JS Bach (1685 – 1750): A Arte da Fuga – Berliner Bach Akademie & Heribert Breuer ֎

BACH

A Arte da Fuga

Berliner Bach Akademie

Heribert Breuer

 

Lorenz Christoph Mizler foi, entre muitas coisas, médico, matemático e compositor. Ele estudou teologia em Leipzig nos primeiros anos da década de 1730 e também composição musical. De alguma forma acabou associando-se a Johann Sebastian Bach a quem chamava de bom amigo. Mizler posteriormente mudou-se para a Polônia e fixou-se em Varsóvia onde praticou medicina. Ele tinha grande interesse em teoria musical e fundou a Sociedade Correspondente de Ciências Musicais. Os sócios contribuíam enviando trabalhos musicais teóricos ou práticos.

Vários compositores conhecidos faziam parte da Sociedade. Telemann, Handel, Graun e o padroeiro do blog, que associou-se em 1747, quando contribuiu com as Variações Canônicas sobre ‘Vom Himmel hoch’. No ano seguinte enviou a Oferenda Musical e para 1749 planejava enviar a Arte da Fuga.

Não é surpresa então que essa obra soe um pouco acadêmica e se você conhece Bach como o compositor da Ária na Corda Sol ou Jesus, a Alegria dos Homens, vai ficar perplexo. Praticar a audição de A Arte da Fuga é um de meus passatempos favoritos.

Como não há indicação de qual instrumento ou quais instrumentos devem ser usados para se executar a música há muitas diferentes abordagens, inclusive a especulação de que a obra havia sido feita para ser ouvida na mente, um verdadeiro exercício intelectual. É claro que isso deixaria de fora toda a plebe ignara que não lê notação musical. De qualquer forma, com a abundância de gravações ninguém precisa privar-se de ter contato com essa criação genial de Bach. As mais abundantes são aquelas nas quais se usa um instrumento de tecla como um cravo, um piano ou um órgão ou aquelas nas quais se usa um quarteto de cordas. Outras combinações musicais mais exotéricas também podem ser usadas, tais como conjunto de sopros (metais ou madeiras), marimbas ou um conjunto de acordeão com viola da gamba e violino.

Eu gosto muito da gravação da postagem na qual reina a criatividade de Heribert Breuer, um organista, regente, compositor e arranjador alemão. Ele estudou em Heidelberg, Berlim e Colônia com Helmuth Rilling e outros professores.

No libreto ele conta como pensou muito no tipo de formação que usaria para orquestrar a Arte da Fuga: minha orquestração usaria quatro quartetos e um instrumento solo com teclado.

Meu conceito era do espectro tonal mais transparente possível, cujas cores deveriam formar um contrapeso à polifonia sempre presente da obra.

O primeiro contraponto é interpretado pelo clássico quarteto de cordas. Os ritmos marcantes do segundo contraponto exigem uma instrumentação que deixe clara sua relação com as raízes do ‘cool jazz’. Dois pianos, vibrafone e contrabaixo representam a ‘música contemporânea’. No terceiro contraponto temos mais contrastes: sua expressividade cromática e desenvolvimento dinâmico explícito exigem recursos românticos, representados aqui por um quarteto de sopros – oboé, clarinete, trompa e fagote. O quarto contraponto, com o qual termina a primeira parte, sugere um mundo pré-bachiano, no qual o cromatismo e os ritmos pulsantes são evitados. Este estilo Música Antiga é representado por duas flautas doces e duas violas da gamba. Os cânones são interpretados por cravo ou órgão (apenas órgão, no disco).

Deixo aqui parte de uma crítica, entre as mais amenas que encontrei, que ajuda a descrever o que segue:

What then follows is too complicated to describe here but is a combination of all instrumental premutations as the counterpoint becomes more complex. Breuer took 25 years to do it, so one can imagine the complexity of the result. It does make for satisfying listening and serves to remind us just how amazing the Art of Fugue is.  [O que se segue é muito complicado de descrever aqui, mas é uma combinação de todas as mutações instrumentais anteriores à medida que o contraponto se torna mais complexo. Breuer levou 25 anos para fazê-lo, então pode-se imaginar a complexidade do resultado. Ele faz uma audição satisfatória e serve para nos lembrar o quão incrível é a Arte da Fuga].

No livreto Heribert termina dizendo que gostaria que seu arranjo pudesse removesse dessa obra uma carga de abstração que tão comumente lhe é atribuída e que ajude a mostrar para os ouvintes a atemporalidade que reside bem no âmago da peça. Eu gostei do disco, a despeito das críticas e aguardo o vosso veredito: valeu o download?

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

The Art of Fugue

  1. Contrapunctus 1
  2. Contrapunctus 2
  3. Contrapunctus 3
  4. Contrapunctus 4
  5. Canon 1
  6. Contrapunctus 5
  7. Contrapunctus 6
  8. Contrapunctus 7
  9. Canon 2 [3]
  10. Contrapunctus 8
  11. Contrapunctus 9
  12. Contrapunctus 10
  13. Contrapunctus 11
  14. Canon 3 [2]
  15. Contrapunctus 12a
  16. Contrapunctus 12b
  17. Contrapunctus 13a
  18. Contrapunctus 13b
  19. Canon 4
  20. Contrapunctus 14

Berliner Bach Akademie

Heribert Breuer

Tempo Total: 70:49
Ano do lançamento: 2000

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 219 MB

The orchestra is made up of members of the major Berlin orchestras, its personnel varying with the program. For the Art of Fugue project, the Leipzig String Quartet, piano duettists Aglaia Bätzner and Cristina Marton, and vibraphone player Edgar Guggeis joined as guests.

Nomes dos específicos músicos estão em um documento na pasta do download.

Certainly the Musica Contemporanea group, with its jaunty, bounce-along approach, sounds out of place.  [Uma crítica não muito favorável ao disco…]

Uma pena, eu gostei bastante do quarteto contemporâneo. Ouça lá no Contraponto 14, pouco depois do terceiro minuto, como eles dão o ar da graça…

Aproveite!

René Denon

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