In Memoriam Arthur Moreira Lima – Coleção Meu Piano/Três Séculos de Música para Piano – Parte 8 de 11: Volumes 20, 27, 30 & 35 (Música Popular Brasileira, Radamés Gnattali, Brazílio Itiberê & Valsas Brasileiras)

Para honrar a memória e celebrar o legado extraordinário de Arthur Moreira Lima, um dos maiores brasileiros de todos os tempos, publicaremos a integral da coleção Meu Piano/Três Séculos de Música para Piano – seu testamento musical – de 16 de julho, seu 85° aniversário, até 30 de outubro de 2025, primeiro aniversário de seu falecimento. Esta é a oitava das onze partes de nossa eulogia ao gigante.


Partes:   I   |   II   |   III   |   IV   |   V   |   VI   |   VII   |   VIII   |   IX   |   X   |   XI

A relativa linearidade da trajetória de Arthur como estudante e pianista de concerto – da juventude no Rio nos anos 40 e 50, passando pelos períodos formativos em Paris e Moscou nos 60, até a década de 70, vivida mormente em turnês com bases em Viena e Barcelona – até que tornou fácil minha tarefa de contar suas muitas proezas ao longo das sete postagens anteriores. Como se diz nas conversas de boteco:

– Até aqui, tudo bem.

O que, sim, me tirou o sono desde que comecei essa série foi a perspectiva de ter que lhes explicar como um multilaureado pianista de concerto, que praticamente tinha cosidas a si a casaca e a gravata-borboleta, mergulhou num mundo povoado por chorões e bardos nordestinos, fardado da inseparável jaqueta de couro de alce finlandês, que usou quase até a desintegração completa.

Ei-la.

Esse longo arco, que começou com o horror de uma mestra – Lúcia Branco, mortificada com o conjunto “Filhos da Pauta”, que tinha Arthur como pianeiro e seus colegas de Colégio Militar a animarem aniversários com boleros e sambas-canção -, terminou com o muxoxo de outro mestre: Rudolf Kehrer, um ardente fã do ex-pupilo que, não obstante, fez saber através de amigos em comum da decepção com os rumos que sua carreira tomara.

Foto totalmente fora de contexto, mas não perderíamos a oportunidade de compartilhar esse registro maravilhoso de Arthurzinho e Nelsim tocando a quatro mãos e, parece, num concurso de semblante mais blasé.

Não que Arthur se importasse: morando na Europa e exasperado pela rotina de turnês, contemplou longamente a ideia de dar um cavalo de pau na sua vida. Sua guinada foi catalisada pela morte precoce de um grande amigo, Cláudio Mauriz, seu colega no Liceu Francês e ex-goleiro do Santos Futebol Clube, que mal conseguira rever entre as andanças de ambos pelo globo. De que lhe valiam suas conquistas, pensava, se não conseguia estar perto dos que mais lhe importavam? Enfim decidira: não só voltaria ao Brasil, como também começaria, aos poucos, a deixar a doideira da rotina de concertista internacional para embarcar em outras doideiras.

E põe doideira nisso.

Em pouco tempo, enquanto colhia sucessos plantados com a jaqueta de alce e a calçar mocassins, já tinha que se defender assim da previsível chuva de tomates críticos:

O músico não pode ficar restrito a um instrumento, a um gênero musical. Ele tem de errar. Tem de ensaiar, tentar atingir novos universos. O essencial não é brilhar, mas tentar e fazer”

Não faltaram tentativas, e a elas – tomates à parte – tampouco faltou brilho. Arthur estreou no choro em grandíssimo estilo, com o Época de Ouro, conjunto fundado por seu ídolo, Jacob do Bandolim. Mario de Aratanha, fundador da Kuarup Discos, assim nos conta em suas notas ao LP “Chorando Baixinho”:

O envolvimento de Arthur Moreira Lima com a música popular carioca foi gradual, e partiu de seu amor pelo choro e de seus antológicos álbuns dedicados a Ernesto Nazareth. O sucesso que se seguiu levou Albino Pinheiro [um dos fundadores da Banda de Ipanema] a convidá-lo para o famoso Seis e Meia, em setembro de 77. Lá, no [Teatro] João Caetano, Arthur tocou pela primeira vez com um regional: duas músicas com o conjunto do Dadinho, que ele mesmo havia trazido de Santos para a Praça Tiradentes.

Em maio de 78, recém chegado da Europa, Arthur topou fazer seu primeiro show só de música popular, ao lado do conjunto Galo Preto, reforçado na época pelo [violão de] 7 cordas de Raphael Rabello, o Rafa. Foi no MAM do Rio, sob a direção do Paulo Moura, quando ele lançou o Choro de Mãe do Wagner Tiso, tocou Tom e Luizinho Eça, e ‘chorou’ à vontade durante cinco noites. Numa esticada na Churrascaria Jardim, Arthur desabafou seu grande sonho: tocar com os maiores cobrões do choro:

– Imagina eu tocando com o Abel Ferreira? E com o Copinha? E o Época de Ouro em peso lá atrás, com o Dino na baixaria? Hein? Hein? – e voltou a atacar uma nova fatia de maminha de alcatra.

[…]  E tudo deu certo. Além de Abel, Copinha e o Época de Ouro, chamou-se o Zé da Velha. No último momento, o Ronaldo do Época de Ouro ficou com hepatite, e o Jorginho então chamou o Joel Nascimento para os solos de bandolim. O Airton Barbosa reuniu o pessoal na casa da Maliza, tia do Arthur, na Avenida Atlântica, e os ensaios viraram roda de choro em volta do piano de sarau. Foi um espetáculo só […] E o sonho virou disco.”

Treinado, dir-se-ia adestrado, desde os tempos de calças curtas a seguir estritamente a música depositada em pautas, Arthur via-se compelido a reinventar-se fora delas, tanto para acompanhar músicos que nunca as precisaram seguir, como para também improvisar com eles. Nesse afã de encontrar um caminho do meio entre a música posta em papel e ouvida em teatros e tudo o mais que havia fora deles, ele soube exatamente a quem recorrer.

Radamés Gnattali, um dos músicos brasileiros mais versáteis de todos os tempos, era dotado duma capacidade única de transitar entre universos e de aproximá-los, com harmonia e orquestração refinadíssimas, de forma sofisticada e inovadora. Tremendo pianista, que Arthur sempre colocou na lista dos maiores que conheceu, Gnattali tivera planos de se tornar concertista, mas foi premido a ganhar o pão como operário da Música. Despendeu décadas como maestro, pianista e prolífico arranjador para rádio e televisão e mostrou que o samba e o choro podiam ser material de música de concerto cheia de verve e elegância.

Para aquela traiçoeira navegação por universos musicais ditos dicotômicos não poderia haver farol melhor. O veterano, por sua vez, ao ver achegar-se aquele virtuose que conhecia desde menino e se enfadara com a vida que ele sonhara para si mesmo, viu a oportunidade de realizar através dele muito do melhor que imaginou para o piano. Sabendo do imenso amor do ex-moscovita por Noel Rosa (ele chegou a declarar ao Pasquim que, se fosse mulher e vivesse no tempo dele, estariam feitos), dedicou-lhe um concerto baseado em seus temas favoritos do mestre de Vila Isabel, que já lhes oferecemos aqui. A morte de Radamés, em 1988, reviveu em Arthur os sentimentos de orfandade que tanto lhe marcaram a infância. Crendo firmemente que jamais fora grato o bastante ao falecido, e sabedor do quão rapidamente o Brasil esquecia seus gênios, teve urgência em lhe fazer um tributo. Em tempo recorde, sob os auspícios da então pujante Varig, viria a público a homenagem ao demiurgo recém-chegado ao céu:

O improvável encontro com Marcus Pereira, que levou à gravação dos álbuns nazarethianos e todos seus desdobramentos, levaria a outro, ainda menos plausível. Dessa vez, foi Marcus quem fez as honras e lhe apresentou o bardo Elomar, o raríssimo combo de músico, poeta e criador de bodes de quem, obviamente, tornou-se instantaneamente amigo. Logo no primeiro encontro, Elomar – doravante “Bodão”, que era como todos amigos o chamavam – assegurou ao pianista que sua música não tinha “nada dessa suvaqueira de bossa nova”. E não tinha mesmo: Arthur achou-a quase medieval e teve a sacada de acompanhá-la ao cravo, que tomou emprestado ao cravista e luthier Roberto de Regina. Não tardou para a parceria, que tantos diriam esdrúxula como siri com Toddy, virasse show e álbum:

Arthur e Bodão planejavam algo ainda maior e, antes que pudessem acionar seu mentor, viram-se devastados pela morte de Marcus Pereira. Enquanto secavam o choro, uniram-se a dois outros virtuoses – Paulo Moura e Heraldo do Monte – e lançaram seu tributo a Marcus na forma do ConSertão, que virou show e também um álbum que vocês já ouviram aqui no PQP.

 

Arthur é ótimo; o que estraga são os amigos.

Se até críticos que normalmente o reverenciavam, como José Tinhorão, autor do aforismo acima, torciam o nariz ao verem o Arthur de Jaqueta Velha a tocar “André de Sapato Novo“, que diriam aqueles que desde sempre o desancaram? Mesmo alguns fãs rezavam segundo o adágio corrente, o de que Arthur era tão só um ex-pianista que buscara refúgio no ecletismo para disfarçar sua incapacidade de atender aos rigores do pianismo de concerto.

Deixarei que o defenda Luis Fernando Veríssimo, que assim escreveu para o álbum-tributo a Radamés Gnattali:


O eclético, coitado, seria o cara obrigado a se diminuir, dispersando o seu talento. A versatilidade seria a marca da concessão, da rendição ao mercado, do abandono da seriedade. Mesmo os que não são ecléticos por necessidade, mas por gosto, sofrem com este tipo de preconceito. Uma produção musical muito abrangente – segundo o preconceito – só é feita com o sacrificio do rigor que separa o verdadeiro artista do menos verdadeiro. Incrivelmente, o academicismo brasileiro ainda não decidiu se Villa-Lobos, por ter experimentado tanto com formas populares, foi um grande compositor ou apenas um bom gigolô do exótico. Nunca se ouviu discussão parecida sobre o que Béla Bartók fez com o folclore da terra dele. Até o Arthur Moreira Lima é discutido. Haveria algo de errado, de não muito respeitável, com tanta abertura para tantas formas de prazer musical. No Brasil, depois de dizer ‘eclético’ você precisa acrescentar: ‘no bom sentido. Para ficar claro que é elogio.”

Não que nosso eclético herói, que sempre sonhou grande, se importasse com isso. Pelo contrário: adotou com orgulho o epíteto cunhado por Verissimo e, como bom gigolô do exótico, foi mostrar sua surrada jaqueta de alce para as massas.

 


ARTHUR MOREIRA LIMA – MEU PIANO/TRÊS SÉCULOS DE MÚSICA PARA PIANO
Coleção publicada pela Editora Caras entre 1998-99, em 41 volumes
Idealizada por Arthur Moreira Lima
Direção artística de Arthur Moreira Lima e Rosana Martins Moreira Lima


Volume 20: CLÁSSICOS FAVORITOS IV/MÚSICA POPULAR BRASILEIRA

José Gomes “ZEQUINHA” DE ABREU (1880-1935)
1 – Tico-Tico no Fubá

Eduardo José Alves SOUTO (1882-1942)
2- O Despertar da Montanha

Alfredo da Rocha Vianna Filho, dito PIXINGUINHA (1897-1973)
3 – Lamento
4 – Carinhoso

Antônio Carlos “TOM” Brasileiro de Almeida JOBIM (1927-1994)
5 – Luiza

Laércio de FREITAS (1941-2024)
6 – Teclas e Dedos

Francisco “CHICO” BUARQUE DE HOLLANDA (1944)
Marcus VINÍCIUS da Cruz de Mello MORAES (1913-1980)
7 – Valsinha

ARISTIDES Manuel BORGES (1884-1946)
8 – Subindo ao Céu

EROTIDES Jonas de CAMPOS Neves (1896-1945)
9 – Ave Maria

Joaquim Antônio da Silva CALLADO (1848-1880)
10 – Flor Amorosa

Henrique Alves de MESQUITA (1830-1906)
11 – La Brésilienne

Francisca Edviges Neves “CHIQUINHA” GONZAGA (1847-1935)
12 – Gaúcho

Paulo MOURA (1932-2010)
13 – Mão Esquerda

Heraldo do MONTE (1935)
14 – Chuva Morna

Arthur Moreira Lima, piano

Faixas 1, 6, 7 & 9:
Gravações: American Institute of Music, Nova York, Estados Unidos, 1984.
Produção e engenharia de som: Judith Sherman
Coordenação geral: Jay K. Hoffman
Coordenação da produção: Manuel Luiz da Silva
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo

Faixas 2, 8 & 10-14:
Gravações: Sala Cecília Meirelles, Rio de Janeiro, Brasil, 1980 e 1982
Piano: Steinway & Sons, Nova York

Faixa 3:
Gravação: Multistudios, Rio de Janeiro, Brasil, 1983.
Piano: Steinway & Sons, Nova York.

Faixas 4 & 5:
Gravação: St. Philip’s Church, Londres, Reino Unido, 1998.
Engenharia de som: Peter Nicholls
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo

Produção, edição e masterização: Rosana Martins Moreira Lima, na Cia. de Áudio, São Paulo, 1998.

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Volume 27: RADAMÉS GNATTALI

Radamés GNATTALI (1906-1988)

1 – Uma Rosa para o Pixinguinha

Oito Estudos em Ritmo de Choro
2 – Alma Brasileira
3 – Noturno (com Joel Nascimento, bandolim)
4 – Capoeirando
5 – Duas Contas (com Zeca Assumpção, contrabaixo)
6 – Encontro com a Saudade (com Zeca Assumpção, contrabaixo)
7 – Guriatan de Coqueiro
8 – Por Quê?
9 – Nova Ilusão

10 – Homenagem A Ernesto Nazareth
11 – Canhoto
12 – Vaidosa nº 1

Brasiliana nº 8 para dois pianos
13 – Schottisch
14 – Valsa
15 – Choro

Arthur Moreira Lima, piano
(nas faixas 13-15, Arthur toca as partes dos dois pianos)

Gravação: Master Studios, Rio de Janeiro, Brasil, janeiro de 1989.
Produção musical: João Pedro Borges

Engenheiro de som: Carlos Eduardo de Andrade (Carlão)
Técnicos de gravação: Mario Roberto Doria Possollo (Leco) e Luiz Felipe (Mequinho)
Afinação, regulagem e afinação dos Pianos: Olivio Valarini
Edição musical: Carlos Eduardo de Andrade (Carlão) e João Pedro Borges
Supervisão do projeto: Lúcio Ricardo Marques da Silva
Idealização, direção artística e produção executiva: Arthur Moreira Lima
Coordenação da produção: Manuel Luis da Silva
Pianos: Steinway & Sons, Hamburgo
Produção, edição e masterização: Rosana Martins Moreira Lima, na Cia. de Áudio, São Paulo, 1998

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Volume 30: HINO NACIONAL BRASILEIRO/BRAZÍLIO ITIBERÊ

BRASÍLIO ITIBERÊ da Cunha (1846-1913)

01 – A Sertaneja, Fantasia Característica, Op. 15
02 – Poème d’Amour, Fantaisie, Op. 22
03 – Étude de Concert d’Après C.P.E. Bach
04 – Caprices à La Mazurka, Op. 32 nº 3
05 –  Une Larme, Méditation, Op. 19
06 – Grande Mazurka de Salão, Op. 41
07 – A Serrana, Fantasia Característica
08 –  La Dahabieh (La Gondole du Nil), Barcarolle de la Suite “Nuits Orientales”, Op. 27

Louis Moreau GOTTSCHALK (1829-1869)

09 – Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro, para piano

Arthur Moreira Lima, piano

Gravação: Teatro Álvaro de Carvalho, Florianópolis, Brasil, 1995
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo
Engenheiro de Som: Carlos Eduardo de Andrade (Carlão)
Idealização do projeto: Rafael Greca de Macedo
Direção artística e produção executiva: Arthur Moreira Lima
Produção musical e supervisão da gravação: Rosana Martins Moreira Lima
Supervisão do projeto: Geraldo Pougy de Rezende Martins
Coordenação da produção: Manuel Luis da Silva
Edição e masterização: Estúdio Visom (Rio de Janeiro) por Rosana Martins Moreira Lima e Rodrigo Lopes
Masterização final: Estúdio Mondo di Cromo (São Paulo) por Luiz Ferreira e Vanderlei Quintino

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A edição original deste álbum já fora disponibilizada aqui pelo colega Bisnaga.


 

Volume 35: CLÁSSICOS FAVORITOS VIII – VALSAS BRASILEIRAS

Zequinha de Abreu
Arranjo de Arthur Moreira Lima

1 – Branca

Alberto MARINO (1902-1967)
Arranjo de Laércio de Freitas

2 – Rapaziada do Brás

Ernesto Júlio de NAZARETH (1863-1934)

3 – Epônina

Gravação: St. Philip’s Church, Londres, Reino Unido, 1998.
Engenharia de som: Peter Nicholls
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo
Produção, edição e masterização: Rosana Martins Moreira Lima, na Cia. de Áudio, São Paulo, 1998.

Francisco MIGNONE (1897-1986)

Doze Valsas de Esquina, para piano

4 – Nº 1 em Dó menor: Soturno e seresteiro
5 – Nº 2 em Mi bemol menor: Lento e mavioso
6 –  Nº 3 em Lá menor: Com entusiasmo
7 – Nº 4 em Si bemol menor: Vagaroso e seresteiro
8 – Nº 5 em Mi menor: Cantando, e com naturalidade
9 – Nº 6 em Fá sustenido menor: Tempo de valsa movimentada
10 – Nº 7 em Sol menor: Moderadamente
11 –  Nº 8 em Dó sustenido menor: Tempo de valsa caipira
12 – Nº 9 em Lá bemol menor: Andantino mosso
13 – Nº 10 em Si menor: Lento, romântico e contemplativo
14 – Nº 11 em Ré menor: Moderato
15 – Nº 12 em Fá menor: Moderato – Vivo

Gravação: Sala Cecília Meireles, Rio de Janeiro, Brasil, julho de 1980 (valsas nos. 1, 2, 7, 8 & 12) & janeiro de 1982
Engenheiro de gravação e edição: Carlos Fontenelle
Assessoria acústica: Américo Brito
Produção musical: João Pedro Borges
Assistência da direção: Janine Houard
Assistência da gravação: Homero Moraes
Assistência da produção: Heloisa Freire, Paulo Barbosa e Grace Elizabeth
Produção executiva e direção geral: Mario de Aratanha

Arthur Moreira Lima, piano

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A gravação das Valsas de Esquina já aparecera no blog nesta publicação do colega Pleyel.


“8ª parte da entrevista do pianista Arthur Moreira Lima a Alexandre Dias, em que ele abordou os seguintes tópicos: LP “Com licença”, e os shows de lançamento por várias cidades do Brasil; LP “De Repente”; sua amizade com Adolpho Bloch o programa de TV “Um toque de classe”, que ele apresentou na Manchete; sua ligação com Raphael Rabello; o show “O pescador de pérolas”, com Ney Matogrosso; os 3 discos de Villa-Lobos, de 1988; suas gravações que ele gosta reouvir; as diferenças entre as gravações de Ernesto Nazareth que ele fez em 1975 e 1982; as diferenças entre gravar um disco e tocar um recital ao vivo; os 8 Estudos em ritmo de choro, de Radamés Gnattali, que ele gravou no final da década de 1980″

Já coletou sua pérola pianística brasileira diária no Instituto Piano Brasileiro? Então vai lá e aproveita para se tornar um seu apoiador.

Em homenagem a Fluminense Moreira Lima, seguimos com o álbum de figurinhas dos campeões da Copa Rio de 1952. Eis o meia-esquerda Orlando de Azevedo Viana, o Orlando Pingo de Ouro (1923-2004).

Vassily

Chiquinha Gonzaga (1847-1935): tangos, choros, polkas, corta-jaca, maxixes… (H. Gomes, C. Sverner, P. Moura) – Semana do Dia Internacional da Mulher

Depois de uma curta vida de casada, Chiquinha se revoltou, fugiu, foi viver independente no seu canto, repudiada por todos, parentes e amigos, que não podiam se conformar com aquella ofensa à moral pública. (…) Foi professora de piano, constituiu um chôro para execução de dansas em casas de família, em que se fazia acompanhar do filhinho mais velho, tocador de cavaquinho, com dez anos de idade.
Francisca Gonzaga compôs 77 obras teatrais e umas duas mil peças avulsas. Quem quiser conhecer a evolução das nossas danças urbanas terá sempre que estudar muito atentamente as obras dela. (Mario de Andrade, em artigo de 1940)

Enquanto a mãe de Chiquinha era uma mulher negra que teria sido alforriada na pia batismal, o pai da compositora era um militar de família tradicional carioca e colocou a filha para ter aulas de piano com o maestro Lobo e apresentou-a a Francisco Manuel da Silva (1795-1865), autor do Hino Nacional e fundador do Conservatório do Rio de Janeiro, atual Escola de Música da UFRJ. A família de José Basileu Gonzaga, aliás, era parente distante de Ernesto Nazareth e de Francisco Manuel da Silva (cujo avô era “Silva Nazareth”) (mais sobre o parentesco aqui).

Mas aos 23 anos, ao separar-se do marido, Chiquinha foi considerada morta por seu pai: seu nome era impronunciável na casa dos Gonzaga e ela não pôde criar seus três filhos. O divórcio era um grande escândalo naquela época e, nas palavras de Chiquinha (citada na biografia de Dalva Lazaroni, p.68), “jamais diga que eu abandonei meu primeito marido; eu fui uma vítima que fugiu do seu torturador”.
Ela passava, então, a dedicar-se profissionalmente à música para sua manutenção econômica: dava aulas de piano, tocava à noite na Lapa e na praça Tiradentes, compôs obras teatrais e outras para os salões brasileiros, mas em alguns casos também impressas e vendidas na Europa. Ou seja, se não fosse a separação de seu marido – repito, um escândalo imenso à época – talvez Chiquinha Gonzaga não tivesse uma vida tão cheia de aventuras e inovações. Ela foi autora da primeira marchinha de Carnaval – Ó Abre alas, de 1899 – e atuou também no chamado “teatro de revista”, que passava “em revista” os acontecimentos políticos e sociais do ano, com humor, ironia e música. Chiquinha também atuou na campanha abolicionista nos anos 1880. Imaginem as reações na época a uma mulher que dava opiniões sobre política e regia orquestras em teatros…

É preciso deixar claro, porém, que Chiquinha Gonzaga, assim como seus contemporâneos Ernesto Nazareth (1863-1934) e Pixinguinha (1897-1973), tiveram uma educação musical formal, mas não tiveram a oportunidade de estudar profundamente orquestração: o instrumento que os dois primeiros conheciam bem era o piano. Se vocês virem alguma obra de Chiquinha ser tocada por orquestra, confiram bem se não se trata de um arranjo mais recente. Por outro lado, em 1932, com mais de 80 anos, Chiquinha publicou um grupo de composições para saxofone e para flauta – reunidas sob o título Alma Brasileira. Essas obras, na maioria já publicadas antes para piano solo, apareciam agora reunidas como “chôros para flauta” e “chôros para saxofone” como explica Edinha Diniz, aqui:

O conjunto compreende três volumes, chamados ‘séries’, contendo dez peças cada, num total de 30 músicas, sendo 20 para sax e dez para flauta. O mais curioso é a designação choro para essas músicas impressas, uma vez que elas foram antes  concebidas, e algumas até publicadas, para piano, como ‘polcas’, ‘habaneras’ e ‘tangos’. Por que somente na década de 1930 uma compositora que estreou em 1877, e que sempre fora ligada às rodas de choro, atuando inclusive como pianista do conjunto Choro Carioca, liderado pelo compositor e flautista Joaquim Antonio Callado, usaria pela primeira vez a designação choro em sua obra impressa? Por que não antes?
Sabemos que a palavra choro designou, na década de 1870, o conjunto musical Choro Carioca, liderado pelo citado flautista Callado e, por extensão, os conjuntos instrumentais responsáveis pelo abrasileiramento das técnicas de execução dos instrumentos europeus. Em sua formação original, o choro era um grupo musical constituído de uma flauta, um cavaquinho e dois violões, com predominância de um solista. […] Somente mais tarde, o original estilo interpretativo dos gêneros musicais importados tornou-se ele próprio um gênero.

Joaquim Callado (1848-1880) dedicou a Chiquinha sua composição “Querida por todos”, gravada no disco abaixo, de Hercules Gomes. Hercules é um pianista que mistura os clássicos e os populares, tomando certas liberdades interpretativas que provavelmente seriam aprovadas nas rodas de choro de Joaquim Callado, Chiquinha Gonzaga, pixinguinha e Villa-Lobos. Já o outro disco, gravado por Paulo Moura e Clara Sverner, traz gravações mais sóbrias, fiéis aos textos e que parecem querer mostrar o quanto toda essa música é não somente dançante e alegre mas também sofisticada.

No tempo da Chiquinha
1. Gaúcho (O Corta-jaca) (Chiquinha Gonzaga)
2. Água do Vintém (Chiquinha Gonzaga)
3. Cintilante (Chiquinha Gonzaga)
4. Querida por Todos (J. Callado)
5. Cananéa (Chiquinha Gonzaga)
6. Atraente (Chiquinha Gonzaga)
7. Machuca!… (Chiquinha Gonzaga, Patrocínio Filho)
8. Não Se Impressione (forrobodó de Massada) (Chiquinha Gonzaga, Carlos Bettencourt/Luiz Peixoto)
9. Santa (Chiquinha Gonzaga)
10. Argentina (Xi) (Chiquinha Gonzaga)
11. No Tempo da Chiquinha (Laércio de Freitas)
12. Walkyria (Chiquinha Gonzaga)
13. Biónne (adeus) (Chiquinha Gonzaga)
Hercules Gomes – piano
Convidados: Rodrigo Y Castro (flauta) e Vanessa Moreno (voz)
Recorded: Estúdio Arsis, São Paulo, Brasil, fev/2018

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – No tempo da Chiquinha (2018)

Vou Vivendo
1 Vou Vivendo (Benedito Lacerda, Pixinguinha)
2 Lamento (Pixinguinha)
3 Ingênuo (Benedito Lacerda, Pixinguinha)
4 Atraente (Chiquinha Gonzaga)
5 Amapá (Chiquinha Gonzaga)
6 Io T’Amo (Chiquinha Gonzaga)
7 Monotonia (Radamés Gnattali)
8 Samba-Canção (Radamés Gnattali)
9 Devaneio (Radamés Gnattali)
10 Fantasia (Ronaldo Miranda)

Clara Sverner – piano
Paulo Moura – saxofone
Recorded: Escola Nacional de Música, Rio de Janeiro, Brasil, jan/1986

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Vou Vivendo (1986)

PS: Todas as fotos desta postagem mostram a rua Riachuelo, onde Chiquinha Gonzaga viveu boa parte de sua vida. Antes chamada rua de Matacavallos, ela vai dos Arcos da Lapa até perto do Campo de Santana e Igreja de Santana, onde Chiquinha se casou aos 15 anos de idade (igreja demolida para a construção da Central do Brasil e Av. Pres. Vargas). Na rua de Mata-Cavallos também moraram Dom Casmurro e Capitu, Villa-Lobos e Pixinguinha. Em 1865 a rua recebeu o nome de Riachuelo em homenagem a uma batalha naval na nojenta guerra em que brasileiros e aliados massacraram homens, mulheres e crianças paraguaias. As fotos são respectivamente de 1915, 1928, 1958 e 1965. Ao fundo, na penúltima foto, vê-se o alto prédio da Mesbla, próximo da Cinelândia, inaugurado em 1934, quando Chiquinha ainda era viva.

Fui, cheguei aos Arcos, entrei na rua de Matacavallos. A casa não era logo alli, mas muito além da dos Invalidos, perto da do Senado.
(Machado de Assis – Dom Casmurro – grafia original)

Pleyel

Modinhas: Grupo de Serestas “João Chaves”, de Montes Claros, MG (AcervoPQPBach)

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Grupo de Serestas “João Chaves”
Montes Claros, MG

“Modinha” é um diminutivo de “moda”, tipo mais antigo de canção portuguesa. Mário de Andrade, em “Modinhas Imperiais”, escreveu: “É jeito luso-brasileiro acarinhar tudo com diminutivos. A palavra modinha nasceu assim”. Assim, também, por razoes de carinho, de choro nasceu “chorinho”. Mas deserdada do afeto da gente, permanece a expressão “moda”, como em “moda de viola”.

Modinha é, pois, canção. Canção é a música produzida pelo mais perfeito instrumento musical jamais inventado que é a voz humana. Ele não tem cravelhas, nem registros, nem pavilhão. Também não tem pedal, nem necessita afinador. Ou antes, tudo isso está dentro do peito, como diria um modinheiro, que é o cantador de modinhas.

A modinha brasileira viajou para Portugal e, a partir de 1775, o poeta e violeiro brasileiro Domingos Caldas Barbosa ‘aparece cantando suas modinhas em Lisboa e observadores e viajantes estrangeiros, como o francês Link,ressaltam a superioridade das modinhas brasileiras em comparação às portuguesas.

Com a corte do Príncipe D.João, a partir de 1808, a modinha de salão voltou ao Brasil. Dali, no século XIX, desceu para a rua, refugiou-se nos becos sob a luz dos lampiões. “Na pausa das vozes, o bater dos corações”. Essa liberdade e este espaço novo ela ganhou pelas mãos dos seresteiros e trovadores.

Poetas e compositores famosos, como Castro Alves e Carlos Gomes, compuseram modinhas. A formação tradicional compõe-se de coro misto e solistas, com acompanhamento de violão, bandolim e flauta. A redescoberta de valores brasileiros no campo da música está revivendo a modinha. Em 1974, dedicamos espaço largo à modinha na coleção de nosso selo ” Música Popular do Centro-Oeste/Sudeste ” e confiamos a interpretação à Nara Leão e Renato Teixeira e os arranjos a Theo de Barros. Lá está entre outras, “Amo-te muito”, de João Chaves, patrono do grupo que gravou este disco.

A modinha refugiou-se e resistiu em Minas Gerais. Ela é tão mineira quanto o queijo e o silêncio. Há quatro anos atrás, recebi de Dr. Hermes de Paula um álbum com tres discos gravados pelo grupo de Serestas “João Chaves” de Montes Claros. Ouvi-os na tarde de um dia em que via-jei para Cannes, para participar do “Midem”. Desembarquei em Paris assobiando modinhas, provocando espanto, emoção e inveja em vários franceses, porque a França não tem modinhas, só tem queijos. Desde então, pretendia gravar um disco com o grupo “João Chaves”.

E a oportunidade surgiu há pouco, está aí o disco. Gravamos em estúdio, mas o clima era de serenata. O grupo, que é amador, formou-se em 1967. Mas seus componentes já cantavam todos, herdeiros de uma fortuna imensa legada pelos avós que lhes transferiram, intocado, um baú que guarda as tradições de Minas Gerais.

Um médico do sertão, Dr.Hermes de Paula, organizou e mantém coeso o grupo. Durante a gravação, deixou o estúdio para ir comprar soro anti-escorpiônico para sua clinica de medicina frequentemente gratuita. Dr. Hermes pesquisa também cultura popular. Reuniu, por exemplo, 200 cantigas de roda de sua terra e do norte de Minas. Viaja para prevenir epidemias, tratar os pobres, recolher e registrar o que conserva ainda o espírito do povo sofrido daquele pedaço do Brasil. Dr.Hermes é uma espécie de governo e padre que tenta salvar o corpo e alma dos seus conterrâneos sertanejos.

A ele ofereço a parte que me coube neste trabalho. E encerro, como ele encerrou o texto de contra-capa do álbum anteriormente gravado;
“E agora, silêncio. Montes Claros vai cantar”

(Marcus Pereira, extraído da contra-capa)

Modinhas
Domínio Público
01. Perdão, Emília
Castro Alves (Bahia, 1847-1871) & Salvador Fábregas (Rio de Janeiro c.1820 – 1880)
02. O gondoleiro do amor
Vicente de Carvalho (Santos, 1866-1924)
03. Ave ferida
Jaime Redondo (S. Paulo, 1890-1952)
04. Saudade
Chiquinha Gonzaga (Rio deJaneiro, 1847-1935)
05. Lua Branca
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Domínio Público
06. Elvira escuta
Abdon Lyra (També, PE, 1888 – Rio de Janeiro,1962) & Adelmar Tavares (Recife, 1888 – Rio de Janeiro, 1963)
07. Stella
Guimarães Passos & Miguel Emilio Pestana
08. Na casa branca da serra
Gonçalves Crespo (Rio de Janeiro, 1846 – Lisboa, 1883)
09. Acorda, minha beleza
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Pedro de Sá Pereira (Porto Alegre, 1892 – ?, 1955) & Ary Machado Pavão
10. Chuá, chuá

Modinhas – 1978
Grupo de Serestas “João Chaves”, de Montes Claros

2jcbrls
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Um LP do acervo do musicólogo Prof. Paulo Castagna. Não tem preço !!!
Digitalizado por Avicenna

Boa audição.

sbra79

 

 

 

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Avicenna

Sarau das Musas: A Canção Brasileira nos Salões , 1830-1930: Léa Vinocur Freitag & Eduardo Villaça (Acervo PQPBach)

350sc4zA canção brasileira nos salões, de 1830 a 1930.

“Num salão esmeram-se várias artes: a de receber ou preparar um ambiente de cordialidade e espírito; a de entreter a palestra ou cultivar o humour; dançar uma valsa ou cantar uma ária, declamar ou inspirar versos, criticar com graça e sem maledicência, realçar a beleza feminina nas últimas invenções da moda …”
Wanderley Pinho, in “Salões e Damas do Segundo Reinado”.

Para solicitar a ativação de algum link, deixe sua mensagem clicando no quadradinho em branco no lado superior direito desta postagem.

Léa Vinocur Freitag (Canto) – Eduardo Villaça (Piano)
Araújo Porto Alegre/Cândido Ignácio da Silva (1800-1838)
01. Lá no Largo da Sé
Anônimo
02. Róseas flores d’alvorada
Almeida Garret/Antonio Carlos Gomes (Campinas, 1836-Belém, 1896)
03. Suspiro d’alma
Bittencourt Sampaio/Antonio Carlos Gomes (Campinas, 1836-Belém, 1896)
04. Quem sabe
Dr. Velho Experiente (pseudônimo de Carlos Gomes)/Antonio Carlos Gomes (Campinas, 1836-Belém, 1896)
05. Conselhos
Osório Duque-Estrada/Alberto Nepomuceno (1864-1920)
06. Trovas
Rose Méryss/Arthur Napoleão (1843-1926)
07. Adieu, je pars
Anônimo
08. Morena, morena
09. Foi numa noite calmosa
10. A Casinha Pequenina
José Alves Pinto
11. Muqueca Sinhá (Bendegó)
Ernesto de Souza/Chiquinha Gonzaga (1847-1935)
12. A Morena
Leopoldo Fróes (1882-1938)
13. Mimosa
Corrêa Vasques/Rosina Mendonça
14. Teu Olhar
Francisco Patti/Marcelo Tupinambá (1892-1958)
15. Canção Nupcial
Alberto Costa (1886-1934)
16. Serenata
17. Canto da Saudade

Sarau das Musas (A Canção Brasileira nos Salões – 1830-1930) – 1998
Léa Vinocur Freitag (Canto) – Eduardo Villaça (Piano)

CD gentilmente cedido pelo musicólogo Prof. Paulo Castagna. Não tem preço !!!
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.Boa audição!

guarda da rainha

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Avicenna

500 anos de Brasil – Quarteto Egan interpreta 10 compositores brasileiros [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

Lá nos idos anos 2000, houve uma batelada de comemorações pelos 500 anos do “descobrimento” do Brasil. Aliás, nosso descobrimento é bem interessante: ocorreu em 1500, quatro anos depois do Tratado de Tordesilhas, que dividiu a América entre Portugal e Espanha. Os portugueses dividiram o que nem tinham descoberto ainda, claro… Sei… História bem contada essa…

Bom, apesar da estranheza dos dados históricos e do questionamento da data e das comemorações, os festejos foram responsáveis pela produção de muito material cultural de alta qualidade até em anos posteriores. Uma dessas produções foi este álbum de hoje: 500 anos do Brasil. Assim, ele acaba sendo um apanhado bem legal da música brasileira, desde o período do Reino Unido a Portugal até os dias atuais, interpretada ou reinterpretada (algumas peças foram arranjadas para esta gravação) para quarteto de cordas, com o pernambucano Quarteto Egan.
O passeio musical que os músicos propõem começa no Brasil Colônia e chega até dias recentes, com um percurso cronológico das músicas que contempla três Estados brasileiros, conforme o local onde as peças foram compostas: começam pelo século XIX no Rio de Janeiro (Padre José Maurício) e São Paulo (Carlos Gomes), voltam para o Rio no início do século XX (Chiquinha Gonzaga, Alberto Nepomuceno e Sérgio Bittencourt) e chegam à sua terra, Pernambuco, na segunda metade do século (Clóvis Pereira, Luiz Gonzaga, Capiba, Guerra Peixe e Mestre Duda). A organização das faixas do CD acaba tornando-se até didática, pois mostra a música brasileira se soltando, ganhando cada vez mais síncopas, cadências e malemolência conforme o tempo passa e ela se permite ser seduzida pela riqueza popular.

Putz! Muito bom! Ouça! Ouça! Deleite-se!

500 anos de Brasil
Quarteto Egan

Padre José Maurício Nunes Garcia (Rio de Janeiro, RJ, 1767 – 1830)
01. Abertura em Ré
Antonio Carlos Gomes (Campinas, SP, 1836 – Belém, PA, 1896)
02. Quem sabe?
03. Sonata em Ré, IV. Vivace: “O burrico de pau”
Chiquinha Gonzaga (Francisca Edwiges N. Gonzaga – Rio de Janeiro, RJ, 1847 – 1935)
04. Lua Branca
Alberto Nepomuceno (Fortaleza, CE, 1864 – Rio de Janeiro, RJ, 1920)
05. Serenata
Sérgio Bittencourt (Rio de Janeiro, RJ, 1941 – 1979)
06. Modinha
Clóvis Pereira (Caruaru, PE, 1932)
07. Aboio
08. Galope
Luiz Gonzaga (Exu, PE, 1912 – Recife, PE, 1989)
09. Assum Preto
Capiba (Lourenço da Fonseca Barbosa – Surubim, PE, 1904 — Recife, PE, 1997)
10. Valsa Verde
César Guerra Peixe (Petrópolis, RJ, 1914 – Rio de Janeiro, RJ, 1993)
11. Mourão
Capiba (Lourenço da Fonseca Barbosa – Surubim, PE, 1904 — Recife, PE, 1997)
12. Recife, cidade lendária
Mestre Duda (José Ursicino da Silva – Goaiana, PE, 1935);
13. Rafael Bis

Marie-Savine Egan, violino
Raphaëlle Egan, violino
Elyr Alves, viola
Fabiano Menezes, violoncelo
gravado em São Paulo, lançado no Recife, 2001

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…Mas comente… Não me deixe apenas com o silêncio…

Bisnaga