César FRANCK (1822-1890) & Johannes BRAHMS (1833-97): Sonatas para Violino • Fumiaki Miura (violin) • Nobuyuki Tsujii (piano) ֍

César FRANCK (1822-1890) & Johannes BRAHMS (1833-97): Sonatas para Violino • Fumiaki Miura (violin) • Nobuyuki Tsujii (piano) ֍

“A beautiful performance with a bright musicality was born.”

eBravo digital magazine

Miura testando um exemplar da coleção de arcos do acervo do PQP Bach

Caso eu fosse músico profissional ou mesmo razoável amador, pianista ou violinista, teria a Sonata para violino e piano de César Franck em meu repertório. É uma dessas obras que nos cativa desde a primeira audição. E para completar o programa do disco, outra sonata espetacular, a Primeira Sonata de Brahms. Johannes atuou muito, desde a sua juventude, como pianista acompanhante, especialmente de violinistas, e sabia de tudo sobre o ofício – o repertório, os truques, as técnicas. Mas isso miles de compositores sabiam, além disso, ele tinha o dom, era Brahms e terrivelmente auto-crítico.

Nobu é uma simpatia…

Aqui temos um disco lançado recentemente pela Deutsche Grammophon, que contratou o virtuose pianista Nobu Tsujii e também adquiriu os direitos sobre suas antigas gravações e esse disco é um desses casos. A gravação foi feita no Teldex Studio, Berlim, por volta de 2017, pela Avex Classics. Nestes dias a dupla de jovens músicos, Miura e Tsujii andavam pelas cidades do Japão dando recitais. Você vai encontrar vários vídeos deles tocando trechos de sonatas no YouTube.

Eu só conheci o disco agora, ponto positivo para o relançamento, afinal de contas, nada como ouvir linda música executada tão primorosamente como é o caso aqui.

César FRANCK (1822-1890)

Sonata para Violino em lá maior (1886)

  1. Allegretto ben moderato
  2. Allegro
  3. Recitativo-Fantasia. Ben moderato – Molto lento
  4. Allegretto poco mosso

Johannes BRAHMS (1833-97)

Sonata para Violino No. 1 em sol maior, Op. 78 (1878-79)

  1. Vivace ma non troppo
  2. Adagio
  3. Allegro molto moderato

Fumiaki Miura, violin

Nobuyuki Tsujii, piano

Gravação.  2017-18, Teldex Studio, Berlin
AVEX CLASSICS AVCL25991 [56:02]

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 128 MB

Nobu e Fumiaki pousando para o papparazzi do PQP Bach

Caso você tenha acesso às plataformas de distribuição de músicas, aqui está uma possibilidade para a audição:

 Tidal

Trechos de uma crítica que pode ser lida integralmente aqui: Despite the stiff competition […], this newcomer can hold its head high. In the opening movement, Miura and Tsujii contour the ebb and flow of the narrative, confidently negotiating the harmonic shifts and tempo variants. The second movement is turbulent and impressively virtuosic. I’m particular taken by the heartfelt anguish of the Recitativo, and the sheer joy and elation with which they approach the finale.

The inclusion of the Brahms Violin Sonata No. 1 is apposite, as beguiling lyricism likewise permeates the score. Miura’s warm, burnished tone is ideal for this music. The opening movement’s gentle, bucolic charm is eloquently conveyed. The Adagio, which follows, is played with unfeigned sincerity and radiant fragility, and there’s nobility of gesture in the passionate moments of the ‘Regenlied’ finale.

Fumiaki Miura plays a 1704 Stradivarius loaned by the Munetsugu Foundation.

Apesar da forte concorrência […], este novo lançamento pode orgulhar-se dos resultados. No movimento de abertura, Miura e Tsujii contornam o fluxo e refluxo da narrativa, entretrocando com confiança as mudanças harmônicas e as variações de andamento. O segundo movimento é turbulento e impressionantemente virtuoso. Fiquei particularmente impressionado com a angústia profunda do Recitativo e com a pura alegria e euforia com que abordam o final.

A inclusão da Sonata para Violino nº 1 de Brahms é oportuna, visto que um lirismo sedutor também permeia a partitura. O timbre quente e polido de Miura é ideal para esta música. O charme suave e bucólico do movimento de abertura é transmitido com eloquência. O Adagio, que se segue, é tocado com sinceridade genuína e fragilidade radiante, e há nobreza de gestos nos momentos apaixonados do final de “Regenlied”.

Fumiaki Miura toca um Stradivarius de 1704 emprestado pela Fundação Munetsugu.

Aproveite!

René Denon

O prestativo Departamento de Artes do PQP Bach Corp. Enviou essa ilustração do Miura tocando um violino

Stravinsky (1882 – 1971): Le Sacre du printemps • L’Oiseau de feu • Jeu de cartes • Petrouchka • Pulcinella • London Symphony Orchestra • Claudio Abbado ֍

Stravinsky (1882 – 1971): Le Sacre du printemps • L’Oiseau de feu • Jeu de cartes • Petrouchka • Pulcinella • London Symphony Orchestra • Claudio Abbado ֍

“For me, listening is the most important thing: to listen to each other, to listen to what people say, to listen to music.”     

C. Abbado

Petrouchka

Claudio Abbado teve papel importante no cenário da música clássica ao divulgar e ampliar os repertórios das orquestras com as quais trabalhou interpretando com esmero e altíssimo nível técnico e artístico obras do século XX. Ele ganhou posições de destaque na década de 1960 e, à partir de 1967, assinou contrato de gravações com o selo amarelo, na época (e de certa forma até agora) sinônimo de ótima música e excelentes produções.

O álbum dessa postagem reúne gravações que Abbado fez regendo a London Symphony Orchestra de obras de Stravinsky, que nasceu no século XIX, mas viveu seu apogeu como compositor no século XX.

Claudio Abbado teve uma estreita relação com a LSO, da qual foi o regente principal de 1979 até 1987. Estas gravações foram lançadas em diversas ocasiões, no formato de CD, como na série Abbado-Edition, em comemoração dos 25 anos da relação Abbado-DG. Na forma como os arquivos estão reunidos aparecem na série 2CD, cuja linda capa coloquei na abertura da postagem, spin-off da série Philips Duo, que reuniam gravações afins em dois CDs, vendidos à ‘medium-price’ e também numa enorme coleção de 46 CDs, reunindo as gravações do regente com a London Symphony Orchestra. Nesta coleção esses são os disco 38 e 39.

Temos no pacote a gravação da Sagração da Primavera, uma suíte de Concerto d’O Pássaro de Fogo, Jogos de Cartas, isso no primeira parte do pacote. Na segunda, quatro cenas de Petrouchka, na versão original de 1911, e Pulcinella. Minha motivação principal para a postagem é exatamente essa gravação de Pulcinella, peça que eu gosto muitíssimo. Aqui temos a gravação com as partes cantadas – os cantores são excelentes. A mezzo-soprano Teresa Berganza, com quem Abbaddo e a LSO gravaram o Barbeiro de Sevilha, de Rossini, o tenor Ryland Davies e o baixo John Shirley-Quirk.

Igor Stravinsky (1882 – 1971)

CD1

Le Sacre du printemps (Version 1947)
L’Oiseau de feu -Suite (Version 1919)
Jeu de cartes

London Symphony Orchestra

Claudio Abbado

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MP3 | 320 KBPS | 184 MB

CD2

Petrouchka – Scènes burlesques (Version originale 1911)
Pulcinella – Ballet em um acte

Leslie Howard, piano (Petrouchka)

Teresa Berganza, mezzo-soprano (Pulcinella)

Ryland Davies, tenor (Pulcinella)

John Shirley-Quirk, baixo (Pulcinella)

London Symphony Orchestra

Claudio Abbado

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MP3 | 320 KBPS | 174 MB

Caso você seja usuário de plataformas de distribuição de músicas, aqui está uma possibilidade para a audição:

 Tidal

 

Pulcinella

A edição dessas peças na forma 2CD (com a capa no alto da postagem) foi escolhida como uma entre as Top 20 Recordings da obra de Stravinsky pela Gramophone: Claudio Abbado succeeds in conveying the kaleidoscopic brilliance of Stravinsky’s [Petrushka] score and secures from the LSO playing of real dramatic intensity. Phrases are shaped with far more care and rhythms articulated with greater vitality than on Dorati’s record, and throughout the score there is a powerful sense of dramatic atmosphere. (Robert Layton, November 1981)

Aproveite!

René Denon

Foto do libreto da edição com 46 CDs. Claudio estava bem feliz com a LSO

Mozart (1756 – 1791): Sonatas para Piano K. 332 • K. 333 • K. 457 & Fantasia K. 475 • Andreas Haefliger (piano) ֍

Mozart (1756 – 1791): Sonatas para Piano K. 332 • K. 333 • K. 457 & Fantasia K. 475 • Andreas Haefliger (piano) ֍

“The emotional centre of the Sonata in B-flat major is found in the ‘Andante cantabile’, an operatic aria transferred to the keyboard idiom.”

Mozart andava longe de minha vitrola, falta grave que demandava reparo urgente. O fato é que estou passando de fase, mudando e adaptando-me mais uma vez, arrastado pelas novas tecnologias. Eu sempre fui arrojado na incorporação de avanços tecnológicos nos meus afazeres e nos entretenimentos. Ouvia LPs, mas gravava fitas cassete (lembram) para ouvir no Walkman! Quando surgiram os CDs fiz a transição com a celeridade que o bolso me permitia. Fui trocando, vendendo os LPs para os amigos, para os donos de sebos de LPs e investindo nos CDs. A transição dos CDs para os arquivos digitais foi mais lenta, ainda tenho miles de CDs acumulados pela casa, mas ouço-os cada vez mais raramente. Pelo menos fisicamente, pois a música continua toda aqui, muitos verões atrás passei a digitalizá-los e tenho-os todos por aqui em HDs e parte na nuvem, mesmo os que já enferrujaram. Nestas duas últimas semanas comecei a usar de maneira mais ‘metódica’ uma plataforma de distribuição de música. Escolhi TIDAL e estou adorando! Com isso, estou assim como pinto no lixo, fuçando as novidades, que são tantas, haja tempo. Foi assim que dei com o pianista Andreas Haefliger.

O sobrenome é conhecido do pessoal que gosta de cantores, houve um tenor Ernst Haefliger. O pessoal aqui na repartição acabou de me contar que Andreas é filho do Ernst. Houve, também, um grande matemático, André Haefliger. O Haefliger matemático estudou as folheações, uma parte muito bonita da Matemática.

Uma folheação é a divisão ou um preenchimento de um ambiente matemático em subespaços, todos de mesma dimensão, empilhados uns sobre os outros, como um doce de mil-folhas ou uma resma de papel que caiu na piscina e as folhas tornaram-se ligeiramente enrugadas.

Mas, ahãmmm…. divago! Voltemos ao Mozart. As novas gravações do Haefliger pianista que vi no TIDAL me fizeram tomar o percurso inverso, de volta aos LPs, pois havia um no qual Andreas interpretava sonatas para piano de Mozart e eu me lembrei dele com gosto. O LP era do período em que a Sony tomou o lugar da CBS. Como você pode bem imaginar, o LP já não existe mais há tempos e o CD (pois que tive a encarnação do disco em CD também), se está ainda comigo, deve estar em alguma das caixas que ainda não abri desde a mudança. Assim, vasculhei HDs e espaços nas nuvens e acabei achando uma ripagem (lembram que fazíamos essas coisas?) para mp3 que está ótima para consumo.

Como me lembrava, o disco é ótimo, uma tarde agradabilíssima ao som dessas três sonatas do Wolfie interpretadas pelo jovem Andreas. Ele andou (re)gravando mais sonatas de Mozart, mas ainda não cheguei lá, está tudo lá no TIDAL. Por ora, vamos de coisas (nem tão) velhas (assim) em mídia mais recente.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Sonata para Piano em fá maior, K. 332
  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Allegro assai
Sonata para Piano em si bemol maior, K. 333
  1. Allegro
  2. Andante cantabile
  3. Allegretto grazioso
Fantasia para Piano em dó menor, K. 475
  1. Adagio
Sonata para Piano em dó menor, K. 457
  1. Molto allegro
  2. Adagio
  3. Allegro assai

 Andreas Haefliger, piano

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MP3 | 320 KBPS | 120 MB

Da resenha de um crítico amador da Amazon: The three sonatas collected here are among my favorites. The F-major sonata is very personal, while the Bb-major one is virtuosic and resourceful. Finally, the emotional c-minor sonata (preceded by the c-minor prelude), shows a side of Mozart that we are not especially familiar with, one which appears to lead directy into Beethoven’s piano compositions. This is an excellent CD, both for those who have never heard Mozart’s sonatas and those are familiar and who would like to hear a fine rendition of them.

Concordo plenamente com o Timmy!

Aproveite!

René Denon

Andreas experimentando um dos pianos da coleção do PQP Bach Corp.

Puccini (1858 – 1924): Tosca – Eleonora Buratto • Jonathan Tetelman • Ludovic Tézier • Orchestra e Coro dell’Accademia Nazionale di Santa Cecilia • Daniel Harding ֍

Puccini (1858 – 1924): Tosca – Eleonora Buratto • Jonathan Tetelman • Ludovic Tézier • Orchestra e Coro dell’Accademia Nazionale di Santa Cecilia • Daniel Harding  ֍

Uma ópera sobre Tosca nunca seria um sucesso – a ação inclui cenas de tortura, tentativa de estupro, assassinato, uma execução e alguém se jogando para a morte do alto de um castelo – simplesmente brutal!!

Puccini e Toscanini foram grandes amigos, mas a estreia de Tosca foi dada por um outro maestro…

Esse foi um dos argumentos usados pelo editor Ricordi e por seu libretista Luigi Illica para induzirem um agora desconhecido compositor de óperas ceder o direito sobre o libreto baseado na peça de Victorien Sardou. E eles acrescentaram que toda a história decorre em torno das 24 horas de um dia de junho de 1800, num momento de conflitos de todas as ordens – republicanos contra monarquistas, Áustria contra Itália, Napoleão contra o mundo. O compositor nem vacilou, passou para frente a batata quente. No outro dia o contrato para a composição da ópera e o primeiro copião do libreto estavam nas mãos de Puccini. Ele havia se interessado pela história desde o lançamento da peça, em 1889, mas andava ocupado com La Bohème e Manon Lescaut. O libreto de Illica ainda estava longe do que Puccini queria e mais um colaborador foi chamado a bordo. Giuseppe Giacosa já havia trabalhado nos libretos das outras óperas de Puccini e, após muitas noites de tesoura e cola, de pressões do editor, muito esperneio, o resultado é essa maravilha que podemos ouvir, com a música de Puccini.

É famosa e impossível não citar a frase de Giacosa sobre duas das mais famosas óperas de Puccini – La Bohème e Tosca: “La Bohème é pura poesia e nenhuma ação; Tosca é só ação, sem poesia.” Mas eu discordo um pouquinho, sobre a parte da poesia… No início do terceiro ato, que eu adoro, um pastorzinho canta, logo na abertura, os versos a seguir:

Io de’ sospiri, / te ne rimanno tantti / pe’ quante foje / ne smoveno li venti.

Algo assim como: Meus suspiros são tantos quanto são as folhas levadas pelo vento…

Voltando ao assunto da ópera, assim como sabia Guimarães Rosa: “Mas nada disso vale a fala, porque a história de um burrinho, como a história de um homem grande, é bem dada no resumo de um só dia de sua vida.” Realmente, toda a ação da ópera se dá no resumo de um dia, no mês de junho de 1800. Cada um dos três atos tem como cenário um lugar que realmente existe em Roma.

A igreja real

O primeiro ato se dá na Igreja Sant’Andrea della Valle. Nela encontramos um fugitivo da polícia política, o consul da breve República Romana, Cesare Angelotti, que estava nas garras do Barão Scarpia. Na Igreja onde ele busca refúgio encontra o pintor Mario Cavaradossi, amante de Tosca e simpatizante da República. Cavaradossi está pintando uma Maria Madalena, inspirado em uma linda loura de olhos azuis, exatamente a irmã do fugitivo. Isso, é claro, acaba despertando o furor e o ciúme de Tosca, desconfiada por ouvir os cochichos de Mario e Cesare, que se esconde numa das capelas. Tosca é uma famosa cantora de ópera, católica fervorosa e por sua posição monarquista.

Um tiro de canhão da conta da fuga do prisioneiro e tudo se precipita, com a chegada de Scarpia e seus asseclas em busca do fugitivo. Scarpia desconfia de Cavaradossi e joga com os sentimentos exacerbados de Tosca. O ato termina num tour de force, com a notícia da derrota de Napoleão o coro da igreja entoa um Te Deum, durante o qual o perverso Scarpia se regozija com a possibilidade de dupla vitória – prender os fugitivos e possuir Tosca: Con spasimo d’amor, […] um vai para a ponta da corda, a outra direto para os meus braços!

O segundo ato ocorre no Palazzo Farnese – onde vive Scarpia – que está jantando. Nesse local se dará cenas terríveis: a tortura de Cavarodossi, cujos gritos acabam fazendo Tosca fazer um acordo com o malvado e vil Barão. A tentativa de estupro, seguida do assassinato – a punhalada certeira, desfechada pela brava Tosca. Ela havia negociado sua fuga com Mario (duplo salvo-conduto, essas coisas) que deveria ter sua morte encenada de mentirinha.

O terceiro ato se passa no Castelo Sant’Angelo, onde Mario passa a noite – será fuzilado ao amanhecer. Eu adoro esse breve fechamento da ópera. Uma montanha russa de emoções. O prelúdio desse ato é um pouco mais longo, afinal estamos esperando raiar o dia. O tema da ária de despedida do pintor é apresentado pela orquestra, belíssimo!!!

Cavaradossi que é pintor diz essa maravilha de frase: L’ora è fuggita, e muoio disperato, e non ho amato mai tanto la vita… (A hora se foi e eu morro desesperado, e nunca amei tanto a vida).

Após uma sequência dos dois amantes, a execução, seguida da descoberta da tragédia por Tosca e a chegada da notícia da morte de Scarpia. Perseguida, Tosca se precipita do alto do castelo, lançando um último desafio: Scarpia, nos veremos diante de Deus!

A ópera termina com o triângulo (nada) amoroso esfacelado pela morte de seus três vértices. É uma opera inovadora, a história cheia de violência e os sentimentos levados aos extremos. Os três protagonistas vivem situações de extrema tensão e há pontos que não podem deixar de chamar a atenção do ouvinte.

Jonathan Tetelman, o Mario, Mario, Mario

O papel do mocinho, o pintor-tenor, é brindado com a ária Recondita armonia, no primeiro ato, mas especialmente a ária de despedida no terceiro ato, Elucevan le stelle. Tosca teve como uma de suas principais intérpretes a fabulosa Maria Callas, mas também tantas outras, como a rival Renata Tebaldi. A ária Vissi d’arte é a própria declaração de dedicação à essa maravilhosa profissão. O malvadão também é um protagonista inesquecível. Seu grande momento no primeiro ato mostra seu terrível caráter, durante o Te Deum. A sua presença no segundo ato ocupa um grande espaço no palco, contrapondo-se a Tosca, até a sua morte. Apesar dela, sua ações o colocam também no terceiro ato, apesar de não aparecer mais.

Para tão maravilhosa peça escolhi uma gravação estalando de nova – a soprano Eleonora Buratto, o tenor Jonathan Tetelman e o barítono Ludovic Tézier são excelentes e estão no primor de suas carreiras. O regente Daniel Harding acabou de assumir a orquestra da Academia Nazionale di Santa Cecilia e essa é a sua primeira gravação com ela. Muito auspiciosa. A produção é da Deutsche Grammophon, primorosa. Aqui a explicação dada no início de uma crítica mencionada mais abaixo: The three performances in late October last year were Harding’s inaugural concerts with his new band (along with a Verdi Requiem). The British conductor doesn’t have a lot of opera on his CV – and barely any trace of Puccini – but opera very much comes with the territory in this job. (As três apresentações no final de outubro do ano passado foram os concertos inaugurais de Harding com sua nova banda (junto com um Réquiem de Verdi). O maestro britânico não tem muita ópera em seu currículo – e quase nenhum traço de Puccini –, mas a ópera é parte integrante deste trabalho.)

Giacomo Puccini (1858 – 1924)

Tosca – Ópera em Três Atos

Eleonora Buratto, Tosca, Soprano

Jonathan Tetelman, Cavaradossi, Tenor

Ludovic Tézier, Scarpia, Baritone

Davide Giangregorio, Sacristan, Bass
Giorgi Manoshvili, Angelotti, Baritone
Matteo Macchioni, Spoletta, Tenor
Nicolò Ceriani, Sciarrone, Baritone
Alice Fiorelli, Shepherd, Singer
Costantino Finucci, Gaoler, Bass-baritone

Santa Cecilia Academy Chorus, Rome

Santa Cecilia Academy Orchestra, Rome

Daniel Harding, Conductor

Daniel Harding, o maestro que não dá moleza…

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MP3 | 320 KBPS | 229 MB

Caso você seja usuário de plataformas de distribuição de músicas, aqui está uma possibilidade para a audição:

 Tidal

Ludovic Tézier, meu malvado favorito!

Ao final de sua resenha para a Gramophone, Mark Pullinger escreveu: When I did a Tosca Collection survey (8/22), I plumped for Renata Tebaldi (Molinari-Pradelli) slightly ahead of Leontyne Price (Karajan). Those 1950s recordings remain in pole position but, even given occasional reservations over Harding, this new account boasts the finest Tosca cast of the digital era and is a recording I’ll be returning to often in years to come.

Como estamos entrando na era de renovação de arquivos ou mesmo de maneira de semear a boa música na web, essa gravação vem bem a calhar!

Aproveite!

René Denon

Ao saber que um dos personagens da ópera se chama Cesare Angelotti, o prestativo Departamento de Artes do PQP Bach Corporation mandou essa ilustração para a postagem…

Ravel (1875 – 1937): Le tombeau de Couperin e outras transcrições – Linos Piano Trio & Pacific Quintet ֎

Ravel (1875 – 1937): Le tombeau de Couperin e outras transcrições – Linos Piano Trio & Pacific Quintet ֎

“Ravel é um relojoeiro suíço” – Stravinsky (língua de trapo)

Ravel nasceu há 150 anos, mas sua música soa bastante ‘moderna’ aos meus ouvidos amantes do barroco e do clássico.

Dos compositores que atuaram no século XX, Ravel foi o que me cativou primeiro. Deve ter sido por causa do seu Concerto para Piano.

Esta postagem tem a música de Ravel, mas algumas peças estão sendo apresentadas numa outra roupagem, numa forma diferente da qual estamos acostumados, pelo menos a maioria delas. Eu gostei tanto das ‘adaptações’ que resolvi trazê-las para os visitantes do blog.

No primeiro disco-arquivo temos o Trio com Piano na sua glória e roupagem tradicional, interpretado ao piano, violino e violoncelo, acompanhado de duas outras obras, e apresentadas em transcrições para trio com piano. A famosa Pavane pour une infante défunte e a suíte Le tombeau de Couperin.

A Pavane nasceu no finzinho do século XIX em versão para piano solo, quando Ravel ainda estudava. Ganhou uma versão orquestral em 1910. A transcrição apresentada aqui foi feita pelos membros do Linos Piano Trio que interpretam as peças do primeiro arquivo. Eles também são os trans(gre)tores da suíte Le tombeau de Couperin, composta também para piano solo, mas entre 1914 e 1917, durante a Primeira Guerra Mundial. Cada uma das ‘danças’ da suíte é dedicada à memória de um amigo que morreu durante o conflito. Foi um período bastante difícil na vida de Ravel.

O Linos Trio esperando a barca em Charitas para ir de Niterói para o Rio… eles adoraram Camboinhas

Os membros do Linos Piano Trio têm cinco nacionalidades. Só em um mundo globalizado como o que vivemos tal coisa é possível:

O músico tailandês radicado em Londres, Prach Boondiskulchok, desfruta de uma carreira singularmente diversificada como pianista, pianista forte e compositor. Igualmente à vontade improvisando ornamentos do século XVIII e compondo com harmonias micro tonais, suas apresentações o levaram a palcos e festivais internacionais.

Com seu estilo de performance vibrante e talento natural para o entretenimento, o violinista teuto-brasileiro nascido em Londres, Konrad Elias-Trostmann, quebra a barreira frequentemente encontrada entre o público e o intérprete. Apresentações de música de câmara o levaram a locais como o Carnegie Hall, o Wigmore Hall, o Melbourne Recital Centre, o Seoul Arts Centre e a Sala Cultural Itaím, em São Paulo. Recentemente, Konrad foi nomeado segundo violino principal da Essener Philharmoniker e é regularmente convidado como segundo violino principal ou spalla assistente por orquestras de renome mundial.

O músico multifacetado francês radicado em Berlim, Vladimir Waltham, se sente igualmente à vontade com violoncelo, violoncelo barroco e todos os tamanhos de instrumentos da gamba. Elogiado por seu “tom luminoso” pela Gramophone, Vladimir é apaixonado por compartilhar a mais ampla paleta musical possível, em um repertório que abrange da Idade Média a colaborações com compositores e estreias mundiais, bem como tudo entre eles.

Numa entrevista eles explicaram brevemente como o trio se formou: Sempre foi um fascínio para cada um de nós desafiar os limites musicais, por isso é muito apropriado que a “história de origem” do nosso conjunto seja centrada em uma obra que transcende os limites do gênero trio para piano. Em 2007, quando peças obscuras ainda não eram amplamente digitalizadas, lembro-me de descobrir com entusiasmo que uma das minhas peças favoritas, “Verklärte Nacht” de Schönberg para sexteto de cordas, também existia em uma transcrição para trio para piano de Eduard Steuermann. Logo, colegas que compartilham esse entusiasmo se juntaram a mim para tocá-la, e esse foi o conjunto que se tornou o Linos Piano Trio.

Quatro das peças de Le tombeau de Couperin foram magistralmente orquestradas por Ravel para pequena orquestra.  O segundo disco-arquivo tem uma transcrição dessa versão orquestral para quinteto de sopros – flauta, oboé, clarinete, fagote e trompa, feita por Mason Jones. Eu não consegui verificar com absoluta certeza, mas acredito que o arranjador Mason Jones foi o principal trompista da Philadelphia Orchestra por muito tempo, atuando durante os período de Leopold Stokowsky e Eugene Ormandy.

Pacíficos músicos do Pacific Quintete

Os intérpretes aqui são os membros do Pacific Quintet, Aliya Vodovozova (flauta), Fernando José Martínez Zavala (oboé), Liana Leßmann (clarinete), Kenichi Furuya (fagote) e Haeree Yoo (trompa). Veja como o primeiro disco deles foi anunciado: O álbum de estreia do Pacific Quintet reflete a diversidade de seus integrantes e seu foco principal. Também homenageia o compositor que inspirou o conjunto: Leonard Bernstein. Indo além do repertório clássico tradicional, o premiado quinteto (clarinete, trompa, flauta transversal, oboé e fagote) apresenta música de seus países de origem: Japão, Honduras, Coreia do Sul, Alemanha e Ucrânia/Turquia, em um programa que transcende suas culturas, línguas e tradições.

Maurice Ravel (1875 – 1937)

Piano Trio in A minor

  1. Modéré
  2. Pantoum. Assez vif
  3. Passacaille. Très large
  4. Final. Animé

Pavane pour une infante défunte

  1. Pavane

Le Tombeau de Couperin

  1. Prélude
  2. Fugue
  3. Forlane
  4. Rigaudon
  5. Menuet
  6. Toccata

Linos Piano Trio

Prach Boondiskulchok (piano)

Konrad Elias-Trostmann (violin)

Vladimir Waltham (cello)

Recorded: 2022-09

Recording Venue: Hans-Rosbaud-Studio, Baden-Baden

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MP3 | 320 KBPS | 138 MB

Caso você tenha acesso às plataformas de distribuição de músicas, aqui está uma possibilidade para a audição:

 Tidal

Maurice Ravel (1875 – 1937)

Le tombeau de Couperin, M. 68 (Arr. for Wind Quintet by Mason Jones)

  1. Prélude
  2. Fugue
  3. Menuet
  4. Rigaudon

Pacific Quintet:

Aliya Vodovozova,flute

Fernando Martinez Zavala, oboe

Liana Leßmann, clarinet

Kenichi Furuya, bassoon

Haeree Yoo, horn

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MP3 | 320 KBPS | 34 MB

Caso você tenha acesso às plataformas de distribuição de músicas, aqui está uma possibilidade para a audição:

 Tidal

O pessoal do PQP Bach adorou a palhinha dada pelo PQ

Sobre o Pacific Quintet: “Making music with friends is one of the most wonderful things about our job and this is just what the Pacific Quintet do. They are talented and dedicated musicians who are also great friends and they take much pride and joy in making music together. I have watched them develop into a world class quintet […] and I am so proud of their success.”  Sarah Willis (French horn player & member of the Berlin Philharmonic Orchestra)

 

Um de nossos visitantes já está desfrutando da boa música de Ravel…

Sobre a gravação do Linos Piano Trio: It’s a great pleasure to hear Ravel’s majestic and technically demanding Piano Trio without insertions of meaningless rubato, and with every note in place. The only thing I was left wishing for was a more scrupulous observation of his dynamic markings. BBC Music Magazine

The Linos Piano Trio’s performances feature string vibrato, as well as occasional portamento. The superb execution, intensity, flexibility, and tonal richness of the ensemble’s performances would, I think, gratify audiences of any era. Fanfare

 

Aproveite!

René Denon

Beethoven (1770 – 1827): Sonatas para Piano Op. 31 • Andreas Haefliger • Alfred Brendel (digital) ֍

Beethoven (1770 – 1827): Sonatas para Piano Op. 31 • Andreas Haefliger • Alfred Brendel (digital) ֍

Alfred Brendel
(5/1/1931 – 17/6/2025)

Alfred Brendel, considerado um dos pianistas mais talentosos do mundo, faleceu aos 94 anos. O compositor e poeta faleceu em paz em Londres, cercado por seus entes queridos, na terça-feira. A maioria dos críticos o reconheceu como um dos principais intérpretes das obras de Beethoven. [Trechos da BBC News]

Antecipamos esta postagem para prestar nossa homenagem ao grande pianista.

O nome da Sonata Op. 31, No. 2, surgiu de uma história contada por Anton Schindler. Ao perguntar ao compositor qual seria a chave para esta sonata e para a sonata ‘Appassionata’, teria ouvido de Beethoven: “Leia A Tempestade de Shakespeare”.

É verdade que Schindler não é o mais fiel narrador de histórias e, como ‘A Tempestade’ em alemão é ‘Der Sturm’, poderia ser que Beethoven estivesse se referindo à um livro de Christoph Christian Sturm, que estava logo ali perto dos dois, na prateleira de livros do voraz leitor Ludovico. Vá saber…

Em 2020 tivemos uma overdose, uma quase tsunami de postagens sobre Beethoven e sua obra, devido aos 250 anos de nascimento do grande compositor. Parece que todos os arquivos foram buscados e postadas neste ano. Fomos com tanta sede ao pote que as postagens sobre ele rarearam, ficaram espaçadas, e alguns de nossos colaboradores se colocaram assim, meio que de molho. Mas, creiam, nosso gosto e interesse pela música de Beethoven e pelas suas gravações continuam altíssimos por aqui. Sempre que me deparo com um lançamento novo, ou mesmo um relançamento de suas obras, entre os miles de discos que recebemos diariamente aqui na repartição, fico logo tentado a postar.

O disco do Haefliger eu vi logo na época do seu lançamento, lá em 2022, mas por alguma razão, caiu numa pasta de outras obras e ficou meio que esquecido. Agora, com minhas incursões pela plataforma TIDAL me dei com ele novamente e o ouvi de novo e de novo.

Alfred Brendel

Como estava também em busca de gravações mais antigas, mas não jurássicas, acabei ouvindo a gravação feita ao vivo por Alfred Brendel, mas a de seu segundo ciclo (digital) para a Philips. Como gostei muito dos dois discos, achei que deveria dividir com vocês.

As sonatas reunidas no Opus 31 foram compostas no início do novo século (XIX) e marcam uma tomada nova de rumos, o período ‘Clássico’ é deixado cada vez mais para trás. Esta seria  última vez que ele reunia três sonatas em um número de opus, as anteriores foram aquelas dos Opus 2 e  Opus 10. Essa era uma prática, de reunir grupos de 12, 6 ou 3 peças numa edição, que se estendera do período barroco para o clássico, que facilitava a venda das partituras.

Andreas numa postura mais romântica para interpretar as sonatas do grande Ludovico

Recentemente postei um disco do Andreas Haefliger mais jovem interpretando sonatas para piano de Mozart e agora temos a oportunidade de ouvi-lo em um trabalho mais recente. Ele tem sido ativo como pianista solo, gravando sonatas de Beethoven acompanhadas de algumas outra peças de outros compositores, um projeto intitulado ‘Perspectives’, mas também atua como músico de câmara e como acompanhante de cantores, como é o caso do barítono Matthias Goerne.

Já o outro pianista da postagem, Alfred Brendel, é muito conhecido e foi ativo até os primeiros anos do século XXI. Além de ter sido excelente pianista e ter deixado um legado enorme de gravações de altíssimo nível, Brendel trabalhou com pianistas mais jovens, como Imogen Cooper, Paul Lewis, Amandine Savary, Till Fellner e, mais recentemente, Kit Armstrong. Brendel também dedicou tempo acompanhando grandes cantores, como Hermann Prey e Dietrich Fischer-Dieskau.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Piano Sonata No. 16 in G major, Op. 31 No. 1
  1. Allegro vivace
  2. Adagio grazioso
  3. Rondo. Allegretto
Piano Sonata No. 17 in D minor, Op. 31 No. 2 ‘Tempest’
  1. Largo – Allegro
  2. Adagio
  3. Allegretto
Piano Sonata No. 18 in E flat major, Op. 31 No. 3 ‘The Hunt’
  1. Allegro
  2. Scherzo. Allegretto vivace
  3. Menuetto. Moderato e grazioso
  4. Presto con fuoco

Andreas Haefliger, piano

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MP3 | 320 KBPS | 161 MB

Caso você tenha acesso às plataformas de distribuição de músicas, aqui está uma possibilidade para a audição:

TIDAL

Collectors who’ve followed Haefliger’s Beethoven over the course of his earlier ‘Perspectives’ series will not be surprised by the high craft and musical intelligence throughout this release. Gramophone MagazineApril 2022

Haefliger groups together the three sonatas of Op 31, and plays them without any self-indulgence, but with a finely calculated combination of exuberant bravura and beautifully controlled introspection.

The Guardian 3rd February 2022

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Piano Sonata No. 16 in G major, Op. 31 No. 1
  1. Allegro vivace
  2. Adagio grazioso
  3. Allegretto
Piano Sonata No. 17 in D minor, Op. 31 No. 2 ‘Tempest’
  1. Largo – Allegro
  2. Adagio
  3. Allegretto
Piano Sonata No. 18 in E flat major, Op. 31 No. 3 ‘The Hunt’
  1. Allegro
  2. Scherzo (Allegretto vivace)
  3. Menuetto (Moderato e grazioso)
  4. Presto con fuoco

Alfred Brendel (piano)

Recorded: 1992-11
Recording Venue: “The Maltings”, Concert Hall, Snape

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MP3 | 320 KBPS | 166 MB

‘These compelling performances from Brendel, which have great spontaneity […] and also benefit from excellent recorded sound.’

Aproveite!

René Denon

Alfred (Brendel, é claro) riu à beça ao ser interpelado por um dos membros do PQP Bach staff se ele era o ator do mordomo do Batman…

Caso você tenha acesso às plataformas de distribuição de músicas, aqui está uma possibilidade para a audição:

 

 

.: interlúdio :. Rhythm, Melody and Harmony ∞ Cyrus Chestnut (piano), Stacy Dillard (sax), Gerald Cannon (bass), Chris Beck (drums) ֎

.: interlúdio :. Rhythm, Melody and Harmony ∞ Cyrus Chestnut (piano), Stacy Dillard (sax), Gerald Cannon (bass), Chris Beck (drums) ֎
The future is bright with great possibilities for Cyrus. Expect once again this year to hear a unique and unforgettable recording that only can come from someone like Cyrus Chestnut.

Essa é a frase final do texto sobre o pianista Cyrus Chestnut na página de The Kennedy Center e está aí, cumprida como uma profecia – este disco da postagem acaba de ser lançado – 25/04/2025. Eu não conhecia qualquer outro disco dele, mas fui atraído pelo seu nome – Chestnut – e pelo nome do disco – Ritmo, Melodia e Harmonia.

Eu que tenho feito um esforço de ouvir música gravada mais recentemente possível, como você pode ter visto em minhas últimas postagens, dedicadas à chamada música clássica, pode imaginar como fiquei feliz em ouvir um disco que achei ótimo, lindo, com música de jazz.

Veja como um texto de ‘The Guardian’ fala de um outro disco de Cyrus Chestnut, e que poderia ser adaptado facilmente para descrever este aqui:

The Baltimore-born Cyrus Chestnut is a wonderful pianist, rather like Oscar Peterson in his heyday: one of the rare kind who isn’t forever trying to impress you. He doesn’t need to try. Now in his late 50s, he has been playing since, as a small child, he watched his father’s hands “in a passionate relationship with the piano”.

Among Chestnut’s many attractive points is his leaning towards melody. These tracks are full of tunes, some composed by him, some already well known, and some that just turn up in the course of playing.

Cyrus Chestnut, nascido em Baltimore, é um pianista maravilhoso, parecido com Oscar Peterson em seu auge: um daqueles raros pianistas que não estão sempre tentando impressionar. Ele não precisa se esforçar. Agora com quase 60 anos, ele toca desde que, ainda criança, observava as mãos do pai “numa relação apaixonada com o piano”.

Entre os muitos pontos positivos de Chestnut está sua inclinação para a melodia. Estas faixas estão repletas de melodias, algumas compostas por ele, algumas já conhecidas e outras que simplesmente surgem no decorrer da execução.

Sobre este disco, a maioria das músicas são do próprio Cyrus, menos três delas. As clássicas ‘Autumn Leaves’ e Moonlight in Vermont’, sendo que nesta última o pianista a interpreta solo. Em todas as outras ele é acompanhado pelos outros três (excelentes) músicos. Além das duas clássicas lindíssimas músicas, ‘There is a Fountain’ é uma referência direta às suas raízes – Cyrus cresceu frequentando a Mount Calvary Baptist Church, em Baltimore.

Rhythm, Melody and Harmony

  1. Cured and Seasoned
  2. Autumn Leaves
  3. Ami’s Dance
  4. Prelude for George
  5. Twinkle Tones
  6. Song for the Andes
  7. Big Foot
  8. Moonlight in Vermont
  9. There Is a Fountain

Cyrus Chestnut, piano

Stacy Dillard, saxophone

Gerald Cannon, bass

Chris Beck, drums

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MP3 | 320 KBPS | 121 MB

Caso você tenha acesso às plataformas de distribuição de músicas, aqui está uma possibilidade para a audição:
Aproveite!

René Denon

Wagner (1813 – 1883): Trechos Orquestrais de Óperas – The Philadelphia Orchestra & Eugene Ormandy ֎

Wagner (1813 – 1883): Trechos Orquestrais de Óperas – The Philadelphia Orchestra & Eugene Ormandy ֎

Wagner, sem palavras!

Eu não consigo pensar na música de Wagner sem lembrar da frase ‘When the fat lady sings’. Na verdade, uma variação de ‘It ain’t over till the fat lady sings’.

Essa frase foi usada no mundo do baseball originalmente com o sentido de que a história do jogo só é contada no final, por certo uma obviedade, mas pode haver algo aí.

O jornalista que a usou certamente tinha em mente a última parte de ‘O Anel do Nibelungo’, o famoso ‘Crepúsculo dos Deuses’, pois o mundo está a se acabar, mas não antes que a valquíria Brünnhilde cante assim por uns vinte minutos. Portanto, nada acaba antes que a senhora gorducha cante!

Wagner é um compositor de óperas, mas sua música tem longos trechos orquestrais e ele foi inovador na maneira como lidou com a orquestra. Ele não era uma boa pessoa, mas foi um compositor inovador e influente, basta lembrar dos leitmotivs. É, portanto, comum que haja concertos com trechos dessas óperas, às vezes com cantores, mas em muitos casos apenas com orquestras. Essencialmente todos regentes famosos (e também os nem tão famosos assim) deixaram gravações que poderiam ser chamadas ‘Wagner sem Palavras’. Só para não deixar de mencionar alguns: Böhm, Klemperer, Szell, Solti, Abbado, Karajan, Kempe, Kubelik, Tennstedt.

Eugene tentando tirar um som das cordas da PQP Bach Sinfonietta

Eu tenho ouvido alguns discos gravados por Eugene Ormandy e a Orquestra da Filadélfia – foram lançadas duas coleções com as suas muitas gravações. Ormandy não é um nome que me ocorre normalmente quando escolho alguma música para ouvir, mas seu legado é impressionante e não dá para simplesmente ignorar o cara.

Entre os discos que ouvi mais do que uma vez estão estes dois com trechos de música de Wagner, gravados em 1959 (The Glorious Sound of Wagner) e 1963 (Magic Fire). O epíteto ‘glorious sound’ certamente poderia ser atribuído ao som da Orquestra da Filadélfia, uma das grandes orquestras dos Estados Unidos e que esteve por muito tempo sob a direção de Eugene Ormandy.

Os discos oferecem uma ótima seleção de trechos, numa remasterização recente. Tannhäuser, Lohengrin e Die Meistersinger Von Nürnberg oferecem abertura e prelúdios. As Valquírias trazem o tal Fogo Mágico e uma Cavalgada. Tristão oferece um prelúdio e Isolda morre de amores, Siegfried vai murmurando pelos bosques e tudo termina com o seu Ídilio.

Ótima música de um excelente compositor que, definitivamente, não foi um ‘good guy’.

Richard Wagner (1813 – 1883)

The Glorious Sound Of Wagner

  1. Prelude To “Lohengrin” (Act III)
  2. Waldweben (Forest Murmurs) From “Siegfried”
  3. Prelude To Act III: Dance Of The Apprentices; Entrance Of The Meistersingers From “Die Meistersinger Von Nürnberg”
  4. Overture And Venusberg Music From “Tannhäuser”
  5. Siegfried-Idyll

The Philadelphia Orchestra

Eugene Ormandy

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MP3 | 320 KBPS | 152 MB

Magic Fire Music

  1. Festmarsch From “Tannhäuser”
  2. Prelude To “Lohengrin,” Act III
  3. Magic Fire Music From “Die Walkure”
  4. The Ride Of The Valkyries From “Die Walkure”
  5. “Tannhäuser” Overture
  6. Love-Death From “Tristan Und Isolde”

The Philadelphia Orchestra

Eugene Ormandy

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MP3 | 320 KBPS | 154 MB

Seção ‘The Book is on the Table’: Of course everyone has their preferences but one cannot deny that the rich strings and mellow Philadelphia brass serve Wagner well. This is Wagner the beautiful and serene, but drama and power are there when needed. Die Meistersinger marches with joy and majesty.

Aproveite!

René Denon

 

.: interlúdio :. Duetos ∞ Chico Buarque e Amigos ֎

.: interlúdio :. Duetos ∞ Chico Buarque e Amigos ֎

Bacalhaus, no mar, em Portugal, fazem
Façamos, vamos amar…

Eu ouvi este disco pela primeira vez há poucos dias e fiquei simplesmente mesmerizado. Ouço no caminho para o trabalho, na hora do descanso, enquanto ando pela casa procurando coisas para fazer.

E agora o disco provocou uma onda de buscas por outras coisas com ele relacionadas. Estou ouvindo os dois ótimos LPs de Miúcha e Tom Jobim. Esses eu conhecia.

A primeira canção do disco, uma verdadeira ‘âncora’ que nos prende a ele, é uma tradução (feita por Carlos Rennó) de uma canção de Cole Porter. A original eu conhecia, mas não lembrava onde estava. Imediatamente essa canção me fez lembrar das gravações em dueto reunindo Ella Fitzgerald e Louis Armstrong. É claro que na nossa versão Louis usa saias…

Algumas outras faixas do disco eu conhecia de outros projetos ou mesmo de ouvir no rádio.

Na minha busca da canção de Cole Porter a encontrei nas gravações Ella & Louis, mas aí ela é interpretada apenas pelo Satchmo, Ella deve ter ido tomar um cafezinho nessa. Na coleção de songbooks, no disco de Cole Porter, Ella Fitzgerald canta o Let’s Do It (Let’s Fall in Love). Mas o dueto Chico Buarque e Elza Soares é um primor. O contraste das duas vozes apimenta a brincadeira. Veja como ela canta o verso ‘Gatinhas com seus gatões fazem, tantos gritos de ais’. Inesquecível!

Nas 14 canções do disco, em cada uma delas Chico está acompanhado de um parceiro ou uma parceira diferente. Só Tom Jobim aparece em duas, mas em uma dela a Miúcha também canta. E como são diversas e diferentes essas parcerias, assim como os estilos musicais. Chama a atenção como Chico se adapta cantando assim com um ou assado com outra, dependendo dos diferentes estilos.

Os sotaques dos ‘estrangeiros’ dão um charme a mais ao disco, como na malandrice da deliciosa Rosa, cantada com Sergio Endrigo. No início da canção ouvimos ‘Arrasa o meu projeto de vida’ e, logo mais, ‘Ah, Rosa, e o meu projeto de vida?’.

‘A Mulher do Aníbal’, de Jackson do Pandeiro, cantada em parceria com Zeca Pagodinho é outra espetacular, assim como ‘Desalento’, em compadrice com Mestre Marçal, de entregar os pontos. Carcará, com João do Vale, é afiada como bico de gavião, uma verdadeira força da natureza.

E o Jonny Alf, Seu João Alfredo, brincando com Seu Chopin? Miles de maravilhes.

Os hermanos, Pablo Milanés e Ana Belén, contribuem com duas canções inesquecíveis – basta ouvir uma vez só e verá que será eternamente Yolanda. Em ‘Piano na Mangueira’, Dionne Warwick mostra que poderia ser assim uma prima de alguma dama do samba – Dona Ivone Lara, talvez? Como é lindo ouvi-la cantar em português.

‘Dinheiro em Penca’ e ‘Não Sonho Mais’, esta última com Elba Ramalho, são dois ‘tours de force’, para fechar o disco com vontade de ouvir de novo.

É provável que todos vocês conheçam já o disco, mas se você é como eu e ainda não havia ouvido falar dele, corra e baixe rapidinho. Esse é ‘papa-fina’!

  1. “Façamos” (de Cole Porter; versão de Carlos Rennó; com Elza Soares)
  2. “Desalento” (de Chico Buarque e Vinicius de Moraes; com Mestre Marçal)
  3. “Sem você” (de Tom Jobim e Vinicius de Moraes; com Tom Jobim)
  4. “Mar y Luna” (de Chico Buarque e adaptação de San José; com Ana Belén)
  5. “Dueto” (de Chico Buarque, com Nara Leão)
  6. “A mulher do Aníbal” (de Genival Macedo e Nestor de Paulo; com Zeca Pagodinho)
  7. “A Rosa” (de Chico Buarque; com Sergio Endrigo)
  8. “Até pensei” (de Chico Buarque; com Nana Caymmi)
  9. “Seu Chopin, desculpe” (de Johnny Alf, com Johnny Alf)
  10. “Yolanda” (de Pablo Milanés, com Pablo Milanés)
  11. “Carcará” (de João do Vale e José Cândido; com João do Vale)
  12. “Piano na Mangueira” (de Tom Jobim e Chico Buarque; com Dionne Warwick)
  13. “Dinheiro em penca” (de Tom Jobim e Cacaso; com Miúcha e Tom Jobim)
  14. “Não sonho mais” (de Chico Buarque; com Elba Ramalho)

Com Chico Buarque

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MP3 | 320 KBPS | 138 MB

Chico e Vinicius França (creio) recebendo o zap da equipe do PQP Bach dizendo que a postagem estava quase pronta…

Disco coletânea reunindo gravações de diversos artistas, em dueto com Chico Buarque. Projeto e produção executiva: Vinicius França. Coordenação de produção: Adriana Ramos e Hugo Pereira Nunes. Assistente de produção: Paula Mello.

Formidável!

René Denon

Johannes Brahms (1833 – 1897): Música de Câmara com Clarinete – Laura Ruiz Ferreres e Christoph Berner (piano) – Danjulo Ishizaka (violoncelo) – Mandelring Quartet ֎

Johannes Brahms (1833 – 1897): Música de Câmara com Clarinete – Laura Ruiz Ferreres e Christoph Berner (piano) – Danjulo Ishizaka (violoncelo) – Mandelring Quartet ֎

Após compor o Quinteto para Cordas nº 2 em Sol maior, Brahms sinalizou sua intenção de encerrar o expediente. Mas então, em março de 1891, ele ouviu Mühlfeld tocar o Concerto para Clarinete nº 1 de Weber e o Quinteto para Clarinete de Mozart, e sua decisão evaporou.

“Ninguém consegue tocar clarinete com mais beleza do que o Sr. Mühlfeld”, escreveu Brahms a Clara Schumann. “Os clarinetistas de Viena e de muitos outros lugares são bastante bons em orquestra, mas, quando tocam uma peça solo, não proporcionam algum prazer verdadeiro.”

Lá por 1890 Hannes havia deixado a barba crescer e decidido pendurar a pena e as pautas, vestindo então o pijama de compositor. Ele só fazia passear e tomar chá com os amigos e amigas. Num desses passeios até Meiningen ele ouviu um clarinetista interpretar obras de Mozart e Weber e ficou encantado com essas interpretações. O cara chamava-se Richard Bernhard Herrmann Mühlfeld e eles tornaram-se amigos. Ao contrário do genioso e rabugento Johannes, Richard era boa praça e convenceu Brahms a compor música com clarinete. Assim, no verão de 1891, Brahms, Mühlfeld e o Quarteto Joachim (de outro famoso amigo de Hannes) estrearam o Trio para clarinete, violoncelo e piano, assim como o Quinteto para Clarinete.

Richard Mühlfeld

Alguns anos depois, depois de uma série de belíssimas peças curtas para piano, mais uma vez Brahms dedicou seus talentos ao clarinete. Em 1894, passando uns dias em Ischl, compôs as duas sonatas para piano e clarinete, que foram estreadas em caráter privado pelos dois amigos no Palácio de Berchtesgarden. Depois, novamente as tocaram para Clara Schumann, em uma passagem pela casa da famosa pianista. Veja como eram essas visitas, numa descrição feita por uma das suas filhas: A filha Eugenie ficou impressionada como “a casa parecia ter se enchido de vida assim que Brahms pôs os pés nela”. Ele os entreteve com piadas e histórias sobre uma operação que Billroth lhe descrevera, ou contando-lhes sobre as novas peças de Dvořák, ou como Joachim, que dormia como uma pedra quando estavam em turnê juntos, era um péssimo jogador de cartas. Além disso, eles tocaram as sonatas para clarinete com Mühlfeld, Clara virando as páginas, sorrindo.

E eu, que tenho passado por um período imerso em música com clarinete, dei com esse álbum com essas peças compostas por Brahms, obras de câmara com clarinete. Tanto ouvi que ando por aí a assobiar os trechos mesmo sem me dar por isso.

Laurafeliz por aparecer no PQP Bach…

A clarinetista Laura Ruiz Ferreres está perfeita nesse álbum, fazendo jus aos apelidos que Brahms deu ao seu amigo Mühlfeld: Fräulein Klarinette, Meine Prima donna e O Rouxinol da Orquestra. Desde 2010 ela é professora de clarinete da muito respeitada Hochschule für Musik und Darstellenden Kunst em Frankfurt. Sua maneira de tocar o clarinete é imaculada e extraordinariamente expressiva. Nas obras para clarinete de Brahms há uma enorme variedade de dinâmicas e ela as superou sem qualquer imperfeição. Seus pianíssimos são particularmente estonteantes.

Johannes Brahms (1833 – 1897)

 Clarinet Trio in A minor, Op. 114
  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Andante grazioso
  4. Allegro
Clarinet Sonata No. 1 in F minor, Op. 120 No. 1
  1. Allegro appassionato
  2. Andante un poco adagio
  3. Allegretto grazioso
  4. Vivace
Clarinet Sonata No. 2 in E flat major, Op. 120 No. 2
  1. Allegro amabile
  2. Allegro, molto appassionato
  3. Andante con moto – Allegro
Clarinet Quintet in B minor, Op. 115
  1. Allegro
  2. Adagio – Più lento
  3. Andantino – Presto non assai, ma con sentimento
  4. Con moto

Laura Ruiz Ferreres, clarinete

Christoph Berner, piano

Danjulo Ishizaka, violoncelo

Mandelring Quartet

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MP3 | 320 KBPS | 229 MB

Hannes e amigos…

It is well-known that Brahms was so impressed by the playing of clarinetist Richard Mühlfeld, the principal clarinetist of the vaunted Meiningen Court Orchestra, that he more or less came out of retirement and wrote four late works (Opp. 114, 115, and Op. 120, Nos. 1 and 2) for him and even appeared as pianist with him playing those that included piano. It is for good reason that these late works are among the most treasured by Brahmsians, partly because of the mellow sound of the clarinet, and partly because of the serene, wise and autumnal nature of the works. They are not probably the most popular works among the general public. But they are jewels of the first rank. And on these two hybrid-SACDs they are given spectacularly musical performances.

This recording of the complete chamber music works for clarinet by Johannes Brahms is presented with first-rate interpreters: Laura Ruiz Ferreres, one of the most gifted clarinettists of her generation, and pianist Christoph Berner.

Internationally renowned cellist Danjulo Ishizaka and the Mandelring Quartet complete the superb line-up of instrumentalists for this recording.

Aproveite!

René Denon

O Senhor Clarinete!

JS Bach (1685 – 1750): Motetos BWV 225 – 230 – Pygmalion & Raphaël Pichon ֎

JS Bach (1685 – 1750): Motetos BWV 225 – 230 – Pygmalion & Raphaël Pichon ֎

De volta para o futuro…

Imagine que você foi acometido de uma amnésia musical, teve todas as lembranças de discos e audições de intérpretes preferidos varridas de sua memória. Suponha também que tudo o que você dispõe para reconstruir (ou construir, uma vez que não ficaram lembranças) seu gosto musical, suas preferências por repertório e intérpretes, são discos recentes, recém lançados ou lançados a não mais do que dois anos… Só as novidades!

Lembram? Pois então, em outra postagem nesta linha – De volta para o futuro – visitamos outra coleção de obras de Bach que consegue alcançar níveis altíssimos, mesmo para os padrões do padroeiro do blog: a coleção dos motetos.

Essas obras maravilhosas são o ápice de um gênero que já era arcaico nos dias de Bach e vinha sendo praticada inclusive por membros de sua família de gerações anteriores.

Mesmo que eu não houvesse ouvido interpretações dessas obras que eu adoro, se ouvisse apenas essa gravação dos motetos de Bach, garanto-vos, apaixonar-me-ia completamente por eles. O disco é espetacular. Há essencialmente duas maneiras de interpretar essas obras – a capela ou coro acompanhado por um grupo de instrumentos do tipo baixo contínuo. Nesta gravação adota-se a segunda opção, com um grupo é de seis instrumentos, incluindo alaúde e teorba.

Além dos seis motetos (atribuídos) a Bach, esta gravação inclui outras quatro peças de compositores bem anteriores a Bach, intercaladas entre os motetos. Dessa forma, os intérpretes seguem uma tradição dos dias de Bach, que intercalava com peças antigas, conhecidas das congregações, as peças mais recentemente compostas. Veja que os motetos têm suas letras em alemão e as outras peças são em latim.

Raphaël Pichon

Os motetos de Bach são bastante diferentes uns dos outros, assim como os Concertos de Brandemburgo. O disco começa e termina com dois dos mais festivos. Lobet den Herrn, alle Heiden começa exortando-nos a louvar o Senhor e Singet dem Herrn ein neus Lied é exatamente o que Bach fez, cantou muitas novas canções para o Senhor. Entre essas duas lindas peças, outros três motetos relativamente curtos: o contrito Komm, Jesu, Komm; aquele que trata do Espírito elevando nossas faltas (Der Geist hilft unser Schwachheit auf); o que eu acho especialmente reconfortante, Fürchte dich nicht, ich bin bei dir – Não tenhas medo, eu estou com você. Além destes três, temos o moteto que afirma: Jesu, meine Freude, o mais longo e possivelmente o mais conhecido.

O coro e orquestra Pygmalion com seu regente Raphaël Pichon já andou aqui pelo blog gravações que poderiam ser consideradas da mesma série: De volta para o futuro! Veja a seguir, se você não percebeu ou se já esqueceu…

Bach (1685 – 1750): Matthäus Passion – Ensemble Pygmalion & Raphaël Pichon ֎

J. S. Bach (1685-1750): Missae Breves, BWV 234 & 235 (Pygmalion)

Neste lançamento, a abertura do disco, a primeira faixa, Lobet den Herrn, alle Heiden, inicia com um tuti: cantores e instrumentistas abrem os trabalhos num acorde felicíssimo. Esse primeiro moteto tem uma parte central mais lenta e termina em grandes aleluias…

A peça que segue é de Vincenzo Bertolusi, uma cantilena em latim, que estabelece o tom do próximo moteto de Bach, o Komm, Jesu, Komm, com as diferentes vozes se alternando, cheio de pausas e mudanças de andamento. E depois o moteto do Espírito, Der Geist hilft unser Schwachheit auf. A obra de Bertolusi é intitulada Osculetur me osculo oris sui (Ele me beijou com o beijo da boca), que certamente vem do Cântico dos Cânticos.

Esses dois lindos motetos são seguidos de uma obra de Hieronimus Praetorius, um canticum sacrum, que os cantores devem ter adorado cantar, pois termina em outra linda série de aleluias, ressoando de uma voz para a outra.

Então temos o moteto que eu particularmente gosto, o Não tenhas medo, seguido de uma peça de Jacobus Gallus, em latim, dizendo: Veja como morrem os justus, ao qual seguirá o enorme Jesu, meine Freude. A propósito, quatro dos motetos foram escritos especialmente para funerais.

Depois do motetão, uma peça da ensolarada Itália, de Veneza, composta por Giovanni Gabrieli, Jubilate Deo, que nos prepara para a última peça do disco, Cante ao Senhor um canto novo! Um programa musical sem defeitos. Mas, se você é mais purista, pode facilmente arranjar para ouvir os seis motetos de Bach sem as outras peças. De qualquer forma, achei o disco altamente viciante.

Essas peças são religiosas, mas mesmo que você não seja assim, tão carola, ou desconfie mais do que crê, não hesite em ouvir o disco, pois a música é boa, ótima mesmo, e o coro vai te colocar para dançar em diversas partes.

 Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

 Lobet den Herrn, alle Heiden, BWV 230
  1. Lobet den Herrn, alle Heiden

Vincenzo Bertolusi (1550 – 1608)

 Promptuarium musicum, Pars Tertia
  1. Osculetur me osculo oris sui

Johann Sebastian Bach

 Komm, Jesu, komm, BWV 229
  1. Komm, Jesu, komm
 Der Geist hilft unser Schwachheit auf, BWV 226
  1. Der Geist hilft unser Schwachheit auf

Hieronimus Praetorius (1560 – 1629)

 Cantiones sacrae de praecipuis festis totius anni
  1. Tulerunt Dominum meum

Johann Sebastian Bach

 Fürchte dich nicht, ich bin bei dir, BWV 228
  1. Fürchte dich nicht, ich bin bei dir

Jacobus Gallus (1550 – 1591)

 Opus musicum
  1. Ecce quomodo moritur justus

Johann Sebastian Bach

Jesu, meine Freude, BWV 227
  1. Jesu, meine Freude
  2. Unter deinen Schirmen
  3. Denn das Gesetz des Geistes
  4. Trotz dem alten Drachen
  5. Ihr aber seid nicht fleischlich
  6. Weg mit allen Schätzen
  7. So aber Christus in euch ist
  8. Gute Nacht, o Wesen
  9. So nun der Geist
  10. Weicht, ihr Trauergeister

Giovanni Gabrieli (1554/57 – 1612)

Symphoniae sacrae I
  1. Jubilate Deo

Johann Sebastian Bach

Singet dem Herrn ein neues Lied, BWV 225
  1. Singet dem Herrn ein neues Lied
  2. Wie sich sein Vater erbarmet
  3. Lobet den Herrn in seinen Taten

Pygmalion

Raphaël Pichon

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MP3 | 320 KBPS | 190 MB

J.S. Bach’s six authenticated motets are perfectly crafted, audacious, and mesmerizingly inventive, fully conveying the emotional and theological import of their text. They also demand extraordinary virtuosity from the singers, a requirement fully met in this new recording.

The recording is first-rate, clear with just enough room ambiance to warm the choral sound and with a well-balanced continuo group. Pichon’s thoughtful introductory notes clearly show his love of this music

A revista inglesa BBC Music Magazine disse: Pichon favours brisk tempos and draws lively and crisply articulated singing from his vocal ensemble. Textures are luminous and transparent, though just occasionally I found phrases a shade too clipped. But these are performances that are fullblooded and generously endowed with illustrative vocal gestures which enhance the text. Indeed, the attention afforded the texts is one of the great virtues of this singing.

Além disso, deu apenas quatro em cinco estrelas para o lançamento. Eu acho que é bairrismo ou mesmo dor-de-cotovelo.

Aproveite!

René Denon

JS Bach (1685 – 1750): Concertos para piano e orquestra BWV 1052 • 1053 • 1054 • 1056 – Amsterdam Sinfonietta & Beatrice Rana ֎

JS Bach (1685 – 1750): Concertos para piano e orquestra BWV 1052 • 1053 • 1054 • 1056 – Amsterdam Sinfonietta & Beatrice Rana ֎

De volta para o futuro…

Imagine que você foi acometido de uma amnésia musical, teve todas as suas lembranças de discos e audições de intérpretes preferidos varridas de sua memória. Suponha também que tudo o que você dispõe para reconstruir (ou construir, uma vez que não ficaram lembranças) seu gosto musical e suas preferências por repertório e intérpretes são discos recentes, recém lançados ou lançados a não mais do que dois anos… Só as novidades!

É claro, é um hipotético exercício, pois que estaremos sempre contaminados pelas nossas lembranças e preferências já estabelecidas, mas gostei de pensar nisso.

O que me levou a considerar essa não tão original ideia foi uma sequência de discos recém lançados, lindos, excelentes, cativantes, viciantes em alguns casos. Estou a ponto de dizer que voltaria a gostar das mesmas músicas que já adoro, a despeito de todas as gravações e lembranças que acumulei nessas muitas décadas de audições. Assim, decidi fazer uma série de postagens desses tais discos ‘novos’ que tem me dado tanto prazer ultimamente e espero que você possa, ao ouvi-los, desfrutar de suas maravilhas e entender em parte essa minha teoria. Ou seja, seria possível em relativo pouco tempo construir uma discoteca que molde um gosto musical parecido com o seu já estabelecido, apenas com ‘novidades’? Ou então, deixe isso tudo para lá e simplesmente desfrute do que realmente importa: a música.

O primeiro desses discos recentes que tenho ouvido e ouvido de novo é esta coleção de magníficos concertos para teclado de João Sebastião Ribeiro, interpretados pela excelente e espantosamente espetacular Beatrice Rana, acompanhada pela Amsterdam Sinfonietta.

O som, assim como tudo mais no disco, é ótimo! Parece que estamos lá, pertinho deles, desfrutando dessa maravilhosa interação entre a solista e a orquestra, refletindo o enorme prazer de produzir música tão boa. Independentemente da longa linha de excelentes intérpretes dessa música, esse disco me faz cair no encanto e me apaixonar por essas obras de novo… E você, o que me diz?

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Keyboard Concerto No. 1 in D minor, BWV1052
  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Allegro
Keyboard Concerto No. 2 in E major, BWV1053
  1. I —
  2. Siciliano
  3. Allegro
Keyboard Concerto No. 3 in D major, BWV1054
  1. Adagio e piano sempre
  2. Allegro
Keyboard Concerto No. 5 in F minor, BWV1056
  1. Largo
  2. Presto

Beatrice Rana (piano)

Amsterdam Sinfonietta

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Beatrice achando o sofá do PQP Bach launge um ‘luxo’…

Exploring the myriad possibilities of Bach on the piano, Beatrice Rana engages in intimate and illuminating dialogue with the Amsterdam Sinfonietta in four of the composer’s keyboard concertos. For the New York Times, Rana’s distinction as an interpreter of Bach lies in “preternatural sensitivity, sophistication and control, along with a touch of magic.” She describes the composer as “an important figure in my life … My piano studies began when I was very young and Bach was there from the very start.” […] For Beatrice Rana, part of the genius of Bach’s music lies in the way it “transcends its era and the musical technologies of its time and still feels modern to listeners today.

Explorando as inúmeras possibilidades de Bach no piano, Beatrice Rana se envolve em um diálogo íntimo e esclarecedor com a Amsterdam Sinfonietta em quatro dos concertos para teclado do compositor. Para o New York Times, a distinção de Rana como intérprete de Bach está na “sensibilidade sobrenatural, sofisticação e controle, junto com um toque de magia”. Ela descreve o compositor como “uma figura importante na minha vida… Meus estudos de piano começaram quando eu era muito jovem e Bach estava lá desde o início”. […] Para Beatrice Rana, parte da genialidade da música de Bach está na maneira como ela “transcende sua era e as tecnologias musicais de seu tempo e ainda parece moderna para os ouvintes de hoje”.

https://www.youtube.com/watch?v=9A2YSn_duR4

Beatrice Rana performs the first movement of Bach’s energetic Keyboard Concerto No. 1 in D Minor, BWV 1052. This iconic concerto […] displays, in her own words, “Bach’s unmistakeable personal fingerprint”. Performed with the Amsterdam Sinfonietta, this recording showcases musical intimacy and interaction.

Beatrice Rana executa o primeiro movimento do energético Concerto para Teclado nº 1 em Ré Menor, BWV 1052, de Bach. Este concerto icônico […] exibe, em suas próprias palavras, “a inconfundível impressão digital pessoal de Bach”. Executada com a Amsterdam Sinfonietta, esta gravação mostra intimidade e interação musical.

Aproveite!

René Denon

Se você gostou desta postagem, talvez queira visitar essa aqui:

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Variações Goldberg (Beatrice Rana)

O pessoal do Dept. de Artes do PQP Bach Ed. Co., sempre solicito, mas nem sempre preciso, mandou essa ilustração para a postagem, sei lá por que…

Mozart (1756 – 1791) – Beethoven (1770 – 1827) – Brahms (1833 – 1897): Música de Câmara com clarinete – Gervase de Peyer & membros do Melos Ensemble ֎

Mozart (1756 – 1791) – Beethoven (1770 – 1827) – Brahms (1833 – 1897): Música de Câmara com clarinete – Gervase de Peyer & membros do Melos Ensemble ֎

Aqui estão, diretos do Túnel do Tempo, outros dois discos que contêm as peças que formaram um CD comemorativo da passagem de duzentos anos da morte de Mozart. Esse disco foi mencionado em postagem anterior, com os trios de Ravel e Mozart. As outras duas peças, além do Trio de Mozart, são um Quinteto com Piano e Sopros, que serviu de modelo para uma obra semelhante composta pelo jovem Ludovico, e o Trio “Kegelstatt”, do qual faz parte um clarinete. O Quinteto com Piano e Sopros faz dobradinha exatamente com a obra de Beethoven e o Trio “Kegelstatt” faz dobradinha com o maravilhoso, espetacular, Quinteto para Clarinete e Cordas.

Esta gravação do lindo Quinteto para Clarinete foi também agrupada em um CD com a gravação do Quinteto com a mesma formação, composto por Brahms, no período no qual ele andou de amores com o som do clarinete. Assim, temos dois LPs restaurados digitalmente mais um bônus – o Quinteto com Clarinete de Johannes Brahms.

G de Peyer

Sobre Gervase de Peyer, sabemos que chamou a atenção ao interpretar o solo do Concerto para clarinete de Mozart numa transmissão da BBC quando tinha ainda apenas 16 anos. Foi o principal clarinetista da London Symphony Orchestra de 1955 até 1972, quando foi forçado a declinar do posto por estar atuando também em Nova Iorque. Mas, por volta de 1970, juntamente com outros membros da LSO fundou o Melos Ensemble. Esses músicos queriam tocar música de câmara, com diversas combinações de instrumentos. Alguns dos outros membros fundadores também aparecem aqui nas gravações, como Cecil Aranowitz (viola), Richard Adeney (flauta), Emanuel Hurwitz (violino), Osian Ellis (harpa) e Lamar Crowson (piano). Podiam tocar músicas como o Septeto de Beethoven, os Octetos de Schubert e Mendelssohn. Essas peças reunidas aqui nos dão uma ideia de como eles tinham amor pela música e prazer em tocar em pequenos grupos.

CD1

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Trio em mi bemol maior para clarinete, viola e piano, K.498
  1. Andante
  2. Menuetto And Trio
  3. Allegretto
Quinteto em lá maior para clarinete e cordas, K.581
  1. Allegro
  2. Larghetto
  3. Menuetto – Trios I & II
  4. Allegretto Con Variazioni

Johannes Brahms (1833 – 1897)

Quinteto em si menor para clarinete e cordas, Op. 115
  1. Allegro
  2. Adagio – Piu lento
  3. Andantino – Presto non assai, ma con sentimento
  4. Con moto

Melos Ensemble Of London

Gervase de Peyer, clarinete
Cecil Aronowitz, viola
Lamar Crowson, piano (trio)
Terence Weil, violoncelo (quintetos)
Emanuel Hurwitz & Ivor McMahon, violinos (quintetos)

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CD2

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Quinteto em mi bemol maior, K.452
  1. Largo – Allegro moderato
  2. Larghetto
  3. Rondo (Allegretto)

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Quinteto em mi bemol maior, Op.16
  1. Allegro, ma non troppo
  2. Andante cantabile
  3. Rondo (Allegro, ma non troppo)

Melos Ensemble Of London

Gervase de Peyer, clarinete
William Waterhouse, fagote
Neil Sanders, trompa
Peter Graeme, opoé
Lamar Crowson, piano

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The clarinettist Gervase de Peyer first made his mark with a BBC broadcast of the Mozart concerto at the age of 16, while still a schoolboy. He went on to become the outstanding player of his generation, developing a warm, flexible sound that made extensive use of vibrato, particularly in the lower register, and inspired many new compositions.

Aproveite!

René Denon

Melos Ensemble na formação de quinteto para clarinete e cordas…

Ravel (1875 – 1937) & Mozart (1756 – 1791): Trios com piano – Louis Kentner (piano) – Yehudi Menuhin (violino) – Gaspar Cassadó (violoncelo) ֎

Ravel (1875 – 1937) & Mozart (1756 – 1791): Trios com piano – Louis Kentner (piano) – Yehudi Menuhin (violino) – Gaspar Cassadó (violoncelo) ֎

Direto do Túnel do Tempo

Em 1991 comprei um CD comemorativo pelos 200 anos desde a morte de Mozart, que reunia algumas das suas obras de câmara. Os CDs eram ainda recentes e as gravadoras buscavam qualquer ocasião para buscar gravações de seus arquivos para lançar no mercado. Deu um pouco de trabalho, mas consegui reconstruir virtualmente os LPs originais dos quais as três peças do CD foram retiradas. Aqui está o primeiro deles – uma combinação não muito usual do único trio com piano de Ravel com um dos trios com piano compostos por Mozart.

A gravação é do início dos anos sessenta, mas o ouvido rapidamente se ajusta e podemos desfrutar de um lindo programa de música de câmara interpretada por excelentes músicos que também mantinham uma grande amizade.

O pianista Louis Kentner (1905 – 1987) era húngaro de nascimento e sua formação musical foi na Hungria. Foi aluno de Leo Weiner e de Zoltán Kodály. Acompanhado por orquestra regida por Otto Klemperer interpretou o Segundo Concerto de Bartók pela primeira vez na Hungria. Posteriormente mudou-se para a Inglaterra. Sua primeira mulher, Ilona Kabós era pianista e eles apresentaram em 1942 a première da versão revisada da Sonata para dois pianos e percussão de Bartók. O casamento terminou em 1945 e ele casou-se então com Griselda Gould, irmã de Diana Menuhin, esposa de Yehudi Menuhin. Eles se aproximaram, tornaram-se amigos e passaram a se apresentar juntos e também em trio, com o violoncelista Gaspar Cassadó, como na gravação da postagem. Kentner era especialista em música de Liszt e dos húngaros, mas passou também a se dedicar à música de compositores ingleses de sua época. Foi o pianista na première do Concerto para Piano de Michael Tippett, por exemplo.

Yehudi Menuhin (1916 – 1999) dispensa apresentações, foi um dos maiores violinistas de seu tempo e também uma figura respeitada no universo musical. Deu grande contribuição para a divulgação de música clássica e foi o apresentador de uma interessante série sobre música produzida e apresentada pela BBC, que também resultou em um alentado livro. Com mente bastante aberta, Menuhin fez parcerias com músicos de diferentes áreas, como Wilhelm Kempff, Stephane Grappelli e Pandit Ravi Shankar.

Gaspar Cassadó (1897 – 1966) nasceu em Barcelona, em uma família musical e teve muito cedo seus talentos reconhecidos. Aos nove anos apresentou um concerto e foi notado por Pablo Casals, que se ofereceu para ensiná-lo. Cassadó tornou-se um dos mais famosos alunos de Casals, com quem manteve amizade por toda a vida. Cassadó também estudou piano com Enrique Granados e composição com Manuel de Falla, tendo assim uma formação musical completa.

Maurice Ravel (1875 – 1937)

Trio em lá menor
  1. Modéré
  2. Pantoum (Assez Vif)
  3. Passacaille (Très Large)
  4. Final (Animé)

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Trio In E Major, K. 542
  1. Allegro
  2. Andante Grazioso
  3. Allegro

Louis Kentner, piano

Yehudi Menuhin, violino

Gaspar Cassadó, violoncelo

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Never a pianist of virtuoso display, Kentner used his talents strictly for musical ends. Although identified particularly with the music of Chopin and Liszt, he always completely absorbed himself in a work when studying it, often delivering an interpretation that could sound introverted, particularly in his later years.

Yehudi Menuhin was a rich enigma: a gentle spirit tied to an implacable will: a perfectionist who loved amateurs and young beginners; an ascetic who relished down-to-earth pleasures.

Cassadó began his professional career as a cellist, and his playing was known for its evocative, lyrical quality and impeccable technique. His unique interpretations, coupled with his technical virtuosity, made him a sought-after performer across Europe.

Aproveite!

René Denon

Beethoven (1770 – 1827): Sonatas para violino e piano ‘Primavera’ e ‘Kreutzer’ – Maxim Vengerov (Violino) ֎

Beethoven (1770 – 1827): Sonatas para violino e piano ‘Primavera’ e ‘Kreutzer’ – Maxim Vengerov (Violino) ֎

Kreutzer ou Primavera?
  • De qual sonata você gosta mais, da Kreutzer ou da Primavera?

Era assim que se começava uma interminável discussão.

  • Eu gosto mais da Kreutzer por ser mais intensa, mais viril!
  • Ah, mas a Primavera é muito mais melódica, mas cativante…

E assim seguíamos debatendo e falando dos intérpretes e tal. Eu ouvi primeiro a Kreutzer, em um disco com o lendário Heifetz, de capa monocolor. Eu era essencialmente adolescente e aquilo causou uma impressão enorme em mim, especialmente o último e arrebatador movimento. Depois ouvi a Primavera com a dupla Menuhin e Kempff. Acho que eles vão melhor na Primavera. E assim seguia alternando, ora essa, ora aquela sonata.

Esse disco é uma reunião de gravações feitas entre 1991 e 1992, com diferentes pianistas e lançadas originalmente diferentes discos, com sonatas de outros compositores. Assim, é muito conveniente tê-las aqui num só pacote.

O violinista Maxim Vengerov era bem jovem, mas já um excelente intérprete. Acho que ele consegue combinar as características necessária para as demandas das duas sonatas do genioso e genial Ludovico. Isso é ótimo pois certamente vai continuar acirrando o debate: diga-me lá, de qual das sonatas você gostou mais?

 

 

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Violin Sonata No. 5 In F Major, Op. 24 ‘Spring’
  1. I Allegro
  2. II Adagio Molto Espressivo
  3. III Scherzo – Allegro Molto
  4. IV Rondo – Allegro, Ma Non Troppo
Violin Sonata No. 9 In A Major, Op. 47 ‘Kreutzer’
  1. I Adagio Sostenuto – Presto
  2. II Andante Con Variazioni
  3. III Finale – Presto

Maxim Vengerov, violino

Itamar Golan, piano (1-4)

Alexander Markovich (5-7)

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M Vengerov

Opinião do Chat PQP sobre as interpretações do jovem e impetuoso Maxim Vengerov das sonatas do Ludovico: Reviews of Maxim Vengerov’s performances of Beethoven’s violin sonatas, particularly the “Kreutzer” Sonata, consistently highlight his virtuosity, musicality, and the “mesmerizing purity of sound” he achieves, with critics praising his ability to navigate both the technical and lyrical aspects of the music. 

Aproveite!

René Denon

 

Vivaldi (1678 – 1741): Concertos para Instrumentos de Sopros – Solistas – City of London Sinfonia & Nicholas Kraemer ֎

Vivaldi (1678 – 1741): Concertos para Instrumentos de Sopros – Solistas – City of London Sinfonia & Nicholas Kraemer ֎

Mais Vivaldi para o público PQP Bachiano!

A música do padre veneziano leva alegria e uma pitada de bom humor onde quer que vá e como o PQP Bach Corp. se espalhou por todos os confins do mundo, que então leve por aí essas belezuras.

Esse ótimo disquinho reúne uma coleção de sete (conta de mentiroso) concertos duplos para instrumentos de sopros. A mentirinha vai por conta de que um dos concertos é uma sinfonia, ou será mesmo um concerto? Aposto que você nem liga para isso. Além disso, um dos concertos é para dois pares de instrumentos de sopros, oboés e clarinetes.

NK

Isso nos traz o assunto de quais tipos de instrumentos são usados na gravação. Fossem os intérpretes radicais adeptos do historicamente informado teríamos possivelmente a palavra chalumeaux por aqui. Mas, os intérpretes aqui são músicos da City of London Sinfonia, orquestra fundada pelo grande Richard Hickox e usa instrumentos modernos. Nada que possa lhe trazer preocupações, desde que você goste de música barroca. Na direção o regente Nicholas Kraemer, que também toca instrumentos de teclas no contínuo e sabe das coisas, atua também com grupos HIP. Kraemer é o quarto cravista na pioneira gravação dos concertos para cravo de Bach feita pelo Trevor Pinnock para o selo Archiv Produktion. Ele já deu as caras aqui pelos nossos costados regendo sinfonias de Haydn num disquinho que foi devidamente apreciado pelos frequentadores assíduos ou casuais do blog.

Antonio Vivaldi (1678 – 1741)

Concerto in F major for two horns, RV 539
  1. Allegro
  2. Larghetto
  3. Allegro
Concerto in C major for two flutes, RV 533
  1. Allegro Molto
  2. Largo
  3. Allegro
Concerto (Sinfonia) in D major, RV 122
  1. Allegro
  2. Largo
  3. Presto
Concerto in C major for two trumpets, RV 537
  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro
Concerto in C major for two oboes and two clarinets, RV 560
  1. Larghetto – Allegro
  2. Largo
  3. Allegro Molto
Concerto in F major for two horns, RV 538
  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro Non Molto
Concerto in G major for oboe and bassoon, RV 545
  1. Andante Molto
  2. Largo
  3. Allegro Molto
Stephen Stirling & Tim Caister, horn
Crispian Steele-Perkins & Michael Meekes, trumpet
Duke Dobing & Deborah Davis, flute
Christopher Hooker & Helen MacQueen, oboe
Ruth McDowall & David Rix, clarinet
Joanna Graham, basson

City of London Sinfonia

Andrew Watkinson, leader

Nicholas Kraemer, diretor & Harpsichord

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Nicholas aproveitando um momento de suavidade no naipe de sopros da PQP Bach Sinfonietta

Seção ‘The Book is on the Table’: Yes, a wonderful music, as always with Vivaldi. Vivaldi is ENDLESS,different, magnificent, every time new and special, however always recognisable.
In the Wind collection i was greatly impressed with Concerti for two Horns, light, fresh and harmonious. Great Music and brilliant performance.

Aproveite!

René Denon

Quizz PQP Bach: Em qual dos concertos no disco da postagem foi usado o instrumento de sopros da figura a seguir?

Se você gostou dessa postagem, pode querer visitar essa outra aqui:

Vivaldi (1678 – 1741): Concerti con molti istromenti – The King’s Consort & Robert King ֎

Francis Poulenc (1899 – 1963): Les chemins de l’amour – Música de Câmara – Tatiana Samouil (violin), Justus Grimm (cello), David Lively (piano) ֎

Francis Poulenc (1899 – 1963): Les chemins de l’amour – Música de Câmara – Tatiana Samouil (violin), Justus Grimm (cello), David Lively (piano) ֎

 “There is in Poulenc a bit of monk and a bit of hooligan.”            Claude Rostand

Este disco ganhou quatro em cinco estrelas da coluna Lebrecht Weekly e basta ouvi-lo para entender o porquê. O programa é formado principalmente pelas sonatas para violino e piano e para violoncelo e piano. O resto são lindas peças para essas mesmas combinações, mas também algumas surpresas, como você poderá perceber ao ouvir o disco ou reparar na lista dos créditos, logo a seguir.

Eu me encanto sempre com a canção Les chemins de l’amour e aqui você poderá ouvir dois arranjos dela: para violino e piano e para violoncelo e piano.

Para fechar o disco um número do balé Les Mariés de la tour Eiffel, chamado Le discours du Général. Os diversos números musicais do balé foram compostos pelos compositores do Grupo do Seis.

Veja trechos dos comentários da coluna do Lebrecht: The music performed here is from the 1940s, not the happiest of decades, but Poulenc was adept at shutting out headline news. […] Here he engages in confidential conversation between violin and piano, cello and piano, and something called a ‘pipeau’, which calls to mind a medical laboratory. Nowhere does Poulenc harbour dark thoughts. The players – violinist Tatiana Samuil, cellist Justus Grimm and pianist David Lively – keep it light and wistful.

A música tocada aqui é da década de 1940, não a mais feliz das décadas, mas Poulenc era adepto de bloquear as manchetes. […] Aqui ele se envolve em uma conversa confidencial entre violino e piano, violoncelo e piano, e algo chamado de “pipeau”, que lembra um laboratório médico. Em nenhum lugar Poulenc abriga pensamentos sombrios. Os músicos — a violinista Tatiana Samuil, o violoncelista Justus Grimm e o pianista David Lively — mantêm o ambiente leve e melancólico.

Francis Poulenc (1899 – 1963)

Sonate pour violon et piano, FP 119:

  1. Allegro con fuoco
  2. Intermezzo
  3. Presto Tragico

Léocadia

  1. Les chemins de l’amour (Arr. for violin & piano by Francis Poulenc)

Sonate pour Violoncelle et Piano, FP 143:

  1. Allegro – Tempo di Marcia
  2. Cavatine
  3. Ballabile
  4. Finale

Souvenir pour violoncelle et piano

  1. Souvenir

Villanelle pour pipeau et piano

  1. Villanelle

Léocadia

  1. Les chemins de l’amour (Arr. for Cello & Piano by Francis Poulenc)

Les mariés de la tour Eiffel

  1. Le discours du Général

Tatiana Samouil (violin)

Justus Grimm (cello)

David Lively (piano)

Jean-Louis Beaumadier (pipe)

Jacques Raynaut (piano)

Eric Aubier (cornet)

Stephane Gourvat (cornet)

Orchestre de la Garde Republicaine

Sebastien Billard

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MP3 | 320 KBPS | 123 MB

The titular ‘Chemins de l’Amour’ is a song Poulenc wrote for an Yvonne Printemps show in December. Who would know Paris was under German occupation? Poulenc kept his window shut.

Aproveite!

René Denon

Mozart & Amigos: Gran Partita & Harmoniemusik – Moonwins & Joan Euric Lluna ֍

Mozart & Amigos: Gran Partita & Harmoniemusik – Moonwins & Joan Euric Lluna ֍

Começou de forma muito simples: apenas uma pulsação no registro mais baixo. Então, de repente, bem acima, soou uma única nota no oboé, que ficou ali, inabalável, me perfurando, até que a respiração não conseguiu mais segurá-la, e um clarinete a tirou de mim e a adoçou em uma frase de tal deleite que me fez tremer. A luz tremeluziu na sala. Meus olhos ficaram nublados… pareceu-me que eu tinha ouvido uma voz de Deus…” Peter Shaffer: Amadeus

Mozart claramente amava instrumentos de sopro: eles geralmente são como cantores lado a lado das vozes reais em suas óperas e são os verdadeiros cantores em sua música instrumental.  Richard Bratby

Eu adorei esse disco, que tem como peça principal a Serenata em si bemol maior K 361, mais conhecida como a Gran Partita. Quando Mozart a compôs em 1781, em Munique, dispunha de excelentes músicos do naipe de sopros, que estavam a serviço da Corte Bávara e eram originários da famosa Orquestra de Mannheim. A Gran Partita foi composta para 13 instrumentos de sopros, sendo que um contrabaixo é geralmente usado na parte do contrafagote. A genialidade de Mozart produziu uma obra prima em um gênero considerado menor.

Música para conjuntos de sopros com seis, oito instrumentos, era muito comum e servia para acompanhar a vida social dos nobres e abastados. Esse tipo de música era chamado de harmoniemusik e seu repertório contava com peças originais, divertimentos, serenatas, assim como arranjos de óperas de sucesso.

Além da obra prima de Mozart, o disco nos brinda com outras duas composições que exemplificam essa forma musical. Johnn Nepomuk Wendt fez um arranjo de oito trechos de O Rapto do Serralho para um conjunto de instrumentos de sopros. Esse arranjo certamente é reflexo do sucesso dessa primeira ópera composta por Mozart após sua mudança de Salzburgo para Viena. É uma delícia reconhecer os momentos correspondentes da ópera, como o dueto de Blonde e Osmin ou o último movimento, outro cômico momento envolvendo o malvado Osmin e o esperto Pedrillo.

Joan Enric Lluna, fundador do excelente conjunto Moonwinds

Na última parte da maravilhosa Don Giovanni há um jantar para o libertino cavaliere para o qual uma orquestra de sopros, uma harmonie, é contratada. Essa orquestra toca exatamente trechos de óperas de sucesso. Mozart coloca nesse momento um trecho de uma ópera de um ‘rival’, Vicente Martín y Soler, Lo Spagnulo, como os vienenses o chamavam. Soler era um músico que peregrinou por várias cidades europeias e por um certo período viveu em Viena. Ele fez sucesso compondo óperas, ao lado de Mozart e Salieri. Assim como no caso de Mozart, Soler produziu três óperas com libretos de Lorenzo da Ponte. Entre elas, Una cosa rara, a ópera que mereceu uma citação de Mozart. No disco, um arranjo de trechos dessa ópera feito pelo próprio Soler. Se você baixar o disco e ouvir até o fim, vai lembrar-se do trecho da ópera Don Giovanni no qual Una cosa rara é citada…

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791)

Serenata em si bemol maior K.361 Gran Partita

  1. Largo – Molto Allegro
  2. Menuetto – Trio I – Trio II
  3. Adagio
  4. Menuetto: Allegretto – Trio I – Trio II
  5. Romance: Adagio – Allegretto
  6. Tema con 6 variazioni (Andante)
  7. Finale (Molto Allegro)

El Rapto En El Serrallo

Arranjo de Johann Nepomuk Wendt (1745-1801)

  1. Presto – Abertura (Presto)
  2. Hier Soll Ich Dich Sehen
  3. Ich Gehe, Doch Rate Ich Dir
  4. Durch Zärtlichkeit Und Schmeichein
  5. Wenn Der Freude Tränen Fliessen
  6. Ha, Wie Will Triumphieren
  7. Welche Wonne, Welche Lust
  8. Viva Bacchus, Bacchus Lebe

Vicente Martín y Soler (1754-1806)

Divertimento para octeto de sopros sobre temas de ‘Una cosa rara’

  1. Allegro Con Brio
  2. Andante sostenuto
  3. Allegro
  4. Cotillón – Trío

Moonwinds
Joan Enric Lluna

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MP3 | 320 KBPS | 240 MB

Moonwinds was born from the artistic initiative of Joan Enric Lluna with the desire to bring together outstanding wind instruments to form a stable group of chamber music

O grupo Sopros da Lua

Seção ‘The Book is on the Table’: Moonwinds show a more balanced approach, play all the repeats, and give us, in the two extra items, a vivid impression of the scope of Viennese wind music in the 1780s. JN Wendt’s arrangement of eight numbers from Die Entführung is imaginative and professional, and the Martín y Soler, drawn from his operatic hit Una cosa rara, has a third movement that’s the very piece Mozart quoted in Don Giovanni (using Martín’s own wind arrangement). Moonwinds play all this with spirit and finesse (the oboe solo in the second movement of the Martín is especially fine).

Aproveite!

René Denon

Vivaldi (1678 – 1741): Concerti – Berliner Barock Solisten – Rainer Kussmaul ֎

“Se você não gostar disso, vou parar de escrever música”

Antonio Vivaldi

Quando Vivaldi nasceu, Veneza já era uma cidade muito velha. Sua fundação datava de 421 e a construção de um de seus prédios mais famosos, a Basílica de São Marcos, era de 1063. Na verdade, sua construção começou originalmente como uma extensão do palácio do doge, em 830, mais ou menos, para abrigar o corpo (as relíquias) do evangelista e padroeiro da cidade.

Vivaldi não teve vida fácil, mas certamente deve ter tido seus bons momentos. Nascido em família pobre, entre a espada e a batina escolheu a última, mas não exerceu a profissão por muito tempo. Seus talentos como violinista e compositor eram por demais evidentes e ele tornou-se professo de música das órfãs que viviam abrigadas no Ospedale della Pietà.

Seu primeiro grande sucesso e reconhecimento por toda a Europa ocorreu com a publicação em 1711 de seu opus 3, L’estro armonico, uma coleção de 12 magníficos concertos diverso, dois dos quais aparecem no disco desta postagem. Em 1723 foi a vez do opus 8, Il cimento dell’armonia e dell’inventione, coleção que abriga As Quatro Estações, protagonistas do renascimento do barroco, pelas cordas do I Musici, assim como nós conhecemos hoje. No disco você poderá ouvir o Concerto No. 11 desta coleção, que não é o verão que está a nos matar de calor, nem outra das estações, mas é muito do bom…

O padre teve seus oponentes, tanto na nobreza quanto no clero, mas andava às voltas com companhias de óperas e suas lindas cantoras. No entanto, as mudanças dos gostos musicais prejudicaram os negócios do compositor-empresário (como são volúveis as plateias!) o que acabou levando o padre a tentar a sorte em Viena, onde morreu na pobreza, mas na companhia da cantora Anna Girò.

Escolhi este disco por achar que seu repertório ilustra a imensa criatividade e verve de Vivaldi, e pelo grupo musical que o apresenta. A Berlin Barock Soloists foi formada em 1995 por músicos da poderosa Berliner Philharmoniker com o objetivo de interpretar música dos séculos 17 e 18 com instrumentos modernos, mas com práticas historicamente informadas. Rainer Kussmaul foi um dos seus formadores e foi o mestre de concerto do conjunto até 2010, quando se aposentou. Esse disco é de 2007. Desde 2018 o diretor artístico do grupo tem sido o Reinhard Goebel, pioneiro do movimento HIP. O início dessa colaboração foi uma apresentação dos Concertos Brandeburgueses, que resultou em um álbum.

Antonio Vivaldi (1678 – 1741)

Concerto No. 11 in D Minor for 2 Violins, Cello and Strings, Op. 3, RV 565
  1. Allegro
  2. Largo e spiccato
  3. Allegro
Concerto in G minor for Two Cellos, RV531
  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro
Concerto for 4 Violins and Strings in B-Flat Major, RV 553
  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro
Concerto, Op. 3 No. 8 ‘Con due Violini obligati’, RV 522
  1. Allegro
  2. Larghetto e spirituoso
  3. Allegro
Concerto for Cello and Strings in G Major, RV 413
  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro
Concerto, Op. 3 No. 10 ‘Con quattro Violini e Violoncello obligato’, RV 580
  1. Allegro
  2. Largo, Larghetto, Adagio, Largo
  3. Allegro
Concerto RV 156 in G minor
  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Allegro

Kristin von der Goltz, Georg Faust, violoncelos (RV 531)

Rainer Kußmaul, Bernhard Forck, Kristin von der Goltz (RV 522)

Rainer Kußmaul, Bernhard Forck, Sebastian Heesch, Christoph Streuli, violinos (RV 533)

Rainer Kußmaul, Raimar Orlovsky, Rüdiger Liebermann, Bernhard Forck, violinos (RV 580)

Georg Faust, violoncelo (RV 413)

Berlin Barock Solisten

Rainer Kußmaul, direção

Recorded: 2007

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MP3 | 320 KBPS | 138 MB

Vivaldi favourites delightfully delivered by Berliners taking a Baroque holiday. — Gramophone Magazine, June 2008

Aproveite!

René Denon

Chopin (1810 – 1849): Études – Yunchan Lim (piano) ֎

Chopin (1810 – 1849): Études – Yunchan Lim (piano) ֎

“Chopin é o maior de todos, pois apenas com o piano ele descobriu tudo.”
Claude Debussy

Domingo calorento e preguiçoso aqui e continuo adiando a preparação das provas para amanhã. Integração por partes, como diria Jack…

A vitrola acabou de tocar Bruckner#9 e ainda estou sob os efeitos do imenso adágio. Então, para variar, um disco diferente – Estudos de Chopin. Eu gosto de Chopin e se você tem ideias pré-concebidas do romântico compositor – a imagem de um pianista revirando os olhos sobre uma doce melodia, prepare-se para uma ‘revolucionária’ mudança. Nada de bibelôs neste disco, que tem seus momentos mais lânguidos, faz parte.

O pianista Yunchan Lim é espetacular, tem técnica de sobra para mais uns dois ou três virtuosos. Foi o mais jovem músico a ganhar a medalha de ouro no Concurso Van Cliburn e o disco com os endiabrados Estudos Transcendentais, de Liszt, gravado ao vivo durante o concurso, é prova disso. Mas, calma, um disco só de Liszt é demais para mim, tive que esperar esse novo disco para apreciar as habilidades do Yunchan Lim. Se bem que há uma gravação do Concerto Imperador, também ao vivo, que é flamejante.

Em junho de 2022, Yunchan Lim se tornou a pessoa mais jovem a ganhar ouro no Concurso Internacional de Piano Van Cliburn; suas performances ao longo do tempo mostraram uma “habilidade mágica” e uma “qualidade natural e instintiva” (La Scena) que surpreendeu os ouvintes ao redor do mundo. Como o presidente do júri Marin Alsop expressou: “Yunchan é aquele artista raro que reúne musicalidade profunda e técnica prodigiosa organicamente.” A profundidade de sua arte e conexão com os ouvintes também lhe garantiram o Prêmio do Público e Melhor Performance de uma Nova Obra. A performance surpreendente de Lim dos Estudos Transcendentais completos de Liszt da rodada semifinal do Concurso Van Cliburn está disponível em seu álbum de estreia Steinway & Sons.

Hoje já estou na segunda audição deste disco, intercalando-o com outras favoritas gravações – Abbey Simon, Boris Berzovski, por exemplo. Até essa postagem chegar até você, já terei ouvido uma boa meia dúzia de vezes.

Frédéric Chopin (1810 – 1849)

Études (12), Op. 10

  1. 1 in C Major “Waterfall”
  2. 2 in A Minor “Chromatique”
  3. 3 in E Major “Tristesse”
  4. 4 in C-Sharp Minor “Torrent”
  5. 5 in G-Flat Major “Black Keys”
  6. 6 in E-Flat Minor “Lament”
  7. 7 in C Major “Toccata”
  8. 8 in F Major “Sunshine”
  9. 9 in F Minor
  10. 10 in A-Flat Major
  11. 11 in E-Flat Major “Arpeggio”
  12. 12 in C Minor “Revolutionary”

Chopin: Études (12), Op. 25

  1. 1 in A-Flat Major “Aeolian Harp”
  2. 2 in F Minor “The Bees”
  3. 3 in F Major “The Horseman”
  4. 4 in A Minor “Paganini”
  5. 5 in E Minor “Wrong Note”
  6. 6 in G-Sharp Minor “Thirds”
  7. 7 in C-Sharp Minor “Cello”
  8. 8 in D-Flat Major “Sixths”
  9. 9 in G-Flat Major “Butterfly Wings”
  10. 10 in B Minor “Octave”
  11. 11 in A Minor “Winter Wind”
  12. 12 in C Minor “Ocean”

Yunchan Lim (piano)

Recorded: 2023-12-20
Recording Venue: Henry Wood Hall, London

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MP3 | 320 KBPS | 143 MB

Yunchan Lim

Some extremely daring speeds guarantee excitement, pushing the technical limits in what are, of course, despite their generic title (Études , or Studies), so much more than technical exercises, yet he also finds great poetry…some of Yunchan Lim’s interpretations may be too subjective for everyone’s taste, yet this is a remarkable feat that demands to be heard.                                                                       BBC Music Magazine

His Chopin is as flexible and feather-light as it is fluent and fiery, as compelling in its sense of structure as in its relishing of detail. The whole experience radiates joyful, youthful exuberance.               Gramophone

These are thrilling performances of Chopin’s studies, the technique dazzlingly immaculate and the musical impulses propelling it often startlingly original.                                                                       The Guardian

Aproveite!

René Denon

Tchaikovsky (1840 – 1893): Suítes de Balé – O Lago dos Cisnes – A Bela Adormecida e O Quebra-Nozes – Wiener Philharmoniker & Herbert von Karajan ֍

Tchaikovsky (1840 – 1893): Suítes de Balé – O Lago dos Cisnes – A Bela Adormecida e O Quebra-Nozes – Wiener Philharmoniker & Herbert von Karajan ֍

Darth von Karajan testando seu sabre-de-luz

Nos bate-papos dos frequentadores assíduos das lojas de discos, naqueles dias, um tema que sempre ressurgia era o da música canalha. A terminologia é absolutamente inadequada, mas se referia àquelas peças de enorme apelo popular – aquelas obras que todos reconhecem e podem cantarolar um pouquinho. Valsas de Strauss, o Bolero de Ravel, Quadros de uma Exposição. Obras de Tchaikovsky aparecem bastante nesta lista. Pudera, o cara era um excelente melodista. Eu gosto muito dessas coisas, Sheherazade de Rimsky-Korsakov uma das minhas favoritas e a música desta postagem se enquadra perfeitamente nesta categoria e faz parte do repertório das grandes orquestras assim como das nem tão grandes assim.

A Wiener Philharmoniker, talvez devido à cultura vienense, toca este tipo de música maravilhosamente. Há gravações mais recentes desse repertório com a orquestra, regida por James Levine, mas escolhi essas gravações, sob a batuta do HvK. Essa combinação, WP & HvK gravou uma série de discos para a DECCA, na década de 60, que são muito bons. No caso das Suítes de Balé, a produção estava a cargo de John Culshaw, garantia de ótimo som para aqueles dias, como pode-se atestar ouvindo esses arquivos. O Quebra-Nozes é de 1961 e as outras duas suítes de 1965.

Piotr Ilyich Tchaikovsky (1840 – 1893)

Suite Le Lac des cygnes
  1. Scene
  2. Valse
  3. Danse des jeunes cygnes
  4. Scène et seconde danse de la Reine des cygnes
  5. Czárdás
  6. Finale
Suite La Belle au bois dormant
  1. Introduction et la Fée des Lilas
  2. Pas d’action (Adagio)
  3. Le Chat botté
  4. Panorama
  5. Valse
Suite Casse-noisette
  1. Miniature Overture
  2. Marche
  3. Danse de la Fée Dragée
  4. Trepak
  5. Danse arabe
  6. Danse chinoise
  7. Danse des mirlitons
  8. Valse des fleurs

Wiener Philharmoniker

Herbert von Karajan

Produção: John Culshaw, Erik Smith

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MP3 | 320 KBPS | 162 MB

Depois de ouvir os arquivos, Tchai ficou assim…
Selo PQP Bach de Qualidade

Comentários de críticos amadores: The Vienna Philharmonic sounds beautiful, and Karajan’s tempos flow and seem more natural than in his later recordings.

Karajan con i wiener, una registrazione leggendaria. […], tutto perfetto.

Ces mélodies nous entraînent dans le monde merveilleux des ballets et plongent notre esprit dans un imaginaire incroyablement captivant. Incontournable!!!

Musica di altissimo livello con una registrazione impeccabile. Bello anche per i neofiti della classica. Molto semplice da ascoltare. Ottimo!

Aproveite!

René Denon

Montagem do Quebra Nozes do PQP Bach Grand Ballet que teve participação especial do Falcão…

Bach (1685 – 1750): Cantata do Café e Cantata dos Camponeses – Solistas, Amsterdam Baroque Orchestra & Ton Koopman ֎

Bach (1685 – 1750): Cantata do Café e Cantata dos Camponeses – Solistas, Amsterdam Baroque Orchestra & Ton Koopman ֎

All you need is coffee

after The Beatles

Ontem voltei desanimado das compras. O preço do pacote de meio quilo de café da marca que costumo comprar rompeu a barreira dos 30 e parece querer igualar-se ao preço do azeite. Pelo jeito, logo vai romper a barreira do som e outras barreiras. Vamos experimentar outras marcas, espero evitar pelo menos aquelas que tem gosto do café da repartição.

Ton tentando avistar o pessoal do PQP Bach na sala de entrevistas do Amstel Amsterdam Hotel

Lembrei-me do pobre pai da Lieschen que briga com a filha, grande amante e consumidora de café. Assim, para retomar o ânimo fui buscar a Cantata do Café, composta pelo padroeiro do blog para o famoso Concerto do Café Zimmermann, lá de Leipzig. Escolhi esta gravação com a Orquestra Barroca de Amsterdã regida por Ton Koopman e com vozes excelentes como a de Klaus Mertens e Anne Grimm, que fazem pai e filha na Cantata do Café.

 

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Kaffee-Kantate / Coffee Cantata, BWV 211
  1. Recitative (Tenor): “Schweigt Stille, Plaudert Nicht”
  2. Aria (Bass): “Hat Man Nicht Mit Seinen Kindern”
  3. Recitative (Soprano, Bass): “Du Böses Kind, Du Loses Mädchen”
  4. Aria (Soprano): “Ei! Wie Schmeckt Der Coffee Süße”
  5. Recitative (Soprano, Bass): “Wenn Du Mir Nicht Den Coffee Läßt”
  6. Aria (Bass): “Mädchen, Die Von Harten Sinnen”
  7. Recitative (Soprano, Bass): “Nun Folge, Was Dein Vater Spricht”
  8. Aria (Soprano): “Heute Noch, Lieber Vater Tut Es Doch”
  9. Recitative (Tenor): “Nun Geht Und Sucht Der Alte Schlendrian”
  10. Chorus (Soprano, Tenor, Bass): “Die Katze Läßt Das Mausen Nicht”
Bauernkantate / Peasant Cantata, BWV 212
  1. Sinfonia
  2. Aria Duetto (Soprano, Bass): “Mer Hahn En Neue Oberkeet”
  3. Recitative (Bass, Soprano): “Nu, Mieke, Gib Dein Guschel Immer Her”
  4. Aria (Soprano): “Ach, Es Schmekt Doch Gar Zu Gut”
  5. Recitative (Bass): “Ter Herr Ist Gut: Allein Der Schösser”
  6. Aria (Bass): “Ach, Herr Schösser, Geht Nicht Gar Zu Schlimm”
  7. Recitative (Soprano): “Es Bleibt Dabei, Daß Unser Herr Der Beste Sei”
  8. Aria (Soprano): “Unser Trefflicher Lieber Kammerherr”
  9. Recitative (Soprano, Bass): “Er Hilft Uns Allen, Alt Und Jung”
  10. Aria (Soprano): “Tas Ist Galant”
  11. Recitative (Bass): “Und Unsre Gnäd’ge Frau”
  12. Aria (Bass): “Fünfzig Taler Bares Geld”
  13. Recitative (Soprano): “Im Ernst Ein Wort!”
  14. Ario (Soprano): “Klein-Zschocher Müsse So Zart Und Süße”
  15. Recitative (Bass): “Das Ist Zu Klug Vor Dich”
  16. Aria (Bass): “Es Nehme Zehntausend Dukaten”
  17. Recitative (Soprano): “Das Klingt Zu Liederlich”
  18. Aria (Soprano): “Gib, Schöne, Viel Söhne”
  19. Recitative (Bass): “Du Hast Wohl Recht”
  20. Aria (Bass): “Dein Wachstum Sei Feste”
  21. Recitative (Soprano, Bass): “Und Damit Sei Es Auch Genung”
  22. Aria (Soprano): “Und Daß Ihr’s Alle Wißt”
  23. Recitative (Soprano, Bass): “Mein Schatzl Erraten”
  24. Coro (S, B): “Wir Gehn Nun, Wo Der Dudelsack”
“Amore Traditore”, BWV 203
  1. Aria (Bass): “Amore Traditore”
  2. Recitative (Bass): “Voglio Provar”
  3. Aria (Bass): “Chi In Amore Ha Nemica La Sorte”
Soprano Vocals [Liesgen] – Anne Grimm (tracks: 1 to 10)
Soloist, Soprano Vocals – Els Bongers (tracks: 11 to 34)
Soloist, Tenor Vocals – Paul Agnew (2) (tracks: 1 to 10)
Soloist, Bass Vocals [Herr Schlendrian] – Klaus Mertens (tracks: 1 to 37)

The Amsterdam Baroque Orchestra

Conductor, Harpsichord – Ton Koopman

Producer – Tini Mathot

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MP3 | 320 KBPS | 151 MB

Comentário do site da Presto Cassics: Lest it be thought that all Bach’s cantatas are strait-laced manifestations of religious piety (however melodically varied), Ton Koopman and the Amsterdam Baroque Orchestra here give spirited performances of two of his most famous (and indeed most secular) secular cantatas. The Coffee cantata celebrates the addictive delights of the then relatively new, fashionable drink, while the Peasant, using plenty of rustic Upper Saxon dialect, is a hearty celebration of all things rural.

Para que não se pense que todas as cantatas de Bach são manifestações puritanas de piedade religiosa (por mais variadas que sejam as melodias), Ton Koopman e a Amsterdam Baroque Orchestra aqui dão performances espirituosas de duas de suas mais famosas (e de fato mais seculares) cantatas seculares. A cantata Coffee celebra as delícias viciantes da bebida então relativamente nova e da moda, enquanto a Peasant, usando bastante dialeto rústico do Alto Saxão, é uma celebração calorosa de todas as coisas rurais.                   

Aproveite!

René Denon

Acho que ela ´preferiu café…

PS: Não deixem de visitar essa postagem…

J.S. Bach (1685-1750): Cantata do Café e dos Camponeses (Hogwood)

Rimsky-Korsakov (1844 – 1908): Sheherazade – Borodin (1833 – 1887): Nas Estepes da Ásia Central – Balakirev (1837 – 1910): Islamey – Kirov Orchestra & Valery Gergiev ֎

Rimsky-Korsakov (1844 – 1908): Sheherazade – Borodin (1833 – 1887): Nas Estepes da Ásia Central – Balakirev (1837 – 1910): Islamey – Kirov Orchestra & Valery Gergiev ֎

O medo não impede a morte. Impede a vida.
Naguib Mahfouz

Fim de domingo aqui, muito calor e praia lotada. Eu sigo com algumas atribulações, mesmo assim prossegui um pouco mais com a leitura do ótimo Noites das mil e uma noites, de Naguib Mahfouz.

Aladim tornou-se discípulo do sheik Abdala, casou-se com Zubaida, a linda filha do sheik, que toca alaúde e tem voz maviosa. Tanta fortuna certamente traria inveja aos corações dos outros pretendentes e Aladim acaba acusado de roubo de joias e de meter-se com os karijitas. Estou ansioso para saber como ele se safará dessas enrascadas.

Enquanto isso, decidi ouvir Rimsky-Korsakov, Sheherazade (ou Scherazade, na grafia do livro). Saí em busca de uma gravação porreta! É claro, há essa aqui, muito boa, mas eu queria novidades (ou mesmo velhidades, desde que ótimas). Andei às voltas com Reiner (ótimo), Markevitch e o bamba do Kondrashin, mas acabei mesmo aqui, Kirov Orchestra e Valery Gergiev. A capa é espetacular, como tudo o mais, Sheherazade sedutora como nunca, segundo os músicos russos, que exibem e esbaldam talento. Até os contrapesos são atrativos. São eles, o poema sinfônico Nas estepes da Ásia Central, de Borodin, e uma orquestração de Islamey, a peça mais quebra-dedos do repertório de piano até a chegada do Gaspard de la nuit, do Ravel. Enfim, um disco das Arábias!

Nikolay Rimsky Korsakov (1844 – 1908)

Scheherazade, Op. 35

  1. The Sea and Sinbad’s Ship
  2. The Story of the Calender Prince
  3. The Young Prince and the Young Princess
  4. Festival at Bagdad – The Sea – The Shipwreck

Alexander Borodin (1833 – 1887)

In the Steppes of Central Asia

  1. In the Steppes of Central Asia

Mily Balakirev (1837 – 1910)

Islamey – Oriental Fantasy (Orch. Lyapunov)

  1. Islamey

Sergei Levitin (violin)

Mariinsky (Kirov) Orchestra

Valéry Gergiev

Recorded: 2001-11
Recording Venue: Mariinsky Theatre, St. Petersburg

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MP3 | 320 KBPS | 179 MB

Trecho da crítica na Gramophone: The virtuosity of the St Petersburg soloists is also a ready match for even that of the Chicago Symphony Orchestra in its heyday, whether woodwind, brass or strings, with an edge-of-seat tension conveyed, particularly when Gergiev opts for challengingly fast speeds in the climactic passages of the second and fourth movements.

Da BBC Music Magazine: [Gergiev] bring[s] out Rimsky’s crystalline solo textures, such as the passages for solo cello, horn and woodwinds in the first movement. And if tempos are slow in the first three movements, Gergiev makes up for lost time in the fiery, bristling fourth, which becomes a tour-de-force for an orchestra clearly at the height of its powers

Veja o artigo Valery Gergiev and the Nightmare of Music Under Putin no link , caso seja de seu interesse.

Aproveite!

René Denon

Prestativos como sempre, o pessoal do Departamento de Artes do PQP Bach Publishing House logo providenciou uma ilustração ao perceber o nome Aladin no texto

J.S. Bach (1685 – 1750): Suítes Inglesa No. 3, Suíte Francesa No. 5, Capriccio BWV 992 & Toccata e Fuga BWV 912 – Wilhelm Kempff (piano) ֎

J.S. Bach (1685 – 1750): Suítes Inglesa No. 3, Suíte Francesa No. 5, Capriccio BWV 992 & Toccata e Fuga BWV 912 – Wilhelm Kempff (piano) ֎

‘Somente os extremamente sábios e os extremamente estúpidos é que não mudam’.

Confúcio

Nas mudanças é impossível não viver alguns momentos de nostalgia, de lembranças, mesmo algumas não muito boas. Fotos empalidecidas, cartas (houve um tempo em que escrevíamos cartas), chaves não sei mais de onde… Eu mudei muitas vezes (de residência, só para deixar claro…)  e estou me preparando para mais uma mudança e espero que esta seja a penúltima.

Entre as muitas coisas que estou desentocando, para embalar ou passar adiante, algumas ainda estavam em caixas desde a mudança anterior, há muitos  discos, alguns de música de Bach para teclado, interpretada ao piano.

Foi assim que cheguei a este da postagem, uma verdadeira maravilha. Ouvi-lo novamente, depois de tanto tempo, é muito bom. Duas suítes, uma inglesa e uma francesa (a quinta, ótima), uma toccata  e o capricho do fratello diletíssimo, com a trompa da posta e tudo. Estas últimas peças da juventude do João Sebastião Ribeiro.

O sorriso de WK sempre foi bem cativante…

Wilhelm Kempff era o pianista ‘oficial’ da DG e suas gravações de Beethoven, Schubert e Schumann valem a pena serem investigadas. Mozart também estava no repertório, mas assim como no caso de Bach, nada de obras completas, apenas algumas peças escolhidas. Mas essas que ele gravou vão lhe dar muito prazer…

Impossível ouvir apenas uma vez, aquele disco que deixa um gostinho de quero mais, viciante!

Johann Sebastian Bach (1685–1750)

Englische Suite No.3 g-moll BWV808
  1. Prelude
  2. Allemande
  3. Courante
  4. Sarabande
  5. Les agrements de la meme Sarabanda
  6. Gavotte I
  7. Gavotte II
  8. Gavotte I (da capo)
  9. Gigue
Capriccio >>Sopra la lontananza del suo fratello dilettissimo<< B-dur BWV992
  1. Adagio
  2. Andante
  3. Adagissimo
  4. Andante con moto
  5. Aria – Aria di postiglione
  6. Fuga – Fuga all’imitazione della cornetta di postiglione
Toccata und Fuge D-dur BWV912
  1. Toccata
  2. Fuga
Französische Suite No.5 G-dur BWV816
  1. Allemande
  2. Courante
  3. Sarabande
  4. Gavotte
  5. Bourree
  6. Loure
  7. Gigue

Wilhelm Kempff, piano

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MP3 | 320 KBPS | 138 MB

Wilhelm tomando um solzinho no bosque da Sede Campestre do PQP Bach, nas imediações de Potsdam

De uma crítica fácil de localizar pela net: There is also the not inconsiderable addition of the two suites, the English Suite No 3 and the French Suite No 5. Here Kempff shows crisp articulation, not over bright, never metronomic, and always gently expressive. In the Courante of the English Suite he is precise, athletic and quietly determined. In the second Sarabande he is moving without artifice and maintains proper depth of tone and clarity between hands. Listen also to the perfectly graded little stabbing left hand in the succeeding first Gavotte – unforced wit.

Aproveite!

René Denon

Postagem com Selo Iso-Jurássico

Debussy (1862 – 1918): Prélude à l’après-midi d’un faune – Sonatas para diversos instrumentos – Quarteto de Cordas – The Nash Ensemble ֎

Debussy (1862 – 1918): Prélude à l’après-midi d’un faune – Sonatas para diversos instrumentos – Quarteto de Cordas – The Nash Ensemble ֎

‘A música moderna foi despertada pelo L’après-midi d’um faune.’

P. Boulez

Este disco foi oficialmente lançado ontem (do dia no qual vos escrevo) e é o que podemos chamar ‘uma novidade’! Eu sempre adorei ir às lojas em busca de novidades, mas agora a ‘caça’ se dá de maneira virtual. Apesar de alguns afirmarem, como na canção de B.B. King, ‘the thrill is gone!’, eu não concordo…

Assim que vi esse lançamento da ótima Hyperion coloquei a música para tocar e muito prazer tenho tido com ela. Sendo assim, decidi apontá-lo para os leitores do blog. O disco é sensacional pois os músicos são ótimos e a produção, a cargo do genial Andrew Keene, é primorosa. Para coroar tudo o repertório com obras para grupos de câmara de Claude Achille Debussy. Duas peças do disco, o prelúdio e o quarteto, são do início da carreira do compositor, mas são verdadeiros marcos na história da música, especialmente o prelúdio, cuja composição original foi para orquestra.

As sonatas foram compostas nos últimos dias do compositor e são as que ele pode realizar de um plano que previa ainda outras composições.

Claude Debussy (1862 – 1918)

Prélude à l’après-midi d’un faune L87 (Arr. David Walter (b1958))
  1. Prélude
Violin Sonata in G minor L148
  1. Allegro vivo
  2. Intermède: Fantasque et léger
  3. Finale: Très animé
Sonata for flute, viola and harp L145
  1. Pastorale: Lento, dolce rubato
  2. Interlude: Tempo di minuetto
  3. Finale: Allegro moderato ma risoluto
Cello Sonata in D minor L144
  1. Prologue: Lent, sostenuto e molto risoluto
  2. Sérénade: Modérément animé
  3. Finale: Animé, léger et nerveux
String Quartet in G minor L91
  1. Animé et très décidé
  2. Assez vif et bien rythmé
  3. Andantino, doucement expressif
  4. Très modéré

The Nash Ensemble

Artistic Director: Amelia Freedman MBE

Prélude: Philippa Davies (flute), Gareth Hulse (oboe), Richard Hosford (clarinet), John McDougall (bassoon), Richard Watkins (horn), Benjamin Nabarro (violin), Jonathan Stone (violin), Lawrence Power (viola), Adrian Brendel (cello), Graham Mitchell (double bass), Lucy Wakeford (harp), Richard Benjafield (percussion)

Violin Sonata: Stephanie Gonley (violin), Alasdair Beatson (piano)

Sonata: Philippa Davies (flute), Lawrence Power (viola), Lucy Wakeford (harp)

Cello Sonata: Adrian Brendel (cello), Simon Crawford-Phillips (piano)

Quartet: Benjamin Nabarro (violin), Jonathan Stone (violin), Lars Anders Tomter (viola), Adrian Brendel (cello)

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MP3 | 320 KBPS | 182 MB

From two players to twelve: few ensembles could respond with equal authority to the very varied demands made by this wonderful collection of Debussy’s chamber music. But then, few ensembles can stand comparison with the Nash, whose members continue to set the standards across a dauntingly wide repertoire. A realization of the Prélude à l’après-midi … for chamber ensemble adds to this album’s more familiar attractions of the string quartet and three sonatas.

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Este não é o primeiro disco com esse tipo de repertório gravado pelo The Nash Ensemble. Em 1989 foi gravado um disco (lançado em 1991), pela então independente e atuante gravadora Virgin Classics, que tinha em comum com o disco lançado agora o mesmo produtor, Andrew Keene. O núcleo comum no repertório dos dos dois discos é formado pelas três sonatas. O que as acompanhava no disco antigo é uma peça para flauta solo, Syrinx, de apenas alguns minutos, e Les Chansons de Bilitis, que são poemas recitados com acompanhamento de um conjunto de câmara. Como eu gosto muito do disco antigo, especialmente das sonatas, decidi incluí-lo aqui para a sua própria apreciação.

Claude Debussy (1862 – 1918)

Sonata For Violin And Piano
  1. I Allegro Vivo
  2. II Intermède. Fantastique Et Léger
  3. III Finale. Trés Animé
Sonata For Flute, Viola And Harp
  1. I Pastorale. Lento, Dolce Rubato
  2. II Interlude. Tempo Di Minuetto
  3. III Finale. Allegro Moderato Ma Risoluto
Syrinx For Solo Flute
  1. Syrinx
Sonata For Cello And Piano
  1. I Prologue. Lent
  2. II Sérénade. Moderato Animé
  3. III Finale. Animé (Léger Et Nerveux)
Les Chansons De Bilitis
  1. I Chant Pastoral
  2. II Les Comparaisons
  3. III Les Contes
  4. IV Chanson
  5. V La Partie D’Osselets
  6. VI Bilitis
  7. VII Le Tombeau Sans Nom
  8. VIII Les Courtisanes Égyptiennes
  9. IX L’Eau Pure Du Bassin
  10. X La Danseuse Aux Crotales
  11. XI Le Souvenir De Mnasidika
  12. XII La Pluie Au Matin

Ensemble – The Nash Ensemble

Directed By [Artistic Director] – Amelia Freedman

Flute – Lenore Smith (tracks: 11 to 22), Philippa Davies (tracks: 4 to 7, 11 to 22)

Harp – Bryn Lewis (tracks: 11 to 22), Marisa Robles (tracks: 4 to 6, 11 to 22)

Lyrics By – Pierre Louÿs (tracks: 11 to 22)

Narrator – Delphine Seyrig (tracks: 11 to 22)

Piano – Ian Brown (4) (tracks: 1 to 3, 8 to 10)

Viola – Roger Chase (tracks: 4 to 6)

Violin – Marcia Crayford (tracks: 1 to 4)

Cello – Christopher Van Kampen (tracks: 8 to 10)

Celesta – Ian Brown (4) (tracks: 11 to 22)

Conductor – Lionel Friend (tracks: 11 to 22)

Recording: St Martin’s Church, East Woodhay, Berkshire, June 1989

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MP3 | 320 KBPS | 155 MB

Veja nos detalhes a diferença na formação do conjunto nos diferentes discos.

Foto do Nash Ensemble (do X da turna…)

Crítica de um cliente da Amazon sobre o disco da Virgin: Moltíssima cuidada interpretació, ensemble i individual.
Refinament exquisit en cada frase instrumental, i conjuntats la veu recitativa, sugeridora, misteriosa, sensual, màgica i convidadora de Delphine Seyrig, en perfecta harmonia en sentit conceptual-instrumental. Exquisita sensibilitat implicació de Marisa Robles amb el arp (harpa). […]
Tota una delícia, per partes i en conjunt.
Obres musicals imperecederas i plenes de encantament, embruixament, bellesa superlativa i exquisita intel-ligencia i sensibilitat, artística i personal.
Molt agraïda i agraït.
  Mònica Irene i Lluís Ferran. [Presumo que eles gostaram do disco]

A propósito do nome do conjunto, Nash refere-se a um bairro em Londres com uma arquitetura bem especial criada pelo arquiteto John Nash (1752 – 1835).

Aproveite!

René Denon

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