Bach (1685-1750): Variações Goldberg, BWV 988 – Maggie Cole, cravo ֎

 

Bach

Variações Goldberg

Maggie Cole, cravo

 

 

Depois de tanto tempo sentado diante de suas anotações cheias de diagramas e fórmulas, o homem começou a pestanejar, entrando em um estado de torpor. A luz tremula vinda das chamas da lareira ajudava a fazer com que as fórmulas e esquemas começassem lentamente a se mover, primeiro no papel, depois pairando sobre a atulhada mesa de trabalho, girando numa estranha dança.

Havia já bastante tempo que ele buscava uma representação para a descoberta que satisfizesse os axiomas da teoria, mas era um terrível quebra-cabeça que sempre terminava com alguma peça sobrando ou faltando. Tantas vezes percorrera aquelas sendas e caminhos em seus pensamentos que só mesmo com muita persistência continuava tentando descobrir a solução do desafio.

August Kekulé

Foi então que entre as fórmulas que lhe dançavam diante dos olhos percebeu algo de novo, uma cobra que se enrolava, se enroscava e finalmente, abocanhava o próprio rabo. Ele acordou subitamente e num estalo fechou a questão. A cobra engolindo seu próprio rabo é um símbolo que lhe indicou a solução para o problema que tanto lhe desafiara – uma estrutura cíclica – um anel acomodando os seis átomos de carbono, cada um com quatro ligações, e mais seis átomos de hidrogênio com uma ligação cada – a molécula de benzeno! Quem contou esta história foi o próprio cientista, o químico Friedrich August Kekulé, que em 1865, aos 36 anos resolveu com um insight o problema de encontrar o modelo da estrutura da molécula de benzeno, inspirado no famoso símbolo da cobra engolindo o próprio rabo – ouroboros – que lhe ocorrera em um sonho.

A sensação de fazer uma descoberta como esta é inebriante e é uma das razões pelas quais muitas pessoas dedicam seu tempo e energia e talentos buscando ampliar o que já conhecemos. Mesmo modestas, pequenas descobertas ou até a resolução de um pequeno problema já indica como isto pode ser atraente e fascinante.

Eu lembrei desta história, de uma estrutura circular, quando estava a caça de uma boa gravação das Variações Goldberg, parte da minha busca de gravações das obras para teclado de João Sebastião Ribeiro interpretadas ao cravo. Eu sempre me esforço para poder ouvir a obra toda, o ciclo que se fecha na repetição da ária, ouroboros!

Maggie Cole

Dois critérios são importantes para minhas escolhas nestas postagens com música interpretada ao cravo. A qualidade do som e o andamento usado pelo intérprete, itens essenciais, na minha opinião. Meus candidatos para a postagem envolviam, além da escolhida Maggie Cole, Kenneth Gilbert no selo harmonia mundi e Pierre Hantaï, na primeira de suas gravações, no selo Opus 111. Hantaï é o queridinho de vários de nossos blogueiros e não é por pouca coisa, o cara é um bamba. Portanto, sua gravação já foi postada aqui. Assim, fiquei ouvindo Maggie, depois Kenneth, Kenneth de novo, depois Maggie, que acabou ganhando por pequeniníssimos detalhes. A gravação dela tem as repetições, por exemplo. O disco tem uma capa muito bonita e o selo Virgin Classics deixou saudades. De qualquer forma, para os dias com menos tempo para música, Kenneth Gilbert will fill the bill, nicely!

A música, bem, o que dizer? Que é uma das mais lindas que o grande João compôs? Que o Quodlieb e a Pérola Negra são as coisas mais lindas que você já ouviu? Que quando a ária é tocada pela primeira vez e ao seu final, ao passar para a primeira das variações, meu coração se enche de alegria? Bom, a tudo isto acrescento que quando a ária retorna, fechando o ciclo, sinto grande satisfação e tenho que me conter para não recomeçar tudo de novo.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Variações Goldberg

Maggie Cole, cravo

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MP3 | 320 KBPS | 180 MB

“A graceful, vital musician with an elegant technique and a razor-sharp feeling for phrasing and accent.”

New York Times

“Maggie Cole’s spirited, poetic and disciplined playing illuminates each and every one of Bach’s Goldberg Variations on her Virgin Classics recording.”

Gramophone

“Cole’s recording of the Goldberg Variations is a wonderful surprise musically and acoustically. She glides across the keyboard with great grace, and in the technically demanding passages, Bach’s intricate music is displayed to awesome effect.”

Billboard

Está esperando o que?

Aproveite!

René Denon

Maggie Cole nos jardins do Palacete PQP Bach no Cosme Velho, explicando como consegue aquelas perfeitas cruzadas de mãos para o atônito comitê do PQP Bach local…

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