Michael Haydn (1837-1806): String Quintets

Irmão mais novo de Joseph Haydn, Michael Haydn nasceu na aldeia austríaca de Rohrau, perto da fronteira húngara. O início de sua carreira profissional foi pavimentada pelo irmão mais velho ‘José’, cuja habilidade e timbre vocal lhe haviam rendido uma posição como menino soprano na Catedral de St. Estêvão em Viena – daí a divertida história da fuga do então menino Joseph Haydn ao ouvir rumores de que poderiam transformá-lo em castrato. Segundo testemunhos da época ‘Miguel’ teria sido um estudante mais brilhante do que ‘José’, e quando Joseph cresceu o suficiente para ter problemas com sua voz soprano, foi o canto de Michael que se destacou. Deixando a escola coral, Michael foi nomeado Kapellmeister em Salzburg, onde permaneceu por 43 anos e onde escreveu mais de 360 composições, compreendendo tanto música sacra como instrumental. Na sua permanência em Salzburg, Michael estava familiarizado com a família Mozart, travando longa amizade como Amadeus, em mútua admiração. Em 1768 se casou com a cantora Maria Magdalena Lipp (1745-1827), gerando somente uma filha (Aloisia Josepha, nascida em 31 de janeiro de 1770) mas que morreu pouco antes de seu primeiro aniversário. Embora Lipp fosse por alguma razão detestada pelas mulheres da família Mozart, participou de diversas óperas de Amadeus. Comenta-se ainda que o velho e paternal Leopold Mozart o teria aconselhado a maneirar na manguaça – pois que o mano Haydn seria ‘bom de copo’. Em Salzburg Michael foi professor de Carl Maria von Weber e Anton Diabelli. Michael permaneceu próximo de Joseph toda a sua vida. Joseph considerava a música de seu irmão altamente, a ponto de declarar que as suas obras religiosas eram superiores às suas próprias. Michael Haydn morreu em Salzburg com a idade de 68 anos.

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Michael nunca compilou um catálogo temático das suas obras, nem nunca supervisionou a realização de um. O mais antigo catálogo foi compilado em 1808 por Nikolaus Lang por sua “Biographische Skizze” (Esboço Biográfico). Em 1907 Lothar Perger compilou um catálogo de suas obras orquestrais. E em 1915 Anton Maria Klafsky realizou um trabalho semelhante em relação à música vocal sacra de Michael. Em 1982, Charles H. Sherman, que editou dezenas de muitas das suas sinfonias para Doblinger, publicou um catálogo cronológico que algumas gravadoras têm adotado. Mais tarde, em 1991, Sherman juntou forças com T. Donley Thomas publicando um catálogo cronológico mais preciso. Enfim, algumas das obras de Michael Haydn são referidas pelos números Perger, do catálogo temático das suas obras compilado por Lothar Perger em 1907.

As obras corais sacras de Michael são geralmente consideradas como mais importantes, incluindo o Requiem pela a morte do Arcebispo Siegmund em C menor, que influenciou o Requiem de Mozart.  Também foi um compositor prolífico de música secular, incluindo quarenta sinfonias e partitas para madeiras; diversos concertos e música de câmara, incluindo um quinteto de cordas em C maior, que seria atribuído ao irmão Joseph. Outro caso de controvérsia de identidade póstuma envolve Michael Haydn, uma sinfonia de Mozart: durante muitos anos a obra que hoje conhecemos como a sua sinfonia nº 26 foi considerada como a sinfonia nº 37 K.444 de Mozart. A confusão gerou-se porque se descobriu um autógrafo que continha o movimento inicial da sinfonia feito pela mão de Mozart. Hoje considera-se que Mozart teria composto um novo movimento lento para o início da sinfonia, por razões ainda desconhecidas, mas sabe-se que o resto da obra é de Michael. A obra, que fora amplamente executada como sinfonia de Mozart, foi tocada consideravelmente menos desde esta descoberta em 1907. Sabe-se que foram grandes amigos e decerto companheiros de caneca. Em ocasiões nas quais um deles adoecia, o outro ajudava na consecução dos trabalhos encomendados.

Vários dos trabalhos de Michael Haydn teriam influenciado Mozart. Em três exemplos: o Te Deum, que teria influenciado Wolfgang em seu K. 141; o final da sinfonia 23 que pode ter sido uma fonte das ideias para o final do Quarteto em G, K. 387; e (em forma de fuga e tema de encerramento), o finale da Sinfonia No. 29 (1784) de Michael, em comparação ao monumental final da Sinfonia 41 – Júpiter; ambas em C maior.

Gostaria de destacar neste disco a faixa 9, o Adagio Cantabile do Quinteto em C maior, P. 108. Que seria atribuído ao mano ‘Zezinho’. Se me fosse permitido atribuir este engenhoso, inebriante, gracioso, expressivo e belo movimento a outro compositor eu o atribuiria a Amadeus; também por sua intensa carga discursiva presente no diálogo dos instrumentos, típica de um exímio operista. Ressalto também que este repertório, enquadrado nos limitadores ideais estéticos do classicismo, é muito difícil de se interpretar, sob o risco de resultar numa música enfadonha; no que um velho amigo melômano chamava de um “rococó insuportável”. Felizmente temos o incomparável L’Archibudelli, cujo compromisso com o repertório que escolhe e cuja excelência são absolutos.

Quinteto em Bb maior, P. 105
I Allegro con brio
II Menuett I. Moderato
III Largo
IV Tema. Allegretto Var. I-VI
V Menuetto II. Allegretto
VI Finale. Presto
VII Marcia. Andante Grazioso.

Quinteto em C maior, P. 108
I Allegro
II Adagio Cantabile
III Menuetto. Allegretto
IV Rondó. Allegro molto

Quinteto em G maior, P. 109
I Allegro brilliante
II Adagio afetuoso
III Menuetto. Allegrinho
IV Presto

Ensemble L’Archibudelli
Cello – Anner Bylsma
Violinos – Vera Beths e Lucy Van Dael
Violas – Guus Jeukendrup e Jürgen Kussmaul

Gravação de 1994.

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Well Bach

 

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