Sabe aquele disco perfeito, sem falhas? Uma Waldstein tão boa quanto a de Pollini, uma Les adieux que é melhor nem comentar, uma 110 verdadeiramente estupenda e uma Ao Luar para incrementar as vendas. Dizer o mais quê?
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano Op. 27/2 “Moonlight”, 53 “Waldstein”, 81a “Les adieux” & 110 (Freire)
1. Piano Sonata No.21 in C, Op.53 -“Waldstein” – 1. Allegro con brio 9:29
2. Piano Sonata No.21 in C, Op.53 -“Waldstein” – 2. Introduzione (Adagio molto) 3:47
3. Piano Sonata No.21 in C, Op.53 -“Waldstein” – 3. Rondo (Allegretto moderato – Prestissimo) 9:12
4. Piano Sonata No.26 in E flat, Op.81a -“Les adieux” – 1. Das Lebewohl (Adagio – Allegro) 6:26
5. Piano Sonata No.26 in E flat, Op.81a -“Les adieux” – 2. Abwesendheit (Andante espressivo) 3:22
6. Piano Sonata No.26 in E flat, Op.81a -“Les adieux” – 3. Das Wiedersehn (Vivacissimamente) 5:11
7. Piano Sonata No.31 in A flat, Op.110 – 1. Moderato cantabile molto espressivo 6:15
8. Piano Sonata No.31 in A flat, Op.110 – 2. Allegro molto 2:00
9. Piano Sonata No.31 in A flat, Op.110 – 3a. Adagio ma non troppo 3:19
10. Piano Sonata No.31 in A flat, Op.110 – 3b. Fuga (Allegro ma non troppo) 6:59
11. Piano Sonata No.14 in C sharp minor, Op.27 No.2 -“Moonlight” – 1. Adagio sostenuto 5:26
12. Piano Sonata No.14 in C sharp minor, Op.27 No.2 -“Moonlight” – 2. Allegretto 2:11
13. Piano Sonata No.14 in C sharp minor, Op.27 No.2 -“Moonlight” – 3. Presto 5:26
Eu não sou doido pelas missas antigas. É uma música extática demais para o meu gosto. Sua intrincada polifonia me agrada por 15-20 min e depois canso. Vocês podem me rebater que Byrd não escreveu suas três missas para serem ouvidas de enfiada como fazemos numa audição de um CD e serei obrigado a lhes dar razão. O Tallis Scholars é um conjunto simplesmente espetacular e só por ele já valeria ouvir o disco, mas em drágeas.
William Byrd (1540-1623): The Three Masses (Tallis)
1. Byrd: Mass for five voices: Kyrie (Mass for 5 voices) 1:28
2. Byrd: Mass for five voices: Gloria (Mass for 5 voices) 4:55
3. Byrd: Mass for five voices: Credo (Mass for 5 voices) 8:41
4. Byrd: Mass for five voices: Sanctus & Benedictus (Mass for 5 voices) 3:47
5. Byrd: Mass for five voices: Agnus Dei (Mass for 5 voices) 3:49
6. Byrd: Mass for four voices: Kyrie (Mass for 4 voices) 2:03
7. Byrd: Mass for four voices: Gloria (Mass for 4 voices) 5:29
8. Byrd: Mass for four voices: Credo (Mass for 4 voices) 7:31
9. Byrd: Mass for four voices: Sanctus & Benedictus (Mass for 4 voices) 3:39
10. Byrd: Mass for four voices: Agnus Dei (Mass for 4 voices) 3:29
11. Byrd: Mass for three voices: Kyrie & Gloria (Mass for 3 voices) 5:12
12. Byrd: Mass for three voices: Credo (Mass for 3 voices) 6:36
13. Byrd: Mass for three voices: Sanctus & Benedictus (Mass for 3 voices) 2:46
14. Byrd: Mass for three voices: Agnus Dei (Mass for 3 voices) 3:24
15. Byrd: Ave verum corpus 4:16
E este é o final de mais uma integral que publicamos no blog. A caixinha da EMI termina com uma gravação mais antiga (de 1981, quando Rattle tinha 26 anos) da Sinfonia Nro. 5. É um CD bônus cuja existência me parece justificada, pois há boa diferença entre este e o outro registro, realizado apenas seis anos depois.
Jean Sibelius (1865-1957): Integral das Sinfonias (CD 5 de 5) (CBSO / Rattle)
Disc: 5
Sinfonia Nro. 5, Op. 82
1. I. Tempo Molto Moderato – Allegro Moderato – Presto
2. II. Andante Mosso, Quasi Allegretto
3. III. Allegro Molto – Un Pochettino Largemente
City of Birmingham Symphony Orchestra
Simon Rattle
Depois do comentário escrito por um certo Adolf Hitler na postagem anterior de Sibelius, apresso-me a postar o quarto volume. (O comentário é lá de 2008 e essa figura asquerosa — se ainda não morreu — deve ter ficado muito feliz com os anos Bolsonaro, que, aliás, quando será preso?) Antes, li felicíssimo a repercussão da atuação de Rattle em Berlim. Ele prometeu que ia mudar o repertório da orquestra e o está fazendo. Nos 44 concertos deste ano (2008), há poucos Beethoven e Mozart, mas muitas obras modernas e músicas — antigas e novas — pouco ouvidas. Um show de equilíbrio. Ele retirou da Orquestra de Berlim a obrigação de palmilhar sempre a mesma via crucis de compositores. (Hoje, Rattle escolheu sair de Berlim. Saiu como um herói, seu último concerto foi apoteótico e ele sempre volta à orquestra como convidado.)
Bem, mas este é o melhor CD da coleção de Sibelius e um dos grandes discos que possuo. Sim, claro, a música ajuda. São as duas melhores sinfonias do muuuuito misterioso – como escreveu-me um amigo – Sibelius. Há algo na Sinfonia Nro. 5 que deixa meu duro coração sem lágrimas à flor da pele, quase se desmanchando de emoção. São três movimentos com temas bastante rarefeitos, mas belos, belos, belos e orquestrados estupendamente. A CBSO e Rattle não interpretam, mas parecem autenticamente criar a Sinfonia. O final da Quinta sempre me deixou obcecado e já sonhei várias vezes que – músico de uma orquestra qualquer – o errava lamentavelmente.
A execução da Sétima fica a alguns centímetros de Mravinski, que parece ter resolvido melhor o fato de ser uma música de cinco movimentos sem interrupções e, se Rattle ganha em colorido sonoro e no controle da orquestra, perde na qualidade do trombonista e nas passagens de um movimento a outro.
Um disco obrigatório, mesmo para quem não admira Sibelius.
Jean Sibelius (1865-1957): Integral das Sinfonias (CD 4 de 5) (CBSO / Rattle)
Disc: 4
Sinfonia Nro. 5, Op. 82
1. I. Tempo Molto Moderato – Allegro Moderato – Presto
2. II. Andante Mosso. Quasi Allegretto
3. III. Allegro Molto – Un Pochettino Largemente
4. Kualema – Scene With Cranes, Op. 44
Sinfonia Nro.7, Op. 105
5. I. Adagio –
6. II. Un Pochettino Meno Adagio – Vivacissimo – Adagio –
7. III. Allegro Molto Moderato –
8. IV. Vivace – Presto – Adagio
9. Night Ride and Sunrise, Op. 55
City of Birmingham Symphony Orchestra
Simon Rattle
Tenho poucas gravações destas duas sinfonias de Sibelius. Uma versão é a Karajan e outra é a de Leaper para a Naxos. Rattle parece ser bastante mais compreensivo para com as brumas e o estranho mundo de Sibelius. Orienta-se melhor que os outros dentro dele. Como o finlandês faz muitas vezes uma música sem movimento, é fundamental aquela atenção debussiana para o som produzido. E aqui Rattle e sua ex-orquestra, a CBSO, dão um show. Gosto especialmente dos últimos movimentos das sinfonias presentes neste CD. Moderadamente recomendável para depressões leves e decididamente desaconselhável para quem está à beira do abismo.
Jean Sibelius (1865-1957): Integral das Sinfonias (CD 3 de 5) (CBSO / Rattle)
Disc: 3
Sinfonia Nro. 4, Op. 63
1. I. Tempo Molto Moderato, Quasi Adagio
2. II. Allegro Molto Vivace
3. III.II Tempo Largo
4. IV. Allegro
Sinfonia Nro.6, Op. 104
5. I. Allegro Molto Moderato
6. II. Allegretto Moderato
7. III. Poco Vivace
8. IV. Allegro Molto
9. The Oceanides (Aallottaret), Op.73
City of Birmingham Symphony Orchestra
Simon Rattle
As leves críticas recebidas pelo volume 1 desta coleção deverão diminuir muito na segunda parte de nossa empreitada sibeliana. Rattle faz uma contemplativa e tranquila abordagem da Sinfonia Nº 2, uma das mais adequadas que ouvi. Talvez a opção de não ser tão especular assuste alguns desacostumados, mas a versão é uma joia. O finale é extraordinário! Já a terceira é uma sinfonia que não é muito conhecida, apesar do esplêndido Andantino Con Moto, Quasi Allegretto, movimento que mora no meu coração. A 3ª mais me parece uma longa – e boa — preparação para algo que… vai acontecer na 4ª… Ainda mais depois de ouvir, ontem à noite, duas que são absolutamente o máximo, da autoria de seu agitado vizinho Nielsen. É decididamente um período sinfônico de minha vida e pretendo postar a integral de Shosta, Sibelius, Nielsen e Mahler. Só gente parruda. O registro que Rattle faz da segunda sinfonia é tão acertado quando casar com a belíssima mezzo-soprano Magdalena Kožená, atual Sra. Sir Simon. Os tabloides ingleses não cansam de escrever que ela tem 18 anos a menos que Rattle. Grande coisa.
Jean Sibelius (1865-1957): Integral das Sinfonias (CD 2 de 5) (CBSO / Rattle)
Disc: 2
Sinfonia Nro. 2 1. I. Allegretto
2. II. Temp Andante, Ma Rubato
3. III. Vivacissimo
4. IV. Finale: Allegro Moderato
Sinfonia Nro. 3 5. I. Allegro Moderato
6. II. Andantino Con Moto, Quasi Allegretto
7. III. Moderato – Allegro, Ma Non Tanto
City of Birmingham Symphony Orchestra
Simon Rattle
Uma grande orquestra, um grande regente e um concerto impossível de ouvir após acostumar-se a Jascha Heifetz. Gosto muito da Primeira de Sibelius, mas o Concerto não satisfaz por causa da citada gravação de Heifetz. Comparado ao lituano, Nigel Kennedy é apenas aceitável. Já na Sinfonia Nº 1, Sibelius parece ainda não ter formado bem seu estilo. Tudo parece muito inicial, só que, de certa forma, todo ele já está lá. E isto é o interessante!
Sua Primeira Sinfonia começou a ser composta em abril de 1898. Em janeiro do ano seguinte, Sibelius mudava-se da capital Helsinque para a pequena cidade de Kerava, a fim de ter mais tempo para compor. Acabou saindo de lá porque não tinha amigos e era complicado de se embebedar… Enquanto trabalhava na sua Sinfonia, o czar Nicolau II expediu o “Manifesto de fevereiro de 1899”, restringindo a autonomia de todas as nações do Império Russo, incluindo a Finlândia. Indignado com a nova situação de seu país, Sibelius compôs uma canção de protesto, intitulada Canção dos Atenienses. A Sinfonia nº 1 e a Canção dos Atenienses foram estreadas no mesmo concerto, em Helsinque, no dia 26 de abril de 1899, pela Sociedade Filarmônica de Helsinque, sob a regência do compositor. O concerto teve grande sucesso e Sibelius foi alçado à condição de uma das principais figuras da resistência finlandesa. Nascia um herói nacional. Sibelius revisou a Sinfonia no ano seguinte. A versão que hoje conhecemos é de 1900 e foi estreada em Estocolmo no dia 4 de julho do mesmo ano, também pela Sociedade Filarmônica de Helsinque, sob a regência de Robert Kajanus, amigo do compositor. Em turnê pelas principais capitais europeias, Kajanus foi responsável pelo sucesso da Sinfonia fora da Finlândia e pelo consequente reconhecimento internacional do compositor. Na Sinfonia nº 1 já podemos vislumbrar aquelas que se tornariam as “marcas registradas” de Sibelius: as atmosferas misteriosas que nos remetem às terras geladas da Finlândia, os contrastes súbitos onde seções calmas são inesperadamente seguidas por momentos de extremo vigor e o uso da orquestral de uma forma extremamente pessoal.
Jean Sibelius (1865-1957): Integral das Sinfonias (CD 1 de 5) (CBSO / Rattle)
Disc: 1
Sinfonia No. 1 in E minor, Op. 39 (1898)
1. I. Allegro, Ma Non Troppo – Allegro Energico
2. II. Andante, Ma Non Troppo Lento
3. III. Scherzo: Allegro
4. IV. Finale: Quasi Una Fantasia (Andante-Allegro Molto)
Concerto para Violino e Orquestra, Op. 47 (1903)
5. I. Allegro Moderato
6. II. Adagio Di Molto
7. III. Allegro, Ma Non Tanto
Nigel Kennedy, violino
City Of Birmingham Symphony Orchestra
Simon Rattle
A música vocal de Handel é uma das alegrias da vida. Mas este CD não me deixou especialmente tocado. Nada interrompeu minha leitura. OK, o livro que estou lendo — Diante do Manto do Soldado, de Lídia Jorge — é bom demais. Só o Dixit Dominus dividiu minha atenção. Mas a orquestra, coro e solistas são geniais. Deu para notar claramente em quão perfeita forma estavam Kozená e Massis na época da gravação. Eu tenho enorme paixão por Kozená, reconheço sua voz de longe. Gosto também de sua mania de se apresentar tantas vezes sem maquiagem, apesar da idade. As mulheres ficam espantadas quando ela chega na Filarmônica de Berlim com um belo vestido, mas de cara lavada… De resto, futebol é bola na rede.
G. F. Handel (1685-1759): Saeviat tellus / Laudate Pueri / Salve Regina / Dixit Dominus (Minkovski)
Saeviat Tellus Inter Rigores HWV 240: Motetto Per La Madonna Santissima Del Carmine (17:29)
1 “Saeviat Tellus” 5:42
2 “Carmelitarum Ut Confirmet” 0:38
3 “O Nox Dulcis” 6:04
4 “Stellae Fidae” 2:53
5 “Sub Tantae Virginis Tutela” 0:21
6 “Alleluia” 1:51
Laudate Pueri Dominum HWV 237 (16:46)
7 “Laudate Pueri” 3:02
8 “Sit Nomen Domini” 1:57
9 “A Solis Ortu” 1:20
10 “Excelsus Super Omnes” 1:55
11 “Quis Sicut Dominus” 1:43
12 “Suscitans A Terra Inopem” 2:15
13 “Qui Habitare Facit” 1:30
14 “Gloria Patri” 3:04
Salve Regina HWV 241 (12:28)
15 “Salve Regina” 2:55
16 “Ad Te Clamamus” 3:48
17 “Eia Ergo, Advocata Nostra” 3:41
18 “O Clemens, O Pia” 2:04
Dixit Dominus HWV 232 (30:39)
19 “Dixit Dominus” 5:07
20 “Virgam Virtutis” 2:44
21 “Tecum Principium” 2:28
22 “Juravit Dominus” 2:16
23 “Tu Es Sacerdos” 1:30
24 “Dominus A Dextris Tuis” 6:14
25 “De Torrente In Via Bibet” 4:10
26 “Gloria Patri” 6:10
Annick Massis, soprano
Magdalena Kozená, mezzo-soprano, soprano
Sara Fulgoni, alto
Patrick Henckens, tenor
Kevin McLean-Mair, tenor
Marcos Pujol, bass
Les Musiciens du Louvre
Choeur des Musiciens du Louvre
dir. Marc Minkovski
Então, você chega ao PQP Bach e lê: árias para Cuzzoni, de Händel. Não, não pode ser! Esses caras estão de brincadeira! Não, nada de brincadeiras — você adorará as árias para Cuzzoni.
Na verdade, talvez eu devesse escrever: Árias compostas por George Friderich Händel para Francesca Cuzzoni. Francesca foi uma superdiva que juntou-se em 1718 ao London’s Royal Academy of Music. Cuzzoni era tão boa cantora que Händel escrevia coisas cada vez maiores e mais difíceis a fim de analisar suas possibilidades. Mas não pensem que Händel gostava de Cuzzoni. Como toda diva, ela era insuportável a ponto de Händel ter ameaçado lançá-la pela janela, se não cooperasse. A fama de Cuzzoni é atestada pelo grande volume de histórias que sobre ela que chegaram a nós. Ela tinha um ciúme doentio de uma diva rival, Faustina Bordoni, e dizem que costumava desmaiar se ouvisse tal nome. Como era de esperar, Cuzzoni despertou paixões em seu tempo. Ainda hoje… Bem, deixa pra lá.
Simone Kermes tem bela voz e sua Cuzzoni é magnífica. Sem dúvida alguma, este CD vai entrar pros anais de nosso blog PQP Bach!
Georg Friedrich Händel – La Diva – Árias para Cuzzoni
1) Scipione: Scoglio d’immota fronte [5:05]
2) Giulio Cesare: V’adoro pupille [4:39]
3) Giulio Cesare: Piangerò [7:02]
4) Giulio Cesare: Se pietà di me non senti [9:47]
5) Alessandro: No, più soffrir non voglio [4:01]
6) Rodelinda: Ombre, piante (1st Version) [2:24]
7) Rodelinda: Ahi perché, giusto ciel (1st Version) [6:55]
8. Siroe: Or mi perdo di speranza [4:10]
9) Siroe: Mi lagnerò tacendo [6:46]
10) Siroe: Torrente cresciuto [4:19]
11) Tolomeo: Fonti amiche [5:00]
12) Flavio: Amante stravagante [3:36]
13) Riccardo primo: Morte vieni [2:45]
14) Admeto: Io ti bacio [3:15]
Simone Kermes
Lautten Compagney
Wolfgang Katschner
A mezzo-soprano austríaca Angelika Kirchschlager é uma especialista em Handel, Händel ou Haendel. Aqui, ela nos dá uma hora de boas árias, muitas delas raras, principalmente as árias de Ariana em Creta. Estas foram compostas provavelmente para a mezzo-soprano Durastanti ou o castrato Carestini. O CD apresenta não apenas Kirchschlager, mas também a Kammerorchester Basel, em excelente forma. Bom disco, mas nada comparável ao portento que postarei às 16h30.
G. F. Handel (1685-1759): Händel Arien (Kirchschlager)
1) Qui d’amor from Ariodante
2) T’amerò dunque…Con l’ali from Ariodante
3) Scherzo infida from Ariodante
4) Dopo notte from Ariodante
5) Svegliatevi nel core from Giulio Cesare
6) Cara speme from Giulio Cesare
7) L’angue offeso from Giulio Cesare
8. Sdegnata sei from Arianna
9) Oh patria!…Sol ristoro from Arianna
10) Salda quercia from Arianna
11) Qual Leon from Arianna
12) Ove son…Qui ti sfido from Arianna
Muito bom disco. Ernest Chausson foi um compositor francês da era romântica tardia. Foi influenciado por Wagner, Franck e pelo simbolismo. Morreu tragicamente e jovem (44 anos) em um acidente de bicicleta. Dizem que ele morreu afogado numa poça d`água. Ele descia uma ladeira de bicicleta quando perdeu o controle colidindo violentamente contra um muro de pedra, fraturando o crânio. A parte da poça me contaram. Chausson era um ciclista entusiasta e costumava pedalar frequentemente para relaxar. Na época, as bicicletas não tinham freios eficientes ou sistemas de segurança, e os caminhos eram irregulares. Bem, sua obra é marcada por intensidade emocional, harmonias ricas e um estilo entre o impressionismo e o romantismo. Na Sinfonia, nota-se a influência de César Franck (seu professor). A orquestração é densa, dramática e foi mal recebida na estreia (1891), criticada por ser “demasiado germânica” para o gosto francês da época. Hoje é considerada uma obra-prima esquecida do repertório sinfônico francês. Achei-a muito bonita.
Ernest Chausson (1855-1899): Symphony / Poeme / Viviane (Korcia, Kaltenbach)
Symphony in B-Flat Major, Op. 20
1 I. Lent – Allegro vivo – Allegro molto – Plus lent – Allegro scherzando – Moins vite – Allegro molto – Allegro vivo – Allegro molto – Presto 12:40
2 II. Très lent 09:26
3 III. animé – Tres animé – Encore plus animé – Tres animé – Grave – Modéré – Largement 12:09
Poème for Violin & Orchestra, Op. 25
4 Lento e misterioso – Cadenza – Animato – Poco lento – Allegro – Tranquillo 16:27
Symphonic Poem on a Legend of the Round Table, Op. 5, “Viviane”
5 Andante – Allegro – Lent – Andante 11:30
Laurent Korcia, violino
Orchestre Symphonique et Lyrique de Nancy
Jérôme Kaltenbach
Há muita discussão em torno das opções tomadas por Anne-Sophie Mutter nesta série de gravações das Sonatas Completas para Violino e Piano de Beethoven. Em alguns momentos bem determinados, ela carrega nos vibratos “apaixonados” como se não houvesse amanhã. Em outros, retorna ao normal. O que é lento ficou beeeemmm lento. Gostei muito das interpretações de algumas Sonatas e guardo restrições a algumas coisinhas. Mutter e Orkis passaram um ano dedicados exclusivamente a este repertório, dando concertos e ensaiando. (É óbvio que antes e depois seguiram eventualmente com Beethoven, super-compositor incontornável). O resultado é geral é muito bom. Mas o que surpreende mesmo é a coragem de Mutter de aventurar-se em versões imaginativas de um repertório ultra solidificado em nossas memórias. Se fosse um ser humano menor, gravaria conforme faz o main stream e ganharia rios de dinheiro. Escolheu ser original. Incomodou os conservadores. Acho digno.
O estilo livre adotado caiu muito bem na Sonata Kreutzer, não tem bem na Primavera e maravilhosamente no Op. 30 e 96. Vale a pena ouvir. Nem que seja para depois falar mal.
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Integral das Sonatas para Violino e Piano (Mutter/Orkis)
CD 1
Sonate No. 1 D-Dur Op. 12 No. 1 In D-Major (22:14)
1.1 1. Allegro Con Brio 9:20
1.2 2. Tema Con Variazioni. Andante Con Moto (Var. I-IV) 7:42
1.3 3. Rondo. Allegro 5:10
Sonate No. 2 A-Dur Op. 12 No. 2 In A Major (17:42)
1.4 1. Allegro Vivace 6:50
1.5 2. Andante Più Tosto Allegretto 5:15
1.6 3. Allegro Piacévole 5:37
Sonate No. 3 Es-Dur Op. 12 No. 3 In E Flat Major (19:11)
1.7 1. Allegro Con Spirito 8:38
1.8 2. Adagio Con Molta Espressione 6:12
1.9 3. Rondo. Allegro Molto 4:21
CD 2
Sonate No. 4 A-Moll Op. 23 In A Minor (17:53)
2.1 Presto 9:06
2.2 Andante Scherzoso, Più Allegretto 8:47
2.3 Allegro Molto 5:58
Sonate No. 5 F-Dur Op. 24 “Frühlings-Sonate” (25:22)
2.4 1. Allegro 10:34
2.5 2. Adagio Molto Espressivo 5:57
2.6 3. Scherzo. Allegro Molto 1:22
2.7 4. Rondo. Allegro Ma Non Troppo 7:29
Sonate No. 6 A-Dur Op. 30 No. 1 In A Major (23:48)
3.1 1. Allegro 8:25
3.2 2. Adagio Molto Espressivo 7:07
3.3 3. Allegretto Con Variazioni (I-VI) 8:16
Sonate No. 7 C-Moll Op. 30 No. 2 In C Minor (26:44)
3.4 1. Allegro Con Brio 8:30
3.5 2. Adagio Cantabile 9:09
3.6 3. Scherzo. Allegro – Trio 3:35
3.7 4. Finale. Allegro – Presto 5:30
Sonate No. 8 G-Dur Op. 30 No. 3 In G Major (20:16)
3.8 1. Allegro Assai 6:53
3.9 2. Tempo Di Minuetto, Ma Molto Moderator E Grazioso 9:35
3.10 3. Allegro Vivace 3:48
3.11 Contretanz B-Dur In B Flat Major. Contretanz Es-Dur (12 Contretänze Für Orchester WoO 14: Nos. 4 & 7) 1:50
CD 4
Sonate No. 9 A-Dur Op. 47 “Kreutzer-Sonate” In A Major (43:56)
4.1 1. Adagio Sostenuto – Presto 15:19
4.2 2. Andante Con Variazioni (I-IV) 18:14
4.3 3. Presto 10:23
Sonate No. 10 G-Dur Op. 96 In G Major (29:13)
4.4 1. Allegro Moderato 11:27
4.5 2. Adagio Espressivo 6:11
4.6 3. Scherzo. Allgro – Trio – Coda 1:58
4.7 4. Poco Allegretto – Adagio Espressivo – Tempo I 9:37
Com a confessada intenção de demonstrar como nosso blog é foda, programei um Festival Fasch para hoje. Tá bom, este é um disco com Fasch, mas os próximos três serão exclusivamente de Johann Friedrich. Fasch é bom pra caraglio, vocês verão. E compreenderão que este blog fodão quer apenas lhe dar prazer ao introduzir Fasch em sua vida. Esse CD é da Harmonia Mundi e só o fato de ser com a Camerata Köln já deveria bastar para deixar excitado qualquer pequepiano que se preze. A ligação que há entre estes concertos barrocos é clara: eles estão no mesmo CD. Não há Cristo que vá me convencer da lógica de enfiar Vivaldi, Fasch, Marcello e mano Johann Christian no mesmo saco. OK, Fasch era fã de Vivaldi e de Telemann, que não está no disco… Vão tomar no cu. Mas o disco é do caraglio, repito. Muita atenção para a versão abusiva ma non troppo para o célebre concerto de Marcello. O grupo de músico realmente interpreta oq eu toca. Um tremendo CD!
Festival Fasch: Vivaldi, Marcello, Quantz, J. C. Bach, Fasch: Florilegium Musicale (Camerata Köln)
# Chamber Concerto (“La notte”), for flute or violin, 2 violins, bassoon & continuo in G minor, RV 104
Composed by Antonio Vivaldi
with Cologne Camerata
1. La Notte
2. Fantasmi
3. Il Sonno
4. Allegro
# Concerto for oboe, strings & continuo in D minor, SF. 935
Composed by Alessandro Marcello
with Cologne Camerata
5. Andante
6. Adagio
7. Allegro
# Trio in C
Composed by Johann Joachim Quantz
with Cologne Camerata
8. Affettuoso
9. Alla breve
10. Larghetto
11. Vivace
# Quintet for flute, oboe, violin, cello & keyboard in D major, Op. 22/1, CW B76 (T. 304/6)
Composed by Johann Christian Bach
with Cologne Camerata
12. Allegro
13. Andantino
14. Allegro assai
# Quartet for 2 oboes, obbligato basson & continuo in D minor, FaschWV N:d2
Composed by Johann Friedrich Fasch
with Cologne Camerata
15. Largo
16. Allegro
17. Largo
18. Allegro
# Piccolo (Flautino) Concerto, for piccolo (or recorder/flute), strings & continuo in C major, RV 444
Composed by Antonio Vivaldi
with Cologne Camerata
19. Allegro non molto
20. Largo
21. Allegro molto
O que dizer? Que eu amo Hermeto? Sim, direi isto. Que não perdi nenhum show dele que passou perto de mim? Sim, direi. Que uma vez faltei ao trabalho porque estava trabalhando em Pelotas, tinha que voltar naquela manhã, mas vi no jornal que ele estava na cidade e iria se apresentar naquela noite? Fiquei lá, óbvio. Voltei um dia depois e disse com sinceridade pro meu chefe o motivo da minha falta. E ele ficou tão apalermado que disse meio puto para eu ir trabalhar. Não falou comigo por uma semana, mas não me demitiu.
Hermeto Pascoal (1936) é um compositor, arranjador e super e multi-instrumentista brasileiro. Toca acordeão, flauta, piano, saxofone, flauta, violão, baixo e diversos outros instrumentos. Hermeto é uma figura significativa na história da música brasileira, reconhecido principalmente por suas habilidades em orquestração e improvisação, além de ser produtor musical e colaborador de diversos álbuns nacionais e internacionais. Conhecido como “O Bruxo” ou “O Campeão”, ele frequentemente faz música com objetos não convencionais, como bules, brinquedos infantis e animais, bem como teclados, acordeão de botões, melódica, saxofone, violão, flauta, voz, vários metais e instrumentos folclóricos. Talvez por ter crescido no campo, usa a natureza como base para suas composições, como em sua Música da Lagoa, em que os músicos borbulham água e tocam flautas imersos em uma lagoa: uma emissora de televisão brasileira de 1999 o mostrou solando a certa altura, cantando em um copo com a boca parcialmente submersa na água. Há muita controvérsia em relação ao local onde ele nasceu, com várias fontes dizendo que ele nasceu em Olho d’Água Grande ou Lagoa da Canoa, ambas cidades de Alagoas. Hermeto nasceu com estrabismo e é portador de albinismo, o que fez com que ele não tivesse que trabalhar na roça desde a infância por ele não poder se expor muito ao sol.
Quando saiu da roça, vocês sabem o que aconteceu. Pesquisem, né?
Quem quiser piratear os meus discos, pode ficar à vontade. Desde que seja para ouvir uma boa música. (…) Mesmo o meu trabalho em gravadoras, o povo tem mais é que piratear tudo. Isso não é revolução. O que queremos é mostrar essa música universal. Porque isso não toca em rádio nem aparece na capa do jornal. Sabe o que Deus falou? Muita gente pensa que é só para transar. Mas, não. “Crescei e multiplicai-vos”. Isso é em todos os sentidos. Vamos crescer na maneira de ser e multiplicar o que tem de bom. Sem barreiras. A música é universal. Eu toco no mundo inteiro e é sempre lotado. Eu só cheguei a isso porque os meus discos são pirateados, estão à vontade na Internet.
Hermeto Paschoal: A Música Livre De Hermeto Paschoal
A1 Voz E Vento
A2 Música Das Nuvens E Do Chão
A3 Dança Da Selva Na Cidade Grande
A4 Amor, Paz E Esperança
A5 Diálogo
B1 Correu Tanto Que Sumiu
B2 Festa Na Lua
B3 Eita Mundo Bom!
B4 Religiosidade
B5 Arrasta Pé Alagoano
B6 Vou Esperar
B7 Auriana
B8 Banda Encarnação
Hermeto Pascoal & Grupo – Só Não Toca Quem Não Quer
De Sábado Prá Dominguinhos 4:35
Meu Barco 0:50
Viagem 4:25
Zurich 9:30
O Correio 0:49
Intocável 3:00
Suíte Mundo Grande 4:03
Cancão Da Tarde 2:35
Mente Clara 2:13
Ilha Das Gaivotas 4:49
Rebuliço 2:36
Quiabo 5:14
Itiberê Orquestra Família e Hermeto Pascoal: Hermetismos Pascoais – ao Vivo em SP (2002)
1. Apresentação
2. Preto Velho
(Itiberê Zwarg) – Itiberê Orquestra Família e Hermeto Pascoal
3. Suíte do Parque Infantil / Suíte do Realejo
(Itiberê Zwarg) – Itiberê Orquestra Família
4. Na Carioca
(Itiberê Zwarg) – Itiberê Orquestra Família e Hermeto Pascoal
5. Passando o Ano a Limpo
(Itiberê Zwarg) – Itiberê Orquestra Família
6. Agalopada
(Itiberê Zwarg) – Itiberê Orquestra Família e Hermeto Pascoal
7. Pedra Vermelha
(Itiberê Zwarg) – Itiberê Orquestra Família
8. Esse Mambo É Nosso
(Itiberê Zwarg) – Itiberê Orquestra Família e Hermeto Pascoal
9. Feitinha pra Nóis
(Hermeto Pascoal) – Itiberê Orquestra Família
10. No Varal
(Itiberê Zwarg) – Itiberê Orquestra Família e Hermeto Pascoal
Itiberê Orquestra Família:
Mariana Bernardes – voz e percussão
Mariana – flauta
Carolina – flauta e viola
Letícia – flauta
Aline – flauta, flautim, flauta baixo e clarinete
Joana – clarinete e clarone
Pedro – trompete e melofone
Flávio – trompete
Sidney – sax alto, sax tenor, sax soprano e flauta
Thiago – sax alto, sax tenor
Janjão – trombone
Bernardo Ramos – guitarra
Luciano – guitarra e violão
Miguel – guitarra e violão
Cristiano – bandolim e violão
Vitor Gonçalves – piano e sax alto
João – piano, sanfona e percussão
Renata – violino
Isadora – violino
Maria Clara – violoncelo
Pedro – violoncelo
Bruno – baixo acústico e baixo elétrico
Mayo – baixo acústico e baixo elétrico
Pedro Albuquerque – baixo acústico
Pedro Christiano – tuba e baixo elétrico
Ajurinã – bateria, percussão e gaita
Georgia – percussão e bateria
Mingo – percussão e bateria
Itiberê Zwarg: arranjos e regência
Show realizado no Sesc Consolação em 10 de abril de 2002, no projeto “Hermetismos Pascoais”.
Não dá para dizer que eu tenha amado o curioso trabalho de transcrição destes concertos para o piano. Achei engraçado e uma completa bobagem. Minha mulher fez a pergunta fatal: “Para que transcrever? Será que não há repertório suficiente para teclado?” Ah, pois é. Há tantas boas Sonatas barrocas e clássicas, coisas ótimas e originais, pra que vir com transcrições, ainda mais estas? Os movimentos lentos ficaram aceitáveis, mas faltou colorido aos rápidos, penso. Acho que é um download obrigatório para quem ama bizarrices. Os amigos do drama, do visceral e dos originais podem passar adiante — aqui há apenas caricaturas que fazem Vivaldi estremecer em seu túmulo.
Antonio Vivaldi (1678-1741): As Quatro Estações / Concerto para Bandolim / Concerto para Alaúde (transcrições para piano, por Jeffrey Biegel)
As Quatro Estações (Primavera)
1. I. Allegro 00:03:16
2. II. Largo 00:02:51
3. III. Allegro Pastorale 00:04:01
As Quatro Estações (Verão)
4. I. Allegro non molto 00:05:22
5. II. Adagio e piano – Presto e forte 00:02:02
6. III. Presto 00:02:36
As Quatro Estações (Outono)
7. I. Allegro 00:04:22
8. II. Adagio molto 00:02:16
9. III. Allegro 00:03:10
As Quatro Estações (Inverno)
10. I. Allegro non molto 00:03:30
11. II. Largo 00:02:02
12. III. Allegro 00:02:49
Mandolin Concerto in C major, RV 425 (arr. A. Gentile for piano)
13. I. Allegro 00:03:31
14. II. Largo 00:04:48
15. III. Allegro 00:02:08
Lute Concerto in D major, RV 93 (arr. A. Gentile for piano)
16. I. Allegro guisto 00:04:17
17. II. Largo 00:04:53
18. III. Allegro 00:02:38
Jeffrey Biegel, piano (e arranjo para “As Quatro Estações”)
O dia de hoje, 28 de julho, marca a data de morte de Antonio Vivaldi e de Johann Sebastian Bach — mais detalhes e coincidências entre os dois maiores mestres do barroco estão neste link. Então, farei duas postagens bem consistentes, uma de cada um deles. A de Bach entrará ali pelo meio da tarde, certo?
L’Estro Armonico (A Inspíração Harmônica, em italiano), Op. 3, é uma coleção de doze concertos para 1, 2 e 4 violinos escritos por Antonio Vivaldi em 1711. Foram obras que se tornaram logo muito famosas chegando a atingir Bach, tanto que ele transcreveu vários destes concertos para o cravo e o órgão. Ele, seus filhos legítimos e seus alunos costumavam tocá-los em saraus e nas aulas. Eu, pobre ilegítimo, o 21º filho, nunca pude tocá-los. Me dá uma tristeza! Ouçam como são belos! Dá vontade da mandar tomar no cu aquele russo nanico que disse que Vivaldi fez 477 vezes o mesmo concerto. É o que farei: “Ei, Stravinsky, vai tomar no cu!”.
O disco é razoável, boa orquestra de som antiquado, ante-diluviano. O CD deve ter décadas. Mas traz todo o Op. 3. Legal, né?
Vivaldi – L’estro armonico, Op.3 – Virtuosi di Roma
CD1
Concerto No. 1 D-dur, RV 549
01. I: Allegro [0:03:10.70]
02. II: Largo e spiccato [0:03:49.45]
03. III: Allegro [0:02:32.60]
Franco Gulli, Edmondo Malanotte, Mario Benvenuti, Alberto Poltronieri, violins
O húngaro Miklós Perényi é reconhecido como um dos grandes violoncelistas da sua geração, com um som distinto, matizado, acompanhado de uma musicalidade extraordinária. Aqui ele dá o seu primeiro recital a solo para a ECM, interpretando obras notáveis de Bach, Britten e Ligeti. O CD veio logo após sua brilhante atuação, ao lado de András Schiff, nas premiadas gravações da Música Completa para Piano e Violoncelo de Beethoven. Perényi interpreta a Terceira Suíte de Benjamin Britten para violoncelo solo, op. 97 (1971) e a Suite n.º 6 de Johann Sebastian Bach em ré maior, BWV 1012, tornando clara a sua interligação histórica e temática. Britten escreveu suas suítes para violoncelo para Mstislav Rostropovich, inspirado por ouvi-lo tocar as suítes de Bach. Rostropovich saudou todas as suítes de violoncelo de Britten como obras-primas, mas destacou a Terceira (escrita em 1971) para um elogio especial: “puro gênio”, em suas palavras. Na obra, Britten cita fragmentos de melodias de canções folclóricas russas que emergem plenamente no movimento final. Neste disco, a última suíte para violoncelo de Bach segue a de Britten, e o Bach de Perényi dança com elegância e energia. O álbum termina com um retorno à Hungria e à Sonata para violoncelo solo de Gyorgy Ligeti de 1948-1953. Ligeti lançou a peça para publicação apenas em 1979, então ela figura na cronologia antes e depois de Britten. Trata-se de uma obra poderosa e sincera de um compositor que estudou violoncelo.
Britten, Bach, Ligeti: Peças para Violocelo Solo (Perényi)
Benjamin Britten: Third Suite op. 87 (1971)
01 Introduzione. Lento 2:15
02 Marcia. Allegro 1:34
03 Canto. Con moto 1:08
04 Barcarola. Lento 1:12
05 Dialogo. Allegretto 1:09
06 Fuga. Andante espressivo 2:32
07 Recitativo. Fantastico 1:09
08 Moto perpetuo. Presto 0:51
09 Passacaglia. Lento solenne 8:33
Johann Sebastian Bach: Suite VI D-Dur BWV 1012
10 Prélude 5:31
11 Allemande 6:34
12 Courante 3:50
13 Sarabande 5:42
14 Gavotte I – II 4:32
15 Gigue 3:46
György Ligeti: Sonata (1948/53)
16 Dialogo. Adagio, rubato, cantabile 3:59
17 Capriccio. Presto con slancio 3:35
Um disco absurdamente bom de árias de óperas de Vivaldi. Através de um repertório desconhecido, a estadunidense Vivica Genaux — nasceu em Fairbanks, Alasca — dá um banho de competência artística e vocal. Biondi e sua Europa Galante acompanham à perfeição as pirotecnias da bela moça. Creio que várias destas árias tenham sido compostas para a talentosa cantora Anna Giraud (Anna Girò) que era amante do padre vermelho. (Vivaldi dizia que não podia rezar missa por ser asmático, mas tinha fôlego de sobra para Anna). Sim, Girò era soprano e Genaux é mezzo, mas vejam bem: no século XVIII, a classificação vocal era menos rígida do que hoje. Sopranos podiam cantar papéis que hoje associamos a mezzos, dependendo da tessitura e estilo. Vivaldi explorava os pontos fortes de seus intérpretes, e Anna era conhecida por sua agilidade, capacidade dramática e versatilidade. Genaux também, como comprova o CD. As árias de Vivaldi para Anna Girò abrangem uma tessitura típica de soprano, porém alguns musicólogos sugerem que ela poderia ser classificada como mezzo-soprano em termos modernos, devido à certeza da riqueza de seu timbre em registros médios. No entanto, a maioria das fontes históricas refere-se a Girò como soprano.
A. Vivaldi (1678-1741): Vivaldi Pyrotechnics – Opera Arias (Genaux)
1. Catone In Utica: Come In Vano Il Mare Irato 5:27
2. Semiramide: E Prigioniero E Re 4:55
3. La Fida Ninfa: Alma Oppressa 5:10
4. Griselda: Agitata Da Due Venti 5:20
5. La Fida Ninfa: Destin Nemico….Destin Avaro 5:55
6. Il Labbro Ti Lusinga 7:29
7. Ipermestra: Vibro Il Ferro 3:50
8. Farnace: No, Ch’amar Non È Fallo In Cor Guerriero….Quell’usignolo 7:50
9. Tito Manlio: Splender Fra ‘l Cieco Orror 4:49
10. Rosmira Fedele: Vorrei Dirti Il Mio Dolore 6:52
11. Catone In Utica: Chi Può Nelle Sventure….Nella Foresta 7:25
12. Farnace: Ricordati Che Sei 3:43
13. Sin Nel Placido Soggiorno 6:50
Vivica Genaux, mezzo-soprano
Europa Galante
Fabio Biondi
O pianista Herbert Henck tem uma série de CDs na grande ECM que vale muito a pena explorar. Este disco une duas importantes figuras — por muito tempo ignoradas — da música americana moderna. Sabemos que muitas vezes se passam anos entre a inovação e a sua aceitação geral. Hoje, nós tiramos de letra o distorcido jazz dos anos 30 presente nas composições eruditas modernosas de Nancarrow e Antheil.
Ficou complicado levar George Antheil (1900-1959) a sério nos EUA após o fracasso de seu Méchanique Ballet. Ele foi um ser humano severamente multifacetado. Escreveu muita música e também foi escritor. Sua excelente e divertida autobiografia, “O Bad Boy da Música”, é elogiadíssima. Sua música alegre e cheia de invenção fazia discreto sucesso… na França. Esta é uma seleção bem dele, e mostra seu amor pelo ritmo e o interesse pelo jazz. Vários dos títulos aludem às máquinas. Leiam abaixo, a relação de obras mais parece um rol de equipamentos industriais. Há uma Sonatina para rádio (?) e outra chamada de “O Aeroplano”, mas também uma Sonata Sauvage… E aquele monte de “Acelerandos” ali?
Conlon Nancarrow (1912-1997) é conhecido por seus estudos para o piano, que também incluía aquelas pianolas mecânicas das quais acabo de esquecer o nome. Algumas de suas obras são tão complexas em termos de ritmo que é melhor programar o piano com aqueles rolos de papel (ei, alguém me ajude!). Somente em seus últimos anos de vida, Nancarrow desfrutou de fama internacional e seus estudos chegaram ao status de cult. (Ouvi uma vez a música programada em rolos de papel, achei mais apaixonante do que bela).
A capa do CD da ECM traz uma vaquinha tão triste quanto o destino da música moderna em nossos dias — vejam o ocorre com o pianista na imagem que finaliza o post. Triste fiquei eu ao notar que o CD tem apenas 38 minutos!
Conlon Nancarrow (1912-1997) / George Antheil (1900-1959): Música para Piano
1. Nancarrow – Three 2-part studies – I. Presto
2. Nancarrow – Three 2-part studies – II. Andantino
3. Nancarrow – Three 2-part studies – III. Allegro
4. Nancarrow – Prelude (Allegro molto)
5. Nancarrow – Blues (Slow Blues Tempo)
6. Antheil – Sonatina für Radio (allegro moderato)
7. Antheil – Second Sonata, ‘The Airplane’ – I. To be played as fast as possible
8. Antheil – Second Sonata, ‘The Airplane’ – II. Andante moderato
9. Antheil – Mechanisms
10. Antheil – A machine
11. Antheil – Sonatina (Death of the Machines) – I. Moderato
12. Antheil – Sonatina (Death of the Machines) – II. Accelerando
13. Antheil – Sonatina (Death of the Machines) – III. Accelerando
14. Antheil – Sonatina (Death of the Machines) – IV. Accelerando
15. Antheil – Jazz Sonata (Sonata No. 4)
16. Antheil – Sonata Sauvage – I. Allegro vivo
17. Antheil – Sonata Sauvage – II. Moderato
18. Antheil – Sonata Sauvage – III. Moderato/Xylophonic, Prestissimo
19. Antheil – (Little) Shimmy
Dizer o quê? Viktoria Mullova + Il Giardino Armonico + Giovanni Antonini + Vivaldi = Brilhantismo total. O conjunto que a acompanha não poderia ser mais adequado. Irreverente e atlético, o Giardino é um grupo notável e aqui dá um banho de competência, bem no espírito da esplêndida russa que aqui botou cordas de tripa e usou um arco barroco em seu Stradivarius de forma a não destoar do excelente grupo que a acompanha. Ouçam bem o ataque das cordas do Giardino Armonico… Aquele tsc me deixa alucinado, é lindo! Os caras me deixam feliz quando tocam. Este é um disco absolutamente obrigatório para os numerosos amantes do barroco que seguem nosso blog.
Vivaldi: Concertos para Violino (Mullova, Giardino Armonico)
Concerto In D Major “Grosso Mogul” RV 208
1 Allegro 5:38
2 Recitativo: Grave 2:27
3 Allegro 4:45
Concerto In B Minor For 4 Violins And Cello RV 580 (Op. 3 No. 10)
Cello – Marco Testori
Violin – Marco Bianchi (3), Riccardo Masahide Minasi*, Stefano Barneschi, Viktoria Mullova
4 Allegro 3:38
5 Largo – Larghetto – Largo 2:07
6 Allegro 3:07
Concerto In C Major RV 187
7 Allegro 4:28
8 Largo Ma Non Molto 3:02
9 Allegro 4:12
Concerto In D Major RV 234 “L’Inquietudine”
10 Allegro Molto 1:59
11 Largo 1:31
12 Allegro 2:45
Concerto In E Minor RV 277 “Il Favorito”
13 Allegro 4:38
14 Andante 3:40
15 Allegro 4:36
Archlute – Luca Pianca
Bassoon – Alberto Guerra
Cello – Elena Russo, Marco Testori
Composed By – Antonio Vivaldi
Conductor – Giovanni Antonini
Double Bass – Giancarlo De Frenza
Harpsichord – Riccardo Doni
Orchestra – Il Giardino Armonico
Viola – Elena Confortini, Gianni Maraldi
Violin – Marco Bianchi (3), Riccardo Masahide Minasi*, Stefano Barneschi, Viktoria Mullova
Violin [II] – Alberto Stevanin, Marco Bianchi (3), Maria Cristina Vasi
Violin [I] – Liana Mosca, Luca Giardini, Riccardo Masahide Minasi*, Stefano Barneschi
CD de Mozart, como dar errado? Não gostei muito da Orpheus na primeira Serenata, mas depois eles acertam totalmente a mão e acabam fazendo um belo trabalho. A Serenata No. 6, “Serenata Notturna” foi composta em 1776 e é uma joia do período salzburguês de Mozart, destacando-se pela orquestração inventiva que contrasta um grupo concertante (violino solo, viola e contrabaixo). Seu charme reside no jogo de contrastes entre os movimentos, especialmente na Marcha inicial e no Rondó final. A Serenata No. 12 é a única serenata de Mozart em modo menor (Dó menor), escrita em 1782, ecoa a intensidade dramática de suas óperas, com texturas contrapontísticas e um pathos sinfônico. Uma joia! A obra transcende a função leve típica das serenatas, antecipando o estilo maduro de Mozart — tanto que ele a rearranjou posteriormente para quinteto de cordas (K. 406), confirmando sua profundidade musical. Já a célebre Serenata No. 13, “Eine kleine Nachtmusik” é a serenata de câmara mais famosa de Mozart (1787), sintetizando graça clássica e perfeição formal em quatro movimentos de brilhante concisão. Seu Allegro inicial é um hino à alegria melódica, mas o Rondó final com seu tema irresistível consagrou-a como símbolo máximo do estilo galante mozartiano — ao mesmo tempo acessível e genial. Mozart compôs mais de 30 serenatas, muitas para eventos sociais, mas essas três mostram sua evolução: da experimentação lúdica (K. 239) à profundidade emocional (K. 388) e à perfeição atemporal (K. 525).
W. A. Mozart (1756-1791): Serenade, K. 239, “Serenata Notturna” – Serenade, K. 388 (384a) – Serenade, K. 525, “A Little Night Music” (Orpheus Chamber Orchestra)
Serenade In D Major, K 239, “Serenata Notturna”
1 Marcia. Maestoso 4:39
2 Menuetto – Trio 4:09
3 Rondeau. Allegretto 4:31
Serenade In C Minor, K 388 (384a), For 2 Oboes, 2 Clarinets, 2 Horns And 2 Bassons
4 Allegro 8:04
5 Andante 4:25
6 Menuetto In Canone – Trio In Canone Al Rovescio 4:13
7 Allegro 6:52
Serenade In G Major, K 525, “a Little Night Music”
8 Allegro 5:24
9 Romance. Andante 5:44
10 Menuetto. Allegretto – Trio 2:12
11 Rondo. Allegro 3:54
Bass – Dennis Godburn, Frank Morelli
Clarinet – Charles Neidich, David Singer (4)
Double Bass – Donald Palma
Horn – David Jolley, William Purvis
Oboe – Randall Wolfgang, Stephen Taylor (2)
Orchestra – Orpheus Chamber Orchestra
Viola – Maureen Gallagher
Violin – Naoko Tanaka, Todd Phillips (4)
Excelente CD do mestre Nelson Freire interpretando um repertório no qual é super-craque. Eu não sou um apaixonado por Schumann, mas Freire me fala muito de perto sobre como sou errado… Com sonoridades belíssimas, perfeito senso de estilo, o mineiro nos traz o melhor Carnaval que já ouvi. O único crime deste CD é ter fim, porque a gente não cansa de ouvir. Sempre se nota algo mais, uma sutileza adicional que Freire preparou para nós. Então, pare de me ler e baixe logo.
Para quem ouvia música erudita nos anos 80, este é aquele estranho álbum da CBS que trazia dois discos de vinil no mesmo “orifício”, por assim dizer. Isto é, não era um álbum de abrir, era uma capa vagabunda com dois discos dentro. Pura economia da “gravadora pobreza” que só se importava com sua maior estrela, Roberto Carlos. Porém, quem ouviu os discos, sabe o quanto eram bons. Pois esta é a reedição dele em CD. Era uma fase especialmente canora de Glenn Gould. Sua voz pode ser ouvida claramente, principalmente no primeiro CD.
Trata-se de um repertório beethoveniano que não chega a ser habitual, mas que é muito bom.
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Variations and Bagatelles
1. 32 Variations in C minor for Piano on an original theme, WoO 80: Tema. Allegretto; Var. I; Var. II
2. 32 Variations in C minor for Piano on an original theme, WoO 80: Var. III; Var IV; Var. V
3. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. VI; Var. VII; Var. VIII
4. 32 Variations in C minor for Piano on an original theme, WoO 80: Var. IX. Espressivo; Var. X; Var. XI
5. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. XII. Maggiore; Var. XIII; Var. XIV
6. 32 Variations in C minor for Piano on an original theme, WoO 80: Var. XV; Var. XVI
7. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. XVII. Minore; Var. XVIII
8. 32 Variations in C minor for Piano on an original theme, WoO 80: Var. XIX; Var. XX; Var. XXI
9. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. Xxii; Var. Xxiii; Var. Xxiv
10. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. Xxv Leggiermente; Var. Xxvi; Var. Xxvii; Var. Xxviii
11. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. Xxix; Var. XXX
12. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. Xxxi; Var. Xxxii
13. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Tema. Adagio
14. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Var. I
15. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Var. II. Allegro, ma non troppo
16. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Var. III. Allegretto
17. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Var. IV. Tempo di Minuetto
18. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Var. V. Marcia. Allegretto
19. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Var. VI. Allegretto – Coda – Adagio molto
20. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Introduzione col Basso del Tema. Allegretto vivace; a due – Poco adagio – Tempo I; a tre. – adagio – Tempo I; a quattro – Tema
21. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. I
22. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. II – Presto – Tempo I
23. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. III
24. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. IV
25. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. V
26. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. VI
27. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. VII. Canone all’ottava
28. 15 Variations With Fugue In E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. VIII
29. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. IX
30. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. X
31. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. XI
32. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. XII
33. 15 Variations With Fugue In E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. XIII
34. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. XIV. Minore
35. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. XV. Maggiore. Largo
36. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Finale Alla Fuga. Allegro con brio – Adagio – Andante con moto
1. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 1 in E-Flat Major – Andante grazioso, quasi allegretto
2. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 2 in C Major – Scherzo (Allegro)
3. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 3 in F Major – Allegretto
4. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 4 in A Major – Andante
5. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 5 in C Major – Allegro ma non troppo
6. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 6 in D Major – Allegretto, quasi andante (Con una certa espressione parlante)
7. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 7 in A-Flat Major – Presto
8. Bagatelles, Op. 126: No. 1 in G Major – Andante con moto canatbile e compiacevole
9. Bagatelles, Op. 126: No. 2 in G minor – Allegro
10. Bagatelles, Op. 126: No. 3 in E-Flat Major – Andante cantabile e grazioso
11. Bagatelles, Op. 126: No. 4 in B minor – Presto
12. Bagatelles, Op. 126: No. 5 in G Major – Quasi allegretto
13. Bagatelles, Op. 126: No. 6 in E-Flat Major – Presto; Andante amabile e con moto
Em 2014, lembramos dos 250 anos de morte de Jean-Philippe Rameau. Porém, estranhamente, este disco apresenta também obras de um pioneiro musical do século 20: Ligeti! E a coisa funciona!
Vamos pensar um pouco? Rameau e Ligeti têm aqui uma abordagem semelhante: peças curtas, cheias de intenções e humor. Krier aborda as obras sem muitos rodeios ou reverência. Mas faz sentido combinar a música de um mestre barroco francês com obras de vanguarda escritas nos anos 50 do século passado? Pode-se colocar estes dois compositores — Jean- Philippe Rameau (1683-1764) e György Ligeti (1923-2006) — lado a lado? Será que eles têm algo em comum, e, em caso afirmativo, como podem ser vistos tais traços a partir dos pontos de vista de dois séculos totalmente diferentes?
A Musica Ricercata de Ligeti traz de volta um gênero barroco chamado ricercare, um precursor da fuga. A escolha do título foi uma homenagem a Girolamo Frescobaldi, o pai da ricercare. Como no caso da música barroca, Ligeti coloca em cada peça um conjunto rigoroso de regras e limitações. Tais limitações formais e estruturais tornam-se a base de sua escrita, que exibe uma abordagem totalmente intelectual à composição, sempre submetendo-a a um determinado conceito. Visto por esse ângulo, os dois compositores, Rameau e Ligeti…
Chega! Tudo isso é blá-blá-blá. O que interessa mesmo é o julgamento de nossos ouvidos. Ouça e julgue você mesmo.
Jean-Philippe Rameau (1683-1764) / György Sándor Ligeti (1923-2006): Rameau & Ligeti
RAMEAU – Pièces de clavecin – Suite En Sol
01. No. 1 Les tricotets. Rondeau
02. No. 2 L’indifferente
03. No. 3 Menuet – Deuxième menuet
04. No. 4 La poule
05. No. 5 Les triolets
06. No. 6 Les sauvages
07. No. 7 L’enharmonique
08. No. 8 L’égiptienne
LIGETI – Musica Ricercata (11 Stucke fur Klavier)
09. No. 1 Sostenuto – Misurato – Prestissimo
10. No. 2 Mesto, rigido e cerimoniale
11. No. 3 Allegro con spirito
12. No. 4 Tempo di valse – Poco vivace – “a l’orgue de Barbarie”
13. No. 5 Rubato. Lamentoso
14. No. 6 Allegro molto capriccioso
15. No. 7 Cantabile, molto legato
16. No. 8 Vivace. Energico
17. No. 9 Adagio. Mesto – Allegro maestoso (Béla Bartók in Memoriam)
18. No. 10 Vivace. Capriccioso
19. No. 11 Andante misurato e tranquillo (Omaggio a Girolamo Frescobaldi)
RAMEAU – Pièces de clavecin des Concerts
20. premier concert en ut mineur, CRT 7: No. 2, La livri
21. deuxième concert en sol majeur, CRT 8: No. 3, L’agacante
22. troisième concert an la majeur, CRT 9: No. 2, La timide
23. quatrième concert en si bémol majeur, CRT 10: No. 2, L’indiscrète
Esta obra-prima tem uma história atribulada. Rossini iniciou a composição em 1831, após sua aposentadoria das óperas, a convite do cônego espanhol Fernández Varela. No entanto, ele completou apenas parte da obra (números 1 e 5 a 9), devido a problemas de saúde, e pediu que Giovanni Tadolini completasse os restantes, entregando a versão “completa” em 1833. Varela morreu em 1837, e a partitura foi vendida a um editor em Paris — o que provocou a indignação de Rossini. Ele recuperou os direitos da obra e reescreveu integralmente o que não era seu, concluindo o Stabat Mater em sua versão definitiva até 1841. A obra mistura elementos litúrgicos e o estilo operístico refinado de Rossini, resultando em vislumbres profundamente emotivos que desafiam o cânone tradicional da música sacra. A versão completa estreou em 7 de janeiro de 1842, em Paris. O público reagiu com entusiasmo imediato — aplausos intermináveis e repetição de trechos. Na Itália, a estreia ocorreu em Bolonha, sob a batuta de Donizetti, com aclamações equivalentes. Rossini ouviu aplausos que se estenderam até sua casa. Críticos do norte da Europa consideraram a obra “excessivamente mundana e sensual” para um tema religioso. Rossini ignorou as críticas, é óbvio. É uma antecipação do Réquiem de Verdi, graças ao seu poder emocional e andamento sombrio. Para finalizar, esta gravação é daquelas coisas que permanecem por anos imbatível.
Gioacchino Rossini (1792-1868): Stabat Mater (Giulini)
1. Introduzione. Andantino Moderato »Stabat Mater Dolorosa« 9:54
2. Aria (Tenore). Allegretto Maestoso »Cujus Animam Gementem« 6:46
3. Duetto (Soprano I/II). Largo »Quis Est Homo« 7:17
4. Aria (Basso). Allegretto Maestoso »Pro Peccatis Suae Gentis« 5:05
5. Coro (A Cappella) E Recitativo (Basso). Andante Mosso »Eja, Mater, Fons Amoris« 4:49
6. Quartetto (Soli). Allegretto Moderato »Sancta Mater, Istud Agas« 8:46
7. Cavatina (Soprano II). Andante Grazioso »Fac, Ut Portem Christi Mortem« 5:08
8. Aria (Soprano I) E Coro. Andante Maestoso »Inflammatus Et Accensus« 5:16
9. Quartetto (Coro A Cappella). Andante »Quando Corpus Morietur« 5:43
10. Finale. Allegro – Andantino Moderato »Amen. In Sempiterna Saecula« 5:53