Dmitri Shostakovich (1906-1975) – Integral das Sinfonias – A Décima-primeira (CD 9 de 11)

A Sinfonia Nº 11, Op. 103 – O Ano de 1905 (1957) talvez seja a maior obra programática já composta. Há grandes exemplos de músicas descritivas tais como As Quatro Estações de Vivaldi, a Sinfonia Pastoral de Beethoven , a Abertura 1812 de Tchaikovski, Quadros de uma Exposição de Mussorgski e tantas outras, mas nenhuma delas liga-se tão completa e perfeitamente ao fato descrito do que a décima-primeira sinfonia de Shostakovich.

Alguns compositores que assumiram o papel de criadores de “coisas belas”, vêem sua tarefa como a produção de obras tão agradáveis quanto o possível. Camille Saint-Saëns dizia que o artista “que não se sente feliz com a elegância, com um perfeito equilíbrio de cores ou com uma bela sucessão de harmonias não entende a arte”. Outra atitude é tomada por Shostakovich, que encara vida e arte como se fosse uma coisa só, que vê a criação artística como um ato muito mais amplo e que inclui a possibilidade do artista expressar – ou procurar expressar – a verdade tal como ele a vê. Esta abordagem foi adotada por muitos escritores, pintores e músicos russos do século XIX e, para Shostakovich, a postura realista de seu ídolo Mussorgsky foi decisiva. A décima primeira sinfonia de Shostakovich tem feições inteiramente mussorgkianas e foi estreada em 1957, ano do quadragésimo aniversário da Revolução de Outubro. Contudo, ela se refere a eventos ocorridos antes, no dia 9 de janeiro de 1905, um domingo — o Domingo Sangrento –, quando tropas czaristas massacraram um grupo de trabalhadores que viera fazer um protesto pacífico e desarmado em frente ao Palácio de Inverno do Czar, em São Petersburgo. O protesto, feito após a missa e com a presença de muitas crianças, tinha a intenção de entregar uma petição — sim um papel — ao czar, exatamente esta aqui, solicitando coisas como redução do horário de trabalho para oito horas diárias, assistência médica, melhor tratamento, liberdade de religião, etc. A resposta foi dada pela artilharia, que matou mais de cem trabalhadores e feriu outros trezentos.

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O primeiro movimento descreve a caminhada dos trabalhadores até o Palácio de Inverno e a atmosfera soturna da praça em frente, coberta de neve. O tema dos trabalhadores aparecerá nos movimentos seguintes, porém, aqui, a música sugere uma calma opressiva.

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O segundo movimento mostra a multidão abordar o Palácio para entregar a petição ao czar, mas este encontra-se ausente e as tropas começam a atirar. Shostakovich tira o que pode da orquestra num dos mais barulhentos movimentos sinfônicos que conheço, apesar de que Haitink supera em muito Kondrashin neste movimento.

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O terceiro movimento, de caráter fúnebre, é baseado na belíssima marcha de origem polonesa Vocês caíram como mártires (Vy zhertvoyu pali) que foi cantada por Lênin e seus companheiros no exílio, quando souberam do acontecido em 9 de janeiro.

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O final – utilizando um bordão da época – é a promessa da vitória final do socialismo e um aviso de que aquilo não ficaria sem punição.

CD 9

SYMPHONY No.11 in G Minor, Op.103
1. The Palace Square (Adagio)
2. January 9th (Allegro)
3. In Memoriam (Adagio)
4. Tocsin (Allegro non troppo)

Recorded: September 7, 1973
Moscow Philharmonic Orchestra
Kirill Kondrashin, Conductor
Total time 56:54

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.: interlúdio anexo, sobre Kind of Blue :.

Eu, também responsável, não poderia deixar postagem de tal monta (veja abaixo) passar sem oferecer alguma informação. Pois trabalho em conjunto com FDP e trago um pouco de literatura e um punhado de dados para enriquecer a experiência de novatos e veteranos.

Kind Of Blue

 

Kind of Blue em tópicos rápidos
• Gravado em 22 de março (lado A, as três primeiras faixas) e 09 de abril de 1959 (lado B)
• Lançado em 17 de agosto daquele mesmo ano
• O álbum mais vendido da história do jazz
• E um dos mais importantes e influenciais de toda a música
• Nasceu do esgotamento do bebop diante da criatividade de Miles
• E do seu encontro com um livro chamado Lydian Chromatic Concept of Tonal Organization
• Kind of Blue, em termos de composição, foi precedido pela faixa Milestones, do disco homônimo de 58
• Marca o surgimento do jazz modal – baseado em escalas, ao invés de acordes
• E disso, um retorno à melodia, ao invés do duo técnica + velocidade do bebop
• É um disco que flui fácil nos ouvidos à primeira audição; na segunda, se percebe a enorme complexidade dos temas
• Gênio? disse Bill Evans: “Miles conceived these settings (as escalas) only hours before the recording dates.

“So What” consists of a mode based on two scales: sixteen measures of the first, followed by eight measures of the second, and then eight again of the first. “Freddie Freeloader” is a standard twelve bar blues form. “Blue in Green” consists of a ten-measure cycle following a short four-measure introduction. “All Blues” is a twelve bar blues form in 6/8 time. “Flamenco Sketches” consists of five scales, each to be played “as long as the soloist wishes until he has completed the series”.

• Evidentemente, a banda também não sabia quase nada sobre o que gravaria ao chegar no estúdio
• Wynton Kelly, que havia substituído Bill Evans há pouco no grupo de Davis, toca apenas “Freddie Freeloader”
• E Cannonball Adderley não participa de “Blue in Green”
• Sobre a obra, definiu Chick Corea: “It’s one thing to just play a tune, or play a program of music, but it’s another thing to practically create a new language of music, which is what Kind of Blue did.”

Este cão, que não sabe contar – e muito menos entende de teoria musical – apenas esmigalha informação disponível, e lembranças, para os leitores. Assim como não esquece da melhor crônica que já leu sobre Kind of Blue, escrita no blog de Rafael Galvão – e compartilha. Inadvertidamente, a copio abaixo. É também resenha do livro de Ashley Kahn sobre Kind of Blue. Leiam logo, antes que ele descubra.

 

Kind of Blue
Oct 5th, 2007 por Rafael Galvão

Há algo de desgraçado no jazz. Algo que faz com que ninguém o ouça impunemente, que condena aquele que o conhece a nunca mais conseguir voltar atrás, a nunca mais se contentar de verdade com menos que aquilo; algo que eleva, para sempre, os padrões pelos quais se julga a música, qualquer tipo de música, não apenas a popular.

É difícil, para aquele que ouve o trumpete de Louis Armstrong, ouvir qualquer outra música com trumpete e não exigir que tenha a mesma qualidade, a mesma qualidade dramática, a mesma síncope, o mesmo swing — em última instância, as mesmas notas altas e desesperadas. E isso vale também para o piano, para o trombone, para o saxofone. É no jazz que a banda de música tradicional atinge o ápice, que eleva a arte de tocar esses instrumentos à perfeição.

O jazz é a forma superior de música popular. É o que de melhor fez um século que viu a música erudita se diluir em redundâncias medíocres como as trilhas para cinema ou grandes vazios como a música experimental, e que teve como principal trilha sonora o rock e o pop, galhos menos floridos do mesmo tronco que gerou o jazz.

E Kind of Blue, disco de Miles Davis, é a forma superior de jazz. Nunca mais o jazz atingiria um ponto semelhante, de perfeição quase absoluta. Foi ali, em um disco com a participação de mestres como John Coltrane e Bill Evans, gravado em duas sessões, com o primeiro take sendo o que valia, que o jazz atingiu a perfeição. Kind of Blue é um desses discos fundamentais por uma razão: é perfeito. Das notas iniciais de So What à última nota de All Blues, o que se tem não é a apenas a obra-prima do que chamavam jazz modal; é uma síntese de tudo o que o jazz tinha feito até aquele momento, do dixieland ao bebop: é a música popular elevada ao nível máximo que ela pode alcançar, quase ao nível da música erudita tradicional.

Embora tenham sido Louis Armstrong e Duke Ellington a dar ao jazz o status de arte, foi aquela geração — Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Miles Davis e John Coltrane, pela ordem — que elevou o jazz ao ponto máximo da música ocidental. Uma geração ambiciosa, consistente, que explodia os limites da música e apontava uma infinidade de caminhos ao mesmo tempo em que solidificava, com um talento nunca mais igualado, uma tradição de 50 anos de jazz. Infelizmente, quase na mesma época surgiria Ornette Coleman com uma nova mudança, e a porteira seria aberta para bobagens como free jazz e fusion; mas isso não importa. Ouve Ornette Coleman quem quer e quem gosta. O importante, mesmo, é que há um disco que explica, sem sequer uma palavra, o que é o jazz, que concentra em cinco faixas cinqüenta anos do mais assombroso gênero musical que o século XX criou. E esse disco é Kind of Blue.

A Barracuda, do Freddy Bilyk, lançou no começo deste ano um livro que conta a saga desse disco: “Kind of Blue — A história da obra prima de Miles Davis“, de Ashley Kahn, conta a história desse disco de maneira inteligente e simples. Contextualiza o disco em sua época e nas trajetórias de seus músicos, sem perder tempo com fofocas e explorações sensacionalistas ou simplesmente mundanas de detalhes pouco importantes, como os problemas com drogas que praticamente todos eles enfrentaram.

Kahn mostra o processo de criação das músicas, explicando a razão de cada termo utilizado com clareza e simplicidade notáveis. Detalha cada sessão, e explica cada música de um jeito simples mas completo. Explica por que o disco foi tão importante. E explora o legado de um álbum que foi recebido sem tanta euforia, mas que aos poucos se consolidou como o disco mais importante da história do jazz.

A importância de Miles Davis pode ser medida pelo que ele disse em um jantar na Casa Branca. Naquela ocasião, ele não mentiu. E Kind of Blue foi uma dessas revoluções. Talvez não tão importante, do ponto de vista “revolucionário”, quanto Birth of Cool; mas um disco estupidamente superior.

Por explorar com simplicidade um assunto tão fascinante mas ao mesmo tempo tão complexo, “Kind of Blue” é um daqueles livros indispensáveis para quem gosta de jazz, mas também para músicos que querem saber como pode funcionar uma sessão de gravação. É importante, também, para compositores que buscam densidade em seu processo criativo.

Há alguns anos, a Gabi me convidou para escrever uma coluna sobre jazz no site da Antena 1. A resposta foi a costumeira, uma recusa, mas dessa vez não foi apenas pela falta de tempo crônica: eu sabia que jamais poderia escrever sobre jazz porque isso requer uma erudição que eu, definitivamente, não tenho. Palavras e expressões como diatônica, escala cromática, modalismo não fazem parte do meu vocabulário habitual. E ler “Kind of Blue” me deixou com a certeza de que eu estava certíssimo ao dizer não. Mas, ainda mais que isso, me deu o conforto de saber que um sujeito como Ashley Kahn pode tornar essas palavras difíceis compreensíveis até para mim.

 

Antonio Vivaldi (1678 — 1741) – Concertos para Flauta

Bons discos de concertos de Vivaldi há aos montes. Este é mais um. Com a grife da Harmonia Mundi – o que nunca é desprezível -, este CD traz sete concertos para uma e duas flautas. Creio que são os melhores que o Padre Rosso compôs para o instrumento, pois mais parece uma antologia de obras conhecidas e admiradas. Um CD consistente e bom, que não pode faltar na “discoteca básica”.

Vivaldi – Concertos para Flauta

1-3. Concerto In D Major, RV 427: Concerto In D Major, RV 427 (Re Majeur – D-Dur)
4-6. Concerto In G major, RV 438: Concerto In G major, RV 438 (Sol Majeur – G-Dur)
7-9. Concerto In A Minor, RV 440: Concerto In A Minor, RV 440 (La Mineur – A-Moll)
10-12. Concerto In C Major, RV 533: Concerto In C Major, RV 533 (Do Majeur/C-Dur) – para duas flautas
13-15. Concerto In D Major, RV 428: Concerto In D Major, RV 428, ‘il gardellino’ – para duas flautas
16-18. Concerto In G Major, RV 436: Concerto In G Major, RV 436 (Sol Majeur – G-Dur)
19-21. Concerto In D Major, RV 429: Concerto In D Major, RV 429 (Re Majeur – D-Dur)

Janet See (Flute)
Stephen Schultz (Flute)
Philharmonia Baroque Orchestra (Orchestra)
Nicholas McGegan (Conductor)

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.: interlúdio :.

Hesitei quase a semana inteira para postar este álbum. Já havia subido o arquivo há alguns dias, e eu pensando, será que não vou arranjar briga com os leitores mais conservadores do blog? Será que PQP, FDP e CDF não irão me botar pra dormir na rua, enquanto Clara joga no lixo todos os meus brinquedos – entre eles o meu fone de ouvido de mascar que eu tanto gosto?

Ora, também não haverá de ser para tanto. É sexta-feira, e este é um disco de sextas-feiras. Leve e bem-humorado, simples aos ouvidos, harmônico e, como eu, bem-intencionado.

Quase todo mundo conhece Björk – se não pela voz, pelas esquisitices que comete em nome de sua música e imagem avant-garde. O que quase todo mundo ignora, porém, é que antes mesmo de lançar-se em carreira solo, a pequena islandesa de voz gigante gravou um disco de standards de jazz. Islandeses, no caso.

O ano era 1990, e o Tríó Guðmundar Ingólfssonar foi incumbido de gravar um disco-memória do jazz local. Sendo uma formação econômica, precisariam de uma voz para a empreitada. O octogenário baterista Steingrímsson lembrou então da garota de 16 anos que vivia zanzando pelos corredores da rádio (onde mantinham há muito um programa ao vivo), apaixonada por jazz, e que estava sempre em bandas malucas de rock. Björk – a essas alturas, com 24 de idade – topou na hora, e foi a responsável por criar o setlist. Além das canções locais, alguns temas internacionais – como “I Can’t Help Loving that Man”, “Ruby Baby” e “You Can’t Get A Man With A Gun” (aqui traduzida para “Það Sést ekki Sætari Mey”). Daí já se pode notar a tônica: jazz-pop dos anos 50. É disco de platina e, mais que amor de verão, durou excursões até 1992 – quando Steingrímsson morreu.

Às vezes easy-listening, noutras dançante; singelo e honesto álbum, onde, é claro, a voz de Björk reina com descontração. Vai bem com vinho branco e sorrisos.

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Björk Guðmundsdóttir & Tríó Guðmundar Ingólfssonar: Gling-Gló (224)
Björk Guðmundsdóttir: voice
Guðmundur Ingólfsson: piano, tambourine
Guðmundur Steingrímsson: drums, maracas, christmas bells
Þórður Högnason: bass

Produzido por Tómas Tómasson para a Smekkleysa

download – 90MB
01 Gling gló 2’44
02 Luktar-Gvendur 4’05
03 Kata Rokkar 2’56
04 Pabbi Minn 2’44
05 Brestir og Brak 3’23
06 Ástartröfrar 2’43
07 Bella símamær 4’00
08 Litli tónlistarmaðurinn 3’23
09 Það Sést ekki Sætari Mey 4’00
10 Bílavísur 2’38
11 Tondeleyo 3’29
12 Ég Veit ei Hvað Skal Segja 3’03
13 Í dansi með þér 2’26
14 Börnin við Tjörnina 2’46
15 Ruby Baby 4’00
16 I Can’t Help Loving That Man 3’40

Boa audição!

Morton Feldman (1926 – 1987): Piano and Orchestra; Flute and Orchestra; Oboe and Orchestra; Cello and Orchestra

É difícil definir a música de Morton Feldman. Mas se temos intimidade com pintura abstrata ou o teatro de Beckett, esta tarefa fica mais simples. A música de Feldman é o espaço pintado com sons, só que sem ritmo, melodia ou mesmo qualquer forma. A estrutura de Feldman é a não-estrutura. O risco é a monotonia e, mesmo para ouvintes calejados, é apenas essa sensação que parece existir. A música de Feldman não oferece pontos para nos apoiarmos, o ouvinte segue os sons com os mesmos olhos de quem segue um quadro de Pollock.

Esse disco oferece quatro obras importantes, todas elas escritas na década de 1970, época que Feldman já começava a encontrar seu próprio estilo. Apesar dos títulos das obras, todas elas são anti-concertos, pois nenhum dos solistas é mais importante que a orquestra, e nem há diálogo entre eles. A construção é aquela que já disse no início, a orquestra e o solista se completam na criação de um espaço sonoro, sem início, fim ou desenvolvimento. No entanto, extremamente cativante, pois dá ao ouvinte uma sensação de vagar em terreno misterioso e belíssimo. Não se enganem com a primeira impressão (como já aconteceu comigo), Morton Feldman foi um compositor dos grandes.

Disco: 1
1. Flute And Orchestra
2. Cello And Orchestra

Disco: 2
1. Oboe And Orchestra
2. Piano And Orchestra

Performed by Runkfunk-Sinfonieorchester Saarbrucken
Conducted by Hans Zender

BAIXE AQUI DISCO 1 – DOWNLOAD HERE

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Johann Rosenmuller (1619 – 1684) – Sonatas de Câmara e Sinfonias

Não sei se eu ouvi este CD de forma desatenta… Será? O fato é que a única coisa que eu posso dizer dele é que Savall é ótimo, mas Rosenmuller é rotineiro, comum. O alemão Rosenmüller viveu quase toda sua vida em Veneza. Ele foi trombonista na Basílica de São Marcos. Ao final da vida, voltou à Alemanha, onde suas obras instrumentais “italianas” passaram a ser referência para outros compositores, talvez maiores… Vou ouvir novamente hoje à noite.

Rosenmuller – Sonatas de Câmara e Sinfonias

1 Sinfonia Seconda in D major (Venezia 1667)
2 Sonata No. 7 in D minor (Nürnberg 1682)
3 Sinfonia No. 4 in G minor (Venezia 1667)
4 Suite No. 1 in C major (Leipzig 1654)
5 Sonata No. 11 in A major (Nürnberg 1682)
6 Sinfonia No. 1 in F major (Venezia 1667)
7 Sonata No. 9 in D major (Nürnberg 1682)

Jordi Savall
Hesperion XX

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Dmitri Shostakovich (1906-1975) – Integral das Sinfonias – A Décima (CD 5 de 11)

Este monumento da arte contemporânea mistura música absoluta, intensidade trágica, humor, ódio mortal, tranqüilidade bucólica e paródia. Tem, ademais, história bastante particular.

Em março de 1953, quando da morte de Stalin, Shostakovich estava proibido de estrear novas obras e a execução das já publicadas estava sob censura, necessitando autorizações especiais para serem apresentadas. Tais autorizações eram, normalmente, negadas. Foi o perí­odo em que Shostakovich dedicou-se à música de cãmara e a maior prova disto é a distância de oito anos que separa a nona sinfonia desta décima. Esta sinfonia, provavelmente escrita durante o perí­odo de censura, além de seus méritos musicais indiscutíveis, é considerada uma vingança particular contra Stalin. Primeiramente, ela parece inteiramente desligada de quaisquer dogmas estabelecidos pelo realismo socialista. Para afastar-se ainda mais, seu segundo movimento contém exatamente as ousadias sinfônicas que deixaram Shostakovich mal com o regime stalinista. Não são poucos os comentaristas consideram ser este movimento uma descrição musical de Stálin: breve, é absolutamente violento e brutal, enfurecido mesmo, e sua oposição ao restante da obra faz-nos pensar em segundas intenções do compositor. Para completar o estranhamento, o movimento seguinte é pastoral e tranqüilo, contendo o maior enigma musical do mestre: a orquestra pára, dando espaço para a trompa executar o famoso tema baseado nas notas DSCH (ré, mi bemol, dó e si, em notação alemã) que é assinatura musical de Dmitri SCHostakovich, em grafia alemã. Para identificá-la, ouça o tema solo executado pela trompa. Ele será repetido quatro vezes. Ouvindo a sinfonia, chega-nos impressão de que, tendo sobrevivido à Stálin, Shosta canta diz insistentemente: Stalin está morto, DSCH, não. O mais notável da décima é o tratamento magistral em torno de temas que se transfiguram constantemente.

Um ano depois, em 1954, a Décima já tinha status de obra-prima no Ocidente. Stokowiski, Ormandy e Mitropoulos a gravaram, o último em registro fenomenal para a CBS. É um documento de uma época. Combina uma visão épica dos acontecimentos do inverno stalinista com os mais aterradores insights, tão característicos do último Shostakovich.

É música de primeira linha. Lembro de ter solicitado sua execução para a Rádio da UFRGS em 1974. Fui atendido e a Décima tornou-se parte do repertório habitual da emissora…

CD 5

SYMPHONY No.10 in E Minor, Op.93

1. Moderato
2. Allegro
3. Allegretto
4. Andante. Allegro

Recorded: September 24, 1973
Moscow Philharmonic Orchestra
Kirill Kondrashin, Conductor

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Dmitri Shostakovich (1906-1975) – Integral das Sinfonias – A Nona (CD 8 de 11)

Obs.: No original, a Nona vem acompanhada pela Décima-Quinta, a última. Eu é que resolvi separá-las, pois se algum de vocês está acompanhando minhas curtas introduções, ao final saberão que não faz o menor sentido ouvi-las juntas.Depois da Sétima e da Oitava, terminada a Segunda Guerra Mundial, era esperada uma nova, heróica e grandiosa sinfonia. Stálin era uma pessoa curiosa, pois amava a música e incomodava os compositores soviéticos com mensagens e pedidos que, mesmo quando gentis, eram atemorizantes. Todos sabiam o que a Nona deveria ser. Ela deveria saudar a vitória na guerra na pessoa de Stálin. Porém, se o mandatário alguém curioso e cheio de pedidos, Shostakovich era sarcástico e compôs uma Nona que nada tinha a ver com glorificações. A Nona de Shosta corresponde ao que é a Oitava de Beethoven, uma “pequena e despretensiosa sinfonia”. Só que se lá Beethoven foi gentil e haydniano, aqui nosso amigo fez todo o tipo de brincadeiras, principalmente marciais. É um deboche ao que se esperava que fosse. Na época, Shostakovich era uma personalidade mundial e podia escrever o que bem entendesse. Já para estrear suas obras era outra história.

Antes de morrer, Shosta disse que escrevera muitas sinfonias e arrependia-se de algumas. Espero sinceramente que uma delas não seja esta Nona alegre, jocosa, bonitinha e cheia de intenções irônicas. Acho que ele se referia à Segunda, Terceira e Décima-Segunda Sinfonias, verdadeiros fracassos musicais… (opinião minha, claro).

A Nona tem dois movimentos lentos que poderiam ser considerados “sérios” e onde os sopros têm ganham enorme destaque. OK, mas mesmo assim eles afastam-se de tal forma da grandiosidade de suas sinfonias anteriores e principalmente daquilo que lhe era requerido que… E, como se não bastasse, os movimentos que abrem e fecham a sinfonia são efetivamente sarcásticos, verdadeiras distorções sobre a “música heróica” tão ao gosto do regime. Mas é música de primeira linha, sem dúvida. Bem, não é para menos que ele apenas tenha estreado a agressiva e espetacular Décima após a morte de Stálin. Talvez o homem não tivesse suportado outra reversão de expectivas.

CD 8

SYMPHONY No.9 in E Flat Major, Op.70
1. Allegro
2. Moderato. Adagio
3. Presto
4. Largo
5. Allegretto. Allegro

Recorded: March 20, 1965
Moscow Philharmonic Orchestra
Kirill Kondrashin, Conductor

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George Philipp Telemann (1681-1767) – Suítes para Orquestra

Durante uma época de nosso blog, fomos pressionados – sem dar nenhuma importância à pressão, como sempre – a postar Telemann. Eu gosto de Telemann, mas seus discos são todos meio parecidos, não? Um concertinho para flauta aqui, uma suitezinha ali e, para terminar, aquelas famigeradas peças para flauta solo.

Nada a ver com este extraordinário CD da Berlin Akademie für Alte Musik que chega com obras realmente raras e divertidas. A tal Suite Alster, por exemplo, é maravilhosa, cheia de humor e algo sarcástica. Este CD merece estar ao lado dos melhores de Telemann, como aqueles gravados pela Musica Antiqua Köln. Ouvi várias vezes e garanto-lhes que é biscoito fino. O grupo berlinense é uma coisa de louco.

Telemann – Suítes para Orquestra

1. Ouverture – D Major – Jubeloratorium fur die Hamburger Admiralitat
2. Suite ‘Alster’: 1. Overture. Adagio maestoso – Allegro – Adagio
3. Suite ‘Alster’: 2. Die Kanonierende Pallas. Allegro
4. Suite ‘Alster’: 3. Das Alster-Echo. Allegretto
5. Suite ‘Alster’: 4. Die Hamburgischen Glockenspiele
6. Suite ‘Alster’: 5. Der Schwanen Gesang
7. Suite ‘Alster’: 6. Der Alster-Schafer Dorfmusik
8. Suite ‘Alster’: 7. Konzertierende Frosche und Krahen
9. Suite ‘Alster’: 8. Der ruhende Pan
10. Suite ‘Alster’: 9. Der jauchzende Pan
11. Suite ‘Alster’: 10. Der frohlokende Peleus
12. Suite ‘Alster’: 11. Der Schafer und Nymphen eilfertiger Abzug
13. Suite ‘La Musette’: 1. Overture. Maestoso – Allegro – Maestoso
14. Suite ‘La Musette’: 2. Napolitaine – (Trio)
15. Suite ‘La Musette’: 3. Polonaise
16. Suite ‘La Musette’: 4. Murky
17. Suite ‘La Musette’: 5. Menuet – (Trio)
18. Suite ‘La Musette’: 6. Musette
19. Suite ‘La Musette’: 7. Harlequinade
20. Suite ‘La Chasse’: 1. Ouverture. Lento – Allegro – Lento
21. Suite ‘La Chasse’: 2. Passepied I
22. Suite ‘La Chasse’: Passepied II
23. Suite ‘La Chasse’: 3. Sarabande
24. Suite ‘La Chasse’: Rigaudon
25. Suite ‘La Chasse’: 5. Le Plaisir
26. Ouverture jointe d’une suite tragi-comique: 1. Ouverture. Lentement – Vile – Lentement
27. Ouverture jointe d’une suite tragi-comique: 2. Le Podagre. Loure
28. Ouverture jointe d’une suite tragi-comique: 3. Remede experimente: la poste et la danse. Menuet en rondeau
29. Ouverture jointe d’une suite tragi-comique: 4. L’hypocondre. Sarabande – Gigue – Sarabande – Bourree – Sarabande
30. Ouverture jointe d’une suite tragi-comique: Remede: souffrance heroique. Marche
31. Ouverture jointe d’une suite tragi-comique: Le petit-maitre. Rondeau
32. Ouverture jointe d’une suite tragi-comique: Remede: petite-maison. Furies

Berlin Akademie für Alte Musik

BAIXE AQUI (Part 1) – DOWNLOAD HERE (Part 1)

BAIXE AQUI (Part 2) – DOWNLOAD HERE (Part 2)

Felix Mendelssohn Bartholdy (1809-1847) – Symphony nº 4 in A Minor, op. 90, Symphony nº 5 in D minor, op. 107, ¨Reforma”, Overture for Wind Instruments, op. 24

Desde seus primeiros acordes a Sinfonia Italiana me traz uma sensação de bem-estar. Ela é alegre, até mesmo divertida em certos momentos. Seu primeiro movimento é de uma leveza que sempre me traz para a cabeça o campo, pessoas dançando, comemorando as colheitas, enfim, vejo nela um aspecto bucólico, que me faz bem. Deve ter sido a primeira obra de Mendelssohn que ouvi, antes até mesmo que o Concerto para violino. E desde o começo, ela foi uma de minhas obras favoritas. Como o próprio nome sugere, Mendelssohn a compôs inspirado em uma viagem à Itália, e a estreou em 1833.

A Sinfonia nº 5, já postada aqui, em outra ocasião, pelo mano PQPBach tem um aspecto mais sério, já que se trata de uma homenagem aos 300 anos da Igreja Luterana. O cd ainda traz uma abertura escrita para instrumentos de sopro.

A regência, como sempre, está a cargo de Claudio Abbado frente à Sinfônica de Londres.

Encerro assim a integral das sinfonias e aberturas de Mendelssohn.

Felix Mendelssohn Bartholdy (1809-1847) – Symphony nº 4 in A Minor, op. 90, Symphony nº 5 in D minor, op. 107, ¨Reforma”, Overture for Wind Instruments, op. 24

01 Symphony No4-Allegro vivace
02 Symphony No4-Andante con moto
03 Symphony No4-Con moto moderato
04 Symphony No4-Saltarello
05 Symphony No5-Andante-Allegro con fuoco
06 Symphony No5-Allegro vivace
07 Symphony No5-Andante
08 Symphony No5-Chorale
09 Ouvertüre Harmoniemusik

London Symphony Orchestra
Claudio Abbado

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Ludwig van Beethoven (1770-1827) – 33 Variações para Piano, Op.120, sobre uma Valsa de Anton Diabelli

Preciso comentar? Não, né? Aqui, Pollini está no ápice de seus poderes e, na minha opinião, supera todos os registros que ouvi até hoje (desconheço o trabalho de Marco Alcântara em seu SACD). Mas que sorte póstuma teve este Diabelli! Goldberg também. São as duas maiores obras de variações jamais escritas e ambas homenageiam seres que, se não fossem elas, existiriam apenas em cartórios eclesiásticos sob a forma de papéis amarelados. É o mesmo destino que aguardaria por nós – eu, FDP e CDF Bach -, se não nos fosse dada esta Second Life. Aproveitem que estou bonzinho: não é sempre que posto discos realmente bons em seqüência…

Beethoven – Variações Diabelli

1. Tema (Vivace) 0:52
2. Variation I (Alla marcia maestoso) 1:40
3. Variation II (Poco allegro) 0:51
4. Variation III (L’istesso tempo) 1:12
5. Variation IV (Un poco più vivace) 0:58
6. Variation V (Allegro vivace) 0:50
7. Variation VI (Allegro ma non troppo e serioso) 1:32
8. Variation VII (Un poco più allegro) 1:15
9. Variation VIII (Poco Vivace) 1:23
10. Variation IX (Allegro pesante e risoluto) 1:58
11. Variation X (Presto) 0:37
12. Variation XI (Allegretto) 1:02
13. Variation XII (Un poco più moto) 0:50
14. Variation XIII (Vivace) 0:55
15. Variation XIV (Grave e maestoso) 3:26
16. Variation XV (Presto scherzando) 0:35
17. Variation XVI (Allegro) 0:56
18. Variation XVII 0:58
19. Variation XVIII (Poco Moderato) 1:23
20. Variation XIX (Presto) 0:49
21. Variation XX (Andante) 2:05
22. Variation XXI (Allegro con brio – Meno allegro – Tempo I) 1:09
23. Variation Xxii (Allegro Molto): Alla “Notte E Giorno Faticar” Di Mozart 0:50
24. Variation Xxiii (Allegro Assai) 0:53
25. Variation Xxiv: Fughetta (Andante) 2:49
26. Variation XXV (Allegro) 0:47
27. Variation Xxvi 0:57
28. Variation Xxvii (Vivace) 0:54
29. Variation Xxviii (Allegro) 0:59
30. Variation Xxix (Adagio Ma Non Troppo) 1:07
31. Variation XXX (Andante, sempre cantabile) 1:46
32. Variation Xxxi (Largo, Molto Espressivo) 4:48
33. Variation Xxxii: Fuga (Allegro – Poco Adagio) 2:54
34. Variation Xxxiii (Tempo Di Minuetto Moderato, Ma Non Tirarsi Dietro) 3:57

MAURIZIO POLLINI, piano.

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Citação encontrada na rede

Para um ateu, a vida não possui significância especial e todos nós, seres humanos, somos o produto de dois elementos básicos: chance e evolução. A vida, seja ela material ou espiritual, acaba com a morte. Não há esquemas grandiosos que conferem à nossa existência significância particular, sejam eles de ordem divina ou de qualquer outra natureza. Como ateu, preciso encontrar alguma unidade, alguma estrutura no mundo que me cerca, algum esquema encadeado de coisas, fatos, eventos. Não posso buscar tal estrutura, infelizmente, na religião. A arte de Bach me fornece esse mundo, permeado por harmonias e simetrias matemáticas. Cada nota tem seu lugar, cada peça musical possui encadeamento lógico. A razão conduz à beleza; a beleza não é o objetivo final da expressão artística, esse objetivo sendo sua construção a partir da razão. A expressão artística passa a ser um espelho da harmonia celestial. Para mim, isso é um conforto frente à inexistência de Deus.

Francisco Cribari Neto

(Retirada daqui.)

Una Stravaganza dei Medici

Este é um CD absolutamente maravilhoso da antiga coleção REFLEXE. Concebido pelo genial Andrew Parrott e seus Taverner Consort, reforçados por gente como Emma Kirkby, Tessa Bonner e Nigel Rogers, Una Stravaganza dei Medici nos leva à Florença do final do século XVI. Há vários locais onde se pode aprender sobre a importância histórica e política da música de Malvezzi, por exemplo, mas PQP Bach está mais interessado na perfeição deste conjunto, principalmente no senso de estilo vocal demonstrado por todos os participantes da gravação. Com cantores sem nenhuma entonação operística, Una Stravaganza dei Medici é a melhor aula de interpretação de música antiga que conheço. Esse pessoal que o papagaio conseguiu juntar não é mole. E o som dos trompetes naturais? Bá, chega de blá-blá-blá. Ouçam e confiram.

A gravação é de julho de 1986 e apresenta a música da extragavante festa de casamento entre Ferdinando de Medici e a Grande Duquesa Cristina da Toscana, em 1589. O casamento – de causas e conseqüências puramente políticas, não envolvendo paixão alguma – serviu para que os Medici se realinhassem à França, deixando a Espanha de lado. Cristina era amiga de Galileu, tendo conseguido para ele aquela famosa boquinha como professor na Universidade de Pisa. Chega. Baixem e ouçam!

Só mais uma coisinha, ignaro leitor. Foi numa cartinha escrita para Cristina que Galileu deixou por escrito que a Terra girava em torno do Sol. Isto o colocou contra Aristóteles e Ptolomeu. Ele garantia à Duquesa que os cálculos de Copérnico estava certinhos. A carta fez com que a Maravilhosa Igreja Católica se interessasse pela pele de Galileu e mandasse o pessoal da Inquisição fazer-lhe uma visitinha. PQP é CURTURA. Agora sim, chega!

Mas… Vocês sabem como Galileu comparava os tempos de suas experiências naquela época de péssimos relógios? Pois bem, ele cantava. Confiava mais em si cantando do que nos relógios. Fim.

Una Stravaganza dei Medici

Intermedi per “La Pellegrina” (1589)

Style: Early music

Intermedio I – The Harmony of the Spheres:
01 – Antonio Archilei – Emilio de’ Cavalieri – Dalle piu alte sfere
02 – Cristofano Malvezzi – Noi, che, cantando
03 – Cristofano Malvezzi – Sinfonia a 6 I
04 – Cristofano Malvezzi – Dolcissime Sirene – Non mai tanto splendore
05 – Cristofano Malvezzi – A voi, reali Amanti
06 – Cristofano Malvezzi – Coppia gentil

Intermedio II – The Singing Contest between the Pierides and the Muses:
07 – Luca Marenzio – Sinfonia a 5
08 – Luca Marenzio – Belle ne fe’ Natura
09 – Luca Marenzio – Chi dal defino
10 – Luca Marenzio – Se nelle voci nostre
11 – Luca Marenzio – O figlie di Piero

Intermedio III – Apollo Slays the Monster at Delphi:
12 – Luca Marenzio – Qui di carne si sfama
13 – Luca Marenzio – O valoroso Dio
14 – Luca Marenzio – O mille volte mille

Intermedio IV – The Golden Age is Foretold:
15 – Giulio Caccini – Io, che dal Ciel cader
16 – Cristofano Malvezzi – Sinfonia a 6 II
17 – Cristofano Malvezzi – Or che le due grand’Alme
18 – Giovanni de Bardi – Miseri abitator

Intermedio V – Arion and the Dolphin:
19 – Cristofano Malvezzi – Io, che l’onde raffreno
20 – Cristofano Malvezzi – E noi, con questa bella diva
21 – Girolamo Fantini – Fanfara
22 – Cristofano Malvezzi – Sinfonia a 6 III
23 – Jacopo Peri – Dunque fra torbide onde
24 – Cristofano Malvezzi – Lieti solcando il mare

Intermedio VI – Jove’s Gift to Mortals of Rhythm and Harmony:
25 – Cristofano Malvezzi – Dal vago e bel sereno
26 – Cristofano Malvezzi – O quale, O qual risplende
27 – Emilio de Cavalieri – Godi, turba mortal
28 – Cristofano Malvezzi – O fortunato giorno
29 – Emilio de Cavalieri – O che nuovo miracolo

Tessa Bonner (soprano), Emma Kirkby (soprano), Emily Van Evera (soprano), Nigel Rogers (tenor); Kate Eckersley, Twig Hall, Evelyn Tubb (sopranos); Mary Nichols, Caroline Trevor (altos); John Mark Ainsley, Simon Berridge, Joseph Cornwell, Rogers Covey-Crump, Philip Daggett, Charles Daniels, John Dudley, Paul Elliott, Philip Fryer, Andrew King, Rufus Müller, Leigh Nixon, Mark Padmore, Angus Smith (tenors); Jeremy Birchall, Stephen Charlesworth, Alan Ewing, Simon Grant, Donald Greig, John Milne, Bruce Russell, Richard Savage, Julian Walker, Richard Wistreich (basses); Rachel Bevan, Jill Crozet, Sally Dunkley, Carol Hall, Nicola Jenkin, Rachel Platt, Jane Seymour (sopranos); Terry Anderson, Catherine Woolf (altos); Philip Cartledge, Christopher Gunnes (tenors); Stephen Jackson, Philip Lawson, Simon Littlewood, Ken Roles, Francis Steele (basses); John Holloway (violin), Judy Tarling (viola), Pavlo Beznosiuk (lira da braccio), Nicholas Hayley (lira da braccio), Erin Headley (lirone), Wendy Gillespie (tenor viol), Mark Caudle (bass viol), Richard Boothby (bass viol), Julia Hodgson (bass viol), William Hunt (great bass viol), Alison Crum (great bass viol), Francis Baines (violone), Lisa Beznosiuk (flute), Bruce Dickey (cornet), Michael Harrison (cornet), Charles Toet (trombone), Richard Cheetham (trombone), Trevor Herbert (trombone), Martin Pope (bass trombone), John Toll (organ, regal), Lucy Carolan (organ), Alan Wilson (organ), Andrew Lawrence-King (psaltery, harp), Imogen Barford (psaltery), Frances Kelly (harp), Nigel North (chitarrone), Jakob Lindberg (chitarrone, bass lute), Paula Chateauneuf (chitarrone), William Badley (tenor lute, cittern), Hugh Cherry (tenor lute), David Miller (tenor lute), Paul O’Dette (tenor lute), Christopher Wilson (tenor lute, guitar), Timothy Crawford (bass lute), Martin Eastwell (bass lute), Tom Finucane (bass lute, guitar), James Tyler (mandora), Robert Howes (tambourine), Michael Laird (trumpet), Michael Harrison (trumpet)

Andrew Parrott – Taverner Consort, Choir & Players

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Dmitri Shostakovich (1906-1975) – Integral das Sinfonias – A Oitava (CD 7 de 11)

A espantosa Oitava Sinfonia de Shostakovich é incomparavelmente mais interessante que a Sétima. Segundo Lauro Machado Coelho, seria a melhor de todas as sinfonias de Shosta, opinião da qual discordo. Mas concordo que ela é espetacular e das principais obras do autor. Enquanto os críticos brigavam, discutindo seu real significado esta obra de enorme sucesso desde sua estréia recebia uma curta frase de Shostakovich: A Oitava é, dentro de minha obra, comparável ao que o Réquiem de Anna Akhmátova é na dela..

Sem dúvida, é a maior obra composta sob inspiração da Segunda Guerra Mundial e olha que tivemos uma série bastante importante delas. Britten, Honegger, Prokofiev, Stravinski, Bartók e Schoenberg criaram obras a respeito da Guerra. Ela tinha, evidentemente, tudo para irritar Stalin, principalmente seu final – uma passacaglia em pianissimo -, e o extremamente raivoso e falso Alegretto que desemboca num brutal e kachaturiano Allegro non troppo. Isto é, tudo ao contrário. Nada de glorificação à vitória, mas uma fotografia do horror da guerra, desembocando num Réquiem.

A respeito, disse Iliá Ehrenburg:

Voltei perturbadíssimo do concerto. Parecia-me ter ouvido, de repente, a voz do antigo coro das tragédias gregas. A música possui a imensa vantagem de poder dizer tudo sem ter de mencionar nada.

CD 7

SYMPHONY No.8 in C Minor, Op.65

1. Adagio. Allegro ma non troppo. Allegro. Adagio
2. Allegretto
3. Allegro non troppo
4. Largo
5. Allegretto. Allegro. Adagio. Allegretto. Andante

Recorded: April 11, 1967
Moscow Philharmonic Orchestra
Kirill Kondrashin, Conductor
Total time 56:36

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Georg Friedrich Handel (1685 – 1759) – Música para Fogos de Artifício e Quatro Hinos de Coroação

Mais um disco da categoria “discoteca básica”. sabe o que tem de bom esta gravação? É que ela é desavergonhada e é capaz de enfrentar os tais fogos de artifício. São 24 oboés! Nove trompas! Nove trompetes! Doze fagotes! Quatro pares de tímpanos! Um par de tímpanos extra-large! O efeito de música de rua, pronta para enfrentar os fogos de artifício, é mantido e o efeito é o melhor possível. Exagero? Claro que não, é apenas autenticidade. Foi assim.

Este CD é divertidíssimo, um show de bola. Meio espalhafatoso, mas um show de bola.

Georg Friedrich Handel – Música para Fogos de Artifício e Quatro Hinos de Coroação

THE FOUR CORONATION ANTHEMS

Zadok the Priest (HWV258) [5’33]
(after I Kings 1,39-48)
1. Zadok the priest and Nathan the prophet anointed Solomon King. And all the people rejoiced and said: God save the King! Long live the King! May the King live for ever. Alleluia. Amen.

My heart is inditing (HWV261) [11’58]
(after Psalm 45: 1, 10, 12 and Isaiah 49:23)
2. My heart is inditing of a good matter; I speak of the things which I have made unto the King. Andante [2’46]
3. Kings’ daughters were among thy honourable women. Andante [2’57]
4. Upon thy right hand did stand the Queen in vesture of gold; And the King shall have pleasure in thy beauty. Andante [3’03]
5. Kings shall be thy nursing fathers, and queens thy nursing mothers. Allegro e staccato [3’08]

Let thy hand be strengthened (HWV259) [7’51]
(Psalm 89:13-14)
6. Let thy hand be strengthened, and thy right hand be exalted. [3’00]
7. Let justice and judgement be the preparation of thy seat. Larghetto [2’58)
8. Alleluia. [1’50]

The King shall rejoice (HWV260) [10’54]
(Psalm 21: 1, 2, 3, 5)
9. The King shall rejoice in thy strength, O Lord. Allegro [2’43]
10. Exceeding glad shall he be of thy salvation. Allegro [3’00]
11. Glory and great worship hast thou laid upon him. A tempo giusto – non tanto allegro. Thou hast prevented him with the blessings of goodness and hast set a crown of pure gold upon his head. Allegro [2’35]
12. Alleluia. Allegro [2’33]

MUSICK FOR THE ROYAL FIREWORKS [20’10]
13. Ouverture [9’45]
14. Bourrée [1’38]
15. La Paix [3’33]
16. La Réjouissance [2’17]
17. Menuet I and II [2’46]

Oxford New College Choir
King’s Consort
Robert King

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Felix Mendelssohn Bartholdy (1809-1847) – Symphony No1,in C Minor, op. 11, Scherzo in G-Minor, op. 20, Ouvertüre Sommernachtstraum, op. 21, Ouvertüre Hebriden, op. 26, Meeresstille und glückliche Fahrt, op. 27

Começo com esta postagem a disponibilizar a integral das sinfonias e aberturas de Mendelssohn. É um projeto antigo, mas que até então não havia ocorrido por não ter uma integral que me satisfizesse. Até ter acesso a essa beleza de BOX da DG.

A carreira de Claudio Abbado é interessante. Antes de se tornar o big boss da Filarmônica de Berlim era um maestro excepcional, com gravações muito boas do repertório romântico e moderno. Lembro-me de um excelente “Pássaro de Fogo”, à frente da Sinfônica de Londres, periodo que considero o mais interessante de sua carreira. Após assumir a batuta da poderosa Berliner Philarmoniker, aparentemente se perdeu o interesse por ele. Os mais tradicionalistas devem tê-lo excomungado por ter se recusado a continuar à frente da orquestra, visto que tradicionalmente o contrato é vitalício, uma espécie de papado da regência, o ápice a que um maestro poderia chegar.

Particularmente, gosto de seu trabalho neste período. Tenho a integral das sinfonias de Beethoven, que considero superior à ùltima integral karajaniana, além de diversas outras gravações. Críticos e resenhistas especializados dizem que ele teria relaxado em tão nobre função.  E após sua saída, voltou a ser o Abbado que todos conhecíamos. Bem, trata-se de uma questão de opiniões.

Pois bem, esta integral de Mendelssohn é uma beleza, creio que obrigatória em qualquer cdteca, gravada ainda nos tempos em que era diretor da Sinfônica de Londres Desde esta 1ª Sinfonia, composta quando o compositor tinha apenas 15 anos de idade, até a Quinta Sinfonia, chamada “A Reforma”, o que encontramos aqui é um excelente regente muito à vontade frente da orquestra. “Abbado’s Fine Mendelssohn Symphony Cycle”, “Superb recordings”, “Excellent Collection of Mendelssohn”, são alguns dos comentários que encontramos sobre ela no site da amazon. Sem contar que preço é uma barbada, já que se tratam de 5 cds.

Bem, neste primeiro cd, temos a 1ª Sinfonia, composta quando Mendelssohn tinha apenas 15 anos de idade. O que encontramos nesta sinfonia é um compositor ainda procurando seu rumo, sob as óbvias influências de Mozart, Haydn e Beethoven. As aberturas que acompanham o cd creio que sejam conhecidas em sua maior parte, principalmente a do “Midsummer Night Dream”, obra que o mano PQP já postou aqui. Então, vamos ao que interessa.

Felix Mendelssohn Bartholdy (1809-1847) – Symphony No1,in C Minor, op. 11,  Scherzo in G-Minor, op. 20, Ouvertüre Sommernachtstraum, op. 21, Ouvertüre Hebriden, op. 26, Meeresstille und glückliche Fahrt, op. 27 

01 Symph No1-Allegro molto
02 Symph No1-Andante
03 Symph No1-Menuetto. Allegro molto
04 Symph No1-Allegro con fuoco
05 Scherzo in G-Minor
06 Ouvertüre Sommernachtstraum
07 Ouvertüre Hebriden
08 Meeresstille und glückliche Fahrt

London Symphony Orchestra

Claudio Abbado

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