Iniciamos hoje uma série de três discos dedicados à obra para piano de Béla Bartók, por Cédric Tiberghien. As gravações são da Hyperion, o que é garantia de alta qualidade. Esta é a primeira grande abordagem da obra para piano de Bartók desde Kocsis na década de 90. Tiberghien chega com interpretações altamente pessoais, informadas e artísticas para esse incrível repertório. Sou familiarizado com a música para piano do húngaro e suas gravações. Vale a pena ouvir, este CD tem indiscutíveis méritos artísticos. Tiberghien se aproxima de Bartok como compositor de piano, trata-se de um apaixonado, não parece desejar apenas explorar coisas pouco gravadas. É um recital para ser ouvido e apreciado, depois analisado, se me entendem.
Romanian Folk Dances Sz56
1 No 1, Stick Dance: Allegro Moderato 1:14
2 No 2, Sash Dance: Allegro 0:30
3 No 3, In One Spot: Andante 1:04
4 No 4, Horn Dance: Moderato 0:53
5 No 5, Romanian Polka: Allegro 0:32
6 No 6, Fast Dance: Allegro 1:01
Fourteen Bagatelles Sz38
7 Molto Sostenuto 1:29
8 Allegro Giocoso 0:55
9 Andante 0:54
10 Grave 1:31
11 Vivo 1:14
12 Lento 1:46
13 Allegretto Molto Capriccioso 2:26
14 Andante Sostenuto 2:30
15 Allegretto Grazioso 2:05
16 Allegro 2:33
17 Allegretto Molto Rubato 2:18
18 Rubato 5:00
19 Elle Est Morte (Lento Funebre) 2:19
20 Valse: Ma mie quie danse (Presto) 2:09
21 Allegro Barbaro Sz49 3:13
Eight Improvisations On Hungarian Peasant Songs Sz74
22 Molto Moderato 1:26
23 Molto Capriccioso 1:12
24 Lento, Rubato 2:51
25 Allegretto Scherzando 0:54
26 Allegro Molto 1:05
27 Allegro Moderato, Molto Capriccioso 1:51
28 Sostenuto, Rubato 2:34
29 Allegro 2:17
Mikrokosmos Sz107
30 Book 5 No 122, Chords Together And In Opposition: Molto Vivace 1:01
31 Book 5 No 123, Staccato And Legato II: Allegro 1:03
32 Book 5 No 123, Staccato: Allegretto Mosso 1:11
33 Book 5 No 125, Boating: Allegretto 1:38
34 Book 5 No 126, Change Of Time: Allegro Pesante 0:40
35 Book 5 No 127, New Hungarian Folk Song: Ben Ritmato 1:09
36 Book 5 No 128, Stamping Dance: Moderato 1:26
37 Book 5 No 129, Alternating Thirds: Allegro Molto 0:58
38 Book 5 No 130, Village Joke: Moderato 0:55
39 Book 5 No 131, Fourths: Allegro Non Troppo 1:03
40 Book 5 No 132, Major Seconds Broken And Together: Adagio 1:45
41 Book 5 No 133, Syncopation III: Allegro 0:59
42 Book 5, No 134, Three Studies In Double Notes: Allegro 0:54
43 Book 5, No 135, Perpetuum Mobile: Allegro Molto 0:56
44 Book 5, No 136, Whole-tone Scale: Andante 1:37
45 Book 5, No 137, Unison: Moderato 1:59
46 Book 5, No 138, Bagpipe Music: Allegretto 1:22
47 Book 5 No 139, Jack-in-the-box: Con Moto Scherzando 1:15
Pe. José Maurício Nunes Garcia Methodo de Pianoforte
Ruth Serrão, pianista
1982
O Methodo de Pianoforte, datado de 1821, escrito expressamente para o aprendizado de seus filhos Apollinário José e José Maurício, reflete a pedagogia usada pelo mestre no trabalho de formação de profissionais de música. Compreende um conjunto de peças, agradáveis de se estudar, tocar e ouvir, divididas em duas séries de 12 lições (1ª Parte e 2ª Parte) e 6 Fantezias. Depois das primeiras lições rudimentares, as peças vão evoluindo em dificuldade técnica e interpretativa. Além de melodias originais, de fácil assimilação, criadas para o Methodo, José Maurício não hesitou em fazer citações de melodias conhecidas de outros compositores: assim encontramos Haydn na 7ª Lição da 2ª Parte e Rossini na 5ª Lição da 2ª Parte. Citou também a sí próprio nas Lições 9, 11 e 12 da 1ª Parte, usando melodias de seu belíssimo Requiem, aproveitando também a música de caráter popular da época, o que nos faz lembrar o notável Gyermekeknek (Para Crianças) de Bartók. Foi acrescida a Peça para Piano, de José Maurício, salva do esquecimento total graças ao primeiro “mauriciano”: o Visconde de Taunay.
Ruth Serrão, pianista e mestra, cuja dedicação à música brasileira é digna dos maiores louvores, consolida aqui o trabalho iniciado em 1980, com o resgate da obra para teclado de José Maurício.” (Ernani Aguiar, da Academia Brasileira de Música)
1. Primeira Parte: 1ª Lição em dó maior – 2ª Lição em dó maior
2. Primeira Parte: 3ª Lição em dó maior – 4ª Lição em dó maior
3. Primeira Parte: 5ª Lição em dó maior – 6ª Lição em dó maior
4. Primeira Parte: 7ª Lição em ré maior
5. Primeira Parte: 8ª Lição em dó maior
6. Primeira Parte: 9ª Lição em dó maior
7. Primeira Parte: 10ª Lição em dó maior
8. Primeira Parte: 11ª Lição em ré maior
9. Primeira Parte: 12ª Lição em ré menor
10. Segunda Parte: 1ª Lição em dó maior
11. Segunda Parte: 2ª Lição em ré maior
12. Segunda Parte: 3ª Lição em mí maior
13. Segunda Parte: 4ª Lição em fá maior
14. Segunda Parte: 5ª Lição em sol maior
15. Segunda Parte: 6ª Lição em lá maior
16. Segunda Parte: 7ª Lição em si maior
17. Segunda Parte: 8ª Lição em ré bemol maior
18. Segunda Parte: 9ª Lição em mí bemol maior
19. Segunda Parte: 10ª Lição em sol bemol maior
20. Segunda Parte: 11ª Lição em lá bemol maior
21. Segunda Parte: 12ª Lição em si bemol maior
22. 1ª Fantezia em dó maior
23. 2ª Fantezia em fá maior
24. 3ª Fantezia em sol maior
25. 4ª Fantezia em dó maior
26. 5ª Fantezia em ré maior
27. 6ª Fantezia em dó maior
28. Peça para piano
“No dia 16 de janeiro de 1938, Benny Goodman e sua orquestra foram consagrados no histórico concerto realizado e gravado no Carnegie Hall de Nova York.” (relato do repórter do PQPBach enviado ao Carnegie Hall, Sr. Wellington Mendes).
Foi também a primeira apresentação de uma banda de Jazz no Carnegie Hall. Este LP, produzido em 1950, foi um dos primeiro LPs nos Estados Unidos a vender mais de 1 milhão de cópias.
Alguns dos músicos presentes nesta gravação:
Harry James, trumpets
Gene Krupa, drums
Count Basie, piano
The Famous 1938 Carnegie Hall Jazz Concert
01. Don’t Be That Way
02. One O’Clock Jump
03. Sensation Rag
04. I’m Coming Virginia
05. When my Baby Smiles at Me
06. Shine
07. Blue Reverie
08. Life Goes to a Party
09. Honeysuckle Rose
10. Body and Soul
11. Avalon
12. The Man I Love
13. I Got Rhytm
14. Blue Sky
15. Sing Sing Sing (With a Swing)
The Famous 1938 Carnegie Hall Jazz Concert – Benny Goodman – 1950
Às vezes a capa de um CD é muito superior ao conteúdo. É o caso deste recital da checa Kozená. Olha, me deu sono… O porre inicial de Dvorák é ab-so-ta-men-te le-tal. Pior que vodka de R$ 10,00. Que sujeitinho cacete! Ai, que tédio…
Ouvi este CD com meu filho. Eram 9 da manhã de domingo. Ele tem bom gosto, não aguentou e foi fazer café — que porra de compositor é esse, pai? — ; quando voltou, mudei de disco para não espantá-lo. Depois peguei de volta para ter certeza de que era péssimo. É, sem dúvida. Por favor, fujam!
Antonín Dvorák (1841 – 1904) Písne milostné (Love Songs), Op.83
1) 1. O, nasi lásce nekvete (Oh, our love does not bloom) [1:50]
2) 2. V tak mnohém srdci mrtvo jest (Death dwells in so many a heart) [2:18]
3) 3. Kol domu se tedn potácím ( Now I stumble past the house) [1:27]
4) 4. Já vím, ze v sladke nadeji (I know that in sweet hope) [2:04]
5) 5. Nad krajem vévodí lehky spánek (Gentle slumber reigns over the countryside) [1:39]
6) 6. Zde v lese u potoka (Here in the forest by a brook) [1:58]
7) 7. V té sladké moci ocí tvych (In the sweet power of your eyes) [1:42]
8. 8. p duse drahá, jedinká (Oh, dear matchless soul) [1:38]
Bohuslav Martinu (1890 – 1959) Novy Spalícek (New Spalicek / Miniatures)
9) 1. Bohatá milá (The Rich Sweetheart) [1:11]
10) 2. Opusteny mily (The Forsaken Lover) [1:07]
11) 3. Touha (Longing) [0:56]
12) 4. Zwedavé dievca (The Inquisitive Girl) [0:54]
13) 5. Veselé dievca (The Cheerful Girl) [0:27]
14) 6. Smutny mily (The Unhappy Lover) [2:26]
15) 7. Prosba (The Request) [1:26]
16) 8. Vysoká veza (The tall tower) [0:57]
Ctyri písne na texty moravské lidové poezie (Songs for a Friend of My Country)
17) 1. Konícky na ouhore (Ponies on the Fallow Land) [0:52]
18) 2. Ztaceny pantoflícek (The Lost Little Slipper) [0:43]
19) 3. Písen nábozná (A Religious Song) [1:52]
20) 4. Pozvání (An Invitaion) [0:57]
Antonín Dvorák (1841 – 1904) Ctvero písní op.2 (Four Songs) na slova Gust. Pflegra-Moravského op. 2
21) 1. Vy vroucí písne ( You heartfelt songs) [2:20]
22) 2. O byl to krásny zlaty sen (Oh, that was a beautiful, golden dream) [2:07]
23) 3. Mé srdce casto (In pain, my heart often broods) [3:05]
24) 4. Na horách ticho (Silence on the mountains) [1:15]
Bohuslav Martinu (1890 – 1959)
25) Ukolébavka (Lullaby) [4:34]
Pisnicky na jednu stránku (Songs on one page)
26) 1. Rosicka (Dew) [0:58]
27) 2. Otevrení sloveckem (Unlocking with a single word) [0:32]
28) 3. Cesta k milé (Journey to the Beloved) [1:23]
29) 4. Chodnícek (The Footpath) [0:31]
30) 5. U mamenky (At Motherns) [1:12]
31) 6. Sen panny Marie (The Virgin Maryns Dream) [1:33]
32) 7. Rozmaryn (Rosemary) [1:03]
Nové slovenské písne (New Slovak Songs)
33) 2. Povedz ze mi, povedz (So tell me) [2:33]
34) 8. Mala som já rukávce (I had a blouse) [1:15]
Leos Janácek (1854 – 1928) Moravská lidová poesie v písních (Moravian Folk Poetry in Songs)
35) 17. Komu kytka (Who Is the Posy For?) [1:29]
36) 5. Obrázek milého (A Loverns Picture) [0:53]
37) 19. Pérecko (Little Posy) [1:24]
38) 16. Stálost (Constancy) [1:05]
39) Láska (Love) [1:16]
40) 38. Loucení (Parting) [1:25]
41) 18. Konícky milého) [0:57]
Antonín Dvorák (1841 – 1904)
42) Dobrú noc, má mila (Good night, my darling) V náradním tónu (In Folk Tone) [3:38]
Pe. José Maurício Nunes Garcia Ofício dos Defuntos de 1816 Camerata Novo Horizonte de SãoPaulo – 1998 Maestro: Graham Griffiths
Originalmente postado em março de 2011.
Esta postagem é dedicada aos valorosos Brasileiros, verdadeiros ratos de museus e igrejas, que dedicaram parte substancial de suas vidas ao trabalho de pesquisa e difusão da Música Colonial e Imperial Brasileira e que têm deixado raízes indeléveis na nossa cultura musical, apesar do profundo desamparo e descaso por parte dos governos.
Tenho procurado CDs esgotados e a resposta que sempre ouço é: “- O convênio que fizemos com a Petrobras (ou Correios, ou outro) somente permitiu imprimir 1.000 CDs e não conseguimos verba para imprimir mais.” CDs esgotados há mais de 10 anos!
Tenho enviado emails a maravilhosos intérpretes brasileiros, graduados na Europa ou Estados Unidos, com diversas apresentações Brasil afora, e a maioria das respostas é sempre a mesma: “- Falta-nos apoio.”
Esta postagem é dedicada a todos esses valorosos Brasileiros.
Mas esta postagem também é dedicada à ‘zelite brasileira’ que permite uma Maria Bethania abocanhar R$ 1.300.000,00, via Lei Rouanet, para publicar poesias num blog. Nosso dinheiro!
Mas esta postagem também é dedicada à ‘zelite brasileira’ que obrigou este site a deletar de suas páginas um dos maiores acervos existentes no mundo sobre o Maestro Villa-Lobos, com comentários e análises que estudantes jamais encontrarão similares.
A essa ‘zelite brasileira’ dedicamos este Ofício dos Defuntos de 1816 e recomendamos que decorem o Responsório 5-01 abaixo, pois dele hão de precisar no último dia:
Hei mihi! Domine, quia peccavi nimis in vita mea. Quid faciam ubi fugiam, nisi ad te Deus meus? Miserere mei dum veneris in novissimo die.
Ai de mim! Senhor, pequei muito em minha vida. Para onde irei senão para vós? Senhor, tende piedade de mim quando vieres no último dia.
Officium 1816
Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ) 01. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 1-01. Credo
02. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 1-02. Et in carne
03. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 1-03. Quem visurus
04. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 1-04. Et in carne
05. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 2-01. Qui Lazarum
06. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 2-02. Tu eis Domine
07. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 2-03. Qui venturus
08. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 2-04. Tu eis domine
09. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 3-01 Domine, Domine
10. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 3-02. Commissa mea
11. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 3-03. Quia peccavi
12. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 4-01. Memento mei
13. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 4-02. Nec aspiciat
14. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 4-03. De profundis
15. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 4-04. Nec aspiciat
16. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 5-01. Hei mihi
17. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 5-02. Anima mea
18. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 6-01. Ne recorderis
19. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 6-02. Dum veneris
20. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 6-03. Dirige
21. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 6-04. Dum veneris
22. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 7-01. Peccantem
23. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 7-02. Deus in nomine tuo
24. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 7-03. Quia in inferno
25. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 8-01. Domine secundum
26. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 8-02. Ut tu Deus
27. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 8-03. Amplius
28. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 8-04. Ut tu Deus
29. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 9-01. Libera me
30. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 9-02. Tremens
31. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 9-03. Requiem
32. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 9-04. Libera me
33. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 9-05. Kyrie
34. Ofício dos Defuntos de 1816 – Responsório 9-06. Requiest in pace
Camerata Novo Horizonte de São Paulo – 1998
Maestro: Graham Griffiths . BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
XLD RIP | FLAC 479,2 MB | HQ Scans
Daniel Barenboim, ao piano Rodolfo Mederos, ao bandoneón Hector Console, no baixo
Uma coleção de tangos, dos mais refinados e nostálgicos, interpretados por 3 monstros sagrados: Daniel Barenboim, ao piano, diretor da Chicago Symphony Orchestra de 1991 a 2006, nascido na Argentina onde viveu até seus 9 anos de idade; Rodolfo Mederos, ao bandoneón, que por muitos anos tocou com Piazzolla, e Hector Console, no baixo, considerado um dos melhores intérpretes de Piazzolla, com quem tocou por muitos anos, também.
A inspiração clássica de Barenboim brilha na sua performance ao piano, e o sabor do tango é ditado pelo bandonéon de Rodolfo Mederos, evocando a doce melancolia de lembranças passadas, principalmente em Adiós Nonino. A coleção também inclui uma das mais refinadas interpretações de El Dia Que Me Quieras.
Viaje pelos tangos imortais da “Guardia Vieja” como Gardel e Troilo (Pichuco), através do genial Ginastera e se delicie com o revolucionário Astor Piazzolla.
Tudo temperado com o molho de Piazzolla.
1. Mi Buenos Aires Querido (Gardel, Le Pera)
2. Verano Porteño (Astor Piazzolla)
3. La Moza Donosa (Alberto Ginastera)
4. Don Agustin Bardi (Horacio Salgan)
5. Tzigane Tango (Astor Piazzolla)
6. Invierno Porteño (Astor Piazzolla)
7. Aquellos Tangos Camperos (Ubaldo De Lio, Horacio Salgan)
8. Adiós Nonino (Astor Piazzolla)
9. El Dia Que Me Quieras (Gardel, Le Pera)
10. Primavera Porteña (Astor Piazzolla)
11. A Fuego Lento (Horacio Salgan)
12. Otoño Porteño (Astor Piazzolla)
13. Contrabajeando (Astor Piazzolla, Anibal Troilo)
14. Bailecito (José Resta)
Mi Buenos Aires Querido – Tangos Among Friends – 1996
Daniel Barenboim (piano)
Rodolfo Mederos (bandoneón)
Héctor Console (Bass)
Um cliente estadunidense da Amazon chamou este CD de “frivolous” por “não conter nem ao menos uma pop song, como seria de esperar de Gilberto Gil”. Foi aí que pensei em afastar expectativas equivocadas com a um tanto pedante mas não inadequada expressão “erudito contemporâneo”.
Numa coisa o comentador acertou: nenhuma destas 10 peças é canção. Trata-se da música projetada por Gil para um espetáculo do Balé da Cidade de São Paulo em 1995, com coreografia da beninense Germaine Acogny, que trabalhou longo tempo com Maurice Béjart antes de estabelecer sua própria escola no Senegal. A maior parte é instrumental – mesmo se parte dos instrumentos são vozes – e pode ser legitimamente chamada de “minimalista”, mesmo se realizada por procedimentos outros que os de um Glass ou de um Reich. E sobretudo soa de modo compatível com grande parte do que se costuma considerar “erudito contemporâneo”.
Por que ‘projetada’ e não ‘composta’? Porque – como é comum na música culta da Índia, da África, no jazz, e também na Europa até o barroco ou em vertentes do século XX como a estocástica, a aleatória ou em John Cage – o resultado que ouvimos é uma realização única, irrepetível, de um projeto definido até certo ponto, mas não escrito nota por nota. Dentro de parâmetros bem definidos para cada peça, os músicos produziram na hora da gravação o tecido sonoro que vocês vão ouvir.
Quê parâmetros, neste caso? Estou longe de saber, mas quero ‘entregar’ a vocês uma dimensão importante não mencionada em nenhum release, mas que foi percebida de imediato por uma amiga conhecedora da tradição iorubá, a cantora de MPB Paula da Paz: o sentido de cada movimento é dado pela presença estruturante de ritmos e outros sinais sonoros de diferentes divindades iorubás. (Não se faça a confusão de pensar que Zumbi fosse iorubá: era bântu. Entendo é que se recorre aqui à tradição africana mais presente no imaginário da população brasileira atual para homenagear um integrante de outra tradição cuja linguagem simbólica é hoje bem menos conhecida).
Num esboço não exaustivo nem definitivo: a Chamada inicial é pouco característica no sentido acima; talvez se possa falar de uma presença-de-fundo de todo o panteão, ou – sem contradição – do caráter de Oxalá, senhor do plano ideal. Já Meteorum, primeira peça propriamente dita, se abre com os signos daquele que gera e empodera a realidade física, feita de divisões e polarizações, e que tão impropriamente tem sido associado ao diabo judaico-cristão: Exu. Aberto o caminho por ele, temos como que a entrada no mundo manifesto do panteão antes evocado de modo etéreo.
Se há presença diabólica na peça, não é através de nenhum orixá, e sim do ambiente dos navios negreiros, evocado em Flagelo – construção polifônica complexa que certos frívolos facilmente entenderiam como gritaria caótica. Seguem-se a Dança das Mulheres, estruturada num inequívoco toque de Iansã, “senhoras dos raios e das tempestades” – a luta e a força em sua versão feminina – e o Lamento das Mulheres, que parece evocar a “mãe que a todos adota”, Iemanjá, e “seu batalhão de mil afogados” (João Bosco). Lamento brotado inicialmente do fundo do peito, como o blues, chama a atenção como Marlui Miranda faz se juntarem a ele as vozes de cabeça características do lamento indígena.
Na Dança dos Homens parece predominar Oxóssi, o caçador, em plena ação, num espírito próximo ao de seu irmão Ogun, senhor do metal – flecha e lança, portanto – seguindo-se uma Dança da Água e da Paz com características de Oxum, a que distribui com seu balanço a vida doada pelo Sol (esse o ouro maior!) através das águas correntes capilarizadas pelo mundo e pelos corpos.
Na Oração não é de estranhar que não se ouça voz de orixá e sim voz humana, dirigindo-se a Olórun – literalmente “senhor do céu”… e aí chegamos ao Réquiem: não é preciso dizer, o herói é morto: vem recebê-lo Nanã, a velha, senhora da lama e de tudo o que é ancestral, para que seja acolhido carinhosamente no seio de onde um dia partiu.
Zumbi, o último movimento, pode não ser o melhor resolvido musicalmente, mas continua simbolicamente rico: soa como celebração, mas seu toque é de Ogun, o guerreiro, com evocações de capoeira: não há ainda uma vitória a celebrar desarmadamente…
Mas talvez chegue além: não há verdade em tentar separar vida, trabalho, luta e celebração. Pois talvez seja essa a mensagem maior que a velha África não cessa de tentar proclamar através dos seus filhos mais diretos ao restante da sua descendência, ou seja: à humanidade inteira.
(Sei que este post caberia melhor em 20 de novembro, mas quem sabe 13 de maio também não seja de todo impróprio!)
Gilberto Gil – Z: 300 ANOS DE ZUMBI
Obra composta para o Balé da Cidade de São Paulo em 1995
01 Chamada
02 Meteorum
03 Flagelo
04 Dança das Mulheres
05 Lamento das Mulheres
06 Dança dos Homens
07 Dança da Água e da Paz
08 Oração
09 Réquiem
10 Zumbi
Gilberto Gil (voz, violão); Marlui Miranda (voz); Lucas Santana (flauta); Lelo Nazário (teclados); Rodolfo Stroeter (baixo acústico e elétrico); Carlinhos Brown (percussão, voz); Gustavo di Dalva (percussão). Gravado no Estudio nas Nuvens, Rio de Janeiro, em 09/1995.
PS: Leitores já devem ter percebido que uma das paixões do monge Ranulfus é explorar os ecos menos óbvios da África em música – e então sugere também seus posts de Toumani Diabaté, Chevalier de Saint-George, da Sonata de Beethoven originalmente dedicada a George Bridgetower, das cinco versões dos Afro-Sambas de Baden Powell e Vinicius de Moraes, além, é claro, dos de Nina Simone e das 2 versões da ópera Porgy and Bess. Os que não estiverem no ar no momento serão recolocados em breve!
Como na capa ao lado, aqui, o jovem e maravilhoso Quarteto Ébène, que já nos brindou este ano com este extraordinário Schubert,encara com seus dezesseis pés e mãos o jazz contemporâneo ao lado de veteranas sumidades como o clarinetista, saxofonista e bandoneonista Michel Portal, o baterista Richard Héry e o pianista, Xavier Tribolet. O resultado é magnífico. Em sua primeira parceria, ocorrida em 2013, Portal e o Ébène tocaram Piazzolla juntos em Paris. O Le Monde falou de “uma lição significativa, um encontro soberbo, uma conversa real”. Recém lançado, Eternal Stories é um dos melhores álbuns que Portal já gravou. Ele poderia muito bem ter pensado em seu amado Charlie Parker, que em 1949 gravou com quarteto de cordas, mas Eternal Stories não é uma tentativa de remake, compreendendo peças totalmente novas e dois arranjos inéditos de trabalhos tardios de Piazzolla, além de contribuições surpreendentes de membros do Ébène.
Michel Portal, Richard Héry, Xavier Tribolet, Quatuor Ebène: Eternal Stories
1 City Birds 7:53
2 L’Abandonite 7:38
3 Judy Garland 4:21
4 Elucubration 4:19
5 Eternal Story 6:21
6 Asleep 4:48
7 Loving 5:23
8 Anxiety 5:22
9 Plus L’Temps 3:12
10 Solitudes 5:15
11 Le Corbillon 5:26
12 It Was Nice Living Here 8:47
Cello – Raphaël Merlin (Ébène)
Clarinet, Sax, Bandoneón – Michel Portal
Drums – Richard Héry
Keyboards – Xavier Tribolet
Viola – Adrien Boisseau (Ébène)
Violin – Gabriel Le Magadure, Pierre Colombet (Ébène)
Link restaurado, com direito a versão em .flac e booklet do CD. IM-PER-DÍ-VEL !!!
Os nossos ídolos estão morrendo. O último da lista é Nikolaus Harnoncourt, o grande maestro austríaco, que foi um dos maiores especialistas em repertório barroco.
Quando se fala em interpretações historicamente informadas, foi ele o precursor. Sem ele, músicos do calibre de John Eliot Gardiner, Christopher Hogwood, entre tantos outros, talvez tivessem enveredado por outros caminhos da regência.
Faço uma modesta, porém sincera, homenagem a esta grande figura. Esta gravação do Réquiem Alemão de Brahms foi realizada em 2007, com sua querida Filarmônica de Viena e seu tradicional “Arnold Schoenberg Chor”, com o qual realizou diversos trabalhos. Acho que neste momento de luto, nada mais adequado que a obra prima de Brahms para homenagear este que foi um dos grandes nomes da regência dos Séculos XX e XXI.
P.S. A vida tem destas ironias… Nesta data, 27 de novembro, há exato um ano atrás, meu irmão mais velho veio a falecer, devido a complicações decorrentes de um transplante de rim. Era uma pessoa muito culta e instruída, falava três ou quatro idiomas, foi oficial da Marinha, viveu nos Estados Unidos durante o período do ‘flower power’ hippie, no final dos anos 60, conheceu vários lugares do mundo, incluindo África, Índia, Austrália… Comecei o texto desta postagem dizendo que nossos ídolos estão todos morrendo, em alusão ao falecimento de Nikolaus Harnoncourt, e posso dizer que meu primeiro ídolo e herói, este meu irmão, também está nesta lista de referências, com certeza. São estas pessoas que nos inspiram, que nos ajudam a fazermos nossas escolhas.
Então dedico esta postagem a este meu irmão, Mauricio. Nem imaginas como fazes falta, mano… Sei que quando chegar a minha hora, vamos nos reencontrar, e continuar nossas discussões e conversas sobre cinema, música e literatura, temas que ele adorava mais que tudo.
Johannes Brahms (1833-1897) – Ein Deutches Requiem – Harnoncourt, Wiener Philharmoniker, Arnold Schoenberg Chor
01 – I. Selig sind, die da Leid tragen (Ziemlich langsam und mit Ausdruck)
02 – II. Denn alles Fleisch, es ist wie Gras (Langsam, marschmäßig)
03 – III. Herr, lehre doch mich (Andante moderato)
04 – IV. Wie lieblich sind deine Wohnungen (Mäßig bewegt)
05 – V. Ihr habt nun Traurigkeit (Langsam)
06 – VI. Denn wir haben hier keine bleibende Statt (Andante)
07 – VII. Selig sind die Toten (Feierlich)
Genia Kühmeier – Soprano
Thomas Hampson – Baritone
Arnold Schoenberg Chor
Wiener Philharmoniker
Nikolaus Harnoncourt – Conductor
24º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora 2013
Com instrumentos de época. On period instruments.
Requiem KV 626, com instrumentos da época de Mozart, com forças sonoras mais adequadas à linguagem da música do século XVIII.
A Orquestra Barroca trouxe ao Brasil a primeira versão brasileira com instrumentos de época do Requiem de W.A.Mozart. Para esta ocasião, o grupo se juntou ao coro carioca Calíope, dirigido por Julio Moretzsohn, somando ao projeto ainda mais confluências festivas: Calíope não somente comemora seus 20 anos, mas o faz no mesmo evento onde estreou, em 1993.
O espírito agregador – comprovadamente a marca do Pró Música – está presente nesta versão da grande obra prima de Mozart. Quantas versões do Requiem existem disponíveis no mercado fonográfico? Bem, o número já é ridiculamente grande para que pudéssemos dizer que uma gravação a mais faria a mesma diferença que uma gota no oceano. Mas aqui neste CD temos a prova do contrário: a talvez mais bela obra musical de todos os tempos sempre espera ser revisitada com os ingredientes necessários – e nem sempre empregados – à altura do grande feito artístico de Mozart em seus últimos dias. Fonte inesgotável de beleza e deslumbramento, o Requiem exige uma entrega completa dos músicos; uma execução padronizada ofende e diminui tudo na obra, desde sua gênese ao seu conteúdo e efeito. Portanto, nada mais adequado para a aventura da Orquestra Barroca neste 24º Festival: ao lado dos solistas e do coro, podemos mostrar – e registrar – o grau de amadurecimento, comprometimento e energia artística a que chegamos.
Ao se tratar de uma obra prima quase além dos parâmetros da vida real, qualquer leitura dela sempre se revelará incompleta, com sua versão perfeita existindo somente no mundo das ideias. Porém, aqui neste CD, temos não somente mais uma versão mas sim “a nossa”versão, aquela que espelha todo o espírito do Festival – a paixão pela música e a perseverança na crença de que ela pode, sim, unir e transformar as pessoas. Portanto, mais uma vez a Orquestra Barroca desbrava a discografia brasileira (já são tantos os registros inéditos no país de grandes obras da literatura universal) trazendo aqui o “nosso” Requiem, que une com coragem e alegria as nossas idiossincrasias ao gênio benevolente do grande Mozart – com a certeza que contribuímos mais uma vez para um notável avanço da produção musical “made in Brazil”, deixando, como sempre, a marca indelével da trajetória do Centro Cultural Pro Música/UFJF.
Aqui utilizamos os instrumentos da época de Mozart, com forças sonoras mais adequadas à linguagem da música do século XVIII – bem diversas do modelo oratório “sinfônico” do período romântico, infelizmente ainda muito utilizado nos dias de hoje, com orquestra e coro com pelo menos o dobro de músicos. O efetivo de músicos de acordo com os padrões históricos – mais reduzido- e a sonoridade dos instrumentos antigos permitem uma execução muito mais eloquente do texto musical de Mozart; vale lembrar que ainda estamos num estilo musical que prioriza sobretudo a visão retórica da música: a música “fala”, e a composição segue as mesmas convenções do discurso e as regras da oratória.
Dessa forma, todas as ideias musicais saltam do papel para um verdadeiro palco de gestos e expressões no qual instrumentos e vozes não apenas “pintam” as ideias do compositor, mas são de fato os próprios protagonistas da “ação musical”: exclamações, reticências, ênfases, devaneios, surpresas, impressões vívidas e pictóricas… tudo se torna concreto em uma execução retórica do texto mozartiano!
Não poderíamos deixar de incluir nesta gravação o Ave Verum KV 618, também uma das derradeiras composições de Mozart, que mostra bem o grau de depuramento técnico do mestre, onde a perfeição e o sublime se exprimem através da mais espantosa simplicidade imaginável. Um verdadeiro bálsamo após o mais impactante ato fúnebre da História da Música.
Para concluir o CD, visitamos duas pequenas obras do nosso grande P. José Maurício – seguramente o maior representante do estilo mozartiano em terras brasileiras. São obras despretensiosas, pertencentes à primeira fase do compositor (anterior à chegada da família real ao Brasil), mas que revelam ainda assim o talento e o frescor que mais tarde se desenvolveria consideravelmente. Estas obras sofreram seguidas instrumentações (como explica no seu texto Sergio Dias), e considerando sobretudo as partes de sopros com uma escrita possivelmente inadequada e pouco idiomática nos instrumentos antigos, preferimos registrá-las somente com orquestra de cordas, seguindo uma intuição de fundo prático que prioriza somente o essencial, mostrando assim o âmago da obra de arte na sua forma mais pura e segura.
O Centro Cultural Pró-Música/UFJF realizou, entre os dias 14 e 28 de julho, o 24º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga. O evento, que acontece em Juiz de Fora (MG), ofereceu 37 cursos de instrumentos antigos e modernos e 30 concertos gratuitos com grupos e músicos de referência no Brasil e no exterior. Os cerca de 700 inscritos frequentaram cursos de traverso, viola da gamba, violino, violoncelo, cravo, além de canto e dança barroca e oficinas de prática de orquestra brasileira histórica e transcrição e edição de documentos antigos. Entre as opções também estão as oficinas para crianças, como a de prática de orquestras. A formação de professores tem espaço com o curso de didática da musicalização.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) 01. Requiem KV 626 – 1. Requiem 02. Requiem KV 626 – 2. Kyrie 03. Requiem KV 626 – 3. Dies Irae 04. Requiem KV 626 – 4. Tuba Mirum 05. Requiem KV 626 – 5. Rex Tremendae 06. Requiem KV 626 – 6. Recordare 07. Requiem KV 626 – 7. Confutatis 08. Requiem KV 626 – 8. Lacrymosa 09. Requiem KV 626 – 9. Domine Jesu 10. Requiem KV 626 – 10. Hostias 11. Requiem KV 626 – 11. Sanctus 12. Requiem KV 626 – 12. Benedictus 13. Requiem KV 626 – 13. Agnus Dei 14. Requiem KV 626 – 14. Lux Aeterna 15. Ave Verum KV 618 Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ) 16. Dies Sanctificatus 17. Gradual de São Sebastião
24º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juíz de Fora – 2013
Orquestra Barroca – Maestro Luis Otávio Santos
Conjunto Calíope – Maestro Julio Moretzsohn . BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
XLD RIP | FLAC 270,4 MB | HQ Scans 3,2 MB |
23º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora 2012
Com instrumentos de época. On period instruments.
Para este CD, a Orquestra Barroca preparou um programa com obras alemãs do início do século XVIII. Três personalidades : Telemann, Bach e Graun. Todos mostram essa característica marcante da música barroca alemã: a fusão dos estilos italiano e francês – tão díspares quanto mutuamente influentes – expressos através de uma profunda erudição e esmero artesanal.
A Suite “Hamburger Ebb und Fluth” de G. P. Telemann é comumente chamada de “Música Aquática” por analogia à famosa suíte de Haendel, porém não foi assim batizada pelo seu autor. Ao contrário de Haendel, que compôs uma obra orquestral na qual a única ligação com a água foi a função de sua performance (executada num barco em Londres), a música de Telemann faz analogia à água através de suas ideias musicais. Desde a ouverture, o movimento das águas é sentido nos motivos temáticos da fuga central e da especial combinação de notas longas dos sopros e ritmos acelerados das cordas. As danças que compõem a suíte têm nomes próprios, com figuras da mitologia grega ligadas a água: Tétis, Netuno, Tritão, Éolo e Zéfiro. As alusões são de caráter retórico, e dão uma atmosfera diferente a cada dança, com ideias musicais nada convencionais – como o caso da giga que simula o sobe e desce das marés.
O concerto para violino em lá menor BWV 1041 de J. S. Bach é uma conhecida peça do repertório; é compreensível quando verificamos que esta foi uma das poucas obras do período barroco imortalizadas no cânone violinístico do período romântico, a partir da fundação do Conservatório de Paris, no início do século XIX. Desde então, uma tradição “romantizada” de interpretação desta obra de Bach se instalou de maneira profunda na pedagogia do violino, o que contribuiu para uma considerável distorção de sua visão interpretativa. Aqui, Bach faz uma perfeita imitação da música de A. Vivaldi (que só veio a ser redescoberto no início do século XX): o diálogo entre o violino solista e a orquestra, a técnica de composição do ritornello, os motivos musicais clichês do estilo italiano ostinatto e o cantabile, e a linguagem idiomática do violino, magnificamente mostrado no último movimento.
Por outro lado, Johann Gottlieb Graun é pouco conhecido do grande público, e sua obra menos ainda. Este excelente compositor fez parte de uma geração de artistas que gravitaram em torno de Frederico II, rei da Prússia. Frederico, o Grande, como ficou conhecido, tinha grande apreço pela música – ele próprio era flautista e tinha como tutor musical Quantz e C.P.E. Bach entre seus empregados. Neste seleto ambiente artístico produziu-se música de altíssimo nível e num estilo único, que viria a ser conhecido como escola de Berlim – associada ao gênero galante, ao estilo “sentimental” e ao movimento literário “sturm und drang”. A suite em lá menor para orquestra mostra bem a característica da escola de Berlim, com mudanças bruscas de affetto, passagens concertantes virtuosísticas para os sopros e uma decadente visão das danças em estilo francês.
Para terminar o CD, a obra Tercio de J. J. Emerico Lobo de Mesquita, que possui uma grande importância para o repertório colonial, pelo fato de ser, além de autografada e datada, preservada num manuscrito da partitura geral – ao contrário de tantas outras peças que nos chegaram somente através de partes separadas. A singeleza de Tercio é também emblemática: ela representa bem a produção musical brasileira dessa época, ao mesmo tempo funcional e talentosa, pois soube superar a precariedade evidente do ambiente colonial com uma tocante economia de recursos musicais, sem comprometer a criatividade e a beleza musical.
Georg Philipp Telemann (Alemanha, 1681-1767) 01. Suite Wassermusik “Hamburger Ebb’ & Fluth” em dó maior 1. Ouverture Grave 02. Suite Wassermusik “Hamburger Ebb’ & Fluth” em dó maior 2. Saraband. Die schlaffende Thetis 03. Suite Wassermusik “Hamburger Ebb’ & Fluth” em dó maior 3. Bourée. Die erwachende Thetis 04. Suite Wassermusik “Hamburger Ebb’ & Fluth” em dó maior 4. Loure. Der verliebte Neptune 05. Suite Wassermusik “Hamburger Ebb’ & Fluth” em dó maior 5. Gavotte. Spielende Najaden 06. Suite Wassermusik “Hamburger Ebb’ & Fluth” em dó maior 6. Harlequinade. Der Schertzende Tritonus 07. Suite Wassermusik “Hamburger Ebb’ & Fluth” em dó maior 7. Der stürmende Aeolus 08. Suite Wassermusik “Hamburger Ebb’ & Fluth” em dó maior 8. Menuet. Der angenehme Zephir 09. Suite Wassermusik “Hamburger Ebb’ & Fluth” em dó maior 9. Gigue. Ebbe und Fluth 10. Suite Wassermusik “Hamburger Ebb’ & Fluth” em dó maior 10. Canarie. Die lustigen Bots Leute Johann Sebastian Bach (Alemanha 1685-1750) 11. Concerto para violino e orquestra em lá menor, BWV 1041 – 1. Allegro 12. Concerto para violino e orquestra em lá menor, BWV 1041 – 2. Andante 13. Concerto para violino e orquestra em lá menor, BWV 1041 – 3. Allegro assai Johann Gottlieb Graun (Alemanha, 1702-1771) 14. Suite em lá menor para orquestra 1. Ouverture 15. Suite em lá menor para orquestra 2. Menuet – trio 16. Suite em lá menor para orquestra 3. Duetto 17. Suite em lá menor para orquestra 4. Menuet 18. Suite em lá menor para orquestra 5. Sarabande 19. Suite em lá menor para orquestra 6. Aria I 20. Suite em lá menor para orquestra 7. Aria II 21. Suite em lá menor para orquestra 8. Bourrée 22. Suite em lá menor para orquestra 9. Loure 23. Suite em lá menor para orquestra 10. Chaconne José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (Vila do Príncipe, hoje Serro, MG, 1746- Rio de Janeiro, 1805) 24. Tercio – 1. Difusa est Gratia – Andante Lento 25. Tercio – 2. Padre Nosso 26. Tercio – 3. Ave Maria 27. Tercio – 4. Gloria
23º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juíz de Fora – 2012
Orquestra Barroca
Maestro Luis Otávio Santos BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
XLD RIP | FLAC 419,5 MB | HQ Scans 8,7 MB |
Não deixo por menos, este é um dos melhores discos de todos os tempos. E nem é pelo Schumann, mas pela extraordinária e imbatível interpretação da Fantasia Wanderer de Schubert. Que diferença faz a incrível interpretação de Pollini! Ele deixa clara a grandeza da peça. Sobre mim, este álbum tem o mesmo efeito das últimas sonatas para piano de Beethoven, gravadas pelo mesmo Pollini. É música de primeira linha tocada exatamente como se deve fazer. Nestas peças, os outros pianistas, quando comparados com ele, parecem bobos, incapazes de qualquer profundidade. Acho que as três palavras-chave são: profundidade, força e unidade. Ouçam AGORA!
Franz Schubert (1797-1828): Fantasia ‘Wanderer’, D. 760, e Sonata para Piano D. 845
Fantasie C-dur D. 760 (Op. 15) “Wanderer-Fantasie”
Allegro Con Fuoco Ma Non Troppo 6:24
Adagio 6:37
Presto 4:49
Allegro 3:42
Klaviersonate a-moll D. 845 (Op. 42)
Moderato 12:07
Andante Poco Moto 12:08
Scherzo: Allegro Vivace – Trio: Un Poco Piu Lento 6:46
Rondo: Allegro Vivace 5:12
22º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora 2011
Com instrumentos de época. On period instruments.
Referida nos catálogos de composições do mulato mineiro José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (1746?-1805), por Maria da Conceição de Resende Fonseca (n.5) e por Maria Inês Guimarães (n.6), esta obra foi impressa na série Patrimônio Arquivístico – Musical Mineiro (n.3), a partir de sua única fonte conhecida: uma cópia de Hermenegildo José de Sousa Trindade (1806-1887), pertencente à Orquestra Lira Sanjoanense (São João Dei-Rei – MG). Destinada a uma cerimônia religiosa setecentista, seu texto latino invoca a intermediação de Nossa Senhora em nossa conexão com Deus. No Breviário Romano, Beata Mater é a Antífona do Magnificat para as comemorações de Nossa Senhora, mas o compositor utilizou uma versão do texto dividido em duas seções, com o acréscimo da doxologia Gloria Patri, o que lhe confere a incomum estrutura responsorial, talvez indicando algum uso paralitúrgico da obra.
Escrita para quatro vozes, violinos I e II, viola, baixo, trompas I e II, a obra utiliza uma textura homofônica, alternando solos, duos e tutti, como era habitual nos compositores mineiros da segunda metade do século XVIII, porém no Intercede pro nobis ad Dominum, a seção mais longa da peça, o autor emprega um discurso mais desenvolvido, com tendências polifônicas e repetição contínua dessa pequena frase latina. Na doxologia Gloria Patri, que desempenha a função de Verso, o compositor utilizou apenas o duo de soprano e contralto, acompanhado de maneira bastante simples e com o convencional caráter de seção contrastante. Esse Gloria Patri, no entanto, pode ter sido uma inclusão de outro compositor no século XIX, possivelmente o próprio Hermenegildo José de Sousa Trindade, que também acrescentou partes de flauta e clarineta ao conjunto instrumental, partes que não foram utilizadas na edição dessa obra.
Na atualidade, e fora do ambiente litúrgico, obviamente esquecemos a função religiosa que esta composição pode ter desempenhado, ou seja, a função de um elemento que, integrado em um ritual, era capaz de nos religar à vida. Essa religação foi necessária desde que os seres humanos começaram a dividir as tarefas práticas dos seus grupos sociais, há milhares de anos, e a gastar nelas mais tempo e energia do que nos aspectos imateriais da vida, como o pensamento, o sentimento e a vontade. Manifestas em sonhos, medos, tendências psíquicas, angústias e alegrias, por mais que fossem reprimida em nome das tarefas cotidianas, tais particularidades da vida ressurgiam e invadiam o ser humano, além de seu controle. Por isso, foram divinizadas, adoradas como aspectos exteriores ao cotidiano, remetidas para um lugar inacessível acima de nossas cabeças (Céu, Olimpo, Sinai, astros) e denominadas ‘espirituais’ (do latim spiritus, sopro), ou seja, intangíveis, imateriais. Assim, os antigos conceberam o sopro como o portador da vida, capaz, portanto, de expressar-se em som, voz, palavra, nome e música.
Entre os interesses que existem na revitalização da música antiga e na discussão de sua função no presente, estão o contato com um repertório que, séculos atrás, de alguma maneira ajudava o ser humano a se religar aos aspectos imateriais da vida, reprimidos em nome das tarefas cotidianas, além da real possibilidade de que essa música possa nos ajudar a fazer o mesmo na atualidade. Interessante notar que essa função existia não apenas na música feita para os templos, mas também nas sonatas, óperas, concertos e sinfonias, desde que a sociedade leiga assumiu a tarefa de também fazer o que anteriormente apenas as igrejas faziam. Sempre que o ideal de religação foi posto em prática, o belo manifestou-se de alguma maneira e nosso interesse por esse belo pode agora nos proporcionar nova religação. Mas o belo não é produzido pela indústria e nem comprado em lojas, o belo é uma manifestação da vida criadora em nome da própria vida. Apenas consumir esse repertório, em lugar de procurar nele algo realmente belo, é perder a oportunidade de religação e, novamente, separar-se da vida.
Obviamente, uma grande parte da música que precedeu o século XX foi destinada às elites, portanto sem beneficiar a maior parte da população de seu tempo e, conseqüentemente, bela apenas em sua forma e não totalmente em sua função. Mas deixar de usar esse repertório no presente, apenas porque foi vetado à maior parte dos homens do passado é, no mínimo, um desperdício: seria o mesmo que eliminar dos dias atuais a escrita, por ter sido esse o meio de comunicação usado pelas antigas elites para a repressão popular. A vida que necessita cuidado não é mais a do passado, porém a do presente e, para isso, são válidos todos os meios hoje disponíveis, desde que realmente estejam a serviço da vida (de toda a vida) e não mais de sua repressão. Cabe-nos, portanto, recriar o belo, não apenas da forma, mas principalmente de sua função.
A Antífona ou Responsório Beata Mater, de Lobo de Mesquita, pode estar distante de sua função original, mas como toda obra antiga, guarda um resquício de sua beleza, ou de sua capacidade de religação que, por meio da edição contemporânea e de uma interpretação tão sensível e cuidadosa, como a da Orquestra Barroca do XXII Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora, pode ser ao menos parcialmente revitalizada, provocando-nos novamente algum efeito de ‘suspensão da cotidianidade’, como a esse fenômeno se referiu Michel Maffesoli.
Ouvir hoje Lobo de Mesquita é tomar contato com um recurso criado para desempenhar uma importante função de religação com a vida, ainda que a ignorância humana tenha somado a essa tarefa a repressão social, o patrulhamento cultural e a ditadura religiosa. Se realmente tivermos a finalidade de fazer no presente esse tipo de conexão com a vida, qualquer meio será válido. E se colocarmos essa intenção na pequena Beata Mater, ela deixa de ser uma mera sequência de notas, uma velha partitura, um agente de repressão, um novo item de catálogo, um recente trabalho ou mais um produto, para se tornar uma oportunidade de contato com a vida que está acima das tarefas repetitivas do nosso cotidiano. Em outras palavras: a mais pura espiritualidade, comum a qualquer cristão, judeu, muçulmano, budista, ateu, músico ou pessoa comum. Ouvir Lobo de Mesquita para religar-se à nossa vida é conectar-se, por meio de Lobo de Mesquita, à vida que há em cada um de nós.
(Paulo Castagna, extraído do encarte)
Orquestra Barroca Jean-Philippe Rameau (France, 1683-1764) 01. Suite extraída da ópera “Hypollite et Aricie” 1. Ouverture 02. Suite extraída da ópera “Hypollite et Aricie” 2. Premier air 03. Suite extraída da ópera “Hypollite et Aricie” 3. Deuxième air 04. Suite extraída da ópera “Hypollite et Aricie” 4. Premiere air infernal 05. Suite extraída da ópera “Hypollite et Aricie” 5. Deuxième air de furies 06. Suite extraída da ópera “Hypollite et Aricie” 6. Air des Matelots I et II 07. Suite extraída da ópera “Hypollite et Aricie” 7. Rigaudon I et II 08. Suite extraída da ópera “Hypollite et Aricie” 8. Chaconne 09. Suite extraída do ballet “Pygmalion” 1. Ouverture 10. Suite extraída do ballet “Pygmalion” 2. Air / Gavotte / Chaconne / Loure / Passepied / Rigaudon 11. Suite extraída do ballet “Pygmalion” 3. Sarabande 12. Suite extraída do ballet “Pygmalion” 4. Tambourin 13. Suite extraída do ballet “Pygmalion” 5. Pantomime I et II Francesco Geminiani (Itália, 1687-Irlanda, 1762) 14. Concerto Grosso em ré menor, nº 3 op. 3 – 1. Adagio e stacatto – allegro 15. Concerto Grosso em ré menor, nº 3 op. 3 – 2. Adagio 16. Concerto Grosso em ré menor, nº 3 op. 3 – 3. Allegro 17. Concerto Grosso em ré menor, nº 4 op. 3 – 1. Largo e stacatto 18. Concerto Grosso em ré menor, nº 4 op. 3 – 2. Allegro – largo – allegro 19. Concerto Grosso em ré menor, nº 4 op. 3 – 3. Vivace José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (Vila do Príncipe, hoje Serro, MG, 1746- Rio de Janeiro, 1805) 20. “Beata Mater”, antífona do Magnificat
22º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora – 2011
Orquestra Barroca, Maestro Luis Otávio Santos
21º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora 2010
Com instrumentos de época. On period instruments.
José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita nasceu na Vila do Príncipe do Serro do Frio ( atual Serro – MC) por volta de 1746, provavelmente filho de um português e de uma escrava africana. Viveu, estudou e compôs várias músicas nessa Vila até 1783, quando se transferiu para o Arraial do Tejuco (atual Diamantina, MG), onde atuou intensamente como professor, organista e compositor. Os últimos anos de sua vida foram menos dedicados à composição e mais à procura de oportunidades profissionais em centros de maior atividade musical: em 1798 mudou-se para Vila Rica (atual Ouro Preto, MG) e, pouco tempo depois, para o Rio de Janeiro, a capital da colônia, onde morreu em 1805, depois de trabalhar por quatro anos como organista na Ordem Terceira do Carmo.
As duas pequenas e preciosas composições de Lobo de Mesquita, selecionadas dentre as mais de cinquenta hoje conhecidas desse autor, são ricamente interpretadas neste CD pela Orquestra Barroca do XXI Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, liderada pelo talentoso e internacionalmente reconhecido Luís Otávio Santos.
Congratulamini mihi, a primeira de suas composições aqui gravadas, é aparentemente um Responsório destinado ao louvor a Nossa Senhora do Carmo, apesar de diferenças estruturais com o Responsório que normalmente integrava suas Matinas. Publiquei esta peça no v.1 da série Patrimônio Arquivístico – Musical Mineiro (PAMM 02), impresso pela Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais em 2008. A edição, que incluiu a reconstituição das partes de trompas, foi feita a partir do único manuscrito até agora conhecido dessa música (arquivado na Casa de Cultura de Santa Luzia, MG), copiado na primeira metade do século XIX e nunca antes referido nos catálogos de obras de Lobo de Mesquita. É interessante destacar também que esta é a primeira gravação do Congratulamini mihi de Lobo de Mesquita, o que somente reforça a importância desta iniciativa do Centro Cultural Pró- Música e, em particular, de seu diretor artístico Luís Otávio Santos.
Salve Regina é uma Antífona de Nossa Senhora, destinada a várias funções litúrgicas e paralitúrgicas, entre elas as Vésperas e as Missas dominicais. A única edição até agora existente dessa obra foi publicada por Francisco Curt Lange em Mendoza (Argentina) no ano de 1951, a partir do também único manuscrito conhecido (hoje arquivado no Museu da Inconfidência ), copiado em 1787 no Arraial do Tejuco, provavelmente pelo próprio compositor.
Como é freqüente nas composições de Lobo de Mesquita e de seus contemporâneos mineiros, suas obras participaram do estilo europeu do período, apesar da notória simplicidade, de uma certa defasagem cronológica e do “sotaque’ local. Percebemos que sua sonoridade herdou o comedimento da música sacra européia, mas também a dramaticidade da ópera setecentista, nessa época ainda mais preocupada com a beleza musical do que com a sua expressividade ou sentimentalidade, que seriam mais importantes apenas no século XIX. A maestria de Lobo de Mesquita, contudo, fez com que suas obras fossem mais numerosamente preservadas do que as de qualquer outro compositor mineiro do século XVIII.
Para além dos necessários aspectos técnico-musicológicos, no entanto, é sempre interessante perguntar por que damos ou deveríamos dar atenção às obras desse ou de outros compositores que participaram da formação do que é hoje o Brasil, quando o repertório internacional já conta com obras tão exuberantes e tão numerosas de Vivaldi, Bach, Mozart, Haydn e vários outros, para citar apenas autores do século XVIII? É certo que interesses religiosos, nacionalistas, regionalistas e institucionais, embora hoje irrelevantes ou pouco significativos em termos humanos, motivaram várias iniciativas musicais no decorrer do século XX, mas adotar exclusivamente tais motivações, em meio aos desafios bem mais profundos e complexos da atualidade, parece-me enorme falta de criatividade e desinteresse pela vida.
Sabemos que Vivaldi, Bach, Mozart e Haydn produziram muitas obras hoje internacionalmente idolatradas por sua beleza e genialidade, em grau incomparavelmente superior ao de toda a música de seus contemporâneos no Brasil e em todo o continente americano do período. Mesmo reconhecendo sua real e imensa contribuição cultural, é preciso considerar que os citados compositores não foram filhos de escravos africanos, nem mestiços nascidos em uma colônia européia na América, mais destinada à extração e envio de riquezas para a Europa do que à formação de uma sociedade melhor; não foram tratados com devastador preconceito pela sociedade branca da época, que neles viam quase somente seus servidores e não pessoas com necessidades físicas, sociais e espirituais; não tiveram que aprender música europeia fora da Europa e em condições precárias, a partir de pouquíssimos modelos e com os escassos e talvez despreparados mestres, que corajosamente se aventuraram por vilas recém-fundadas, dezenas de milhares de quilômetros distantes dos centros de emanação da cultura branca do período; não enfrentaram a forte competição profissional e a luta pela sobrevivência em meio a condições de vida bem mais desfavoráveis que as do Velho Mundo: nem tiveram a maior parte de suas composições perdidas ou mutiladas e nem impressas dois séculos após sua morte, por musicólogos que enfrentaram a inexistência ou incipiência do ensino musicologico em seus países, que driblaram o pouco interesse do público e da mídia para fazer circular esse tipo de repertório e que obtiveram, com muita dificuldade, os recursos para tal. Se Vivaldi, Bach, Mozart e Haydn tivessem nascido e vivido em Minas Gerais no século XVIII, provavelmente não teriam feito mais do que lá fez Lobo de Mesquita. E suas composições estariam começando a ser divulgadas apenas nas últimas décadas do século XX…
Mais do que compositor de uma religião, de uma instituição, de um país ou de uma de cidade, Lobo de Mesquita é um exemplo humano de criatividade, de adaptação a uma cultura imposta e de superação de condições de vida e de trabalho bastante desfavoráveis. É possível que, além de se perguntar o que ele deveria ser em sua sociedade, o compositor mulato tenha se perguntado o que ele poderia ser apesar dela? Se, para alguns, é o meio que produz o homem, é preciso admitir, diante de casos como este, que muitas vezes o homem supera as limitações impostas pelo meio e atinge resultados imprevistos e surpreendentes. Lobo de Mesquita fez, há duzentos anos, o que poucos de nós conseguiríamos fazer hoje em dia. Por que então, em lugar de diminuir o seu significado ou de julgá-lo a partir da cultura europeia, não poderíamos aprender com ele a superar nossos próprios limites e nossas condições de vida? Não temos garantias de que as religiões, as instituições, os países ou as cidades farão isso por nós.
(Paulo Castagna, extraído do encarte)
Orquestra Barroca Georg Muffat (Savoy, France, 1653-1704) 01. Suite “Gratitudo” em ré menor, extraída de “Florilegium Primum” 1. Ouverture 02. Suite “Gratitudo” em ré menor, extraída de “Florilegium Primum” 2. Balet 03. Suite “Gratitudo” em ré menor, extraída de “Florilegium Primum” 3. Air 04. Suite “Gratitudo” em ré menor, extraída de “Florilegium Primum” 4. Bourrée 05. Suite “Gratitudo” em ré menor, extraída de “Florilegium Primum” 5. Gigue 06. Suite “Gratitudo” em ré menor, extraída de “Florilegium Primum” 6. Gavotte 07. Suite “Gratitudo” em ré menor, extraída de “Florilegium Primum” 7. Menuet 08. Sonata 2 em sol menor, extraída de “Armonico Tributo” 1. Grave 09. Sonata 2 em sol menor, extraída de “Armonico Tributo” 2. Allegro 10. Sonata 2 em sol menor, extraída de “Armonico Tributo” 3. Grave 11. Sonata 2 em sol menor, extraída de “Armonico Tributo” 4. Aria 12. Sonata 2 em sol menor, extraída de “Armonico Tributo” 5. Grave 13. Sonata 2 em sol menor, extraída de “Armonico Tributo” 6. Borea 14. Suite “Sperantis Gaudia” em sol menor, extraída de “Florilegium Primum” 1. Ouverture 15. Suite “Sperantis Gaudia” em sol menor, extraída de “Florilegium Primum” 2. Balet 16. Suite “Sperantis Gaudia” em sol menor, extraída de “Florilegium Primum” 3. Bourrée 17. Suite “Sperantis Gaudia” em sol menor, extraída de “Florilegium Primum” 4. Rondeau 18. Suite “Sperantis Gaudia” em sol menor, extraída de “Florilegium Primum” 5. Gavotte 19. Suite “Sperantis Gaudia” em sol menor, extraída de “Florilegium Primum” 6. Menuet I et II 20. Sonata 5 em sol Maior, extraída de “Armonico Tributo” 1. Allemanda 21. Sonata 5 em sol Maior, extraída de “Armonico Tributo” 2. Adagio 22. Sonata 5 em sol Maior, extraída de “Armonico Tributo” 3. Fuga 23. Sonata 5 em sol Maior, extraída de “Armonico Tributo” 4. Adagio 24. Sonata 5 em sol Maior, extraída de “Armonico Tributo” 5. Passagaglia Grave Johann Sebastian Bach (1685-1750) 25. Ouverture (suite) n. 4 em ré Maior, BWV 1069 1. Ouverture 26. Ouverture (suite) n. 4 em ré Maior, BWV 1069 2. Bourrée I et II 27. Ouverture (suite) n. 4 em ré Maior, BWV 1069 3. Gavotte 28. Ouverture (suite) n. 4 em ré Maior, BWV 1069 4. Menuet I et II 29. Ouverture (suite) n. 4 em ré Maior, BWV 1069 5. Réjouissance José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (Vila do Príncipe, hoje Serro, MG, 1746- Rio de Janeiro, 1805) 30. Salve Regina 31. Congratulamini mihi
21º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora – 2010
Orquestra Barroca, Maestro Luis Otávio Santos
Algo finíssimo. Para este álbum duplo, o pianista Alexandre Tharaud convidou uma série espetacular de artistas convidados para homenagear a cantora e compositora Barbara, que morreu há 20 anos, em novembro de 1997. Ela compartilha um lugar de honra na canção francesa com outros dois ‘B’s’, Jacques Brel e Georges Brassens. Entre os artistas em destaque estão três grandes atores Juliette Binoche, Vanessa Paradis e Jane Birkin. Faz 20 anos que Barbara morreu, com 67 anos, em 24 de novembro de 1997. A ideia de Alexandre Tharaud para este álbum remonta ao dia do seu funeral. Ele, como muitos outros fãs, foi ao cemitério de Bagneux, nos arredores de Paris. Depois que as multidões e as câmeras de TV partiram, um grupo de devotos permaneceu torno da tumba e se juntou em uma interpretação improvisada de suas músicas. “Eu percebi então que Barbara viveria através de nossas vozes”, diz Tharaud. “Eu era jovem, mas o estúdio de gravação já era central na minha vida. Naquela manhã, no Cemitério de Bagneux, prometi fazer um álbum dedicado inteiramente à música de Barbara. Eu precisava de tempo e cantores. Os convidados deste álbum não são aqueles anônimos, mas queridos amigos que invoquei para prestar suas próprias vozes únicas a este tributo”. Para Barbara, Tharaud reuniu artistas de várias gerações e diversos contextos artísticos e culturais. Muitos de seus nomes são bem conhecidos em todo o mundo. Entre eles estão: atriz-cantoras como Juliette Binoche — símbolo sexual maior e absoluto de PQP Bach, a pessoa pela qual ele sente mais tesão no mundo (se eu vejo ela na rua ela nem vai saber de que lado eu cheguei) –, Vanessa Paradis e Jane Birkin; o rock star Radio Elvis; cantores e compositores Bénabar, Juliette, Dominique A, Tim Dup, Jean-Louis Aubert e Albin de la Simone; as cantoras Camélia Jordana, Rokia Traoré, Hindi Zahra e Luz Casal; o ator-diretor Guillaume Gallienne; o violinista Renaud Capuçon, o clarinetista Michel Portal e quarteto de cordas Modigliani.O próprio Alexandre Tharaud toca em quase todas as faixas — não apenas piano, mas também órgãos eletrônicos e teclados, celesta e sinos.
Alexandre Tharaud – Barbara
CD1
01. Pierre (Prelude) [Arr. Tharaud for Piano]
02. Cet Enfant-là (Arr. Tharaud for Piano & String Quartet)
03. Septembre (Arr. Tharaud for Piano)
04. Mes hommes (Arr. Tharaud for Piano, Double Bass & Accordion)
05. Du bout des lèvres (Arr. Tharaud for Piano & Keyboards)
06. Vivant poème (Arr. Tharaud for Piano)
07. Pierre (Arr. Tharaud for Piano, Keyboards, Accordion & Cello)
08. A mourir pour mourir (Arr. Radio Elvis & Tharaud for Guitar, Snare drum, Keyboards and Percussion)
09. Y’aura du monde (Arr. Tharaud for Clarinet, Double Bass & Keyboards)
10. Là-bas (Arr. Tharaud & de la Simone for Piano, Percussion, Keyboards, Bass guitar & Cello)
11. C’est trop tard (Arr. Tharaud for Bass, Horn, Keyboards and Piano)
12. Au bois de Saint-Amand (Arr. Tharaud for Piano & Percussion)
13. Vienne (Arr. Tharaud for Violin & Piano)
14. Say, when will you return? (Dis, quand reviendras tu ?) [Arr. Tharaud for Cello & Piano]
15. Les amis de Monsieur (Arr. Tharaud for Piano)
16. Attendez que ma joie revienne (Arr. Tharaud for Guitar, Double Bass, String Quartet & Piano)
17. Pierre (postlude) [Arr. Tharaud for Piano]
CD2
01. Ô mes théâtres (Arr. Tharaud for Narrator)
02. Valse de Frantz (Arr. Tharaud for Piano)
03. Nantes (Arr. Romanelli & Portal for Clarinet & Accordion)
04. Ce Matin-là (Arr. Tharaud for Clarinet, String Quartet & Piano)
05. Le Bel âge (Arr. Tharaud for Accordion & Piano)
06. Plus rien (Arr. Tharaud for Piano)
07. Rémusat (Arr. Romanelli for Accordion)
08. J’ai tué l’amour (Arr. Tharaud for Piano)
09. Ma plus belle histoire d’amour (Arr. Tharaud for Clarinet & Piano)
20º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora 2009
Com instrumentos de época. On period instruments.
Estas pequenas, porém expressivas peças foram compostas por Jerônimo de Sousa, nome genérico utilizado por pelo menos dois compositores de Vila Rica (antiga Ouro Preto): Jerônimo de Sousa Lobo Lisboa e Jerônimo Sousa Lobo Queirós, que floresceram entre 1746 e 1826. Foram editadas no v.2 da série Patrimônio Arquivístico-Musical Mineiro (PAMM 10 e 11), publicada pela Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais em 2008.
Salve Regina é uma Antífona de Nossa Senhora, destinada a várias funções litúrgicas e paralitúrgicas, entre elas as Vésperas e as Missas dominicais, enquanto Vide Domine, quoniam tribulor foi escrito para o Setenário das Dores, função celebrada durante sete dias, nos quais eram rememoradas cada uma das “dores” de Nossa Senhora, que correspondem a passagens particularmente sofridas de sua vida. As duas composições aparecem isoladas em várias cópias mineiras, porém associadas em sua principal fonte, um pequeno e belo manuscrito de meados do século XIX, pertencente à Casa de Cultura de Santa Luzia (MG).
As duas peças são homofônicas e sem solos, com freqüente ornamentação e intensa movimentação dos violinos. Na antífona Salve Regina alternam-se tutti e duos de contralto e tenor, acompanhados por uma rica figuração no violino I e freqüentes acordes arpejados, notas rebatidas e baixos de Alberti. É comum, em toda a obra, a terminação feminina nas cadências, típica das melodias de modinhas luso-brasileiras da transição do século XVIII para o XIX.
Na antífona Vide Domine, quoniam tribulor, música bem mais difundida em manuscritos mineiros que a obra precedente, alternam-se duos, trios e quartetos, utilizando-se uma textura diferente a cada uma das frases ou segmentos do texto literário, possivelmente com a função de ressaltar seu significado e seu caráter melancólico. O autor explora de maneira sensível a forma poética do texto, dividindo-o em dois blocos (Vide Domine e Quoniam amaritudine) e separando-os com três compassos destinados exclusivamente às cordas. Para dar maior força expressiva ao versículo, Jerônimo de Sousa apresenta o texto completo duas vezes, a primeira em uma seção em Mi bemol maior e a segunda em Fá menor, ambas com o mesmo material temático e sempre terminando na dominante da seção seguinte. Um trecho final de três compassos sobre a repetição da frase Et domini mors similis est leva a tonalidade novamente para Mi bemol maior.
Em nenhuma das fontes conhecidas destas duas obras existem partes de trompas, mas são freqüentes as partes de flautas I e II, cuja composição por Jerônimo de Sousa é discutível e, por isso, estão ausentes na presente gravação. Difícil, no entanto, é precisar a época na qual foram compostas. Seu estilo distancia-se das obras de José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (1746?-1805), porém aproxima-se das de João de Deus de Castro Lobo (1794-1832), o que pode nos proporcionar uma certa idéia de quando foram idealizadas. Talvez sejam composições da década de 1810 ou 1820, um período de particular exuberância da música sacra mineira.
A rica interpretação que aqui se ouve valoriza a beleza destas pequenas composições, representantes de uma fase de intensa criatividade na música sacra mineira e brasileira. Seu estilo, de inegável origem europeia, não visava diferenciar a música escrita na América daquela produzida no Velho Mundo, ainda que certos “sotaques” possam ser identificados. Seu valor não está na busca dessa diferença, concepção hoje considerada praticamente irrelevante, mas sim na idéia de que os cristãos entendiam-se como iguais em qualquer lugar do mundo. Talvez seja esse o maior mérito daqueles que, em lugar de invadir terras anteriormente habitadas, enriquecer-se com elas, explorar o trabalho escravo e esgotar os recursos minerais em benefício de uma minoria local e de potências internacionais, dedicaram suas vidas à arte e à contemplação espiritual. Somos capazes disso no presente?
(Prof. Paulo Castanha, extraído do encarte)
20º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora Jean-Fèry Rebel (France, 1666-1747) 01. La Fantasie: introduction: airs et batteries de tambours par M. Philidor Jean-Philippe Rameau (France, 1683-1764) 02. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 1. Ouverture 03. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 2. Gracieusiment 04. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 3. Musette 05. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 4. Air grave pour deux polonais 06. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 5. Menuets I et II 07. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 6. Tonnerre (extraído de “Hippolyte et Aricie”) 08. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 7. Air grave pour deux guerriers 09. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 8. Air pour les esclaves africains 10. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 9. Tambourin I et II 11. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 10. Prèlude pour l’adoration du Soleil 12. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 11. Air des Incas du Perou pour la dévotion du Soleil 13. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 12. Gavottes I e II 14. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 13. Entrée (extraído de “Les Borèades”) 15. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 14. Air pour les fleurs 16. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 15. Les sauvages 17. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 16. Chaconne Jerônimo de Souza “Queiroz” (Vila Rica, fl. 1721-1826) 18. Salve Regina (Edição Paulo Castagna) 19. Vide Domine, quoniam tribulor (Edição Paulo Castagna)
20º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora – 2009
Orquestra Barroca
Regência: Luis Otávio Santos
Outro CD do acervo do musicólogo Prof. Paulo Castagna. Não tem preço !!!
19º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora 2008
Com instrumentos de época. On period instruments.
Passado e Presente em Sintonia
A Orquestra Barroca do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora é o carro-chefe do principal evento promovido pelo Centro Cultural Pró Música. Para a décima nona edição do Festival, que reúne anualmente renomados artistas e pesquisadores na área, a Orquestra Barroca registra no seu nono CD a importante data de comemoração dos 200 anos da transferência da Família Real Portuguesa para o Brasil. A vinda da Corte para o Rio de Janeiro, em 1808, foi decisiva para o avanço das artes no Brasil. Em pouco tempo, muitos parâmetros culturais, oriundos da velha tradição europeia, se somaram aos já existentes traços da nossa cultura colonial. Para a vida musical brasileira, isso representou uma nova etapa histórica. Inúmeros músicos profissionais europeus se transferiram para o Brasil, trazendo uma bagagem artística muito mais sólida, contribuindo para um notável aumento na qualidade da música que passou a ser executada e criada em solo brasileiro.
Um bom exemplo disso é a música que Padre José Maurício compôs para a então recém criada Capela Real, que possuiu um efetivo de músicos de quantidade e qualidade sem precedentes até então no Brasil. É também dessa época crucial da nossa História a peça que a Orquestra Barroca registra pela primeira vez em CD, executada com instrumentos de época: a Sinfonie a Grand Orchestre do compositor austríaco Sigismund Neukomm. Possivelmente estamos tratando da primeira sinfonia dentro dos cânones clássicos estabelecidos pela escola norte-europeia de Haydn, Mozart e Beethoven composta no Brasil. Na sua breve passagem pelo Brasil, Neukomm compôs várias obras, algumas inclusive procurando assimilar a inventividade musical que ele aqui encontrou, como a modinha, por exemplo. Contudo, a Sinfonie é, na sua invenção, totalmente austríaca. E o fôlego que ela exige da orquestra se compara a outras grandes obras compostas nesse período na Europa.
A Orquestra Barroca sempre procurou nos seus CDs confrontar o repertório europeu e o brasileiro, vistos sob a luz da interpretação histórica. Com isso, o CD deste ano vem com uma proposta singular, diferente: ao lado da Sinfonia Haffner de Mozart, a Orquestra Barroca traz uma obra também europeia, mas de um compositor que muito contribuiu para a construção de um novo gosto musical aqui no Brasil. Portanto, levando isso em consideração, ao lado da bagagem cultural que a Família Real presenteou à vida brasileira desde a sua chegada, pode-se dizer, e com muita propriedade, que a Sinfonie (datada : Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 1820) faz parte, sim, do nosso patrimônio artístico brasileiro.
Orquestra Barroca
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) 01. Sinfonia no. 35, em ré maior, K. 385, “Haffner” – I. Allegro con spirito 02. Sinfonia no. 35, em ré maior, K. 385, “Haffner” – II. Andante
03. Sinfonia no. 35, em ré maior, K. 385, “Haffner” – III. Minuetto 04. Sinfonia no. 35, em ré maior, K. 385, “Haffner” – IV. Presto
Sigismund Ritter von Neukomm (1778-1858) 05. Sinfonia para grande orquestra, E bemol – I. Andante maestoso – Allegro 06. Sinfonia para grande orquestra, E Bemol – II. Minuetto 07. Sinfonia para grande orquestra, E Bemol – III. (sem indicacao) 08. Sinfonia para grande orquestra, E Bemol – IV. Allegro
19º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora – 2008
Orquestra Barroca, Maestro Luis Otávio Santos . BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
XLD RIP | FLAC 536,4 MB | HQ Scans
Lucille e Alessio são casados. Normalmente gravam em duo, mas neste disco o foco ficou em Lucille. O casal só aparece lá no final do disco, na Sonata a 4 Mãos e no Concerto para Dois Pianos. As Improvisations e Novelettes gravadas aqui parecem conjuntos, mas ambos os grupos foram compostos durante longos períodos de tempo. As improvisações abrangem mais de 25 anos. Isso mostra a notável consistência da obra de Poulenc, que mostrou algumas mudanças temáticas (por exemplo, na direção da música religiosa), mas geralmente tendia sempre a aprofundar em vez de mudar de direção. Lucille Chung captura muito bem o espírito leve e ousado de Poulenc. Ela é elegante, suave e sintonizada com inteligência sutil do compositor. Tenho absoluta certeza de que Poulenc teria adorado suas performances.
Francis Poulenc (1899-1963): Works for Piano Solo & Duo
15 Improvisations
1 No. 1 in B minor 1:35
2 No. 2 in A-Flat Major 1:36
3 No. 3 in B minor 1:36
4 No. 4 in A-Flat Major 1:30
5 No. 5 in A Minor 1:44
6 No. 6 in B-Flat Major 1:34
7 No. 7 in C Major 2:44
8 No. 8 in A Minor 1:35
9 No. 9 in D Major 1:29
10 No. 10 in F Major, “Eloge des gammes” 2:11
11 No. 11 in G Minor 0:51
12 No. 12 in E-Flat Major, “Hommage à Schubert” 2:10
13 No. 13 in A Minor 2:23
14 No. 14 in D-Flat Major 1:28
15 No. 15 in C Minor, “Hommage à Edith Piaf” 3:22
3 Novelettes
16 Novelette in C Major 2:42
17 Novelette in B-Flat Minor 2:01
18 Novelette sur un thème de Manuel de Falla 2:40
Sonata for Four Hands
19 I. Prelude 2:01
20 II. Rustique 1:47
21 III. Final 1:57
22 L’embarquement pour Cythère 2:16
Concerto in D Minor for Two Pianos
23 I. Allegro ma non troppo 7:30
24 II. Larghetto 5:23
25 III. Finale 5:55
18º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora 2007
Com instrumentos de época. On period instruments.
Uma celebração especial
Esta postagem tem o objetivo especial de celebrar o retorno do mais completo website sobre a vida e obra do Pe. José Maurício Nunes Garcia, que ficou 2 anos fora do ar. Devemos essa obra prima a Antonio Campos Monteiro Neto, que dedicou 2 anos para remontar e atualizar o site.
Franz Joseph Haydn (1732-1809)
01. Sinfonia em Ré Maior, Hob. 104 “Londres”, Adagio – Allegro
02. Sinfonia em Ré Maior, Hob. 104 “Londres”, Andante
03. Sinfonia em Ré Maior, Hob. 104 “Londres”, Menuet
04. Sinfonia em Ré Maior, Hob. 104 “Londres”, Finale – Spiritoso C.P.E. Bach (1714-1788)
05. Sinfonia em Ré Maior Wt 183, Allegro di Molto
06. Sinfonia em Ré Maior Wt 183, Largo
07. Sinfonia em Ré Maior Wt 183, Presto Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ) 08. Abertura em Ré Maior 09. Sinfonia Fúnebre (1790) 10. Ouverture “Que Expressa Relâmpagos e Trovoadas”
18° Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora – 2007
Orquestra Barroca
Regente: Luis Otávio Santos
17º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora 2006
Com instrumentos de época. On period instruments.
Após vários anos trazendo ao público brasileiro diversas obras – primas do barroco europeu (já consolidado como uma singular e pioneira contribuição para a discografia brasileira) e do começo da nossa música colonial, o Festival trouxe uma novidade, mais uma vez com o que de novo nada tem: a obra de W.A.Mozart. A novidade aqui em questão é forma como ela foi executada, graças ao alicerce que o Festival ao longo de 17 anos soube construir. Ao comemorar os 250 anos de nascimento do grande gênio, a Orquestra Barroca interpretou sinfonias do compositor com o instrumentarium da época (instrumentos clássicos com afinação 430hz), com suas respectivas técnicas interpretativas historicamente orientadas, na primeira produção brasileira do gênero. (extraído do encarte)
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) 01. Sinfonia no. 34, em dó menor, K. 338 – I. Allegro vivace 02. Sinfonia no. 34, em dó menor, K. 338 – II. Andante, di molto piu tosto allegretto 03. Sinfonia no. 34, em dó menor, K. 338 – III. Allegro vivace 04. Sinfonia no. 38, em ré maior, K. 504, “Praga” – I. Adagio – Allegro 05. Sinfonia no. 38, em ré maior, K. 504, “Praga” – II. Andante 06. Sinfonia no. 38, em ré maior, K. 504, “Praga” – III. Presto
Pe. João de Deus de Castro Lobo (Vila Rica, 1794 – Mariana, 1832) 07. Abertura em Ré Maior
João de Sousa Carvalho (Estremoz, 1745 – Alentejo, 1799) 08. Abertura de L’Amore Industrioso
17° Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora – 2006
Orquestra Barroca. Maestro Luis Otávio Santos .
O Klezmokum é um grupo Klezmer holandês que mistura jazz contemporâneo com música sefardita. É uma mistureca braba. .
O Klezmer (do iídicheכּלי־זמיר , através do hebraico kèléy zemer, כלי זמר, “instrumentos musicais”) é um gênero de música não-litúrgica judaica, desenvolvido a partir do século XV pelos asquenazes.
A princípio a palavra klezmer (plural klezmorim) designava apenas os instrumentos musicais, sendo posteriormente estendida aos próprios músicos – estes vistos com pouco apreço pois em geral não sabiam ler música e portanto, tocavam melodias de ouvido. Somente na segunda metade do século XX klezmer passou a identificar um gênero, antes referido simplesmente como música yiddish .
Apesar de viver em stheitls (guetos judaicos) na Polônia, Romênia, Bulgária, Hungria etc., os klezmorim, quase sempre músicos amadores, absorveram a cultura local, com forte influência cigana, e constituíram a base da cultura musical iídiche. Formavam grupos itinerantes que tocavam em festas judaicas – casamentos e outras celebrações – um repertório basicamente feito para danças em grupo ou entre casais.
Na formação dos primeiros grupos, predominavam os instrumentos de cordas, sobretudo o violino que há séculos tem sido o instrumento protagonista entre os músicos judeus. O lema dos klezmorim era “Shpil, klezmer, biz di strunes plotsn dir” (“Toca Klezmer, até as cordas dos violinos se partirem!”). Era acompanhado por um címbalo, um contrabaixo ou umcello), usando-se eventualmente uma flauta. A partir do século XIX, com o surgimento das bandas militares, foram sendo adicionados instrumentos de sopro (clarinete, saxofone e trompete) e de percussão. No século XX, nos primórdios da indústria fonográfica, era mais difícil gravar instrumentos de cordas do que instrumentos de sopro – o que reforçou o papel destes últimos nas formações de klezmer. Actualmente o clarinete é usado para a melodia e são frequentes os ensembles de metais. O papel do baixo é muitas vezes desempenhado pela tuba ou sousafone e a percussão tem-se tornado cada vez mais importante.
No século XX, quando os judeus deixaram a Europa Oriental e os shtetls, o klezmer difundiu-se no mundo, especialmente nos Estados Unidos, influenciando importantes compositores, como Gershwin, Leonard Bernstein e Aaron Copland. De fato a música Klezmer reinventou-se nos EUA. Ali fundaram-se mesmo escolas voltadas para a aprendizagem da música Klezmer.
A maior parte do repertório é constituída de danças para casamentos e outras celebrações judaicas, como o Bar Mitzvah. A música tinha que se enquadrar no acontecimento solene e ao mesmo tempo incitar os convidados a dançar no fim da cerimónia religiosa. No entanto, apesar de ter a sua origem nas cerimónias de casamento, klezmer nunca foi só para dançar mas também para ouvir durante o banquete.
As gravações mais antigas de que se tem notícia são as quatro Romanian Fantasies executadas pelo violinista Josef Solinski entre 1907 e 1908. Os Klezmatics basearam-se nas mesmas para a composição “Romanian Fantasy” no álbum “Jews with Horns”. Ao longo dos séculos XIX e XX transformou-se, ganhando virtuosismo e sofisticação. Em 1925 foi criado o YIVO – Institute for Jews Research. Mais tarde, Henry Sapoznik criou em Nova Iorque o Archive of Recorded Sound, inserido nesta instituição. Recolheu e catalogou antigas gravações numa série de compilações. 1
Nos anos 1970 houve um ressurgimento protagonizado por artistas como: Giora Feidman, Zev Feldman, Andy Statman, The Klezmorin, The Klezmer Conservatory Band e Henry Sapoznick.
Na década de 1980 deu-se um segundo revival, com artistas como Joel Rubin, Budowitz, Khevrisa, Di Naye Kapelye, Alicia Svigals e The Chicago Klezmer Ensemble.
Klezmokum – ReJew-Venation (1998)
1 Atesh Tanz Traditional 3:42
2 Russian Cher #5/Sherele Traditional 5:50
3 Y’did Nefesh 5:52
4 Doina in G Major/Old Klezmer Dance 8:13
5 Shir Hashomer 6:20
6 El Rey Por Muncha Madruga 4:35
7 Hora Maré Traditional 5:04
8 Shoror Traditional 6:11
9 Adonai Melech/Hodu l’Adonai Traditional 8:21
10 Los Kaminos de Sirkidji Traditional 4:50
11 Desert Dance (Larry Fishkind) 5:29
12 Nevalah (John Zorn) 7:07
Confissões de um Piazzóllatra Anônimo: Com esta postagem imagino que fica bem clara a minha condição de viciado, junky, em Piazzolla; como diria Augusto dos Anjos, “como o ébrio ama a garrafa tóxica de rum”, naufrago na dipsomania da música de Astor. Porque me faz bem? longe disso, é como 15 rounds contra Cassius Clay! Masoquismo musical? Talvez, se é que algum maluco psicanalista freudiano descobriu essa anomalia. Me recordo de algo que escreveu o acerbo-cômico filósofo romeno Cioran: “Com as tuas veias repletas de noites jazes como um epitáfio em meio a um circo”. É por aí a minha relação com essa música dilacerante e este texto assume um tom confessional: Sim, de viciado, que ao três anos descobriu o paraíso artificial da garrafa de Maracujina que ficava em um móvel ao meu alcance; e que ingeria goma-arábica e cabeças de palitos de fósforo… Triste sina a de um drogado. E que mais tarde, achando-se salvo do abismo, se depara com um bandoneón lancinante, capitoso, hipnótico, deletério… Sou mesmo o que Billy Wilder chamaria de Farrapo Humano. É fácil para os que não são afetados pela isca da beleza. Ah, a beleza! Nos estupores opiáticos das milongas me ressoam as linhas de Baudelaire, seu soneto à beleza ‘La Beauté’: “Eu sou bela, ó mortais! como um sonho de pedra.” Ou ainda, do mesmo vate boêmio curtido em absinto e papoulas, o seu Hino à Beleza: “Vens tu do céu profundo ou sais do precipício, Beleza? Teu olhar, divino porém daninho, Doidamente verte o bem e o malefício, E podemos por isso comparar-te ao vinho!” Eis que em meu socorro, para justificar meu fado, me vêm as palavras do grande Wilde: “A beleza é uma forma da genialidade, aliás, é superior à genialidade na medida em que não precisa de comentário. Ela é um dos grandes fatos do mundo, assim como a luz do Sol, ou a primavera, ou a miragem na água escura daquela concha de prata que chamamos de lua. Não pode ser interrogada, é soberana por direito divino.” Voilà! Non, rien de rien, non, je ne regrette rien! Não me arrependo de nada e vou afundar os dois pés na jaca, chafurdar no lodo de conhaque e mirra da música de Piazzolla até a consumação dos séculos. Ufa! O que cachaça não faz! Este é mais um disco lindo, impactante, como tantos outros de Astor, porém me parece que traz peculiaridades, com um destaque para o fenomenal músico cubano Paquito d’Rivera, que participa da gravação! A obra foi composta para um espetáculo idealizado e dirigido pela coreógrafa argentina Graciela Daniele em NY. Por mais que pesquisasse não encontrei o enredo da peça. Sei que o disco traz dois títulos: “O dançarino rude e a noite cíclica” e “Tango Apaixonado”. Não saber da temática é até melhor, pois ouvir a música nos leva a impressões talvez mais interessantes do que seria a trama do espetáculo. A mim, à parte todos os elementos piazzolescos contidos no disco, me sabe também a uma melancolia circense; algo Felliniano. Quem viu a sua joia “Ginger e Fred” (que filme, meu Deus!) saberá o que estou tentando expressar; ou o excelente filme do Patrice Leconte, recentemente lançado em DVD, “A mulher e o atirador de facas” – La Fille sur le Pont; que recomendo vivamente. Algo também do final de “O Circo” de Chaplin, enfim.
Discorremos muito sobre Astor nas postagens anteriores e sempre há o que se falar. Só para acrescentar, Astor adorava pescar tubarões. O Cavaleiro Negro do Bandonéon compôs uma ode a isso – ‘Escualo’, que dedicou ao seu digníssimo escudeiro Fernando Suarez Paz, o magnífico violinista. Disse-lhe que era uma obra que lhe dedicava com amor. Paz, numa entrevista, ironiza dizendo que a dificuldade da peça não é nada amorosa (risos). Esta obra não vai aqui, ficará para outra postagem. Mais outra?! Prometo largar o vício! Chega de tanta beleza. Só pode fazer mal. Mas, amigos, lhes garanto: Piazzolla não dá ressaca. É whisky de fina cepa; Bourbon de primeira linha; ou Falerno, se assim preferirem – ou ainda cachaça mineira da mais nobre estirpe. Hélas! Eis que retorno trôpego à pipa de Baudelaire! Como dizia o nosso poeta pernambucano Antônio Maria: “Ninguem me ama, ninguém me quer, ninguém me chama de Baudelaire.” Embriagai-vos!:
“É preciso estar sempre embriagado. Eis tudo! Eis a única questão! Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo que vos parte os ombros e vos dobra para o chão é preciso embriagar-se sem piedade. Mas de que? De vinho, de poesia, de virtude, como preferirdes! Mas embriagai-vos. E se por vezes, nos degraus de um palácio, na relva verde de uma vala, na solitude melancólica da vossa alcova, despertais com a embriaguez já evolada ou desaparecida, indaga ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que se vai, a tudo o que geme, a tudo o que gira, a tudo o que canta, a tudo o que fala; indaga que horas são e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio vos dirão: “É hora de embriagar-se! Para não ser o cativo mártir do Tempo, embriagai-vos; embriagai-vos sem termo! De vinho, de poesia, de virtude, como quiserdes!” (Caricatura – Charles Baudelaire, por Jeff Stahl)
Gostaria de oferecer esta postagem ao amigo escritor, professor, cineasta e colega de trompete e de copo Gabriel Lopes Pontes.
“The Roug Dancer and the Cyclical Night” (Tango Apasionado).
Astor Piazzolla – Bandoneón
Fernando Suarez Paz – Violino
Paquito d’Rivera – Clarineta e Sax alto
Rodolfo Alchourron – Guitar
Pablo Ziegler – Piano
Andy Gonzalez – Bass
Gravado em Radio City Studio, A & R Studio e Sorcerer Studio, Nova York; agosto e setembro de 1987.
16º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora 2005
Com instrumentos de época. On period instruments.
A Criação do Universo. Do Big-Bang ao rouxinol. Única e extravagante.Imperdível!!!
O CD1 contém a Cantata BWV 66 “Erfrent euch, ihs Herzen”, mais uma pérola de beleza e perfeição de Bach.
Entretanto, é a obra do seu obscuro vizinho francês que demanda maiores informações neste texto. Jean-Féry Rebel foi discípulo de Jean-Baptiste Lully, figura máxima da música nos tempos de Luís XIV. Dele, Rebel herdou a influência predominante que a música de dança teve na corte francesa e grande parte da obra de Rebel são peças coreográficas independentes, um detalhe incomum para a época, onde o ballet era um dos indivisíveis componentes da ópera francesa. Sua última obra, contudo, é a mais chocante. “Les Élémens” (1737) é uma obra única e extravagante, onde o compositor retrata a criação do universo. Sua invenção é futurista não somente no aspecto musical (uso abusivo de dissonância e desordem na construção da abertura, intitulada “o caos”), mas também na sua cosmogonia: depois do “big-bang” inicial, os quatro elementos Terra (longas e repetidas notas dos baixos), Fogo (rapidíssimas figurações dos violinos), Água (linhas fluidas e desconectadas das flautas) e Ar (agudíssimos trinados dos pícolos) buscam a ordem entre sí, que só será encontrada no fim da peça, seguida de uma tradicional suite de danças em estilo francês.
Palhinha: ouça 01. Les Élémens, ballet – 1. Le Cahos
.
O CD2 é dedicado ao maior expoente da escola colonial mineira, J. J. Emerico Lobo de Mesquita, com uma de suas mais aclamadas obras: a Missa em Fá Maior. Esta gravação, a primeira a ser realizada sob o ponto de vista histórico, com instrumentos da época, temperamento desigual e forças instrumentais e vocais adequadas ao seu próprio contexto musical, celebra o bicentenário do compositor, morto em 1805. Completando o CD, um tríptico de obras napolitano-luso-brasileira demonstrando os pontos comuns dos universos estéticos de Francesco Durante, Pedro Antonio Avondano e Florêncio Coutinho. (extraído do encarte)
CD1
Jean-Féry Rebel (1666-1747) 01. Les Élémens, ballet – 1. Le Cahos
02. Les Élémens, ballet – 2. Loure I
03. Les Élémens, ballet – 3. Chaconne
04. Les Élémens, ballet – 4. Ramage/Rossignols
05. Les Élémens, ballet – 5. Loure II
06. Les Élémens, ballet – 6. Tambourin I et II
07. Les Élémens, ballet – 7. Sicillienne
08. Les Élémens, ballet – 8. Caprice
Johann Sebastian Bach (1685-1750) 09. Cantata BWV 66 – Erfreut Euch, Ihr Herzen – 1. Coro
10. Cantata BWV 66 – Erfreut Euch, Ihr Herzen – 2. Recitativo (Basso)
11. Cantata BWV 66 – Erfreut Euch, Ihr Herzen – 3. Aria (Basso)
12. Cantata BWV 66 – Erfreut Euch, Ihr Herzen – 4. Dialogus (Alto, Tenore)
13. Cantata BWV 66 – Erfreut Euch, Ihr Herzen – 5. Aria (Alto, Tenore)
14. Cantata BWV 66 – Erfreut Euch, Ihr Herzen – 6. Choral
CD2
José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (1746-1805) 01. Missa em Fá Maior – 1. Kyrie
02. Missa em Fá Maior – 2. Gloria
03. Missa em Fá Maior – 3. Cum Sancto Spiritu
04. Missa em Fá Maior – 4. Credo
05. Missa em Fá Maior – 5. Et Incarnatus
06. Missa em Fá Maior – 6. Et Resurrexit
07. Missa em Fá Maior – 7. Sanctus
08. Missa em Fá Maior – 8. Sanctus
09. Missa em Fá Maior – 9. Benedictus
10. Missa em Fá Maior – 10. Agnus Dei
Francesco Durante (Itália, 1684-1755) 11. Litania A Quatro voci
Pedro Antonio Avondano (Lisboa, 1714-1782) 12. Ladainha A Quatro
Florêncio José Ferreira Coutinho (Vila Rica, 1750-1819) 13. Laudate Pueri Dominum
Orquestra Barroca do 16º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora, MG – julho de 2005 – com instrumentos de época
Regente: Luís Otávio Santos .
15º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora 2004
Com instrumentos de época. On period instruments.
O Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora celebra seus 15 anos com esta edição comemorativa e especial: a produção em DVD de um concerto a Orquestra Barroca do Festival, dirigida por Luis Otávio Santos.
.
Jean-Marie Leclair (França, 1697 – 1764) 01. Scylla Et Glaucus: Ouverture 02. Scylla Et Glaucus: Sarabande 03. Scylla Et Glaucus: Symphonie Pour La Descente De Venus 04. Scylla Et Glaucus: Passepied 05. Scylla Et Glaucus: Air De Silvains 06. Scylla Et Glaucus: Air En Roundeau 07. Scylla Et Glaucus: Air De Demons 08. Scylla Et Glaucus: Tamburin
Johann Sebastian Bach (Alemanha, 1685-1750) 09. Tönet, ihr Pauken! BWV 214: Coro 10. Tönet, ihr Pauken! BWV 214: Recitativo 11. Tönet, ihr Pauken! BWV 214: Aria 12. Tönet, ihr Pauken! BWV 214: Recitativo 13. Tönet, ihr Pauken! BWV 214: Aria 14. Tönet, ihr Pauken! BWV 214: Recitativo 15. Tönet, ihr Pauken! BWV 214: Aria 16. Tönet, ihr Pauken! BWV 214: Recitativo 17. Tönet, ihr Pauken! BWV 214: Coro
Antonio Lucio Vivaldi (Itália, 1678-1741) 18. Concerto Violino Op.4 N.4 La Stravaganza: Allegro 19. Concerto Violino Op.4 N.4 La Stravaganza: Largo 20. Concerto Violino Op.4 N.4 La Stravaganza: Allegro
15º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora
2004
Orquestra Barroca
Regente: Luis Otávio Santos
Este é um CD recém lançado que traz gravações de Jarrett de 1984 e 1985. É ótimo, mas… Desde a década de 1980, Keith Jarrett alterna jazz com música erudita, sempre no mais alto nível. Tudo funciona maravilhosamente no excelente concerto de Barber. A orquestra mostra-se parruda e lírica, mas o mesmo não pode ser dito sobre esta obra-prima de Bartók. Acontece que, quem tem nos ouvidos a gravação Anda-Fricsay ou a Argerich-Dutoit, não se deixa enganar por uma orquestra japonesa de segunda linha. Como disse, é um bom disco, mas….
Samuel Barber (1910-1981), Bela Bartók (1881-1945): Concerto para piano e orq., Op. 38 / Concerto para piano e orq., Nº 3
01 – Samuel Barber – Piano Concerto op. 38 – I Allegro appassionato
02 – Samuel Barber – Piano Concerto op. 38 – II Canzone, Moderato
03 – Samuel Barber – Piano Concerto op. 38 – III Allegro molto
Rundfunk-Sinfonieorchester Saarbrücken
Dennis Russell Davies: conductor
04 – Bela Bartok – Piano Concerto No. 3 – I Allegretto
05 – Bela Bartok – Piano Concerto No. 3 – II Adagio religioso
06 – Bela Bartok – Piano Concerto No. 3 – III Allegro vivace
New Japan Philharmonic
Kazuyoshi Akiyama: conductor
07 – Keith Jarrett – Tokyo Encore – Nothing But A Dream