Franz Joseph Haydn (1732-1809 ) – Piano Trio Hob. XV.37 in F, 04. Piano Trio Hob. XV.C1 in C , Piano Trio Hob. XIV.6-XVI.6 in G , Piano Trio Hob. XV.39 in F, Piano Trio Hob. XV.1 in G minor – Beaux Arts Trio

Box FrontJá desde a primeira faixa deste CD, o Adagio Trio Hob. XV 37 in F, já temos uma amostra do que virá pela frente: beleza, sensibilidade, coerência, virtuosismo, talento. Poucos conjuntos de Câmera reuniram todos estes atributos durante tanto tempo quanto o Beaux Arts Trio. Foram 60 anos de dedicação a uma causa: a música. E somos os felizes ouvintes e apreciadores de toda esta dedicação.
Estes Trios para Piano de Haydn foram escolhidos a dedo. Difícil dizer qual o melhor, o mais bonito. O conjunto é todo de excelente qualidade. Mesmo depois de quase trinta anos os ouvindo, até hoje continuo me espantando com a capacidade de coesão deste conjunto. Eles tocam como se fossem um único instrumento.

01. Piano Trio Hob. XV.37 in F – 1. Adagio
02. Piano Trio Hob. XV.37 in F – 2. Allegro molto
03. Piano Trio Hob. XV.37 in F – 3. Menuet
04. Piano Trio Hob. XV.C1 in C – 1. Allegro moderato
05. Piano Trio Hob. XV.C1 in C – 2. Menuet
06. Piano Trio Hob. XV.C1 in C – 3. Andante con variazioni
07. Piano Trio Hob. XIV.6-XVI.6 in G – 1. Allegro
08. Piano Trio Hob. XIV.6-XVI.6 in G – 2. Adagio
09. Piano Trio Hob. XIV.6-XVI.6 in G – 3. Menuetto
10. Piano Trio Hob. XV.39 in F – 1. Allegro
11. Piano Trio Hob. XV.39 in F – 2. Andante
12. Piano Trio Hob. XV.39 in F – 3. Allegro
13. Piano Trio Hob. XV.39 in F – 4. Menuetto
14. Piano Trio Hob. XV.39 in F – 5. Scherzo
15. Piano Trio Hob. XV.1 in G minor – 1. Moderato
16. Piano Trio Hob. XV.1 in G minor – 2. Menuet
17. Piano Trio Hob. XV.1 in G minor – 3. Presto

Beaux Arts Trio

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The Beaux Arts Trio in an undated photo: violinist Isidore Cohen, pianist Menahem Pressler, and cellist Bernard Greenhouse.
The Beaux Arts Trio in an undated photo: violinist Isidore Cohen, pianist Menahem Pressler, and cellist Bernard Greenhouse.

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Quinta Sinfonia, in C Minor, op. 67, Música Incidental para Egmont, de Goethe, op. 84 – Szell, Concertgebow, Amsterdam, Wiener Philharmoniker

51iTebKzrcL._SS280Hoje eu acordei ansiando por Beethoven. E meio que me veio às mãos este CD de George Szell, mas nada é por acaso. Ainda mais quando se trata da Quinta Sinfonia. Claro que corri para colocar o CD para tocar, e nos primeiros acordes da própria Quinta Sinfonia pensei comigo mesmo: era isso mesmo que eu queria ouvir nesta manhã de feriado cristão, o Corpus Christi.
Enquanto esteve frente a Sinfônica de Cleveland, George Szell era constatemente convidado para reger as mais diversas orquestras. E neste Cd temos o grande maestro húngaro à frente de duas das principais destas orquestras européias: a do Concertgebow de Amsterdam e a Filarmônica de Viena.
Aliás, temos neste CD uma obra que poucas vezes apareceu por aqui na sua íntegra, na verdade creio que nunca  a trouxemos: a música que Beethoven fez para a peça de Goethe, Egmont.
Como não poderia deixar de ser, temos dois grandes registros fonográficos, realizados nos últimos anos de vida do maestro, nos anos 60.
Para se ouvir à exaustão., afinal de contas é Beethoven, ora bolas !!!

1- Beethoven Symphony No.5 in C minor, Op.67 – I. Allegro con brio
2 – Symphony No.5 in C minor, Op.67 – II. Andante con moto
3 – Beethoven Symphony No.5 in C minor, Op.67 – III. Allegro
4 – Beethoven Symphony No.5 in C minor, Op.67 – IV. Allegro

Concertgebouw Orchestra, Amsterdam
George Szell – Conductor

5 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – I. Overture
6 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – II. Lied. Vivace ‘Die Trommel geruhret’
7 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – III. Zwischenakt I. Andante
8 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – IV. Zwischenakt II. Larghetto
9 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – V. Lied. Andante con moto ‘Freudvoll und leidvoll’
10 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – VI. Zwischenakt III. Allegro – Marcia
11 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – VII. Zwischenakt IV. Poco sostenuto e risoluto
12 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – VIII. Clarchens Tod. Larghetto
13 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – IX. Melodrama. Poco sostenuto
14 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – X. Siegessymphonie. Allegro con brio

Pilar Lorengar – Soprano
Klaus-Jürgen Wussow – Narrator
Wiener Philharmoniker

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Szell com flores
George Szell carregando flores

Horowitz plays Chopin, Vol. 1 CD 3 de 3 – Horowitz

Horowitz Plays Chopin Vol. 1O legal destas séries históricas é podermos apreciar a evolução do artista. Horowitz é amado e odiado na mesma proporção, aqui mesmo no PQPBach ele tem defensores e detratores. Me incluo no meio do caminho, há coisas dele realmente fantásticas, outras evito. Lembro de te-lo conhecido por meio de um CD com Sonatas de Bethoven, e fiquei realmente encantado.

CD 3

01.  Scherzo No. 1, Op. 20 (recorded Feb 25,1953)
02.  Mazurka, Op. 59, No. 3 (recorded May 10, 1950)
03.  Mazurka, Op. 41, No. 1 (recorded May 11, 1949)
04.  Mazurka, Op. 50, No. 3 (Recorded Dec 30, 1949)
05.  Nocturne, Op. 9, No. 3 (recorded Feb 23, 1957)
06.  Nocturne, Op. 15, No. 1 (recorded Feb 23, 1957)
07.  Ballade No. 4, Op. 52 (recorded May 8, 1952)
08.  Mazurka, Op. 63, No. 2 (recorded Dec 30, 1949)
09.  Mazurka, Op. 63, No. 3 (recorded Dec 30, 1949)
10.  Waltz, Op. 34, No. 2 (recorded Sept 23, 1945)
11.  Nocturne, Op. 72, No. 1 (Rec Feb 25, 1953)
12.  Mazurka, Op. 7, No. 3 (recorded Dec 22, 1947)
13.  Polonaise-Fantaisie, Op. 61 (Recorded April 23, 1951)
14.  Scherzo No. 2, Op. 31 (recorded Feb 23, 1957)

Wladimir Horowitz – Piano

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horowitz_smiling
Retrato do Artista Quando Jovem. E o cara ainda era genro do Toscanini…

Horowitz plays Chopin, V. 1 – CD 2 de 3

Horowitz Plays Chopin Vol. 1Na pressa, sem tempo, trago hoje o segundo CD desta série histórica, que mostra todo o talento e versatilidade de um dos grandes pianistas do século XX.

01. Chopin – Sonata No. 2, Op. 35
02. Chopin – Sonata No. 2, Op. 35 cont
03. Chopin – Sonata No. 2, Op. 35 cont
04. Chopin – Sonata No. 2, Op. 35 cont. (recorded May 13, 1950)
05. Chopin – Nocturne,Op. 9 , No. 2 (recorded May 14, 1957)
06. Chopin – Nocturne, Op. 55, No. 1 (Recorded April 28, 1951)
07. Chopin – Impromptu No. 1, Op. 29 (Recorded Oct 11, 1951)
08. Chopin – Etude, Op. 10, No. 3 (recorded April 29, 1951)
09. Chopin – Etude, Op. 10, No. 4 (Recorded jan 5, 1952)
10. Chopin – Ballade No. 1, Op. 23 (recorded May 19, 1947)
11. Chopin – Mazurka, Op. 30, No. 4 (Recorded Dec 28, 1949)
12. Chopin – Scherzo No. 1, Op. 20 (recorded April 29, 1951)

Wladimir Horowitz – Piano

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.: interlúdio :. Keith Jarrett — No End (2013)

.: interlúdio :. Keith Jarrett — No End (2013)

Certamente, este No End concorre ao prêmio de CD de Jazz Mais Chato de Todos os Tempos ou, pelo menos, ao de Disco Mais Chato de Jarrett. Nele, em gravação de estúdio realizada em 1986, Keith Jarrett toca tudo — guitarra, baixo, percussão, tablas, o diabo — , até piano em alguns poucos momentos. O resultado é algo sem graça e indirecional: não sabe bem de onde ele saiu nem onde quer chegar com suas improvisações quase sem temas, só de climinhas pseudo-exóticos. Há momentos legais em meio à maior diluição, mas a coisa simplesmente não para em pé. Ouçam e me digam o que acharam.

Keith Jarrett — No End (2013)

Disc: 1
1. I
2. II
3. III
4. IV
5. V
6. VI
7. VII
8. VIII
9. IX
10. X

Disc: 2
1. XI
2. XII
3. XIII
4. XIV
5. XV
6. XVI
7. XVII
8. XVIII
9. XIX
10. XX

Keith Jarrett: electric guitars, fender bass, drums, tablas, percussion, voice, recorder, piano.

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Desculpe, Jarrett, mas este CD é muito ruim.
Desculpe, Jarrett, mas este CD é muito ruim.

PQP

Fumio Hayasaka (1918-1955): The Seven Samurai Original Film Soundtrack

Fumio Hayasaka (1918-1955): The Seven Samurai Original Film Soundtrack

Quando no ano de 1953 o célebre diretor Akira Kurosawa encomendou ao seu jovem amigo o compositor Fumio Hayasaka a trilha sonora para o seu filme Os Sete Samurais, o compositor, diante de tão honorável solicitação, correu para o piano e dedilhou um breve tema, anotando-o ligeiramente num fragmento de pentagrama. Insatisfeito, amassou o papel e o atirou à cesta de lixo. Cerrando os olhos por trás dos seus possantes óculos, respirou fundo e se pôs a conceber uma sucessão de temas, até formar uma considerável pilha de papéis de música. Satisfeito, convocou Kurosawa para exibir a sua criação. O compositor tocou para ele um tema após o outro. Kurosawa, cabisbaixo, abanava a cabeça recusando cada um deles. O compositor, vendo a pilha de temas se extinguir sem qualquer resultado positivo, desesperadamente acorreu à cesta de lixo, catou no fundo o fragmento que lá havia atirado e tocou o que lá anotara. O ‘Shogun do Cinema’ ergueu a fronte, arregalou os olhos nipônicos e apontando imperativamente, grunhiu: “É isto!”. Era o icônico tema dos Sete Samurais, que pode ser ouvido a princípio na faixa 2, ressurgindo com diferentes arranjos.

7 samuraisCertos filmes revisito quase que religiosamente. Filmes como Todas as Manhãs do Mundo e O Sétimo Selo; outro é Os Sete Samurais (1954). A saga dos heroicos ronins que se sacrificam na defesa de uma pobre aldeia de camponeses. Com marcantes atuações, especialmente de Toshiro Mifune, no papel do espalhafatoso, histriônico e destemido Kikuchiyo. O filme, repleto de grandes e antológicos momentos, como a soberba batalha final, mescla a teatralidade típica do cinema japonês (cujas raízes remontam ao teatro tradicional) com elementos do cinema ocidental, o que é bastante típico na obra de Kurosawa. Esta mescla de elementos também caracteriza a obra musical de Fumio Hayasaka.

13240134_758234320981563_587649711151027007_nHayasaka nasceu em Sendai, ilha de Honshu, em 1918. Em 1918 sua família mudou-se para Sapporo, ilha de Hokkaido. Em 1933, junto com o também compositor Akira Ifukube (autor das trilhas de Godzilla), organizou festivais de música. Hayasaka recebeu diversos prêmios por seus trabalhos de caráter erudito. Em 1939 mudou-se para Tokyo para se dedicar às trilhas sonoras. No início da década de 40 era conhecido como um grande compositor japonês de cinema. Em 1950 fundaria a Associação de Música de Cinema e seria também o mentor de famosos nomes como Masaru Sato e Toru Takemitsu. Dos filmes de Kurosawa para os quais trabalhou, Rashomon (1950) teve especial significado. Foi premiado com o Leão de ouro de Veneza e foi o primeiro filme japonês a ser amplamente visto no ocidente. Para esta película, Hayasaka compôs algo inspirado no Bolero de Ravel. Em seus últimos anos, em plena atividade, trabalhou também para premiados títulos de Kenji Mizoguchi. Os Sete Samurais foi a maior produção cinematográfica em seu tempo no Japão e, dos filmes para os quais Hayasaka compôs, foi o que mais o notabilizou para a posteridade. Sobre sua relação para com a música em seus filmes e sobre o trabalho de Hayasaka, disse Kurosawa: “Eu mudei meu pensamento sobre o acompanhamento musical a partir do momento que Fumio Hayasaka começou a trabalhar comigo como compositor nas trilhas sonoras dos meus filmes. A música de cinema na época não era nada mais do que um acompanhamento – para uma cena triste, havia sempre música triste. Esta é a maneira que maioria das pessoas usam a música, e é ineficaz. Mas a partir do filme Drunken Angel em diante, eu usei música leve para algumas cenas tristes, e minha maneira de usar a música diferiu da norma; eu não a ponho da maneira que a maioria das pessoas fazem. Trabalhando com Hayasaka, comecei a pensar em termos de o contraponto de som e imagem, em oposição à união de som e imagem”.

7 sam 2 Infelizmente sua amizade com Kurosawa não foi mais duradoura devido a sua morte prematura em 1955, aos 41 anos, vitimado pela tuberculose. Sua morte afetou profundamente o diretor, lançando-o em um dos seus períodos de depressão, que mais tarde o levariam a tentativas de suicídio.  Ainda Kurosawa: “Ele era um bom homem. Nós trabalhamos tão bem juntos porque a nossa própria fraqueza era a força do outro. Era como se ele, com seus óculos, fosse cego; e como se eu fosse surdo. Nós estivemos juntos dez anos e depois ele morreu. Não foi só a minha perda. Foi uma perda da música também. Você não encontra uma pessoa como essa duas vezes em sua vida.”

7 sam 3 A qualidade sonora poderá desagradar a muitos, talvez a própria trilha também, por diversas razões. Talvez algumas trilhas que nos agradam estejam indissociavelmente ligadas ao nosso afeto pelos filmes e não sobreviveriam ao nosso gosto se deles estivessem dissociadas. Particularmente falando gosto muito de toda a trilha, especialmente da primeira faixa, de abertura do filme. Uma rústica peça para percussões tradicionais japonesas. Impressionante e ao meu ver – e ouvir – perfeita para o espetáculo que irá se desenrolar. Outra faixa genial é a 27 (Tryst). Um minuto e três segundos de pura beleza, uma peça para Koto e flauta que sem dúvida deixaria Debussy encantado. Gostaria de dedicar esta postagem à Sra. Taeko Kawamura, amante da música e amiga de facebook que há meses se ausentou de nossas páginas sem quaisquer notícias.

Fumio Hayasaka (1918-1955): The Seven Samurai Original Film Soundtrack

  • The seven samurai main title
  • To the little watermill
  • Samurai search
  • Kambei, Katsushiro, Kikuchiyo’s mambo
  • Rikichi’s tears white rice
  • Two search for samurai
  • Six samurai
  • Extraordinary man
  • Morning departure
  • Wild warrior’s coming
  • Seven man completed
  • Katsushiro & Shino
  • Katsushiro come back
  • In the forest of the water god
  • Wheat field
  • Interlude
  • Harvesting
  • Rikichi’s trouble
  • Heihachi & Rikichi
  • Farm village scenery
  • Weak insects into samurai ways
  • Foreboding of bandits
  • Flag from the seven samurai
  • Sudden confrontation
  • Magnificent samurai
  • Kikuchiyo’s rises to the occasion
  • Tryst
  • Manzo & Shino
  • Rice planting song
  • Seven samurai ending

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Legenda?
Los Harakiris, total sucesso nas paradas do Japão feudal

Wellbach

Horowitz plays Chopin, Vol. 1 – CD 1 de 3

Horowitz Plays Chopin Vol. 1Problemas alheios a minha vontade, ligados a questão de saúde, me tem deixado afastado do blog, e infelizmente assim será por um tempo.
Para cobrir estas minhas ausências, na medida do possível, tenho procurado agendar postagens, como vai ser o caso desta sequência de CDs de Wladimir Horowitz, para o desespero do colega PQPBach, e alegria de nosso querido e sumido Vassily Genrikhovich.
Estes três primeiros CDs então são exclusivamente dedicados a Chopin.
Como se trata de uma retrospectiva da carreira de Horowitz, algumas destas gravações são ainda da década de 50 e até mesmo de 40. Espero que apreciem.

CD 1
01. Chopin – Polonaise-Fantaisie in A-flat, Op. 61
02. Chopin – Ballade No. 1 in G minor, Op. 23 (Recorded May 22, 1982)
03. Chopin – Barcarolle, Op. 60
04. Chopin – Etude in C-sharp minor, Op. 25, No. 7
05. Chopin – Etude in G-flat, Op. 10, No. 5 (Black Keys) (recorded 1979-80, in concert)
06. Chopin – Ballade No. 4 in F minor, Op. 52
07. Chopin – Waltz in A-flat, Op.69, No. 1 (recorded Nov 1, 1981, in concert at the Metrop
08. Chopin – Andante spianato in E-flat, Op.22
09. Chopin – Grande Polonaise in E-flat, Op. 22 (recorded Oct 6, 1945, in NYC)

CD1 BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Piano Concertos n° 22, 23 e Concerto Rondo for Piano & Orchestra, K. 386 – Haebler, Davis

mozartcompletepianoconcertosingridhaeblerphilips10cdsVou trazer hoje mais alguns concertos de Mozart com uma de suas principais intérpretes, a austríaca Ingrid Haebler. Em minha modesta opinião, poucos pianistas conseguiram capturar a essência mozartiana como Haebler. Ela tem aquele algo a mais que a diferencia dos outros. Ouçam com calma e tranquilidade. Sentem em suas melhores poltronas, abram uma boa garrafa de vinho e apreciem. Volto a repetir, é Mozart em sua essência.

01. Piano Concerto No. 22 in E flat major, KV 482 – I. Allegro
02. Piano Concerto No. 22 in E flat major, KV 482 – II. Andante
03. Piano Concerto No. 22 in E flat major, KV 482 – III. Allegro

London Symphony Orchestra
Witold Rowicki – Conductor

04. Piano Concerto No. 23 in A major, KV 488 – I. Allegro
05. Piano Concerto No. 23 in A major, KV 488 – II. Adagio
06. Piano Concerto No. 23 in A major, KV 488 – III. Allegro assai

London Symphony Orchestra
Colin Davis – Conductor

07. Concerto Rondo for Piano and Orchestra in A major, KV 386

Ingrid Haebler
London Symphony Orchestra
Alceo Galliera – Conductor

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Johannes Brahms (1833-1897): Piano Trios 1 & 3

Johannes Brahms (1833-1897): Piano Trios 1 & 3

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este Trio Nº 1, Op. 8, é uma comprovação de que Brahms nasceu pronto. É obra de um jovem compositor maduro. É um repertório incontornável do período romântico. Você tem que conhecer. Simples assim.

Como se não bastasse o trocadilho infame que o nome Brahms sugere a nós, brasileiros, ele era filho de um contrabaixista de Hamburgo que tocava em cervejarias… E, a partir dos dez anos de idade, o pequeno Johannes passou a trabalhar como pianista com seu pai, nas tabernas. Não sabemos se estas atividades foram nocivas à saúde do menino, sabemos apenas que ele, mais tarde, fez bom uso de seu conhecimento sobre o repertório popular alemão. Brahms teve apenas dois professores, ambos durante a infância e adolescência. Ainda muito jovem, ficou pronto para compor após estudar Bach, Mozart e Beethoven.

Começou a compor cedo e, antes de completar 20 anos, seu Scherzo opus 4 já tinha entusiasmado e revelado afinidades com Schumann, a quem Brahms ainda desconhecia. Foi visitar Schumann e então os fatos são mais conhecidos: primeiro, Schumann escreve em seu diário “Visita de Brahms, um gênio!”, depois publica artigo altamente elogioso ao compositor, fazendo com que o jovem Brahms tivesse a melhor publicidade que um artista pudesse desejar. Schumann o considerava um filho espiritual e a esposa de Schumann, Clara, chamava-o de seu “deus loiro”. Muitas hipóteses são possíveis sobre a relação entre Clara e Brahms, mas só uma coisa é certa: eles destruíram a maior parte das cartas que dizia respeito a ela. Porém, a versão de que houve um forte componente amoroso na relação entre os dois dá margem a muitas conjeturas e ficções.

A música de câmara de Brahms é um verdadeiro tratado sobre a humanidade. Foi um compositor originalíssimo. Suas obras representam uma tentativa única de fusão entre a expressividade romântica e as preocupações formais clássicas. O resultado é uma música de grande densidade e intensidade. Foi, em sua época, adotado pelos conservadores. Ele colaborou bastante com esta adoção ao assinar um manifesto contra a chamada escola neo-alemã de Liszt e Wagner. Porém… teve tal imerecido estigma quebrado pelo famoso ensaio de Schoenberg: “Brahms, o Progressista”.

Johannes Brahms (1833-1897): Piano Trios 1 & 3

Piano Trio No.1 in B major, Op.8
01. I. Allegro
02. II. Scherzo- Allegro molto
03. III. Adagio
04. IV. Allegro

Piano Trio No.3 in C minor, Op.101
05. I. Allegro energico
06. II. Presto non assai
07. III. Andante grazioso
08. IV. Allegro molto

Gutman Trio
Sviatoslav Moroz, violino
Natalia Gutman, cello
Dmitri Vinnik, piano

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O Trio Gutman
O Trio Gutman

PQP

George Enescu (1881-1955): Poema Romeno, Op. 1 e Rapsódias Romenas Nº 1 e 2, Op. 11

George Enescu (1881-1955): Poema Romeno, Op. 1 e Rapsódias Romenas Nº 1 e 2, Op. 11

IM-PER-DÍ-VEL !!!

O compositor romeno George Enescu não é tão conhecido em nosso país. Não é fácil encontrar material sobre este grande compositor do leste europeu. Lembro-me que os primeiros contatos que tive com o compositor se deu há alguns anos atrás num programa de rádio que é transmitido aqui em Brasília e se chama Clássicos de Todos os Tempos. É um extraordinário programa diário. Duas horas de música erudita – das 20 horas às 22 horas. Neste programa entrei em contato com as rapsódias romenas, que são majestosas. É música folclórica. Enescu nasceu em 1881 e morreu em 1955. Aos quatro anos já tocava violino. Com 12 anos era uma sensação nas salas de concerto da Europa. Estreou como compositor ao 17 anos (Poema Romeno, Op. 1). As suas famosas rapsódias romenas foram escritas em 1901-02. Com a extensão do seu trabalho, Enescu chegou a se tornar o diretor de orquestras americanas – Nova York e Filadélfia. No que tange às composições deste CD que ora posto, já tive oportunidade de ouvir por várias vezes durante a semana. O Poema Romeno para orquestra e coro, Op. 1 é maravilhoso e demonstra toda a precocidade de um gênio. Há a participação de um coro. Já a Rapsódia Romena no. 1 é a mais conhecida e de melodia doce e agradável. E aparece ainda a Rapsódia Romena no. 2 de fulgurante leveza orquestral. É de uma beleza silenciosa. Faz lembrar Sibelius. Acredito que este CD impressione. É uma oportunidade positiva para se conhecer George Enescu que há muito deveria ter aparecido aqui no PQP Bach. Boa apreciação!

George Enescu (1881-1955) – Poema Romeno, Op. 1 e Rapsódias Romenas nos. 1 e 2, op. 11 no. 1 e 2

01 – Romanian Poem Op.1 – Moderato – Adagio – Allegro vivo – Adagio – Moderato – Presto [30:06]
02 – Romanian Rhapsody No.1 in A major Op.11 No.1 [12:22]
03 – Romanian Rhapsody No.2 in D major Op.11 No.2 [11:48]

Coro e Orquestra da Rádio e Televisão Romena
Iosif Conta, regente

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Enescu: mais um nascido em 19 de agosto
Enescu: mais um nascido em 19 de agosto

Carlinus

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Piano Concertos – Haebler

mozartcompletepianoconcertosingridhaeblerphilips10cdsTive a rara oportunidade de apreciar o talento de Ingrid Haebler ao vivo, no Teatro Municipal de São Paulo, no inicio dos anos 90. E fiquei encantado, como não poderia deixar de ser. A pianista austríaca interpretou creio que o Concerto de nº 18, acompanhada pela Orquestra do Teatro Municipal, e foi longamente ovacionada. Já a conhecia por causa de alguns LPs em que interpretava estes mesmos concertos. E foi a primeira vez que tive a oportunidade de ouvir Mozart interpretado por uma austríaca da gema, e na época ainda considerada uma das principais intérpretes do gênio de Salzburgo.
Vou postar alguns dos meus concertos favoritos, e começo pelo magnífico Concerto de nº 17, seguidos pelos de nº 18, 19 e 20 e 21. Sei que os senhores irão apreciar.

P.S. Peço ajuda a quem já possua essas gravações para identificar as orquestras, principalmente no Concerto de nº 17.

01. Piano Concerto No. 17 in G major, KV 453 – I. Allegro
02. Piano Concerto No. 17 in G major, KV 453 – II. Andante
03. Piano Concerto No. 17 in G major, KV 453 – III. Allegretto
04. Piano Concerto No. 18 in B flat major, KV 456 – I. Allegro vivace
05. Piano Concerto No. 18 in B flat major, KV 456 – II. Andante un poco sostenuto
06. Piano Concerto No. 18 in B flat major, KV 456 – III. Allegro vivace
07. Piano Concerto No. 19 in F major, KV 459 – I. Allegro vivace

01. Piano Concerto No. 19 in F major, KV 459 – II. Allegretto
02. Piano Concerto No. 19 in F major, KV 459 – III. Allegro assai
03. Piano Concerto No. 20 in D minor, KV 466 – I. Allegro
04. Piano Concerto No. 20 in D minor, KV 466 – II. Romance
05. Piano Concerto No. 20 in D minor, KV 466 – III. Rondo
06. Piano Concerto No. 21 in C major, KV 467 – I. Allegro
07. Piano Concerto No. 21 in C major, KV 467 – II. Andante
08. Piano Concerto No. 21 in C major, KV 467 – III. Allegro vivace assai

Ingrid Haebler – Piano
London Symphony Orchestra (21)
Vienna Symphony Orchestra (19,20)
Witold Rowicki – Conductor (21)
Karl Melles – Conductor (18,19,20)

CD 1 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

CD 2 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

 

Gustav Mahler (1860-1911): Adagio da Sinfonia Nº 10 / Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 14

Gustav Mahler (1860-1911): Adagio da Sinfonia Nº 10 / Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 14

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Sim, a versão apresentada neste disco para o adágio da 10ª Sinfonia — Mahler completou apenas este movimento da 10ª que permaneceu incompleta, apesar das atuais “reconstruções” — é uma redução para cordas escrita por Hans Stadlmair. É inferior ao original mahleriano, mas é muito bonita. Porém, a Sinfonia Nº 14 de Shostakovich está com sua instrumentação completa. Não têm razão os críticos que atacam Kremer por ele ter gravado duas reduções. Fico pasmo com isso: pessoas que se apresentam como críticos de música ignoram que a Sinfonia Nº 14 SEJA uma sinfonia de câmara.

Este CD é uma iguaria. A redução do tristíssimo Adágio de Mahler combinou perfeitamente com a 14ª de Shosta. A KREMERara Baltica (fundada em 1997) comemorou seu décimo aniversário lançando este CD onde interpreta o adágio da inacabada décima de Mahler com grande sensibilidade, assim como 14ª Sinfonia de Shostakovich – ambos são trabalhos escritos tendo por horizonte a proximidade da morte. Shosta, aliás, fez sua sinfonia sobre poemas a respeito da morte. Estão presentes, por exemplo, García Lorca, Apollinaire e Rilke. Ambas são composições plenas de dor e desespero.

Sobre a 14ª de Shostakovich, eu já tinha escrito neste blog:

Sinfonia Nº 14, Op. 135 (1969)

A Sinfonia Nº 14 – espécie de ciclo de canções – foi dedicada a Britten, que a estreou em 1970 na Inglaterra. É a menos casual das dedicatórias. Seu formato e sonoridade é semelhante à Serenata para Tenor, Trompa e Cordas, Op. 31, e à Les Illuminations para tenor e orquestra de cordas, Op. 18, ambas do compositor inglês. Os dois eram amigos pessoais; conheceram-se em Londres em 1960, e Britten, depois disto, fez várias visitas à URSS. Se o formato musical vem de Britten, o espírito da música é inteiramente de Shostakovich, que se utiliza de poemas de Lorca, Brentano, Apollinaire, Küchelbecker e Rilke, sempre sobre o mesmo assunto: a morte.

O ciclo, escrito para soprano, baixo, percussão e cordas, não deixa a margem à consolação, é música de tristeza sem esperança. Cada canção tem personalidade própria, indo do sombrio e elegíaco em A la Santé, An Delvig e A Morte do Poeta, ao macabro na sensacional Malagueña, ao amargo em Les Attentives, ao grotesco em Réponse des Cosaques Zaporogues e à evocação dramática de Loreley. Não há música mais direta e que trabalhe tanto para a poesia, chegando, por vezes, a casar-se com ela sílaba por sílaba para tornar-se mais expressiva. Há uma versão da sinfonia no idioma original de cada poema, mas sempre a ouvi em russo. Então, já que não entendo esta língua, tenho que ouvi-la ao mesmo tempo em que leio uma tradução dos poemas. Posso dizer que a sinfonia torna-se apenas triste se estiver desacompanhada da compreensão dos poemas – pecado que cometi por anos! Ela perde sentido se não temos consciência de seu conteúdo autenticamente fúnebre. Além do mais, os poemas são notáveis.

Possui indiscutíveis seus méritos musicais mas o que importa é sua extrema sinceridade. Me entusiasmam especialmente a Malagueña, feita sobre poema de Lorca e a estranha Conclusão (Schluss-Stück) de Rilke, que é brevíssima, sardônica e — puxa vida — muito, mas muito final.

Gustav Mahler (1860-1911)

1 Symphony No. 10 – Adagio (1910) adapted for strings by Hans Stadlmair and Kremerata Baltica

Dmitri Shostakovich (1906-1975)

Symphony No. 14 op. 135 (1969) for soprano, bass and chamber orchestra
Dedicated to Benjamin Britten

2 De profundis
3 Malagueña
4 Loreley
5 The Suicide
6 On the Alert
7 Look, Madame
8 At the Santé Jail
9 The Zaporozhian Cossacks’ Reply to the Sultan of Constantinople
10 O Delvig, Delvig!
11 The Death of the Poet
12 Conclusion

Yulia Korpacheva soprano
Fedor Kuznetsov bass
The Kremerata Baltica
Gidon Kremer

Recorded 2001 and 2004
ECM New Series 2024

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Gidon Kremers e sua Kremerata Baltica
Gidon Kremer e sua Kremerata Baltica

PQP

Wojciech Kilar (1932-2013): Bram Stoker’s Dracula: Original Motion Picture Soundtrack

Wojciech Kilar (1932-2013): Bram Stoker’s Dracula: Original Motion Picture Soundtrack

Gostaria de saber quem teria sugerido a Francis Ford Coppola o compositor para a sua bela versão da obra de Brahm Stoker, Drácula, de 1992. Quando vi o filme no cinema a trilha me marcou como toda boa trilha o faz conosco: como um personagem que é parte indissociável da película. Procurei saber do autor e encontrei o impronunciável prenome de ‘Wojciech’ Kilar. Curiosíssimo. Na época não havia internet e nunca ouvira qualquer comentário sobre este compositor, cuja figura singularíssima lembra ligeiramente o próprio Nosferatu de Murnau e cuja cabeleira diáfana e original talvez tenha inspirado a coisa mais esquisita do filme de Coppola: o penteado do protagonista em suas primeiras aparições em cena.

344qp03É tentador fazer comentários de natureza cinematográfica e mil piadas envolvendo Bela Lugosi, Christopher Lee, Ed Wood e até Chico Anísio com o seu impagável Bento Carneiro – ‘o vampiro brasileiro’, mas estamos aqui para falar da música. O Sr. Kilar foi um formidável compositor e ao que parece, desde a sua trilha para o filme de Coppola, veio sendo cada vez mais requisitado pelo cinema e correspondendo com seu ressaltado talento, como inspiradíssimo melodista e exímio orquestrador. Temos nesta trilha as provas disso. Seu domínio da paleta orquestral é soberano, digno herdeiro de Berlioz, Korsakov, Mussorgsky, Richard Strauss, Ravel… e após ouvi-lo em certas faixas como “Love Remembered” (número7) a sua catadura meio vampiresca se metamorfoseia aparecendo um afável compositor e maestro que gosta de gatos; além disso o Sr. Kilar possui enfim a pedra filosofal necessária a todo artista: uma imaginação maravilhosa.

Kilar 2Wojciech Kilar nasceu em 1932 em Lviv (também difícil de se pronunciar) – desde 1945 parte da Ucrânia. Seu pai era médico e sua mãe atriz. Passou a maior parte da vida em Katowice, Polônia; foi casado com uma pianista, Barbara Pomianowska. Kilar estudou nas melhores academias de música da Polônia, incluindo a escola do estado de Katowice, com a compositora e pianista Wladislawa Markiewiczówna (cruzes e alhos!), dentre outros grandes nomes da música erudita na Polônia em seu tempo; indo enfim aperfeiçoar a sua arte em Paris, sob a orientação da matriarca de inúmeros compositores do século XX, Nádia Boulanger. Kilar pertenceu, junto a nomes como Henryk Gorecki e Penderecki, ao movimento polonês de música avant-garde na década de 60. Exercendo por muitos anos a presidência da Associação de Compositores Poloneses. Sua associação com o cinema vem de muito antes do seu trabalho para Coppola, desde 1959, trabalhando para aclamados nomes como Andrzej Wajda e Krzystof Kieslowsky. Trabalhou para mais de uma centena de filmes em seu país, sendo o Drácula de Coppola seu primeiro trabalho para um filme de idioma inglês. Desde então, trabalhou para Roman Polansky em três filmes: Death and the Maiden (1994), The Night Gate (1999) e The Pianist (2002); mais Portrait of a Lady, de James Campion. A trilha do trailer de ‘Lista de Schindler’, é o seu Exodus. Paralelamente a essa produção, continuou a compor obras em diversos gêneros chamados eruditos, vocais, instrumentais e mistos; tendo por marcantes características em sua música um tocante melodismo, uma típica combinação dos timbres graves nos violoncelos e contrabaixos; mais elementos minimalistas associados às progressões harmônicas.

Kilar DraculaFazer música assustadora para as cenas de arrepiar não é tão difícil. Mesmo um amador, com certa atitude e um pouco de imaginação, percutindo um piano, por exemplo, pode conseguir certos resultados mais ou menos utilizáveis numa película de José Mojica Marins – nosso Zé do Caixão, Coffin Joe para os aficionados norte-americanos. O problema é ir além disso, trabalhar com sutilezas, pintar em sons certas atmosferas requeridas por um filme de qualidade. Isso o Sr. Kilar faz com perfeição – conhece os efeitos orquestrais como a palma da mão; nem é preciso entrar em detalhes sobre sua habilidade em desenvolver motivos rítmicos e melódicos – aprendeu bem com Beethoven e com Brahms. Uma das faixas mais belas e impressionantes é a de número 5, “Brides”, para a cena na qual – o avisado porém curioso – Jonathan Harker (Keanu Reeves) é seduzido e ‘mordiscado’ pelas três beldades vampiras noivas de Vlad. O portentoso, belo e inesquecível tema, a certa altura, ressurge em modulações inesperadas; desestabilizando o centro tonal, em verdadeiras ‘aparições’ sonoras. A faixa 4, “Lucy’s Party”, é composta com ‘ares amenos’ para uma cena menos terrificante e com toques cômicos. Contudo, logo o compositor descerra seus frasquinhos de sutis efeitos e os compassos aparentemente inocentes se veem invadidos por sombras que rondam, se insinuam, como um velho e exótico perfume que se imiscui por alguma janela. Instaurando uma atmosfera sombria, insana e ameaçadora. Na imagem acima, um autógrafo do compositor com a célula motívico-melódica principal da trilha sonora. Costumo pensar que a música chamada erudita do século XX encontrou generoso refúgio no cinema, basta pensar em nomes de gênios como Miklos Rozsa, Ennio Morricone, John Williams e tantos outros.

DraculaO compositor divide a trilha do Drácula de Coppola com a cancioneira e intérprete escocesa Annie Lennox (“Love Song for a Vampire”, faixa 16). Sendo um filme dos anos 90, mesmo com toda austeridade do personagem e romance ‘gótico’ do enredo, a produção não poderia deixar de exigir uma cantilena para tocar nas rádios e vender melhor o produto. Ora, não é das piores, não faria feio em nenhum comercial do Dia dos Namorados na Transilvânia. Na verdade, a canção ficou restrita aos créditos do filme e quem como eu tinha a mania de sair da sala de cinema por último, após a derradeira linha dos créditos, teve a oportunidade de ouvi-la na época (mania que adquiri após o filme O Enigma da Pirâmide, não vou revelar a razão mas deixo uma pista: Moriarty!). Sobre a dúvida com a qual abri o texto, possivelmente quem teria indicado Kilar para Coppola poderia ter sido seu tio maestro e compositor, Anton Coppola, que rege esta trilha sonora; à frente de uma orquestra que não está creditada neste disco.

dracula tom waitsNão poderia concluir sem falar do personagem que rouba a cena (ou todo filme) e que tem tudo a ver com música: Tom Waits no papel de Mr. Renfield – o servo do Conde, enclausurado no hospício do Dr. Seward, se deliciando com substancial dieta de insetos. Pena que não encarregaram Mr. Waits da canção romântica no lugar de Miss Lennox – mas assim talvez ficasse por demais ‘cult’ para os propósitos pecuniários da produção.

O Senhor Kilar se foi em 2013, porém faço votos que tenha sido mordido por uma das noivas de Vlad e que continue pelas noites a tecer a sua genial e bonita música, pelos séculos sem fim.

Wojciech Kilar (1932-2013): Bram Stoker’s Dracula: Original Motion Picture Soundtrack

1 Dracula – The Beginning
2 Vampire Hunters
3 Mina’s Photo
4 Lucy’s Party
5 The Brides
6 The Storm
7 Love Remembered
8 The Hunt Builds
9 The Hunters Prelude
10 The Green Mist
11 Mina & Dracula
12 The Ring of Fire
13 Love Eternal
14 Ascension
15 End Credits
16 Love Song for A vampire – Vocals, Written by Annie Lennox.

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Kilar só tem o nome de loja de eletrodomésticos
Kilar só tem o nome de loja de eletrodomésticos

Wellbach

.: interlúdio :. Carla Bley & Her Remarkable Big Band – Appearing Nightly (2006)

.: interlúdio :. Carla Bley & Her Remarkable Big Band – Appearing Nightly (2006)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

80 anos de Carla Bley !!!

O jazz atacou severamente aqui em casa ontem à noite. Enquanto os céus caíam sobre Porto Alegre, deixando desabrigados no interior, nós — um grupo de umas dez pessoas aqui em casa — discutíamos se havia ou não uma flauta e um órgão na Big Band de Carla Bley. Havia ambos, prova de que eu estava bêbado mas permanecia com os ouvidos em pleno funcionamento, ao contrario da maioria. Quando ficamos com a eletricidade em apenas uma fase, tivemos a sorte de que o aparelho de som permaneceu funcionando, assim como os vinhos.

E aqui está o registro principal da noite, o mais explorado, o Appearing Nightly da maravilhosa compositora, arranjadora e pianista Carla Bley.

Divirtam-se.

.: interlúdio :. Carla Bley & Her Remarkable Big Band – Appearing Nightly (2006)

1 Greasy Gravy
2 Awful Coffee
3 Appearing Nightly At The Black Orchid
4 Someone To Watch
5 I Hadn’t Anyone ‘Till You

Lew Soloff, Earl Gardner – trumpet
Steve Swallow – upright bass
Billy Drummond – drums
Christophe Panzani – tenor saxophone
Carla Bley – piano
Andy Sheppard – tenor saxophone
Gary Valente – trombone
Karen Mantler – organ
Julian Arguelles -baritone saxophone
Wolfgang Pusching – flute, alto saxophone
Richard Henry trombone
Beppe Calamosca – trombone
Florian Esch – trumpet
Gigi Grata – trombone
Roger Jannotta – flute, soprano saxophone, alto saxophone

Recorded August 2006

ECM

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Carla Bley e sua Big Band mandando bala
Carla Bley e sua Big Band mandando bala. O rapaz ali é um de seus pupilos, Charlie Haden

PQP

.: interlúdio :. Bela Fleck & Edgar Meyer – Music for Two

albumcover 1No final do ano passado nosso sumido colega Vassily Grienrikovich trouxe um outro cd deste genial músico chamado Béla Fleck com este outro excepcional músico chamado Edgar Meyer. Resolvi então fuçar meu acervo até encontrar e trazer outro grande cd com esta mesma dupla, mostrando o que o Banjo e o Contrabaixo podem fazer juntos. Detalhe: esta gravação é ao vivo. Usando uma velha gíria posso afirmar categoricamente que os dois pintam e bordam, explorando todas as possibilidades dos instrumentos. Detalhe: além de contrabaixista, Edgar Meyer é um ótimo pianista, e por este mesmo motivo as possibilidades triplicam.
Discaço … ideal para aqueles que querem descobrir novas sonoridades.

01 – Bug Tussle (Bela Fleck)
02 – Invention No. 10 BWV 796 (J.S.Bach)
03 – Pile-up (Fleck, Meyer)
04 – Prelude No. 24 BWV 869 From The Well-Tempered Clavier, Book I (J.S.Bach)
05 – Solar (Miles Davis)
06 – Blue Spruce (Fleck)
07 – Canon (Meyer)
08 – The One I Left Behind (Fleck)
09 – Menuett I-II From Partia No.1  BWV 825 (J.S.Bach)
10 – Prelude No.2 BWV 847 From The Well-Tempered Clavier, Book I (J.S.Bach)
11 – Palmyra (Fleck, Meyer)
12 – The Lake Effect (Fleck)
13 – Largo From Sonata (Henry Eccles)
14 – Allegro Vivace From Sonata (Henry Eccles)
15 – Wrong Number (Fleck, Meyer)
16 – Woolly Mammoth (Fleck, Meyer)
17 – Wishful Thinking (Meyer)

Béla Fleck – Guitar, Banjo
Edgar Meyer – Double Bass, Piano

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Johannes Brahms (1833-1897) – Concerto para Violino in D, op. 77 – Szeryng, Monteux, LSO

71g-Rr+A3yL._SX522_Provavelmente o Concerto para Violino de Brahms seja o meu concerto favorito para violino. Como sou um colecionador compulsivo de CDs, não sei dizer, talvez um dia conte, o número de versões que possuo.

Em minha modesta opinião este CD que ora vos trago é mais um daqueles casos em que o céus conspiraram para que tudo desse certo. O maestro Pierre Monteux se reuniu com o grande violinista Henrik Szeryng é produziram um dos grandes momentos da indústria fonográfica, para o nosso deleite. Excepcionais músicos reunidos, tocando um dos maiores concertos para violino já compostos.
Espero que apreciem.

Johannes Brahms (1833-1897) – Concerto para Violino in D, op. 77 – Szeryng, Monteux, LSO

01. Brahms – Violin Concerto in D, Op.77 I. Allegro non troppo [Cadenza Joseph Joachim]
02. Brahms – Violin Concerto in D, Op.77 II. Adagio
03. Brahms – Violin Concerto in D, Op.77 III. Allegro giocoso, ma non troppo vivace

Henrik Szeryng – VIolin
London Symphony Orchestra
Pierre Monteux — Conductor

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Johann Philipp Krieger (1649-1725): Trio Sonatas

Johann Philipp Krieger (1649-1725): Trio Sonatas

Sempre me pergunto que tamanho terá o barroco. Pois ele parece não acabar nunca. Além dos mais votados, compositores inéditos vão sendo desencavados e raramente são desprezíveis. Este alemão de Nuremberg, Johann Philipp Krieger, é ótimo! Ele surfa nos estilos alemão, italiano e francês como eu mastigo chiclete. O grupo de músicos é esplêndido com destaque para a particularmente maravilhosa viola da gamba e para um cravo muito brilhante. O time merece ser citado: Margaret MacDuffie e Matthias Fischer (violinos), Matthias Müller (viola da gamba), Hubert Hoffmann (archlute) e Helene Lerch (cravo e órgão). Música inventiva, expressiva e um pouco fora das principais vertentes determinadas por gênios como Schütz, Buxtehude, Heinichen, Bach, Handel e Telemann. Imaginem que Krieger escreveu 2000 cantatas…

Johann Philipp Krieger (1649-1725): Trio Sonatas

1 Sonata No. 1 for 2 Violins in D Minor 5:55
2 Sonata No. 2 for 2 Violins in E Minor 5:33
3 Sonata No. 3 for 2 Violins in F Major 5:59
4 Sonata No. 4 for 2 Violins in G Major 6:10
5 Sonata No. 5 for 2 Violins in A Minor 5:37
6 Sonata No. 6 for 2 Violins in B-Flat Major 4:28
7 Sonata No. 7 for 2 Violins in B Minor 6:11
8 Sonata No. 8 for 2 Violins in C Major 5:31
9 Sonata No. 9 for 2 Violins in G Minor 5:13
10 Sonata No. 10 for 2 Violins in D Major 5:20
11 Sonata No. 11 for 2 Violins in A Major 5:17
12 Sonata No. 12 for 2 Violins in C Minor 6:20

Parnassi musici
Bavarian Chamber Orchestra
Bad Brückenau

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Lição de música, pintura de Frederick Leighton. Não há imagens de JP Krieger.
Lição de música, pintura de Frederick Leighton. Não há imagens confiáveis de JP Krieger.

PQP

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Violin Concerto in D – Heifetz, Munch, BSO

518XlMKPXILEste com certeza é um daqueles CDs que eu separaria para levar para uma ilha deserta. Celebrada por muita gente como a melhor gravação do imortal concerto de Beethoven, ele realmente tem aquele algo a mais que distingue os grandes artistas. Detalhe: essa gravação foi realizada nos anos cinquenta, ou seja, tem mais de sessenta anos, e em minha modesta opinião, foi superada, ou igualada, como queiram, apenas pela de David Oistrakh, realizada mais ou menos na mesma época, pela EMI. Briga de grandes gravadoras, a norte americana RCA Victor, de um lado, e a inglesa EMI do outro. Briga de cachorro grande.
A nossa sorte é que passados sessenta e poucos anos, a tecnologia nos permite ter acesso a estas verdadeiras jóias da indústria fonográfica.
Então vamos ao que viemos.

01 – Concerto for Violin and Orchestra in D Major, Op. 61; I. Allegro, Ma Non Troppo
02 – Concerto for Violin and Orchestra in D Major, Op. 61; II. Larghetto
03 – Concerto for Violin and Orchestra in D Major, Op. 61; III. Rondo; Allegro

Jascha Heifetz – Violin
Boston Symphony Orchestra
Charles Munch – Conductor

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FDP Bach (restaurado por Vassily em 3/2/2022)

Anton Bruckner: Sinfonias nº 4, 5 e 6 – Klemperer, Philharmonia Orchestra

Anton Bruckner: Sinfonias nº 4, 5 e 6 – Klemperer, Philharmonia Orchestra

717KtN9FjQL._SX522_Quando morava em São Paulo, no começo dos anos 90, começava o advento dos CDs. Lembro de ter comprado meu primeiro aparelho usado, sem garantia, e ele estragou logo na primeira ou segunda semana, o que muito me frustou. Ainda não conseguia comprar um aparelho novo, os tempos eram difíceis, de vacas magras.

Mas, apesar de nunca ter dinheiro suficiente, sempre frequentava as lojas de discos, e em uma delas sempre via exposta uma caixa da EMI, que trazia as sinfonias de Bruckner com o Otto Klemperer. Não lembro se foi a primeira vez que vi o nome deste regente, só sei que aquilo se tornou um objeto de desejo. Passava constantemente por aquela loja, localizada nos fundos do Teatro Municipal. Não era a famosa Breno Rossi, que tinha uma loja logo ao lado do Teatro, e que eu também frequentava. Bem, nunca consegui comprar aquela bendita caixa.

Passaram-se os anos até que tive acesso àquela caixa, só que com sinfonias a partir da quarta. E é com ela que começo a postar essa série consagrada, com um dos maiores especialistas em Bruckner de todos os tempos.

Espero que apreciem. Eu gosto, e muito dessas gravações.

1. Symphonie Nr.4
I. Bewegt, nicht zu schnell
2. II. Andante quasi allegretto
3. III. Scherzo Bewegt – Trio Nicht zu schnell
4. IV. Finale Bewegt, doch nicht zu schnell

Symphonie Nr.5
I. Introduction Adagio – Allegro
II. Adagio – Sehr langsam
III. Scherzo Molto vivace – Schnell
IV. Finale Allegro moderto

Symphonie Nr.6
I. Maestoso
II. Adagio Sehr feierlich
III. Scherzo Nicht schnell – Trio Langsam
VI. Finale Bewegt, doch nicht zu schnell

Philharmonia Orchestra
Otto Klemperer – Conductor

SINFONIA Nº4 BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
SINFONIA Nº5 BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
SINFONIA Nº6 BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Otto Klemperer regendo com cachimbo...
Retrato do maestro com cachimbo

FDP

Komitas (1869-1935): Patarag (Liturgia) for male choir

Komitas (1869-1935): Patarag (Liturgia) for male choir

Na fronteira da Armênia com o Irã está o Monte Ararat, honorável porto da Arca de Noé. Ponto a partir do qual, conforme este dado bíblico, a humanidade teria voltado a florescer após o Dilúvio. Não seria este o único dilúvio que aqueles píncaros testemunhariam. Milênios após aquele cataclismo deflagrado pelo Criador, outro dilúvio inundaria o sopé do Ararat; não um dilúvio de água, mas de sangue. O Genocídio (ou Holocausto) Armênio, também chamado no idioma armênio de Medz Yeghern – “Grande Crime”, foi o extermínio sistemático deflagrado pelo Império Otomano contra a sua minoria armênia, com uma estimativa de vítimas entre 800.000 a 1,5 milhões. A data de 24 de abril de 1915 demarca o início desse massacre que preludiou, de certa forma, o Holocausto seguinte que se desdobraria na Segunda Guerra Mundial. Na data mencionada, as autoridades otomanas prenderam e deportaram de Constantinopla para Ankara 250 intelectuais e líderes comunitários armênios, a maioria dos quais sendo assassinados. Entre eles estava Soghomon Gevorki Soghomonian, mais conhecido como Komitas. Sacerdote armênio, compositor, musicólogo, cantor e maestro; fundador da Escola Nacional Armênia de Composição e um dos pioneiros da etnomusicologia.

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Komitas (também chamado Gomidas) nasceu em 26 de setembro de 1869 em Koutina – Anatólia, em território de Império Otomano (no oeste da Turquia de hoje). Órfão muito cedo, foi criado por parentes. Conta-se que seus pais eram amantes da música. Seu pai era sapateiro e sua mãe tecelã, ambos compunham e cantavam canções folclóricas que se tornaram populares em seu contexto. A perda da mãe e posteriormente do pai por alcoolismo debilitaram e afetaram profundamente a sua infância, na qual foi descrito como um “gentil e frágil menino que costumava ser visto dormindo nas pedras frias da lavanderia”. Em 1881 foi enviado para continuar sua educação em Etchmiadzin, ao Seminário Gervogian, centro da Igreja Armênia, em território do Império Russo, onde ele se destacou por sua bela voz. Tendo o seu talento musical desenvolvido e colocado em uso enquanto trabalhava com o coro, ao longo de sua educação religiosa, sendo então elevado à categoria de Vardapet (ou Vartabed, muitas vezes traduzido como “Arquimandrita” – um padre celibatário). Em virtude de sua ordenação foi renomeado de Komitas, homenagem a um notável poeta e compositor de hinos do século VII, Chatolicos Komitas.

Com o apoio do Catholicos Khrimian e do magnata arménio Mantáshev, Komitas Vardapet recebeu educação musical superior na Alemanha, introduzindo os europeus pela primeira vez na tradição musical armênia. Mais do que meramente a realização e partilha de cultura através das fronteiras, o talento musical profundo de Komitas serviu para realizar uma profunda investigação sobre a música armênia tradicional (e curda); música religiosa armênia, bem como o sistema de notação musical armênio, conhecido como “Khaz”. Foi durante esse tempo que a liturgia (missa, culto de domingo) da Igreja Armênia foi modificada através de métodos musicais ocidentais e notação; o arranjo de Komitas permanece muito popular hoje (juntamente com a de seu contemporâneo, Makar Yekmalian). Em 1896 chegou Berlim, onde estudou teoria e composição, piano e órgão, e aperfeiçoou a sua técnica de canto. Também, na Friedrich-Wilhelms-Universität, estudou Filosofia, Estética, História Geral e História da Música. Utilizou seus conhecimentos da tradição ocidental para construir uma tradição nacional, recolhendo e transcrevendo 3.000 peças da música folclórica armênia (mais da metade perdida, sobrevivendo cerca de 1200 peças). Publicou, em 1904, a primeira coleção de canções folclóricas curdas. Juntamente com seu coro chamado “Gousan” e uma orquestra de instrumentos tradicionais armênios, se apresentou em inúmeras cidades e em eventos na Europa, ganhando a admiração de Claude Debussy: “Brilhante Pai Komitas, eu me curvo perante o seu gênio musical!”; como também teve a admiração de Fauré, Vincent d’Andy e Saint-Säens. Sua fascinante personalidade, beleza e habilidade vocal, mais sua destreza ao piano e na flauta embeveciam as plateias.  Em 1910 Komitas se estabeleceu em Constantinopla, fugindo da inveja e hostilidade dos clérigos ultraconservadores de Etchmiadzin (assim como em seu tempo Guido d’Arezzo teve de fazer o mesmo, indo para Roma apresentar ao Papa suas novas ideias de codificação da música); também com a finalidade de apresentar o seu trabalho a um público cada vez mais vasto. Sendo assim amplamente admirado e aceito pelas comunidades armênias e chamado de “salvador da música armênia”. Infelizmente seu sonho de estabelecer um Conservatório Nacional em Constantinopla foi frustrado pelo descaso das autoridades que poderiam patrocinar tal feito. Isto não o impediu, contudo, de dar curso à sua obra vocal e instrumental, na qual mesclava elementos da tradição europeia ocidental e elementos da música sacra tradicional armênia e folclórica. Seu Patarag – Liturgia, para vozes masculinas, é considerado o ápice de suas criações. Música monumental, de impressionante força, como um oceano profundo e tempestuoso; no qual, lembrando um trecho de Ésquilo em seu Prometeu Acorrentado, ‘as ondas que se elevam e inundam o caminho dos astros’.

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No dia em que se deflagrou o genocídio armênio ele foi preso e embarcado num trem juntamente com mais 180 outros notáveis armênios. Sendo remetidos para o norte da Anatólia Central, a uma distância de cerca de 300 milhas. Seu amigo poeta e nacionalista turco Mehmet Emin Yurdakul e outros personagens influentes, como o embaixador americano Henry Morgenthau, prontamente se mobilizaram em seu favor e de outros, conseguido com que ele fosse remetido à capital juntamente com mais oito deportados. O período no qual Komitas permaneceu prisioneiro o afetou indelevelmente. Os horrores que testemunhou e a traumática experiência avariaram irreversivelmente sua mente. Um dos seus companheiros de degredo, Grigoris Balakian, escreveu em seu livro “O Gólgota Armênio” sobre o que testemunhou e detalhes de sua deportação junto a Komitas: “Quanto mais afastados da civilização, mais agitadas eram nossas almas e nossas mentes atordoadas pelo medo. Víamos bandidos por trás de cada pedra. As redes ou suportes de suspensão nas árvores nos pareciam cordas de forca. O especialista em canções armênias, o inigualável arquimandrita Padre Komitas, que estava em nosso vagão, parecia mentalmente instável. Ele pensou que as árvores fossem bandidos em ataque e continuamente escondeu sua cabeça sob a bainha do meu sobretudo, como uma perdiz com medo. Ele me pediu que lhe dissesse uma bênção – O Salvador – na esperança de que iria acalmá-lo”.

No outono de 1916 ele foi levado para um hospital em Constantinopla, em seguida mudou-se para Paris, onde morreu em 22 de outubro de 1935, numa clínica psiquiátrica em Villejuif na qual se encontrava por vinte anos. No ano seguinte as suas cinzas foram transferidas para Yerevan, na Armênia, e depositadas em um Panteão batizado com seu nome. Komitas, para mim é santo. Não sei para vocês. Que é um mártir do Genocídio Armênio, não o podemos negar. Acima de tudo foi um genialíssimo compositor e musicólogo. Ouçamos reverentes a esta impressionante obra, um dilúvio sonoro de forte beleza.

Patarag (Liturgia) – for male choir.

  • O Mystery deep
  • Throug the intercession of the Virgin Mother
  • Holy God
  • Again in peace
  • Glory to thee, O Lord
  • The body of the Lord
  • Who is like unto the Lord
  • Again in peace. Save O Lord
  • Christ in our midst
  • Let us stand in awe, Mercy and peace
  • Holy, holy
  • Heavenly Father
  • In all things blessed art thou, O Lord
  • Son of God
  • Spirit of God
  • Intercessions
  • Thanksgiving
  • And the Mercy of our great Lord
  • Our Father
  • The one holy
  • Holy is the Father
  • Lord, have mercy
  • Christ is sacrified
  • We have been filled with thy good things
  • We give thanks to thee
  • The Prayer Amid the church. Blessed be the Lord’s name

Male Chamber Choir of the Yerevan opera Theatre

Conductor Komitas Keshishyan

Chorus Master Tatevos Asmaryan

Soloist David Varzhapetyan

Recorded in 1989.

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Komitas, grande compositor, pioneiro musicólogo e etnomusicólogo.
Komitas, grande compositor, pioneiro musicólogo e etnomusicólogo.

Wellbach

Böhm, Pezold, Borghi & Rust: Música Noturna para Viola D’Amore

Böhm, Pezold, Borghi & Rust: Música Noturna para Viola D’Amore

A viola d’amore tem 7 ou 6 cordas e é (ou foi) um instrumento musical utilizado principalmente no período barroco. Para ser tocado, ele fica sob o queixo do instrumentista do mesmo modo que o violino. Em português, seu nome significa viola do amor e traz seu marido ou mulher de volta em sete dias ou devolve o valor investido. Este disco — todo ele pontuado por compositores desconhecidos do barroco — é muito bom. Logo mais, estaremos apresentando a vocês o Bumbo del Coito, o Tubófono Silicônico Cromático, o Dactilófono, o Latín e o Flautim Sodomita. Aguardem.

Böhm, Pezold, Borghi & Rust: Música Noturna para Viola D’Amore

Concerto in G Major (For Viola d’amore, Oboe d’amore & Bassoon)
1 Grave 3:30
2 Allegro 4:04
3 Andante 2:44
4 Menuet 2:03

Partita in F Major (For Viola d’amore)
5 Air 1:27
6 Courant 2:00
7 Saraband 1:27
8 Gavott 0:59
9 Gigue 1:24
10 Bourrée 1:07
11 Menuet 2:50

Sonata in D Major (For Viola d’amore & Basso continuo)
12 Allegro Moderato 3:54
13 Adagio 3:36
14 Rondo. Allegro Moderato 4:04

Trio in D Major (For Viola d’amore & 2 Flutes)
15 Grazioso 5:53
16 Allegro Vivo 6:33
17 Allegro Assai 2:46

Schola Cantorum Basiliensis

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Viola_d'amore

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