Gustav Holst (1874-1934) / György Ligeti (1923-2006) / Tom Zé (1936) e Rita Lee (1947) – Os Planetas / Lux Aeterna / 2001

Vamos a um papo sideral, mas não siderado, ainda: Holst, nascido em 12 de Setembro de 1874 de mãe inglesa e pai sueco, devia ser um desses chatos que adoram astrologia. Nada contra, o problema é que essas pessoas gostam de expressar sua admiração por esta ciência e fazem perguntas, perguntas, perguntas… A fama de Gustav Holst procede principalmente desta obra. Escreveu The Planets durante os finais de semana enquanto trabalhava como professor na St. Paul´s Girls´School de Hammersmith (Inglaterra). Doente de asma, Holst não pode chegar a ser o concertista de piano que ambicionava ser. Seu interesse pelo hinduísmo o levou a aprender o sâncristo… Era um bicho-grilo doente, algo assim. Fruto do seu apaixonado interesse pelo misticismo hindu escreveu ópera Sita (1899-1906) em três atos. Como todo bicho-grilo que se preze, era vegetariano. Já viram.

Composto entre 1913 e 1916, depois que Holst se interessara profundamente pela astrologia, Os Planetas descreve musicalmente as influências planetárias no horóscopo. De Marte expressava seu espírito independente e ambicioso; de Vênus, seu indiscutível afeto e capacidade emotiva; de Mercúrio sua adaptabilidade, rapidez e inteligência e de Júpiter sua capacidade de nos dar abundância e perseverança, algo de que nunca duvidei. Também foi influenciado pelas leituras do um astrólogo qualquer que demonstrava o autêntico papel dos planetas sobre os acontecimentos mundiais. Um super bicho-grilo!

Não obstante, é boa música.

Ligeti era mais razoável e foi levado ao estrelato por outro gênio, Stanley Kubrick, que utilizou justamente Lux Aeterna (1966) em 2001, Uma Odisséia no Espaço (para os brasileiros). Ao que me consta, era uma pessoa normal.

Lux Aeterna é espetacularmente caricaturizada na canção 2001 de Tom Zé e os Mutantes. O arranjador era um imenso talento: Rogério Duprat. Deixamos também esta obra-prima da música brasileira e da ironia universal para ser baixada no PQP Bach. Desta forma, somos obrigados a incluir Tom Zé e Rita Lee em nossa lista de autores. Já estou rindo das críticas daqueles que consideraram a inclusão do jazz um desvio da linha cultural do blog. Certamente terão de protestar novamente, mas desta vez já venho armado e aviso que não responderei aos comentários hostis. Afinal, preconceito é feio, burro e causa acne. Então, de forma profilática, mando-os de antemão tomarem no rabo. Bem, voltando a nosso assunto: exatamente aos 2 minutos da canção, entra Ligeti. Não vá se perder por aí.

Os Planetas

1. Marte, Deus da Guerra
2. Vênus, Deus da Paz
3. Mercúrio, Mensageiro Alado
4. Júpiter, Deus da Alegria
5. Saturno, Deus da Velhice
6. Urano, o Mago
7. Netuno, o Místico

Coro do Conservatório da Nova Inglaterra
Orquestra Sinfônica de Boston
William Steinberg

8. Lux Aeterna

Coro da Rádio do Norte da Alemanha
Helmut Franz

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

2001 (Tom Zé-Rita Lee) pelos Mutantes
Arranjo de Rogério Duprat

BAIXE AQUI A 2001 DOS MUTANTES- DOWNLOAD HERE 2001 BY MUTANTES

PQP

17 comments / Add your comment below

  1. P.Q.P
    Voltou a dar o mesmo problema anterior para visualizar o Blog no Firefox 3.0.1. Para quem usa o Firefox na versão mencionada, o último post que aparece é o de 29 de jul. 2008, sobre Mozart CD 4 de 10.
    Quincas.

  2. Desculpe SANDER , mas DUPRAT com quem tive o prazer de conversar ,mais de uma vez ,era um BAITA MAESTRO e conhecia música como poucos,adorava música moderna e vivia recluso em seu sítio,meio bicho grilo mesmo,fazendo artesanatos, cozinhando e ouvindo música.Tive o privilégio de conhece-lo pessoalmente pois durante tres anos fiz residência médica no hospital de seu irmão em SaMPA e quando aparecia eu o ficava TIETANDO.
    Duprat fez o magistral arranjo da paupérrima música CONSTRUÇÃO de CHICO BUARQUE e infelizmente o ”Compositor ” não colocou até hoje os créditos da música no disco.
    A música é muito pobre em que pese a beleza da letra com rimas exclusivas em proparoxítono, mas o ARRANJO DE DUPRAT merece ser chmado de ”TIRAR LEITE DE PEDRAS”
    Além disso fez grandes outros arranjos para a TROPIC´LIA .
    Como disse PQP ,o preconceito é burro,existe boa e má música, o JAZZ muitas vezes foi muito mais intricado tecnicamente que a música clássica em que pese ainda o olhar preconceituoso de muita gente.
    Zé Ramalho foi maldade convenhamos,DUPRAT era MAESTRO e mais ligado a música EXPERIMENTAL, ATONAL e MODAL,um cara que conhecia como poucos o assunto música, sorria ironicamente,com o ar de sabedoria quando vinham com assuntos de elitismos, com o canto da boca.Sabedoria de quem conhecia muito do assunto e tinha paciência com esnobes.

  3. Duprat é um dos caras que mais admiro na música brasileira. Chico Buarque deu um salto de qualidade no disco Construção com Duprat. Ouça o disco anterior de Chico. São arranjos amadores. Depois de Duprat, Chico nunca mais utilizou arranjos “espontâneos, voluntaristas ou naturais”.

  4. “Afinal, preconceito é feio, burro e causa acne. Então, de forma profilática, mando-os de antemão tomarem no rabo.”

    Ganhei o dia lendo isto!

    Estava a ler hoje um guia de música clássica, cujo nome já fora esquecido, e descobri tantas obras de referência do Holst que fiquei até assustado, sentindo-me extremamente néscio.

    Enfim, obrigado pelo cd, PQP.

    o0o

    Com relação a presente discução sobre Duprat… não tenho muito o que falar. O cara é muito demais. (e ponto)

    Inté
    Rafs

  5. Senhores, e quem disse que estou a diminuir a importância (pobre de mim…) de Duprat?? Isso nem deveria ser cogitado!!! Apenas brinquei com o fato de PQP falar sobre os puristas que acham que o blog deve ser só de música “erudita”, execrando o Jazz, e ter postado um arranjo de Lux Aeterna cantado pelos Mutantes. Por isso ELOGIEI escrevendo “Mandou bem PQP”. E citei Zé Ramalho para arrematar. Catzo, parece que falei grego ou o quê??

  6. Parecia ironia,também Zé Ramalho aí eu sou quem digo,nãaaaooo!eheheheh….fiz residência médica no Hospital Unicor e conheci Duprat por que o dono do Hospital era seu irmão,aí ele dava as caras de vez em quando e pude ouví-lo,algumas vezes,na época era fã de CAETANO[1981/83] e ficava lhe perguntando sobre ele…heheh…devo ter lhe enchido o saco.
    Se você tirar os Arranjos do Duprat de CONSTRUÇÃO, musicalmente sobram acho que poucos acordes.Também na música DEUS LHE PAGUE outro arranjo belíssimo, para uma musica pobre(não falo aqui sobre letras).

  7. Na verdade, o arranjo de “Construção” e “Deus lhe pague” é o mesmo.

    O que o Duprat fez foi emendar “Deus lhe pague” no final de “Construção”, num “medley” apoteótico e realmente bem bolado, e que soava como catarse no contexto tenso da época. É o que se poderia chamar, hodiernamente, de arranjo “irado”.

  8. Na verdade, o arranjo das músicas construção e Deus lhe pague são dois arranjos diferentes. Realmente há um “medley” em construção, mas “Deus lhe pague”, por assim dizer, avulsa, embora tenho o mesmo clima de tensão, é outro arranjo, e absolutamente genial.

  9. É um post relativamente antigo, mas…

    Fato interessante é que em uma parte de Marte é usada uma técnica de violino onde usa-se a madeira do arco, e não a crina, nominada col legno em anotação, algo assim. Se estiver errado, corrijam-me.

  10. Preconceito é tratar Chico Buarque como musicalmente pobre, afinal, trata-se de samba com ênfase poética e expressão significativa direta, objetiva e mesmo sentimental ou sensibilizante, em que, portanto, privilegia-se a simplicidade e o lirismo coloquial, numa manifestação de uma identidade propositadamente popular, tipicamente proletária. Deste modo, aquilo que é chamado de pobreza, não passa de uma proposta estética – vide a posição solipicista do violão e da voz – que coloca em foco o caráter de um modo de vida, característico à sociedade do humano-maquinal, no entanto, ainda capaz do contato com a sutileza do belo.
    Há algum tempo que frequento este blog, e tenho aprendido muito sobre a amada grande música. Porém, e mais expressamente na arte popular, quando se toca em termos sociais é preciso que se verta uma atenção histórica para a circunstância da produção, e daí se encontrará sentidos ainda mais amplos que a simples forma. Tem-se muito a saber com os sambistas etc., e falo de antropologia, muito além do âmbito superficial das formas estéticas, trata-se de essência e conteúdo. Parafraseando o inimigo: “aquele que tem ouvidos que ouça”.

  11. Acabei de conhecer o site e estou adorando, muita coisa boa…

    Só queria pedir uma atualização para os planetas que não estão mais disponíveis e a curiosidade tá matando….

    Parabéns aos donos do site…

    Abraços

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