Dietrich Buxtehude (1637-1707) – Trio Sonatas

Apesar da sexta-feira dita santa ter acabado, essa postagem é para comemorar a data. Todos os anos a igreja e a TV alimentam o ideário de dor e sofrimento da paixão de Cristo. E para se unir ao suposto sofrimento de Cristo pela humanidade, tantas outras micro-paixões acontecem. Tantos outras pessoas cismam em se cortar a fim de reproduzir as dores e as chagas de Cristo. Curiosamente, a espiritualidade ocidental foi construída sobre a dor. Assim quanto mais uma pessoa sofre, tanto mais ela é virtuosa. Os ditos santos foram homens que sofreram. Nenhum um santo tornou-se santo por ser feliz. A alegria e a felicidade são sentimentos perigososos que um santo jamais deverá sentir. É necessário que, antes de tudo, ele compunja o semblante. Não tome banho. Não se perfume. Abomine a natureza. O amor carnal. As relações humanas. A música. A poesia. Em suma: a beleza. Quando penso nessas supostas virtudes, lembro-me de uma frase de Nietzsche: “Prefiro ser um sátiro a um santo”. E pensando nisso, chego à conclusão de que a vida é muito pequena para que nos fiemos apenas por uma face dela. O universo está cheio de belezas, de cintilações de mistério. É estúpido, ato de suprema desinteligência, olhar para a vida e fazer da dor apenas virtude. Viver um ascetismo moral, não fruindo das tantas maravilhas que o unievrso nos fornece como dádiva, é ser devoto da mais suprema imbecilidade. Os religiosos são cegos em sua jornada monocromática. É baseado nisso que faço essa deliciosa postagem, cheia de encantos, de beleza. Ou seja, perigosa para os santos. Não deixe de ouvir. Fui até à Alemanha e trouxe essa bela efeméride barroca para este dia ensolarado. Um bom deleite!

Dietrich Buxtehude (1637-1707) – Trio Sonatas

01 – Sonata I in F major, BuxWV 252
02 – Sonata II in G major, BuxWV 253
03 – Sonata III in A minor, BuxWV 254
04 – Sonata IV in Bb major, BuxWV 255
05 – Sonata V in C major, BuxWV 256
06 – Sonata VI in D minor, BuxWV 257
07 – Sonata VII in E minor, BuxWV 258

The Boston Museum Trio
Daniel Stepner, baroque violin
John Gibbons, cravo
Laura Jeppesen, viola da gamba

BAIXAR AQUI

Carlinus

37 comments / Add your comment below

  1. Conhecer Buxtehude além do órgao – PRESENTAÇO, mano Carlinus!
    E além do mais com um texto pra lá de bonito & pertinente. Valeu!

  2. Agradecido, Dr. Carlinus. A qualidade de certas postagens deste blog às vezes me deixa infantilizado. Parece que tô na caverna de Ali-Babá. Aonde os senhores estão que eu não encontro um irmão de música clássica sequer pra poder conversar?!

    Eu, hein…

  3. Só out of curiosity… Por quê não publicar o cd em algum formato lossless? É parte da política do blog com alguma finalidade no sentido de direcionar o usuário à compra do disco físico?

  4. Silvino, posto em mp3 pelo simples fato de que uma grande parte de nossos leitores tem péssimas conexões de internet (lembrando que estamos no Brasil), alguns inclusive tem acesso discado, Devido ao local em que resido A OI me oferece ridículos 1 mb/s de velocidade, mas do que isso não é possível pela falta de estrutura física. Já briguei com eles diversas vezes mas não adianta. E se eu cancelar o serviço deles, simplesmente fico sem nada. Isso significa uma velocidade de upload de bisonhos 30kbp/s, o que significa 1 hora em média para subir um cd de uma hora de duração, ripado a 320, isso quando não cai a conexão. Não tenho tempo hábil, nem paciência para esperar 6 horas para subir um arquivo .flac ou .ape pro servidor. De minha parte, as postagens continuarão sendo em mp3.
    Existem diversos sites e blogs que oferecem arquivos lossless na rede, alguns muito melhores do que o nosso.

  5. lembrei-me de um texo de Freud:”(…)a felicidade
    na vida é predominantemente buscada na fruição da beleza, onde quer que esta se
    apresente a nossos sentidos e a nosso julgamento – a beleza das formas e a dos gestos
    humanos, a dos objetos naturais e das paisagens e a das criações artísticas e mesmo
    científicas. A atitude estética em relação ao objetivo da vida oferece muito pouca
    proteção contra a ameaça do sofrimento, embora possa compensá-lo bastante. A
    fruição da beleza dispõe de uma qualidade peculiar de sentimento, tenuemente
    intoxicante. A beleza não conta com um emprego evidente; tampouco existe
    claramente qualquer necessidade cultural sua. Apesar disso, a civilização não pode
    dispensá-la. Embora a ciência da estética investigue as condições sob as quais as coisas
    são sentidas como belas, tem sido incapaz de fornecer qualquer explicação a respeito
    da natureza e da origem da beleza, e, tal como geralmente acontece, esse insucesso
    vem sendo escamoteado sob um dilúvio de palavras tão pomposas quanto ocas. A
    psicanálise, infelizmente, também pouco encontrou a dizer sobre a beleza. O que
    parece certo é sua derivação do campo do sentimento sexual. O amor da beleza parece
    um exemplo perfeito de um impulso inibido em sua finalidade.’Beleza’ e ‘atração’
    são, originalmente, atributos do objeto sexual. Vale a pena observar que os próprios
    órgãos genitais, cuja visão é sempre excitante, dificilmente são julgados belos; a
    qualidade da beleza, ao contrário, parece ligar-se a certos caracteres sexuais
    secundários.” (O mal-estar na civilização)

  6. Que som agradabilíssimo! Notavelmente barroco! Fantástico, de verdade. Eu não conhecia esse compositor, e já me apaixonei.

  7. Parabens pelo Album mas o mesmo não se pode dizer do comentário religioso que o prenunciou. Fora de proposito. É como aquelas pessoas que acham musica erudita CHATA. Dizem isso porque não a compreendem, verdadeiros ignorantes musicais !!!

  8. nietzsche pode ter sido um rancoroso amargo [via senso comum],
    contudo livre em sua infelicidade…

    já os religiosos, supostamente gaios,
    são escravos de um viver histérico e superficial –
    already made – meramente sensorial e acritico.
    vivem do ‘vento do espirito’,
    servos de uma instabilidade absurda
    alienados de si mesmos…

    melhor é ser ébrio consciente
    apesar da dor incontornável
    que sê-lo sem saber-se insano
    ou talvez não…
    talvez não seja melhor.

    [bela música, aliás]

  9. Então Bach, sendo religioso, não foi livre em sua felicidade? Foi escravo de um viver histérico e superficial, meramente sensorial e acrítico? Foi alienado de si mesmo, um insano?

  10. bach talvez não…[me refiro a ser insano*]
    as manifestações de sua época não eram tão histéricas.
    mas ainda assim, a felicidade, se proveniente de sua fé somente – coisa que acredito ser difícil – foi assaz condicionada. escrava de um sistema de culpa e redenção, n’outras palavras, uma barganha celestial. em ‘ultima análise’, a alegria do fiel não vai muito além da sensação de ter feito um ‘ótimo negócio’…
    [porém não seria correto dizer que é apenas isso,
    ainda que sendo muito d’isso!]

    contudo, os ‘religiosos’ de hoje são dependentes químicos,
    temperados com bastante insanidade e, pior, uma intolerância cada vez mais crescente. é lamentável…

    ademais, meu falar é muito figurativo.
    não precisa ser levado assim tão a sério.

    __________________________

    *é comum – e compreensível até – que no desenrolar histórico as palavras se distanciem de seus significados originais, e assumam, dependendo de quem as ouve ou lê, uma conotação que não a ideal. insano designa simplesmente algo que não está limpo, portanto, adulterado e com elementos estranhos. e a alienação pode ser um estado de êxtase, e mesmo de uma profunda dedicação e concentração n’um alvo ímpar – um viver absorto. é tudo uma brincadeira de palavras e significados… e as pessoas se dão a ofender tão facilmente por elas – ofendendo-se com a falsificação de verdades que são as palavras, por não conhecerem sua intimidade e profundeza.

  11. Alvíssaras!!!
    Retornando ao blog hoje apos longa convalescença, me deparo com essa joia de texto.Concordo inteiramente com as ideias lançadas aqui. Precisamos é de amor, belezas e …música o que necessitamos. Sempre!
    Faz-me lembrar(parece que você leu!) a grande obra de René Girard (“A Violencia e o Sagrado” e “Coisas Ocultas desde a Fundação do Mundo”) pela Ed. Paz e Terra. Recomendo desesperadamente!
    No mais estou feliz por regressar do limbo e desejando longuisssima vida ao P.Q.P. Bach!

  12. A felicidade de um cristão não procede, em maior ou menor grau, de uma barganha celestial. Ela vem da fé no amor de um Pai infinito, que o criou como também a tudo. Ora, se o religioso se regozija no infinito, como sua felicidade pode ser condicionada?
    Não discordo que existem pessoas insanas e alienadas, dentro e fora da religião, mas não acho certo, a partir destes, generalizar.
    Quero dizer também que não me sinto, de forma alguma, ofendido. Estou comentando aqui porque gosto de conversar e debater ideias, acredito que isso só nos trás benefícios expandindo nosso pensamento.
    Quanto ao significado das palavras, sugiro cuidado com “intolerância”. Esta vem sendo distorcida de forma inescrupulosa nos nossos dias.

  13. Falei, falei, e esqueci de agradecer o Carlinus pela maravilhosa postagem!
    Aproveito e peço desculpas pelo “trás” do texto acima. Pressa é fogo.

  14. condicionada por um sistema fechado e que,
    paradoxalmente, sofre mutações como tudo o mais que é genuinamente humano…

    mas eu concordo com você. a felecidade do fiel vem em boa medida d’isso sim – o pai eterno de misericórdia infinda, e criador de todas as coisas. em se perscrutando ainda mais este emblema, dissecando as entranhas do construto que eu sequer gosto de chamar de ‘cristão’ – pois que nada tem que ver com cristo – nos deparamos com um espantoso efeito dominó: uma verdadeira delícia de psiquê para os olhos mais atentos.

    detrás d’isso que você falou vai uma enorme falacia – decerto que a maior e mais bem sucedida de todas na história. suas pernas de sustentação poderiam ser nomeadas: débito, culpa, redenção e alívio. o que se conhece hoje equivocadamente pelo nome de ‘cristianismo’, deve o impeto de sua sobrevivencia a esta combinação letal e eficaz, que acorrenta as pessoas a uma série de práticas, ideias e paixões messianicas, aedos de vida, salvação e liberdade.
    mas não é bem isso o que acontece. e eu peço licença para pular um pouco este blablabla e tentar ilustrar esta questão de liberdade/escravidão de forma mais objetiva e clara…

    é comum se ouvir entre ‘vossa casta’ [não sei, felipe, se você é de fato um fiel, ou apenas um cético ventríloco que fala como se fosse – bem que a comparação entre bach e nietzsche não deixa muita dúvida – mas tomarei por certo que sim] que ‘nós amamos por que ele nos amou primeiro’, e talvez você esteja dizendo agora: ‘aleluia!’. deus ama o homem ridiculo e pecador – o tão bem colocado por isaias ‘trapo de imundicia’ – mesmo em sua imarcescível santidade que toma por abominável tudo que vai contra sua vontade. constrangido por este ‘amor’, o homem que o reconhece torna-se vitima da gratidão que o motiva em sua vida devocional – em adoração e intimidade com a divindade que o aceita apesar do que ‘é’. sequioso de ‘conhecê-lo’ em seu cotidiano de orações e leituras.

    assim, em contato com o que toma por ‘a maior demonstração de amor’ – o deus que deveria puni-lo mas que ainda o deseja como filho e amigo – ele pensa que aprendeu a amar. que apenas se encontrando amado divinamente, e sendo pleno d’este amor, ele pode ser um canal do que sequer esta n’ele, mas que flui de seu deus e que como um ‘vaso de honra em suas mãos’ conserva e espalha o olor transbordante de sua fé.

    então eu te pergunto…
    amar apenas sob estas condições não seria desistir de um amor genuíno e de maior viço? olhar a humanidade em seu estado decadente, e ainda assim conseguir enxergar a beleza contrastando no grotesco da existência, independente de ideias de além-mundo e redenção nas quais se apenhorar, não seria virtude liberta de insanidade [entenda-se constrangimentos externos e condicionamentos ideológicos] e virtuosa em si mesma? fazer nascer em nós o mesmo poder divino de ser indulgente, mas não por se achar santo e condescendente demais [enfermo de crises de superioridade camufladas em dizeres de auto-comiseração], mas apenas por querer… por ser livre para isso. por ter ao menos um olho são. ser verdadeiramente ‘livre para amar’ ou para qualquer outra coisa…

    _____________________________________________

    p.s.¹: não sou nenhum papa da gramática, mas pelo menos a mim não precisa pedir perdão pelos ditos ‘erros de português’. não vejo a lingua falada ou escrita como uma entidade imutável, antes como algo que está a nosso serviço, nunca o contrário. o português deve ser manipulado, ‘errado’, acertado, tanto faz… é nossa maneira de dizer, não dos gramáticos [caras idiotas que ‘nunca me deram bom dia’, para aludir saramago].

    p.s.²: sobre ofensas… não falei diretamente sobre você, apesar de [não preciso mentir] ter sim insinuado. não gosto de sublevar as ideias as pessoas, miro antes de tudo o respeito. pessoas são seres físicos e reais, portadoras de suas próprias alegrias e tristezas. ideias são coisas ficticias, que para mim não existem de fato, um leque de falacias que colore o mundo, mas de pouca utilidade real [aliás, facilmente quebrável]. e falei de ofensas mais para ressaltar a questão da conotação das palavras, de como a deturpação das palavras pode gerar mal-entendidos desnecessários.

    p.s³: sobre intolerância… não sei como estão usando a palavra. sei que as religiões de modo geral, sobretudo o suposto ‘cristianismo’, padecem d’esta enfermidade em estado crônico. este em questão se acha superior a tudo no mundo. afirmar, por exemplo, que o ‘jesus’ super pop-star ocidentalizado e senil [estupido, demente – nada que ver com o sagaz e iluminado yeshua], é o único meio de salvação da humanidade, que d’ele emana a verdade, em detrimento de todas as outras manifestações, já é um crime de escravos histéricos contra a liberdade servil dos demais…

    p.s.’final’: talvez você tenha percebido que minhas assertivas não levam em conta a ‘espiritualidade’ [outra palavra deturpada] dos fiéis. não é por isso que os acuso de insanos. não é a questão da vivência ou não vivência da crença por atitudes, e dos absurdos que isto pode provocar. isto sequer me interessa. não sou idiota o suficiente para afirmar coisas como: ‘os pastores só querem roubar’ ou ainda ‘os padres são todos uns pervertidos e onãnistas’, quando sei do estado miserável de muitos pastores e missionários que vivem ‘pela graça’ – como dizem – ou como eu diria, pela força narcotizante da crença, e ainda de padres que ostentam um zelo e amor pela fé católica invejáveis. minha análise é mais da formação e impacto ideólogico. como a religião põe os sentimentos a prova… é por aí. sou um declarado inimigo de generalizações. por favor, não me interprete mal… também acredito no poder e benefício dos debates bem esclarecidos.

    vitimado d’esta tolice cordial e erudita
    que enoja a tantos [entenda-se ‘com afeto’],
    lucio

  15. Lucio, você fala exatamente a mesma coisa que Paulo falou aos romanos: “O amor seja não fingido”. Quem “ama” o próximo por se achar santo, ou superior, a meu ver não pratica o amor. Pelo que vejo na bíblia, é justamente o tipo de pessoa que você falou, que consegue “fazer nascer em si o mesmo poder divino de ser indulgente (…) por ser livre para isso”, que interessa a Deus.
    Sobre a intolerância, explico. Sou cristão, isto é, acredito em Deus e na bíblia como Sua palavra. Não tenho a existência de Deus como uma idéia, mas como fato. As razões disso são muitas, mas não vem ao caso. A questão é que eu, como cristão, tolero (isto é, respeito) qualquer pessoa que tenha uma crença contrária à minha, observando seus argumentos para ver se eles se sustentam. Mas se eu não encontrar verdade na nova crença, como posso aceitá-la como verdadeira? Aqui está o problema, as pessoas não pedem que os religiosos tolerem suas crenças, mas que as aceitem como verdade. Isso é impossível, pois se digo que Deus existe, e outra pessoa diz que não, apenas um pode estar certo. Não obstante, o amor entre os dois permanece.

  16. um desfecho óbvio.

    o fervoroso alastra suas certezas,
    despitando suas próprias dúvidas e medos.
    e o cético se cala,
    a espera de novo alvorecer e nada mais…

    ________________________________________

    p.s.: eu não gosto muito de paulo, o dito apóstolo. isso que você escreveu foi muito vil… agora eu me senti ofendido! haha

  17. Estranho seu comentário Lucio, completamente sem fundamento. Não despistei minhas dúvidas e medos, antes disse “As razões disso [de minha crença] são muitas”. Não posso acreditar em algo que duvido. Por conseguinte não alastro minha certeza, mas exponho minha crença para que qualquer um que se interesse a examine, e veja se está correta.
    E não entendo como pode ser vil o que escrevi, uma vez que concordei com você (e nós com Paulo) sobre o verdadeiro amor.
    Pelo visto você, como muitos céticos, gosta de encerrar uma conversa com palavras belas e vãs.

  18. talvez você o tenha feito sem saber.

    a reafirmação é um instrumento usado por nós para isso: despistar as dúvidas e medos. ela nos fala de nossa própria crença, então ficamos tranquilos. a repetição alicerça melhor as coisas na mente, e d’isso você não deveria duvidar. ademais,o próprio paulo lança mão d’este princípio quando afirma que ‘a fé vem pelo ouvir, o ouvir da palavra de deus’ – ou seja, um processo contínuo, onde se sedimentam os ‘blocos de fé’ com o ‘concreto da convicção’ no imaginário do crente. logo, todos os teus atos [evangelizar alguém, orar, ler a bíblia, é… deixa eu ver, sim!, ir regularmente à congregação, o louvor – o louvor é um dos mais avassaladores d’esta listagem, posto que é algo extremamente imanente e atinge direto a emoção do devoto – e mesmo esta doce discussão] servem para a consolidação d’esta fé sempre em reafirmação… não é verdade?

    então, era apenas isto que tinha em mente quando escrevi que estavas a ‘despistar’ as dúvidas. não que haja agora, em tempo e espaço, um diálogo conflituoso entre certezas e descrenças em tua mente… mas que ela pode ‘vir a ser’ caso você deixe de congregar – ‘como é costume alguns’ – e revisitar as ideias nas quais encontrou ‘a verdade’. da mesma forma que um músico, em deixando de lado um pouco seu instrumento por qualquer motivo que seja, tornará a ele com menos agilidade, é necessário o exercício para que não haja dúvida, ou para falar biblicamente, para que ‘se lance fora todo o medo’… minto?

    perdão se pareceu sem fundamento.
    e mais ainda se o for, de fato…

    quanto ao ‘vil’, foi uma ironia apenas. parece que o ‘haha’ derradeiro não cumpriu com o objetivo de revela-la. da próxima, tenho de experimentar ativar o ‘caps lock’ ao escrevê-lo. utilizei o ‘subjetivo’ supra [entenda-se um ad-jetivo que sub-trai] para insinuar que você ‘jogou sujo’ ou ‘deu-me um golpe baixo’ ao tecer esta comparação entre meus dizeres e os de paulo – a única personagem bíblica na qual eu adoraria administrar uma alta dosagem de violência e dor, e mostrar-lhe a desgraça que fez. por este meu desafeto que toma por referência a ignorância e cegueira paulina, que erra em 123% de suas assertivas, disse que ‘me sentia ofendido’ o que era também uma irônia a mim mesmo, posto que havia falado n’algures de como as pessoas se ofendem tão facilmente com as tão ‘belas e vãs’ palavras…

    ‘belas e vãs’ todas são.
    bom é o silêncio e as pausas na vida.
    o mesmo não é ideal na música
    – john cage é um &%$#@*&!!

    ‘HAHA’ [in caps]

  19. Peço desculpas por entender errado a ironia, realmente não associei “vil” a “golpe baixo”.
    Mas você continua errando na razão da minha crença. Qualquer um que lance mão da repetição para suplantar as dúvidas e acreditar em algo, não está buscando a verdade. Só posso encontrar a verdade respondendo honestamente minhas dúvidas. O louvor não está presente para me lembrar em que acredito, e manter as dúvidas fora. Mas quando finalmente chegamos à verdade, encontramos o Pai, e então louvamos, porque estamos felizes.
    Não me entenda mal, não estou forçando tudo isso como verdade. Também não escrevo para reafirmar minha fé. Como disse antes, “exponho minha crença para que qualquer um que se interesse a examine, e veja se está correta”. Também não vivo num sistema fechado, mas sigo o conselho de Paulo (sim, ele de novo) quando diz “Examinai tudo; retende o bem”. E nessa de examinar tudo, uns tempos atrás fui ouvir John Cage. 4’33? Fala sério!

    Obs: Não entendi como a afirmação “a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” pode implicar um processo contínuo, ou seja, uma constante reafirmação. Parece-me que Paulo simplesmente está respondendo a questão que lançou antes: “e como crerão naquele de quem não ouviram?”.

  20. ‘talvez você o tenha feito sem saber’,
    foi minha primeira afirmação no post anterior,
    a guisa de uma ferramenta sempre ativa do subconsciente.

    nossa ‘mente’ – e eu acho esta palavra muito conveniente para definir o emaranhado de pensamentos que nos surtam, devido as suas propriedades estelionatárias – é um mundo. quando caminhamos alienados de nós mesmos, ou seja, absortos de mais n’outras coisas [algo que boa parte dos devotos faz declaradamente – ‘buscar primeiro o reino de deus’] damos as costas para muitas paisagens que desejam apenas florescer. entretanto, a indiferença nutrida para com tudo que não é nosso ‘alvo dileto’, faz perecer, torna sáfaro boa parte do que há no íntimo, e apenas alguns frutos crescem, fora do estado normal: crenças mutantes, superalimentadas. algo que, se traz alegria, não é por vias sãs, mas sempre se dando n’uma correlação com a nociva ‘abundância’, ‘plenitude’ ou ainda com o verbo ‘transbordar’… palavras e sentimentos que tem muito que ver com ‘tocar’ ou ‘extrapolar’ limites – bom mesmo é o equilíbrio.

    esta simulação de verdades tão atraentes e perfumadas que nossa mente estimula – sem sabermos! – só é percebida quando viajamos um pouco, deixando de lado por um tempo e honestamente aquilo que tomamos por ‘lar, doce lar’; o motivo do conforto de nossa mente diante da vida – falo das crenças pessoais, aquele som familiar e agradável que nos tranquiliza. não se trata de expor aos outros o que cremos para ser avaliado, e sim de nós mesmos sairmos das paredes que nos abrigam/cercam/aprisionam – deixar esta zona de conforto – e lançar-se pela noite em busca do amanhecer que nos trará a real visão do lugar em que estamos metidos. e quando os primeiros raios de luz incidirem, sentir a alegria de saber-se no paraíso e desejar a ele voltar, ou então, perceber em agonia a miragem, o oásis ou a ilha de parcos recursos que nos jurava fartura.

    a isso chamo ‘crise’, para deixar com este floreado poético que deve cansar a vista de muitos. a ‘crise’ é necessária para nos acarear com o que realmente somos. arrazoados a maneira d’este nosso, servem mais como revisões do que já sabemos. um exercício agradável e divertido até… mudanças -> significativas <- são difíceis de proceder d’elas. no mais, corrige-se um conceito ou outro, aprende-se uma palavra nova, mas continuamos imóveis em nós mesmos, com o mesmo campo de visão, apenas objetos novos foram postos diante d’ele para serem ‘analisados’. isto não é o suficiente para nos mover de nossas bases, para dançar por entre as mil e uma coisas que nos cercam de todos os lados, para medir sua profundidade, sentir seus aromas, admirar suas cores munido de um espírito gaio de curiosidade… apenas nós temos em mãos as chaves que desprendem nossos pés de onde estão acorrentados. é bom saber o que outros pensam, crescer com isso. melhor ainda é procurar lugares altos, e se perceber pequeno e sem razão… e n’esta caminhada, não há melhor guia que não nós mesmos!

    * * *

    enfim, para ‘escurecer’ um ponto que deve ter ficado assaz ‘claro’ e, portanto, passou despercebido, não afirmei que os fiéis, infiéis ou quaisquer outros ‘lancem mão da reafirmação para suplantar dúvidas’, mas que isso é, indiscutivelmente a forma que absorvemos as multiplas realidades a nossa volta… decerto que não foi ‘de primeira’ que cada um de nós acertou fazer um ‘a’ assim que a ‘tia do jardim’ mostrou a cartela de letras. foi necessário um processo de alfabetização, de repetição ‘traço-a-traço’, até que a fremência desse lugar a confiança e a identidade; até que alguém visse nosso ‘a’ e dissesse: ‘este ‘a’ é de lucio, aquele outro é de felipe’… isso não precisa ser consciente. aliás, não o é, simplesmente acontece…

    decerto que as ‘vítimas’ da pregação de paulo não manteriam uma fé depois de apenas um sermão e ‘ponto’, mais nada depois [em sua réplica, por favor, eu já o isento de citar que ‘cristo é o autor e consumador de tua fé’, e que portanto ela se manteria sim. não é esta acepção mística que quero atingir, senão algo bem imanente, dentro de nós e que flui de nós]. chega a fé através dos pregadores, e depois não há a ‘comunhão dos santos’?, não há as noites de vigílias?, não há o isto ou aquilo que confirma as certezas? é um processo… é ‘correr/prosseguir para o alvo’, como diz o herege, haha. corrida requer movimento, requer continuidade e ritmo.

    e com isso não quero dizer que você age/vive como um ‘tolo amedrontado’, ministrando a si mesmo doses de reafirmação para de nada duvidar, como pode ter interpretado, antes, digo que seu quotidiano de devoções reafirma e eleva o grau de sua fé. por isto falava tão confiante que você não duvidaria… ‘perseverar’ é uma palavra chave do pseudo-cristianismo, a religião que paulo ajudou a fundar, em detrimento do cristianismo real que fez ‘afundar’. era d’isso que eu falava…

    __________________________________________

    p.s.: hoje vinha no ônibus e um moço me entregou um panfleto, não havia carimbo denominacional – talvez fosse um empregado de deus autonomo! no título, letras garrafais que diziam: ‘há uma solução para você!’, em seguida uma narrativa dramática de problemas que abatem alguns… eu sorri e lembrei de você. se é que um aglomerado de caracteres nos rodapés d’um blog – ‘felipe
    maio 1st, 2011 às 0:33 – conta como lembrança de alguém! haha

    abraço… estou me divertindo! 🙂

  21. Lucio, se entendi bem, você diz para examinarmos tudo sem ser tendenciosos, correto? Se sim, aceite meus cumprimentos, concordo plenamente.
    Quanto a reafirmação, entendi o que você disse. Só quis deixar claro (embora eu saiba que você já tem esse entendimento, mas é sempre bom frisar) que não é por ela que se tem certeza da descoberta da verdade.
    E obrigado por lembrar de mim. Quem sabe estas “belas e vãs” palavras não sejam tão vãs assim…

  22. examinar ‘tudo’ é impossível.

    sei que você não quis dizer este ‘tudo’ dando a entender o mundo inteiro. mas mais importante que examinar o ‘tudo’ que nos cabe, ou que nos é concedido, é perscrutar -> a tendência em si mesma <- – o que nos faz simpatizar com isto ou aquilo. o que nos leva a encarar o deus de paulo e dos demais [yeshua a parte] como a verdadeira entidade por trás de todas as coisas?

    se você for protestante, sua fé não tem mais de 450 anos.
    se você for protestante e pré-tribulacionista
    [grande maioria dos fiéis pseudo-cristãos de hoje],
    sua fé não tem mais de 200 anos.
    se for isso e ainda pentecostal, não tem mais de 100 anos.

    porque um momento histórico, que mistura cultura grego-romana com teologia egípcia e semítica ganhou status de verdade absoluta?

    avaliar nossa tendência é uma virtude. ser ‘um pouco de deus’ ou, pelo menos, não ser ‘tão dependente’ d’ele em tudo e caminhar com as próprias pernas… quem sabe deixar de ser um pouco ovelha. mas superar a mentalidade de rebanho é bem difícil. precisa de força para tanto,não termedo de camihar só tre noites e penhascos. precisa querer a verdade sem véus… sem falas de terceiros. precisa ter uma fome muito grande dentro de si. coisas que a ‘plenitude’ e a ‘abundância’ impedem.

    e a lembrança veio.
    como disse, estas argumentações são um exercício, e alguns versos d’estes posts perpassam meu pensamento de quando em vez. tive uma ou duas ideias por causa d’eles. por isso disse estar me divertindo…

    carpe diem,
    carpe noctem
    ou sei lá…

  23. Lembre-se que a bíblia veio antes dos movimentos que você citou. Os escritos dos profetas, antes da bíblia. E Deus, antes de tudo.
    Primeiro buscamos a verdade sobre a existência de Deus. Não na bíblia, nem nos profetas, mas na criação, ou seja, no mundo ao nosso redor. Só depois é que estudamos se os profetas, e consequentemente a bíblia, vieram de Deus.

  24. a própria bíblia não passa de consequência de um movimento – uma violação indevida da cultura judaica, tão rica em mitologia quanto qualquer outra, com suas ‘liliths’, ‘succubus’ e ‘samaels’…

    os padres deixaram apenas o que lhes parecia interessante. e dizer que foi deus quem conduziu tal decisão é algo que denota muita imaturidade e falta de alguma coisa, não sei o que ao certo! a não ser que se admita que se trata de um deus com um grave distúrbio bipolar, posto que, por tantas vezes, mudou de ideia, mudou o cânon, mudou isso ou aquilo. muito indeciso em definir qual de suas palavras foram de fato ‘inspiradas’.

    para mim, o ‘highlight’ fica com o coitado do irienu de lyon [ca. 130 – 202], que nos diz: ‘assim como existem quatro pontos cardeais, convém, portanto, que existam apenas quatro evangelhos’ – uma lógica imbatível. queimemos então os demais evangelhos, epistolas, atos, cartas e livros proféticos! haha. e o fizeram, talvez com um sorriso praudo no rosto… decerto que os ensinamentos sobre a inspiração biblica nas congregações são muito divertidos… e mentirosos também.

    se é d’esta ‘revelação especial’ que vocês dependem para saber de vossa ‘salvação em pop-jesus’, como diz o herege nas primeiras linhas aos romanos, seria melhor arriscar ser condenado pela natural mesmo. ademais, dizer que um deus é o autor da bíblia é um insulto à razão humana, e ainda mais à qualquer deus errante que possa existir em algum lugar. se uma prerrogativa para ser deus é ser ‘perfeito’ e ‘inerrante’, precisamos de novos candidatos… a ‘sabedoria biblica’ é humana de mais para os olhos sensíveis. faz doer a vista. é claro… há umas partes boas.

    * * *

    qualquer povo de tempos idos, olhou o mundo à sua volta e pensou se tratar de uma ‘criação’… não discordo. acerola, aipim e beterraba são provas simples da existência de seres cheios de virtudes. o acaso não seria assim tão ‘caprichoso’. contudo, há muito mais divindade n’eles [frutas, raízes, legumes e grãos] que na biblia e seu deus vasquejante cheio de vesânia…

  25. Achar que o mundo foi criado é uma coisa, ter certeza por meio de provas é outra. Mas você fez, com tanta segurança, tantas afirmações falsas, que uma tentativa de explicar tudo usando esse espaço de comentários de um blog de música não seria muito producente. E também não sei se você está, honestamente, disposto a examinar as provas em favor de Deus e da bíblia.
    Creio que o melhor que posso fazer aqui é te indicar um livro, que trata justamente dessas provas. O livro não pertence a denominação alguma, e talvez esteja disponível até mesmo pra download. Chama-se “Não tenho fé suficiente para ser ateu”.
    Não sei se você entenderá que não estou tentando fugir das suas afirmações. Mas vou correr esse risco, confiando na sua percepção de que, se continuarmos escrevendo nesse espaço, dificilmente chegaremos a um consenso.

  26. já conheço o livro…

    li também o ‘introduction to philosophy: a christian perspective’ do mesmo geisler, e sua teologia sistemática. foi divertido. se li outros, não o lembro.

    mas antes de partir, e eu entendo suas falas, aponte ao menos as minhas ‘tantas afirmações falsas’ tão seguras de si. não há necessidade de explicar o porque de as perceber assim. mas fique à vontade.

    ________________________________________

    p.s.: não sou ateu.

  27. Perfeitamente. 1: a própria bíblia não passa de consequência de um movimento – uma violação indevida da cultura judaica. 2: os padres deixaram apenas o que lhes parecia interessante. 3: [Deus] tantas vezes mudou de ideia, mudou o cânon, mudou isso ou aquilo. 4: decerto que os ensinamentos sobre a inspiração biblica nas congregações são muito divertidos… e mentirosos também. 5: dizer que Deus é o autor da bíblia é um insulto à razão humana. 6: a ’sabedoria biblica’ é humana de mais para os olhos sensíveis.

    Pra ser sincero, considero o texto inteiro um erro, mas o que destaquei acima são as partes principais. Se você fosse me explicar cada ponto, tenho certeza que teria que escrever um livro aqui. Da mesma forma, se eu fosse tentar contra-argumentar, escreveria outro. Mas se você leu o livro que indiquei e não encontrou verdade ali, e já leu a bíblia e acredita que “os padres deixaram apenas o que lhes parecia interessante”, não tem muito mais que eu possa fazer por aqui.
    De qualquer forma, agradeço pela conversa. Se para mais nada, ao menos reafirmamos nossas crenças… hehehe.

  28. Engraçado, só depois de postar é que vi o “p.s.: não sou ateu”. Quando você escreveu lá em cima “e o cético se cala”, imaginei que fosse. Então peço-lhe também que, antes de ir, diga em que acredita.

  29. prontamente!

    talvez não seja difícil de crer – e logo digo o porque de assim pensar – mas há algum tempo fui um fervoroso fiel. passei por todos os processos e adaptações místicas, zelos e devoções. queria mesmo era que o mundo inteiro se encaminhasse de volta para deus; e que as consequências do ‘evento no éden’ encontrassem seu fim perfeito. que o ‘ish’ percebesse que o trabalho de suas mãos não o sastisfaria nunca, nem a ‘ishá’ teria real deleite no fruto de seu ventre. que todas as cousas nas quais pomos nossas esperanças e confianças, são vãs, e em verdade, se tratam de caminhos abertos pela ‘misericórdia divina’ para que em meio as desolações da vida, pudessemos contemplar ‘sua graça’.

    assim pensava. e muito motivado com toda a razão bíblica e minhas experiências sensoriais com a divindade, decidi me tornar missionário. meu alvo: a china. sim, a china. disposto a morrer pela causa do ‘evangelho’, sabendo que ‘no senhor’ meu trabalho não seria vão.

    ingressei n’um seminário teológico. um ‘dos grandes’ de certa denominação, mas nunca me importei com isso, ‘meus alvos’ eram somente os ‘sonhos de deus’ – o lucro e o ganho para ‘o seu reino celeste’. alguns eventos aconteceram e não pude prosseguir nas aulas por um tempo – aulas que tanto amava… aproveitei este parêntese dos afazeres para intensificar minha leitura bíblica diária. que passou a ser de um livro da bíblia por dia, e mais que isso de quando d’aqueles de menor ‘estatura’. literalmente, passava o dia todo lendo-a.

    para encurtar a estória, e eu posso dar maiores detalhes depois caso queira, foi n’este quotidiano de intimidade com ‘a palavra’ que percebi a humanidade da bíblia. foi algo muito difícil e perturbador a princípio. me sentia ‘em pecado’, me sentia aliás, o maior dos pecadores da terra que alguma vez viu a luz. me sentia um blasfemo, e tudo isso me pesava como um enorme fardo. n’esta época, minhas preces beiravam ao desespero, pelo medo de me ‘transviar de deus’. e o que eu pensava que seria minha cura, ler a bíblia, em verdade só fez agravar minha ‘enfermidade’ [que era como eu a via antes – uma doença]. resumindo, querendo ‘conhecer mais de deus em sua palavra’, ele tornou-se um desconhecido para mim. haha, 🙂

    passei a rejeitar os ditos ‘valores bíblicos’, as minhas supostas convicções e certezas, e as troquei por algo que batizei de ceticismo-místico-panteista, que não condena nada, que não crê em nada, e que acha tudo verdadeiro e válido. que vê as diferenças como o colorido necessário ao mundo… mas diferente do que possa parecer, isso não se deu de forma simples e rápida. foi algo doloroso e assaz demorado.

    * * *

    às vezes me dou n’estes debates para levar as pessoas a refletirem sua própria fé. às vezes defendo o que se conhece pelo nome de ‘cristianismo’ [que como disse, de cristão não tem nada], ou espiritismo, ou macumba, ou ateísmo, ou mesmo aquele que se tornou meu favorito, o hinduísmo que é pelos ocidentais muito mal interpretado [sequer é politeísta como dizem]. depende da ocasião… depois que me libertei de minha escravidão, pude estudar mais honestamente as outras crenças e a minha ex-crença. os passados reveladores das mentiras do presente.

    já adianto que em meu processo de libertação não estão envolvidos os mal-falados filósofos. nem mesmo depois li muito sobre filosofia. a bíblia mesmo que me desencaminhou do que preconiza…

    não sou ateu, nem amo a ciência – inclusive nutro uma saudável abominação por ela. não sei se há um deus, ou se uma assembléia d’eles está a nos mirar ou ser indiferente agora. tanto faz… o importante é viver. não se preocupar de mais com estas coisas ‘do além’.

    há muito mais além d’isso, tentei dar uma boa resumida. espero não ter ficado confuso e remendado! sim, já ia me esquecendo. disse que não seria difícil de crer por que a maioria dos céticos tem um passado religioso. o próprio nietzsche do post, nasceu em família luterana e era cotado para ser pastor. e a muitos outros ocorre o mesmo. claro que cada um tem o ceticismo aflorado por motivos diferentes, e desenvolve as intenções de seu ceticismo de formas diferentes.

    quanto a mim, não quero animosidades com ninguém, entendo que o que me aconteceu fui uma fatalidade [no sentido real da palavra – ‘inevitável’] e não espero por entendimento de outras partes. mas busco entender os outros. sempre penso que seria mais fácil estar em minha vida antiga de devoções tão tapada para as ‘feiuras do mundo’, aspirante por uma consolação ‘certa’ no porvir. contudo, aquilo que se tornou mais difícil – ser incrédulo – me deu alegria maior. gozo de uma liberdade mais doce e atraente [e que com isso não se entenda uma vida libertina].

    carpe diem

Deixe um comentário para Renata Cancelar resposta