Grupo Piap – Obras brasileiras inéditas para percussão (1997)

Sinhá pode até não querer batuque na cozinha, mas que a gente gosta de uma boa percussão, ô se gosta! E é impossível falar do ensino de percussão no Brasil sem mencionar o incontornável trabalho do Grupo de Percussão do Instituto de Artes da Unesp, o Piap. Fundado e dirigido por mais de três décadas por John Boudler, o Piap formou gerações e gerações de percussionistas do mais alto nível, espalhados pelo mundo afora. Hoje o grupo é dirigido por Carlos Stasi e Eduardo Gianesella, outros dois nomes de peso na percussão orquestral brasileira.

Se é de grande importância para os estudantes e músicos, o Piap também desempenha, desde sua fundação em 1978, um papel de extrema relevância na formação de público, não só explorando o repertório canônico e de significação histórica como também dando vida às novas criações de compositores vivos e atuantes. O Piap tem plena consciência da importância de escutarmos a música que se faz hoje, agora, e que aponta caminhos para o futuro.

John Cage em visita ao Piap, nos anos 80. Cage está de camisa clara, ao centro. À sua direita, Boudler e Elizabeth Del Grande, recém-homenageada após completar 50 anos de Osesp. Gianesella é o 2º em pé, à esq. de Cage

Esse disco, de 1997, traz a estreia de seis obras encomendadas a compositores brasileiros ligados ao meio universitário, todas compostas naquele mesmo ano: Flo Menezes (Unesp), Mário Ficarelli (USP), Edmundo Villani-Côrtes (Unesp), Eduardo Seincman (Usp), José Augusto Mannis (Unicamp) e Almeida Prado (Unicamp).

“On the other hand…”, de Flo Menezes (1962 – ), busca expressar por meios puramente instrumentais procedimentos e estéticas essencialmente eletroacústicos, com músicos dispostos no palco, ao redor do público e no meio da platéia. “Tempestade óssea”, de Mário Ficarelli (1935-2014), faz uso exclusivo do naipe das madeiras e dialoga com o universo sonoro dos ossos. “Impressões de um ensaio geral”, de Edmundo Villani-Côrtes (1930 – ), nos leva para o interior de um ensaio de uma escola de samba, com direito a sinos, tiros e sirene de polícia. “Seres imaginários”, de Eduardo Seincman (1955 – ), é inspirado em “O livro dos seres imaginários”, do escritor argentino Jorge Luis Borges. “Arapongas”, de José Augusto Mannis (1956 – ), para onze instrumentistas, surgiu da imagem sonora de um casal de arapongas, a simpática e loquaz ave que grita pelo Brasil afora. E “Maranduba”, do mestre Almeida Prado (1943-2010), desfia uma série de estórias (maranduba, em tupi-guarani, significa “narração” ou “estória”) sonoras, para oito percussionistas.

Piap em concerto, 2018

Embora um quarto de século já nos separe das obras que integram o disco, elas soam tão modernas que poderiam ter sido escritas amanhã ou em 2027. Ouvir música viva é bom demais, não é? Vida longa ao Piap!

BAIXE AQUI / DOWNLOAD HERE

Obras brasileiras inéditas para percussão

1. Flo Menezes – “On the other hand…”
2. Mário Ficarelli  – “Tempestade óssea”
3. Edmundo Villani Côrtes – “Impressões de um ensaio geral”
4. Eduardo Seincman – “Seres imaginários”
5. José Augusto Mannis – “Arapongas”
6. Almeida Prado – “Maranduba”

Grupo de Percussão do Instituto de Artes da Unesp – Piap
John Boudler, direção
Eduardo Gianesella, direção

Karlheinz

Deixe um comentário