.: interlúdio :. Max Roach – Jazz In 3/4 Time + Contemporary Noise Quartet – Theatre Play Music

Embora não tenha sido a primeira vez em que valsas foram vertidas para o jazz, Jazz in 3/4 Time talvez tenha sido o obelisco que a ideia necessitava para ser visitada e revisitada com mais frequencia. A proposta do álbum não foi de Max Roach; na verdade, ele ficou bem pouco entusiasmado com o pedido da EmArcy. Mas a partir do resultado, é possível afirmar que um Max Roach de má vontade continua valendo por uns doze virtuoses modernos da bateria, todos altamente motivados e encharcados de energético. E no fim, a gravadora tinha razão — quem melhor poderia comandar as sessões deste disco?

E não fica por aí, porque logo à frente está o saxofone de Sonny Rollins, e um nada tímido Kenny Dorham assume com personalidade o lugar de Clifford Brown, morto um ano antes, no quinteto de Roach. Das sessões originais (15 a 18 de março de 1957, em Nova Iorque) saíram quatro faixas, sendo “Valse Hot”, composição de Rollins, o grande momento do disco. É uma longa jam de 14 minutos — bem mais do que as valsas costumam ser permitidas, mesmo no jazz. O solo do pianista Billy Wallace é delicioso. Na reedição de 2005 que vem nesse post, há ainda outras duas músicas, gravadas um pouco mais tarde, dentro do mesmo conceito. Leve, com andamento e clima transparecendo certa qualidade cinemática, Jazz in 3/4 Time tanto é um estudo de possibilidades quanto um disco de audição extremamente agradável, e pela doçura que geralmente acompanha as valsas, é recomendado para todos os públicos.

Falava em qualidade cinemática? Ano passado descobri um álbum que me remeteu imediatamente a este Jazz in 3/4 Time. Theatre Play Music, como o próprio nome indica, brinca ser trilha incidental; e executa em valsas e tangos um leitmotif menor, tristonho, mas determinadamente belo. O Contemporary Noise Quintet — nome que em nada remete a um grupo de jazz da crescente cena polonesa — tem diversas encarnações (como -Quartet ou -Sextet) e é destas bandas que estão fazendo a ponte entre o jazz tradicional e o século XXI, mundo onde a guitarra ganhou o centro e o rock foi revirando em si até esgotar o post-rock e virar chamber music (há mais elos em Rachel’s do que o ouvido facilmente demonstra). Álbum curto e preciso, Theatre Play Music proporciona pequenas viagens e não nega ter saído do leste europeu; não é ambicioso, mas complementa certeiro, e em belo contraste, o legado valsístico (?) registrado por Roach, 50 anos antes.


Max Roach – Jazz In 3/4 Time /1957 [320]
Max Roach (drums), Sonny Rollins (tenor sax), Kenny Dorham (trumpet), George Morrow (bass), Billy Wallace (piano)
download – 98MB

01 Blues Waltz (Roach)
02 Valse Hot (Rollins)
03 I’ll Take Romance (Oakland)
04 Little Folks (Roach)
05 Lover (Rodgers)
06 Most Beautiful Girl in the World (Rodgers)


Contemporary Noise Quartet – Theatre Play Music /2008 [192]
Kuba Kapsa (piano), Bartek Kapsa (drums), Kamil Pater (guitar), Patryk Węcławek (double bass)
download – 40MB

01 Main Tune
02 Bitches Tune
03 Tango Lesson
04 Main Tune II
05 Gramophone
06 Chinese Customer
07 Chilly Tango
08 Bitches Tune II
09 Main Tune (Waltz version)

Boa audição!
Blue Dog

.:interlúdio:. Transylvanian Folk Songs – The Béla Bartók Field Recordings – Lucian Ban – John Surman – Mat Maneri #BRTK140

Enquanto completo com este pobre globo mais uma translação, espero oferecer-lhes um presente e, talvez, redimir-me.

Admito que contribuí menos do que gostaria para a homenagem a Béla Bartók que sugeri ao patrão PQP no ano passado, que ele aceitou imediatamente, mas que acabei por deixar quase só no lombo dele (e, para quem perguntou porque nunca fui além de chapeiro-sênior na PQP Corp., aí está um dos bons motivos). Até que tentei engrenar, apresentando um, dois, três quartetos, e, assumindo o papel de mestre de cerimônias no natalício do grande homem, mostrei-lhes suas façanhas como compositor, pianista, pedagogo e colecionador. No fim, publiquei seu canto de cisne no aniversário de sua morte – e nada mais fiz, além de ver o chefinho avançar, postagem após postagem, na empreitada em que o deixei praticamente na mão.

Além do patrão, devo também ter frustrado o homenageado. Tenho certeza de que, neste incomum jubileu de 140 anos, não ofereci à memória de Béla mais do que o tanto com que seu legado, como sempre, me nutriu. Para preparar as postagens, li sua estupenda biografia por Kenneth Chalmers e devo ter ouvido sua integral pelo menos meia dúzia de vezes, sempre com intérpretes diferentes. A mais fascinante descoberta, todavia, foi do tesouro que Bartók coletou, transcreveu e organizou, ao singrar as planícies da Panônia à Transilvânia e de lá até a Anatólia para dedicar-se ao seu xodó: a musicologia comparativa, gérmen da moderna etnomusicologia.

Descobrir o arquivo digital do Instituto de Musicologia da Academia Húngara de Ciências – a última empregadora de Béla em sua Hungria natal – levou-me uma perdição comparável, creio eu, àquela em que caíram Bartók, Kodály e seus colegas ao coletarem seus preciosos itens. Não bastassem as anotações de campo, com transcrições detalhadas até os melismas de tudo o que escutavam aqueles intrépidos ouvidos, ainda há, preservados para a eternidade, os sons dos inestimáveis cilindros de cera em que os músicos-exploradores registravam suas descobertas. Aquelas vozes centenárias e fantasmagóricas, emergindo do enxame de ruídos de superfície, chegam-nos frescas e irresistivelmente repletas de calor humano, e abrem janelas fascinantes para um mundo que a nós outros, enredados em motores e fibras ópticas, pareceria tão improvável quanto o nosso aos donos das vozes.

Entre as centenas de cilindros que chegaram a nossos tempos, a maior parte foi registrada na região histórica da Transilvânia, hoje contida nas fronteiras modernas da Romênia, para onde as viagens de Béla o levaram mais que a qualquer outro destino, e que lhe serviu como maior manancial para suas obras-primas. E, se Bartók certamente não foi o primeiro a servir-se dele, tampouco haveria de ser o último.

Nascido em Cluj-Napoca, nas bordas da Transilvânia, o pianista Lucian Ban cresceu a embeber os ouvidos no opulento folclore de sua terra e, mesmo que os rumos de sua vida o levassem ao jazz e aos Estados Unidos, demonstra nesse álbum que não o esqueceu. Neste Transylvanian Folk Songs, um trio invulgar de teclado e instrumentos de arco e sopro – não muito diferente daquele para o qual Béla criou seus “Contrastes “- parte dos temas gravados e transcritos por Bartók e os transfigura em improvisações que evocam o fazer música nas aldeias em que foram coletados. Não parece haver disputas ou tensões pavoneantes. Pelo contrário: os músicos evitam embates e preparam, como Ban faz na faixa de abertura, a ambiência sonora para a entrada dos demais. Entre os vários timbres de sopros explorados por John Surman, foi o de seu clarone deixou-me o melhor retrogosto. Ainda assim, em minha desimportante opinião, a assinatura tímbrica do álbum é a da viola de Mat Maneri, que emula a rusticidade dos aldeões que tocavam para Béla há tantas décadas e depois nos atira de volta a nossos tempos com a mesma desenvoltura. Por fim, uma dança cheia de verve, que será familiar a todos que escutaram a obra de Bartók com alguma atenção, desemboca em aplausos que nos fazem, pela primeira vez, dar conta de que a gravação foi feita ao vivo, e de que aquelas antigas vozes tungadas por estalidos seguem capazes de inspirar os ouvintes modernos tanto quanto inspiraram aquele magiar genial.

TRANSYLVANIAN FOLK SONGS

1 – The Dowry Song
2 – Up There
3 – Violin Song
4 – The Return
5 – The Mighty Sun
6 – What a Great Night This is, a Messenger was Born
7 – Carol
8 – Bitter Love Song
9 – Transylvanian Dance

Lucian Ban, piano
John Surman, clarinete, clarone e saxofone barítono
Mat Maneri, viola

Gravado na Sala Barocă do Museu de Arte de Timișoara, Romênia, em 7 de novembro de 2018

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Szeretettel Bélának! [foto do autor]
 

PQP Bach, pelo saudoso Ammiratore (1970-2021)

Vassily

.: interlúdio :. Tonight at Noon: To Mingus, With Love

.: interlúdio :. Tonight at Noon: To Mingus, With Love

IM-PER-DÍ-VEL !!!

O Tonight at Noon é um sensacional grupo de jazz finlandês. O nome do grupo leva o título de um dos principais discos e temas de Charlie Mingus. Então, não é surpresa este disco dedicado ao gênio de Nogales. O grupo, formado por jovens estrelas da cena do jazz finlandês, é conhecido por suas performances ao vivo explosivamente enérgicas e suingantes. Este álbum tributo, To Mingus, with Love, nasceu do óbvio amor compartilhado — inclusive por mim — por Charles Mingus (1922-1979). Quando se formou, o objetivo do Tonight at Noon era apresentar composições de hard bop influenciadas pelo gospel. Em To Mingus, With Love estes cinco jovens talentos pegam juntos oito composições de Mingus, dando profunda ênfase à melodia, mas mantendo uma boa parte da marca registrada especialmente “ruidosa” de Mingus. Se a recriação é uma forma sincera de lisonja, então Charles Mingus, nossa senhora… Tonight at Noon é uma peça tipicamente enigmática de free jazz escrita pelo lendário baixista e também tornou-se o título de um livro de memórias amoroso e extremamente bem elaborado de sua esposa, Sue. Agora, para confusão, é também o nome de duas bandas separadas de tributo a Mingus. (Há também a Mingus Dynasty, nome de um disco de Mingus e de uma banda que se formou após sua morte). Para terminar. vou lhes dizer uma coisa: este Tonight At Noon finlandês deve ser a melhor coisa que saiu da Finlândia desde o telefone celular Nokia.

Sumelius, Innanen, Kannaste and Various: Tonight at Noon: To Mingus, With Love

01 Jump Monk
02 Pithecantihropus Erectus
03 Ecclusiastics
04 Fables Of Faubus
05 Duke Ellington’s Sound Of Love
06 East Coasting
07 What Love
08 Jelly Roll

Tonight at Noon:
André Sumelius
Jukka Eskola
Jussi Kannaste
Mikko Helevä
Mikko Innanen

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O genial e sempre merecida e multi homenageado Charles Mingus em Paris no ano de 1964 | Foto: Guy Le Querrec

PQP

.: interlúdio :. Charles Mingus: Mingus Dynasty

.: interlúdio :. Charles Mingus: Mingus Dynasty

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Na minha opinião, Charles Mingus, Thelonious Monk e Duke Ellington são os maiores compositores do jazz. Destes, Mingus talvez seja o que mais tenha pontos de contato com o povo pequepiano, pois é praticamente um compositor erudito que gosta de jazz. Ouçam suas mudanças de ritmo e as dissonâncias matemáticas — nada chocantes, na verdade lindas — aqui presentes. Gravado em novembro de 1959, Mingus Dynasty é um dos principais CDs / LPs do genial Mingus. Foi lançado pela Columbia Records em maio de 1960 e é um álbum com o mesmo estilo de outra obra-prima, o Mingus Ah Um. Ambos foram introduzidos no Grammy Hall of Fame em 1999. O título alude à ancestralidade de Mingus, que era parcialmente chinesa. Se Mingus Ah Um catapultou Charles Mingus de uma figura semi-underground muito discutida para um líder aclamado e quase universalmente aceito no jazz moderno, seu “sucessor”, Mingus Dynasty é uma obra-prima, uma prova de quão alto Mingus estava trabalhando. Dynasty faz jus ao ano de 1959, um ano revolucionário do jazz, e a contribuição de Mingus para aqueles 365 notáveis dias foi enorme. Não há como não conhecer e não decorar disco. Mi-nu-ci-o-sa-men-te.

Charlie Mingus: Mingus Dynasty

01. Slop [04:43]
02. Diane [07:34]
03. Song With Orange [04:18]
04. Gunslinging Bird [04:01]
05. Things Ain’t What They Used To Be [04:28]
06. Far Wells, Mill Valley [06:17]
07. New Now, Know How [03:05]
08. Mood Indigo [08:19]
09. Put Me In That Dungeon [02:53]

John Handy – alto sax
Booker Ervin – tenor sax
Benny Golson – tenor sax (2, 3, 4, 6, 10)
Jerome Richardson – baritone sax (2, 3, 4, 6, 10), flute (2)
Richard Williams – trumpet (2, 3, 4, 6, 10)
Don Ellis – trumpet (1, 5, 8, 9)
Jimmy Knepper – trombone
Roland Hanna – piano (1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 9)
Nico Bunink – piano (7, 10)
Charles Mingus – bass
Dannie Richmond – drums
Teddy Charles – vibes (2, 3, 4, 6)
Maurice Brown – cello (2, 9)
Seymour Barab – cello (2, 9)
Honi Gordon – vocals (10)[9]

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Mingus em 1959 — mandando no jazz

PQP

.: interlúdio :. Ben Allison: Action-Refraction

.: interlúdio :. Ben Allison: Action-Refraction

Bom, mas muito roqueiro pro meu gosto… Action-Refraction é um álbum do baixista, compositor e band leader  Ben Allison e a primeira coleção sua que inclui músicas de outros artistas. Desta vez, Ben voltou seus ouvidos para a música de alguns de seus artistas favoritos, com temas de PJ Harvey, Donny Hathaway, Thelonious Monk, Neil Young , Samuel Barber e Roger Nichols. A ideia surgiu quando Ben se perguntou como soaria “refratar algumas das minhas músicas favoritas através do prisma de uma orquestra eletroacústica com duas guitarras elétricas, clarinete baixo, saxofone, sintetizador analógico, piano, baixo acústico e bateria”, diz Ben. “O álbum está cheio de momentos não planejados de acidentes felizes que capturam uma conversa musical em fluxo”. Jackie-ing, de Monk recebe uma introdução orquestrada que lembra a música de suspense de ficção científica dos anos 1960. Fã de PJ Harvey de longa data, Missed é um de seus favoritos. Some Day We All Be Free é melódico, apresentando colagens de ruído feitas por uma fita analógica. Parece os Beatles de I want you. St. Ita s Vision, de Samuel Barber é uma homenagem a Sun Ra. Broken é o único original do disco e faz referências ao minimalismo. É um disco assim assim.

Ben Allison: Action-Refraction

01 Jackie-ing (Thelonious Monk)
02 Missed (PJ Harvey)
03 Some Day We’ll All Be Free (Donny Hathaway)
04 Philadelphia (Neil Young)
05 St Ita’s Vision (Samuel Barber)
06 We’ve Only Just Begun (Paul Williams, Roger Nichols)
07 Broken (Ben Allison)

Ben Allison, bass
Steve Cardenas, guitar
Rudy Royston, drums
Jason Lindner, keyboards
Michael Blake, bass clarinet, tenor sax
Brandon Seabook, guitar

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Ben Allison ao olhar a posição do Grêmio no Brasileiro

PQP

.: interlúdio :. Marco Pignataro: Sofia`s Heart

.: interlúdio :. Marco Pignataro: Sofia`s Heart

Os críticos de jazz são tão obcecados com inovação, modernidade e pirotecnia que correm o risco de ignorar o maior ideal da música: a expressão pessoal. O saxofonista tenor italiano Marco Pignataro, que dirige o Global Jazz Institute no Berklee College of Music, não usa eletrônica, não faz cover do Radiohead e não impressiona com solos alucinantes. Em vez disso, ele cria melodias e as toca de forma linda e fluida que fazem você querer rir e chorar. Produzido pelo lendário baixista Eddie Gomez, Sofia’s Heart é, nas palavras de Pignataro, “um diário musical pessoal”. Cada uma das sete músicas — cinco originais — fala a uma pessoa, lugar ou época de sua vida . Apoiado por Gomez, o pianista Mark Kramer, o flautista Matt Marvuglio e o baterista Billy Drummond, Pignataro toca frases divagadoras, inserindo velocidade quando o espírito o move. Ele homenageia um local de férias favorito com a bonita Sleepless in Ocean Park, celebra um bom amigo com a alegre Grande Theodore e conta a história de sua filha na melodia final e mais comovente do álbum, Sofia’s Heart, uma balada tão bela que chega a doer.

Marco Pignataro: Sofia`s Heart

1. Sleepless in Ocean Park 7:21
2. Homesick 8:38
3. Interplay 6:56
4. Bologna d’Inverno 13:17
5. Grande Theodore 6:16
6. Estate 12:23
7. Sofia’s Heart 9:10

Marco Pignataro, sax
Eddie Gomez, baixo
Mark Kramer, piano
Matt Marvuglio, flauta
Billy Drummond, bateria

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Se ele passear assim em Porto Alegre, ficará loguinho sem o sax.

PQP

.: interlúdio :. Xhol Caravan – Altena 1969

.: interlúdio :. Xhol Caravan – Altena 1969

Este CD vem de longe e nem sei porque ele estava no meu HD, catalogado como jazz. O Xhol Caravan, de Wiesbaden, mais parece um The Doors alemão. A mesma sonoridade, o mesmo órgão enchendo o saco. Este é um show que ocorreu na pequena e bela cidade de Altena (Alemanha) em 1969. Xhol Caravan, que se autodenominava Soul Caravan, tocava uma mistura de rock psicodélico, rock progressivo, jazz fusion, blues e alguns elementos étnicos. O grupo esteve ativo entre 1967 e 1972 e dizia ser de Krautrock — também chamada de kosmische Musik, “música cósmica”, que é um amplo gênero de rock experimental que se desenvolveu na Alemanha Ocidental no final dos anos 1960 e início dos anos 1970 entre artistas que combinavam elementos de rock psicodélico, música eletrônica e composição de vanguarda.

Com 80 minutos completos, o CD chega ao limite. Os anúncios das canções, dados em suas formas e durações originais, transmitem de maneira brilhante a atmosfera do evento. Freedom Opera, com duração de quase uma hora, pode ser ouvida na íntegra.

Xhol Caravan – Altena 1969

01. Olé
02. So Damn, So Down And So Blue
03. Psychedelic Sally
04. Emptiness
05. Freedom Opera

Tim Belbe, saxophones
Gilbert “Skip” van Wych III, drums and percussion
Klaus Briest, bass guitar
Hansi Fischer, flutes and saxophones (1967–70)
Gerhardt Egmont “Öcki” Von Brevern, Hammond organ (1969–72)
James Rhodes, vocals (1967–69)
Ronnie Swinson, vocals (1967–68)
Werner Funk, electric guitar (1967–69)

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O show do Xhol neste castelo alugado por PQP Bach para o evento. Até hoje não fomos pagos,

PQP

.: interlúdio :. John McLaughlin, Elvin Jones, Joe DeFrancesco – After the Rain

Ouvi muito este CD durante alguns anos de minha vida, dentro de um ônibus, indo de uma determinada cidade do interior para a capital do mesmo estado, e vice versa, e fiz essa viagem durante quase 10 anos. Costumava embarcar no final da tarde de domingo rumo a capital, e essa música embalava o entardecer. Esse CD me proporcionou momentos muito agradáveis, que ajudavam a quebrar a rotina das viagens.

Sou fã de John McLaughlin já há bastante tempo, desde minha adolescência, e sempre admirei o músico e a pessoa por trás daquela guitarra. E quando comprei esse CD, que homenageava um dos meus ídolos, John Coltrane, fiquei muito ansioso, principalmente pela participação mais do que especial do lendário baterista Elvin Jones, que tocara com o próprio Coltrane lá nos anos 60. O terceiro nome na época me era estranho, Joe DeFrancesco, e mais estranho o instrumento que ele tocava, um órgão Hammond. Que mistura exótica de sons poderia ouvir? Claro que a satisfação foi imensa ao constatar o talento do músico, e como aquele som se encaixava à perfeição. E um outro detalhe me chamou a atenção: onde estava o baixista? Mas logo entendi que não havia necessidade de um contrabaixo, fosse elétrico, fosse acústico. O Hammond podia cumprir perfeitamente essa ‘lacuna’.

Claro que em se tratando de músicos de tal quilate e tocando Coltrane, o que se destaca aqui é a improvisação. Cada faixa é uma aula de improvisação. E ouvindo novamente esse CD, vinte anos depois daquela cansativa rotina rodoviária, continuo encontrando nele a mesma sensação de frescor e liberdade de improvisação. Sente-se que os três músicos estão totalmente a vontade, tocando com prazer. O tempo passou, fiquei mais velho, me estabeleci finalmente no interior do estado, passei em um concurso público, e hoje  posso ‘curtir’ essa estabilidade que a vida me proporciona, apesar de ainda levar uns tropeços de vez em quando.

01. Take The Coltrane
02. My Favourite Things
03. Sing Me Softly Of The Blues
04. Encuentros
05. Naima
06. Tones For Elvin Jones
07. Crescent
08. Afro Blue
09. After The Rain

John McLaughlin – Guitarra
Joe DeFrancesco – Teclado
Elvin Jones  – Bateria

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.: interlúdio :. The Ornette Coleman Quartet ‎– This Is Our Music

.: interlúdio :. The Ornette Coleman Quartet ‎– This Is Our Music

Cada vez mais eu gosto de ouvir free jazz, ainda mais um de seus pioneiros, o genial Ornette Coleman. E que músicos temos neste disco! Todo mundo é gênio e não exagero. This Is Our Music é o quinto álbum do saxofonista, lançado pela Atlantic Records em março de 1961. É o primeiro com o baterista Ed Blackwell substituindo seu predecessor, Billy Higgins, no Ornette Coleman Quartet. E, ao que eu saiba, é o único dos álbuns de Coleman a incluir um standard, neste caso uma versão de  Embraceable You, de George e Ira Gershwin. Duas sessões de gravação do álbum ocorreram em julho e uma em agosto de 1960 no Atlantic Studios em Nova York. As sete faixas foram selecionadas a partir de 23  gravadas ao longo das três sessões. Coleman ficou muito satisfeito com as gravações, afirmando: “Em julho de 1960, fizemos trinta músicas em três semanas. Todas originais. Eu não tinha percebido todas as abordagens diferentes que estávamos desenvolvendo nos últimos meses. Acho que os novos álbuns darão ao público uma ideia mais precisa do que estamos tentando fazer.” Em suas notas de encarte, Coleman teve o cuidado de colocar sua música no contexto histórico, escrevendo:

o mais importante da nossa música é a improvisação, que é feita da forma mais espontânea possível, com cada homem contribuindo com sua expressão musical para criar a forma. Agora – vamos olhar para trás. A improvisação em grupo não é nova. No início do jazz, esse tipo de jogo em grupo era conhecido como Dixieland. Na era do swing, a ênfase mudou e a improvisação tomou a forma de solos baseados em riffs. No jazz moderno, a improvisação é melódica e harmonicamente progressiva. Agora estamos combinando os três para criar e dar mais liberdade ao músico e mais prazer ao ouvinte.

Ele também homenageou seus companheiros de banda, escrevendo: “A experiência de tocar com esses homens é inexplicável e só sei que o que eles fazem está muito além de uma explicação técnica.”

The Ornette Coleman Quartet ‎– This Is Our Music

1 Blues Connotation 5:14
2 Beauty Is A Rare Thing 7:12
3 Kaleidoscope 6:33
4 Embraceable You 4:54
5 Poise 4:37
6 Humpty Dumpty 5:20
7 Folk Tale 4:46

Ornette Coleman – alto saxophone
Don Cherry – pocket trumpet
Charlie Haden – bass
Ed Blackwell – drums

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Coleman e Haden na PQP Jazz Hall de Alegrete. De nada adiantou avisarmos Mr. Ornette de que era proibido fumar.

PQP

.: interlúdio :. Elina Duni

Atenção: este post pode levá-lo pra dentro da toca do coelho.

Fosse pressionada a apontar minha maior descoberta nesses anos afastada do PQP Bach, hesitaria pouco antes de apontar Elina Duni. Não apenas por seu estilo único de jazz contemporâneo, mas por ter me arrastado a uma jornada inesquecível e pela qual sou imensamente grata.

Elina nasceu na Albânia em 1981, e aos cinco de idade já estreava em cima de um palco. Mudou-se aos 11, levada pela mãe para a Suíça, fugindo da instabilidade pós-queda do regime comunista. Provinda de uma família artística, não encontrou obstáculos à decisão de estudar jazz, canto e composição. Depois de emprestar seus vocais para a banda de rock kosovar Retrovizorja em 2004, estreou propriamente em 2008, com o belíssimo Baresha, e estabeleceu seu quarteto a partir de 2010, com Lume Lume. Foi o suficiente para que fosse absorvida no elenco da prestigiosa ECM, para quem gravou quatro álbuns desde então.

Se deixou geograficamente a Albânia, não se livrou da paixão que tornou-se sua maior influência e estilo: as canções folclóricas dos Bálcãs. Em seus discos, Elina registra as músicas, muitas vezes anônimas e arraigadas na cultura local, e as traduz para a linguagem do jazz, incorporando elementos como o andamento “irregular” e as danças percussivas, e dando-lhes uma inefável sofisticação que jamais soa esnobe ou distante. Poderia ser uma ponte entre os mundos, mas seu talento não se basta: é também a correnteza desse rio imaginário que separa as Europas — a ocidental, rica e desenvolvida, e a oriental, combalida e de sofrências, mas cujos enclaves repletos de história recusam calar-se.

Elina canta em albanês, búlgaro, grego, romeno, francês; e essa é uma lista resumida. Em quarteto, com piano, baixo e bateria, em dupla com guitarra, ou solo com seu violão, vai construindo uma carreira brilhante, mas cujas peculiaridades — rítmicas, linguísticas — a mantêm um pouco abaixo dos radares. Prefiro assim. O underground faz bem à criatividade, e torna as descobertas ainda mais saborosas.

“Kaval Sviri”, a canção do vídeo acima, é um excelente exemplo do que Elina é capaz. Forte o suficiente para iniciar a canção com um scat de três minutos e meio, mas generosa com seus instrumentistas — o solo do pianista Colin Vallon é excepcional. Sua versão dessa canção tradicional búlgara paga tributo e revive com energia a inventividade e a tensão emocional dessas músicas, potencializando seus efeitos. Minha paixão me levou a cavar e decorar a letra da faixa; a descobrir que o kaval é uma flauta tradicional da região, junto à gaita de foles kaba gaida, e a gadulka, prima da rabeca. Me arremessou a investigar a música ethno búlgara; encontrar o trabalho dos musifolcloristas no pós-Segunda Guerra, que viajavam pelo interior recolhendo as canções e dando-lhes arranjos e memória; compreender o papel fundamental da Balkanton, gravadora estatal que registrava tais trabalhos; embasbacar com a vocalização conversada e rebelde dos corais típicos; decifrar blogs-repositórios cujo cirílico me confunde tanto quanto fascina; cair de quatro pelo alcance e pelas modulações de musas secretas como Olga Borisova e Kalinka Valcheva; descobrir novos grupos de jazz urbano que também valorizam a herança musical da região. (E nem vou começar a falar da Albânia, porque senão esse post não termina.) Há artistas envolventes, e há Elina, que não pede licença para provocar esses afetos e transtornar qualquer trajetória linear. Kaval sviri, mamo, gore dole. Gore dole, mamo, pod seloto. Ja shte ida, mamo, da go vidja. Da go vidya, mamo, da go chuja. Eu concordo: ouço o kaval sendo tocado na cidade, mamãe, e estou indo dançar.

Escolher um dos álbuns de Elina para compartilhar foi terrivelmente difícil, mas optei por Lume Lume por ser composto de 90% versões dos Bálcãs, e especialmente cativante. O encarte incluso no pacote informa as origens e reconta as letras — quase sempre pungentes e doloridas. Acredito desnecessário sugerir que, em caso de curiosidade e qualquer pequeno encantamento, se vá atrás de seus outros álbuns. Intimistas, de difícil tradução, mas de imediato carisma, provocam uma audição altamente gratificante — e cheia de pequenas surpresas e apaixonamentos. Ou, ocasionalmente, a tradução é fácil mesmo: antes do link, deixo vocês com essa versão cortante de Amália Rodrigues, registrada no disco solo Partir, de 2018.

Elina Duni Quartet – Lume Lume (2010). Aqui.

E se eu não for expulsa de vez do PQP por furar a fila de postagens e ainda cometer um duplo interlúdio, logo mais eu volto.

—Blue Dog

.: interlúdio :. Oregon in Moscow (1999)

.: interlúdio :. Oregon in Moscow (1999)

Eu gosto muito do Oregon. É um grupo que existe há quase 40 anos e seus integrantes possuem tanto carreira solo quanto se juntam periodicamente para criar os álbuns. Desde 1970, são 27 CDs! São jazzistas que, juntos, às vezes tendem à world music, mas que, na verdade, fazem música de vanguarda. Penso que o tempo tornou os 4 integrantes muito diferentes musicalmente — Colin Walcott já fez parte do Oregon — e que, desta forma, as composições sejam muito diversas entre si, o que torna o grupo às vezes assim, às vezes assado.

O álbum duplo Oregon in Moscow, de 1999, recebeu nota máxima em 17 avaliações da Amazon. Apesar da estranha presença de uma orquestra, o trabalho foi brilhantemente pensado, concebido e executado. Nota-se que o quarteto deu especial atenção a este projeto. As composições de McCandless “Round Robin” e “All That Mornings Bring”, soam como se tivessem sido originamente para orquestra e grupo de jazz. Fiel a seu estilo, Ralph Towner traz uma magnífica e espaçosa “The Templars”, que emerge com grande pompa e circunstância do quarteto e orquestra. “Icarus” é uma peça clássica de Towner, que fez sua estréia com o Paul Winter Consort e a Orquestra Sinfônica de Indianápolis, em 1970. “Spirits of Another Sort”, “Firebat”, “Zephyr”, “Free-Form Piece for Orchestra and Improvisors” são muito boas, mas não adianta, minha preferência sempre irá para “Anthem” (do álbum solo de Towner com o mesmo nome), música pela qual guardo incondicional amor. Aquele “não adianta” NÃO foi escrito por causa da ausência da grande orquestra em “Anthem”, foi por puro gosto pessoal.

Oregon in Moscow (1999)

Tracks CD 1:

01.- Round Robin
02.- Beneath an Evening Sky
03.- Acis and Galatea
04.- The Templars
05.- Anthem
06.- All The Mornings Bring
07.- Along the Way
08.- Arianna
09.- Icarus

Tracks CD 2:

01.- Waterwheel
02.- Spanish Stairs
03.- Free-Form Piece for Orchestra and Improvisors
04.- Spirits of Another Sort
05.- Firebat
06.- Zephyr

Ralph Towner: classical guitar, 12-string guitar, piano, synths
Paul McCandless: Oboe, English horn, soprano sax, bass clarinet
Glen Moore: acoustic bass
Mark Walker: drums and percussion
Tchaikovsky Symphony Orchestra of Moscow Radio

Recorded at State Recording House GDRZ, Studio 5, Moscow, Russia in June 1999.

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O Oregon numa foto da época deste CD, circa 1999.
O Oregon numa foto da época deste CD, circa 1999.

PQP

.: interlúdio :. John Zorn – Nova Express

.: interlúdio :. John Zorn – Nova Express

John Zorn nasceu em Nova Iorque e, ainda criança, aprendeu a tocar piano, violão e flauta. Sua família possuía gostos musicais variados e ele ouvia música clássica e world music através de sua mãe, uma professora. Através de seu pai, um cabeleireiro, conheceu o jazz, as chansons francesas, e a música country. E o irmão  trouxe-lhe o rock dos anos 50. Zorn relembra um episódio de sua vida: após comprar uma gravação de Mauricio Kagel em 1968 — tinha 15 anos — o choque foi enorme, criando nele um grande interesse pela música experimental e a avant-garde. Nova Express traz de volta o lirismo atonal peculiar da música de Zorn. Interpretadas por um quarteto de jazz moderno formado por vibrafone, piano, baixo e bateria, essas composições episódicas, dinâmicas e temperamentais apresentam algumas das composições mais fortes de Zorn. O grupo é sensacional, são mestres a trazerem o som emocionante do estranho mundo do compositor. É jazz de câmara, moderno e repleto de belos detalhes e paixões dramáticas compostas e conduzidas por nosso alquimista do East Village.

.: interlúdio :. John Zorn – Nova Express

1. Chemical Garden
2. Port of Saints
3. Rain Flowers
4. The Outer Half
5. Dead Fingers Talk
6. The Ticket that Exploded
7. Blue Veil
8. IC 2118
9. Lost Words
10. Between Two Worlds

Personnel:

Nova Quartet:
Joey Baron: Drums
Trevor Dunn: Bass
John Medeski: Piano
Kenny Wollesen: Vibes

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O Nova Quartet merece todos os aplausos.

PQP

.: interlúdio :. The Kilimanjaro Darkjazz Ensemble: From The Stairwell

.: interlúdio :. The Kilimanjaro Darkjazz Ensemble: From The Stairwell

Um disco muito bom! Eu curti bastante as improvisações livres do grupão de dark jazz, se este gênero existe. Faixas como Cocaine e Celladoor fizeram com que eu ouvisse e reouvisse o CD. From The Stairwell é uma surpresa. É uma surpresa porque as músicas são muito menos guiadas pelo ritmo em comparação com os trabalhos anteriores de The Kilimanjaro Darkjazz Ensemble, e até contêm alguns tons de esperança aqui e ali. Às vezes, From The Stairwell faz você pensar em trilhas sonoras de filmes dos anos 60. Cada um dos numerosos detalhes presentes nas novas músicas de TKDE parecem estar no lugar certo e você pode apenas mergulhar no clima ou escolher um dos muitos aspectos e apreciá-lo por conta própria — sejam as batidas de Gideon Kiers, o baixo e o piano de Jason Köhnen, o trombone de Hilary Jeffery, a voz e o piano de Charlotte Cegarra, a guitarra de Eelco Bosman, o violoncelo de Nina Hitz, o violino de Sarah Anderson ou — aparecendo aqui como músicos convidados — o trompete de Eiríkur Óli Ólafsson e o saxofone e clarinete baixo de Coen Kaldeway. Um disco muito bom, repito.

The Kilimanjaro Darkjazz Ensemble: From The Stairwell

Tracklist:

1. All is One [5:22]
2. Giallo [6:02]
3. White Eyes [8:28]
4. Cocaine [11:28]
5. Celladoor [7:17]
6. Cotard Delusion [5:46]
7. Les Etoiles Mutantes [6:17]
8. Past Midnight [12:03]

Credits:

Bass, Piano – Jason Köhnen
Cello – Nina Hitz
Drums, Effects [Fx], Electronics [Beats] – Gideon Kiers
Guitar – Eelco Bosman
Saxophone [Guest], Bass Clarinet [Guest] – Coen Kaldeway
Trombone – Hilary Jeffery
Trumpet [Guest] – Eiríkur Óli Ólafsson
Violin – Sarah Anderson
Vocals, Piano – Charlotte Cegarra

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TKJE em ação no PQP Jazz Theatre de Jericoacoara

PQP

.: interlúdio :. Eric Dolphy with Booker Little Live at the Five Spot 1 e 2

.: interlúdio :. Eric Dolphy with Booker Little Live at the Five Spot 1 e 2

Live at the Five Spot são dois álbuns de jazz que documentam a noite de 16 de julho de 1961, a qual marca o final da série de shows que Eric Dolphy e Booker Little fizeram no Five Spot em Nova York. Este dia não consta dos livros de história (aliás, talvez conste neste aqui), mas deveria, pois naquela noite havia uma eletricidade inédita nos ares novaiorquinos.

No tempo do vinil, havia um terceiro disco chamado Memorial Album onde estavam Number Eight (Potsa Lotsa) e Booker`s Waltz. Essas duas faixas agora estão nestes dois CDs que documentam a noite. A expressão “documentam a noite” é uma espetacular besteira de inspiração cartorial, pois não caracteriza nem a loucura criativa cubista e dissonante, nem a vivacidade dos solos de Dolphy. Quando Dolphy sola, é algo tão incomum que a gente pensa que possam surgir jacarés nos esgotos ou legumes em nossas cabeças.

Aliás, os enfermeiros berlinenses devem ter pensado em algo semelhante na tarde de 18 de junho de 1964, quando Dolphy caiu na rua e foi levado ao hospital. Eles não sabiam que ele era diabético e supuseram que ele estava apenas vivenciando uma overdose (é músico de jazz, não?). Então, deixaram-no deitadinho num leito até que passasse o efeito das drogas. Era um coma diabético. A insulina foi-lhe administrada tarde demais.

Eric Dolphy Live at the Five Spot 1

1. Fire Waltz 13:44
2. Bee Vamp (Live) 12:27
3. The Prophet 21:25
4. Bee Vamp (Alternate Take) 9:45

Recorded live at The Five Spot in New York, N Y on July 16, 1961.

Eric Dolphy – alto saxophone, flute, bass clarinet
Booker Little – trumpet
Mal Waldron – piano
Richard Davis – bass
Ed Blackwell – drums

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Eric Dolphy Live at the Five Spot 2

1. Aggression 17:16
2. Like Someone In Love 19:50
3. Number Eight (Potsa Lotsa) 15:31
4. Booker’s Waltz 14:34

Recorded live at The Five Spot in New York, N Y on July 16, 1961.

Eric Dolphy – alto saxophone, flute, bass clarinet
Booker Little – trumpet
Mal Waldron – piano
Richard Davis – bass
Ed Blackwell – drums

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Eric Dolphy: mais gênio impossível

PQP

.: interlúdio :. Oliver Nelson: Sound Pieces

.: interlúdio :. Oliver Nelson: Sound Pieces

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Sempre gostei de Oliver Nelson, principalmente como compositor e arranjador. Ah, como solista também. Sound Pieces é um tour de force bem diferente de outra obra-prima de Nelson, sua parceria com Eric Dolphy. Em uma carreira repleta de grandes arranjos e escrita soberba, Nelson se supera aqui. A faixa-título é inesquecível, contando uma história dramática sem palavras. Este álbum de 1966 oferece alguns de seus melhores trabalhos em ambas as áreas. Sound Piece for Jazz Orchestra é brilhante, lembra o estilo de concerto de Stan Kenton dos anos 50 e início dos anos 60. Aliás, de acordo com as notas do encarte, a banda de Kenton executou esta peça antes de sua gravação. Flute Salad apresenta um lindo uníssono de flautas e um solo de trompete de Conte Candoli que se parece muito com as músicas de Henry Mancini da época. The Lady from Girl Talk é uma adaptação de um dos temas de Nelson escritos para a TV. Nelson toca sax soprano nessas músicas que arranjou para big band com mais duas trompas, tuba e algumas duplas de metais. As cinco faixas restantes estão em um ambiente de quarteto, com Nelson continuando no sax soprano. Eu gosto mais de seu sax neste álbum do que em qualquer outro que já ouvi. Uma vez que ele escreveu quase todas as melodias, não deveria ser surpreendente que ele as internalizasse tão profundamente, produzindo um toque inovador e de extremo bom gosto. O CD cresceu em relação ao LP original, pois inclui mais duas faixas bônus. Sorte nossa! Recomendo!

.: interlúdio :. Oliver Nelson: Sound Pieces

1 “Sound Piece for Jazz Orchestra” – 9:44
2 “Flute Salad” – 2:49
3 “The Lady From Girl Talk” – 4:59
4 “The Shadow of Your Smile” (Mandel, Webster) – 9:44
5 “Patterns” – 6:19
6 “Elegy for a Duck” – 6:23
Bonus tracks on CD reissue:
7 “Straight, No Chaser” (Monk) – 9:10
8 “Example Seventy Eight” – 6:01

Personnel
Tracks 1-3

Oliver Nelson – soprano saxophone, arranger, conductor
John Audino, Bobby Bryant (#1-2), Conte Candoli, Ollie Mitchell, Al Porcino (#3) – trumpet
Mike Barone, Billy Byers (#3), Richard Leith, Dick Noel (#1-2), Ernie Tack – trombone
Bill Hinshaw, Richard Perissi – French horn
Red Callender – tuba
Gabe Baltazar – alto saxophone, clarinet, alto flute
Bill Green – piccolo, flute, alto flute, alto saxophone
Plas Johnson – tenor saxophone, bass clarinet, flute, alto flute
Bill Perkins – tenor saxophone, bass clarinet, flute, alto flute
Jack Nimitz – baritone saxophone, bass clarinet
Mike Melvoin – piano
Ray Brown – bass
Shelly Manne – drums

Tracks 4-8

Oliver Nelson – soprano saxophone
Steve Kuhn – piano
Ron Carter – bass
Grady Tate – drums

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Oliver Nelson ensaiando na PQP Bach`s Great New York Harlem Jazz Concert Hall

PQP

.: interlúdio :. Oliver Nelson & Eric Dolphy: Straight Ahead

.: interlúdio :. Oliver Nelson & Eric Dolphy: Straight Ahead

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Uma obra-prima e ponto final. Um dos melhores discos que já ouvi. Talvez merecesse ser conhecido como O ELOGIO AO CONTRASTE. O disco original é de Oliver Nelson, mas, com o tempo, passou a ser creditado também ao genial Eric Dolphy. Com toda a razão. Nelson e Dolphy estavam em seus auges e é surpreendente que se entendessem tão bem a ponto de realizarem vários trabalhos juntos. Por quê? Ora, Oliver é um solista melódico, tranquilo, desses que buscam um som puro e fluente; enquanto isso Eric, bem, Eric era de rigorosa selvageria. Uma maravilha.

Ouçam o belíssimo tema dissonante de Images, depois prestem bem atenção ao solo de Oliver Nelson e logo ouçam a invenção absolutamente anárquica na entrada em cena de Eric Dolphy. Na verdadeira luta travada entre o bem-comportado (e belo melodismo) de um e a assustadora imaginação de outro, está o melhor de Oliver Nelson como compositor e o melhor de Dolphy como solista de sax e clarone.

Images é a perfeição.

Oliver Nelson & Eric Dolphy: Straight Ahead

1. Images
2. Six And Four
3. Mama Lou
4. Ralph’s New Blues
5. Straight Ahead
6. 111-44

Oliver Nelson: alto saxophone, tenor saxophone, clarinet
Eric Dolphy: alto saxophone, bass clarinet, flute
Richard Wyands: piano
George Duvivier: bass
Roy Haynes: drums

Recorded at the Van Gelder Studio, Englewood Cliffs, New Jersey on March 1, 1961.

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Dolphy: espetacular contraste com Nelson
Dolphy: espetacular contraste com Nelson

PQP

.: interlúdio :. James Carter: Caribbean Rhapsody

.: interlúdio :. James Carter: Caribbean Rhapsody

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Demorei muito para desgrudar desta obra sensacional que é Caribbean Rhapsody. Trata-se de um brilhante álbum do saxofonista James Carter composto e orquestrado por Roberto Sierra e que foi lançado em 2011, um disco excelente que busca uma fusão entre o jazz e o clássico, fazendo-o de forma muito convincente e estimulante. É uma música que desafia aqueles que estão entediados com o comum e o repetitivo. O Concerto para Saxofones e Orquestra (3 movimentos) é um verdadeiro híbrido jazz-clássico e seria puro clássico se não houvesse seções para dar a JC a chance de mostrar suas habilidades de improvisação. O movimento de abertura às vezes soa como se fosse uma peça perdida de Stravinsky. É um belo trabalho que nos coloca em um modo mágico — como no cinema — para apreciar o quadro que está sendo pintado pela mistura de Carter. A combinação de clássico, jazz e de timbres e ritmos latinos ficou esplêndida, tanto no concerto quanto nas 3 outras peças. E a Caribbean Rhapsody é inacreditavelmente linda e MARAVILHOSA!

James Carter: Caribbean Rhapsody

1 Concerto para Saxofones e Orquestra: Rítmico
Composed By – Roberto Sierra
Conductor – Giancarlo Guerrero
Instruments – Sinfonia Varsovia Orchestra*
Soprano Saxophone, Tenor Saxophone – James Carter (3)
4:52

2 Concerto para Saxofones e Orquestra: Tender
Composed By – Roberto Sierra
Conductor – Giancarlo Guerrero
Instruments – Sinfonia Varsovia Orchestra*
Soprano Saxophone, Tenor Saxophone – James Carter (3)
7:04

3 Concerto para Saxofones e Orquestra: Playful – Fast (With Swing)
Composed By – Roberto Sierra
Conductor – Giancarlo Guerrero
Instruments – Sinfonia Varsovia Orchestra*
Soprano Saxophone, Tenor Saxophone – James Carter (3)
7:39

4 Tenor Interlude
Composed By – James Carter (3)
Tenor Saxophone – James Carter (3)
5:34

5 Caribbean Rhapsody
Bass – Kenny Davis
Cello, Leader – Akua Dixon
Composed By – Roberto Sierra
Soprano Saxophone, Tenor Saxophone – James Carter (3)
Viola – Ron Lawrence
Violin [1] – Patrisa Tomasini
Violin [2] – Chala Yancy
Violin [Solo] – Regina Carter
13:37

6 Soprano Interlude
Composed By – James Carter (3)
Soprano Saxophone – James Carter (3)
6:14

Concerto for Saxophones and Orchestra was recorded on 21 December 2009 at the Witold Lutoslawski Concert Studio of Polish Radio in Warsaw, Poland.

Caribbean Rhapsody was recorded on 18 March 2010 at Avatar Studios in New York City.

Tenor Interlude & Soprano Interlude were recorded on 19 March 2010 at Avatar Studios in New York City.

Track 5 features “The Akua Dixon String Quintet” consisting of: Patrisa Tomasini, Chala Yancy, Ron
Lawrence, Akua Dixon, and Kenny Dixon.

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Este James Carter não foi presidente dos EUA.

PQP

.: interlúdio :. Joni Mitchell: Blue

.: interlúdio :. Joni Mitchell: Blue

Ontem, muita gente estava comemorando os 50 anos do álbum Blue, de Joni Mitchell. Um amigo até me mandou um link do Guardian onde uma série de artistas que foram inspirados pelo trabalho de Joni escolhiam sua canção preferida do disco. Mais de 6 delas foram citadas. Blue tem 10.

Eu fiz questão de reouvir o disco para escolher a minha. Fiquei entre a comovente River e as harmonias de A Case of You. Eu não posso escolher só uma delas.

Conheci Blue lá por 1975 e acho que o ouço a cada dois ou três anos — o que é muito pra mim — e ele só melhora. Sou meio desligado da música popular, mas há coisas que vêm e ficam. Joni é uma grande compositora, letrista e contadora de histórias.

Aliás, que ano foi 1971! Construção (Chico), London London (Caetano), Who`s Next (The Who), Led Zeppelin IV, Fa-Tal (Gal), Ela (Elis Regina), Tapestry (Carole King), Ram (Paul McCartney), Imagine (John Lennon), Aqualung (Jethro Tull), All things must pass (George Harrison), o que mais?

.: interlúdio :. Joni Mitchell: Blue

1 All I Want 3:32
2 My Old Man 3:33
3 Little Green 3:25
4 Carey 3:00
5 Blue 3:00
6 California 3:48
7 This Flight Tonight 2:50
8 River 4:00
9 A Case Of You 4:20
10 The Last Time I Saw Richard 4:13

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Blue, uma das obras-primas de Joni

PQP

.: interlúdio [em caixinhas de música] :. Yuko Ikoma & Cécile “Colleen” Schott

.: interlúdio [em caixinhas de música] :. Yuko Ikoma & Cécile “Colleen” Schott

(Acontece seguido, me pararem na rua para perguntar: como vocês do PQP conseguem manter o fluxo de postagens excelentes, uma atrás da outra? Eu respondo contando um segredinho: ouvimos tanta música boa que precisamos organizar escalas para publicar um post, e frequentemente nos arremessamos à jugular um do outro por um lugar na fila. É assim que hoje, nesta madrugada, eu encaixo um interlúdio furtivo, enquanto espio nas postagens agendadas uma pérola do Avicenna esperando a manhã chegar para tomar seu justo lugar no topo do blog.

E é assim que eu imaginei o par de discos que trouxe hoje: quietos, noturnos, querendo passar despercebidos. Por um lado, sua natureza: (muito) mais próximos à musique concrète do que o costumeiro jazz dessa coluna. Por outro, pelo próprio clima das composições: as leituras para caixinha de música que Yuko Ikoma, a acordeonista que vimos logo ali, fez de Erik Satie, ressoam claras nas frequências agudas, e crocantes nas médias; com simplicidade, cortam a noite trazendo um conforto paradoxal, evocando imagens circenses e, claro, alguma infância.

E se a palavra é simplicidade, bem, que a reforcemos: tanto os temas escolhidos quanto os arranjos em si não primam por invenções de qualquer espécie. São composições conhecidas, e daí parte do prazer que o álbum proporciona: reassimilar estas versões suaves, macias, e no entanto de notas bem definidas, de um cuidado maior do que o aparente.

Dois anos antes, em Paris, uma artista realizou um experimento semelhante; Cécile “Colleen” Schott gravou um disco de composições suas para caixinha de música. Nesse caso, e como é de seu perfil, Colleen explora mais; utiliza pedais de loop e edição em computador para criar atmosferas mais complexas. Às vezes em vinhetas simples, passáveis; noutras em melodias brilhantes e determinadamente angélicas. (Blue Dog é um grande fã de Colleen e tem sonhos com Your Heart is So Loud como trilha sonora, porque é um sortudo.)

Não é um par de discos que se vai ouvir a toda hora, de cabo a rabo; no entanto podem relocalizar qualquer situação. É uma música que serve para fundo de longos olhares, e que acalma a noite dos insones; e que como toda boa música, se escutada de perto, traz alguma inquietação. E ainda por cima mostra que, com um único e medieval elemento, se pode fazer música contemporânea experimental de grande sensibilidade.)

Yuko Ikoma – Moisture with Music Box /2008 [192]

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01 1ére Gymnopédie
02 2éme Gymnopédie
03 3éme Gymnopédie
04 Je te veux
05 Menues Propos Enfantins – Chant guerrier du roi des haricots
06 Menues Propos Enfantins – Ce que dit la petite princesse des Tulipes
07 Menues Propos Enfantins – Valse du Chocolat aux amandes
08 Prestidigitateur Chinois
09 Rêverie du Paurve
10 1ére Gnossienne
11 4éme Gnossienne
12 Berceuse

Colleen – Et les Boîtes à Musique /2006 [V2]

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01 John Levers the Ratchet
02 What is a Componium? (Part 1)
03 Charles’s Birthday Card
04 Will You Gamelan for Me?
05 The Sad Panther
06 Under the Roof
07 What is a Componium? (Part 2)
08 A Bear is Trapped
09 Please Gamelan Again
10 Your Heart is so Loud
11 Calypso in a Box
12 Bicycle Bells
13 Happiness Nuggets
14 I’ll Read You a Story

Boa audição!

Yuko Ikoma: brincando lindamente com Satie. E longe do acordeon.

Blue Dog

.: interlúdio :. Eric Reed: The Dancing Monk

.: interlúdio :. Eric Reed: The Dancing Monk

Um bom e elegante CD. Reed é excelente pianista e seu grupo é ótimo ao recriar temas do grande Thelonius Monk. Reed não chega a transcender, ele não “magica”, então o disco não é um perfeição, mas dá seu recado. Todo pianista de jazz está em algum lugar na sombra de Thelonious Monk (1917-1982) e Eric Reed abraça essa sombra em The Dancing Monk. Interpretar a música mítica do pianista / compositor — quanto mais fazer um álbum inteiro com suas músicas — representa um desafio e tanto para qualquer músico moderno, especialmente para um pianista. Primeiro, as composições de Monk são, de fato, desafiadoras por si mesmas. São cheias de compassos estranhos, sincopados e ele escreveu algumas das melodias mais anti-intuitivas conhecidas. Em segundo lugar, o trabalho de Monk no teclado era completamente único e entrelaçado com sua música. Seu jeito de tocar piano era parte integrante dessas canções e um dos principais componentes de sua grandeza. É difícil imaginar um sem o outro. É aí que reside o problema. Um pianista moderno que interpreta essa música se depara com a difícil tarefa de separar a música de Monk de sua maneira de tocar piano, mantendo as composições e, em seguida, trazendo algo novo para a festa. A alternativa é arriscar simplesmente fazer uma cópia de performances que agora têm entre quarenta e sessenta anos. É preciso muita sensibilidade para tocar essa música de uma forma que retenha o que há de bom nas composições, sem massacrar a performance com um pianismo incongruente. Claro, é provável que seja exatamente esse desafio que mantém os músicos regularmente tentando esse feito musical, com graus amplamente variados de sucesso. Reed sai-se bem, mas… Que saudades dos originais de Thelonius!

.: interlúdio :. Eric Reed: The Dancing Monk

1 Ask Me Now 4:00
2 Eronel 3:42
3 Reflections 5:47
4 Light Blue 4:43
5 Ruby, My Dear 5:58
6 Pannonica 4:52
7 Ugly Beauty 4:19
8 The Dancing Monk 3:47
9 ‘Round Midnight 6:54
10 Blue Monk 4:44

Bass – Ben Wolfe
Drums – McClenty Hunter
Piano– Eric Reed

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Eric Reed tomando um solzinho na sede de Filadélfia da PQP Bach Corp.

PQP

.: interlúdio :. John Coltrane: Coltrane Plays the Blues

.: interlúdio :. John Coltrane: Coltrane Plays the Blues

Um dos maiores quartetos de jazz de todos os tempos: Coltrane (tenor e soprano), McCoy Tyner (piano), o tremendo Elvin Jones (bateria) e Steve Davis (baixo, embora a banda de Trane contasse com frequência com Jimmy Garrison e às vezes Reggie Workman), tocando um programa de originais inspirado no blues. Essa banda significa calor, economia e interação descontraída. Coltrane é claramente o centro do palco aqui. Seu tom distinto o tornaria em breve um dos caras mais influentes no jazz. Coltrane Plays the Blues não é tão ousado quanto outros discos de Coltrane, mas ainda assim é poderoso. Quanto à frase “toca o blues” no título, isso não é um indicador de que as músicas sejam blues convencionais. É mais indicativo de uma sensibilidade blues.

John Coltrane: Coltrane Plays the Blues

01. Blues to Elvin
02. Blues to Bechet
03. Blues to You
04. Mr. Day
05. Mr. Syms
06. Mr. Knight
07. Untitled Original (Exotica)
08. Blues to Elvin (Alternate Take 1)
09. Blues to Elvin (Alternate Take 3)
10. Blues to You (Alternate Take 1)
11. Blues to You (Alternate Take 2)

John Coltrane (soprano & tenor saxophones)
McCoy Tyner (piano)
Steve Davis (acoustic bass)
Elvin Jones (drums)

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O Quarteto de Coltrane na passeando pela Praça da Alfândega, em Porto Alegre. Eles fizeram o show de inauguração da Sala Jazz PQP Bach da cidade.

PQP

.: interlúdio :. Dave Brubeck: Collections

.: interlúdio :. Dave Brubeck: Collections

Para muitos, Dave Brubeck foi a porta de entrada para o jazz. Depois, passa-se um ou dois anos e já é difícil de ouvir seus solos convencionais e sem muito tempero. Dele e de Paul Desmond. Ouvimos e gostamos mais por nostalgia. Mas os caras criaram temas que ficarão para sempre. Neste disco, Brubeck apresenta basicamente temas de outros compositores, além de mostrar um lado que sempre foi indiscutível para os amantes de jazz: ele sente-se muito bem nas jazzy songs, talvez até mais do que no jazz puro. Mas o que interessa é que Brubeck é um portal campeão de vendas e quem não conhece seus LPs Time Out e Time Further Out tem algum problema de formação musical. Por falar em formação musical, Brubeck não era muito interessado em aprender por métodos, simplesmente queria compor suas próprias melodias e por isso nunca aprendeu a ler partituras. Ele evitava aprender a ler durante as aulas de piano de sua mãe, alegando dificuldade de visão. Na faculdade, Brubeck quase foi expulso do curso, quando um de seus professores descobriu que ele não sabia ler partituras. Muitos outros professores o defenderam apontando seu talento em contraponto e harmonia, mas a escola continuou com medo de que isso pudesse causar um escândalo, e só concordou em lhe dar o diploma se ele concordasse em nunca dar aulas de piano…

Dave Brubeck: Collections

1 Take Five
2 In Your Own Sweet Way
3 Weep No More
4 That Old Black Magic
5 Take The ‘A’ Train
6 Maria
7 Summer Song
8 Autumn In Washington Square
9 Three To Get Ready
10 There’ll Be Some Changes Made

Vários grupos, sempre com Brubeck ao piano

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Dave Brubeck e Paul Desmond (os dois da frente) em 1961. Eles se conheceram no Exército de George Patton, durante a Segunda Guerra.

PQP

.: interlúdio :. Irvin Mayfield: A Love Letter To New Orleans

.: interlúdio :. Irvin Mayfield: A Love Letter To New Orleans

Com sua cultura inimitavelmente rica, Nova Orleans é uma cidade muito fácil de se amar. Além do Mardi Gras, Nova Orleans é muito conhecida também por ser o local de nascimento do jazz. Essa forma de arte exclusivamente americana se desenvolveu aqui há 100 anos, quando músicos afro-americanos absorveram elementos musicais europeus e criaram um som único. Até hoje em Nova Orleans, você ainda pode curtir um jazz sem compromisso em quase todas as esquinas ou ir a um legítimo clube de jazz. Uma viagem para Nova Orleans não está completa sem um bom e autêntico jazz. Em A Love Letter to New Orleans, o trompetista Irvin Mayfield tenta refletir sobre a cidade. Das turbulentas sessões de gravação durante o dia à introspecção noturna com mentores como Ellis e Wynton Marsalis, além de Herman Leonard, A Love Letter to New Orleans é uma crônica comovente do caso de amor de Mayfield com a cidade. O disco, altamente contrastante, vale muito a pena ouvir. Há de tudo aqui, como em New Orleans. As participações dos diversos grupos são sensacionais. Há canções, há jazz de primeira, há grupos latinos, corais, sinfônica, second lines (músicas para desfiles improvisados de rua, etc.).

Irvin Mayfield : A Love Letter To New Orleans

1. Mo’ Better Blues (With Ellis Marsalis)
2. Latin Tinge II (Los Hombres Calientes)
3. Romeo and Juliet (With Ellis Marsalis)
4. Old Time Indians Meeting of the Chiefs (Los Hombres Calientes With Cyril Neville, Donald Harrison Jr., Big Chief Bo Dollis Sr.)
5. James Booker (Los Hombres Calientes With Bill Summers, Carlos Henriquez)
6. El Negro, Pts. 1, 2, 3 (Los Hombres Calientes With Bill Summers, Horacio “El Negro” Hernandez)
7. Fatimah
8. Lynch Mob – Interlude (With Dillard University Choir)
9. Blue Dawn (With Wynton Marsalis)
10. George Porter (Los Hombres Calientes With George Porter Jr.)
11. Super Star (With Ellis Marsalis, Louisiana Philharmonic Orchestra)|
12. Wind Song (With Gordon Parks)
13. I’ll Fly Away (Los Hombres Calientes With Davell Crawford, Cyril Neville)
14. Mardi Gras Second Line (“Los Hombres Calientes With Troy “Trombone Shorty” Andrews, Kermit Ruffins, Rebirth Brass Band, John Boutte”)

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Irvin Mayfield, Embaixador de New Orleans

PQP

.: interlúdio :. Wes Montgomery: Smokin’ at the Half Note

.: interlúdio :. Wes Montgomery: Smokin’ at the Half Note

Sim, é verdade: Blue Dog esteve numa jornada ao centro da Terra e voltou pra contar a história. No entanto, foi constatado mais uma vez que ninguém presta atenção no que diz um cachorro — principalmente quando ele trata de si na terceira pessoa — , e como PQP encerrou o assunto com um peremptório “passa já pra dentro!”, o melhor que ele faz é retomar logo suas antigas atribuições.

Antes de trazer à tona novidades e avantgardismos resultantes das escavações, este post não precisa fazer qualquer esforço para agradar: chega logo propondo um disco de fácil consenso e clara influência. Trata-se de Wes Montgomery e a seção rítmica clássica de Miles Davis. Wes é gentil, faz jazz com aquele acento de blues, pode ser servido à mesa. O ouvinte se pega várias vezes prestando mais atenção na bateria do que no instrumento principal. Estamos todos em casa, felizes? Então bueno, que bueno.


Wes Montgomery – Smokin’ at the Half Note /1965 [V0]
—-> download – 68MB
Wes Montgomery (guitar),
Wynton Kelly (piano),
Paul Chambers (bass),
Jimmy Cobb (drums)
.

Faixas 1 e 2 gravadas ao vivo em junho de 1965. Faixas 3 a 5 gravadas em estúdio, em 22/07/1965. Produzido por Creed Taylor para a Verve

01 No Blues (Davis) 13′
02 If You Could See Me Now (Dameron, Sigman) 6’45
03 Unit 7 (Jones) 7’30
04 Four on Six (Montgomery) 6’45
05 What’s New? (Haggart, Burke) 6’00

Boa audição!
Blue Dog

.: interlúdio, pero no mucho :. Pat Metheny: Road to the Sun (2021)

.: interlúdio, pero no mucho :. Pat Metheny: Road to the Sun (2021)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

A carreira de quase 50 anos de Pat Metheny sempre equilibrou a tensão entre dois polos de desenvolvimento: (1) o refinamento e a expansão do alcance técnico e estético de sua “voz” virtuosa e exuberantemente romântica e (2) a construção de uma linguagem composicional ampla e em constante evolução que combina sofisticação harmônica e rítmica com acessibilidade. Road to the Sun é uma obra-prima e é o primeiro mergulho do violonista na composição de música clássica para violão.

O conjunto é composto primeiramente por duas longas suítes. A primeira metade do CD é dedicada aos quatro movimentos Four Paths of Light, escrita e interpretada pela sensação do violão clássico Jason Vieaux, cujas gravações abraçam o cânone do violão clássico, mas também o expandem para incluir modernistas como Astor Piazzolla, Baden Powell e Ernst Mahle. (Em 2005, Vieaux lançou Images of Metheny , no qual ele recriou as composições do jazzista para violão clássico solo). Como um todo, Four Paths of Light não lembra muito… Metheny. O primeiro e o quarto movimentos, altamente arpejados, cruzam o flamenco, o choro, o samba e os estudos clássicos pós-românticos, sem nunca revelar uma forma dominante. O segundo movimento lânguido é mais esparso e, bem, aqui parece o Metheny de New Chautauqua, de 1979 .

A suíte título em seis movimentos é composta para e executada pelo Los Angeles Guitar Quartet, formado por John Dearman , William Kanengiser , Scott Tennant e Matthew Greif. A estilo deles é o crossover. Seus shows e gravações envolvem de tudo, desde clássico e flamenco até o bluegrass, o rockabilly e o death metal. Road to the Sun une o impressionismo clássico de Debussy e Ravel a Django Reinhard. Os elementos de chamada e resposta são fundamentais no primeiro movimento, ao mesmo tempo hipnótico e sedutor. Reflete a influência de compositores clássicos canônicos como Francisco Tárrega. Depois, temos um familiar estilo “brasileiro”. Dá para pensar na obra César Guerra-Peixe. A parte quatro é construída de glissandi dos violões antes que a percussão dos mesmos nos dê uma sensação de desorientação e deslocamento. No quinto movimento, o dedilhar veloz de Metheny se junta ao do quarteto. Seu toque é inconfundível.

O CD é finalizado por uma leitura solo da peça para piano Für Alina de Arvo Pärt, tocada por Metheny no violão Pikasso I de 42 cordas e múltiplos braços. Road to the Sun apresenta as marcas musicais de Metheny, mas com um toque de coragem que vou lhes contar. E ele se sai brilhantemente na empreitada, revelando novas maneiras de confundir as fronteiras entre os gêneros.

O guitarrista e compositor Pat Metheny ganhou 20 prêmios Grammy em 12 categorias diferentes, incluindo Melhor Rock Instrumental, Melhor Gravação de Jazz Contemporâneo, Melhor Solo Instrumental de Jazz e Melhor Composição Instrumental. O Pat Metheny Group ganhou sete Grammys consecutivos em sete álbuns consecutivos. Sim, não é mole.

Pat Metheny: Road to the Sun (2021)

1. Jason Vieaux – Pat Metheny: Four Paths of Light, Pt. 1
2. Jason Vieaux – Pat Metheny: Four Paths of Light, Pt. 2
3. Jason Vieaux – Pat Metheny: Four Paths of Light, Pt. 3
4. Jason Vieaux – Pat Metheny: Four Paths of Light, Pt. 4

5. Los Angeles Guitar Quartet – Pat Metheny: Road to the Sun, Pt. 1
6. Los Angeles Guitar Quartet – Pat Metheny: Road to the Sun, Pt. 2
7. Los Angeles Guitar Quartet – Pat Metheny: Road to the Sun, Pt. 3
8. Los Angeles Guitar Quartet – Pat Metheny: Road to the Sun, Pt. 4
9. Los Angeles Guitar Quartet – Pat Metheny: Road to the Sun, Pt. 5
10. Los Angeles Guitar Quartet – Pat Metheny: Road to the Sun, Pt. 6

11. Pat Metheny – Arvo Pärt: Für Alina (arr. Pat Metheny for 42 string guitar)

Los Angeles Guitar Quartet
Pat Metheny
Jason Vieaux

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A Pikasso I foi criada e feita à mão pela luthier canadense Linda Manzer, a qual demorou dois anos para fabricá-la. Este violão acústico de 42 cordas e três braços foi popularizada por Pat Metheny.

PQP