Henryk Mikołaj Górecki (1933-2010): Sinfonia Nº 3, Op. 36 "Symphony of Sorrowful Songs"

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IM-PER-DÍ-VEL !!!

Porém, como estou com 100% de preguiça, vou copiar dois textos abaixo. O primeiro, em inglês, fala com muita propriedade desta bela e famosa obra de Górecki, a Sinfonia Nº 3, que vendeu inacreditáveis 5 milhões de cópias desta gravação da Nonesuch que posto hoje. Depois a nora biográfica da Wiki a respeito do compositor.

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Who would have thought it?

An unknown Polish composer, writing very dark, sombre music, based on deeply religious texts, in a style that does not have instant appeal, but demands the attention of the listener for almost an hour. Hardly the stuff to outsell Madonna and Britany.

And yet, that is what Henryk Gorecki’s Symphony no.3 (The Symphony of Sorrowful Songs) did. In 1993, a recording with Dawn Upshaw and the London Symphonietta topped not only the classical music charts, but the popular charts as well, and remains the best-selling album ever of music by a contemporary composer.

That any classical CD should sell so well is remarkable, but for a contemporary classical piece, full of such depth of feeling to sell over one million copies is unheard of.

And most surprised of all, perhaps, was Henryk Gorecki himself, who never set out to write popular music. He was part of the radical school of composers that included Szymanowski and Serocki who became known as the Polish school, known for their difficult, dissonant sound mass composition style. The group wrote music that dispensed with rhythm and melody and focussed only on tone color – and the harsher, louder and more jarring, the better.

But Gorecki was always an individual whose compositional style has changed with time. He came late to composition but eventually became the Professor of music at the university in Katowice. He studied in Paris, and was influenced by Webern, Stockhausen, and especially Messiaen, their music unavailable in communist-controlled Poland.

Gorecki’s biggest source of inspiration, however, has always been his fervent Catholicism and his respect for his Polish cultural heritage, including folk and medieval texts. For Gorecki, music should always have meaning and message.

After the 1960’s avant-garde period, Gorecki moved away from dissonance to consonance, away from harshness to harmony. In the 1970’s he picked up on the minimalist movement in the west and fused all these ideas and influences into his unique voice.

Symphony no.3, Symphony of Sorrowful Songs is an hour-long work that demands the attention of the listener. It is made up of three movements, all labelled Lento, their slow, deliberate pace having a ritualistic prayer-like quality, with the intensity of Gregorian chant. They have an extremely slow deliberate harmonic progression and build to a slow controlled climax.

Movement 1 – Lento sostenuto tranquillo ma cantabile – (sustained, tranquil, and song-like)
The first movement is a great, complex canon of deep sorrow. It starts almost inaudibly with the basses, then with utmost slowness, progressively rises through the strings until the entire orchestra is involved in its glory.

At its heart, as the strings suddenly fade, lies a 15th century Polish poem known as the Lamentation of the Holy Cross. The Mother of Christ begs her dying son to speak:

My son, chosen and loved,
Let your mother share your wounds
(Full text below)

At the end of this soprano respite, this brief ray of light, the huge string canon returns, more powerful than before. This time it retreats, and eventually fades into oblivion.

Movement 2 – Lento e largo – tranquillissimo
The second movement is based on a message found scrawled on a Gestapo prison cell wall in 1944 by an 18 year old girl Helena Wanda Blazusiakówna:

No, Mother, do not weep,
Most chaste Queen of Heaven
Help me always.
Hail Mary.

It is heralded by a radiant set of chords that has made the whole work famous, but then quickly darkens. Again, the theme is motherhood, but this time, the child calls out to the mother, both actual and spiritual.

Movement 3 – Lento cantabile semplice
The final movement is based on folksong, a mother searching for her son.

Where has he gone,
My dearest son?

Although certainly sorrowful, these diverse texts are linked by the theme of motherhood and motherly love. There is hope and joy, yearning and loss, tenderness and ultimately peace in this music.

To what can we attribute its huge popular success? Certainly it is beautiful music, and beauty is attractive. It is unique music, unlike anything else written recently. Dawn Upshaw’s singing is delicate and radiant. She soars over the orchestra with an other-worldly voice.

But there must be something more. Gorecki seems to have tapped in to a deep need of people in this most secular and uncertain times, a need for meaning, for spiritual comfort, for security. It is no surprise that other best-selling contemporary composers, such as Arvo Pärt and John Taverner share this theme for “holy minimalism”. and lets not forget the monks of the monastery of Santo Domingo de Silos whose original Chant recording has now sold over five million copies.

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A família de Górecki era modesta, e ambos os pais tinham amor à música. O seu pai Roman (1904-1991) era músico amador e a sua mãe Otylia (1909-1935) era pianista. Otylia morreu quando seu filho tinha apenas dois anos de idade, e os primeiros trabalhos de Górecki foram dedicados em memória de sua mãe. Henryk se interessou por música desde cedo, embora fora desanimado por seu pai e por sua madrasta até ao ponto em que não lhe era permitido tocar o velho piano de sua mãe. Entretanto, persistiu, e em 1943, permitiram que ele fizesse aulas de violino com Paweł Hajduga, um músico amador local e fabricante de instrumentos.

É a partir de 1951 que Górecki começa a compor as suas primeiras peças, maioritariamente canções e pequenas peças para piano, quando ingressa na sua primeira escola de música, em Rybnik. Pouco depois, estuda por si mesmo as regras do dodecafonismo e serialismo, e mais tarde evolui para o modernismo de Anton Webern, Iánnis Xenákis e Pierre Boulez. Conclui o curso de composição musical com Bolesław Szabelski em Katowice e, depois de uma pós-graduação em Paris, torna-se professor nessa mesma escola onde estudou.

Durante o seu estudo, Gúrecki apercebe-se da importância de trabalhar para desenvolver uma linguagem própria e as primeiras tentativas surgiram com os Quatro Prelúdios de 1955, evoluindo seriamente durante a década de 1960, considerada o seu período mais dissonante. Em 1969, Górecki parece ter atingido a sua maturidade com Old Polish Music¸ mas é na década de 1970 que atingirá o estilo que mais o caracterizará, com obras como Ad Matrem (1971), a sua Sinfonia n.º 3 (1976) e Beatus Vir (1979). Górecki preocupava-se em conseguir uma ligação perfeita entre o conteúdo espiritual e emocional do texto, frequentemente sagrado ou de origem tradicional com a sua música, e aí residiu o estrondoso sucesso destas composições.

Com a década de 1980, Górecki expande a sua gama de possibilidades e na música dele encontramos radicais contrastes no tempo, nas dinâmicas e na textura harmónica no que toca à oposição entre consonância e dissonância, ao mesmo tempo influenciado pelo folclore da Polónia. Tal expansão artística é visível na sua música de câmara, desde Lerchenmusik (1984) a Little Requiem for a Polka – Kleines Requiem fur eine Polka de 1993.

Ainda na década de oitenta, Górecki torna-se politicamente activo e são-lhe característicos actos em nome de uma causa que defende: depois de ter dedicado muita da sua música ao Papa João Paulo II, demite-se do seu cargo de professor da Escola Superior de Música de Katowice como acto de protesto ao governo por não ter permitido a visita do Papa na cidade; já o seu Miserere foi composto para comemorar a violência decretada contra a [União Comercial Auto-Governativa) Solidariedade.

As suas composições após os anos 1950 e 1960, foram caracterizadas pelo modernismo dissonante com inspiração em Karlheinz Stockhausen, Luigi Nono e seus contemporâneos, Krzysztof Penderecki e Kazimierz Serocki. A meio da década de 1970, Górecki mudou seu estilo em direção do “puro” som minimalista, que foi marcado pela sua Sinfonia n.º 3. Górecki tem progredido com diversos estilos distintos desde a reverência a Beatus Vir (1979), ao meditativo Miserere (1981) e ao espiritualismo de Good Night (1990).

Até 1992, Górecki foi conhecido somente por alguns conhecedores, primeiramente como um dos primeiros compositores responsáveis pelo renascimento da música da Polónia no pós-guerra. Naquele ano a etiqueta Elektra-Nonesuch liberou uma gravação de sua Sinfonia n.º 3, com 15 anos de existência. Esteve no topo da venda de discos no Reino Unido. Em dois anos a sinfonia No.3 tinha vendido mais de 700 000 cópias no mundo inteiro, e esse valor é pelo menos quatrocentas vezes mais a expectativa de vendas de uma sinfonia de um compositor relativamente desconhecido no séc XX. Entretanto o sucesso da gravação não despertou o interesse em outros trabalhos do compositor.

Górecki é casado com Jadwiga Rurańska e tem dois filhos – Anna, uma pianista, e Mikołaj, compositor.

Henryk Górecki (1933-2010): Symphony No. 3, Op. 36 (“Symphony of Sorrowful Songs”)

Movement 1 – Lento sostenuto tranquillo ma cantabile
Movement 2 – Lento e largo – tranquillissimo
Movement 3 – Lento cantabile semplice

Dawn Upshaw
London Sinfonietta
David Zinman

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

O notável compositor polonês Henryk Mikołaj Górecki (1933-2010).
O notável compositor polonês Henryk Mikołaj Górecki (1933-2010).

PQP

10 comments / Add your comment below

  1. Bravo, PQP!
    Pena que esta maravilha tenha tido que esperar a morte do cara! Aproveitando pra aporrinhar um pouco mais: a maravilhosa sonata dodecafônica do Alban Berg não mereceria um post? Se você não tiver eu tenho.

  2. “Mas, bem, na última sexta-feira, o polaco bateu as botas e alguns pediram uma homenagam de nossa parte. É justo.”
    Nossa, quanta solenidade com o defunto, hehehe.

  3. PQP, bravíssimo post!

    Regina, se você tiver a “Sonata Op. 1” do Alban Berge disponível e meios de publica-la, todos nós agradeceríamos muito 🙂

    E é verdade, José, ela não é dodecafônica.

  4. Gente, verdade, ela é “pré”-atonal, falha minha… Tenho em mp3, como posso fazer um upload, já que não assino nem o Rapidshare nem outros?

  5. Quem ainda não baixou esta Sinfonia provávelmente nunca se arrependerá pois esta música vai te levando e te pegando num crescente assustador e comovedor que há muito não sentia.
    Foi uma das surpresas mais gratificantes do p.q.p.
    A linha melódica com a voz divina da Dawn Upshaw nos leva para o fundo de nossa alma.
    Gorecki nasceu para compor esta música.Sua missão foi cumprida e lhe agradeço por isso.
    Um abraço aos pequepianos.Dirceu.

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