Este CD vale por StepanRazin e pelo CincoFragmentos orquestrais preparatórios para a Sinfonia Nº 4. Outubro é uma música escrita para comemorar os 50 anos da revolução socialista e é um horror, data de uma época em que o relacionamento entre Shostakovich e o regime soviético ia muito mal.
A Execução de Stepan Razin, Op. 119 (1964), assim como a Sinfonia Nº 13, foi baseada em poemas de Ievtushenko. Trata-se de uma obra coral-sinfônica poderosa e pouco conhecida fora da Rússia, mas essencial para entender o compositor em sua fase mais sombria e politicamente carregada. Stepan Razin foi um líder cossaco do século XVII que liderou uma rebelião camponesa contra o czar e foi executado brutalmente. Tornou-se símbolo da resistência popular na cultura russa. Shostakovich usou texto do mesmo poeta de Babi Yar, mas aqui o foco é a violência do Estado e o sacrifício dos rebeldes. Composta durante o governo de Brejnev, a obra ecoa críticas indiretas à repressão stalinista (que Shostakovich sofreu). O baixo representa Razin (voz grave e heroica), enquanto o coro é o “povo” — alternando entre gritos de revolta e lamento. A orquestra cria cenas vívidas: cavalos galopando (trompetes), golpes de machado (tímpanos), o rio Volga (cordas graves). O clímax é aterrorizante: a execução é retratada com acordes dissonantes e um silêncio súbito; depois, o coro sussurra “E o rio flui…”, simbolizando que a luta continua. Há trechos que lembram músicas folclóricas e marchas militares, mas distorcidas — uma crítica à propaganda soviética que glorificava “heróis” enquanto perseguia dissidentes. Stepan foi banida de gravações por anos, pois autoridades viram na figura de Razin um paralelo com rebeldes modernos, claro.
Nos anos 1960, jovens russos viram Razin como um “Che Guevara” medieval. A obra ressurgiu em protestos contra autoritarismo, como, por exemplo, as manifestações na Bielorrússia em 2020. A curiosidade é que Shostakovich disse que compôs o final — onde a cabeça decepada de Razin rola pelo chão — inspirado em pesadelos.
Dmitri Shostakovich (1906-1975) – A Execução de Stepan Razin y otras cositas (Schwarz)
1. The Execution Of Stepan Razin, Symphonic Poem For Baritone Soloist, Mixed Chorus And Orchestra Op.119 (28:37)
Conductor Gerard Schwarz
Performer Charles Austin (Bass Baritone)
Ensemble Seattle Symphony Orchestra
Uma joia, uma maravilha esse CD. Música moderna do melhor nível. Fiquei entusiasmado com a qualidade do que ouvi e dos reconhecimentos que fiz. Ouvi My favorite things distorcida em meio às belas invenções desse Hartke. Não sabia nada acerca do autor e fui ver se havia alguma notícia biográfica ou entrevista do sujeito. Encontrei e a qualidade do ser humano não nega sua música. Um postura impecável frente à religião e… Bem, copio abaixo a entrevista e peço para vocês prestarem atenção a sua resposta para a pergunta de número 12.
Hartke is one of the most exciting contemporary composers, writing orchestral and chamber music that blends the most experimental aspects of concert music with simpler elements of folk songs, and the comprehensible structures of song forms. Listen to his piece “The King of the Sun.”
1. What’s the first piece of music you listened to today?
The sound of finches dive-bombing the windows of my house to pick off the moths that had taken refuge on the glass during the night. I know this sounds rather like a John Cage sort of answer, and, to be honest, I don’t have much use for John Cage. The fact is, I don’t listen to recorded music every day. I rather think we hear too much music nowadays, and it ceases to be special. When I was younger, I certainly did listen to recordings a lot, and attended far more concerts, but now I’m more inclined to sit quietly and remember pieces or to flip through a score or play something. Later this morning, after the finch attack was over, I played through a couple of the Bach English Suites and a few Scarlatti sonatas.
2. What are your vices?
My musical vices include a fondness for unison orchestral doublings of flutes, oboes and clarinets. Some folks think I am overfond of natural harmonics in the strings, but there’s no twelve-step program for that (most string instruments can’t get past the eighth step partial anyway). I also take perverse and anachronistic delight in the vibraphone with the motor on.
3. What is one of your prejudices?
I heartily dislike popular culture, especially rock and roll.
4. In what way do you think music has the ability to change the way people live their lives?
This question suggests that you think that such an ability might be a good thing. I’m not so sure. Music makes life worth living, but I don’t know if it is because it might have a power to change someone’s life. Certainly most music written with a political purpose does not achieve its aim. The Three-Penny Opera was intended as a work of musique-engagee and was tremendously successful as a work of musical theater, but it did nothing to alter the course of German political or social life, more’s the pity.
5. At what age did you first feel distrust?
At the age of 54 when I was first posed this question by you.
6. What is the best piece of music you’ve ever created, in your opinion?
My favorites shift according to my mood and my ever-evolving perspective as I write more. However, at the moment I’m inclined to say “Cathedral in the thrashing rain.”
7. Right now, how are you trying to change yourself?
By relaxing.
8. If you had the time, what else would you do?
Learn a few more languages.
9. What social cause do you feel the most strongly about (negative or positive)?
Bringing an end to all superstition and releasing mankind from the thralldom imposed by religion.
10. What are your fears?
That religionists will hasten the demise of life on this planet through their vainglorious belief that the world was created for them by some sort of uber-parent.
11. What is your favorite joke (tasteful or tasteless)?
A nice old lady meets a 9-year old child and starts an innocent little chat. “What do you want to be when you grow up?” she asks. The kid replies: “A dry-cleaner.”
12. Who is your favorite author?
Joaquim Machado de Assis
13. What is your favorite movie?
Fellini’s Eight and a Half
15. What would you like to know more about?
Just about everything.
16. What is one thing you would like to do/see/accomplish before you die?
I’d like to visit Japan.
.oOo.
Stephen Hartke (1952):
The Horse with the Lavender Eye – Piano and Chamber Music
The Horse with the Lavender Eye (1997)
Episodes for Violin, Clarinet and Piano
1 I Music of the Left. Left-handed
2 II The Servant of Two Masters. Quite manic
3 III Waltzing at the Abyss. Gingerly, but always moving along
4 IV Cancel My Rumba Lesson. Two Left Feet
Selections from ‘Post-modern Homages’ (1984-92)
for Piano
5 Sonatina-Fantasia (1987). Giubilante
6 Gymnopédie No. 4 (1984). Suave
7 Template (1985). Presto
8 Estudo-Scherzo (1992). Presto-leggiero
9 Sonatina DCXL (1991). Boppin’ along
Sonata (1997-98)
for Piano
10 I Prelude. Massive
11 II Scherzo. Epicycles, Tap-dancing, and a Soft Shoe. Deft and lively
12 III Postlude. Floating
The King of the Sun (1988)
Tableaux for Violin, Viola, Cello and Piano
13 I Personage in the night guided by the phosphorescent tracks of snails. Stealthily
14 II Dutch interior. Phantasmagorical
15 III Dancer listening to the organ in a Gothic cathedral. Granitic
16 Interlude. Tempo of Movement I
17 IV The flames of the sun make the desert flower hysterical. Fiery
18 V Personages and birds rejoicing at the arrival of night. Quietly energetic, with an air of innocence
Richard Faria: clarinet
Xak Bjerken: piano
Ellen Jewett: violin
Los Angeles Piano Quartet
Claro que um álbum com este nome – The Mozart Family Album – deveria ser uma caixa de 200 CDs e não apenas um mero disquinho de 48 minutos, mas este é um CD simpático. Não é grande música, são antes as pequenas e divertidas obras da família. Wolfgang comparece com um fragmento de uma de suas partituras mais desconhecidas, a música para o balé Les Petits Riens, composta em junho de 1778, em Paris. A obra tem 20 movimentos, mas os que foram garantidamente escritos por W. A. Mozart são os cinco aqui presentes. Mais divertida é a sinfonia de Leopold, cujos gritos da orquestra me pregaram um susto ontem, depois da meia-noite. Um disco despretensioso e bom.
Franz Xaver Mozart (1791-1844), Leopold Mozart (1719-1789), Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): The Mozart Family Album (The Chicago Sinfonietta, Freeman)
Franz Xaver Mozart – Piano Concerto n°2 in Eb major Op.25 1. Allegro Con Brio
2. Andante Espressivo
3. Rondo
Wolfgang Amadeus Mozart – Music from ”Le petit riens” KV299b 4. Allegro
5. Largo
6. Andantino
7. Larghetto
8. Gavotte
Leopold Mozart – Sinfonia in D ”Die Bauernhochzeit” – O Casamento dos Mendigos 9. Marcia Villanesca
10. Menuet
11. Andante
12. Menuet
13. Finale
Grant Johannesen (Piano)
Jacalyn Bettridge, bagpipes
The Chicago Sinfonietta
dir. Paul Freeman
Um esplêndido e inesperado disco de música barroca. Também é uma raridade, tanto que não consegui em lugar nenhum a relação das faixas. Mas adorei ouvi-lo muitas vezes. O Ensemble Sans Souci é extremamente competente e dá vida aos desconhecidos Birckenstock e Benda. Sim, sei da família Benda.
Johann Adam Birkenstock foi um compositor e violinista alemão. Foi considerado um dos principais violinistas de sua época. Em Kassel, tornou-se músico da corte em 1708, onde permaneceu até 1722, quando embarcou em uma turnê pela Holanda. Lá, foi oferecido a Birkenstock um posto na comitiva do Rei de Portugal. Ele recusou a oferta e após seu retorno a Kassel foi nomeado Konzertmeister da capela local em 1725. Quando o Landgrave de Kassel morreu em 1730, Birkenstock mudou-se para Eisenach, onde também se tornou o Kapellmeister da corte.
Franz (František) Benda nasceu na Boêmia na povoação de Altbenatky. Tornou-se o fundador de uma escola alemã de tocar violino. Depois obteve um cargo na Capela Real de Dresden. Ao mesmo tempo, juntou um grupo de músicos que tocavam em festas, feiras, etc. Aos dezoito anos de idade Benda abandonou esta vida errante e retornou a Praga, indo depois para Viena, onde estudou violino com Heinrich Graun, um aluno de Tartini. Dois anos depois, foi nomeado mestre de capela em Varsóvia. Benda foi um mestre na arte de tocar violino. Tinha muitos alunos e escreveu uma série de obras, principalmente exercícios e estudos de violino.
Johann Adam Birckenstock (1687-1733) / Franz Benda (1709-1786): Sonatas para Violino e baixo contínuo (Sans Souci)
Grande sucesso de vendas, este CD é um dos melhores lançamentos da discografia mais recente. Ignoro qual foi a inspiração ou motivação para este lançamento de grandes árias e corais de Bach, o que sei é que é um CD raro por sua qualidade e pela originalidade da coletânea. As maravilhosas vozes envolvidas e a orquestra de Gardiner garante um disco perfeito com seus mais notáveis momentos nas faixas 1, 7, 8 e 10. Obrigatório baixar este CD que foi presenteado ao blog por um de nossos leitores-ouvintes. Desconheço outra introdução melhor e mais “alternativa” à música vocal de meu pai. Repito: desconheço a história ou motivação deste disco, apenas atesto-lhe a imensa qualidade.
J. S. Bach (1685-1750): Alles mit Gott (Gardiner)
Alles Mit Gott Und Nichts Ohn’ Ihn, BWV 1127
1
Birthday Ode For Duke Wilhelm Ernst of Saxe-Weimar, 1713
Composer: Johann Sebastian Bach
Conductor: John Eliot Gardiner
Performer: Peter Harvey, Alison McGillivray, Rachel Beckett, David Miller, English Baroque Soloists
Já falei 30 vezes sobre esta obra-prima de inigualável carga humana, então vamos falar lá de sua gênese. A seguir, vocês lerão algo pra lá de INUSITADO. Preparem-se.
A autoimolação de Valéri Kosolápov ao publicar Babi Yar
Por Vadim Málev, em 10 de junho de 2020 Texto de Milton Ribeiro a partir de tradução oral de Elena Romanov
Hoje é o dia dos 110 anos do nascimento de Valéri Kosolápov. Mas quem é esse Valéri Kosolápov? Por que deveria escrever sobre ele e você deveria ler? Valéri Kosolápov tornou-se um grande homem em uma noite e, se não fosse assim, talvez não conhecêssemos o poema de Yevgeny Yevtushenko (Ievguêni Ievtuchenko) Babi Yar. Kosolápov era então editor do Jornal de Literatura (Literatúrnii Jurnál), o qual publicou corajosamente o poema em 19 de setembro de 1961. Foi um feito civil real.
Afinal, o próprio Yevtushenko admitiu que esses versos eram mais fáceis de escrever do que de publicar naquela época. Tudo se deve ao fato de o jovem poeta ter conhecido o escritor Anatoly Kuznetsov, autor do romance Babi Yar, que contou verbalmente a Yevtushenko sobre a tragédia acontecida naquela assim chamada ravina (ou barranco). Por consequência, Yevtushenko pediu a Kuznetsov que o levasse até o local e ele ficou chocado com o que viu.
“Eu sabia que não havia monumento lá, mas esperava ver algum tipo de placa in memorian ou ao menos algo que mostrasse que o local era de alguma forma respeitado. E de repente me vi num aterro sanitário comum, que era como imenso sanduíche podre. E era ali que dezenas de milhares de pessoas inocentes — principalmente crianças, idosos e mulheres — estavam enterradas. Diante de nossos olhos, no momento em que estava lá com Kuznetsov, caminhões chegaram e despejaram seu conteúdo fedorento bem no local onde essas vítimas estavam. Jogaram mais e mais pilhas de lixo sobre os corpos”, disse Yevtushenko.
Ele questionou Kuznetsov sobre porque parecia haver uma vil conspiração de silêncio sobre os fatos ocorridos em Babi Yar? Kuznetsov respondeu que 70% das pessoas que participaram dessas atrocidades foram policiais ucranianos que colaboraram com os nazistas. Os alemães lhes ofereceram o pior e mais sujo dos trabalhos, o de matar judeus inocentes.
Yevtushenko ficou estupefato. Ou, como disse, ficou tão “envergonhado” com o que viu que naquela noite compôs seu poema. De manhã, foi visitado por alguns poetas liderados por Korotich e leu alguns novos poemas para eles, incluindo Babi Yar… Claro que um dedo-duro ligou para as autoridades de Kiev e estas tentaram cancelar a leitura pública que Yevtushenko faria à noite. Mas ele não desistiu, ameaçou com escândalo e, no dia seguinte ao que fora escrito, Babi Yar foi ouvido publicamente pela primeira vez.
Yevtushenko lê seus poemas. Nos anos sessenta, os poetas podiam reunir milhares de pessoas…
Passemos a palavra a Yevtushenko: “Depois da leitura, houve um momento de silêncio que me pareceu interminável. Uma velhinha saiu da plateia mancando, apoiando-se em uma bengala, e encaminhou-se lentamente até o palco onde eu me encontrava. Ela disse que estivera em Babi Yar, que fora uma das poucas sobreviventes que conseguiu rastejar entre os cadáveres para se salvar. Ela fez uma reverência para mim e beijou minha mão. Nunca antes alguém beijara minha mão”.
Então Yevtushenko foi ao Jornal de Literatura. Seu editor era Valéri Kosolápov, que substituiu o célebre Aleksandr Tvardovsky no posto. Kosolápov era conhecido como uma pessoa muito decente e liberal, naturalmente dentro de certos limites. Tinha ficha no Partido, claro, caso contrário, nunca acabaria na cadeira de editor-chefe. Kosolápov leu Babi Yar e imediatamente disse que os versos eram muito fortes e necessários.
— O que vamos fazer com eles? — pensou Kosolápov em voz alta.
— Como assim? — Yevtushenko respondeu, fingindo que não tinha entendido — Vamos publicar!
Yevtushenko sabia muito bem que, quando alguém dizia “versos fortes”, logo depois vinha “mas, eu não posso publicar isso”. Mas Kosolápov olhou para Yevtushenko com tristeza e até com alguma ternura. Como se esta não fosse sua decisão.
— Sim.
Depois pensou mais um pouco e disse:
— Bem, você vai ter que esperar, sente-se no corredor. Eu tenho que chamar minha esposa.
Yevtushenko ficou surpreso e o editor continuou:
— Por que devo chamar minha esposa? Porque esta deve ser uma decisão de família.
— Por que de família?
— Bem, eles vão me demitir do meu cargo quando o poema for publicado e eu tenho que consultá-la. Aguarde, por favor. Enquanto isso, já vamos mandando o poema para a tipografia.
Kosolápov sabia com certeza que seria demitido. E isso não significava simplesmente a perda de um emprego. Isso significava perda de status, perda de privilégios, de tapinhas nas costas de poderosos, de jantares, de viagens a resorts de prestígio …
Yevtushenko ficou preocupado. Sentou no corredor e esperou. A espera foi longa e insuportável. O poema se espalhou instantaneamente pela redação e pela gráfica. Operários da gráfica se aproximaram dele, deram-lhe parabéns, apertaram suas mãos. Um velho tipógrafo veio. “Ele me trouxe um pouco de vodka, um pepino salgado e um pedaço de pão”, contou o poeta. E este velho disse: — “Espere, espere, eles imprimirão, você verá.”
E então chegou a esposa de Kosolápov e se trancou com o marido em seu escritório por quase uma hora. Ela era uma mulher grande. Na Guerra, ela fora uma enfermeira que carregara muitos corpos nos ombros. Essa rocha saiu da reunião, aproximando-se de Yevtushenko: “Eu não diria que ela estava chorando, mas seus olhos estavam úmidos. Ela olhou para mim com atenção e sorriu. E disse: ‘Não se preocupe, Jenia, decidimos ser demitidos’.”
Olha, é simplesmente lindo: “Decidimos ser demitidos”. Foi quase um ato heroico. Somente uma mulher que foi para a front sob balas podia não ter medo.
Na manhã seguinte, chegou um grupo do Comitê Central, aos berros: “Quem deixou passar, quem aprovou isto?”. Mas já era tarde demais — o jornal estava à venda em todos os quiosques. E vendia muito.
“Durante a semana, recebi dez mil cartas, telegramas e radiogramas. O poema se espalhou como um raio. Foi transmitido por telefone a fim de ser publicado em locais mais distantes. Eles ligavam, liam, gravavam. Me ligaram de Kamchatka. Perguntei como tinham lido lá, porque o jornal ainda não tinha chegado. “Não chegou, mas pessoas nos leram pelo telefone, nós anotamos”, contou Yevtushenko.
Claro que as autoridades não gostaram e trataram de se vingar. Artigos aos montes foram escritos contra Yevtushenko. Kosolápov foi demitido.
O que salvou Yevtushenko foi a reação mundial. Em uma semana, o poema foi traduzido para 72 idiomas e publicado nas primeiras páginas de todos os principais jornais, incluindo os norte-americanos. Em pouco tempo, Yevtushenko recebeu outras 10 mil cartas agora de diferentes partes do mundo. E, é claro, não apenas judeus escreveram cartas de agradecimento, o poema fisgou muita gente. Mas houve muitas ações hostis contra o poeta. A palavra “judeu” foi riscada em seu carro e, pior, ele foi ameaçado e criticado em várias oportunidades.
“Vieram até meu edifício uns universitários enormes, do tamanho de jogadores da basquete. Eles se comprometeram a me proteger voluntariamente, embora não houvesse casos de agressão física. Mas poderia acontecer. Eles passavam a noite nas escadarias do meu prédio. Minha mãe os viu. As pessoas realmente me apoiaram ”, lembrou Yevtushenko.
— E, o milagre mais importante, Dmitri Shostakovich me telefonou. Minha esposa e eu não acreditamos, pensamos que era mais um gênero de intimidação ou que estavam aplicando um trote em nós. Mas Shostakovich apenas me perguntou se eu daria permissão para escrever música sobre meu poema.
Esta história tem um belo final. Kosolápov aceitou tão dignamente sua demissão que o pessoal do Partido ficou assustado. Eles decidiram que se ele estava tão calmo era porque tinha proteção de alguém muito importante e superior… Depois de algum tempo, ele foi chamado para ser editor-chefe da revista Novy Mir. “E apenas a consciência o protegia”, resumiu Yevtushenko. “Era um Verdadeiro Homem.”
Eu fui um adolescente que ouvia a música erudita de meu pai TODAS AS NOITES e rock durante o dia. Eu e minha irmã gostávamos de rock. Ela amava os Beatles e eu os Beatles e todo o resto. Imaginem, em 1969, eu tinha 12 anos. Peguei vários discos hoje clássicos quando de seus lançamentos. Tenho-os em vinil, perfeitamente conservados. Comprei-os, digamos, na primeira edição. Então, discos como Machine Head, In Rock, Burn, Fireball e Who do we think we are, do Deep Purple, são meus íntimos. Quase não os ouço mais, mas eles estão na minha discoteca. O que temos aqui? Ora, um baita disco de crossover conduzido por Constantine Krimets e arranjado por Stephen Reeve e Martin Riley. Foi gravado em estúdio em 1992. Não há bateria nem guitarra — não há, de fato, nenhum instrumento de rock, apenas uma orquestra sinfônica. Todas as faixas foram cuidadosamente rearranjadas, e umas soam mais fieis que outras aos originais. Child in Time é particularmente bem sucedida, The Mule e Pictures of Home idem, muito graças às belas melodias. Gostei também de Highway Star… Não pude evitar. Krimets disse que quase toda a orquestra conhecia a fundo os temas, de tanto ouvi-los em casa.
Se compararmos estes arranjos com o que ouvimos nos crossover das orquestras brasileiras, nossa, isso aqui é Stockhausen de tão complexo. Mas penso que este disco apenas possa interessar aos nostálgicos que conhecem cada original. Em resumo, um crossover é uma curiosidade boba. E kitsch.
The Moscow Symphony Orchestra – The Music of Deep Purple
01. Smoke On The Water
02. Space Trucking
03. Child In Time
04. Black Night
05. Lazy
06. The Mule
07. Pictures Of Home
08. Strange Kind Of Woman
09. Burn
10. Highway Star
11. Fireball
12. Coda And Reprise
Esse disco é muito bom, e seu destaque é a Sonata para Clarinete e Piano, certo? A Sonata para Clarinete e Piano de Francis Poulenc, escrita em 1962, é uma das últimas obras do compositor e um dos pilares do repertório de câmara para clarinete. Foi composta em memória de Arthur Honegger, colega de Poulenc no grupo Les Six. Estava destinada a ser estreada por Benny Goodman (sim, o lendário clarinetista de jazz) com Poulenc ao piano, mas o compositor morreu antes da estreia. A primeira apresentação foi feita por Goodman e Leonard Bernstein. É mole? Poulenc combina clareza, humor, lirismo e melancolia. Sua escrita para clarinete aproveita a expressividade do instrumento, seu calor, sua agilidade e seu senso de humor. Apesar de ser uma homenagem, né? fúnebre, a sonata nunca se afunda em tragédia. Ela é elegante na dor, contida, como um suspiro que prefere o pudor.
Francis Poulenc (1899-1963): Complete Chamber Music Vol. 2 (Tharaud e outros)
Sonata For Violin And Piano (18:26)
1 Allegro Con Fuoco 6:34
2 Intermezzo: Très Lent Et Calme 5:45
3 Presto Tragico 6:01
4 Bagatelle In D Minor For Violin And Piano 2:17
Sonata For Clarinet In B Flat And Piano (13:24)
5 Allegro Tristamente: Allegretto – Très Calme – Tempo Allegretto 5:14
6 Romanza: Très Calme 4:55
7 Allegro Con Fuoco: Très Animé 3:11
Sonata For Piano And Cello (21:51)
8 Allegro – Tempo Di Marcia: Sans Traîner 5:41
9 Cavatine: Très Calme 6:21
10 Ballabile: Très Animé Et Gai 3:18
11 Finale: Largo, Très Librement – Presto Subito 6:22
Cello – Françoise Groben (tracks: 8 to 11)
Clarinet – Ronald Van Spaendonck (tracks: 5 to 7)
Piano – Alexandre Tharaud
Violin – Graf Mourja* (tracks: 1 to 4)
Pois é, mais um desta série que irá longe. Não sou um apaixonado pelas curtas Invenções em duas e três partes para teclado, mas a Fantasia que abre o CD e a Fantasia e Fuga Cromática que o fecha são absolutamente matadoras, de absurda beleza. Vocês podem pensar que somos doidos varridos, mas eu e minha mulher dançamos a Fantasia BWV 906 aqui na sala de casa. Nada nos impedia e não havia ninguém nos filmando para depois colocar no YouTube… Então, tudo bem! Vocês podem tentar, afinal o domingo é um bom dia para loucuras.
J. S. Bach (1685-1750):
Fantasia in C minor; Two-Part Inventions; Three-Part Inventions;
Chromatic Fantasia & Fugue
1. Fantasia In C Minor, BWV906
2. Fifteen Two-Part Inventions, BWV772-786: Invention 1 In C Major
3. Fifteen Two-Part Inventions, BWV772-786: Invention 2 In C Minor
4. Fifteen Two-Part Inventions, BWV772-786: Invention 3 In D Major
5. Fifteen Two-Part Inventions, BWV772-786: Invention 4 In D Minor
6. Fifteen Two-Part Inventions, BWV772-786: Invention 5 In E Flat Major
7. Fifteen Two-Part Inventions, BWV772-786: Invention 6 In E Major
8. Fifteen Two-Part Inventions, BWV772-786: Invention 7 In E Minor
9. Fifteen Two-Part Inventions, BWV772-786: Invention 8 In F Major
10. Fifteen Two-Part Inventions, BWV772-786: Invention 9 In F Minor
11. Fifteen Two-Part Inventions, BWV772-786: Invention 10 In G Major
12. Fifteen Two-Part Inventions, BWV772-786: Invention 11 In G Minor
13. Fifteen Two-Part Inventions, BWV772-786: Invention 12 In A Major
14. Fifteen Two-Part Inventions, BWV772-786: Invention 13 In A Minor
15. Fifteen Two-Part Inventions, BWV772-786: Invention 14 In B Flat Major
16. Fifteen Two-Part Inventions, BWV772-786: Invention 15 In B Minor
17. Fifteen Three-Part Sinfonias (Inventions), BWV787-801: Sinfonia 1 In C Major
18. Fifteen Three-Part Sinfonias (Inventions), BWV787-801: Sinfonia 2 In C Minor
19. Fifteen Three-Part Sinfonias (Inventions), BWV787-801: Sinfonia 3 In D Major
20. Fifteen Three-Part Sinfonias (Inventions), BWV787-801: Sinfonia 4 In D Minor
21. Fifteen Three-Part Sinfonias (Inventions), BWV787-801: Sinfonia 5 In E Flat Major
22. Fifteen Three-Part Sinfonias (Inventions), BWV787-801: Sinfonia 6 In E Major
23. Fifteen Three-Part Sinfonias (Inventions), BWV787-801: Sinfonia 7 In E Minor
24. Fifteen Three-Part Sinfonias (Inventions), BWV787-801: Sinfonia 8 In F Major
25. Fifteen Three-Part Sinfonias (Inventions), BWV787-801: Sinfonia 9 In F Minor
26. Fifteen Three-Part Sinfonias (Inventions), BWV787-801: Sinfonia 10 In G Major
27. Fifteen Three-Part Sinfonias (Inventions), BWV787-801: Sinfonia 11 In G Minor
28. Fifteen Three-Part Sinfonias (Inventions), BWV787-801: Sinfonia 12 In A Major
29. Fifteen Three-Part Sinfonias (Inventions), BWV787-801: Sinfonia 13 In A Minor
30. Fifteen Three-Part Sinfonias (Inventions), BWV787-801: Sinfonia 14 In B Flat Major
31. Fifteen Three-Part Sinfonias (Inventions), BWV787-801: Sinfonia 15 In B Minor
32. Chromatic Fantasia And Fugue In D Minor, BWV903: Fantasia
33. Chromatic Fantasia And Fugue In D Minor, BWV903: Fugue
Eu, PQP Bach, perdi os links de minhas postagens desde agosto de 2016. Claro que esta versão já foi postada, mas é boa que vamos de novo. A Sinfonia Nº 5, Op. 47, de Dmitri Shostakovich, é uma das obras mais emblemáticas do século XX — ao mesmo tempo uma obra-prima musical e um documento histórico codificado. Composta em 1937, durante o auge do terror stalinista, a obra foi oficialmente anunciada como “a resposta criativa de um artista a críticas justas” — uma referência às severas críticas que o compositor havia sofrido por parte do regime, especialmente após sua ópera Lady Macbeth de Mtsensk ter sido condenada como “formalista” no jornal Pravda. Mas a Sinfonia nº 5 é tudo menos submissa. A Quinta é como uma máscara — por fora, conformidade e heroísmo soviético, por dentro, crítica sutil, melancolia e coragem.
Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 5, Op. 47 (Concertgebouw, Haitink)
I Moderato 17:59
II Allegretto 5:23
III Largo 15:36
IV Allegro Non Troppo 10:32
Hoje é Dia de Aniversário de nosso poeta maior. Não é data redonda, são os 118 anos do nascimento do homem que morreu aos 85 por não suportar ver a única filha morta. (O primeiro filho durou-lhe apenas meia hora). Da mesma maneira de Machado, Rosa, Tom e Chico, é meu brasileiro preferido. Como fala muito da difícil convivência familiar, como é um cara que vai do cotidiano ao metafísico, é quase impossível de não se identificar com alguma faceta do poeta, tão rico. Sempre com brilhantismo, Drummond foi lírico, social, filosófico e humorista. Levou uma existência aparentemente modesta e avessa aos holofotes, tanto que nunca quis o fardão da Academia Brasileira de Letras. A fama de Drummond não veio somente da venda de livros, mas porque foi sempre destacado pelos intelectuais e por movimentos como a tropicália e a bossa nova. Nunca foi censurado porque os governos não achavam que o povo iria entendê-lo. Foi moderno e escreveu sonetos, foi irreverente e clássico, escreveu lindamente poesia e prosa. Sua enorme obra é dividida em 5 fases — modernista, política, filosófica, memorialista e, sim, erótica. Esta última fase não está presente neste esplêndido álbum duplo de 1978, pois ela veio depois.
Neste álbum duplo de vinil, aqui transposto para mp3, ouve-se o próprio Drummond lendo 38 de seus principais poemas. A voz do homem de 76 anos é rouca e fraca, três vezes ele tosse ou limpa a garganta durante a leitura… E daí, minha gente? E daí que temos o próprio autor a nos prodigalizar momentos únicos de audição de poemas GENIAIS. O que me emociona, além dos poemas, é a profunda musicalidade do velho Drummond — no texto e na leitura. Este post tem muita música, pequepianos. É um Sarau da melhor qualidade! Repito, é IM-PER-DÍ-VEL !!!
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): Antologia Poética
1 Infância
2 No Meio Do Caminho
3 Confidência De Itabirano
4 Quadrilha
5 Os Ombros Suportam O Mundo
6 Mãos Dadas
7 Mundo Grande
8 José
9 Viagem Na Família
10 Procura Da Poesia
11 O Mito
12 O Lutador
13 Memória
14 Morte Do Leiteiro
15 Confissão
16 Consolo Na Praia
17 Oficina Irritada
18 Fazenda
19 Caso Do Vestido
20 Estrambote Melancólico
21 O Enterrado Vivo
22 Destruição
23 Intimação
24 Alta Cirurgia
25 Para Sempre
26 Canto Do Rio Em Sol
27 Boitempo
28 Cantiguinha
29 Os Pacifistas
30 Cultura Francesa
31 Falta Um Disco
32 Amor E Seu Tempo
33 Obrigado
34 Lira Romantiquinha
35 O Homem, As Viagens
36 Essas Coisas
37 Parolagem Da Vida
38 Declaração De Amor
A música de câmara de Francis Poulenc é uma joia do repertório modernista, combinando elegância francesa, humor irreverente e profundidade emocional. Poulenc, membro do grupo Les Six (*), tinha um estilo único que misturava leveza neoclássica com toques de ironia e lirismo tocante. Sua música de câmara é acessível, mas nunca superficial. Se você gosta de Debussy ou Stravinsky, vai encontrar em Poulenc um meio-termo delicioso. Poulenc explora contrastes, consegue passar da graça à melancolia em poucas notas, vai do music-hall parisiense ao canto gregoriano. Eu adoro! E o Sexteto é uma obra-prima!
(*) O Grupo Les Six (“Os Seis”) foi um coletivo de compositores franceses que se uniu na década de 1920, influenciado por Erik Satie e Jean Cocteau, em oposição ao romantismo pesado e ao impressionismo excessivo. Eles buscavam uma música mais leve, clara e, por vezes, irreverente, incorporando elementos do jazz, do music-hall e do neoclassicismo. Eram eles: Poulenc, Honegger, Milhaud, Tailleferre, Auric e Durey.
Francis Poulenc (1899-1963): Complete Chamber Music Vol. 1 (Tharaud e outros)
Sextet for piano, flute, oboe, clarinet, basson and horn, FP 100
1 I. Allegro vivace: Tres vite et emporte 07:46
2 II. Divertissement: Andantino 04:15
3 III. Finale: Prestissimo 05:30
Oboe Sonata, FP 185
4 I. Élégie: Paisiblement 05:05
5 II. Scherzo: Très animé 04:01
6 III. Déploration: Très calme 04:43
Trio for Oboe, Bassoon and Piano
7 I. Presto: Lent-presto 05:28
8 II. Andante: Andante con moto 03:49
9 III. Rondo: Tres vif 03:21
Tio Bux nunca nos mandou um presente que fosse, acho até que tinha morrido quando nasci, mas papai falava muito dele. Contava as viagens que fizera a Lübeck a fim de aprender sobre o órgão. Para nós, crianças, tio Bux era um homem grande e poderoso, maior do que papai. Hoje sabemos que papai era maior, mas a admiração que ele tinha por Bux era algo notável. Papai contava que o tio quisera repassar-lhe a filha, mas que ela era um jaburu assustador. Naquela época, os empregos eram herdados e Bux tentara fazer de papai seu herdeiro no cargo de organista ao mesmo tempo que salvava a filha encalhada. Seria um bom acordo. Para o tio, talvez para a moça. Ainda bem que papai fugiu e ficou com a prima Maria Bárbara e depois com a Anna Magdalena, ambas bonitinhas, jovens e parideiras. Eu, como vocês sabem, nasci de uma escapadela, mas não escapei das narrativas sobre o imenso organista que tinha sido tio Bux.
E aqui vocês têm a obra completa para órgão de Buxtehude. Sem a filha.
Dietrich Buxtehude (1637-1707): Obras Completas para órgão (Walter Kraft, 6CD)
CD 1
01. Te Deum laudamus, BuxWV 218 – Praeludium 01:50
02. Te Deum laudamus, BuxWV 218 – Te Deum laudamus 03:00
03. Te Deum laudamus, BuxWV 218 – Te Martyratum candidatus 01:15
04. Te Deum laudamus, BuxWV 218 – Tu devicto mortis arcuelo 02:56
05. Te Deum laudamus, BuxWV 218 – Pleni sunt coeli et terra 05:28
06. Canzon in C major, BuxWV166 05:52
07. Canzonetta in C major, BuxWV167 01:19
08. Toccata in F major, BuxWV156 08:20
09. Ich ruf zu dir, Herr Jesu Christ, BuxWV196 03:08
10. Herr Jesu Christ, ich weiss gut wohl, BuxWV 193 03:55
11. Wir danken dir, Herr Jesu Christ, BuxWV 224 01:42
12. Toccata in F major, BuxWV 157 – Toccata 02:07
13. Toccata in F major, BuxWV 157 – Fugue 02:57
14. Prelude, Fugue and Ciacona in C major, BuxWV 137 – Prelude 01:42
15. Prelude, Fugue and Ciacona in C major, BuxWV 137 – Fugue 02:13
16. Prelude, Fugue and Ciacona in C major, BuxWV 137 – Ciacona 01:41
17. Ach, Herr, mein armen Sunder, BuxWV 178 03:19
18. Christ unser Herr zum Jordan kam, BuxWV 180 04:08
19. Prelude and Fugue in E minor, BuxWV 142 – Prelude 01:11
20. Prelude and Fugue in E minor, BuxWV 142 – Fugue 08:01
CD 2
01. Prelude in E minor, BuxWV 143 – Prelude 01:31
02. Prelude in E minor, BuxWV 143 – Fugue 02:59
03. Prelude in E minor, BuxWV 143 – Adagio 01:11
04. Prelude and Fugue in G minor, BuxWV 149 – Prelude 01:22
05. Prelude and Fugue in G minor, BuxWV 149 – Fugue 02:32
06. Prelude and Fugue in G minor, BuxWV 149 – Allegro 04:50
07. Prelude and Fugue in F major, BuxWV 145 – Prelude 01:55
08. Prelude and Fugue in F major, BuxWV 145 – Fugue 04:11
09. Fugue in B flat major, BuxWV 176 05:01
10. Prelude and Fugue in G minor, BuxWV 148 – Prelude 00:48
11. Prelude and Fugue in G minor, BuxWV 148 – Allegro 00:40
12. Prelude and Fugue in G minor, BuxWV 148 – Fugue 06:13
13. Prelude and Fugue in D major, BuxWV 139 – Prelude 01:09
14. Prelude and Fugue in D major, BuxWV 139 – Fugue 01:33
15. Prelude and Fugue in D major, BuxWV 139 – Adagio 03:05
16. Prelude and Fugue in G minor, BuxWV 150 – Prelude 01:00
17. Prelude and Fugue in G minor, BuxWV 150 – Fugue 07:11
18. Fugue in C major 03:49
19. Prelude and Fugue in A minor, BuxWV 153 – Prelude 01:24
20. Prelude and Fugue in A minor, BuxWV 153 – Fugue 05:27
21. Prelude and Fugue in C major, BuxWV 136 – Prelude 00:58
22. Prelude and Fugue in C major, BuxWV 136 – Fugue 03:04
23. Prelude and Fugue in C major, BuxWV 136 – Allegro 02:42
24. Prelude and Fugue in E major, BuxWV 141 – Prelude 00:52
25. Prelude and Fugue in E major, BuxWV 141 – Fugue 03:29
26. Prelude and Fugue in E major, BuxWV 141 – Presto 01:29
27. Prelude and Fugue in E major, BuxWV 141 – Adagio 01:42
CD 3
01. Prelude and Fugue in D minor, BuxWV 140 – Prelude 01:22
02. Prelude and Fugue in D minor, BuxWV 140 – Fugue 02:24
03. Prelude and Fugue in D minor, BuxWV 140 – Allegro 02:55
04. Der tag, der ist so freudenreich, BuxWV 182 04:29
05. Toccata in G major, BuxWV 164 03:23
06. Durch Adams Fall ist ganz verderbt, BuxWV 183 03:49
07. Prelude and Fugue in F sharp minor, BuxWV 146 01:41
08. Prelude and Fugue in F sharp minor, BuxWV 146 01:30
09. Prelude and Fugue in F sharp minor, BuxWV 146 01:28
10. Prelude and Fugue in F sharp minor, BuxWV 146 – Con discretione 03:24
11. Prelude and Fugue in the Phrygian Mode [a], BuxWV 152 – Prelude 01:16
12. Prelude and Fugue in the Phrygian Mode [a], BuxWV 152 – Fugue 03:56
13. Erhalt uns Herr bei deinem Wort 03:06
14. Es ist das Heil uns kommen her, BuxWV 186 02:46
15. Ein feste Burg ist unser Gott, BuxWV 184 03:51
16. Erhalt uns Herr bei deinem Wort, BuxWV 185 02:03
17. Praeambulum [Prelude and Fugue] in A minor, BuxWV 158 – Praeambulum 01:07
18. Praeambulum [Prelude and Fugue] in A minor, BuxWV 158 – Fugue 04:46
19. Prelude and Fugue in F major, BuxWV 144 – Prelude 01:09
20. Prelude and Fugue in F major, BuxWV 144 – Fugue 02:38
21. Nun komm, der Heiden Heiland, BuxWV 211 01:39
22. Prelude [Prelude and Fugue] in G minor, BuxWV 163 00:39
23. Praeambulum [Prelude and Fugue] in A minor, BuxWV 158 – Fughetta 01:54
24. Prelude [Prelude and Fugue] in G minor, BuxWV 163 – Fugue 1 04:00
25. Prelude [Prelude and Fugue] in G minor, BuxWV 163 – Fugue 2 01:52
26. In dulci jubilo 02:03
27. Prelude and Fugue in A major – Prelude 02:51
28. Prelude and Fugue in A major – Fugue 02:20
29. Prelude and Fugue in A major – Adagio 02:00
CD 4
01. Ciacona in C minor, BuxWV 159 07:35
02. Lobt Gott, ihr Christen, allzugleich, BuxWV 202 01:25
03. Canzonetta [Canzona] in G major, BuxWV 171 03:00
04. Canzonetta in G minor, BuxWV 173 01:50
05. Gelobet seist du, Jesu Christ, BuxWV 189 02:15
06. Ciacona in E minor, BuxWV 160 06:01
07. Ich dank dir, lieber Herre, BuxWV 194 04:47
08. Canzonetta in D minor, BuxWV 168 05:00
09. Nun freut euch lieben Christen g’mein, BuxWV 210 14:29
10. Canzona in G major, BuxWV 170 04:33
11. Danket dem Herrn, BuxWV 181 03:28
12. Ich dank dir schondurch deinen Sohn, BuxWV 195 05:53
13. Kommt her zu mir, spricht Gottes Sohn, BuxWV 201 03:04
14. Magnificat prmi toni, BuxWV 203 08:08
CD 5
01. Gelobet seist du, Jesu Christ, BuxWV 188 10:04
02. Prelude and Fugue in G major, BuxWV162 06:13
03. Wie schon leuchtet der Morgenstern, BuxWV 223 08:52
04. Nun lob mein Seel den Herren, BuxWV 214/215 – I. 03:33
05. Nun lob mein Seel den Herren, BuxWV 214/215 – II. 02:24
06. Nun lob mein Seel den Herren, BuxWV 214/215 – III. 02:22
07. Nun lob mein Seel den Herren, BuxWV 214/215 – IV. 02:38
08. Vater unser im Himmelreich – I. 02:17
09. Vater unser im Himmelreich – II. 04:32
10. Vater unser im Himmelreich – III. 01:53
11. Nun lob mein Seel den Herren, BuxWV 213 – I. 02:27
12. Nun lob mein Seel den Herren, BuxWV 213 – II. 02:24
13. Nun lob mein Seel den Herren, BuxWV 213 – III. 02:36
14. Prelude (fragment) in B flat major, BuxWV 154 01:12
15. Von Gott will ich nicht lassen, BuxWV 220 02:16
16. Von Gott will ich nicht lassen, BuxWV 221 02:31
17. Jesus Christus, unser Heiland, BuxWV 198 01:53
18. Nun lob mein Seel den Herren, BuxWV 212 04:20
19. Nun bitten wir der heil’gen Geist, BuxWV 209 02:55
20. Gott der Vater wohn bei uns, BuxWV 190 03:57
21. Fugue in G major, BuxWV 175 04:09
CD 6
01. Canzonetta in E minor, BuxWV 169 03:30
02. Magnificat primi toni, BuxWV 204 02:38
03. Vater unser in Himmelreich, BuxWV 219 02:55
04. Nun bitten wir den heilgen Geist, BuxWV 208 02:41
05. Magnificat noni toni, BuxWV 204 – Magnificat 01:58
06. Magnificat noni toni, BuxWV 204 – Versus 01:03
07. Magnificat noni toni, BuxWV 204 – Versus 5 alla duodecima 01:53
08. Auf meinen lieben Gott – Praeludium 00:57
09. Auf meinen lieben Gott – Double 01:02
10. Auf meinen lieben Gott – Sarabande 00:53
11. Auf meinen lieben Gott – Courante 00:54
12. Auf meinen lieben Gott – Gigue 00:49
13. Komm, heiliger Geist, Herre Gott, BuxWV 199 04:01
14. Herr Christ, der einig Gottes Sohn, BuxWV 192 03:00
15. Mensch, willst du leben seliglich, BuxWV 206 02:35
16. Puer natus in Bethlehem, BuxWV 217 01:18
17. War Gott nicht mit uns diese Zeit, BuxWV 222 02:44
18. Es spricht der Unweisen Mund wohl, BuxWV 187 02:53
19. Herr Christ, der einig Gottes Sohn, BuxWV 191 03:41
20. Komm, heiliger Geist, Herre Gott, BuxWV 200 03:50
21. Passacaglia in D minor, BuxWV 161 06:12
22. Toccata in G major, BuxWV 165 06:03
23. Ach Gott und Herr, BuxWV 177 02:19
24. Toccata in D minor, BuxWV 155 07:16
Este CD recebeu todos os prêmios possíveis de se ganhar em 1994. Mereceu, é sensacional, esplêndido, até hoje imbatível, creio. Rostropovich estendeu a mão para o menino Vengerov, na época com 20 anos, para que ele subisse nos ombros de gigantes como Kogan e Oistrakh e conseguisse superá-los. Aqui, Rostrô atua como regente. Não há nada mais ou menos nesta gravação — solista, orquestra e regente estão impecáveis. Se o destaque é o tenso Concerto de Shostakovich, Prokofiev não lhe fica atrás. Creio que Rostrô deve ter orientado Vengerov a fazer a mais dilacerante das cadenzas na Passacaglia de Shosta, uma especialidade de Oistrakh. Nela o violino acaba abandonado pela orquestra, realizando um belíssimo e longo solo que dá entrada ao movimento final. Este CD é um dos que devem ser levados para a ilha deserta ou, no mínimo, deve ser guardado no nosso ventrículo esquerdo, que é onde o coração bate mais forte.
Prokofiev: Concerto para Violino Nº 1 / Shostakovich: Concerto para Violino Nº 1 (Vengerov / Rostropovich)
1. Prokofiev: Violin Concerto No. 1 In D Major, Op. 19: Andantino
2. Prokofiev: Violin Concerto No. 1 In D Major, Op. 19: Scherzo: Vivacissimo
3. Prokofiev: Violin Concerto No. 1 In D Major, Op. 19: Moderato
4. Shostakovich: Violin Concerto No.1 In A Minor: Nocturne: Moderato
5. Shostakovich: Violin Concerto No.1 in A minor: Scherzo: Allegro
6. Shostakovich: Violin Concerto No.1 in A minor: Passacaglia: Andante
7. Shostakovich: Violin Concerto No.1 in A minor: Burlesque: Allegro con brio
Performed by London Symphony Orchestra
with Maxim Vengerov, violin
Conducted by Mstislav Rostropovich
É um CD que conta com a presença de Leonard Bernstein à frente da Filarmônica de Nova Iorque; é um CD que tem Casadeus e Francescatti; ou seja, não é qualquer coisa. Mas é inferior, penso, a outra gravação que recém postamos e que tem em comum a Sinfonia do Órgão, de Saint-Säens. Não obstante, as pessoas costumam babar por este registro. Vai ver que o problema sou eu. A Sinfonia do Órgão é fantástica e… Vocês sabem de que filme ela foi trilha sonora? Isso, acertaram! Ela aparece no final de Babe, O Porquinho Atrapalhado, excelente filme infantil do tempo que meus filhos eram pequenos e eu os levava ao cinema!!!
Camille Saint-Säens (1835-1921): Sinfonia Nº 3, do Órgão / Concerto Nº 4 para piano e Orquestra / Introdução e Rondó Caprichoso para violino e orquestra (Casadeus, Francescatti, Bernstein)
Sinfonia No. 3 “do Órgão” em Dó menor, Op. 78
01. I. Adagio
02. II. Allegro moderato
03. III. Poco Adagio
04. IV. Allegro moderato
05. V. Presto
06. VI. Maestoso
07. VII. Allegro
Concerto Nº 4 para piano e orquestra em Dó menor, Op. 44
08. I. Allegro moderato – Andante
09. II. Allegro vivace – Andante – Allegro
Introdução e Rondó Caprichoso para violino e orquestra em Lá menor, Op. 28
10. Introdução e Rondó Caprichoso para violino e orquestra em Lá menor, Op. 28
Robert Casadeus, piano
Zino Francescatti, violino
New York Philharmonic
Leonard Bernstein, regente
Podem trazer Bernstein, Maazel e quem mais vocês acharem adequado, não adianta. Esta gravação meio descontrolada e ao vivo é a melhor versão que ouvi da Sinfonia do Órgão de Saint-Saëns. Tudo começa pela verdadeiramente festiva Toccata de Barber. Ela é assim assim, tá? Mas é festiva, tem solos interessantes de órgão com timpanos, aquela coisa. O CD melhora de forma espetacular com Poulenc — EU AMO POULENC, OK?, só que hoje ele não é o protagonista –, apesar de que o filé é a Sinfonia de nosso amigo SS. SS viveu muito (1835-1921), gostava de viajar e deu até concertos no Rio de Janeiro e em São Paulo em 1899. Tem obra imensa — muitas coisas legais, outras nem tanto — , mas sua principal composição, a citada sinfonia, é complicada de tocar. Uma sinfônica, um órgão, piano, é muita coisa. Mas quando se consegue tocar é uma puta celebração. Como nesta gravação ao vivo, a plateia urra enlouquecida no final. URRA. É como um gol, um golaço de Eschenbach, Latry e da orquestra de Filadélfia.
Saint-Saëns: Sinfonia Nº 3, do Órgão / Poulenc: Concerto para Órgão / Barber: Toccata Festiva (Latry, Eschenbach)
Samuel Barber
1. Toccata festiva, Op. 36 15:49
Francis Poulenc
2. Organ Concerto in G minor: I. Andante – 3:35
3. Organ Concerto in G minor: II. Allegro giocoso – 2:04
4. Organ Concerto in G minor: III. Subito andante moderato – 8:24
5. Organ Concerto in G minor: IV. Tempo allegro, molto agitato – 2:36
6. Organ Concerto in G minor: V. Tres calme: Lent – 3:08
7. Organ Concerto in G minor: VI. Tempo de l’allegro initial – 1:47
8. Organ Concerto in G minor: VII. Tempo introduction: Largo 3:39
Camille Saint-Saëns
9. Symphony No. 3 in C minor, Op. 78, “Organ”: I. Adagio – Allegro moderato – 10:38
10. Symphony No. 3 in C minor, Op. 78, “Organ”: I. Poco adagio 11:32
11. Symphony No. 3 in C minor, Op. 78, “Organ”: II. Allegro moderato – Presto – Allegro moderato 6:55
12. Symphony No. 3 in C minor, Op. 78, “Organ”: II. Maestoso – Allegro – Piu allegro – Molto allegro – Pesante 8:56
Olivier Latry, órgão
Philadelphia Orchestra
Christoph Eschenbach
Saint-Saëns nunca me apaixonou demais. OK, a Sinfonia do Órgão é espetacular, este Concerto para Violoncelo também, mas… não dá para falar mal do altamente erudito e grande viajante tiozão que CS-S. Imaginem que ele tinha impulsos súbitos de viajar e viajava para os lugares mais malucos de um dia para outro e isso numa época em que fazê-lo era complicado. Ele conheceu o Sri Lanka, a Indochina, o Egito e lugares tão exóticos e bisonhos quanto Rio de Janeiro e São Paulo! E isso em 1899! Pior, vocês não acreditar, mas ele foi aos Estados Unidos! Morreu em Argel numa dessas viagens.
Grande Saint-Saëns! Excelente CD!
Camille Saint-Saëns (1835-1921): Complete Works for Cello & Orchestra (Bollon, Moser)
1. Cello Concerto No. 1 in A minor, Op. 33
2. Cello Concerto No. 2 in D minor, Op. 119: Allegro moderato e maestoso – Andante sostenuto
3. Cello Concerto No. 2 in D minor, Op. 119: Allegro non troppo – Cadenza – Molto allegro
4. Suite for cello & orchestra, Op. 16bis: Prélude
5. Suite for cello & orchestra, Op. 16bis: Sérénade
6. Suite for cello & orchestra, Op. 16bis: Scherzo
7. Suite for cello & orchestra, Op. 16bis: Romance
8. Suite for cello & orchestra, Op. 16bis: Finale
9. Romance for horn (or cello) & orchestra (or piano) in F major, Op. 36
10. Allegro appassionato, for cello & piano (or orchestra) in B minor, Op. 43
11. The Swan (from ‘Carnival of the Animals’), original (for 2 pianos & ensemble) and arrangements
Johannes Moser, violoncelo
SWR Stuttgart Radio Symphony Orchestra
Fabrice Bollon
Mais um CD com os Quartetos de Shostakovich com o Éder. O Quarteto Nº 1, Op. 49, de 1938 tem um tom surpreendentemente leve e neoclássico. Foi composto quando Shosta tinha 32 anos. Ele traz movimentos curtos, melodias líricas, livre da angústia das obras posteriores. O Quarteto Nº 8, Op. 110, de 1960 é o mais famoso da série. Foi composto em 3 dias durante uma crise de depressão suicida, em Dresden. É autobiográfico. Shosta usa as iniciais D-S-C-H como tema recorrente — sua “assinatura musical”. É pura tragédia pura, com movimentos repletos de citações de suas sinfonias (como a Nº 5) e do canto judaico “Vítimas do Fascismo”. Sim, parte dos judeus mudaram e hoje são agentes do que há de pior… O Quarteto Nº 9, Op. 117 (1964) teve sua primeira versão em 1961. O estilo aqui é abstrato e experimental, com dissonâncias e um final ambíguo. Rapidamente: Nº 1, juventude e clareza; Nº 8, obra-prima da dor, densa e pessoal; Nº 9: reinvenção pós-trauma, enigmático.
Dmitri Shostakovich (1906-1975): Quartetos Nº 8, 1 e 9 (Éder Quartet)
String Quartet No. 8 in C Minor, Op. 110
1 I. Largo 04:41
2 II. Allegro molto 02:42
3 III. Allegretto 04:08
4 IV. Largo 05:05
5 V. Largo 03:42
String Quartet No. 1 in C Major, Op. 49
6 I. Moderato 04:16
7 II. Moderato 04:37
8 III. Allegro molto 02:25
9 IV. Allegro 03:24
String Quartet No. 9 in E-Flat Major, Op. 117
10 I. Moderato con moto 04:26
11 II. Adagio 03:58
12 III. Allegretto 03:54
13 IV. Adagio 03:36
14 V. Allegro 10:03
Não sei se Pinnock e seu The English Concert gravaram o Messias antes deste disco de 1986, apenas sei que, há 30 anos atrás, eles já estavam preparados para fazerem aquele que é, na minha opinião, o melhor registro do famoso oratório de Händel. Pois esta turma tem (ou tinha) Händel no DNA. Essas aberturas, ouvidas juntas, guardam algo de pomposo, talvez de repetitivo, mas a sonoridade da orquestra de Pinnock estava finamente preparada para mais. Como amo a música barroca, me lambuzei e me satisfiz mesmo aqui. Um belo disco.
Georg Friedrich Händel (1685-1759): Aberturas
Alceste; HWV 45 Act 1: Grand Entrée
1 Maestoso 2:46 Agrippina;
HWV 6 Sinfonia:
2 Without Tempo Indication – Allegro – Adagio 4:04 Il Pastor Fido; HWV 8a
3 Without Tempo Indication – Lentement 4:12
4 Largo 3:53
5 Allegro 2:12
6 (Menuet) 2:00
7 Adagio 8:20
8 (Allegro) 3:24 Saul; HWV 53
Act 1: Sinfonia
9 Allegro 4:05
10 Larghetto – Adagio 2:42
11 Allegro 2:38
12 Andante Larghetto 2:40 Act 2: Sinfonia “Wedding Symphony”
13 Largo _ Allegro 4:44 Teseo; HWV 9
Ouverture
14 Largo – Without Tempo Indication 5:19 Samson; HWV 57
15 Andante – Adagio 3:53
16 Allegro 1:42
17 Menuetto 2:17
Não chega a ser um CD para ser recebido com fanfarras, mas é legal. É Rossini, o que já lhe garante alguma simpatia. A orquestra de Budapeste é muito boa, Fischer é excelente, porém eu não sou o cara correto para avaliar essas coisas operísticas ou mesmo obras de um cara que gosta tanto de melodias, etc. Ouçam vocês e me contem, tá? Eu me diverti, achei agradável, mas não sei se é bom… E esta é a terceira e última oração adversativa deste post. Por exemplo, a tal Sinfonia para Cordas é uma joia, viram? Tchau.
Gioachino Rossini (1792-1868): Instrumental Music (Fischer, Budapest Festival Orchestra)
1 Overture to La scala di seta (The Silken Ladder) 6:06
2 Serenata for 2 violins, viola, cello, flute, oboe & English horn in E flat major, QR vi/31 7:42
3 Sonata a quattro (String Symphony) No. 1 in G major Moderato 8:08
4 Andantino 4:14
5 Allegro 2:51
6 Rendez-vous de chasse, for 4 hunting horns & orchestra in D major, QR ix/45 3:27
7 Variazioni a più istrumenti obbligati in F major, for 2 violins, viola, cello & clarinet, QR ix/1 10:29
8 Andante, Theme and Variations, for flute, clarinet, horn & bassoon in F major, QR vi/18 9:35
9 Overture to Semiramide 12:20
A Sinfonia Nº 1, Op. 10, de Dmitri Shostakovich, é uma obra revolucionária — composta quando ele tinha apenas 19 anos (1924–1925) e estreada em 1926 pela Orquestra Filarmônica de Leningrado. Mesmo sendo uma peça de juventude, já revela seu gênio dramático, a ironia mordaz e a maestria orquestral. Shostakovich compôs a sinfonia como trabalho de formatura no Conservatório de Leningrado, sob pressão financeira (sua família passava dificuldades após a Revolução Russa). A URSS dos anos 1920 vivia um período de relativa liberdade artística (antes do stalinismo), o que permitiu a ousadia da obra. A estreia foi um sucesso estrondoso, projetando Shosta como o maior talento da nova música soviética. A obra escapa dos clichês da época: não é heroica, mas cheia de ambiguidades. Prepara o terreno para suas sinfonias posteriores, onde a tensão entre conformismo e subversão se tornaria vital. Já o Concerto para Piano, Trompete e Orquestra de Cordas, Op. 35 (1933) é uma das obras mais irreverentes e brilhantes do compositor, misturando ironia, virtuosismo e uma pitada de escândalo. Foi composto durante um raro período de “folga” artística antes do Grande Expurgo stalinista. Shostakovich estava envolvido com música para cinema e teatro, daí o tom cinematográfico — de cinema mudo no final do Concerto! — e satírico da obra. A obra foi chamada de “frívola” e “burguesa” — um prenúncio dos ataques que sofreria em 1936. Shostakovich adorava música de cabaré, e isso transparece nos ritmos sincopados e no trompete malcomportado…
Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 1 e Concerto para Piano Nº 1 (Rudy, Antonsen, Jansons)
Symphony No. 1 In F Minor, Op. 10
1 I: Allegretto – Allegro Non Troppo 8:20
2 II: Allegro 4:56
3 III: Lento – 9:08
4 IV: Allegro Molto – Lento – Allegro Molto 9:32
Concerto For Piano, Trumpet And Strings In C Minor, Op. 35
Piano – Mikhail Rudy*
Trumpet – Ole Edvard Antonsen
5 I: Allegro Moderato – Allegro Vivace – Moderato – 5:58
6 II: Lento – 8:30
7 III: Moderato – 1:41
8 IV: Allegro Con Brio – Presto – Allegretto Poco Moderato – Allegro Con Brio 6:45
Conductor – Mariss Jansons
Orchestra – Berliner Philharmoniker
Tom inventou Matita Perê (1973) e começou a gravá-lo no Rio. Não estava gostando do resultado. Achou que precisava de melhores músicos e maior qualidade de gravação.
(Ouvindo o disco, você logo entende que a exigência era enorme. O álbum alterna canções com música instrumental, indo com naturalidade do popular ao erudito).
Foi para Nova Iorque com os poucos brasucas que se salvaram da experiência carioca, bancou tudo do próprio bolso e fez um dos melhores álbuns de música brasileira de todos os tempos. Estava com 46 anos e tinha todo o prestígio e consideração do mundo.
Os temas escolhidos por Jobim para Matita Perê passam da leveza e doçura, das praias, barquinhos e garotas, para a natureza e lendas do um Brasil profundo, sertanejo. Ele compõe a partir de suas observações e da leitura de autores como Guimarães Rosa e dos poetas Carlos Drummond de Andrade e Mário Palmério.
Para o crítico musical Zuza Homem de Mello, “Matita Perê é um disco que pouco a pouco foi sendo compreendido, entendido e principalmente admirado. É um marco na carreira de Tom Jobim”.
A faixa de abertura traz aquele que se tornaria um dos maiores clássicos do compositor, Águas de março, cujo título foi retirado de poema de Olavo Bilac.
Já a faixa-título, uma suíte, cita o folclore e nasce de suas leituras, em especial do conto Duelo de Guimarães Rosa, que contou com a colaboração de Paulo César Pinheiro na letra.
Paulo César Pinheiro falou sobre a parceria: “O Tom me procurou, porque eu tinha uma música no Festival da Canção chamada Sagarana, parceria com o João de Aquino. Tom ouviu, ficou impressionado e me ligou dizendo que tinha ideias semelhantes àquelas”.
(Quando vocês se depararem com a próxima lista de Melhores Canções Brasileiras de Todos os Tempos, procurem por uma chamada Matita Perê. Se ela não estiver presente, abandonem a lista e falem mal do criador dela).
Matita Perê marca o início da temática ecológica na obra de Tom Jobim, que seguiria com força em discos como Urubu (1975), Terra Brasilis (1980) e Passarim (1987).
Ao mesmo tempo, evidencia-se o Jobim sinfônico, claramente influenciado por Villa Lobos, em faixas como Crônica da casa assassinada, baseada no romance de Lúcio Cardoso, outra suíte com quase 10 minutos de duração, feita para a trilha do filme de Paulo César Sarraceni.
Não deixe de ouvir. É falha grave desconhecer este disco.
Tom Jobim: Matita Perê
1 Águas de Março (Antônio Carlos Jobim) — 3:56
2 Ana Luiza (Antônio Carlos Jobim) — 5:26
3 Matita Perê (Antônio Carlos Jobim, letra de Paulo César Pinheiro) — 7:11
4 Tempo do Mar (Antônio Carlos Jobim) — 5:09
5 The Mantiqueira Range (Paulo Jobim) — 3:31
6 Crônica da Casa Assassinada (Antônio Carlos Jobim) — 9:58
a. “Trem Para Cordisburgo”
b. “Chora Coração” (letra de Vinícius de Moraes)
c. “Jardim Abandonado”
d. “Milagre e Palhaços”
7 Rancho nas Nuvens (Antônio Carlos Jobim) — 4:04
8 Nuvens Douradas (Antônio Carlos Jobim) — 3:16
Antônio Carlos Jobim – piano, violão e vocal
Claus Ogerman – arranjos (exceto faixa 3) e regência
Dori Caymmi – arranjo da faixa 3
João Palma – bateria e percussão
Airto Moreira – bateria e percussão
George Devens – percussão
Harry Lookousky – spalla
Frank Laico – engenharia de áudio
Ray Beckenstein – flautas e madeiras
Phil Bodner – flautas e madeiras
Jerry Dodgion – flautas e madeiras
Don Hammond – flautas e madeiras
Romeo Penque – flautas e madeiras
Urbie Green – trombone
Ron Carter – baixo
Richard Davis – baixo
Não sou um admirador incondicional de Robert Schumann, mas há coisas que amo com toda a paixão. Dentre elas, estão este quinteto e quarteto absolutamente perfeitos. E aqui o grande Emerson String Quartet recebe El Imparable Menahem Pressler, ex-líder do saudoso Beaux Arts Trio, para uma interpretação de referência das obras. Tudo aqui é maravilhoso, mas o Andante cantabile do Quarteto é algo realmente especial e sempre me lembra uma cena dilacerante de um filme há muito visto de Alexander Kluge. Casualmente, o In modo d’una marcia foi largamente utilizado por Ingmar Bergman no belíssimo Fanny e Alexander, Um Schumann para admiradores de Bach? Também, mas antes penso que seja duas das mais gloriosas obras de música absoluta já compostas e que abrem o horizonte para Johannes Brahms.
Não deixe de ouvir.
Robert Schumann (1810-1856): Quinteto e Quarteto para Piano, Op. 44 e 47
1. Piano Quintet in E flat, Op.44 – 1. Allegro brillante 8:56
2. Piano Quintet in E flat, Op.44 – 2. In modo d’una marcia (Un poco largamente) 8:54
3. Piano Quintet in E flat, Op.44 – 3. Scherzo (Molto vivace) 4:48
4. Piano Quintet in E flat, Op.44 – 4. Allegro, ma non troppo 7:24
5. Piano Quartet in E flat, Op.47 – 1. Sostenuto assai – Allegro ma non troppo 8:45
6. Piano Quartet in E flat, Op.47 – 2. Scherzo (Molto vivace) 3:38
7. Piano Quartet in E flat, Op.47 – 3. Andante cantabile 7:12
8. Piano Quartet in E flat, Op.47 – 4. Finale (Vivace) 7:45
Shostakovich utilizou os quartetos de cordas para expressar o que não podia em sinfonias (mais vigiadas pelo regime). Do Nº 8 em diante, eles se tornam cartas cifradas sobre morte, culpa e resistência. Mas falemos rapidamente sobre as obras deste CD. Porém, vejam bem, o Quarteto Nº 4, Op. 83, de 1949, foi censurado! Escrito durante o zhdanovismo, apenas foi estreado em 1953, após Stalin morrer. O Quarteto Nº 6, Op. 101, é de 1956 e o contexto já é o do “Degelo” de Khrushchev. Shostakovich respirava alívio. Destaque para o movimento Lento. Já o Quarteto Nº 7, Op. 108, de 1960, é breve e intenso, uma obra-prima. É dedicado à memória de sua primeira esposa e cheio de um luto contido. Nina Varzar (Varzar-Shostakovich) era uma física brilhante, foi o porto seguro de Shostakovich durante os anos de perseguição stalinista. Sua morte mergulhou Shostakovich em uma depressão profunda. O Éder Quartet — cujo nome é dedicado ao ex-ponta-esquerda o Atlético-MG e da Seleção Brasileira — é impecável. PQP Bach também é fake news e tio do Whats.
Dmitri Shostakovich (1906-1975): Quartetos Nº 4, 6 e 7 (Éder Quartet)
String Quartet No. 4 in D Major, Op. 83
1 I. Allegretto 03:17
2 II. Andantino 07:14
3 III. Allegretto 03:44
4 IV. Allegretto 08:24
String Quartet No. 6 in G Major, Op. 101
5 I. Allegretto 06:47
6 II. Moderato con moto 05:16
7 III. Lento 05:20
8 IV. Lento – Allegretto 07:46
String Quartet No. 7 in F-Sharp Minor, Op. 108
9 I. Allegretto 03:38
10 II. Lento 03:24
11 III. Allegro 05:32
O que pode acontecer quando Jordi Savall resolve fazer um concerto com repertório de Bach e Vivaldi e convida Pierre Hantaï e Pablo Valetti (do Café Zimmermann) e mais a La Capella Reial de Catalunya para participarem dele? E ainda toca sua viola da gamba? Bem, meus caros, quem não consegue imaginar o resultado ouça o disco para comprovar a perfeição e adentrar no nirvana. Este concerto foi gravado ao vivo em 2013 na Capela Real de Versalhes e eu sugiro que você não apenas ouça como decore cada nota.
J. S. Bach e A. Vivaldi: Magnificat & Concerti
01 – Antonio Vivaldi – Concerto con 2 violini e viola da gamba, archi e continuo, RV 578 I. Adagio e spiccato – Allegro
02 – Antonio Vivaldi – Concerto con 2 violini e viola da gamba, archi e continuo, RV 578 II. Larghetto
03 – Antonio Vivaldi – Concerto con 2 violini e viola da gamba, archi e continuo, RV 578 III. Allegro
04 – Antonio Vivaldi – Magnificat en Sol mineur, RV 610 I. Magnificat
05 – Antonio Vivaldi – Magnificat en Sol mineur, RV 610 II. Et exultavit
06 – Antonio Vivaldi – Magnificat en Sol mineur, RV 610 III. Et misericordia eius
07 – Antonio Vivaldi – Magnificat en Sol mineur, RV 610 IV. Fecit potentiam
08 – Antonio Vivaldi – Magnificat en Sol mineur, RV 610 V. Deposuit potentes
09 – Antonio Vivaldi – Magnificat en Sol mineur, RV 610 VI. Esurientes
10 – Antonio Vivaldi – Magnificat en Sol mineur, RV 610 VII. Suscepit Israel
11 – Antonio Vivaldi – Magnificat en Sol mineur, RV 610 VIII. Sicut locutus est
12 – Antonio Vivaldi – Magnificat en Sol mineur, RV 610 IX. Gloria Patri
13 – Antonio Vivaldi – Magnificat en Sol mineur, RV 610 X. Sicut erat in principio
14 – Johann Sebastian Bach – Concerto pour clavecin en Re mineur, BWV 1052 I. Allegro
15 – Johann Sebastian Bach – Concerto pour clavecin en Re mineur, BWV 1052 II. Adagio
16 – Johann Sebastian Bach – Concerto pour clavecin en Re mineur, BWV 1052 III. Allegro
17 – Johann Sebastian Bach – Magnificat en Re majeur, BWV 243 I. Magnificat
18 – Johann Sebastian Bach – Magnificat en Re majeur, BWV 243 II. Et exultavit
19 – Johann Sebastian Bach – Magnificat en Re majeur, BWV 243 III. Quia respexit
20 – Johann Sebastian Bach – Magnificat en Re majeur, BWV 243 IV. Omnes generationes
21 – Johann Sebastian Bach – Magnificat en Re majeur, BWV 243 V. Quia fecit mihi magna
22 – Johann Sebastian Bach – Magnificat en Re majeur, BWV 243 VI. Et misericordia
23 – Johann Sebastian Bach – Magnificat en Re majeur, BWV 243 VII. Fecit potentiam
24 – Johann Sebastian Bach – Magnificat en Re majeur, BWV 243 VIII. Deposuit potentes
25 – Johann Sebastian Bach – Magnificat en Re majeur, BWV 243 IX. Esurientes
26 – Johann Sebastian Bach – Magnificat en Re majeur, BWV 243 X. Suscepit Israel
27 – Johann Sebastian Bach – Magnificat en Re majeur, BWV 243 XI. Sicut locutus est
28 – Johann Sebastian Bach – Magnificat en Re majeur, BWV 243 XII. Gloria Patri
Personnel:
Hanna Bayodi-Hirt, Johannette Zomer soprano / Damien Guillon – contreténor / David Munderloh – ténor / Stephan MacLeod – baryton
La Capella Reial de Catalunya
et participants sélectionnés de la IIIe Académie 2013
Le Concert des Nations
Pierre Hantaï – clavecin
Manfredo Kraemer, Pablo Valetti – violini concertanti