Karlheinz Stockhausen (1928-2007) : Harlekin für Klarinette (Michele Marelli)

Karlheinz Stockhausen (1928-2007) : Harlekin für Klarinette (Michele Marelli)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um esplêndido disco! Harlekin (1975) é uma das mais apreciadas obras de Karlheinz Stockhausen pela originalidade de sua mise-en-scène e modo de composição: o clarinetista, de fato, toca, faz mímica e dança. Por isso, há bastante sons de marcenaria no CD, tanto do clarinete quanto dos passos de dança de Marelli. Uma maravilha de ouvir. O Arlequim de Stockhausen já não possui quase nada da commedia dell’arte: o personagem que vemos no palco não se expressa pela palavra, mas pela música e linguagem corporal. A pantomima, em sua totalidade, torna-se uma representação abstrata de sua vida. Stockhausen usa sua Formula. A Formula é uma coleção de notas, dinâmicas, ritmos e fraseados conectados por laços internos e equilibrados por cálculos matemáticos precisos. Entenderam? Pois é. A Formula de Harlekin consiste em 13 sons que evoluem e são modificados, no espaço de 43 minutos, através de nove seções. 

Michele Marelli (1978) é reconhecido internacionalmente como um dos melhores músicos contemporâneos de sua geração. Colaborou com Karlheinz Stockhausen por mais de 10 anos, dando estreias sob sua regência e gravando 2 CDs com o próprio compositor. Stockhausen foi colega de Pierre Boulez, Edgar Varése e Iannis Xenakis. Todos estudaram com o compositor e organista Olivier Messiaen. Críticos do seu trabalho apontam-no como “um dos grandes visionários do século XX no contexto da música pós-moderna”. É conhecido, entre outras coisas, por um trabalho durante a gênese da música eletroacústica e do indeterminismo musical. Músicos de jazz como Miles Davis, Cecil Taylor, Charles Mingus, Herbie Hancock, Yusef Lateef e Anthony Braxton citaram Stockhausen como influência, assim como artistas do rock como Frank Zappa.

AQUI, MAIS E MELHOR.

Karlheinz Stockhansen (1928-2007) : Harlekin ür Klarinette (Michele Marelli)

1. Der Traumbote [5:49]
2. Der spielerische Konstrukteur [6:41]
3. Der verlebte Lyriker [3:22]
4. Der pedantische Lehrer [7:42]
5. Der spitzbübische Joker [3:40]
6. Der leidenschaftliche Tänzer [3:22]
7. Dialog mit einem Fuss [2:10]
8. Harlekin’s Tanz [2:35]
9. Der exaltierte Kreiselgeist [7:24]

Michele Marelli, clarinetto e danza

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Stock feliz por reaparecer no PQP Bach.

PQP

Karlheinz Stockhausen (1928-2007): Prozession

Karlheinz Stockhausen (1928-2007): Prozession

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IM-PER-DÍ-VEL !!!

Eu adorei este disco da música eletrônica do Stock. Posso não ter entendido nada, mas ouvi tudinho com rara atenção. Ouvi deitado num confortável sofá, ligadíssimo, gostando. Acho que não faz sentido fruí-lo sem um bom som estereofônico — fujam do som de um micro ou de um note sem boas caixas –, pois as massas sonoras andam da esquerda para a direita e vice-versa. O disco é de 1975 e a gravação de 1971, então podem imaginar o trabalho que deu botar no chinelo aquele tal rock progressivo. Prozession (procissão), foi escrita para tantam, viola, electronium, piano, microfones, filtros e potenciômetros em 1967. É o número 23 no catálogo das obras do compositor. A obra separa “forma” e “conteúdo”, apresentando aos artistas uma série de sinais de transformação que devem ser aplicados a materiais que podem ser alterados consideravelmente de uma performance para outra. Em Prozession, os artistas escolhem materiais de composições anteriores de Stockhausen, jogando e brincando com elas.

Karlheinz Stockhausen (1928-2007): Prozession

Piano – Aloys Kontarsky
Recorded By – WDR, Cologne*
Synthesizer [Electrochord With Synthesizer] – Peter Eötvös
Synthesizer [Electronium] – Harald Bojé
Tam-tam – Christoph Caskel

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Deu trabalho, né Stock?
Deu trabalho, né Stock?

PQP

György Kurtág (1926): Grabstein für Stephan op.15c & Stele op.33 / Karlheinz Stockhausen (1928 – 2007): Gruppen für drei Orchester – Werk Nr.6

György Kurtág (1926): Grabstein für Stephan op.15c & Stele op.33 /  Karlheinz Stockhausen (1928 – 2007): Gruppen für drei Orchester – Werk Nr.6

51Htqti-DNLAssistir Gruppen, de Stockhausen, numa sala de concertos — ou na televisão, como no filme do Channel 4 da performance de 1996 da CBSO — sublinha a separação espacial dos três grupos orquestrais e seus três maestros. No disco, com o maravilhoso som da DG, é a interdependência desses corpos instrumentais o que fica mais aparente. O que ouvimos é menos uma questão de três camadas musicais distintas e superpostas como um discurso de três vias em torno de material compartilhado. É uma emocionante viagem de descobertas, durante a qual a separação conta menos do que o propósito comum de explorar as mesmas premissas essenciais sob diferentes ângulos. A maior virtude dessa performance é que ela consegue preservar a excitação de exploração que a música possui, ao lado de uma preocupação adequada com precisão e clareza. Gruppen não é um mero exercício técnico, é uma peça de exibição maravilhosa. São os metais, as madeiras e a percussão da Filarmônica de Berlim que têm a maior parte dos holofotes, sob a orientação e boa preparação de Abbado, Goldmann e Creed.

Este disco tem outro bom par de ases na manga, com as primeiras gravações de duas obras de György Kurtág. Ambas são muito diferentes. Grabstein für Stephan é como um eco fantasmagórico de uma marcha fúnebre de Mahler quase inaudível, com um par de explosões no centro para intensificar o desespero e o arrependimento.

Stele é mais monumental. Sua abertura beethoveniana tem uma grandeza e determinação que transcende a dor e reafirma valores humanos duradouros. Stele pode não ter um final feliz, mas sua força de caráter e poder de expressão permitem que ela funcione como uma celebração da humanidade, bem como uma profunda meditação sobre a mortalidade.

György Kurtág (1926): Grabstein für Stephan op.15c & Stele op.33 /  Karlheinz Stockhausen (1928 – 2007): Gruppen für drei Orchester – Werk Nr.6

György Kurtág (1926 – )
Grabstein für Stephan op.15/c

1) Fassung für grosses Orchester und Solo-Gitarre [9:19]
Jurgen Ruck
Berliner Philharmoniker
Claudio Abbado

Karlheinz Stockhausen (1928 – 2007)
2) Gruppen für drei Orchester – Werk Nr.6 [22:34]
Berliner Philharmoniker
Friedrich Goldmann
Claudio Abbado
Marcus Creed

György Kurtág (1926 – )
Stele op.33
3) 1. Adagio [2:45]
4) 2. Lamentoso – disperato, con moto [4:07]
5) 3. Molto sostenuto [5:55]

Berliner Philharmoniker
Claudio Abbado

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Ah, vocês pensavam que Stockhausen era simples?
Ah, vocês pensavam que Stockhausen era simples?

PQP

Karlheinz Stockhausen (1928-2007): Unsichtbare Chore from DONNERSTAG aus LICHT

Karlheinz Stockhausen (1928-2007): Unsichtbare Chore from DONNERSTAG aus LICHT

Stockhausen foi um arrojado pretensioso, mas isso não pode ser considerado um defeito do compositor. Muita música de qualidade foi feita em terreno de soberba e egoísmo. Além disso, não podemos deixar de esquecer que há muita sinceridade nesta manipulação do destino, a crença do compositor que a música pode ter importância na transformação do mundo. Stockhausen acreditava que sua música conectava o homem a Deus assim como seres de outros mundos. Uma mistura de crenças judaico-cristãs com ufologia.

A ópera Licht, composta em sete partes, cada uma relacionada aos dia da criação, é o exemplo máximo desta pretensão. Ela teve início em 1977 e foi completada em 2003. A execução desta ópera é praticamente impossível de ser realizada, pois Stockhausen exige uma série de estruturas extra-musicais (diversos tipos de combinações sonoras, uma parafernália eletrônica,…) que levariam qualquer produtor ao desespero. A mais notável dessas exigências é o uso de quatro helicópteros (já postada aqui). O que vamos ouvir agora é um trecho de mais ou menos 48 minutos da ópera “Quinta-feira” chamado de Unsichtbare Chore (coros invisíveis). A gravação que temos aqui foi lançada pela gravadora Deutsche Grammophon no início desse ambicioso projeto (hoje um disco raríssimo de encontrar). A música é para coro com intervenções inusitadas.

Performed by West German Radio Chorus
Prepared by H. Schernus, G. Ritter and K. Stockhausen

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E agora é só apertar um botão, tá?
E agora é só apertar o botão, tá?

CDF / PQP (Revalidação)

Karlheinz Stockhausen (1928-2007) – Elektronische Musik 1952-1960 – LINK REVALIDADO

Eu gosto de Stockhausen, morto dias atrás, mais exatamente em 5 de dezembro. Sua música sempre me fascinou e posso passar horas ouvindo Stock, mesmo sem absolutamente compreendê-lo.

Karlheinz Stockhausen foi certamente um dos mais talentosos e influentes compositores alemães do pós-guerra. Suas obras são de um abstracionismo talvez só possível em música, essa arte intangível, puro ar sonoro, como nos ensinou Busoni. São complexas e desarmônicas, mas por um motivo que não sei explicar, caem em meu ouvido com naturalidade. Quando dizem que tratava-se de um grande gênio, concordo. Era mesmo. Suas peças diferenciam-se claramente das de seus pares menos talentosos.

Stockhausen nasceu a 22 de agosto de 1928 em Mödrath, perto de Colônia, Alemanha. De 1947 a 1951, estudou na Escola Superior de Música de Colônia (piano e pedagogia musical) e na Universidade desta mesma cidade (germanística, filosofia e musicologia). Em 1952, realizou em Paris um curso de rítmica e estética musical com Oliver Messiaen, personagem fundamental em sua formação.

Durante tal curso, Stockhausen foi colega de estudos de outro grande pensador da música, Pierre Boulez. Nesse mesmo ano participou, também em Paris, das investigações com sons concretos realizadas por Pierre Schaeffer na Radio Française; em 1952 cria, nos estúdios da Rádio de Colônia, a primeira síntese de espectros sonoros sinusoidais produzidos eletronicamente e que fazem parte de nossa postagem. Foi, desde maio deste mesmo ano, diretor do Estúdio de música eletrônica desta rádio e, até 1977, seu diretor artístico.

Stockhausen compôs entre 1954 e a década de 60 uma percentagem substancial das obras que lhe renderam fama mundial, entre as quais o fenomenal “Klavierstücke”, peça para piano seguindo o princípio da música aleatória. Nesses anos, compôs também, entre outras, “Gesang der juenglinge”, “Kontakte”, “Momente” ou”Microphonie”, paradigmas de um compositor único.

Gostava de polêmica, escreveu “Helikopter-Streichquartett”, peça para quarteto de cordas e quatro helicópteros, onde a pauta de cada músico tinha apenas a cor que lhe correspondia. Os integrantes do quarteto subiam separados nos quatro helicópteros que ficavam parados, no ar, sobre a audiência. De lá, tocavam… Obviamente, só se ouviam os helicópteros, mas era bonito de ver. Vi na TV. Era engraçado, curioso e chegava a parecer mesmo uma obra de arte do gênero “instalação”. Podia ser lida de muitas formas, podia parecer um protesto risonho, por que não? Os helicópteros foram alugados pelo próprio Stock. Considerou o 11 de setembro de Nova Iorque outra obra de arte e teve defensores, muitos defensores. Não se manifestou sobre o 11 de setembro de Santiago do Chile.

Durante mais de 25 anos, Stockhausen escreveu a ópera monumental “Licht”, que dura 29 horas.

Este genial maestro, intérprete, pianista e criador tinha autenticamente uma visão peculiar do mundo, o que nem sempre foi bem acolhido pelo senso comum. Mas os leitores-ouvintes do PQP Bach são desprovidos de senso comum e gostarão da postagem, creio.

Karlheinz Stockhausen – Elektronische Musik 1952-1960

01 – Etude (1952)
02 – Studie I (1953)
03 – Studie II (1954)
04 – Gesang der Juenglinge (1955-56)
05 – Kontakte (1959-60) – Struktur I
06 – Kontakte (1959-60) – Struktur II
07 – Kontakte (1959-60) – Struktur III
08 – Kontakte (1959-60) – Struktur IV
09 – Kontakte (1959-60) – Struktur V
10 – Kontakte (1959-60) – Struktur VI
11 – Kontakte (1959-60) – Struktur VII
12 – Kontakte (1959-60) – Struktur VIII
13 – Kontakte (1959-60) – Struktur IX
14 – Kontakte (1959-60) – Struktur X
15 – Kontakte (1959-60) – Struktur XI
16 – Kontakte (1959-60) – Struktur XII
17 – Kontakte (1959-60) – Struktur XIII A
18 – Kontakte (1959-60) – Struktur XIII B
19 – Kontakte (1959-60) – Struktur XIII C
20 – Kontakte (1959-60) – Struktur XIII D
21 – Kontakte (1959-60) – Struktur XIII E
22 – Kontakte (1959-60) – Struktur XIII F
23 – Kontakte (1959-60) – Struktur XIV
24 – Kontakte (1959-60) – Struktur XV
25 – Kontakte (1959-60) – Struktur XVI A
26 – Kontakte (1959-60) – Struktur XVI B
27 – Kontakte (1959-60) – Struktur XVI C
28 – Kontakte (1959-60) – Struktur XVI D
29 – Kontakte (1959-60) – Struktur XVI E

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PQP

Ainda helicópteros

Por CELSO LOUREIRO CHAVES

A música mais notória do alemão Karlheinz Stockhausen é o Quarteto de Cordas dos Helicópteros. Mais do que Carré para quatro orquestras e quatro coros ou Sternklangque ocupa um parque inteiro com eventos sonoros, essa música ficou célebre pela proposta improvável de colocar um quarteto de cordas dentro de um quarteto de helicópteros, transmitindo sons e imagens para uma sala de concertos em meio a evoluções aéreas. Só agora, anos depois da estréia de 1995 num festival de música nova na Holanda, foi lançado o DVD com o registro visual da peça, mostrando como tudo se passou, como foi possível transformar em realidade o que Stockhausen diz lhe ter sido revelado em sonho. Não é por nada que a palavra mais presente no documentário é precisamente esta: sonho.

O documentário, chamado simplesmente Helicopter String Quartet – nenhum outro título aguçaria tanto a curiosidade do espectador – foi dirigido por Frank Scheffer, cineasta que já se dedicou a vários outros compositores fundamentais na definição do modernismo musical. A Sinfonia de Luciano Berio foi dissecada por ele em todas as dimensões de texto e subtexto e o mesmo aconteceu com a descrição em vídeo de Éclat do francês Pierre Boulez. Com o seu talento para recolher o inusitado nas personalidade muito conflitantes dos compositores, Frank Scheffer é o cronista ideal do Quarteto dos Helicópteros, cuja proposta percorre simultaneamente o megalomaníaco, o ridículo e o sublime.

O filme de Scheffer deixa passar em branco os problemas de logística da estréia da peça, o desafio de unir instrumentistas e pilotos, violinos e rotores, espaço aéreo e espaço de concerto. A performance completa da peça também passa ao largo, a não ser quando o foco se fecha sobre os momentos finais em que os helicópteros pousam e a música se dissolve em dramaticidade e silêncio. O foco do documentário é a estratégia de ensaios e a motivação, o ímpeto mesmo, que deflagrou uma composição tão bizarra. Primeiramente os músicos são vistos numa mesma sala, conferindo suas partituras com o compositor, detalhe a detalhe. Depois, já separados, os músicos são guiados apenas por fones de ouvido, seguindo o passar do tempo, segundo a segundo. Por fim, os helicópteros entram em cena e a técnica dos instrumentistas tem que se adaptar rapidamente a condições precárias de equilíbrio. Antes de embarcar na aventura, um dos músicos do Quarteto Arditti define a situação: “É a primeira vez na história do universo que músicos voam…!”

Quanto a Stockhausen, autêntico babalorixá coordenando os acontecimentos, parece que nada lhe escapa. O Quarteto dos Helicópteros tem todos os ingredientes para ser apenas um golpe de teatro mas tem um requinte estrutural que só é compreensível porque a música foi escrita em cores diferentes a indicar cada instrumento – ao que os instrumentistas também embarcam em seus helicópteros vestidos com as cores de suas respectivas partituras. Um apressamento indevido aqui, um expressividade um pouco tímida ali – tudo é corrigido por Stockhausen, com um ouvido que se mantém atento mesmo diante de idéias musicais potencialmente absurdas. Perguntam a ele se é o seu primeiro quarteto de cordas. “Sim. Primeiro e último”. E, em seguida, confirma uma das marcas da vanguarda em música, o abandono explícito das formas clássicas dos séculos passados. Mesmo como pianista, Stockhausen nunca escreveu um concerto para piano e nunca aceitou encomendas para compor sinfonias ou sonatas. O próprio quarteto de cordas só foi possível porque um sonho franqueou ao compositor as portas da inventividade. Músicos voando. Era isso.

No acúmulo das informações do documentário de Frank Scheffer, o que mais fica na memória é a sensação de literalidade que invade o Quarteto dos Helicópteros. Mesmo em 1995 já seria possível transformar o sonho de Stockhausen em videogame ou em simulação virtual. Mas não: o compositor é produto dos anos 1950 e, ao que indicam as evidências, só lhe interessava a realização literal da idéia. Helicópteros foram sonhados. Ali estão. Músicos voadores foram imaginados. Ali estão. Diálogos improváveis entre música e motores foi sonhado. Ali estão. Não deixa de ser perturbador que uma música aparentemente tão nova e inédita vá se revelando, na concretização de uma alucinação, tributária de princípios estéticos já superados, quase uma re-interpretação da obra de arte total wagneriana. Por isso, a crônica visual do Quarteto dos Helicópteros é reveladora: há a confirmação explícita dos princípios que nortearam a vanguarda musical mas há também a constatação de que, por modernas que queiram ser, muitas vezes as obras mais esdrúxulas tem mais a dizer do passado do que a apontar para o futuro.

PQP

Karlheinz Stockhausen (1928-2007) – Helikopter Quartett (1993)

Digamos que no programa de hoje à noite será apresentado, após um dos últimos quartetos de Haydn, o quarteto de cordas de Stockhausen. Não se preocupe com o que vai ocorrer: provavelmente os músicos vão sair do teatro com suas partituras, e cada um deles terá a sua disposição um helicóptero com um piloto. Pois é, eles devem tocar seus instrumentos em pleno vôo. Haverá um operador de som no teatro que deve mixar o som vindo da cabine de cada helicóptero, e tudo deve ser visto através de quatro telões. Os helicópteros devem fazer um vôo circular, cujo raio é de aproximadamente 6 km. Em média, toda a obra ou o vôo leva um pouco mais de meia hora.

Se você acha que é improvável ver esta peça sendo apresentada na sua cidade, saiba que esta belíssima experiência foi registrada num recente DVD da Euroarts. Ótimo vídeo link

Performer: Arcadian Academy, Karlheinz Stockhausen, Arditti String Quartet

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