gênero a colocar os dois instrumentistas em pé – ou deveríamos dizer em espigão? – de igualdade, mais ou menos como aquela sonata-que-não-vou-chamar-de-Kreutzer fizera com as sonatas para violino, alguns anos antes. Assim como a não-Kreutzer, composta na mesma tonalidade de Lá maior, a Op. 69 também começa, num gesto sem precedentes em seu gênero, com um solo do instrumento de cordas. A atmosfera, claro, é muito diferente: não há aqui os ferozes voos concertísticos da obra para violino, e a escrita é muito mais econômica, inclusive de comparada às duas sonatas para violoncelo anteriores, aquelas do Op. 5. Os dois instrumentos colaboram, comentam-se e sublinham-se até o irresistível finale, com sua expressiva coda e resoluta conclusão.
A dupla Wispelwey/Lazić, de já tão emblemática atuação nas sonatas Op. 5, sai-se aqui ainda melhor. É fenomenal o grau de precisão que eles conseguem em sua colaboração na intrincada, e falsamente descontraída, Op. 69, e o tom na visionária dupla do Op. 102 me soou perfeito às demandas do Beethoven tardio. Reclamo, tão só, da escolha por encerrar o disco com as bonitinhas e pouco estimulantes variações de juventude sobre uma ária d’A Flauta Mágica, que aqui soam anticlimáticas. Sugiro que comecem por elas, prossigam com as Op. 102 e concluam com a eudaimônica Op. 69 – e sejam felizes.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Sonata em Lá maior para violoncelo e piano, Op. 69 Composta em 1807 Publicada em 1809 Dedicada ao conde Ignaz von Gleichenstein
1 – Allegro ma non tanto
2 – Scherzo. Allegro molto
3 – Adagio cantabile – attacca:
4 – Allegro vivace
Duas sonatas para violoncelo e piano, Op. 102
Compostas em 1815
Publicadas em 1817
Dedicada à condessa Anna Maria von Erdődy
9 – Allegro con brio
10 – Adagio con molto sentimento d’affetto – attacca:
11 – Allegro – Allegro fugato
Sete variações em Mi bemol maior sobre a ária “Bei Männern, welche Liebe fühlen”, de “Die Zauberflöte” de Mozart, para violoncelo e piano, WoO 46 Compostas em 1801 Publicadas em 1802 Dedicadas ao conde von Browne
12 – Thema: Andante
13 – Variation I
14 – Variation II
15 – Variation III
16 – Variation IV
17 – Variation V
18 – Variation VI
19 – Variation VII
Por mais gravações de sonatas para piano de Beethoven que eu tenha ouvido, sempre que vejo um disco novo minha curiosidade dispara. Não foi diferente com o disco desta postagem. O que realmente foi diferente é que gostei muito. Assim, tratando-se de um disco recém lançado no mercado, decidi oferece-lo aos nossos assíduos leitores ou seguidores. Eu sei, sempre penso nos senhores como ‘leitores’, mesmo que muito de vocês (possivelmente) não deem a mínima para as mal traçadas que aqui deixamos.
Voltando ao disco da postagem, já o tenho ouvido por alguns dias, e várias vezes, em alguns destes alguns dias. Usando assim o critério de persistência na vitrola, ofereço-o ao julgamento de vocês.
Gostei da escolha do repertório – três sonatas de períodos diferentes, com a Sonata ‘à Thérèse’ funcionando um pouco como um intermezzo entre a Tempestade, que inicia o disco, e a lindíssima última sonata composta pelo grande Ludovico.
Kotaro Fukuma tem todas as credenciais para um grande pianista. Nascido em Tóquio, estudou no Conservatório de Paris, onde ganhou o Primeiro Prêmio de Piano em 2005. Seguiu ganhando muitos prêmios e construindo uma sólida carreira de concertista. Uma de suas características é o forte interesse por música contemporânea. Já estreou obras de compositores como Takemitsu e Rautavaara, por exemplo.
Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)
Sonata para Piano No. 17 em ré menor, Op. 31, 2 – ‘Tempestade’
Largo – Allegro
Adagio
Allegretto
Sonata para Piano No. 24 em fá sustenido maior, Op. 78 – ‘à Thérèse’
Esta não é uma postagem fácil. Para quem ama cinema e música a morte de Morricone é uma perda pessoalíssima. Não se trata somente da perda de um homem que viveu quase cem anos, produziu beleza em obras preciosas e teve uma vida, acredito, bela e plena. Trata-se da ausência de uma intensidade raríssima. Intensidade vital, artística, musical, expressiva e impressiva; ausência de um artista ao qual podemos atribuir uma força da natureza, assim como os antigos mestres da música. Sem as trilhas de Morricone, muitos filmes não teriam nem o fôlego nem a bilheteria que alcançaram. No caso do pejorativamente chamado ‘faroeste spaghetti’, o gênero sequer existiria sem os climas estabelecidos pelos sons do trágico trompete na hora dos duelos; das guitarras, dos sinos, ocarinas, gritos, harpa de boca (jaws harp), flautins, harmônicas, relógios que tilintam, repiques… Trilha sonora é coisa seríssima e nessa arte Morricone foi mestre absoluto e originalíssimo. Dono de uma verve melódica avassaladora e competente conhecedor de elementos tradicionais da música italiana, que usou com verdadeiro gênio em suas criações, misturando o belo e o feio, a doçura com o grito; tecendo tapeçarias sonoras compostas de uivo de coiote, canto de pássaro, sinos fúnebres, órgãos estridentes, galopes percussivos. Conta-se que algumas vezes os diretores mudavam cenas e detalhes dos roteiros sob a impressão causada por sua música – que sorte a deles contarem com tal aliado em suas produções.
Sobre arte todos dão opiniões, e sempre há algo de razoável e de absurdo nas mesmas. É normal que em ambiente neutro, quero dizer, não acadêmico, seja numa roda de amigos e especialmente no boteco, nos vemos tomados de transes apoteóticos e bradamos que esta ou aquela sinfonia, este ou aquele compositor, são os maiores que já existiram! E com a gradação alcoólica podemos ir de Beethoven a Reginaldo Rossi sem qualquer cerimônia. Vale tudo. Pois bem, sem qualquer receio de arrependimento e contradição póstuma, digo que esta trilha sonora ‘talvez’ seja a maior já escrita para um filme. ‘Era Uma Vez na América’ é uma obra prima de Sergio Leone e incorrendo de novo no excesso, diria que é a sua grande obra prima (mea culpa). Muitos talvez prefiram a trilogia dos Dólares em ‘um punhado’ ou ‘alguns a mais’, culminando com o ‘trielo’ no cemitério de ‘O Bom o Mal e o Feio’; ou ainda prefiram “Era uma vez no Oeste”, o que é mais frequente e cuja trilha se tornou popularíssima devido à sua comovente ária, muito utilizada em eventos floridos, como casamentos e funerais.
Outra razão pela qual essa é uma postagem difícil é falar sobre uma trilha tão rica e intensa, entretecida com inesquecíveis ‘leitmotivs’. Não somente personagens são referenciados com temas, mas também suas emoções. A memória, o tempo, a morte, o medo, têm suas ‘personas’ sonoras na trilha. Algumas peças populares Morricone tomou de empréstimo em sua tapeçaria musical: ‘Summertime’ (Gershwin), ‘Yesterday’ (Lennon & McCartney); ‘God Bless America’, de Irving Berlin; e ‘Amapola’, do compositor, maestro e clarinetista espanhol José Maria Lacalle Garcia. Uma presença das mais marcantes no filme é o som da Sirinx (ou flauta de Pã) do romeno Zamfir. A densidade da trilha estabelece a atmosfera do filme e quem o conhece não irá esquecer, nem das cenas nem dos temas. Conta-se que Morricone realizou a maior parte da trilha mesmo antes das cenas serem filmadas e que Leone fez com que reproduzissem a trilha durante as próprias filmagens. É uma música épica para um drama épico – terminologia que caracteriza bem “Era uma vez na América”, de 1984.
Último filme de Leone, “Once upon a Time in America” foi baseado no livro “The Hoods”, de Harry Gray. Conta a trajetória de um grupo de quatro amigos judeus do gueto de Nova York (Lower East Side de Manhattan em 1918), desde suas tropelias da infância até a sua vida adulta no crime organizado, ao longo de 35 anos. O herói da narrativa é Noodles, vivido pelo soberbo Robert De Niro; Max, seu “melhor amigo” – as aspas falam por si mesmas, vivido por James Woods; mais os comparsas Cockeye, interpretado por William Forsythe e Frankie, com o habitual ator dos filmes de gangster, Joe Pesci. A heroína da saga é a bela Débora, grande amor de Noodles e interpretada por Elizabeth McGovern; na infância pela doce Jennifer Connelly.
A trajetória do próprio filme em si já foi uma saga. Leone não deu a ele uma forma definitiva, pois que a cada relançamento em diferentes lugares e épocas a fita sofreu cortes, muitos deles irresponsáveis, para o desgosto do diretor e prejuízo do público e da bilheteria. Foi devido a uma falha técnica causada por tais dilapidações que o filme acabou sendo totalmente ignorado pelo Oscar (mas grande coisa, o Oscar…). Resultou que o filme é um dos mais abertos a interpretações.
Particularmente falando, me parece que ‘Era uma vez na América’ tem um mote. Assim como outros bons filmes o têm, a exemplo de ‘O Leitor’, onde o mote é a vergonha; ou ‘O Tesouro de Sierra Madre’, onde o cerne do filme é a ambição. O mote de ‘Era uma vez na América’, me parece que é a inveja. A inveja de Max por Noodles, desde a infância. Noodles é corajoso e simpático, heroico e inteligente, tem a simpatia da linda bailarina, Débora. Max é covarde e feioso, a loucura da mãe o estigmatizava, era invejoso e dissimulado, entre outras coisas.
Resumir um filme tão rico em detalhes e tão longo – na versão que temos em DVD chega a 4 horas – mais interpretações, é tarefa arriscada. Porém em resumo, os quatro jovens bandidos fazem um pacto pelo qual uma porcentagem dos lucros das suas ações seria depositada ao longo dos anos numa maleta, que guardam à chave num armário de uma estação ferroviária. Já adultos, numa misteriosa operação policial, Max, Cockeye e Frankie são mortos. Noodles escapa e vai buscar a maleta, que encontra vazia, com o aviso que estão em seu encalço. Noodles foge no primeiro trem para Buffalo e trinta anos depois recebe um misterioso convite para uma festa na casa de um figurão da política em Nova York. Movido pela curiosidade ele vai à festa e descobre que Max não morrera, mas tramara a sua morte e dos amigos; e ele, Noodles, escapara por pouco. Fora roubado por Max. Seu dinheiro, sua Débora (então esposa de Max), até o relógio que pertencera ao seu pai. Agora a casa caíra para Max, que se vendo às portas de ser desmascarado e preso, intenta o suicídio, porém se acovarda. Planejara então trazer Noodles de volta, insuflar sua revolta e se valer de sua coragem para ser morto. Noodles se recusa a matá-lo. Diz que conforme vê as coisas ele apenas tivera um amigo que morreu. As últimas cenas são enigmáticas e abrem as especulações sobre o enredo. Numa cena simbólica Max é visto embarcando num carro de lixo. O filme retorna para aos primeiros momentos numa casa de ópio, onde Noodles fuma deitado diante de um teatro de sombras. Na última cena vemos seu rosto através de um véu. Ele sorri e o filme termina. Ficamos diante das possibilidades: tudo foi apenas um delírio de ópio de Noodles, ou não. A volta às cenas do início denotaria talvez que tudo aquilo iria de fato acontecer ou não. Leone não deixou uma chave para a resposta. Um detalhe curioso, conta-se que Leone teria sido convidado pela Paramount para dirigir “O Poderoso Chefão”, todavia recusou para se dedicar a ‘Era uma vez na América’.
Como uma boa obra que não depende apenas de enredo, o filme traz entrelinhas e momentos antológicos inesquecíveis, como as cenas da menina Débora ensaiando seu balé ao som de Amapola enquanto Noodles a observa escondido; a cena do menino ao pé da escada com um doce que ele comprara, para dar em troca a uma jovem de quem queria ver os seios, porém o apelo do doce é mais forte; a comovente cena da morte de Dominic, o pequeno comparsa de Noodles, quando emboscados pelo bandido Bugsy; a cena da já adulta Débora limpado sua maquiagem e revelando sua vergonha. Tudo amalgamado pela música mágica e poderosa de Morricone, sem a qual, a meu ver, o filme não teria razão para existir.
Uma última razão pela qual não é uma postagem fácil para mim é que essa música e filme me trazem particulares lembranças de amigos já idos, que amavam música e cinema. Especialmente o amigo que me apresentou a essa obra, Newman Sucupira da Fonseca, professor, fotógrafo e escritor sergipano, a quem dedico a postagem.
Ennio Morricone (1928-2020): Era uma Vez na America (Once Upon a Time in America)
1 Once upon a Time in America
2 Poverty
3 Deborah’s Theme
4 Childhood Memories
5 Amapola
6 Friends
7 Prohibition Dirge
8 Cockeye’s Song
9 Amapola Part II
10 Childhood Poverty
11 Photographic Memories
12 Friends II
13 Friendship & Love
14 Speakeasy
15 Deborah’s Theme – amapola
16 Suite From Once Upon a Time in America
17 Poverty Version
18 Unused Theme
19 Unused Theme II
Acho esta a melhor de todas as notáveis gravações – fosse pela qualidade, fosse pelas idiossincrasias – que Glenn Gould fez das obras de Beethoven. Como é Gould um de meus intérpretes favoritos, e Ludwig me é um amor de vida toda, dizer isso não tem pouco peso para mim. De fato, acho a gravação da transcrição de Liszt para a Quinta uma das melhores coisas que Gould fez na vida – tão boa que ela me soa como uma grande sonata do renano, quase sem que se perceba qualquer toque do magiar.
Gould, claro, detestava Liszt com todas as forças, tanto pelo extremo romantismo e virtuosismo vazio de grande parte de sua obra, quanto principalmente por ele ter sido o epítomo do virtuose-concertista a prestidigitar o teclado e entrar em grandes embates entre solista e orquestra, o que Gould rechaçava como um “esporte sangrento”. Ainda que tivesse as mesmas restrições quanto aos grandes nomes do romantismo pianístico, como Chopin e Schumann, soube abrir-lhes exceções: gravou uma ótima, ainda que sui generis, terceira sonata do polonês e tocou a música de câmara do saxão em vários festivais. Liszt, por sua vez, afora duas peças – uma tocada num recital nos tempos de conservatório, e outra que estudou por imposição de seu professor, o chileno Alberto García Guerrero -, foi solenemente ignorado.
Isso tudo torna ainda mais notória esta gravação, que foi a primeira a ser feita de qualquer das transcrições de Liszt para as sinfonias de Beethoven. Gould, sempre crítico, achava enfadonhas as soluções pianísticas propostas para a transcrição (“se houver um rufar de tímpanos por dez compassos, Liszt vai lá é coloca um tremolo em oitavas no baixo por dez compassos!”). Por outro lado, a maneira reverente com que Liszt trouxe as obras do grande mestre para seu instrumento protegeu-as dos muitos floreios e firulas que espocam de seus demais arranjos, o que, talvez, tenha ajudado Gould a vencer seu ranço com o trabalho do húngaro e até cogitar a gravação do ciclo completo de suas transcrições de Beethoven.
Como já mencionei, a Quinta sob Gould soa eletrizante, cheia de inflexões e detalhes que nunca tinha percebido na versão orquestral. Ele já abandonara os palcos havia três anos, e sua dedicação obsessiva ao estúdio levou-o a superpor gravações para conseguir, em alguns trechos do finale, o efeito que desejava (“Liszt é adepto do ‘não-importa-o-quão-precário-isto-soe-mas-você-tem-que-agradecer-por-estar-ouvindo-a-obra-original-nota-a-nota’, e eu não concordo com essa abordagem”). Recorreu ao mesmo expediente várias outras vezes em sua carreira (como na gravação da transcrição de Liszt para a abertura dos “Mestres Cantores de Nürnberg”, de Wagner) e não tinha o menor problema de admiti-lo: estava acostumado a fazer picadinho de seus takes e colar os retalhos de maneira que as interpretações ficassem exatamente como queria, e cismava que a assombrosa técnica de oitavas de Vladimir Horowitz, a quem muito admirava, também fosse fruto dum truque desses.
As sessões de gravação da Quinta em New York permitiram também a gravação do primeiro movimento da “Pastoral”, incluso no primeiro disco. Esta gravação permaneceu incompleta, e Gould só voltou à “Pastoral” no ano seguinte, para uma transmissão radiofônica no seu Canadá natal. Além da notória diferença de andamentos – o primeiro movimento é quase três minutos mais longo na versão canadense -, ele parece simplesmente querer saborear cada nota da sinfonia, destacando suas vozes com a clareza que lhe era peculiar, o que acaba muitas vezes fazendo-a perder elã. Embora sempre fique a imaginar como seria a gravação nova-iorquina completa, sua contraparte canadense, tão extática quanto estática, também me revelou detalhes que não percebera no original. Como sói acontecer com quase tudo que Gould fez, vale a pena conhecer – nem que seja para odiar por toda a vida depois.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Transcrições para piano de Franz LISZT (1811-1886) (S. 464)
Sinfonia no. 5 em Dó menor, Op. 67
1 – Allegro con brio
2 – Andante con moto
3 – Scherzo. Allegro
4 – Allegro
Sinfonia no. 6 em Fá maior, Op. 68, “Pastoral”
5 – Allegro ma non troppo – Erwachen heiterer Empfindungen bei der Ankunft auf dem Lande (“Despertar de sentimentos alegres com a chegada ao campo”)
1 – Allegro ma non troppo – Erwachen heiterer Empfindungen bei der Ankunft auf dem Lande (“Despertar de sentimentos alegres com a chegada ao campo”)
2 – Andante molto mosso – Szene am Bach (“Cena à beira de um regato”)
3 – Allegro – Lustiges Zusammensein der Landleute (“Alegre reunião de camponeses”)
4 – Allegro – Gewitter, Sturm (“Trovões, tempestade”)
5 – Allegretto – Hirtengesang. Frohe und dankbare Gefühle nach dem Sturm (“Canção de pastores. Sentimentos alegres e gratos, após a tempestade”)
Gravado no estúdio da Canadian Broadcasting Corporation (CBC) para transmissão radiofônica (1968)
Trecho dum documentário da CBC sobre Gould, em que ele toca trechos da transcrição da “Pastoral”, sentado em sua clássica e baixíssima cadeira de estimação, feita por seu pai, num teatro bizarramente vazio – como as cenas em que a câmera corre por cadeiras vazias fazem questão de mostrar. Mais tarde, ele fala sobre sua vida (em termos, pois a dublagem em alemão se sobrepõe à voz de Gould) e cantarola trechos da “Pastoral” enquanto caminha pela Natureza.
Ennio Morricone nasceu em Roma a 10 de novembro de 1928 falecendo na data de hoje. Nós, do PQPBach, vamos prestar as devidas homenagens a este grande compositor contemporâneo. Ele foi um compositor, arranjador e maestro italiano que escreveu músicas em diversos estilos. Morricone compôs mais de 400 partituras para cinema e televisão, além de mais de 100 obras clássicas.
Sua trilha sonora para The Good, the Bad and the Ugly (1966) é considerada uma das trilhas sonoras mais influentes da história e foi introduzida no Grammy Hall of Fame. Sua filmografia inclui mais de 70 filmes premiados, todos os filmes de Sergio Leone desde A Fistful of Dollars, e do o filme de Giuseppe Tornatore Cinema Paradiso, além de The Mission, The Untouchables, Mission to Mars, The Hateful Eight, o qual ganhou um Oscar.
Começou a carreira tocando trompete em bandas de jazz na década de 1940, tornou-se arranjador de estúdio para a RCA Victor e, em 1955, começou a escrever trilhas para cinema e teatro. Ao longo de sua carreira, compôs músicas para artistas como Paul Anka, Mina, Milva, Zucchero e Andrea Bocelli. De 1960 a 1975, Morricone ganhou fama internacional por compor músicas para Westerns e — com uma estimativa de 10 milhões de cópias vendidas — “Era uma vez no Oeste” é uma das partituras mais vendidas em todo o mundo. A música de Morricone foi reutilizada em séries de televisão, incluindo The Simpsons e The Sopranos, e em muitos filmes, incluindo Inglourious Basterds e Django Unchained. Sua aclamada trilha sonora de The Mission (1986) foi certificada em ouro nos Estados Unidos. O álbum Yo-Yo Ma Plays Ennio Morricone ficou 105 semanas nos álbuns clássicos da Billboard e o mestre Aviccena já postou AQUI. (Wikipedia)
Era uma Vez no Oeste é uma p…. trilha sonora composta em 1968, dirigido por Sergio Leone, lançado em 1972. Alguma música de filme refletiu mais perfeitamente o conceito de “inimigo” do que o impressionante e ameaçador tema de “Man With A Harmonica” ? Enquanto o vingativo e solitário personagem de Charles Bronson persegue o assassino Frank na obra-prima de Sergio Leone em 1968, o trabalho explosivo e poderoso do compositor transmite a emoção solene de alguém prestes a distribuir justiça sangrenta – e o medo assustador de um vilão cujo passado violento está finalmente encontrando vingança. É, em suma, a personificação sonora de um acerto de contas.
A trilha sonora apresenta temas que se relacionam com cada um dos personagens principais do filme (cada um com sua própria música tema), bem como com o espírito do oeste americano. O belo tema principal de Morricone para Once Upon a Time in The West, que toca pela primeira vez quando Jill, interpretada pela bela Claudia Cardinale, chega sozinha à estação de trem, os vocais operísticos assombrosos de Edda Dell’Orso, acompanhados de sinos e cordas, são tristes e comoventes. Eles evocam uma sensação de perda e desejo sem limites. Mas então a orquestra constrói um floreio triunfante quando a câmera se eleva para nos mostrar a agitação crescente da atividade e a ascensão da civilização, contra o deslumbrante cenário expansivo do Velho Oeste. O casamento da música e do visual reflete o espírito pioneiro da paisagem instável e a esperança de Jill por uma vida melhor, mas também a brutalidade e o desespero que a “civilização” está trazendo consigo. A ferrovia que se aproxima literalmente envia a morte para a fronteira, na forma do implacável executor de Henry Fonda, Frank, que mata o novo marido de Jill e sua família em uma tentativa de garantir sua terra. Contra essa dicotomia, a música é indescritivelmente emocionante. Imortal trilha !
Quanto à peça de gaita do personagem de Bronson é um contrapeso visceral e empolgante para o crescente tema principal. Este tema vem quase sempre acompanhado de derramamento de sangue iminente ou – pelo menos – a ameaça dele. Integrando de maneira inteligente a interpretação do próprio personagem na trilha sonora, ele confunde as linhas entre o som da realidade do filme e o nosso. E não vamos esquecer o maravilhoso tema do Chayenne, bandido engenhoso interpretado por Jason Robards. Como os outros temas, ele captura uma gama de emoções; quando ele é apresentado pela primeira vez, há um elemento de mistério e perigo para se adequar à sua entrada ambígua, mas também resume habilmente a brincadeira e o charme desonesto do personagem. Quase todos os personagens principais do filme são trágicos de alguma forma, e a pontuação de Morricone reflete isso.
Era o desejo de Leone ter a música disponível e tocada durante as filmagens. Leone mandou Morricone compor a trilha antes do início das filmagens e tocaria a música de fundo para os atores no set. E tocou a música durante as filmagens para inspirar seu elenco – que inspiração esses atores devem ter recebido.
Uma partitura que inspirou um filme. O filme é sem dúvida o maior dos “westerns spaghetti” de Sergio Leone: profundo, emocional e tematicamente rico, além de ser atmosférico, cativante de visão e, acima de tudo, majestoso da música. É o ponto culminante da imersão de Leone na violência e maravilha do oeste americano e da imaginação musical de Morricone desse cenário.
Descanse mestre, obrigado pelas suas lindas músicas !
Ennio Morricone (1928-2020): Era uma Vez no Oeste (Once Upon a Time in The West)
Once Upon A Time In The West – 01 – CEra Una Volta Il West
Once Upon A Time In The West – 02 – L-Uomo (Ennio Morricone)
Once Upon A Time In The West – 03 – Il Grande Massacro
Once Upon A Time In The West – 04 – Arrivo Alla Stazione
Once Upon A Time In The West – 05 – LOrchestraccia
Once Upon A Time In The West – 06 – L-America Di Jill
Once Upon A Time In The West – 07 – Armonica (by Ennio Morricone)
Once Upon A Time In The West – 08 – La Posada N1
Once Upon A Time In The West – 09 – Un Letto Troppo Grande
Once Upon A Time In The West – 10 – Jill
Once Upon A Time In The West – 11 – Frank
Once Upon A Time In The West – 12 – Cheyenne
Once Upon A Time In The West – 13 – La Posada N2
Once Upon A Time In The West – 14 – La Posada N3
Once Upon A Time In The West – 15 – Epilogo
Once Upon A Time In The West – 16 – Sul Tetto Del Treno
Once Upon A Time In The West – 17 – LUomo Dell Armonica
Once Upon A Time In The West – 18 – In Una Stanza Con Paca Luce
Once Upon A Time In The West – 19 – L-Attentato
Once Upon A Time In The West – 20 – Ritorno Al Treno
Once Upon A Time In The West – 22 – Come Una Sentenza
Once Upon A Time In The West – 23 – Duello Finale
Once Upon A Time In The West – 24 – L-Ultimo Rantolo
Once Upon A Time In The West – 25 – Nascita Di Una Citta-
Once Upon A Time In The West – 26 – Addio A Chayenne
Once Upon A Time In The West – 27 – Finale
As sonatas para cravo e violino de Bach são peças espetaculares – inovadoras quando foram compostas – no sentido de elevarem o papel do cravo a mais do que um mero acompanhante do instrumento melódico. Ambos instrumentos passaram a desempenhar papel de igual importância na apresentação da música.
Este disco é ‘recheado’, mas não temos uma ‘integral’ das sonatas. Mas nada de ficar olhando para a metade vazia do copo, pois o que temos aqui abunda em maravilhas.
O disco começa com a Sonata No. 5 que inicia com um movimento sem indicação de tempo, mas é um Largo. Segue depois as Sonatas Nos. 3 e 4, fechando com a Sexta Sonata, com seus cinco movimentos, que inclui um solo para o instrumento de teclado.
Uso esta terminologia pois temos mais um diferencial neste lindo disco – os instrumentos usados são modernos, o instrumento de tecla aqui é um piano.
Mas calma, contenha seus ímpetos puristas, os intérpretes tocam com inigualável beleza. O violino de Capuçon é ágil, articulado, sem enormidade, mas com toda a energia necessária.
David Fray é ótimo pianista e bastante conhecido por suas interpretações de música de Bach. Além disso, esses excelentes solistas funcionam aqui como um time, reagindo de maneira espetacular cada um ao talento do outro. Fica então o convite para passar uma hora e tanto desfrutando da música de Bach apresentada com talento por estes ótimos intérpretes.
Em nosso momento ‘The book is on the table’, veja o que a Gramophone disse do álbum:
Fray is the star of this album. Duo partner Renaud Capuçon’s sound is velvety, sometimes tender. But, on the whole, it is overly charged with electricity… — Gramophone Magazine, June 2019