.: interlúdio :. Tom Waits: Rain Dogs

.: interlúdio :. Tom Waits: Rain Dogs

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Em mim, poucos álbuns tiveram um impacto tão forte na primeira audição como Rain Dogs. Embora essa primeira audição tenha ocorrido há 30 anos, suas canções permanecem poderosas até hoje. Se você nunca ouviu este disco antes, sugiro fortemente que o faça, mesmo que seja apenas uma vez. É um álbum longo — 19 faixas num vinil — primitivo, exótico, inteligente, abrasivo, bonito e estranho. O disco é doce o suficiente para não desanimar todo mundo, mas Waits o manteve dissonante o suficiente para ser interessante também. Seus sons mais distintos são bastante incomuns: a voz rouca característica de Tom Waits, a guitarra de Marc Ribot, os metais distorcidos de alguns dos melhores instrumentistas do jazz do underground de Nova York, a percussão estranha e, talvez o mais bizarro, o toque frequente da marimba – um instrumento quase nunca ouvido na música popular… A variedade de Rain Dogs é inacreditável. O disco contém números de cabaré, músicas country, gospel, polcas, baladas e temas de jazz. Waits é teatral e carnavalesco, mas traz também damas de olhos tristes e uma garota com lágrima tatuada – “uma para cada ano que ele está longe, ela disse”. Waits pode ser extremamente engraçado – eu amo a formação hilária e grotesca de parentes seniores mesquinhos na Cemetery Polka – mas ele também pode controlar seus impulsos e escrever músicas dolorosamente bonitas, como Hang Down Your Head e a obra-prima que é Anywhere I Lay My Head.

Tom Waits: Rain Dogs

1 Singapore 2:46
2 Clap Hands 3:47
3 Cemetery Polka 1:51
4 Jockey Full Of Bourbon 2:45
5 Tango Till They’re Sore 2:49
6 Big Black Mariah 2:44
7 Diamonds & Gold 2:31
8 Hang Down Your Head 2:32
9 Time 3:55
10 Rain Dogs 2:56
11 Midtown (Instrumental) 1:00
12 9th & Hennepin 1:58
13 Gun Street Girl 4:37
14 Union Square 2:24
15 Blind Love 4:18
16 Walking Spanish 3:05
17 Downtown Train 3:53
18 Bride Of Rain Dog (Instrumental) 1:07
19 Anywhere I Lay My Head 2:48

Performer
Tom Waits – vocals (1–10, 12–17, 19), guitar (2, 4, 6, 8–10, 15–17), organ (3, 19), piano (5, 12), harmonium (8, 18), banjo (13)

Musicians
Michael Blair – percussion (1–4, 7, 8, 12, 13, 17), marimba (2, 7, 10, 12), drums (8, 14, 18), congas (4), bowed saw (12), parade drum (19)
Stephen Hodges – drums (1, 2, 4, 6, 10, 11, 15, 16), parade drum (3)
Larry Taylor – double bass (1, 3, 4, 6, 8–10, 15), bass (7, 11, 14, 16)
Marc Ribot – guitar (1–4, 7, 8, 10)
“Hollywood” Paul Litteral – trumpet (1, 11, 19)
Bobby Previte – percussion (2), marimba (2)
William Schimmel – accordion (3, 9, 10)
Bob Funk – trombone (1, 3, 5, 10, 11, 19)
Ralph Carney – baritone saxophone (4, 14), saxophone (11, 18), clarinet (12)
Greg Cohen – double bass (5, 12, 13)
Chris Spedding – guitar (1)
Tony Garnier – double bass (2)
Keith Richards – guitar (6, 14, 15), backing vocals (15)
Robert Musso – banjo (7)
Arno Hecht – tenor saxophone (11, 19)
Crispin Cioe – saxophone (11, 19)
Robert Quine – guitar (15, 17)
Ross Levinson – violin (15)
John Lurie – alto saxophone (16)
G.E. Smith – guitar (17)
Mickey Curry – drums (17)
Tony Levin – bass (17)
Robbie Kilgore – organ (17)

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Tom Waits quando jovem. Também já fui…

PQP

.: interlúdio :. Tom Waits: Swordfishtrombones

.: interlúdio :. Tom Waits: Swordfishtrombones

Em seu último registro para a Elektra, Heartattack and Vine, revelou um Tom Waits com um instinto especial para sons mais estranhos e sujos e uma atração por um material menos comercial, mas mesmo isso não foi suficiente para avisar o que estava por vir em Swordfishtrombones. Swordfishtrombones deu um passo drástico em uma direção totalmente nova, longe do blues mais tradicional e das baladas pop de seus álbuns dos anos 70. Este é o trabalho de um artista totalmente diferente. Waits saiu do music hall e entrou em um submundo surrealista. Ou pelo menos era o que parecia. Este era o som de um homem deixando para trás a segurança das expectativas para uma nova e estranha jornada. A partir da marimba de abertura e trompa de Underground, fica claro que o Tom Waits que cantou Ol’ 55 foi aposentado e substituído por um mais barulhento (e sensacional). Apareceu outro cantor e uma instrumentação excêntrica. Waits ressurgiu totalmente reformado como um artista muito mais estranho e interessante do que sua música até aquele momento poderia ter sugerido. Swordfishtrombones foi o primeiro disco a ter Tom Waits entrando em seu estranho mundo de personagens excêntricos e melodias distorcidas e também é um bom ponto de partida para aqueles que ainda não deram o passo para o espetacular segundo ato do cantor/compositor — trata-se de uma coleção brilhante, peculiar e colorida que abriu as portas para a imaginação bizarra de Waits.

Tom Waits: Swordfishtrombones

1 Underground 1:58
2 Shore Leave
Percussion [Metal Aunglongs] – Francis Thumm
4:12
3 Dave The Butcher 2:15
4 Johnsburg, Illinois 1:30
5 16 Shells From A Thirty-Ought-Six
Trombone – Joe Romano (4)
4:30
6 Town With No Cheer
Bagpipes – Anthony Clark Stewart
Synthesizer – Clark Spangler
4:22
7 In The Neighborhood
Trombone – Bill Reichenbach (2), Dick Hyde
3:04
8 Just Another Sucker On The Vine
Trumpet – Joe Romano (4)
1:42
9 Frank’s Wild Years
Organ [Hammond] – Ronnie Barron
1:50
10 Swordfishtrombone 3:00
11 Down, Down, Down
Guitar – Carlos Guitarlos
Organ – Eric Bikales
2:10
12 Soldier’s Things 3:15
13 Gin Soaked Boy 2:20
14 Trouble’s Braids 1:18
15 Rainbirds

Glass Harmonica – Francis Thumm, Richard Gibbs, Stephen Taylor Arvizu Hodges*
3:05
Arranged By – Francis Thumm (faixas: A1, A4, A7, B8)
Baritone Horn, Trombone – Randy Aldcroft (faixas: A1, A2, A7)
Bass – Greg Cohen (faixas: A4, B3, B5, B8), Larry Taylor (faixas: A1, A2, A5, A7, B2 to B4, B6, B7)
Drums – Stephen Taylor Arvizu Hodges* (faixas: A1, A2, A5, A7, B4, B6, B7)
Featuring – Victor Feldman (faixas: A1 to A3, A5, A7, B3, B4, B7)
Guitar – Fred Tackett (faixas: A1, A2, A5, B6)
Lacquer Cut By – JS*
Mixed By – Biff Dawes
Written-By, Producer, Arranged By – Tom Waits

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Tom Waits visitando a sede campestre da PQP Bach Corp. da cidade de Não me toque.

PQP

Manuel Bandeira (1886 – 1968): Poemas escolhidos pelo autor ֎

Manuel Bandeira (1886 – 1968): Poemas escolhidos pelo autor ֎

 

Manuel Bandeira 

Poemas Escolhidos

 

 

 

Quando a Indesejada das gentes chegar

(Não sei se dura ou caroável),

Talvez eu tenha medo.

Talvez sorria, ou diga:

                    – Alô, iniludível!

O meu dia foi bom, pode a noite descer.

(A noite com seus sortilégios.)

Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,

A mesa posta,

Com cada coisa em seu lugar.

O nome deste poema é Consoada e o poeta é Manuel Bandeira, que nasceu em 19 de abril de 1886, no Recife. Em 1903 estava estudando para tornar-se engenheiro ou arquiteto na Escola Politécnica de São Paulo, mas teve que abandonar seus estudos. Em suas próprias palavras:

“Quando caí doente em 1904, fiquei certo de morrer dentro de pouco tempo: a tuberculose era ainda o ‘mal que não perdoa’. Mas fui vivendo[…]. Continuei esperando a morte a qualquer momento, vivendo sempre como que provisoriamente.”

A poesia de Manuel Bandeira tem muito presente este tema, mas tem muitas outras coisas também. Eu possivelmente sou uma das pessoas menos preparadas para escrever uma postagem sobre o poeta, mas me obrigo a fazer isto por duas razões. Primeiro por querer dividir com mais pessoas os poemas lidos pelo poeta e, depois, pelo fato de que Bandeira é o poeta ao qual mais frequentemente recorro. Pois que a poesia é fundamental.

As minhas primeiras leituras de suas obras foram feitas na Escola Elementar (ah, a escola é tão importante nas nossas vidas…), mas gostei tanto que passei a ser um leitor desobrigado, que lê pelo prazer da leitura e pelo que ganhamos ao fazer isso…

Vários livros com seus poemas passaram por minhas mãos, alguns se perderam para outras necessitadas mãos, mas alguns restaram. Um em particular me é caro, uma antologia que acabei mandando encadernar com uma capa mais robusta, pois que tem o autógrafo do poeta. É verdade, a dedicatória é para outrem, mas só de imaginar que a mão do poeta, segurando uma caneta, esteve por um breve momento sobre aquela página, muito me alegra…

Espero que você goste de ouvir a voz marcante de alguém que nasceu no século XIX, viveu seus mais dias na primeira metade do século passado dando vida a alguns de seus mais significativos poemas. Você há de perceber que a mensagem dos poemas continua sendo muito, muito significativa. Especialmente nestes nossos tristes dias!

Manuel Bandeira (1886 – 1968)

01. Noite Morta
02. Berimbau
03. O Cacto
04. Pneumotórax
05. Evocação do Recife
06. Profundamente
07. Namorados
08. Vou-me embora para Pasárgada
09. O Último Poema
10. Estrêla da Manhã
11. Momento num Café
12. Rondó dos Cavalinhos
13. O Martelo
14. Água-Forte
15. Canção do Vento e da Minha Vida
16. Última Canção do Beco
17. Belo Belo (Tenho tudo o que quero…)
18. Piscina
19. Tema e Voltas
20. O Rio
21. Arte de Amar
22. Boi Morto
23. Satélite
24. Noturno do Morro do Encanto
25. Consoada
26. Poema só para Jaime Ovalle
27. A Ninfa
28. Mascarada
29. Maísa
30. Azulão

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Aproveite!

René Denon

Vou-me embora para Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Carlos Drummond de Andrade ‎(1902-1987): Antologia Poética

Carlos Drummond de Andrade ‎(1902-1987): Antologia Poética

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Hoje é Dia de Aniversário de nosso poeta maior. Não é data redonda, são os 118 anos do nascimento do homem que morreu aos 85 por não suportar ver a única filha morta. (O primeiro filho durou-lhe apenas meia hora). Da mesma maneira de Machado, Rosa, Tom e Chico, é meu brasileiro preferido. Como fala muito da difícil convivência familiar, como é um cara que vai do cotidiano ao metafísico, é quase impossível de não se identificar com alguma faceta do poeta, tão rico. Sempre com brilhantismo, Drummond foi lírico, social, filosófico e humorista. Levou uma existência aparentemente modesta e avessa aos holofotes, tanto que nunca quis o fardão da Academia Brasileira de Letras. A fama de Drummond não veio somente da venda de livros, mas porque foi sempre destacado pelos intelectuais e por movimentos como a tropicália e a bossa nova. Nunca foi censurado porque os governos não achavam que o povo iria entendê-lo. Foi moderno e escreveu sonetos, foi irreverente e clássico, escreveu lindamente poesia e prosa. Sua enorme obra é dividida em 5 fases — modernista, política, filosófica, memorialista e, sim, erótica. Esta última fase não está presente neste esplêndido álbum duplo de 1978, pois ela veio depois.

Neste álbum duplo de vinil, aqui transposto para mp3, ouve-se o próprio Drummond lendo 38 de seus principais poemas. A voz do homem de 76 anos é rouca e fraca, três vezes ele tosse ou limpa a garganta durante a leitura… E daí, minha gente? E daí que temos o próprio autor a nos prodigalizar momentos únicos de audição de poemas GENIAIS. O que me emociona, além dos poemas, é a profunda musicalidade do velho Drummond — no texto e na leitura. Este post tem muita música, pequepianos. É um Sarau da melhor qualidade! Repito, é IM-PER-DÍ-VEL !!!

Carlos Drummond de Andrade ‎(1902-1987): Antologia Poética

1 Infância
2 No Meio Do Caminho
3 Confidência De Itabirano
4 Quadrilha
5 Os Ombros Suportam O Mundo
6 Mãos Dadas
7 Mundo Grande
8 José
9 Viagem Na Família
10 Procura Da Poesia
11 O Mito
12 O Lutador
13 Memória
14 Morte Do Leiteiro
15 Confissão
16 Consolo Na Praia
17 Oficina Irritada
18 Fazenda
19 Caso Do Vestido
20 Estrambote Melancólico
21 O Enterrado Vivo
22 Destruição
23 Intimação
24 Alta Cirurgia
25 Para Sempre
26 Canto Do Rio Em Sol
27 Boitempo
28 Cantiguinha
29 Os Pacifistas
30 Cultura Francesa
31 Falta Um Disco
32 Amor E Seu Tempo
33 Obrigado
34 Lira Romantiquinha
35 O Homem, As Viagens
36 Essas Coisas
37 Parolagem Da Vida
38 Declaração De Amor

Carlos Drummond de Andrade, voz

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PQP

Brasileiro Profissão Esperança – 1974: Clara Nunes & Paulo Gracindo

2e2j80gUm trabalho inteligentíssimo de Paulo Pontes. Não é preciso dizer nada sobre o espetáculo: é maravilhoso. Prefiro falar mais às quatro forças deste show, diretamente: Gracindo, Clara, Bibi e Paulinho. Uma beleza.
Chico Buarque

 

Antonio Maria (1921 – 1964) e Dolores Duran (1930 – 1959) se tivessem sido irmãos não seriam tão parecidos. Os dois gostavam de viver mais de noite que de dia, os dois faziam canções, os dois precisavam de amor para respirar, eram puxados pra gordo e, mesmo na hora da morte, os dois foram atingidos por um só inimigo: o coração. A obra que os dois deixaram , hoje espalhada pelos jornais e gravadoras do País, reflete essa indisfarçável identidade. Mas prestando atenção nas coisas que disseram e escreveram e nas músicas que eles fizeram é que a gente descobre a expressão maior dessa semelhança: os dois se refugiavam do absurdo do mundo, que eles revelaram com humor e amargura, na desesperada aventura afetiva. O amor era o último reduto dos dois. A montagem do texto de “Brasileiro Profissão Esperança” se apoia no permanente cruzamento dessas duas vidas, de tal forma que ninguém sabe o que é de Antonio Maria e o que é de Dolores. Uma crônica de Maria vira um dado para explicar a existência de Dolores, assim como uma canção de Dolores exprime e sensibilidade de Maria.
Bibi Ferreira/Paulo Pontes, extraído da contra-capa.

Ouça a abertura do show, no Canecão em 1974:

Brasileiro Profissão Esperança
Clara Nunes & Paulo Gracindo

Lado 1
Ternura Antiga (J. Ribamar – Dolores Duran)
Ninguém me ama (Fernando Lobo – Antonio Maria)
Valsa de uma cidade (Ismael Neto – Antonio Maria)
Menino grande (Antonio Maria)
Estrada do sol (Antonio C. Jobim – Dolores Duran)
A noite do meu bem (Dolores Duran)
Manhã de carnaval (Luiz Bonfá – Antonio Maria)
Frevo número dois do Recife (Antonio Maria)
Castigo (Dolores Duran)
Fim de caso (Dolores Duran)
Por causa de você (Antonio C. Jobim – Dolores Duran)

Lado 2
Pela rua (J. Ribamar – Dolores Duran)
Canção da volta (Ismael Neto – Antonio Maria)
Suas mãos (Antonio Maria – Pernambuco)
Solidão (Dolores Duran)
Se eu morresse amanhã (Antonio Maria)
Noite de paz (Durando)

Brasileiro Profissão Esperança – 1974
Clara Nunes (1943 – 1983) & Paulo Gracindo (1911 – 1995)
Texto de Paulo Pontes (1940 – 1976)
Direção de Bibi Ferreira

LP de 1974, do acervo do poeta e músico Oscar Iskin Jr. (não tem preço!) e digitalizado por Avicenna

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MP3 320 kbps – 87,7 MB – 39 min
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Boa audição.

 

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Avicenna

Jograis de São Paulo – Moderna Poesia Brasileira: Antologia – 1956

Captura de Tela 2017-11-03 às 18.18.36Este LP de 1956 notabilizou algumas poesias, tais como José, de Carlos Drummond de Andrade, “E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José ?; O Dia da Criação, de Vinicius de Morais, “porque hoje é sábado …“, que nos remete às sempre deliciosas páginas do escritor Milton Ribeiro. E não nos esqueçamos de citar a memorável poesia de Murilo Mendes, Jandira, “O mundo começava nos seios de Jandira. Depois surgiram outras peças da criação“.

 

Este LP de 1956 foi emprestado pelo meu amigo Oscar Iskin Júnior, amante de música, poesia, cinema e gastronomia – só coisa boa!, dono do restaurante Rick’s Café onde costumo almoçar e onde já tive o prazer em ouvi-lo declamar essas poesias. Não tem preço!

Embora a prática não os soubesse distinguir tão facilmente, já a teoria literária medieval estabelecia diferença entre os “jograis” e os “trovadores”: êstes eram os que sabiam trobar , inventar canções e poemas, capazes de recitar também ou não. Os “jograis” não sabiam tirar versos; colocavam o seu talento, a sua arte de dizer, a serviço da poesia alheia.

Os Jograis de São Paulo – Ruy Affonso, Carlos Vergueiro, Rubens de Falco e Armando Bogus – não pretendem passar por mais que seus colegas da Idade Média: nenhum deles faz alarde de poeta, nem o repertório inclui nenhuma página de sua autoria. Uniram-se com finalidade expressa de se tornarem intérpretes, e o título que se deram traduz bem o espírito que os anima.

Acontece todavia com eles uma coisa que os diferencia dos jongleurs medievos: os “trovadores” antigos que ou não tinham voz ou não entoavam, contratavam “jograis” que os acompanhassem nas visitas e excursões e lhes recitassem os versos nas ocasiões indicadas – a um amigo, a um fidalgo, a uma dama … Tal não se dá com os Jograis de São Paulo: são eles que a bem dizer adotam os poetas, escolhem os poemas; são eles e só eles os responsáveis pelo êxito da empresa.

(extraído da contra-capa)

Palhinha: ouça 08. Jandira

Jograis de São Paulo – Moderna Poesia Brasileira: Antologia
Mário de Andrade (1893 – 1945)
01. Carnaval Carioca
Manuel Bandeira (1886 – 1968)
02. Evocação do Recife
Ascenso Ferreira (1895 – 1965)
03. Catimbó
Augusto Frederico Schmidt (1906 – 1965)
04. Poema
Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987)
05. José
Guilherme de Almeida (1890 – 1969)
06. O Estrangeiro
Cecilia Meireles (1901–1964)
07. Canção da Alta Noite
Murilo Mendes (1901 – 1975)
08. Jandira
Vinicius de Moraes (1913 – 1980)
09. O Dia da Criação
Mário de Andrade (1893 – 1945)
10. O “Alto”

Jograis de São Paulo – Moderna Poesia Brasileira: Antologia – 1956
Ruy Affonso, Carlos Vergueiro, Rubens de Falco e Armando Bogus
Capa de Darcy Penteado, 1956
LP digitalizado por Avicenna

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MP3 320 kbps – 197,6 MB – 24 min
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Boa audição.

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Avicenna

Paulo Gracindo diz • 1975

zo88dzPaulo Gracindo declama a letra de grandes sucessos da música popular brasileira, acompanhado pelo Maestro Gaya.

 

Coisa sempre espantosa é o fenômeno que representa a força criadora da palavra, quando falada por Paulo Gracindo. E este disco de Paulo Gracindo pode abrir um caminho inédito para a música popular brasileira: o sentido da percepção e recuperação global da LETRA da canção popular.

Eu penso isso porque a verdade mesmo é que quando uma canção qualquer ganha a boca do povo ela acaba por incorporar-se aos mecanismos de automatização do inconsciente de cada um de nós; e de tal ordem e de tal força, que música e letra se tornam um bloco só, monolítico e coeso. E nisso, nessa integração “música + letra”, ou nessa indissocialibilidade de ambas , a LETRA da música acaba perdendo ao poucos sua força e, em algum casos, até anula-se por completo. Quantas vezes a gente mesmo se surpreende cantarolando uma canção conhecida sem sequer reparar no que ela transmite ou quer dizer?

E este disco prova exatamente isso; ele representa não apenas a valorização da estrutura literária contida na canção popular, senão também uma quase descoberta de alguns de seus valores poéticos até então não percebidos pela grande maioria dos ouvintes.

E ninguém melhor para recuperar todos esses valores tantas vezes perdidos que existem dentro de letras conhecidas da canção popular que esse mago da arte de dizer que é Paulo Gracindo.

Paulo Gracindo, a par de ser um dos melhores e mais rigorosamente completos atores do Brasil, é dono de voz privilegiada e famosíssima; não é a toa que desde as inesquecíveis novelas (ou dos auditórios) da Rádio Nacional nos anos 50, a voz de Paulo Gracindo já se incorporou ao patrimônio cultural deste País.

Neste disco, contudo, Paulo atinge a um momento definitivo na arte de sacralizar a palavra que emite; o artista celebra a palavra, dizendo-a com tal emoção, que cada uma por si só já tem quase sua força própria. E todas elas juntas em frases, em versos, em estrofes, quando ditas por Paulo Gracindo, atingem a níveis inesperados em beleza e em liberação de cargas emocionais diversas.

(Ricardo Cravo Albin, 1975 – parcialmente extraído da contra-capa)

Paulo Gracindo diz
01. Meiga presença (Paulo Valdez/Otávio)
02. Chão de estrelas (Sylvio Caldas/Orestes Barbosa)
03. Com açucar, com afeto (Chico Buarque de Hollanda)
04. Prá você (Silvio Cesar)
05. Por causa desta cabocla (Ary Barroso/Luiz Peixoto)
06. O mais que perfeito (Jards Macalé/Vinicius de Moraes)
07. Viagem (João de Aquino/Paulo Cesar Pinheiro)
08. Estrada branca (Antonio Carlos Jobim/Vinicius de Moraes)
09. Valsinha (Vinicius de Moraes/Chico Buarque de Hollanda)
10. Preciso aprender a ser só (Marcos Valle/Paulo Sérgio Valle)
11. Maria (Ary Barroso/Luiz Peixoto)
12. Suas mãos (Antonio Maria/Pernambuco)

Paulo Gracindo diz – 1975
LP de 1975, emprestado pelo meu amigo Oscar Iskin (não tem preço!) e digitalizado por Avicenna.

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MP3 320 kbps – 73,2 MB – 34,0 min
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Boa audição.

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Avicenna

.: interlúdio :. Paulo Autran interpreta Carlos Drummond de Andrade

Paulo-AutranWEBPaulo Autran
interpreta crônicas e poemas de
Carlos Drummond de Andrade

 

Gravações realizadas na extinta e saudosa Rádio Eldorado de São Paulo, entre 1965 e 1966, para o programa “Cinco Minutos com Paulo Autran”. Longplay produzido em 1986.

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Paulo Autran interpreta Carlos Drummond de Andrade
01. Assalto
02. Cantiga de viúvo
03. Eterno
04. Consolo na praia
05. Poema de sete faces / Também já fui brasileiro
06. O mar visto uma vez
07. Resíduo
08. Sweet home
09. Anúncio de João Alves
10. Coração numeroso
11. Poesia
12. Cantando para si mesmo
13. José
14. Economia dos mares terrestres

Paulo Autran interpreta Carlos Drummond de Andrade – 1986

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LP de 1986 digitalizado por Avicenna.

Boa audição,

Ian McQue24-1024x701

 

 

 

 

 

 

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Avicenna

TUCA: Morte e Vida Severina – Nancy, 50 anos

CapaMorte e Vida Severina
TUCATeatro da Universidade Católica de São Paulo
1965

João Cabral de Melo Neto
Poema

Chico Buarque de Hollanda
Música

Em abril de 1965, cartazes espalhados pelo campus da PUC anunciavam: “O TUCA vem aí”. E a idéia de teatro universitário com função conscientizadora foi assumida pelo Departamento Cultural do Diretório Central dos Estudantes, que fez três contratações: Roberto Freire seria o diretor-geral do grupo de teatro, Silnei Siqueira, vindo da Record, seria diretor de atores e José Armando Ferrara responderia pela cenografia.

Depois de um contrato de liberação de verba com a Secretaria de Estado, estava formado o Teatro dos Universitários da Católica. Foram feitos testes para a seleção de atores e o texto “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto, foi escolhido. Ele reunia muitas razões a seu favor: seu autor era brasileiro, tratava de um tema da realidade social, ia ao encontro da ideologia estudantil e poderia congregar um grande número de atores.

A montagem da peça envolveu vários setores da universidade. Alunos de Geografia, Direito, Letras e Psicologia, por exemplo, contribuíram substancialmente com seus conhecimentos em cada uma das áreas. O espetáculo foi musicado por Chico Buarque, que na época era estudante da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e participava com freqüência dos ensaios do TUCA.

No dia 11 de setembro de 1965, o Auditório Tibiriçá foi inaugurado com a estréia de “Morte e Vida Severina”. Aplaudido de pé durante 10 minutos, reverenciado pelo público e pela crítica especializada, seria o grupo que emprestaria, a partir de então, seu nome ao teatro.

“Morte e Vida Severina” é um dos maiores clássicos da literatura brasileira. Escrito pelo grande poeta pernambucano “João Cabral de Melo Neto” em 1955, o livro sempre foi uma das maiores obras da literatura nacional. Em 1965, com todo o sucesso do livro, “Morte e Vida Severina” teve sua estréia nos palcos do TUCA (Teatro da Universidade Católica) e foi dirigido por Silnei Siqueira. A peça fez um imenso sucesso no Brasil e no exterior, chegando a receber o prêmio de crítica e público no IV Festival de Teatro Universitário de Nancy, França, em 1966. Chico participou dessa apresentação em Nancy como violonista do espetáculo, pois o violonista original não pode viajar para esse festival.

No enredo da obra de João Cabral, o retirante Severino desce aberando o rio Capibaribe em direção do mar e da cidade do Recife encontrando em seu percurso diversas paisagens marcadas pela morte e pela miséria do semi árido, velórios, enterros, animais mortos, além de ver a morte com emprego, tamanha a sua incidência. Ao chegar à cidade, nos manguezais periféricos, assiste a um parto, onde a vizinhança traz seus presentes ao bebê, novas demonstrações da pobreza, rebatida pelo pai da criança com a única esperança: o próprio ato de nascer um novo ser humano.

O TUCA tem sua fachada principal e implantação volumétrica tombadas pelo Patrimônio Histórico do Estado de São Paulo desde 1998. O grande significado de acontecimentos artísticos, atos públicos e cerimônias promovidos no local o transformaram em referência para setores organizados da sociedade que resistiram à ditadura, o que justifica o tombamento do teatro.
(http://www.teatrotuca.com.br/noticias/exposicao_cdm_tuca.html)

Morte e Vida Severina – as músicas
01. Introdução
02. A quem estais carregando
03. Incelença
04. Essa vida por aqui
05. Funeral de um lavrador
06. Todo céu e a Terra
07. De sua formosura
08. Fala do mestre Carpina

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Morte e Vida Severina – a peça integral
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Ficha Técnica – Montagem de 1965
Autoria: João Cabral de Melo Neto
Cenografia: José Armando Ferrara
Direção: Silnei Siqueira
Direção musical: Zuinglio Faustini
Elenco/Personagem: Adolfo Musolino, Afonso Coaracy, Ana Lia Fernandes, Ana Lúcia Rodrigues, Ana Maria A. Ferreira, Andiara A. de Oliveira, Antônio Mercado, César Falcão, Clarizia de S. Prado, Dálcio Caron, Daniela Diez, Elizabeth Nazar, Evandro F. Pimentel, Iacov Hillel, Ignes Porto, José Roberto H. Maluf, Lamartino Leite Filho, Leticia Leite, Magaly Toledo Canto, Manoel Domingos, Marcos M. Gonçalves, Maria Cristina da Silva Martins, Maria da Penha Fernandes, Maria Helena Motta Julião, Marina Sprogis, Melchiades Cunha Júnior, Moema L. Teixeira, Moisés B. Agreste, Sandra Di Grazia, Sergio Davanzzo, Vera Lucia Muniz.
Figurino: José Armando Ferrara
Iluminação: Sandro Polloni
Produção: TUCA
Trilha sonora: Chico Buarque
Gravado ao vivo no Teatro da Universidade Católica de S. Paulo, em 1965

LP de 1966 digitalizado por Avicenna

Boas emoções!

Contra-capa
Contra-capa do LP

Avicenna