BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Cânones e Brincadeiras Musicais – Accentus – Ensemble Tamanial – Cantus Novus Wien


Beethoven escreveu algumas dezenas de cânones e brincadeiras musicais ao longo de sua vida. Se os primeiros foram exercícios de contraponto de um ambicioso estudante, a maior parte dos demais destina-se a uma finalidade específica – homenagem, agradecimento, deboche, sátira. Nenhum deles dura mais de dois minutos – poucos, aliás, passam sequer de um – e seus breves textos são muitas vezes tão só uma breve saudação (como “Feliz Ano Novo” (WoO 165, 176, 179), “Adeus” (WoO 181/2) ou “Aproveite a vida” (WoO 195)). Alguns cânones não têm qualquer texto, pelo que são executados habitualmente com instrumentos. Há aqueles destinados a colegas (“Ars longa, vita brevis”, por exemplo, escrito para Hummel) e, a maior parte, a amigos. Ao conde Lichnowsky, que muito o ajudou, Ludwig tascou um “Herr Graf, Sie sind ein Schaf! (“Senhor conde, você é um tolo”). Ignaz Schuppanzigh, tremendamente obeso, é chamado de “Falstafferel” (“Falstaffinho”). Há outras famosas vítimas de trocadilhos: E. T. A. Hoffmann, Friedrich Kuhlau e Carl Schwencke. Muitos cânones são cordiais, quase tributos, como aqueles para Albrechtsberger, Rellstab e Spohr. Também há pequenas paródias, como “Signor Abate”, imitando uma arieta rossiniana, e cânones profundamente enigmáticos: a quem se destinou “Ewig dein” (“Sempre teu”)? E para quem Beethoven pediu para “escrever para mim a escala de Mi bemol” (WoO 172)?

Às bobagenzinhas intercalam-se coisas mais sérias. Alguns de seus mais caros aforismos, vindos de seu poetas favoritos, ganharam cânones: “Kurz ist der Schmerz und ewig die Freude” (“A dor é breve, e a alegria, eterna”), de Schiller; “Edel sei der Mensch, hüfreich und gut, ja gut” (“Nobre é o Homem; prestativo e bom, sim: bom”), de Goethe; e “Das Schöne zu dem Guten” (“O Belo ao Bom”), de Matthison. E também há os cânones dos penúltimos meses de sua vida, como “Wir irren allesamt nur jeder irret anderst” (‘Todos erramos, apenas cada um de uma maneira diferente’), escrito em 1826 para o barão Karl Holz, que muito amparou Beethoven em sua agonia final.

Holz, aliás, é autor de um dos cânones espúrios incluídos nessa edição, que por muito tempo foi atribuído a Ludwig, assim como foi um de Michael, o irmão de seu professor Joseph Haydn. E também há o caso daquele talvez mais famoso entre esses diminutos bombons, “Ta, ta, ta, ta, lieber Mälzel”, WoO 162, que cita um tema da Oitava Sinfonia e serviu para embasar teorias, hoje refutadas, de que seu segundo movimento tentava imitar um metrônomo:

Sabe-se hoje que essa peça dedicada a Mälzel – inventor do panharmonicon e do trompetista mecânico para os quais Beethoven escreveu música – foi escrita por outrem, provavelmente o factotum Schindler, que lhe foi muito prestativo e seu primeiro biógrafo, mas também nunca teve escrúpulos em falsificar evidências para parecer-lhe mais próximo. Schindler à parte, essas diminutas bagatelas vocais, cheias de humor de quinta série, são também breves janelas para a vida pessoal de Ludwig e mostram um seu lado bem diferente daquele gênio de cores turronas, intensas e irascíveis com que nos acostumamos a vê-lo pintado. Por isso mesmo, e a despeito de sua pouca importância musical, eu as acho fascinantes.

Nenhuma gravação até hoje juntou a totalidade dos cânones e brincadeiras musicais de Beethoven, de modo que resolvi lhes trazer duas. A do coro Accentus é decididamente mais intimista e, talvez, afeita à despretensiosidade das bagatelas, dada a preferência por vozes solistas, e sempre a cappella. A outra, com os coros Cantus Novus e Ensemble Tamanial, me parece mais expressiva e variada, e conta com a participação de instrumentos, tanto para a execução dos cânones instrumentais, quanto para algumas intervenções marotas (notavelmente em “Bester Magistrat, Ihr friert” (“Caro Magistrado, você está congelando”), em que o violoncelo contribui com um apropriado tremolando). Se eu lhes puder sugerir, comecem pelo Accentus, prossigam com o outro disco e, ao final dessas duas horas, talvez imaginem um Beethoven a sorrir.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

1 – Languisco e moro, Hess 229
2 – Lob auf den Dicken, WoO 100
3 – Graf, Graf, liebster Graf, WoO 101
4 – Im Arm der Liebe ruht sich’s wohl, WoO 159
5 – Ewig dein, WoO 161
6 – Ta ta ta, lieber Mälzel, WoO 162
7 – Kurz ist der Schmerz, und ewig ist die Freude, WoO 163
8 – Freundschaft ist die Quelle wahrer Glückseligkeit, WoO 164
9 – Glück zum neuen Jahr, WoO 165
10  – Kurz ist der Schmerz, und ewig ist die Freude, WoO 166
11 – Brauchle, Linke, WoO 167
12 – Das Schweigen, WoO 168a
13 – Das Reden, WoO 168b
14 – Ich küsse Sie, WoO 169
15 – Ars longa, vita brevis, WoO 170
16 – Glück fehl’ dir vor allem, WoO 171
17 – Ich bitt’ dich, WoO 172
18 – Hol’ euch der Teufel! B’hüt’ euch Gott, WoO 173
19 – Glaube und hoffe, WoO 174
20 – Sankt Petrus war ein Fels, WoO 175 no. 1
21 – Bernardus war ein Sankt, WoO 175 no. 2
22 – Glück zum neuen Jahr, WoO 176
23 – Bester Magistrat, Ihr friert, WoO 177
24 – Signor Abate, WoO 178
25 – Seiner kaiserlichen Hoheit, alles Gute, alles Schöne!, WoO 179
26 – Hoffmann, sei ja kein Hofmann, WoO 180
27 – Gedenket heute an Baden, WoO 181
28 – O Tobias!, WoO 182
29 – Bester Herr Graf, Sie sind ein Schaf, WoO 183
30 – Falstafferel, lass’ dich sehen!, WoO 184
31 – Edel sei der Mensch, hilfreich und gut, WoO 185
32 – Te solo adoro, WoO 186 (versão para mezzo-soprano e baixo)
33 – Te solo adoro, WoO 186 (versão para soprano e mezzo-soprano)
34 – Te solo adoro, WoO 186 (Versão para tenor e baixo)
35 – Schwenke dich ohne Schwänke, WoO 187
36 – Gott ist eine feste Burg, WoO 188
37 – Doktor, sperrt das Tor dem Tod, WoO 189
38 – Ich war hier, Doktor, ich war hier, WoO 190
39 – Kühl, nicht lau, WoO 191
40 – Ars longa, vita brevis, WoO 192
41 – Ars longa, vita brevis, WoO 193
42 – Si non per portas, per muros, WoO 194
43 – Freu’ dich des Lebens, WoO 195
44 – Es muss sein, WoO 196
45 – Da ist das Werk , WoO 197
46 – Wir irren allesamt, WoO 198
47 – Ich bin der Herr von zu, Du bist der Herr von von, WoO 199
48 – Das Schöne zum Guten, WoO 203
49 -Herr Graf, ich komme zu fragen, WoO 221
50 – Esel aller Esel, WoO 227

Accentus

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Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

1 – Lob auf den dicken Schuppanzigh, WoO 100
2 – Graf, Graf, liebster Graf, WoO 101
3 – Im Arm der Liebe ruht sich’s wohl, WoO 159
4 – Ewig dein, WoO 161
5 – Freundschaft ist die Quelle wahrer Glückseligkeit, WoO 164
6 – Glück zum neuen Jahr!, WoO 165
7 – Kurz ist der Schmerz, WoO 163
8 – Brauchle, Linke, WoO 167
9 – Das Schweigen, WoO 168, No. 1
10 – Das Reden, WoO 168, No. 2
11 – Ich küße Sie, drücke Sie an mein Herz, WoO 169
12 – Ars longa, vita brevis, WoO 170

Johann Michael HAYDN (1737–1806)

13 – Glück fehl’ dir vor allem, MH 582 (atribuído a Beethoven como WoO 171)

Ludwig van BEETHOVEN

14 – Ich bitt’ dich, schreib’ mir die Es-Scala auf, WoO 172
15 – Hol Euch der Teufel! B’hüt’ Euch Gott!, WoO 173
16 – Glaube und hoffe, WoO 174
17 – Sankt Petrus war ein Fels, WoO 175 no. 1
18 – Bernardus war ein Sankt, WoO 175 no. 2
19 – Bester Magistrat, Ihr friert!, WoO 177
20 – Glück, Glück zum neuen Jahr!, WoO 176
21 – Signor Abate!, WoO 178
22 – Seiner Kaiserlichen Hoheit! – Alles Gute, alles Schöne, WoO 179
23 – Hoffmann, sei ja kein Hofmann, WoO 180
24 – Gedenket heute an Baden!, WoO 181, No. 1
25 – Gehabt euch wohl, WoO 181, No. 2
26 – Tugend ist kein leerer Name, WoO 181, No. 3
27 – O Tobias!, WoO 182
28 – Bester Herr Graf, Sie sind ein Schaf!, WoO 183
29 – Falstafferel, lass’ dich sehen!, WoO 184
30 – Edel sei der Mensch, hülfreich und gut, WoO 185
31 – Te solo adoro, WoO 186
32 – Schwenke dich ohne Schwänke!, WoO 187
33 – Gott ist eine feste Burg, WoO 188
34 – Doktor sperrt das Tor dem Tod, WoO 189
35 – Ich war hier, Doktor, ich war hier, WoO 190
36 – Kühl, nicht lau, WoO 191
37 – Ars longa, vita brevis, WoO 192
38 – Ars longa, vita brevis, WoO 193
39 – Si non per portas, WoO 194
40 – Freu dich des Lebens, WoO 195
41 – Es muss sein!, WoO 196
42 – Da ist das Werk, WoO 197
43 – Wir irren allesamt, WoO 198
44 – Ich bin der Herr von zu, WoO 199
45 – Ich bin bereit! – Amen, WoO 201
46 – Das Schöne zum Guten, WoO 202
47 – Das Schöne zu dem Guten, WoO 203

Karl HOLZ (1799–1958)

48 – Holz geigt die Quartette so (atribuído a Beethoven como WoO 204)

Ludwig van BEETHOVEN

49 – Languisco e moro, Hess 229
50 – Te solo adoro, Hess 263 (esboço do WoO 186)
51 – Te solo adoro, Hess 263 (esboço do WoO 186)
52 – Herr Graf, ich komme zu fragen, WoO 221
53 – Esel aller Esel, WoO 227
54 – Kurz ist der Schmerz, WoO 166
55 – Canon in G Major, WoO 160, No. 1, “O care selve”
56 – Canon in C Major, WoO 160, No. 2

Claudia Schlemmer, soprano
Stefan Tauber e Martin Weiser, tenores
Franz Schneckenleitner, baixo
Luka Kusztrich, Benjamin Lichtenegger, Lara Kusztrich e Dominik Hellsberg, violinos
Wolfgang Däuble, violoncelo
Ensemble Tamanial
Cantus Novus Wien
Thomas Holmes, piano e regência

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Apesar do humor de quinta série, nosso herói conteve seu linguajar. Seu ídolo Mozart, pelo contrário, nunca pagou imposto para ser boca-suja – nem para mandar os outros sujarem suas bocas, como nesses seus famosos e escatológicos cânones que me parecem impossíveis de cantar sem risadas. 

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

The Art Of The Baroque Trumpet, Vol. 4/5 – Virtuoso Concertos – Niklas Eklund (baroque trumpet), The Drottningholm Ensemble, Nils-Erik Sparf – 1997



The Art Of The Baroque Trumpet
Vol. 4/5 – Virtuoso Concertos

Niklas Eklund (baroque trumpet)

Niklas Eklund (baroque trumpet), The Drottningholm Ensemble, Nils-Erik Sparf & Edward H Tarr; Ulf Bjurenhed (oboe)

1997

Para sua quarta gravação na série The Art Of The Baroque Trumpet, Niklas Eklund escolheu obras de compositores alemães. Vários deles, incluindo os concertos de Gross, Michael Haydn e Hertel, nunca foram gravados em um trompete barroco por causa de sua considerável dificuldade.

Palhinha: ouça: Johann Melchior Molter : Trumpet Concerto No. 2 in D major

The Art Of The Baroque Trumpet, Vol. 4/5
Virtuoso Concertos
Joseph Arnold Gross (Alemanha, 1701 – 1783/4)
01. Trumpet Concerto in D major – I. Allegro
02. Trumpet Concerto in D major – II. Andante molto
03. Trumpet Concerto in D major – III. Allegro molto
Michael Haydn (Áustria, 1737 – 1806)
04. Trumpet Concerto No. 2 in C major – I. Adagio
05. Trumpet Concerto No. 2 in C major – II. Allegro molto
Johann Melchior Molter (Alemanha, 1696 – 1765)
06. Trumpet Concerto No. 2 in D major – I. Allegro
07. Trumpet Concerto No. 2 in D major – II. Adagio
08. Trumpet Concerto No. 2 in D major – III. Allegro assai
Johann Wilhelm Hertel (Alemanha, 1727 – 1789)
09. Double Concerto in E flat major for trumpet and oboe – I. Allegro
10. Double Concerto in E flat major for trumpet and oboe – II. Arioso
11. Double Concerto in E flat major for trumpet and oboe – III. Allegro
Georg Philipp Telemann (Alemanha, 1681-1767)
12. Trumpet Concerto No. 2 in D major – I. Largo
13. Trumpet Concerto No. 2 in D major – II. Vivace
14. Trumpet Concerto No. 2 in D major – III. Siciliano
15. Trumpet Concerto No. 2 in D major – IV. Vivace
Georg Friedrich Händel (Alemanha, 1685 – Inglaterra, 1759)
16. Overture to “Atalanta” – I. Andante
17. Overture to “Atalanta” – II. Vivace
18. Overture to “Atalanta” – III. Andante

The Art Of The Baroque Trumpet, Vol. 4/5 – 1997
Niklas Eklund (baroque trumpet)
The Drottningholm Ensemble, Nils-Erik Sparf & Edward H Tarr
Ulf Bjurenhed (oboe)

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Por gentileza, quando tiver problemas para descompactar arquivos com mais de 256 caracteres, para Windows, tente o 7-ZIP, em https://sourceforge.net/projects/sevenzip/ e para Mac, tente o Keka, em http://www.kekaosx.com/pt/, para descompactar, ambos gratuitos.

.
If you have trouble unzipping files longer than 256 characters, for Windows, please try 7-ZIP, at https://sourceforge.net/projects/sevenzip/ and for Mac, try Keka, at http://www.kekaosx.com/, to unzip, both at no cost.

Boa audição!

C.P.E. Bach, Graf, M. Haydn, Hasse: Concertos para Violoncelo

C.P.E. Bach, Graf, M. Haydn, Hasse: Concertos para Violoncelo

Uma coleção de Concertos para Violoncelo de compositores do século XVIII. Não é uma coisa de louco. Vogler grava três concertos inéditos em gravações e os faz acompanhar do famoso Concerto Nº 3 de CPE Bach. O desempenho de Vogler — esta é a primeira versão que eu ouvi do concerto do mano CPE em violoncelo moderno — tem pouco do drama de outras gravações, mas canta com alma no Largo e dança atleticamente através dos movimentos rápidos. Os “novos” trabalhos são bons, com destaque para o Concerto de Friedrich Hartmann Graf, colocado estrategicamente em segundo lugar no CD.

C.P.E. Bach, Graf, M. Haydn, Hasse: Concertos para Violoncelo

Concerto for Cello no 3 in A major, Wq 172/H 439 by Carl Philipp Emmanuel Bach
1. Concerto for cello, strings & continuo (‘No. 3’) in A major, H. 439, Wq. 172: Allegro
2. Concerto for cello, strings & continuo (‘No. 3’) in A major, H. 439, Wq. 172: Largo mesto
3. Concerto for cello, strings & continuo (‘No. 3’) in A major, H. 439, Wq. 172: Allegro assai

Concerto for Cello and Orchestra in D by Friedrich Hartmann Graf
4. Cello Concerto in D major : Allegro
5. Cello Concerto in D major : Romance. Andante
6. Cello Concerto in D major : Rondo. Allegro

Concerto for Cello in D major by Johann Adolf Hasse
7. Cello Concerto in D major: Andante moderato – Fuga
8. Cello Concerto in D major: Largo
9. Cello Concerto in D major: Allegro

Concerto for Cello and Orchestra in B flat by Michael Haydn
10. Cello Concerto in B flat major, MH deeest (spurious): Moderato
11. Cello Concerto in B flat major, MH deeest (spurious): Romanze. Andante un poco agitato
12. Cello Concerto in B flat major, MH deeest (spurious): Finale. Rondo

Jan Vogler, Cello
Reinhard Goebel
Munich Chamber Orchestra

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Philip Mercier (1689-1760), The Sense
Philip Mercier (1689-1760), The Sense

PQP

Michael Haydn (1737-1806): Sinfonias

Michael Haydn (1737-1806): Sinfonias

Rapaz, este é um bom disco. Interpretação segura, belíssimo som e, ah, se Michael fosse como seu brother Franz Josef ou como o contemporâneo Mozart… Mas o disco não decepciona de forma alguma. A propósito, Michael Haydn foi vítima de um caso de póstuma identidade confundida. Durante muitos anos, a obra que hoje conhecemos como a sua Sinfonia Nº 26 foi considerada como a Sinfonia Nº 37 K.444 de Mozart. A confusão ocorreu porque descobriu-se um autógrafo de Mozart no movimento inicial da sinfonia. O resto não se parecia com a caligrafia de Mozart. Hoje considera-se que Mozart tinha composto um novo movimento lento para o início da sinfonia por razões ainda desconhecidas, mas sabe-se que o resto da obra é de Michael Haydn. A obra, que foi amplamente executada como sinfonia de Mozart, foi tocada consideravelmente menos desde esta descoberta em 1907. Por isso, Mozart não tem uma Sinfonia Nº 37. Pula da 36ª para a 38ª. Essa é uma boa pegadinha. “Admiro muito a 37ª de Mozart!’.

Michael Haydn (1737-1806): Sinfonias

Symphony P6 In A Major 14:24
1 I. Allegro Molto 3:54
2 II. Menuetto – Trio 3:42
3 III. Andante – 3:44
4 IV. Finale: Allegro Molto 3:01

Symphony P9 In B Flat Major 14:06
5 I. Allegro Assai 3:57
6 II. Andantino 2:40
7 III. Menuet – Trio 3:27
8 IV. Finale: Allegro Molto 3:55

Symphony P16 In G Major 16:03
9 I. Allegro Con Spirito 5:10
10 II. Andante Sostenuto 5:54
11 III. Finale: Allegro Molto 4:55

Symphony P26 In E Flat Major 9:00 <—
12 I. Allegro Con Brio 3:07
13 II. Adagietto – 2:44
14 III. Finale – Fugato: Allegro 3:07

Symphony P32 In F Major 15:22
15 I. Allegro Molto 5:56
16 II. Adagio Ma Non Troppo 4:57
17 III. Rondeau. Vivace

London Mozart Players
Matthias Bamert

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Já sei, PQP, vais dizer que meu irmão mais velho era mais bonito, né?
Já sei, PQP, vais dizer que meu irmão mais velho era mais bonito, né? Sim, ia dizer.

PQP

Michael Haydn (1837-1806): String Quintets

Michael Haydn (1837-1806): String Quintets

Irmão mais novo de Joseph Haydn, Michael Haydn nasceu na aldeia austríaca de Rohrau, perto da fronteira húngara. O início de sua carreira profissional foi pavimentada pelo irmão mais velho ‘José’, cuja habilidade e timbre vocal lhe haviam rendido uma posição como menino soprano na Catedral de St. Estêvão em Viena – daí a divertida história da fuga do então menino Joseph Haydn ao ouvir rumores de que poderiam transformá-lo em castrato. Segundo testemunhos da época ‘Miguel’ teria sido um estudante mais brilhante do que ‘José’, e quando Joseph cresceu o suficiente para ter problemas com sua voz soprano, foi o canto de Michael que se destacou. Deixando a escola coral, Michael foi nomeado Kapellmeister em Salzburg, onde permaneceu por 43 anos e onde escreveu mais de 360 composições, compreendendo tanto música sacra como instrumental. Na sua permanência em Salzburg, Michael estava familiarizado com a família Mozart, travando longa amizade como Amadeus, em mútua admiração. Em 1768 se casou com a cantora Maria Magdalena Lipp (1745-1827), gerando somente uma filha (Aloisia Josepha, nascida em 31 de janeiro de 1770) mas que morreu pouco antes de seu primeiro aniversário. Embora Lipp fosse por alguma razão detestada pelas mulheres da família Mozart, participou de diversas óperas de Amadeus. Comenta-se ainda que o velho e paternal Leopold Mozart o teria aconselhado a maneirar na manguaça – pois que o mano Haydn seria ‘bom de copo’. Em Salzburg Michael foi professor de Carl Maria von Weber e Anton Diabelli. Michael permaneceu próximo de Joseph toda a sua vida. Joseph considerava a música de seu irmão altamente, a ponto de declarar que as suas obras religiosas eram superiores às suas próprias. Michael Haydn morreu em Salzburg com a idade de 68 anos.

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Michael nunca compilou um catálogo temático das suas obras, nem nunca supervisionou a realização de um. O mais antigo catálogo foi compilado em 1808 por Nikolaus Lang por sua “Biographische Skizze” (Esboço Biográfico). Em 1907 Lothar Perger compilou um catálogo de suas obras orquestrais. E em 1915 Anton Maria Klafsky realizou um trabalho semelhante em relação à música vocal sacra de Michael. Em 1982, Charles H. Sherman, que editou dezenas de muitas das suas sinfonias para Doblinger, publicou um catálogo cronológico que algumas gravadoras têm adotado. Mais tarde, em 1991, Sherman juntou forças com T. Donley Thomas publicando um catálogo cronológico mais preciso. Enfim, algumas das obras de Michael Haydn são referidas pelos números Perger, do catálogo temático das suas obras compilado por Lothar Perger em 1907.

As obras corais sacras de Michael são geralmente consideradas como mais importantes, incluindo o Requiem pela a morte do Arcebispo Siegmund em C menor, que influenciou o Requiem de Mozart.  Também foi um compositor prolífico de música secular, incluindo quarenta sinfonias e partitas para madeiras; diversos concertos e música de câmara, incluindo um quinteto de cordas em C maior, que seria atribuído ao irmão Joseph. Outro caso de controvérsia de identidade póstuma envolve Michael Haydn, uma sinfonia de Mozart: durante muitos anos a obra que hoje conhecemos como a sua sinfonia nº 26 foi considerada como a sinfonia nº 37 K.444 de Mozart. A confusão gerou-se porque se descobriu um autógrafo que continha o movimento inicial da sinfonia feito pela mão de Mozart. Hoje considera-se que Mozart teria composto um novo movimento lento para o início da sinfonia, por razões ainda desconhecidas, mas sabe-se que o resto da obra é de Michael. A obra, que fora amplamente executada como sinfonia de Mozart, foi tocada consideravelmente menos desde esta descoberta em 1907. Sabe-se que foram grandes amigos e decerto companheiros de caneca. Em ocasiões nas quais um deles adoecia, o outro ajudava na consecução dos trabalhos encomendados.

Vários dos trabalhos de Michael Haydn teriam influenciado Mozart. Em três exemplos: o Te Deum, que teria influenciado Wolfgang em seu K. 141; o final da sinfonia 23 que pode ter sido uma fonte das ideias para o final do Quarteto em G, K. 387; e (em forma de fuga e tema de encerramento), o finale da Sinfonia No. 29 (1784) de Michael, em comparação ao monumental final da Sinfonia 41 – Júpiter; ambas em C maior.

Gostaria de destacar neste disco a faixa 9, o Adagio Cantabile do Quinteto em C maior, P. 108. Que seria atribuído ao mano ‘Zezinho’. Se me fosse permitido atribuir este engenhoso, inebriante, gracioso, expressivo e belo movimento a outro compositor eu o atribuiria a Amadeus; também por sua intensa carga discursiva presente no diálogo dos instrumentos, típica de um exímio operista. Ressalto também que este repertório, enquadrado nos limitadores ideais estéticos do classicismo, é muito difícil de se interpretar, sob o risco de resultar numa música enfadonha; no que um velho amigo melômano chamava de um “rococó insuportável”. Felizmente temos o incomparável L’Archibudelli, cujo compromisso com o repertório que escolhe e cuja excelência são absolutos.

Quinteto em Bb maior, P. 105
I Allegro con brio
II Menuett I. Moderato
III Largo
IV Tema. Allegretto Var. I-VI
V Menuetto II. Allegretto
VI Finale. Presto
VII Marcia. Andante Grazioso.

Quinteto em C maior, P. 108
I Allegro
II Adagio Cantabile
III Menuetto. Allegretto
IV Rondó. Allegro molto

Quinteto em G maior, P. 109
I Allegro brilliante
II Adagio afetuoso
III Menuetto. Allegrinho
IV Presto

Ensemble L’Archibudelli
Cello – Anner Bylsma
Violinos – Vera Beths e Lucy Van Dael
Violas – Guus Jeukendrup e Jürgen Kussmaul

Gravação de 1994.

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michael haydn

Well Bach