.: interlúdio :. Cannonball Adderley: Jazz Workshop Revisited

(Link revalidado pelo PQP, que uiva de saudades do Blue dog, o cão pulguento e marginal).

1955. Um professor de música sai da Flórida para Nova Iorque, para continuar seus estudos.

1955, ano que a educação perde um grande mestre para o jazz.

Fascinado e com tenacidade, Julian Adderley resolve montar seu próprio quinteto. Contando com o apoio (tanto de incentivo como na banda) de seu irmão Nat, passa a freqüentar fervilhantes noites em clubs onde seria destacado pela sua leitura mais relaxada do bebop, mais ‘funky’, mais intimista e divertida.

O quinteto, no entanto, não é sucesso – principalmente numa cena dominada pelo hard bop. Ele subsiste até que Coltrane saia (temporariamente) do grupo de Miles Davis, quando então este elenca como substituto o promissor Cannonball Aderley. A dupla gravaria cinco discos numa das maiores formações do jazz, em Milestones, Miles & Monk at Newport, Jazz at the Plaza, Porgy and Bess e Kind of Blue.

Cannonball ganhou notoriedade na Big Apple com uma gravação de “This Here”, em 1955, no mesmo Jazz Workshop. Com Miles, desenvolveu sua técnica e tornou-se um músico superior. Ao sair do quinteto gravou com Coltrane e Bill Evans, reativou seu grupo (agora um sexteto) em 1960, estabeleceu-se como maior expoente do soul jazz e voltou ao clube onde surgiu – nas noites de 22 e 23 de setembro de 1962 – para gravar o disco deste post.

Soul jazz: bop e hard bop, mas com ênfase na melodia e no swing. Mais relax, como o imenso carisma de Adderley sugeria – e se pode notar nas conversas que tem com o público, e nos gritos de incentivo à banda durante os solos. Cannonball, corruptela de “cannibal” porque comia muito e tinha porte avantajado (que manteve), gosta de ser técnico como Davis e de balançar como Duke Ellington. Morreu antes dos 50 anos, em 1975, de ataque cardíaco. Sua música vive bem mais: é alegre e upbeat sem fazer concessões à complexidade. Também por isso atingiu tantas camadas de público; tinha a alma da músia negra, celebrativa e convidativa. No final da gravação, Cannonball se despede do público pedindo desculpas, entre gritos de que não saia do palco.

Ainda não saiu.

Cannonball Adderley: Jazz Workshop Revisited (320)

Cannonball Adderley: alto sax
Nat Adderley: cornet
Yusef Lateef: tenor saxophone, flute, oboe (“and etc”)
Joe Zawinul: piano
Sam Jones: double bass
Louis Hayes: drums

Produzido por Orrin Keepnews para a Riverside

01 Opening Comment 0’51
02 Primitivo (Cannonball Adderley) 9’11
03 Jessica Day (Quincy Jones) 6’29
04 Marney (Donald Byrd) 6’52
05 A Few Words… 0’13
06 Unit 7 (Sam Jones) 9’02
07 Another Few Words 0’26
08 The Jive Samba (Nat Adderley) 10’59
09 Lillie (Sam Jones) 4’43
10 Mellow Buno (Yusef Lateef) 6’00
11 Time To Go Now – Really! 0’36

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (RapidShare)

Blue dog

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  1. Realmente Cannonball é brilhante, mas não conseguiu escapar da camisa de força que Parker colocou o Sax Alto, depois que existiu. Julian parece não conseguir escapar da influêcia do Mestre Parker, seu fraseado e timbre do ”alto” é muito parecido, nem por isso deixa de ser magistral, mas analisando sob este aspecto, Lee Konitz se torna mais interessante, ou não ?
    Blue Dog com a palavra.

  2. Excelente postagem, blue dog. Sou fã de carteirinha do Adderley. O que me surpreendeu nesta gravação foi a presença de Joe “Weather Reporter” Zavinul …

  3. Bom dia.

    será q vcs poderiam repostar o Vol.9 das Obras de Câmara Completas de Brahms? pq em certas partes da Sonata para Clarineta e Piano nº2 o CD está arranhado, principalmente no último movimento.

    Se o CD não tiver jeito mesmo… será q vcs poderiam postar outra integral das Sonatas para Clarineta e Piano???

    aproveito tb para pedir a versão dessas mesmas Sonatas para Viola e Piano, que (eu acho) foi feita pelo próprio Brahms.

  4. Organista, fui o responsável pela postagem desta integral de Brahms. Vou verificar esse “risco” na gravação. Possuo outra integral da obra de Brahms, assim que possível, a coloco no ar.

  5. Meu caro, voces estão me forçando a comprar um outro hd….esse albúm é um soco na cara !!! Suave e ao mesmo tempo intenso. Outro álbum fantástico, no qual Miles toca com Adderley na verdade, é Something Else. Muito grato !!!

  6. Baita post bem escrito! Acho o solo do Cannonball em Flamingo Sketches uma das coisas mais lindas já gravadas. Mas sempre tive e impressão de que Cannonball não é muito bem aceito no cânone dos grandes do jazz, como se fosse uma personalidade coadjuvante apenas.

    Zawinul no piano!!

    Muito obrigado!

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