Esaú e Jacó
O editor e compositor Franz Anton Hoffmeister pensou ter encontrado uma maneira de conseguir uma boa grana quando encomendou a Mozart três quartetos com piano. Ele imaginava vender as partituras para grupos de músicos amadores, acostumados às peças no estilo galante e ávidos por boa música que pudesse ser executada em casa, nos idos de 1785. Quando Mozart entregou o primeiro quarteto, em sol menor, estes músicos amadores ficaram desnorteados, com a tonalidade, as demandas técnicas nas partes, os uníssonos ao longo do imenso e complexo primeiro movimento. Hoffmeister desistiu da encomenda e o segundo quarteto, em mi bemol maior, pronto em 1786, não chegou a ser impresso, apesar de ter sido posteriormente publicado por Artaria. Mais uma ideia que não gerou lucros para Hoffmeister ou Mozart, que pode pelo menos ficar com o adiantamento (que bem provavelmente já havia sido gasto). De qualquer forma, ficamos com estas duas maravilhosas peças que enchem o álbum desta postagem. Mais ainda, os atentos compositores que vieram depois também deixaram algumas obras memoráveis neste gênero musical, como é o caso de Schumann, Brahms e Fauré.
Minha referência para estas obras antes de encontrar este disco em um blog da concorrência, era a gravação do Fauré Quartett. Continuo ainda apreciando muito esta gravação, mas acho que o disco desta postagem, que tem ao piano o excelente Paul Lewis, vai um pouquinho além. Uma das diferenças está na ‘arquitetura’ da peça. Os primeiros movimentos têm dois trechos marcados para a repetição na partitura.
Esta gravação observa as duas repetições, enquanto a maioria das outras gravações, incluindo a do Quarteto Fauré, só faz a primeira repetição. Mas gostei muito do conjunto da obra do disco da Hyperion, produzido pelo excelente Andrew Keener.
Os dois quartetos se completam bem (apesar de serem assim, um pouco Esaú e Jacó…). O primeiro é mais trágico, mais sombrio e o outro mais extrovertido.
Estas obras deram trabalho ao genial compositor. Contrário da imagem de facilidade e superficialidade, dos rascunhos que ficaram verifica-se que pelo menos duas ideias para um tema do larghetto do K. 493 foram abandonadas antes que Mozart se desse por satisfeito.
O entrosamento dos intérpretes é magistral, como pode-se observar no allegretto desta peça, a última faixa do disco. Há no ar um sentimento de contentamento com a música, muito verdadeiro. É como se eles não quisessem terminar a música, tamanho prazer. Diferente das situações em que parece que os músicos querem acabar o concerto e correr para o jantar.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)
Quarteto com piano em sol menor, K. 478
- Allegro
- Andante
- Rondo: Allegro
Quarteto com piano em mi bemol maior, K. 493
- Allegro
- Larghetto
- Allegretto
Paul Lewis, piano
Leopold String Trio
Marianne Thorsen, violino
Scott Dickinson, viola
Kate Gould, violoncelo
Gravação feita em dezembro de 2003
Produção de gravação de Andrew Keener
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FLAC | 226 MB
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MP3 | 320 KBPS | 145 MB
Para nosso momento ‘The Book is on the Table’, escolhi alguns trechos de críticas do álbum:
‘It is in fact clear from the opening that this is a performance to reckon with, exemplified by its careful measured tempo, its poise and its subtle handling of the balance between strings and piano. A real winner, this disc; warmly recommended’ (Gramophone)
‘These are deeply musical performances, perceptive and satisfying, of two masterpieces’ (International Record Review)
‘The Leopold Trio gives a crisp, clear and engaging performance’ (The Strad)
Aproveite!
René Denon
PS: Se você gostou deste álbum, poderá gostar de:
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Diabelli Variationen – Paul Lewis
F. Mendelssohn (1809-1847) / R. Schumann (1810-1856): Quartetos com Piano
Meu Deus!
Que bom vê-los de novo. Depois que vi o domínio antigo cair quase entrei em depressão!
Olá, Edner!
A alegria é recíproca!
Abraços do
René