Iánnis Xenákis (1922-2001): Anaktoria · Morsima-Amorsima · Oophaa · Charisma · Mists · Mikka / Mikka «S» (Octuor De Paris)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Eu gosto de Xenákis. Ele faz com que nossa sensibilidade se expanda para regiões desconhecidas. E boas. Iánnis Xenákis foi um engenheiro, arquiteto, teórico musical e compositor grego, naturalizado francês. É considerado como um dos mais influentes compositores do século XX. Como arquiteto, Xenakis é conhecido principalmente por seu trabalho junto a  Le Corbusier. Os dois trabalharam juntos na construção da Sainte Marie de La Tourette. Já o Pavilhão Philips na Expo 58 foi concebido exclusivamente por Xenákis. Apaixonado pela antiguidade grega, “nascido com vinte e cinco séculos de atraso”, Xenakis foi um criador da vanguarda mais radical. Compositor, arquiteto, engenheiro, entusiasta da matemática e da informática, foi pioneiro em vários domínios, como a música eletroacústica ou a computação musical. Os seus espetáculos de luz e som conquistaram um vasto público e a vitalidade de sua obra, composta por quase 150 peças, jamais desvaneceu.Pondo em causa os princípios dos movimentos mais importantes da música do pós-guerra, Xenakis inventou uma grande parte das técnicas composicionais que caracterizam a segunda metade do século XX. Autor de um método de composição baseado na matemática e na representação gráfica da notação musical, Xenakis revolucionou a noção de som musical, estando o seu conceito de massas sonoras na origem de timbres inauditos.

Nascido na Roménia de pais gregos, sua família retornou para a Grécia quando tinha dez anos. Lá estudou engenharia em Atenas. Os estudos foram interrompidos pela ocupação nazista. Participou na resistência grega na Segunda Guerra Mundial e na primeira fase da Guerra Civil Grega como membro da companhia de estudantes Lord Byron do Exército de Libertação do Povo Grego. Em Janeiro de 1945, foi ferido por um obus, perdendo um olho, o que lhe desfigurou parte do rosto. Em 1946 finalizou os estudos de engenharia, mas foi perseguido e condenado à morte devido ao seu ativismo político, fugindo para França em 1947. Estabelecido em Paris, em 1948 ingressou no estúdio do famoso arquiteto Le Corbusier, como engenheiro calculista. Em 1956, publicou sua teoria da música estocástica, baseada na teoria dos jogos de John von Neumann, entre outras fontes. Seu livro “Formalized Music: Thought and Mathematics in Composition” é considerado como um dos mais importantes trabalhos teóricos sobre música do século passado.

Iannis Xenakis (1922-2001): Anaktoria · Morsima-Amorsima · Oophaa · Charisma · Mists · Mikka / Mikka «S» (Octuor De Paris)

1 Anaktoria
Ensemble – Octuor De Paris*
13:07

2 Oophaa
Harpsichord [Clavecin] – Elisabeth Chojnacka
Percussion – Sylvio Gualda
12:23

3 Charisma
Cello – Pierre Strauch
Clarinet – Alain Damiens
4:11

4 Mists
Piano – Claude Helffer
12:00

5 Mikka / Mikka «S»
Violin – Maryvonne Le Dizès*
6:22

6 Morsima-Amorsima
Ensemble – Membres De L’Octuor De Paris*
Piano – Jacqueline Méfano
10:48

“Anaktoria” for 2 violins, viola, cello, double bass, clarinet, horn and bassoon, composed in 1969.
“Oophaa” for harpsichord and percussion, composed in 1989.
“Charisma” for clarinet and cello, composed in 1971.
“Mists” for piano, composed in 1981.
“Mikka” and “Mikka «S»” for solo violin composed in 1972 & 1975.
“Morsima-Amorsima” for violin, cello, double bass and piano, composed in 1956-62.

Tracks 1, 6 recorded in 1972. Tracks 2, 3 recorded in 1990. Track 4 recorded in 1985. Track 5 recorded in 1984.
Tracks 2, 3, 4: Radio France recordings.

Tracks 1 to 5 published by Salabert, track 6 published by Boosey.

Durée totale: 59’10

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Iánnis Xenákis

PQP

Iannis Xenakis (1922-2001): Oresteïa

Iannis Xenakis (1922-2001): Oresteïa

Liturgia selvagem e insolente sob o sol da Grécia de Ésquilo, a cantata Oresteïa é tudo menos música decorativa. Iannis Xenakis fascina e encanta o ouvinte com o alegria e o ritmo de seus movimentos, seus coros masculinos grandiosos [Agamenon] e o clamor opressor de suas vozes femininas [Les Chorephores].

As origens da Oresteïa de Iannis Xenakis são quase tão marcantes quanto a própria música. Em algum momento da década de 1960, a cidade de Ypsilanti, em Michigan (EUA), descobriu que seu nome não era derivado de alguma língua nativa americana, mas sim do grego. Cheia de orgulho por sua recém-descoberta associação étnica, a cidade decidiu realizar um festival grego em um anfiteatro construído no campo de beisebol da universidade local. Eles contrataram um autêntico diretor grego e também concordaram em contratar os serviços de um autêntico compositor grego para escrever a partitura incidental. Xenakis abraçou o projeto, escreveu mais de uma hora e meia de música para a produção, que ao que tudo indica foi um grande sucesso. Com o intuito de resgatar o trabalho para a atuação em concerto, Xenakis posteriormente preparou uma cantata com duração de cerca de 50 minutos, acrescentando em meados da década de 1980 o sensacional — e HILARIANTE, na minha opinião — movimento Kassandra – e aqui temos o resultado.

OK, ouvir Oresteïa não é tão fácil de ouvir quanto Alexander Nevsky de Prokofiev, outra cantata que nasceu de, digamos, raízes históricas e geopolíticas, mas qualquer um que pense que Xenakis seja inacessível pode ouvir Oresteïa e reconsiderar este julgamento precipitado. O que dá a essa música seu estranho fascínio é a combinação de elementos vocais geralmente semelhantes a um canto (apesar de hermeticamente atonal), com interlúdios instrumentais de sonoridade primitiva (mas na verdade muito sofisticados tecnicamente). A esse respeito, não estamos tão longe de A Sagração da Primavera, de Stravinsky, das obras vocais de Varèse ou dos cenários posteriores do drama grego de Carl Orff.

Você pode ouvir isso muito claramente no segundo movimento, Kassandra, com sua escrita delirante para percussão e barítono, bem como no canto do refrão em Les Choephores. A escrita instrumental estilizada, muitas vezes monofônica e permeada por estranhos sons de percussão e extremos de altura, adiciona a impressão de rigidez primordial que se adapta perfeitamente bem ao drama.

Iannis Xenakis – Oresteïa

Oresteïa (49:23)
1 Agamemnon 9:44
2 Kassandra 13:47
Baritone Vocals [Solo] – Spiros Sakkas*
Percussion [Solo] – Sylvio Gualda
3 Agamemnon (Suite Et Fin) 4:50
4 Les Choephores 11:44
5 Les Euménides 9:18

Maîtrise de Colmar
Ensemble Vocal d’Anjou
Ensemble de Basse-Normandie
Spiros Sakkas – baritone
Sylvio Gualda – percussion

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Xenakis, estrela grega de Ypsilanti | Foto: Wikimedia Commons

PQP

Taïra / Manoury / Mâche / Dufourt / Varese / Ohana / Kabelac / Xenakis: Música para Percussão

Taïra / Manoury / Mâche / Dufourt / Varese / Ohana / Kabelac / Xenakis: Música para Percussão

Em janeiro de 2017, eu e minha mulher assistimos a um belo concerto de música de percussão na Royal Academy of Music em Londres. É muito legal ver um grupo de percussão no palco. Eles se mexem muito, mudam de instrumentos, são obrigados a fazerem o diabo. Este álbum duplo não é tão interessante quanto aquele concerto cheio de obras de Steve Reich, mas é muito bom. Eu gosto das radicais alterações da sonoridade e das surpresas que ocorrem a cada faixa. As obras de Manoury, Ohana (com citações a Sonata para Dois Pianos e Percussão de Bartók), Kabelac e Xenakis — nossa!, viajei muito ouvindo esse Xenakis, é sensacional — são muito boas. De resto, os batedores de panela venceram e o futuro está fechado para a arte.

Taïra / Manoury / Mâche / Dufourt / Varese / Ohana / Kabelac / Xenakis: Música para Percussão

1.01 –Yoshihisa Taïra Hiérophonie V 17:16

1.02 –Philippe Manoury Premier Quatuor 1:22
1.03 –Philippe Manoury Duo De Marimbas 6:28
1.04 –Philippe Manoury Sextuor De Sixens 3:23
1.05 –Philippe Manoury Solo De Vibraphone 8:04
1.06 –Philippe Manoury Deuxième Quatuor 2:31
1.07 –Philippe Manoury Sextuor De Sixens 6:43

1.08 –François-Bernard Mâche Khnoum 16:31

1.09 –Hugues Dufourt Sombre Journée 10:51

2.01 –Edgar Varese* Ionisation
Transcription By – Georges Van Gucht
6:18

2.02 –Maurice Ohana Étude 1 3:27
2.03 –Maurice Ohana Étude 2 5:28
2.04 –Maurice Ohana Étude 3 4:08
2.05 –Maurice Ohana Étude 4 3:05

2.06 –Miloslav Kabelac* Corale 3:27
2.07 –Miloslav Kabelac* Giubiloso 1:46
2.08 –Miloslav Kabelac* Recitativo 2:41
2.09 –Miloslav Kabelac* Scherzo 1:53
2.10 –Miloslav Kabelac* Lamentoso 3:30
2.11 –Miloslav Kabelac* Danza 3:16
2.12 –Miloslav Kabelac* Aria 3:00
2.13 –Miloslav Kabelac* Diabolico 1:38

2.14 –Iannis Xenakis Persephassa 30:10

Les Percussions De Strasbourg

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Les Percussions De Strasbourg: é, o jeito é se espalhar pelo palco

PQP

Iánnis Xenákis (1922-2001): Orchestral Works, Vol.1

Iánnis Xenákis (1922-2001): Orchestral Works, Vol.1

Talvez seja cedo falar sobre quem fica e quem sai do cenário musical nos próximos anos. Mas das injustiças cometidas no passado, já melhoramos muito. Quem ainda a pouco duvidava da excelência de um Haydn, hoje quebra a cara. Em qualquer lugar sério, sua maestria é reconhecida. São inúmeros os concertos e gravações em sua homenagem. Vivaldi também passou por situação semelhante. Telemann é outro mestre que sofreu muito pela maldita comparação com Bach, mas hoje há vastíssima discoteca dedicada a ele. Enfim, estamos falando da redenção de compositores bem antigos. E o que acontecerá com a música dos compositores pós-1945? Acho que todos concordam que ela nunca será popular, pois exige do ouvinte uma participação muitas vezes extenuante e pouco recompensadora. Toda vez que ouço Pli Selon Pli de Boulez perco alguns quilos. Como disse, ainda é cedo.

No entanto, não podemos dizer que este cenário pós-1945 foi homogêneo. Trago Xenakis para provar que sua música lembra muito a impetuosidade de um Beethoven, não é necessário pensar muito em ritmo ou texturas (apesar da música ser riquíssima nesse quesito), é como pular no precipício, você não tem muito o que fazer, mas nunca irá bocejar. Acredito que Xenakis vai permanecer conosco para sempre.

Iánnis Xenákis (1922-2001) – Orchestral Works, Vol.1

1 – Aïs, for amplified baritone, solo percussion & orchestra
2 – Tracées, for 94 musicians
3 – Empreintes, for 85 musicians
4 – Noomena, for 103 musicians
5 – Roáï, for 90 musicians

with Beatrice Daudin
Luxembourg Philharmonic Orchestra
Conducted by Arturo Tamayo

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Xenákis
Xenákis: impetuosidade e permanência

CDF Bach

Feldman, Zimmermann, Schoenberg, Xenakis: Phantasy of Spring — Works for Violin and Piano

Um CD ouvido com pouca atenção por este que vos escreve. Mas acho que ele vale pelas obras de Zimmermann e Xenakis, assim como pelo lindo som extraído pela ruiva Carolin Widmann de seu violino. O repertório é raro, coerente e a ECM não costuma perder a viagem.

Aliás, vejo agora que o The Guardian elogiou muito o CD, conforme vocês podem ler a seguir:

Carolin Widmann follows her impressive survey of Schumann’s violin sonatas last year with something completely different and, in its own way, equally outstanding. These four 20th-century works for violin and piano are sharply contrasted from each other, too, and it’s a measure of Widmann’s excellence, and that of the pianist Simon Lepper, that they all ­receive performances of such idiomatic understanding. If Bernd Alois Zimmermann’s early, rather Bartók-like and ­Bartók-lite sonata is the least memorable of the pieces, Widmann presents the best case I’ve heard on disc for the ­communicative power of Schoenberg’s sometimes dry and forbidding Phantasy for violin with piano accompaniment. She makes light of the technical ­challenges of Xenakis’s rebarbative ­Dikthas, while at the other end of the postwar stylistic spectrum she and ­Lepper produce a beautifully voiced performance of Morton Feldman’s Spring of Chosroes. A very fine collection.

Feldman, Zimmermann, Schoenberg, Xenakis: Phantasy of Spring — Works for Violin and Piano

Morton Feldman
Spring of Chosroes, for violin and piano Work
1 Spring of Chosroes, for violin and piano 14:09

Bernd Alois Zimmermann
Sonate für Violine und Klavier
2 1.Sonata 4:32
3 2.Fantasia 5:39
4 3.Rondo 4:43

Arnold Schoenberg
5 Fantasy for Violin and Piano, Op.47 10:02

Iannis Xenakis
6 Dikhthas, for violin and piano 12:50

Carolin Widmann, violin
Simon Lepper, piano

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Carolin Widmann
Carolin Widmann. PQP Bach está, pessoalmente, em fase puramente violinística

PQP

Xenakis (1922 – 2001) – Orchestral Works & chamber music

Link revalidado por PQP.

Em 2001, Xenakis morreu em Paris. De família grega, nasceu na Romênia em 1922. Voltou pra Grécia. Fez parte da resistência grega durante a Segunda Guerra Mundial. Foi gravemente ferido, perdeu um olho e ficou com metade do rosto desfigurado. Depois foi condenado à morte. Fugiu. Queria ir aos Estados Unidos. Mas acabou ficando em Paris. Trabalhava como arquiteto e estudava música nas horas vagas. Foi estudar composição com Honegger. Mas brigaram feio. Foi estudar com Messiaen. Ouviu o seguinte conselho do mestre francês: não posso te ensinar nada, você tem mais de 30, é grego, arquiteto e matemático, use isso e faça sua própria música. Xenakis seguiu o conselho, escreveu música usando equações matemáticas e probabilidade, e praticamente todas as suas peças tem nomes e temas gregos. Em 2001, morreu um grande compositor.

Esse disco é tão breve quanto esta minha esdrúxula introdução. Traz um panorama de toda a carreira de Xenakis, da sua primeira e polêmica obra Metastasis (1954) até uma de suas últimas obras, Ioolkos (1996). Mas Xenakis junto com Vàrese também foi um dos pioneiros da música eletrônica, algo que escapa deste pequeno retrato que é este disco.

Temos seis obras importantes aqui. No entanto, eu começaria minha jornada em ordem cronológica com Metastasis, a terceira faixa do disco, que por sinal foi gravada em 1955 (a gravação é ótima). Não pretendo descrever esta música nem em termos líricos ou matemáticos (quem estuda caos controlado pode se interessar). É sentar na cadeira (se possível, no escuro) e ouvir. Esta obra é um divisor de águas, assim como a Sagração da Primavera, guardando, claro, as devidas proporções. Em seguida vem uma pequena e virtuosa peça para clarinete e violoncelo chamada Charisma de 1971.

N´Shima de 1975 é fantástica e originalíssima. Uma obra pra duas mezzo-sopranos, duas trompas, dois trombones e um violoncelo. Há passagens de perturbador confronto entre as cantoras e os trombonistas. É de arrepiar a sincronização. Em Jonchaies de 1977, Xenakis usa uma orquestra completa com 109 músicos. É minha obra preferida neste disco. Quem pensava que a sonoridade de uma orquestra estava esgotada precisa ouvir isso aqui. Percussão fantástica começando em 3:43; e o ritmo, no minuto 7:35, lembra vagamente o ragtime. Uma das melhores obras modernas que conheço.

Ata (1987) é a obra que abre o disco, ela também é para grande orquestra e extremamente empolgante. Já a última obra, Ioolkos (1996), é a mais difícil de se tocar e de ouvir. Os 89 músicos tocam como se fossem um único instrumento, acho que é a música mais densa e pesada já escrita. São praticamente 7 minutos insuportáveis, mas compensadores. Após um ano, Xenakis, devido à doença, deixava de escrever.

1 – Ata, for 89 musicians
Performed by SWF Sinfonieorchester Baden-Baden
Conducted by Michael Gielen

2 – N’Shima, for 2 amplified voices, 2 amplified French horns, 2 tenor trombones & amplified cello
Conducted by Rachid Safir

3 – Metastasis, for 60 musicians (Anastenaria, Part 3)
Composed by Iannis Xenakis
Performed by SWF Sinfonieorchester Baden-Baden
Conducted by Hans Rosbaud

4 – Ioolkos, for 89 musicians
Performed by SWF Sinfonieorchester Baden-Baden
Conducted by Kwame Ryan

5 – Charisma, for clarinet & cello
with Siegfried Palm, Hans Deinzer

6 – Jonchaies, for 109 musicians
Performed by Nouvel Orchestre Philharmonique de Radio France
Conducted by Gilbert Amy

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CDF Bach

Leonard Bernstein Discusses and Conducts XX-Century Music

Leonard Bernstein foi um mestre em quase tudo. Homem de vastíssima cultura musical, músico com repertório extenso e memorável. Mas um dos pontos que merecem destaque foi sua habilidade como divulgador da música clássica. Há uma série famosa feita para televisão nos anos 1960, os concertos para juventude, que são muito prazerosos de ver link. É impressionante contemplar o Carnegie Hall lotado de crianças e Bernstein dando um show como professor, aulas com exemplos brilhantes e cativantes. Nunca caindo na simplificação, ou desmerecendo a inteligência de seus pequenos ouvintes.

Creio que muito de nós aqui no Brasil nunca tiveram a chance de encontrar um personagem parecido com o Bernstein na nossa juventude, alguém que apresentasse o vasto mundo musical, sem doutrinação do que é certo ou errado. Gostamos de música clássica (ou Jazz) simplesmente por nossos próprios méritos, e isso é louvável, principalmente num país que preza a mediocridade. No entanto, ainda pagamos um preço alto por isso. Não gostaria de colocar como exemplo, a obra 4´33´´ de Cage. Achar ridícula uma peça é um julgamento que deve caber ao próprio ouvinte mesmo. Devemos realmente conviver com este tipo de diversidade de opinião. Mas é importante, antes de tudo, conhecer a obra em profundidade, ou mesmo ler a respeito antes de ouvi-la, e só depois podemos condená-la ao nosso limbo musical ou, como costumo fazer, dá uma outra oportunidade no futuro.

Como a música que defendo é mesmo de difícil digestão, achei necessário pedir a ajuda do Leonard Bernstein. Esse disco-aula realizado também nos anos 1960, Bernstein se desdobra para divulgar a famigerada música que se fazia em seu tempo. Apresenta exemplos de obras bem importantes e complexas para uma platéia adulta e inquieta (aplausos e vaias no fim de cada obra). Percebemos que aquele registro foi feito num momento decisivo e tenso para história da música, uma crise fascinante tratada com brilhantismo por Bernstein. Comentários muito interessantes sobre o novo espectro que o mundo musical vislumbrava. Mesmo sendo um registro feito há mais de 40 anos atrás, é atualíssimo para o ouvinte brasileiro.

Obras de Xenakis, Boulez e Cage são analisadas por Bernstein antes de cada perfomance, num inglês fácil de entender.

A obra que abre o disco é de Copland e foi feito para uma audiência mais jovem, apenas um pequeno refresco.

Copland – An Outdoor Overture
1. Introduction by Bernstein
2. Perfomance
3. Post- perfomance

Xenakis – Pithoprakta
4. Introduction by Bernstein
5. Perfomance
6. Post- perfomance

Henry Brant – Antiphony One
7. Introduction by Bernstein
8. Perfomance

Boulez – Improvisation sur Mallarmé I
9. Introduction by Bernstein
10. Perfomance

Cage – Atlas Eclipticalis
11. Introduction by Bernstein
12. Perfomance

BAIXE AQUI (Parte 1) – DOWNLOAD HERE
BAIXE AQUI (Parte 2) – DOWNLOAD HERE