Claude-Achille Debussy (1862-1918): obra integral para 2 pianos e piano a 4 mãos – Werner Haas / Noel Lee

Debussy 2 pianos 4 hands cover German edO primeiro Debussy a gente nunca esquece!

Este foi o primeiro disco de Debussy adquirido por este velho monge quando jovem, no início de seus estudos musicais na cidade de Curitiba, em 1972 ou 73… e definiu já de início a imagem desse compositor para bem além da imagem que alguns ainda têm dele, a de um arranjador de sons bonitinho-agradáveis ou algo assim – o que poderia ter acontecido caso se houvesse conhecido apenas a encantadora Petite Suite, segunda obra deste disco.

Mas não: o disco começa com com a complexa e sofisticada exposição sonora de sentimentos e reflexões do compositor sobre a guerra então em curso – valendo lembrar que Debussy perdeu sua guerra pessoal contra o câncer, aos 56 anos, durante um bombardeio de Paris pelas forças alemãs. Não à toa esse mestre do colorido musical declara já no nome que aqui está apresentando uma obra em branco e preto (En Blanc et Noir). Creio que seu segundo movimento (Lento, sombrio) é a faixa que mais me impressiona, com destaque para a insólita citação do hino luterano Ein feste Burg / Castelo Forte, algumas vezes chamado “a Marselhesa da Reforma Protestante” – que aparentemente só tem como estar aqui num papel de vilão (talvez como o que a própria Marselhesa desempenhou na Abertura 1812 de Tchaikovski, onde ‘lutou’ com um tema russo).

Há mais sobre as peças nos scans que acompanham os arquivos musicais – em alemão e numa tradução ao português, bastante deficiente, mas que não deixa de ajudar a ouvirmos mais informadamente. Bom desfrute!

DEBUSSY: OBRA INTEGRAL PARA 2 PIANOS E PIANO A 4 MÃOS
Werner Haas / Noel Lee, pianistas

En blanc e noir (1915) – 2 pianos
1.1 Avec emportement
1.2 Lent. Sombre
1.3 Scherzando

Petite suite (1886-89) – piano a 4 mãos
2.1 En bateau
2.2 Cortège
2.3 Menuet
2.4 Ballet

Lindaraja (1901) – dois pianos
3.1 •

Six épigraphes antiques (1914) – piano a 4 mãos
4.1 Pour invoquer Pan
4.2 Pour un tombeau sans nom
4.3 Pour que la nuit soit propice
4.4 Pour la danseuse aux crotales
4.5 Pour l’Égyptienne
4.6 Pour remercier la pluie au matin

Marche écossaise (sobre a Marcha do Duque de Ross) (1891) – piano a 4 mãos
5.1 •

.  .  .  .  .  .  .  BAIXE AQUI – download here

Ranulfus

3 comments / Add your comment below

  1. Recebi do leitor Manuel a seguinte consulta sobre esta postagem – só que por algum lapso ela acabou saindo junto à postagem anterior, do colega Pleyel (Guiomar Novaes tocando Beethoven e Mozart).

    “Oi Ranulfus – não te captei a ideia…é burrice minha, ou em Debussy estão faltando os arquivos: Lindaraja e Marche ecossaise?
    Estou em dificuldade com o OneDrive. Não está funcionando totalmente. Quem souber de uma solução, contate-me!
    abraços”
    .
    Respondi lá mesmo, mas por segurança repito a resposta também aqui:

    “Oi Manuel, Lindaraja é em um movimento só, Marche Écossaise também. Os arquivos foram nomeados 3.1 e 5.1 para seguir o padrão, mas eles não têm um nome de movimento à parte o nome geral da obra.

    Ademais, o material não está no OneDrive, está apenas no Mega. Ontem eu tive dificuldade em baixar coisas do Mega, espero que seja uma dificuldade transitória. Se a dificuldade persistir, volte a se manifestar, descrevendo o problema com mais detalhes, para ver o que podemos fazer.

    Por último, por alguma razão você acabou comentando sobre a minha postagem de Debussy aqui na postagem de Mozart do colega Pleyel… rs. Se quiser continuar a conversa, vamos nos mudar para os comentários da minha própria postagem, que tal?”

  2. Obrigado Ranulfus!
    Esse Werner Haas gravou a integral pra piano solo de Debussy pela Philips (Grand Prix du Disque de 1970), pelo que li foi referência na época mas, como ele morreu em 76 num acidente de carro, virou nota de rodapé…
    Pelo que ouvi dele, segue a linha de Gieseking, que aliás lhe deu aulas.

    1. Obrigado pelo seu comentário, Pleyel!

      Tendo sido, como eu comentei, meu primeiro disco de Debussy, e isso quando eu tinha 15 ou 16 anos, não me sinto capaz de fazer uma análise isenta. É sobretudo um disco que mora no meu coração! Também não sou (acredite) um tão grande conhecedor dos pianistas que há nesse mundo, para comparar.

      Mas assim de mim mesmo posso apontar algo que gosto: não é um Debussy etéreo, nebuloso, “chapado”… Tem substância, matéria, vitalidade, talvez possa dizer até mesmo virilidade. Enfim: gosto!

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