.: interlúdio – 3x Coltrane :.

Coltrane recebendo prêmio de melhor álbum de jazz do ano (Giant Steps) no Concertgebouw de Amsterdam

Podem acusar este cão de pouco original. Mas lá vou eu me debater outra vez com uma sensação frequente ao ouvir Coltrane: a de que não posso ouvir outro disco de jazz até escutar, com toda a atenção do mundo, tudo o que ele gravou. Acontece só com ele. Outros artistas (mesmo Miles ou Mingus) são mais generosos e permitem idas e vindas, misturas entre sessões, são até mesmo respiros em playlists. Coltrane, ao contrário, tem um magnetismo que abraça e encerra o ouvinte. Talvez porque, ao contrário de Miles ou Mingus, Trane pareça limitado. Ainda que tenha andado por muitos caminhos em sua carreira, nele há mais unidade. É um universo que soa menor, e disso alcança vastidão tão grande como aqueles com quem o comparo.

Ou ainda, esse texto mostra bem como me sinto escutando alguns de seus solos: girando fascinado à procura de um sentido que parece superior, e que só pode ser compreendido com mais e mais audições, e atenções, e dedicação. Junto com os saxofonistas tenores Coleman Hawkins, Lester Young e Sonny Rollins, Coltrane mudou as perspectivas de seu instrumento. Coltrane recebeu uma citação especial do Prêmio Pulitzer em 2007, por sua “improvisação, musicalidade suprema e por ser um dos ícones centrais na história do jazz.”

(Além disso, não temos a discografia completa de Coltrane no PQP. Adiciono três capítulos, em 320kbps. Se for pegar um só, escolha Crescent. Claro que Giant Steps é ícone do jazz modal e tudo o mais, porém o encanto de Crescent está exatamente no inverso disso. São quatro baladas e um blues, de encantos simples e arrebatadores.)

John Coltrane – Giant Steps (1960; 1974 edition)
download – 138MB

John Coltrane: tenor saxophone, band leader
Paul Chambers: double bass
Art Taylor: drums
Tommy Flanagan: piano
Jimmy Cobb: drums (track 6)
Wynton Kelly: piano (track 6)
Lex Humphries: drums (tracks 8/9)
Cedar Walton: piano (tracks 8/9)
Produzido por Nesuhi Ertegun para a Atlantic

01 Giant Steps 4’43
02 Cousin Mary 5’45
03 Countdown 2’21
04 Spiral 5’56
05 Syeeda’s Song Flute 7′
06 Naima 4’21
07 Mr. P.C. 6’57
08 Giant Steps [alt take] 3’40
09 Naima [alt take] 4’27
10.Cousin Mary [alt take] 5’54
11.Countdown [alt take] 4’33
12 Syeeda’s Song Flute [alt take] 7’02

John Coltrane – Coltrane’s Sound (gravado em 1960; lançado em 1964)
download – 114MB

John Coltrane: sax soprano, sax tenor
Steve Davis: Bass
Elvin Jones: Drums
McCoy Tyner: Piano
Produzido por Nesuhi Ertegun para a Atlantic

01 The Night Has a Thousand Eyes 6’42
02 Central Park West 4’12
03 Liberia 6’49
04 Body and Soul 5’35
05 Equinox 8’33
06 Satellite 5’49
07 26-2 6’12
08 Body and Soul [alt take] 5’57

John Coltrane – Crescent (1964)
download – 84MB

John Coltrane: tenor saxophone
Jimmy Garrison: double bass
Elvin Jones: drums
McCoy Tyner: piano
Produzido por Bob Thiele para a Impulse!

01 Crescent 8’41
02 Wise One 9’00
03 Bessie’s Blues 3’22
04 Lonnie’s Lament 11’45
05 The Drum Thing 7’22

Boa audição!

1000x Coltrane
1000x Coltrane

Blue Dog

13 comments / Add your comment below

  1. Sou suspeito em dizer, já que mantenho um blog com postagens do mestre Coltrane bem como o camaleão Miles Davis e as indas e vindas de Chet Baker do inferno, mais melodia e desenvoltura, desembaraço, viveza e agilidade, fico com Giant Steps de 1960 quando Trane realmente cortou o cordão umbilical de Miles no tocar, performasses e criatividade com seu instrumento. Giant Steps é referencia magistral a qualquer jazzófilo no hemisferota Treniano. Boa pedida

  2. Olá Blue Dog.
    John Coltrane merece uma tripla postagem como esta, em 320 kbps. Conheci esse “monstro” que, existindo ou não o Jazz, é uma das maiores contribuições americanas para a música, com Blue Train, Spiritual, Naima, Traneing in, My favorite things e Impressions. É um dos meus jazzistas preferidos.

  3. Muito legal o post! Sou fã do Coltrane e acho muito legal você postar discos de jazz aqui no PQP, que por sinal é um blog incrível. A escolha dos álbuns foi muito boa também. Apenas uma observação: Acho que Giant Steps não pode ser considerado um disco de jazz modal, não me lembro de nenhuma música predominantemente modal no trabalho. Pelo contrário, Coltrane nesse álbum chegou ao ápice de sua complexidade harmonica (procedimento que após algum tempo iria abandonar). A própria Giant Steps e Countdown são exemplos disso, nas quais o saxofonista faz uso das “Coltrane Changes”, suas famosas substituições de acordes. Acho que seu disco “modal” mais significativo pode ser considerado o “A Love Supreme” que é posterior ao “Crescent”. Valeu!

  4. Maravilhosamente maravilhoso. Cada dia aprecio mais o Jazz.O link do álbum Kind of Blues de Miles Davis, indicado por fdppbach, não está mais válido neste blog. Consegui baixar de outra fonte, não com muita qualidade de gravação, mas deu para perceber que se trata de mais uma obra imperdível. Pedi o CD pela internet e estou esperando chegar. Muito grato pelas horas dedicadas a nos conceder um prazer musical inestimável.

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