Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) Concertos para piano nº 17, K. 453, e nº 21, K. 467

Dois dos mais belos e famosos concertos para piano de Mozart, na interpretação de Maurizio Pollini. Mais dois belos momentos do italiano Pollini frente à sua orquestra tão conhecida, a Filarmônica de Viena.

Um comentarista da amazon reclama do barulho da audiência, mas confesso que ouvi apenas os aplausos finais, que não creio que desmereçam a qualidade do cd. Já tivemos excepcionais intérpretes destes concertos aqui no blog, como Géza Anda e o próprio Brendel em sua tradicional versão com a ASMF. Mas confesso que ainda prefiro uma antiga gravação de Malcolm Billson e Trevor Pinnock, que um dia tive em LP, ou então minha primeira gravação do concerto nº 21, com o Rubinstein. Ouvi tanto esta fita cassete que ela arrebentou.

Enfim, mais um belo momento, para quem quiser tirar suas conclusões, ou simplesmente queira ouvir outra versão destes concertos, nas mãos de um exímio instrumentista que se revela um regente competente. Também, com esta orquestra …

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) Concertos para piano nº 17, K. 453, e nº 21, K. 467

1. Piano Concerto No.17 in G, K.453 – 1. Allegro
2. Piano Concerto No.17 in G, K.453 – 2. Andante
3. Piano Concerto No.17 in G, K.453 – 3. Allegretto
4. Piano Concerto No.21 in C, K.467 – 1. Allegro
5. Piano Concerto No.21 in C, K.467 – 2. Andante
6. Piano Concerto No.21 in C, K.467 – 3. Allegro vivace assai

Maurizio Pollini – Piano, conductor
Wiener Philarmoniker (Live, 2005)

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FDPBach

13 comments / Add your comment below

  1. Wofgang Amadeus Mozart. Morreu aos 33 anos. Imaginem se ele houvesse tido a longevidade de um Beethoven ou de um Liszt. A quantidade de obras de altíssimo nivel que deixou nos faz indagar como isto foi possível. Seus Concertos para Piano e Orquestra são, quase todos, geniais. Aliás, quase tudo que compos é genial mesmo. Os dois Concertos que nos foram presenteados, também o são. A Filarmônica de Viena é uma orquetra de primeiríssima qualidade. No Primeiro Movimento do Concerto K.453 – 1. Allegro, ela nos deu a impressão de que iria libertar-se da secura de fraseado do Pollini. De fato, naquele movimento a orquestra dominou, com um fraseado expressivo, plástico e bem dosado na diversidade dinâmica e na combinação dos timbres dos diversos instrumentos. Realmente e Filarmônica de Viena foi primorosa neste Allegro. Já nos dois Movimentos seguintes, bem como em todos os três movimentos da K.467 ela deixou-se dominar pelo solista que, mesmo sendo uma grande pianista, continua tocando, quase tudo, como um cerebral organizador de sons. Sente-se a falta de maior plasticidade rítmica, de uma dinâmica mais apurada e da obtenção de maior diversidade de timbres dos quais o Piano é tão rico.
    Para ver como se comportam os grandes pianistas frente a uma mesma obra, coletei seis pianistas de alta estirpe tocando o Estudo Op.10 nº 1 de Chopin. Entre eles estão Maurizio Pollini, Vladimir Horowitz, Martha Argerich, Vladimir Pachmann (que foi aluno de Chopin) Vladimir Askenazi e dois coreanos que pareceiam bem novinhos. Todos, com excessão de Vladimir Pachmann, demonstraram um incrível domínio do instrumento. Mas, quem arrasou mesmo foi a Martha Argerich (então ainda muito jovem) embora todos os outros tenham demonstrado excelente nivel técnico instrumental. É interessante este confonto, pois, ele nos permite avaliar que o compositor Chopin teve sua obra menos bem interpretada justamente por quem foi seu aluno, o qual, na época, era um pianista famoso. Nesta questão de interpretação devemos nos lembrar sempre que a percepção humana sofre influências muito fortes das mudanças sociais que ocorrem sempre. Por exemplo: como é que Mozart fazia tournées? Certamente de charrete (que chamavam de carruagem) parando em não sei quantas estalagens de beira de estrada para ir de Bruxelas a Viena, por exemplo. É óbvio que sua percepção do “tempo” era bem diferente da percepção do “tempo das máquinas” que temos hoje. Foi o que ocorreu com Vladimir Pachmann, que foi aluno de Chopín e era um famoso pianista em seu tempo. Sua interpretação do Estudo Op.10 nº1 é probre em técnica, sem sonoridade, em diversidade e em inspiração. Portanto. é necessário nos lembramos de um fato muito importante. Quando o Piano-Forte foi inventado ele teve, no cravo, uma concorrência que durou quase um século.
    Isto é compreensível, pois, quando o piano foi inventado, niguém sabia “tocar piano” e muita gente sabia tocar o cravo. As técnicas dos dois instrumentos são totalmente diferentes. Assim, compreende-se que os primeiros pianistas foram, até então, cravistas o que significa dizer que eles “não sabiam” tocar piano.
    Isto gerou uam série de problemas, pois, os compositores viam, no novo instrumento, uma fonte de recursos muito grande. Mesmo começando a ganhar forças podemos encontrar, já no tempo de Beethoven e Haydn, em suas primeiras Sonatas, a indicação Para Cravo ou Piano_Forte.
    Claro é que todos os elementos que alteram a percepção coletiva da vida e do mundo, influenciam, fortemente, compositores e intérpretes. Portanto eu não digo que o Pollini é um artista menor porque compreendo que ele está, hoje, fortemente influenciado pela percepão do amanhã. Hoje é uma fase de transição que entusiasmou o Pollini para o amanhã. Mas, nem o Pollini nem qualquer outro intérprete de nossos dias poderá tocar Bach, Mozart, Beethoven, Chopin, Brahms, etc. com a percepção estética que tinham esses compositores. Eles viam e sentiam a vida e os sentimentos humanos de maneira totalmente diferente do que hoje nós os vemos e sentimos.
    Por isto, não posso concordar com a teoria de que Pollini é um cientista musical que deseja “ser fiel ao passado” da obra. Isto seria impossível, pois ele não viveu esse passado. Ao contrário, o Pollini interpreta tudo meio seco e sem inflexões expressivas porque ele está no presente e já caminha para o futuro e faz valer a sua maneira de conhecer, de sentir e externar o que lhe vai na alma.
    Bem, eu sei que isto poderá acarretar muitas discondâncias. Porém se analisarem bem a percepção da vida, veremos que um empregado de fábrica em nossos dias, tem muito mais conforto e meios de se informar sobre o mundo do que o tinha Luiz XV. Na verdade nossos operários andam em ônibus com suspensão a ar, com ar condicionado, eles têm televisão, rádio, telefone, celular, amplificadores, luz elétrica, cinema e um montão de coisas enquato Luiz XV andava em umas corroças de rodas de aço que deviam dar solovancos terríveis e não tinha nada do que foi citado como “bens” de nossos operários.
    Se pudermos nos deslocar e entender aquela época, nossa percepção das mudanças irrecuperáveis tornarão mais claro o que é ouvir uma Sonata de Mozar hoje e o que era ouvi-la a Séculos passados.
    Como o Pollini já está no futuro ele vê Mozart e em geral todos os compositores do passado com uma percepção científica, cerebral, diríamos mesmo maquinal.
    É uma visão que para nós, é vasia de vida.
    No presente, tal percepção não corresponde ao que dele se erpera. Por isto, tanta celeuma em torno de um grande pianista mas que não entusiasma a muitos.
    Obervem como se portam os orientais, que nasceram e vivem em uma cultura totalmente diferente da nossa. Eles estão se assenhoreando de nossa cultura (inclusive da musical) e, com muita freqüência, estão obtendo um desempenho bem superior ao nosso. É um problema estratégico para seus governos. Eles sabem que quem tem o domínio da cultura tem o domínio do mundo. É isto que está ocorrendo. Governos que investem pesado na “cultura ocidental” de seus povos orientais.
    Porque?
    Para, chegando a dominá-la, dominar o seu presente, o seu passado e provalvemente o seu futuro.
    Tudo isto e muito mais, está envolvido em nossa percepção estética.
    Eu reconheço que ainda estou no presente e no passado.
    O Pollini está no presente e no futuro.
    Mas quando ele tinha seus vinte e pouco anos ele se via como nós.
    Por eta razão a insistência em que o Pollini mais jovem correspondia melhor as nossas perspectivas.
    Vai dai que ele não entusiama a muitos e é venerado por alguns, talvez até por muitos.
    Para alguns de nós, ele soa seco, inexpressivo, com pouca flexibilidade rítmica e dinâmica, assim, como o futuro maquinal que está tudo mudando.
    Para melhor?
    Para pior?
    São dados que o futuro nos mostrará.
    Um grande abraço a todos e desculpem por tomar tanto tempo para dizer o que todos, consciente ou inconscientemente, já sabem até demais
    Edson

  2. Agradeço ao Edson por seu comentário tão detalhado. E não se preocupe, Edson, você não nos tomou tempo nenhum.
    Kaissor, assim não vale, você está cantando a bola de minhas próximas postagens, tanto com Staier quanto com Immerseel.

  3. Mozart morreu com 35 quase 36 anos e não sabemos o que poderíamos mais esperar dele e Schubert morreu aos 31! Para se ter uma idéia Bruckner compos sua priemira sinfonia acho que com quase 40 anos. Alguns artistas desenvolvem mais rapidamente sua obra mas,sinceramnete, não sei dizer se já não a teriam esgotado . Richard Strauss compos tudo praticamente até a idade de adulto jovem e, apesar de ter vivido bastante, na maturidade parou de compor.

  4. Ola amigos!

    Estou um pouco ocupada essa semana, mas gostaria de colaborar com as minhas impressões.

    Não esperava muita coisa de Pollini, em Mozart. Achava mesmo Brendel muito melhor, baseado na integral que ele gravou e nos dois concertos que assisti do DVD de Pollini (19 e 23). Nesse DVD, o italiano foi bem, mas nada brilhante, e nada especializado como é o caso de Brendel.

    Entretanto, FDP, tenho que concorda contigo. Essa gravação está magnifica, e comparei o 24 (um dos meus preferidos) com o mesmo registro da integral de Brendel.

    Fico com Pollini.

    Esses dois CDS são uma jóia.

    Adorei o comentário do Edson, muito enriquecedor!

    Só queria dizer que eu não consigo perceber Pollini como um intérprete cheio de virtuosismo e vazio de música. Ele é muito expressivo, e não consigo sentir as suas interpretações como maquinais e sem lirismo ou vida!

    Mas, tudo isso é apreciação pessoal!

  5. Não esperava muita coisa de Pollini. Entretanto essas gravações me surpreenderam.

    Eu esperava algo parecido com aquilo que ele gravou do seu DVD com Bohm.

    Mas com essas gravações ele faz a altura de Brendel.

    No concerto 24 eu não tenho duvidas: prefiro Pollini.

  6. Eu pessoalmente não acho Pollini uma máquina apenas de tocar, um interprete sem expressividade, cheio de virtuosismo e sem musica.

    Não sinto isso das suas interpretações…

  7. Muito bom o post do Edson e vai de encontro ao que penso: o cerebralismo de Pollini fica melhor nas obras do Séc XX . Edson fala o que penso inclusive de Glenn Gould: ele toca como se estivesse ”no automático”.
    Pollini é extremamente impessoal numa época em que mais do que nunca precisamos sair do virtuosismo puro e simples e termos visões mais pessoais das obras;nisto pelo menos Gould foi mais longe principalmente nas Variações e no Cravo,no resto em Bach ele é descartável. Gould, assim como Pollini, também se dá bem com o repertório do séc XX , não é mera coincidência.
    Walter Gieseking? Alguém falou nele? O homem que nos ensinou como tocar Mozart!

  8. Walter Gieseking, Ingrid Haebler, Clara Haskil, Geza Anda, Alfred Brendel… Os maiores mozartianos do século XX. A questão é que Mozart, assim como os clássicos em geral, exigem gritando que o intérprete domine todo um leque de cores de timbre, de dinâmica, de fraseado. É preciso ser muito sutil para tirar a música das partituras do século XVIII, começo do XIX, para ir além do que os críticos chamam de “conglomerado inexpressivo de escalas, arpejos e baixos d’Alberti”. Por isso é tão difícil tocar os clássicos, e é por isso que eles não são para qualquer um. É bem mais fácil tocar um Rachmaninoff na pancada do que um Haydn. O Rach até soa, o Haydn nunca. Não digo que Pollini seja do tipo “pancada”, pois isso não é coisa de grandes intérpretes, mas sem dúvida ele é do tipo menos sutil e pouco atento ao pathos escondido na música do Classicismo. Então, quando ouço Pollini, especialmente nesse repertório, só acho uma judiação que a música não chegue como deveria, e acabo saindo da audição querendo ouvir Brendel, Haebler, Haskil, Gieseking….

  9. Ticiano, tive o grande prazer de ouvir Ingrid Haebler em São Paulo, no começo dos anos 90, tocando, se não me engano, o concerto nº17. Adorei… já tinha uma gravação dela do Concerto nº 20, e fiquei ainda mais apaixonado por aquela matrona austríaca que devia pesar pelo menos uns 100 quilos, mas que tocava um Mozart magnífico.

  10. Mas que “fdp” sortudo! 🙂 Infelizmente nunca vi pessoalmente nenhum desse mozartianos que citei, só conheço por gravações. Essa mulher é um desbunde: os ornamentos clássicos mais perfeitos que já ouvi, sem falar de todo o resto….

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