Mais um disco maravilhoso deste legendário monstro que é Jordi Savall. Nem todas as obras do disco são anônimas, mas vêm de compositores tão obscuros que deixamos as coisas assim, (Se alguém estiver curioso, aquihá a nominata de não-anônimos). Mas isso não significa que este CD seja ruim ou de segunda linha. O que é este maravilhoso disco? Dois manuscritos contêm a maior parte do que sabemos sobre a canção polifônica espanhola entre 1450 e 1520. O mais antigo deles, chamado Cancionero de la Colombina porque mais tarde foi propriedade do filho bibliófilo de Cristóvão Colombo, Ferdinand, parece ter sido copiado por volta de 1490 e contém um glorioso repertório de canções do final do século XV, inspirando-se fortemente no estilo francês da época (e de fato continha um bom número de canções francesas, há muito separadas do corpo principal do manuscrito). O outro, o muito mais conhecido Cancionero de Palacio , é uma enorme coleção que parece ter incluído quase todas as canções espanholas conhecidas do início do século XVI: originalmente tinha bem mais de 500 peças. Tudo isso aparace aqui sob o padrão consistentemente elevado de musicalidade e sensibilidade que caracterizam o trabalho atual de Jordi Savall. Basta ouvir ¿Qué Me Queréis, Cavallero? para se apaixonar perdidamente pelo CD.
El Cancionero De Palacio 1474-1516 (Hespèrion XX – Jordi Savall)
1 Danza Alta (Instrumental) 2:03
2 Aquella Mora Garrida 3:48
3 Por La Sierras De Madrid 4:15
4 Rodrigo Martínez 1:53
5 A Sonbra De Mis Cabellos (Instrumental) 0:58
6 Al Alva Venid 4:16
7 Tres Morillas 3:21
8 ¿Qué Me Queréis, Cavallero? 2:32
9 O Voy (Instrumental) 2:20
10 Torre De La Niña 2:30
11 Míos Fueron, Mi Coraçón 3:15
12 Pues Bien, Para Ésta 3:12
13 O Desdichado De Mi (Instrumental) 3:14
14 Dos Ánades, Madre 2:56
15 La Bella Malmaridada 5:41
16 La Tricotea 3:06
17 Ave Color Vini Clari 1:43
18 A Los Baños De Amor 1:35
19 Harto De Tanta Porfía 7:05
20 Pase El Agoa, Ma Julieta 1:21
21 El Cervel Mi Fa (Instrumental) 1:37
22 Si D’Amor Pena Sentís 5:45
23 ¡Ay, Que Non Ay! 2:32
24 Pues Que Jamás Olvidaros 5:30
Um disco maravilhoso. Belas canções anônimas interpretadas magnificamente pelo Huelgas-Ensemble. Ouvi, ouvi e ouvi e foi difícil de passar para o próximo CD.
O Huelgas é um grupo belga de música antiga formado pelo maestro flamengo Paul Van Nevel em 1971. A atuação do grupo e sua extensa discografia se concentram na polifonia renascentista . O nome do conjunto refere-se a um manuscrito de música polifônica, o Codex Las Huelgas. Van Nevel é conhecido por seu estilo de executar muitas peças com os cantores e ele mesmo em um grande círculo, girando, tanto em apresentações ao vivo ou em gravações ao redor do microfone pairando acima, no centro.
Ouçam, ouçam, ouçam!
O Cieco Mondo: The Italian Lauda, c.1400-1700 (Huelgas-Ensemble)
1 Volgi Gli Ochi, O Madre Pia 5:24
2 Ave Corpus Vere Natum 2:34
3 Dolor Pianto 5:05
4 Ave Maria Stella 2:51
5 Io Ti Lascio 5:43
6 Signor Pe La Tua Fe 4:01
7 Helas Me Celes 3:16
8 Chi C’Insegna Ov’e Gesu? Nell’ Arrivare Alla Chiesa 7:13
9 O Cieco Mondo 5:43
10 Chi Vol Seguir La Guerra 2:28
11 Che Bella Vit’ha’l Mond’Un Villanello 3:09
Repostagem com novos links, agregando no arquivo o encarte completo (540 páginas), compartilhado pelo ilustre João Ferreira. Valeu, João!
Postagem marcando o retorno do Bisnaga, depois de quase dois anos sem postar
Eita! Jordi Savall e seu toque de Midas…
E como fazer de uma longa história de opressão e sofrimento uma coisa bela?
Savall já vem há alguns anos trabalhando com temas de música mais antiga e mais periférica para os domínios europeus: música cipriota, música armênia… Aqui o maestro e violista catalão avança pelo universo da África e o que a une à Europa e à América: infelizmente, a escravidão… Seguindo o rastro da maior imigração forçada da história, coleta aqui e ali relatos, leis, decretos, mostrando a visão oficial, e canções, ritmos e danças, apresentando o outro lado, o da resistência dos negros levados às colônias de todo o continente americano, episódio terrível da nossa história e da história de tantos povos desses três continentes ligados pela escravidão…
De um lado, o álbum trata dos horrores da escravidão:
Uma das grandes coisas que se vêm hoje no mundo, e nós pelo costume de cada dia não admiramos, é a transmigração imensa de gentes e nações etíopes, que da África continuamente estão passando a esta América. (…) Já se, depois de chegados, olharmos para estes miseráveis, e para os que se chamam seus senhores, o que se viu nos dois estados de Jó é o que aqui representa a fortuna, pondo juntas a felicidade e a miséria no mesmo teatro. Os senhores poucos, os escravos muitos; os senhores rompendo galas, os escravos despidos e nus; os senhores banqueteando, os escravos perecendo à fome; os senhores nadando em ouro e prata, os escravos carregados de ferros; os senhores tratando-os como brutos, os escravos adorando-os e temendo-os, como deuses; os senhores em pé, apontando para o açoite, como estátuas da soberba e da tirania, os escravos prostrados com as mãos atadas atrás, como imagens vilíssimas da servidão e espetáculos da extrema miséria. Oh! Deus! quantas graças devemos à fé que nos destes, porque ela só nos cativa o entendimento, para que à vista destas desigualdades, reconheçamos, contudo, vossa justiça e providência. Estes homens não são filhos do mesmo Adão e da mesma Eva? Estas almas não foram resgatadas com o sangue do mesmo Cristo? Estes corpos não nascem e morrem, como os nossos? Não respiram com o mesmo ar? Não os cobre o mesmo céu? Não os aquenta o mesmo sol? Que estrela é logo aquela que os domina, tão triste, tão inimiga, tão cruel?(Padre Antonio Vieira – Sermão Vigésimo Sétimo – trecho que é recitado, reduzido, na faixa 10)
… Do outro, a beleza que reside justamente na resistência (e talvez aqui esteja uma parte da resposta), na insistência dos povos africanos transplantados para as Américas e aqui misturados em suas etnias e credos, de celebrar a vida, de zombar dos patrões, de cantar a sua crença ou as crenças que forçosamente aprendeu. O álbum então se enche das misturas, das festas e das danças dos negros que chegaram aqui e dos que ficaram no continente natal, num envolvente colorido musical, tão bem lapidado e acabado, como era de se esperar das produções dirigidas pelo velho Savall.
É uma produção de vulto, patrocinada pela UNESCO: um verdadeiro livro multilígue de 540 páginas em francês, inglês, castelhano, catalão, alemão e italiano (eu escaneei os dados gerais e a parte em castelhano para vocês, já que não há texto em português, por ser a língua mais próxima da nossa e a Espanha ser o segundo país que mais acessa o PQPBach – ainda assim, deu 105 páginas!). Possui um DVD com filmagem do concerto e 2 CDs com os mesmos áudios (disponibilizo aqui os CDs). O encarte ainda traz, além das letras das músicas, pequenos artigos sobre o trabalho forçado escritos por antropólogos e sociólogos, uma cronologia do trabalho escravo no mundo e um Índice Global da Escravidão em 2016 da UNESCO. Informações ricas, importantes e chocantes sobre a realidade da servidão.
O resultado é grande, abrangente e muito equilibrado, com pesquisadores, musicólogos e músicos de França, Mali, Madagascar, México, Colômbia, Brasil (uhú!), Argentina, Venezuela e Espanha. O som é riquíssimo, como é a cultura africana, redondo: há um discurso muito bem alinhavado e coerente de cada récita para cada música. Enfim, um material de grandissíssima qualidade, que leva inexoravelmente o selo de IM-PER-DÍ-VEL !!!
Ouça! Ouça ! Deleite-se!
Um teaser do álbum, pra vocês terem uma ideia:
Les Routes de l’Esclavage As Rotas da Escravidão
Aristóteles (Estagira, Grécia, 384 a.C. – Cálcis, Grécia, 322 a.C.)
01. Recitado: 400 a.C. L’humanité est divisée en deux: Les maîtres et les esclaves. Anônimo (Portugal)
02. Recitado: 1444. La 1ère cargaison africaine, avec 235 esclaves, arrive à l’Algarve Tradicional (Mali)
03. Djonya (Introduction) Kassé Mady Diabaté voix Mateo Flecha, el Viejo (Prades, Espanha, 1481 – Poblet, Espanha, 1553) / Tradicional (México), Son jarocho
04. La Negrina / Gugurumbé Tradicional (Brasil – rec. por Lazir Sinval)
05. Vida ao Jongo (Jongo da Serrinha) Fernando II de Aragão (Aragão, 1452 – Granada, 1516)
06. Recitado: 1505. Le roi Ferdinand le Catholique écrit une lettre à Nicolas de Ovando Juan Gutierrez de Padilla (Málaga, Espanha, 1590 – Puebla, México, 1665)
07. Tambalagumbá (Negrilla à 6 v. et bc.) Tradicional (Colômbia)
08. Velo que bonito (ou San Antonio) Tradicional (Mali), canto griote
09. Manden Mandinkadenou Padre Antônio Vieira (Lisboa, Portugal, 1608 – Salvador, BA – 1697)
10. Recitado: 1620. Les premiers esclaves africains arrivent dans les colonies anglaises. Sermões, 1661. Tradicional (Brasil – rec. por Erivan Araújo)
11. Canto de Guerreiro (Caboclinho paraibano) Tradicional (Mali)
12. Kouroukanfouga (instr.) Richard Ligon (1585?-1662)
13. Recitado: 1657. Les musiques des esclaves. Histoire…de l’Île de la Barbade Tradicional (México)
14. Son de la Tirana: Mariquita, María Frei Felipe da Madre de Deus (Lisboa, Portugal, c.1630 – c.1690)
15. Antoniya, Flaciquia, Gasipà (Negro à 5) Hans Sloane (Killyleagh, Irlanda, 1660 – Londres, 1753)
16. Recitado: 1661. Les Châtiments des esclaves. A voyage to the islands Tradicional (Mali), canto griote
17. Sinanon Saran Luís XIV (Saint-Germain-en-Laye, França, 1638 – Versalhes, França 1715)
18. Recitado: 1685. Le “Code Noir” promulgué par Louis XIV s’est imposé jusqu’à1848 Roque Jacinto de Chavarría (Bolívia, 1688-1719)
19. Los Indios: ¡Fuera, fuera! ¡Háganles lugar! Tradicional (ciranda – Brasil)
20. Saí da casa Montesquieu (Brède, França, 1689 – PArias, França, 1755)
21. Recitado: 1748. De l’Esprit des lois. XV, 5: “De l’esclavage des nègres” Tradicional (Madagascar)
22. Véro (instrumental) Tradicional (Colômbia)
23. El Torbellino Juan de Araujo (Villafranca, Espanha, 1646 – Lima, Peru, 1712)
24. Gulumbé: Los coflades de la estleya Escrava Belinda (Estado Unidos)
25. Recitado: 1782. Requête de l’esclave Belinda, devant le Congrès du Massachusetts Tradicional (Mali), canto griote
26. Simbo Tradicional (México), Son jarocho
27. La Iguana Parlamento Francês
28. Recitado: 1848. Décret sur abolition de l’esclavage, dans toutes les colonies françaises Anônimo (Codex Trujillo, Peru, século XVIII)
29. Tonada El Congo: A la mar me llevan Tradicional (Brasil – rec. por Paolo Ró & Águia Mendes), maracatu e samba
30. Bom de Briga Martin Luther King (Atlanta, Estados Unidos, 1929 – Memphis, Estados Unidos, 1968)
31. Recitado: 1963. “Pourquoi nous ne pouvons pas attendre” Tradicional (Mali), canto griote
32. Touramakan Juan García de Céspedes/Zéspedes (Puebla, México, 1619 – 1678)
32. Guaracha: Ay que me abraso
França
Bakary Sangaré, voz (recitativos) Mali 3MA
Kassé Mady Diabaté, voz
Ballaké Sissoko, kora
Mamami Keita, voz (coro)
Nana Kouyaté, voz (coro)
Tanti Kouiaté, voz (coro) Madagascar
Rajery, valiha Marrocos
Driss El Maloumi, alaúde México / Colômbia Tembembe Ensamble Continuo
Ada Coronel, vihuela, wasá e voz
Leopoldo Novoa, marimbol, marimba de chonta, triple colombiano e voz
Enrique Barona, vihuela, leona, jarana, quijada de caballo e voz
Ulisses Matínez, violon, vihuela, leona e voz Brasil
Maria Juliana Linhares, voz
Zé Luís Nascimento, percussão Argentina
Adriana Fernández, soprano Venezuela
Iván García, voz Espanha La Capella Reial de Catalunya
David Sagastume, contratenor
Víctor Sordo, tenor
Lluís Villamajó, tenor
Daniele Carnovich, baixo Hespèrion XXI
Pierre Hamon, flautas
Jean-Pierre Canihac, corneto
Béatrice Delpierre, chalémie
Daniel Lassalle, sacqueboute
Josep Borràs, dulciana
Jordi Savall, violas
Phillippe Pierlot, baixo de viola
Xavier Puertas, violon
Xavier Díaz-Latorre, teorba, guitarra romanesca e vihuela de mão
Andrew Lawrence-King, harpa barroco espanhola
Pedro Estevan, percussão
Jordi Savall, direção
Um bom disco, discreto e delicado, muito especialmente pela presença de Giuseppe Zambon como contratenor. Classificamos o CD como de autoria anônima porque não há certeza de nada. Pode ser de autoria da lista abaixo, pode não ser. Era o Século de Ouro em Veneza. Na época, o alaúde era o parceiro ideal da voz, cumprindo a parte das outras vozes para que um diletante pudesse executar, com o acompanhamento, uma peça polifônica, dando origem a um novo tipo de repertório, para voz solo e alaúde, em que Dowland, na Inglaterra, por exemplo, se torna especialista. Mas tudo começou em Veneza. A parte instrumental passa a ser um personagem musical que concerta com a voz, como fará o piano no lied romântico.
Alaúde e Voz na Veneza do Século XVI
1 –Francesco Spinacino Recercar
2 –Bartolomeo Tromboncino Or Che ´l Ciel E la Terra
3 –Francesco Spinacino Recercar
4 –Vincenzo Capirola Ti(entalora) Baleto Da Balar Bello
5 –Bartolomeo Tromboncino Su,su,leva,alza Le Ciglia
6 –Joan Ambrosia Dalza Tartar de Corde Recercar
7 –Paulo Scotti* O Tempo, O Ciel Volubil
8 –Franciscus Bossinensis Sotto Un Verde Alto Cupresso
9 –Franciscus Bossinensis Io Non Compro Piu Speranza
10 –Peregrinus Cesena Recercar Primo
11 –Peregrinus Cesena Non Posso Abandinarte
12 –Joan Maria Da Crema* Recercar Undecimo
13 –Joan Maria Da Crema* Recercar Tredecimo
14 –P. Verdelot / A. Willaert Madonna Per Voi Ardo
15 –P. Verdelot / A. Willaert Quando Amor I Belli Occhi
16 –Petro Paulo Borrono* Fantasia
17 –Petro Paulo Borrono* Pescatore Che Va Cantando
18 –P. Verdelot / A. Willaert Amor Se D´hor In Hor
19 –P. Verdelot / A. Willaert Quanto Sia Lieto Il Giorna
20 –Francesco Da Milano* Cecercar
21 –Francesco Da Milano* Cecercar
22 –Jacques Arcadelt Il Bianco E Dolce Cigno
23 –Cipriano De Rore Ancor Che Col Partire
Giuseppe Zambon, contra-tenor
Massimo Lonardi, alaúde
Entrei em contato com o grupo L’Arpeggiata aos poucos, através de postagens esparsas dos colegas do blog, como esta, esta, e esta.
Gostei de imediato, mas foi só a partir da terceira que me percebi em risco de ficar viciado. Comecei a ver tudo que é vídeo do grupo no YouTube, e foi aí que viciei mesmo: a paixão contida porém visível com que os músicos tocam, o bom humor e discreta teatralidade aqui e ali, e sobretudo o encanto visual dos instrumentos fazem do L’Arpeggiata algo ainda mais rico quando se vê, além de ouvir.
Talvez seja por isso que este lindo trabalho com peças italianas dos anos 1600 nem foi lançado em CD, apenas em vídeo. As faixas disponibilizadas aqui foram extraídas do vídeo. – Mas então por que postar no PQP, se já está no YouTube? – alguém poderá perguntar… e eu responderei: há abundância de ocasiões em que não se pode ver mas se gostaria de ouvir – e nessas ocasiões é prático ter o material dividido em faixas, não é?
Falando de faixas… das cantadas pelo extraordinário contratenor que é Jaroussky, minhas preferidas são a 07 (onde faz valer o sentido das palavras ‘Oh gloriosa senhora!), 09, 11 (Stabat Mater) e 13 (um setting por Monteverdi do tratado de instrumentação da antiguidade que é o Salmo 150). Jaroussky também é magnífico na faixa tratada com mais liberdade estilística, que é a versão jazzy de outra peça de Monteverdi (faixa 15), onde me encantam especialmente os efeitos à Louis Armstrong extraídos do cornetto pelo californiano Doron Sherwin – que, de resto, empresta brilho a quase todas as faixas. Mas quem compete seriamente com Jaroussky pelo estrelato máximo do show é o violinista Alessandro Tampieri, sobretudo nas faixas 06, 08 e 12. E não se deve deixar de mencionar a bela toccata de G. Kapsberger, à qual o grupo deve seu nome, solada à tiorba por sua diretora, a austríaca Christina Pluhar (faixa 10). Espiem lá!
Palhinha: um bis de Monteverdi em versão jazzy (faixa 15)
Philippe Jaroussky com L’Arpeggiata ICONES DU SEICENTO – ao vivo / live
01 Abertura do vídeo: vinheta da faixa 10 (instrumental) – 01’00
02 Anônimo – Ninna nanna al bambino Gesù – 05’34
03 Maurizio Cazzati – Ciaccona (instrumental) – 03’36
04 Benedetto Ferrari – Queste pungenti spine – 03’16
05 Maurizio Cazzati – Passacaglia (instrumental) – 03’32
06 Pandolfo Mealli – La vinciolina (instrumental) – 02’12
07 Ignazio Donati – O gloriosa domina – 04’00
08 Marco Uccellini – La Luciminia contenta (instrumental) – 04’02
09 Luigi Rossi – Lasciate averno – 06’07
10 Girolamo Kapsberger – Toccata l’Arpeggiata (instrumental) – 02’35
11 Giovanni Felice Sances – Stabat mater dolorosa – 07’00
12 Antonio Bertali – Ciaccona (instrumental) – 04’32
13 Claudio Monteverdi – Laudate Dominum (Salmo 150) – 04’17
14 Anônimo – Ciaccona di paradiso et dell’Inferno – 03’36
15 Claudio Monteverdi – Ohimè, ch’io cado – versão jazzy – 04’19
16 Domenico Maria Melli – Dispiegate, guance amate – 02’05
17 Claudio Monteverdi – Sì dolce è’l tormento – 04’38
__
• Philippe Jaroussky – contratenor
L’Arpeggiata
• Christina Pluhar, tiorba e direção
• Alessandro Tampieri, violino
• Doron Sherwin, corneto
• Eero Palviainen, arquialaúde e guitarra barroca
• Charles Edouard Fantin, alaúde, guitarra barroca
• Margit Übellacker, saltério
• Haru Kitamika, órgão, cravo
• Richard Myron, violone
• Michèle Claude, percussão
Gravado na Abadia de Ambronay, França, em 18 de setembro de 2008,
dentro do 29º Festival de Ambronay
Segundo álbum da série México Barroco de Puebla. A série avança e novas descobertas vão surgindo. Esse volume, creio que para ambientar a música de Juan Gutiérrez de Padillha, coloca, intercaladas à Missa Flos Campi, peças de outros compositores contemporâneos a ele, atuantes na segunda metade do século XVI e inícios do XVII, como Jacob Clemen Non Papa, António de Cabezón, Alonso Lobo e Frei Tomás de SantaMaría.
Ainda estamos na virada do século XVI para o XVII aqui. A coleção chegará a produções do começo do século XIX. Não é exatamente cronológica, mas é muito interessante ver, quando chegarmos aos 8 CDs completinhos, como a música foi se alterando. É quase uma narrativa do ambiente musical sacro de Puebla. A nós, brasileiros, resta uma pontinha de inveja do completo sistema organizacional das cidades da Nova Espanha já no começo do século XVII e de toda a estrutura que possuíam. Aqui parece que as coisas só deslancharam da metade do século XVIII pra frente…
A estrutura de disposição das peças deste álbum é muito bem concatenada, com a alternância de obras vocais a instrumentais, inseridas entre as partes da missa,criando um todo que, embora composto de criações de vários autores, é coeso e faz muito sentido. Muito bom, mesmo.
Ouça! Ouça ! Deleite-se!
Aqui,a faixa 3 para dar uma amostra:
México Barroco
Antonio de Cabezón (Burgos, Espanha, 1510 – Madri, Espanha, 1566)
01. Tiento XXV de sexto tono Juan Gutiérrez de Padilla (Málaga, Espanha, ca. 1590 – Puebla, México, 1664)
02. Gaudeamus omnes in Domino
03. Missa Ego flos campi: Kyrie
04. Missa Ego flos campi: Gloria Antonio de Cabezón (Burgos, Espanha, 1510 – Madri, Espanha, 1566)
05. Fabordon y glosas del sexto tono: I. Ilano Jacobus Clemens Non Papa (Midelburg, Holanda, 1510 – Diksmuide, Bélgica, 1555)
06. Ego flos campi Francisco Soto de Langa (Langa, Itália, 1534 – Roma, Itália, 1619)
07. Tiento en 6 Alonso Lobo (Osuna, Espanha, c.1555 – Sevilha, Espanha, 1617)
08. Ego flos campi a 4 Antonio de Cabezón (Burgos, Espanha, 1510 – Madri, Espanha, 1566)
09. Fabordon y glosas del sexto tono: II. Glosado en el tiple Juan Gutiérrez de Padilla (Málaga, Espanha, ca. 1590 – Puebla, México, 1664)
10. Missa Ego flos campi: Alleluia Assumpta est
11. Missa Ego flos campi: Credo Antonio de Cabezón (Burgos, Espanha, 1510 – Madri, Espanha, 1566)
12. Fabordon y glosas del sexto tono: III. Glosado en las voces intermedias
13. Fabordon y glosas del sexto tono: IV. Glosado en el baxo Juan Gutiérrez de Padilla (Málaga, Espanha, ca. 1590 – Puebla, México, 1664)
14. Assumpta est Maria in caelum
15. Missa Ego flos campi: Sanctus Antonio de Cabezón (Burgos, Espanha, 1510 – Madri, Espanha, 1566)
16. Fabordon y glosas del sexto tono: V. Glosado sobre el Pange lingua de Urreda Juan Gutiérrez de Padilla (Málaga, Espanha, ca. 1590 – Puebla, México, 1664)
17. Missa Ego flos campi: Agnus Dei Anônimo
18. Fabordón glosado VI de sexto tono Juan Gutiérrez de Padilla (Málaga, Espanha, ca. 1590 – Puebla, México, 1664)
19. Missa Ego flos campi: Beatam me dicent omnes generationes Frei Tomás de Santa María (Madri, Espanha, c.1510 – Valladolid, Espanha, 1570)
20. Fantasia Primi Toni Juan Gutiérrez de Padilla (Málaga, Espanha, ca. 1590 – Puebla, México, 1664)
21. Salve Regina
Ruth Escher, soprano
Cecile Gendron, soprano
Gabriela Thierry, mezzo-soprano
Flavio Becerra, tenor
Vladimir Gomez, tenor
Alfredo Mendoza, tenor
Rafael Cardenas, órgão
Coro de Niños Cantores de la Escuela Nacional de Música de la UNAM
Angelicum De Puebla
Schola Cantorum Mexico
Benjamín Juárez Echenique, regente
México, 1997